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masculino. A partir da discussão acima, compreende-se que se, por um
lado, admite-se a maior ou menor falta de ocupação do homem do campo,
por outro, ao mesmo tempo, se declara o sistema de turmas como “ne-
cessário” devido à falta de mão-de-obra masculina e sua migração para
as cidades.653 O campo livre de plantas daninhas e a danação humana
de Lincolnshire etc. são pólo e contrapólo da produção capitalista.654
f) Irlanda
Ao término deste capítulo, precisamos nos dirigir por um momento
à Irlanda. Primeiro os fatos de que aqui se trata.
A população da Irlanda havia crescido até atingir, em 1841, 8 222
664 pessoas, mas passou a se contrair depois, contando, em 1851, 6 623
985, em 1861, 5 850 309, em 1866, 5,5 milhões, tendo então regredido
mais ou menos a seu nível de 1801. O decréscimo começou com o ano da
OS ECONOMISTAS
324
653 "Indubitavelmente, muito do trabalho agora feito por crianças em turmas costumava antes
ser feito por homens e mulheres. Onde mulheres e crianças são empregadas mais homens
estão agora desempregados (more men are out of work) do que antes." (Loc. cit., p. 43, nº
202.) Por outro lado, entre outras coisas, “a questão do trabalho (labour question) em
muitos distritos agrícolas, especialmente nos que produzem cereais, está-se tornando tão
séria em decorrência da emigração e da facilidade oferecida por estradas de ferro para a
viagem às grandes cidades, que eu” (o “eu” é o agente agrícola de um grande senhor)
“considero que os serviços das crianças são absolutamente indispensáveis”. (Loc. cit., p. 80,
nº 180.) A Labour Question (questão do trabalho) em distritos agrícolas ingleses, diferen-
temente do resto do mundo civilizado, significa the landlord’s and farmers question (a
questão do senhor da terra e do arrendatário): como é possível, apesar do sempre crescente
êxodo da população agrícola, perpetuar uma “população excedente relativa” no campo e,
por meio dela, o “mínimo de salário” para o trabalhador agrícola?
654 O Public Health Report., anteriormente citado por mim, no qual, a propósito da mortalidade
infantil, trata-se de passagem do sistema de turmas, permaneceu ignorado pela imprensa
e pelo público inglês. Entrementes, o último relatório da “Child. Empl. Comm.” forneceu
bem-vindo pasto sensational para a imprensa. Enquanto a imprensa liberal perguntava
como os finos gentleman e ladies e os prebendados da Igreja do Estado, que enxameiam
em Lincolnshire, podiam deixar que tal sistema fosse criado, debaixo de seus olhos, em
suas propriedades, já que tais personagens mandam missões próprias “para a melhoria
dos costumes dos selvagens dos mares do Sul”, ao outro lado do mundo; a imprensa mais
fina fazia considerações exclusivamente sobre a rude degradação da gente do campo, capaz
de vender suas crianças para tal escravidão! Sob as circunstâncias malditas a que “a gente
fina” condena o homem do campo, seria compreensível se ele devorasse os próprios filhos.
O que é realmente maravilhoso é a inteireza de caráter que ele em grande medida preservou.
Os relatórios oficiais comprovam que os pais, mesmo nos distritos em que ele prevalece,
detestam o sistema de turmas. “Encontra-se abundante comprovação nos testemunhos por
nós reunidos que os pais, em muitos casos, seriam gratos por alguma lei de execução
obrigatória, que os capacitasse a resistir às tentações e à pressão a que freqüentemente
estão sujeitos. Ora os pressiona o funcionário da paróquia, ora o empregador, sob a ameaça
de sua própria demissão, para que enviem os filhos para o trabalho, em vez de à escola.
(...) Todo tempo e força desperdiçados, todo tormento que produz fadiga extraordinária e
inútil ao trabalhador e a sua família, todo caso em que os pais imputam a ruína moral
de seus filhos à superlotação dos cottages ou às influências degradantes do sistema de
turmas, despertam no peito dos pobres que trabalham sentimentos que se há de entender
e que é desnecessário detalhar. Eles têm consciência de que muito sofrimento físico e
espiritual lhes é infligido por circunstâncias pelas quais de modo algun são responsáveis,
circunstâncias a que, caso isso estivesse em seu poder, jamais teriam dado sua concordância
e contra as quais são impotentes para lutar.” (Loc. cit., p. XX, nº 82 e XXIII, nº 96.)

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