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QUILOMBOS DE ALCANTARA TERRITORIO E CONFLITO

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Oficina de Consulta
15 de outubro de 2007
quilombos_alcantara:Livor2 4/3/2009 09:57 Page 1
Oficina de Consulta
15 de outubro de 2009
quilombos_alcantara:Livor2 4/3/2009 09:57 Page 2
QUILOMBOS DE ALCÂNTARA:
TERRITÓRIO E CONFLITO
O INTRUSAMENTO DO TERRITÓRIO DAS
COMUNIDADES QUILOMBOLAS DE ALCÂNTARA PELA
EMPRESA BINACIONAL
ALCÂNTARA CYCLONE SPACE
quilombos_alcantara:Livor2 4/3/2009 09:57 Page 3
quilombos_alcantara:Livor2 4/3/2009 09:57 Page 4
Davi Pereira Júnior
QUILOMBOS DE ALCÂNTARA:
TERRITÓRIO E CONFLITO
O INTRUSAMENTO DO TERRITÓRIO DAS
COMUNIDADES QUILOMBOLAS DE ALCÂNTARA PELA
EMPRESA BINACIONAL
ALCÂNTARA CYCLONE SPACE
Manaus/2009
quilombos_alcantara:Livor2 4/3/2009 09:57 Page 5
Copyright © PNCSA, 2009.
EDITOR
Alfredo Wagner B. de Almeida
CAPA, PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO
Émerson Silva
CARTOGRAFIA E MAPAS
Davi Pereira Júnior
Luís Augusto Pereira Lima
Laboratório de Geoprocessamento do PNCSA
Ficha Catalográfica
E-mails:
pncaa.uea@gmail.com
pncsa.ufam@yahoo.com.br
http://www.novacartografiasocial.com
Fone: (92) 3232-8423
Endereço:
Rua José Paranaguá, 200. Centro.
Cep.: 69 005 130
Manaus, AM
Pereira Júnior, Davi. 
P436q Quilombos de Alcântara: Território e Conflitos – Intrusamento do ter-
ritório das comunidades quilombolas de Alcântara pela empresa binacional,
Alcântara Cyclone Space / Davi Pereira Júnior... [et al.] – Manaus: Editora
da Universidade Federal do Amazonas, 2009.
132 p.: il.: 22 cm. 
ISBN 
1. Quilombolas – Alcântara, Maranhão 2. Conflito Territorial. I. Pereira
Júnior, Davi. II. Título. 
CDU 333.013 (812.12)
Ficha elaborada por Rosenira Izabel de Oliveira, bibliotecária, CRB 11/529
quilombos_alcantara:Livor2 4/3/2009 09:57 Page 6
PREFÁCIO
Cynthia Carvalho Martins*
O trabalho de pesquisa sobre o “Território das Comunidades de Qui-
lombos de Alcântara invadido pela Agência Espacial Brasileira”, elaborado
pelo historiador Davi Pereira Júnior deslinda os pormenores da violação dos
direitos étnicos dos quilombolas de Alcântara em função das ações perpe-
tradas pelas empresas terceirizadas pela Empresa Binacional Alcântara
Cyclone Space (ACS). Essas empresas, catalogadas em número de sete, estão
com atuação principalmente nos povoados de Mamuna, Baracatatiua e Brito
e visam implantar o projeto de lançamento comercial de foguetes a partir de
um convênio do governo brasileiro com a Ucrânia. Entretanto, conforme a
pesquisa constata são aproximadamente 21 os povoados afetados direta-
mente pelas ações da Agência Espacial Brasileira, e reúnem aproximada-
mente 408 famílias. 
Passados vinte e oito anos da implantação do Centro de Lançamento
de Alcântara assiste-se a uma sofisticação nas estratégias de imposição de um
modelo de suposto desenvolvimento tecnológico. Esse modelo repete os
mesmos erros cometidos em 1986 e 1987 no período dos remanejamentos
compulsórios de famílias quilombolas para implantação do Centro de Lan-
çamento de Foguetes de Alcântara. Caminhos são cortados; marcos e limites
tradicionais de separação entre os povoados, como os paus amarelos e cabeça
de preto, são destruídos; áreas são intrusadas; famílias impedidas de praticar
seus sistemas tradicionais de uso dos recursos naturais, incluindo as práticas
de uso comum; famílias são ameaçadas, enfim, atos arbitrários que os alcan-
tarenses não deixaram de vivenciar, desde que seus territórios foram desapro-
priados em 1980 para implantação da chamada Base. A diferença é que no
momento há processos judiciais em andamento e estão constituidos movi-
mentos sociais que reivindicam o território como quilombola, a exemplo do
* Antropóloga, coordenadora do Curso de especialização “Sociologia das Interpretações
do Maranhão: povos e comunidades tradicionais, desenvolvimento sustentável e polí�cas
étnicas” (UEMA, FAPEMA, SEIR). Pesquisadora do GESEA e do PNCSA.
quilombos_alcantara:Livor2 4/3/2009 09:57 Page 7
Movimento dos Atingidos pela Base Espacial (MABE); o Sindicato dos Tra-
balhadores e Trabalhadoras Rurais de Alcântara (STTR); o Movimento de
Mulheres Trabalhadoras Rurais de Alcântara (MOMTRA) e da Associação
dos Moradores do Povoado Arenhengaua (AMPA). Ou seja, os equívocos
de setores do poder público em articulação com a iniciativa privada são os
mesmos no período ditatorial e agora, entretanto, a percepção dos erros e
danos, pelos quilombolas e por outros segmentos da sociedade, se alterou. 
O questionamento principal refere-se às tentativas oficiais de comer-
cialização dos territórios específicos, secularmente ocupados por famílias
que permaneceram nas terras após a desagregação das grandes fazendas de
algodão e dos engenhos que produziam açucar. Tais territorialidades espe-
cíficas como as terras de preto, terras de santo, terras de santíssimo, terras
de santíssima, terras de caboclos e terras de pobreza compõem a área reivin-
dicada como território étnico. O agravante é que esses territórios foram ini-
cialmente desapropriados, para fins de utilidade pública, através do Decreto
n.7.320, de 1980, que desapropriou 52 mil hectares de terra, área ampliada
posteriormente para 62 mil hectares por um Decreto do ano de 1991, assi-
nado pelo então presidente Collor de Melo. Recentemente, com a ação da
Empresa Binacional Alcântara Cyclone Space (ACS), esses territórios pas-
saram a ser utilizados como empreendimento comercial por um outro país,
a Ucrânia. Há arbitrariedades nesse processo, porquanto tem-se uma mu-
dança na finalidade do projeto. A área é desapropriada com um fim e após
um período de tempo configuram-se interesses empresariais estrangeiros,
que prevalecem sobre os interesses públicos e nacionais.
O trabalho de Davi Pereira Júnior explicita as contradições desse pro-
cesso. O pesquisador viajou para área com o objetivo inicial de realizar ofi-
cinas de consultas, através do Projeto Nova Cartografia Social (PNCSA) e
do Movimento dos Atingidos pela Base Espacial de Alcântara (MABE),
sobre o instrumento de caráter associativo para fins de titulação da área. Ou
seja, após a realização do laudo antropológico, produzido pelo antropólogo
Alfredo Wagner, não houve contestação formal e já estava delineado, pelos
instrumentos jurídicos que a área seria reconhecida como das comunidades
remanescentes de quilombos, a despeito das resistências. Após um mês da
realização das reuniões com o objetivo de discutir aspectos ligados ao re-
conhecimento das terras como território étnico, em novembro de 2007, Davi
quilombos_alcantara:Livor2 4/3/2009 09:57 Page 8
retornou ao campo e constatou que as empresas de engenharia à serviço da
ACS já estavam atuando a todo vapor nas comunidades, contrariando o es-
tabelecido pela lei e causando danos e provocando conflitos com os qui-
lombolas que já estavam cientes de seus direitos territoriais. A partir daí
empreendeu com uma equipe de técnicos igualmente pertencentes a familias
quilombolas de Alcântara, o trabalho ora apresentado.
As práticas e técnicas de pesquisa adotadas neste trabalho são rigoro-
sas e inovadoras. Rigorosas em função do estudo de sobreposição sistema-
tizar informações cartográficas precisas em relação às diferentes formas de
representação do território; rigorosas ainda em função do acompanhamento
sistemático do desenrolar das situações relativas à violação dos direitos étni-
cos, facilitado pelo fato do pesquisador ser de uma família quilombola, de
Itamatatiua. Inovadoras por contribuírem para a percepção da situação de
definição das fronteiras como arbitrárias e por incluir como participantes
do estudo os próprios sujeitos da ação, ou seja, aqueles que sofrem direta-
mente os efeitos de implantação desses projetos desenvolvimentistas.
O trabalho que vem a público é autoral, entretanto, sua construção é
coletiva. Nas chamadas oficinas, espaços de construção de um conhecimento
coletivo, chegou-se a reunir mais de 580 pessoas de povoados distintos, com
situações territoriais e de conflito específicas. Os participantes dessas oficinas
contribuíram diretamente na elaboração do presenteestudo. A própria con-
dição de possibilidade da produção intelectual em pauta está atrelada a essa
participação. São sujeitos, ligados a formas organizativas formais ou não, e
que possuem uma existência coletiva. Eles produzem ações políticas através
da produção de conhecimentos a partir de relativizações de noções petrifi-
cadas como “origem” e “tradição no sentido do passado”, ou seja, de um
tempo linear. A tradição está relacionada ao presente e também ao saber que
esses sujeitos levam consigo, independentemente das violações que sofrem,
seja deslocamentos compulsórios ou imposição de representações espaciais
que colidem com as suas representações simbólicas. Entretanto, no mo-
mento, a luta principal dessas famílias é pela titulação definitiva das terras de
todo território étnico, não aceitando o modelo de arquipélago. 
Outra característica marcante da pesquisa é possuir uma dimensão
política sem perder o rigor científico. O autor realiza um trabalho de campo
sistemático, cataloga aspectos das formas de vida das famílias, de suas prá-
quilombos_alcantara:Livor2 4/3/2009 09:57 Page 9
ticas econômicas e religiosas. Entretanto, não se trata de um catálogo inde-
finido de informações, como a maioria dos livros publicados, principalmente
aqueles que tratam da chamada “cultura popular” que enfatizam o exótico.
Ao contrário, o autor não perde de vista a problematização das situações de
violação dos direitos dessas comunidades tradicionais, ou, explicando me-
lhor, parte dessas situações de violação sem deixar de explicitar aspectos
fundamentais do modo de vida dessas famílias. A pesquisa contribui signi-
ficativamente para a consolidação das expectativas de direitos dos quilom-
bolas de Alcântara. Juntamente com o laudo antropológico representa um
instrumento científico fundamental que pode ser utilizados pelos movimen-
tos sociais nesse longo processo de luta pelo reconhecimento das diferenças
étnicas.
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SUMÁRIO
7 PREFÁCIO
15 ETNOGRAFIA DO INTRUSAMENTO E TÉCNICAS DE 
MAPEAMENTO SOCIAL: À GUISA DE APRESENTAÇÃO.
19 PARTE I
RELATÓRIO TÉCNICO DOS ATOS DE INTRUSAMENTO E DE
DEVASTAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS DO TERRITÓRIO DAS
COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBOS DE 
ALCÂNTARA POR EMPRESAS CONTRATADAS PELA ACS/AEB
21 INTRODUÇÃO
22 AS OFICINAS DE CONSULTA E A TITULAÇÃO DO TERRITÓRIO
DAS COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBO
25 AS SUCESSIVAS VIOLAÇÕES E INTRUSAMENTO DAS TERRAS DAS
COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBOS PELA
ACS/AEB. 
34 INFORMAÇÔES GEOREFERENCIADAS E DESCRIÇÃO DOS ATOS
DE INTRUSAMENTO E DEVASTAÇÃO DAS ÁREAS DAS
COMUNIDADES DE MAMUNA, BARACATATIUA E BRITO
34 Destruição dos marcos que tradicionalmente delimitavam as 
áreas das comunidades
37 Devastação das áreas de roças e das capoeiras
40 Desmatamento
41 Abertura ilegal de estradas
43 Abertura de picadas que cortam antigos caminhos
44 Equipamentos e máquinas distribuídos ilegalmente pelas terras 
das comunidades remanescentes de quilombos
44 Registros de equipamentos encontrados
45 Sondas
46 Máquinas de sondagem e perfuração
48 Recursos hídricos ameaçados pela ação predatória das empresas à
serviço da ACS
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49 Destruição de caminhos e trilhas que serviam de comunicação 
entre povoados
50 Devastação de recursos florestais e seus efeitos sobre a dieta 
alimentar e a renda familiar
52 Ameaça de acesso a outros recursos naturais
55 AÇÕES DIVERSAS DE INSTALAÇÃO DAS EMPRESAS DENTRO DAS
TERRAS DE BARACATATIUA E MAMUNA, QUE EVIDENCIAM UMA
TENTATIVA DE CONTROLE EFETIVO E PERMANENTE DA ÁREA
57 Trânsito de Veículos compactando terrenos em áreas de plantio
57 Tentativa de colocação de piquete na Comunidade de Brito
58 MOVIMENTO DE RESISTÊNCIA: PARA FREAR A DEVASTAÇÃO AS
COMUNIDADES ESTÃO SENDO FORÇADAS A ADOTAR MEDIDAS
DE PROTEÇÃO
60 Proibição de entrada de veículos, equipamentos e pessoas 
estranhas a comunidades
62 ANEXO I
67 PARTE II
ESTUDO DE SOBREPOSIÇÃO ENTRE O TERRITÓRIO DAS
COMUNIDADES QUILOMBOLAS E AS ÁREAS PRETENDIDAS
PELA AGENCIA ESPACIAL BRASILEIRA
69 ESTUDO DE SOBREPOSIÇÃO
73 POR QUE DO ESTUDO DE SOBREPOSIÇÃO?
79 AS “ÁREAS INSTITUCIONAIS”, OS “SÍTIOS DE LANÇAMENTO” E
SEUS IMPACTOS SOBRE AS COMUNIDADES QUILOMBOLAS AL-
CANTARENSES
88 PRINCIPAIS ATIVIDADES ECONÔMICAS DAS COMUNIDADES
QUILOMBOLAS
89 ÁREAS DE PESCA
90 RECURSOS NATURAIS UTILIZADOS SOB FORMA DE USO COMUM
PELAS COMUNIDADES PARA COMPLEMENTO DE RENDA E 
ALIMENTAR
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92 ATIVIDADES DE COLETA VARIADAS
92 ÁREA DE COLETA DE BABAÇUAIS
94 ÁREA DE COLETA DE MANGUEZAIS
95 ÁREAS DE ROÇAS
96 O QUINTAL
98 PLANTAS MEDICINAIS
99 SITUAÇÃO DE CONFLITO
103 CONSIDERAÇÕES
105 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
107 ANEXO II
108 SENTENÇA n.027/2007/JCM/JF/MA
Processo n.2006.37.005222-7
Mandado de Segurança
Impetrantes: Joizael Alves e outros
Impetrado:Diretor Gwral do Centro de Lançamento de Alcântara
Juiz Federal José Carlos do Vale Madeira
São Luis, 13 de fevereiro de 2007
112 DECISÃO
Processo n,2006.37.00.005224
Mandado de Segurança
Impetrantes Pedro Batista Cerveiro Santos e outros
Impetrado- Diretor-Geral do Centro de Lançamento de Alcântara
Juiz Federal José Carlos do Vale Madeira
São Luis, 22 de setembro de 2006
116 RESPOSTA do Movimento dos Atingidos pela Base Espacial 
(MABE) à proposta para as comunidades remanescentes de qui
lombos de Alcântara apresentada pela Agencia Espacial Brasileira 
(AEB), em 16 de julho de 2006, e reiterada em setembro de 2006.
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LISTA DE SIGLAS
AEB Agência Espacial Brasileira
ACS Alcântara Cyclone Space
AMPA Associação dos Moradores do Povoado Arenhengaua
CEA Centro Espacial de Alcântara
CLA Centro de Lançamento de Alcântara
ENT Entrevista com moradora da Mamuna
GEI Grupo Executivo Interministerial
GESEA Grupo de Estudos Sócio-Econômicos da Amazônia
GPS O Sistema de Posicionamento Global
IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Terras
MABE Movimento dos Atingidos pela Base Espacial de Alcântara
MCT Ministério da Ciência e Tecnologia
MONTRA Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Alcântara
MMA Ministério do Meio Ambiente
PNCSA Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia
STTR Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alcântara
UEMA Universidade Estadual do Maranhão
UFMA Universidade Federal do Maranhão
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ETNOGRAFIA DO INTRUSAMENTO E TÉCNICAS DE 
MAPEAMENTO SOCIAL: À GUISA DE APRESENTAÇÃO.
Alfredo Wagner Berno de Almeida I
Reiterando o propósito de recusar qualquer fragmentação do territó-
rio das comunidades remanescentes de quilombos de Alcântara, consoante
os termos do Laudo Antropológico determinado pelo MPF em 2002 e as de-
cisões aprovadas na plenária final das oficinas de consulta às comunidades
em 15 de outubro de 2007, o PNCSA decidiu atender à solicitação do
MABE e mapear os diversos danos provocados pelas empresas terceirizadas
pela ACS, a partir de novembro de 2007, no intrusamento do território das
comunidades remanescentes de quilombo. Já havíamos trabalhado antes nas
mencionadas oficinas de consulta organizadas pelo STTR, MABE, MON-
TRA e AMPA, que tiveram na plenária final a participação direta de 340 re-
presentantes de comunidades, e consideramos a continuidade dos trabalhosII.
Face à nova solicitação e com vistas a uma compreensão mais abrangente
dos danos ambientais e ao patrimônio cultural definimos por adotar uma
etnografia dos atos de intrusamento, descrevendo cada ocorrência de ma-
neira detalhada, com apoio em técnicas de observação direta e em entrevistas
com os agentes sociais atingidos. Recursos narrativos visuais, como fotos e
filmes, depoimentos gravados e registros escritos reforçaram os procedi-
mentos de coleta de informações. Para alcançar uma maior precisão, quanto
aos tipos de danos e uma produção de mapas acurada, capaz de explicitar a
sua extensão e profundidade,adotamos ferramentas tecnológicas, como
GPS, que podem agregar valor ao conhecimento das comunidades locais
sobre a região. Para alcançar este propósito o PNCSA, como desdobramento
15
I Antropólogo, autor do Laudo Antropológico sobre as comunidades quilombolas de Alcântara de-
terminado pelo Ministério Público Federal. Professor-visitante do PPGSCA e do PPGAS-UFAM e Coorde-
nador do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia. Pesquisador CNPq-FAPEAM.
II Em 2007 o PNCSA publicou o fascículo n.10 – “Quilombolas a�ngidos pela Base Espacial-Alcan-
târa” na Série: Movimentos Sociais, Iden�dade Cole�va e Conflitos. Seus principais autores foram Sean
Mitchell e Patrícia Portela., secundados por Cynthia de Carvalho Mar�ns, Aniceto Cantanhede Filho e Al-
fredo Wagner.
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de suas atividades, reforçou os trabalhos pedagógicos de formação de um
quadro técnico a partir de agentes sociais das próprias comunidades quilom-
bolas. A instrumentalização de uma equipe técnica, que já havia tido acesso
a noções jurídicas elementares concernentes a direitos territoriais e étnicos,
através de cursos ministrados pela Rede Social de Justiça e Direitos Huma-
nos, e de noções elementares de GPS, propiciadas pelo PNCSA, consistiu
numa atividade prioritária.
De modo simultâneo definimos também por dois estudos de sobre-
posição de áreas, objetivando possibilitar uma visão mais completa das po-
sições de diferentes agencias governamentais. O primeiro estudo de áreas
sobrepostas foi entre aquela pretendida na “Proposta da AEB para Conso-
lidação do Centro Espacial de Alcântara”, recusada explicitamenteIII pelas
comunidades remanescentes de quilombos em setembro de 2006, e a área
delimitada pelo laudo antropológico determinado pelo MPF. O segundo es-
tudo foi entre a área contemplada para efeitos do “Relatório Técnico de
Identificação, Delimitação e Reconhecimento das Comunidades Remanes-
centes de Quilombos de Alcântara”IV, elaborado no âmbito do
INCRA/MDA, em dezembro de 2008, e aquela do referido laudo. 
Neste livro estamos apresentando os resultados do mapeamento social e da
etnografia dos danos provocado pelas empresas que intrusaram o território
quilombola, bem como o primeiro dos estudos de sobreposição. O segundo
estudo de áreas sobrepostas será apresentado em volume posterior e atende
à solicitação da Procuradoria Geral da República no Estado do MaranhãoV.
Os resultados ora disponíveis indicam que há condições de possibi-
lidade para a implantação, num curto período, de um mecanismo de moni-
toramento dos limites do território das comunidades remanescentes de
quilombos. A equipe formada com filhos de famílias quilombolas, que se
graduaram em universidades públicas e agora produzem um conhecimento
concreto sobre os conflitos sociais que envolvem suas unidades familiares,
16
III Cf. documento disposto em Anexo firmado por representante do MABE.
IV Este Relatório foi elaborado por dois engenheiros agrônomos e dois topógrafos, no âmbito do
MDA/INCRA/Superintendência Regional do Maranhão-SR (12) MA e datado de 17 de dezembro de
2007.
V Leia-se o O�cio n.386/2008-ASS/PR/MA, datado de São Luis, o5 de junho de 2008 e firmado pelo
Procurador da República Dr. Alexandre Silva Soares e dirigido ao antropólogo Alfredo Wagner.
quilombos_alcantara:Livor2 4/3/2009 09:57 Page 16
constitui um embrião para implementação da equipe de monitoramento dos
limites territoriais Certamente que no momento ainda não há condições efe-
tivas para um monitoramento em tempo real de tais limites, mas este poderá
ser um dos objetivos do conjunto de movimentos sociais que representam
as famílias atingidas pela Base. Imagens de satélite já obtidas, postos de rádio
fixos ou móveis e tomadas de novos pontos com receptores de GPS podem
ser assinalados como imprescindíveis juntamente com um pequeno labora-
tório de geoprocessamento montado junto a instituições acadêmicas e uni-
versidades públicas. Estes esforços tanto mais se fazem necessários quando
se percebe que as bases cartográficas disponíveis e fidedignas, posicionando
todas as comunidades, são aquelas produzidas nos trabalhos relativos ao
laudo pericial, ou seja, no âmbito da sociedade civil, enquanto no que con-
cerne aos órgãos oficiais verifica-se não apenas uma desinformação, que
nega a existência das comunidades, mas um certo desencontro de fontes e
informações em tudo contrastantesVI. 
O mapeamento social executado pela equipe do PNCSA e aqui apre-
sentado constitui assim um instrumento de ação e de conhecimento, que
contribui para a afirmação dos direitos territoriais e em área contínua das co-
munidades remanescentes de quilombos de Alcântara.
17
VI Haja vista, por exemplo, e isto foi examinado no outro volume, que a área levantada na iden�fi-
cação do Relatório Técnico MDA/INCRA corresponde a 87.384,5925 hectares, enquanto que aquela do
Laudo equivale a 85.537,3601 hectares. A área do Relatório Técnico, entretanto, sem explicitar critérios,
exclui várias áreas tais como: CLA com 8.713,1830 ha e AEB com 5.556,0000 ha, perfazendo em
73.115,4095 ha o que classifica de “ área líquida proposta para reconhecimento” como território quilom-
bola. Os critérios de delimitação aparecem subordinados a uma ordem administra�va, não há argumen-
tos técnicos. No Relatório não há qualquer menção explícita, jus�ficando porque não foram elaborados
memoriais descri�vos das duas áreas excluídas próximas ao mar, que seriam “Sí�os de Lançamento”.
Somente foram elaborados memoriais descri�vos das chamadas “áreas ins�tucionais”. O memorial des-
cri�vo também silencia sobre a ligação entre as chamadas “áreas ins�tucionais” e os “sí�os de lança-
mento”. Não define também o meio de ligação e o corredor que fica entre estas áreas mais sugere uma
área de uso permanente pelas empresas, comprimindo diversas comunidades quilombolas como Cema,
São Francisco, Bom de Ver e Re�ro.
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PARTE I
RELATÓRIO TÉCNICO DOS ATOS DE INTRUSAMENTO E DE
DEVASTAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS DO TERRITÓRIO DAS
COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBOS DE ALCÂNTARA
POR EMPRESAS CONTRATADAS PELA ACS/AEB
Equipe de elaboração
Davi Pereira Junior
Auxiliares técnicos:
Sebastião Cosme Almeida Ramos
Maria do Nascimento Carvalho
José Weberth Ramos Ribeiro
Inácio Silva Diniz
Orientação:
Alfredo Wagner Berno de Almeida
Cynthia de Carvalho Martins
ALCÂNTARA,
abril de 2008
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quilombos_alcantara:Livor2 4/3/2009 09:57 Page 20
INTRODUÇÃO
Este relatório objetiva descrever as ocorrências de intrusamento das
terras e de devastação de recursos naturais das comunidades remanescentes
de quilombos de Alcântara, perpetradas pela Empresa Binacional Alcântara
Cyclone Space (ACS), através de empresas terceirizadas, entre novembro de
2007 e abril de 2008, registrando os danos sociais, econômicos e ambientais
causados às referidas comunidades. O objetivo principal foi documentar cri-
teriosamente as ocorrências, levando em consideração a própria percepção
das famílias quilombolas atingidas. Foram utilizadas técnicas de observação
direta com o georeferenciamento das respectivas informações, dispondo-as
em base cartográfica. De maneira complementar, foram utilizados meios fo-
tográficos e de gravação, como recursos narrativos e de registro, e se procu-
rou descrever de maneira sucinta as condições que balizaram o levantamento
de cada informação. 
A equipe de pesquisa que realizou este levantamento no município
de Alcântara, trabalhou no âmbito das atividades previstas no Projeto Nova
Cartografia Social da Amazônia (PPGSCA-UFAM) e no Grupo de Estudos
Sócio-Econômicos da Amazônia (GESEA-UEMA) a partir de desdobra-
mentos das demandas do Movimento dos Atingidos pela Base Espacial
(MABE), do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Alcântara
(MONTRA) e da Associação dos Moradores de Arenhengaua (AMPA). Tais
demandas ocorreramlogo após o término das dez oficinas de consulta, que
discutiram, entre setembro e outubro de 2007, a criação de um instrumento
de caráter associativo com o propósito de receber a titulação correspondente
ao território das comunidades quilombolas.
Para a composição dessa equipe privilegiou-se o critério de capacita-
ção de pesquisadores das próprias comunidades quilombolas de Alcântara,
que já possuem formação acadêmica ou estão freqüentando curso técnico ou
superior, propiciando-lhes noções elementares de GPS (Sistema de Posicio-
namento Global) e de registro fotográfico. Um dos participantes foi também
habilitado em Arc GIS 9.2 e sua interface com as ferramentas do ArcMap,
21
quilombos_alcantara:Livor2 4/3/2009 09:57 Page 21
que poderão, inclusive, se constituir em instrumentos técnicos necessários ao
monitoramento permanente da área1.
O trabalho de campo foi realizado nos seguintes períodos: i) de 12 de
setembro a 15 de outubro de 2007, ii) de 30 de outubro a 20 de novembro
de 2007; iii) de 20 a 29 de janeiro de 2008, iv) de 16 a 20 de março de 2008
e v) de 25 a 28 de abril de 2008. O historiador Davi Pereira Junior participou
de todas as etapas da pesquisa, coordenando as atividades de capacitação e
de levantamento de dados na própria área atingida.
AS OFICINAS DE CONSULTA E A TITULAÇÃO DO TERRITÓRIO DAS
COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBO
A primeira etapa de permanência em campo teve como finalidade
principal registrar e acompanhar as oficinas de consulta promovidas pelo
STTR (Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alcântara),
MABE, MONTRA e AMPA, junto às comunidades remanescentes de qui-
lombos atingidas pelas medidas de implantação da base de foguetes no re-
ferido município. Tais medidas foram implementadas a partir do decreto
n.7.820, de 1980, que procedeu à desapropriação por utilidade pública de
uma área de 52.000 ha, e do decreto da Presidência da República, de 08 de
agosto de 1991, que ampliou esta área para 62.000 ha, correspondendo a
mais da metade da área municipal.
As referidas oficinas de consulta, que abrangeram mais de 150 comu-
nidades remanescentes de quilombos com Certidão de Reconhecimento2
1 Além de Davi Pereira Júnior, formado em História pela UEMA, que também fez o curso de ARc GIS
9.2, e é natural de Itamata�ua, são os seguintes os demais membros de comunidades remanescentes
de quilombos de Alcântara que par�ciparam da formação básica e integraram esta equipe de pesquisa:
Sebas�ão Cosme Almeida Ramos, que está concluindo o curso técnico em Magistério no município de
Nina Rodrigues (MA), natural do an�go povoado do Peru, cuja família foi compulsoriamente deslocada
para a Agrovila do Peru; Maria do Nascimento Carvalho, coordenadora do MONTRA, residente em Ma-
nival, povoado que sofre os impactos da proximidade da instalação da Agrovila Espera; José Werbert
Ramos Ribeiro, estudante de agronomia em Marabá (PA), natural do an�go povoado de Marudá, cuja
família foi compulsoriamente deslocada para a Agrovila Marudá; Inácio Silva Diniz, estudante de agro-
nomia em Marabá (PA), também de Marudá. 
2 Cf. Portaria FCP n.06 de 01 de março de 2004. Diário Oficial da União N.43. Brasília, 04 de março
de 2004. Livro de Cadastro Geral 001, registro 096, folha 100. Não foram incluídas, portanto, nas oficinas
de consulta, e também aguardam �tulação defini�va, aquelas comunidades remanescentes de quilom-
bos contempladas pela Portaria da FCP de 05 de maio de 2006 e registradas no Livro de Cadastro Geral
22
quilombos_alcantara:Livor2 4/3/2009 09:57 Page 22
formalmente emitida pela Fundação Cultural Palmares, correspondendo a
uma área superior a 85.000 ha, foram realizadas com apoio do Ministério do
Meio Ambiente (MMA), dando seqüência às propostas do Grupo Executivo
Interministerial (GEI), através do Subgrupo de Regularização Fundiária e
Ambiental e de Moradia, e contaram com a participação de funcionários do
INCRA, que estariam realizando ação fundiária com vistas à titulação da
área em consonância com determinação judicial, de setembro de 2006, a
partir de audiência na Justiça Federal em São Luís A área em pauta cor-
responde àquela firmada no laudo, solicitado pelo Ministério Público Fede-
ral, elaborado pelo antropólogo Alfredo Wagner Berno de Almeida, em
2002, e publicado, em 2006, sob forma de livro, intitulado “Os quilombolas
e a base de lançamento de foguetes de Alcântara”, através de uma ação con-
junta de vários ministérios, tais como: Ministério do Meio Ambiente, Minis-
tério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Ministério do
Desenvolvimento Agrário e Secretaria Especial de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial. Trata-se de uma área correspondente a 85.537.3601 hec-
tares.
As oficinas de consulta constituíram uma instância de discussão or-
ganizada pelas comunidades atingidas e suas entidades representativas, com
o objetivo de discutir a criação de um instrumento de caráter associativo,
com vistas a receber o título correspondente ao território pertencente a essas
comunidades quilombolas. Durante as oficinas, as comunidades procuraram
discutir a criação de um instrumento em que cada membro do grupo se sen-
tisse representado de fato e de direito, ou seja, tratou-se de uma tentativa de
elaborar um instrumento que melhor os represente, quando do recebimento
do título definitivo.
Devido ao tamanho da área atingida e para facilitar a consecução das
oficinas, as comunidades foram agrupadas em diferentes “pólos”. Os crité-
rios utilizados para a distribuição das comunidades nos “pólos” foram a pro-
ximidade geográfica e a facilidade de deslocamento, com o objetivo de
n.006, registro n.553, folha 62. Trata-se do processo n.01420.000040/1998/88 referente aos povoados
localizados nos municípios de Alcântara e Bequimão, que compõem a comunidade de Itamata�ua. Não
foram incluídos também, e aguardam �tulação defini�va, os povoados da Ilha do Cajual, contemplados
na Cer�dão de Reconhecimento, emi�da pela Fundação Cultural Palmares, datada de 25 de janeiro de
2006.
23
quilombos_alcantara:Livor2 4/3/2009 09:57 Page 23
conseguir a maior participação possível das pessoas que representavam suas
comunidades. Cada oficina foi planejada para um número mínimo de 50
participantes das comunidades pólo com duração de dois dias. Foram es-
colhidas como comunidades pólo aquelas de localização mais central e com
uma melhor infra-estrutura que possibilitasse e facilitasse ao máximo o des-
envolvimento dos trabalhos, quais sejam: Arenhengaua, Barreiro, Canelatíua,
Oitíua, Pavão, Peroba, Itapuaua, Santa Maria, Agrovila I (Espera) e Agrovila
II (Peru)3.
Participaram das oficinas e assinaram suas respectivas listas de pre-
sença 596 representantes de comunidades. Na plenária final, em 15 de ou-
tubro de 2007, estavam presentes 340 representantes de comunidades. Os
resultados do laudo antropológico foram reapresentados pelo antropólogo
por ele responsável e as questões levantadas foram discutidas exaustiva-
mente. Funcionários do INCRA também apresentaram um relato de suas ati-
vidades no sentido da titulação, informando que o memorial descritivo havia
sido concluído correspondendo a uma área total de cerca de 87.384,5925
hectares. Todas as informações veiculadas e as decisões aprovadas pelos re-
presentantes foram devidamente encaminhadas aos órgãos oficiais que in-
tegravam o GEI, ao Ministério Público Federal e à Justiça Federal. Tais
acontecimentos criaram um clima favorável de expectativa com relação às
medidas de regularização fundiária e à observância do prazo de titulação es-
tabelecido. Afinal, a partir de audiência realizada em 27 de setembro de 2006,
na capital São Luís, o Juiz Federal Dr. José Carlos do Vale Madeira, deter-
minou que o INCRA promovesse, no prazo de 180 dias, a conclusão do
processo administrativo voltado para a titulação definitiva das terras ocupa-
das pelos remanescentes de quilombos identificados pelo laudo antropoló-
gico, elaborado por solicitação do Ministério Público Federal. Também em
sentença4 do mesmo juiz federalforam garantidas as práticas de cultivo em
suas “áreas tradicionais remanescentes de quilombos (fls.03/132)” sendo
evocada a Convenção n.169 da OIT em seu art. 14.
3 A distribuição das comunidades pelos respec�vos pólos pode ser consultada no Anexo I
4 Cf. Sentença n.027/2007/JCM/JF/MA. Processo n.2006.37.00.005222-7. Mandado de Segunrança
de Alcântara. Sentença. Datada de São Luis, 13 de fevereiro de 2007. Assinada pelo Juiz Federal José
Carlos do Vale Madeira. (Vide Anexo).
24
quilombos_alcantara:Livor2 4/3/2009 09:57 Page 24
25
AS SUCESSIVAS VIOLAÇÕES E INTRUSAMENTO DAS TERRAS DAS
COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBOS PELA ACS/AEB. 
Menos de um mês depois de definido o instrumento de caráter associ-
ativo para fins de titulação, em novembro de 2007, retornamos à área e tive-
mos conhecimento que, ao contrário das expectativas e da decisão judicial,
empresas de engenharia contratadas pela ACS haviam começado trabalhos de
perfuração e sondagem para análise da água e do solo, afetando diretamente
as comunidades de Mamuna, Baracatatiua e Brito. Estas comunidades, que es-
tavam tendo suas terras intrusadas, haviam participado das oficinas de con-
sulta sobre a modalidade de titulação e achavam-se referidas respectivamente
ao pólo de Santa Maria (Brito) e ao pólo de Agrovila II-Peru (Mamuna e Ba-
racatatiua). A tensão social se colocava com mais força nestas comunidades. 
Fomos contatados então pelo MABE para dar seqüência ao trabalho
realizado no período das oficinas de consulta. Reafirmando o propósito de
recusar qualquer fragmentação do território das comunidades remanescentes
de quilombos de Alcântara, consoante os termos do laudo antropológico e
as decisões aprovadas nas mencionadas oficinas de consulta, decidimos ma-
pear os diversos danos provocados por este intrusamento, todas as ocor-
rências de sobreposições entre locais de perfuração que estavam sendo
executadas pelas empresas contratadas pela ACS e o território das comuni-
dades remanescentes de quilombos atingidas. 
Vale esclarecer que a ACS foi criada em conformidade com o Art.3
do “Tratado entre a República Federativa do Brasil e a Ucrânia, sobre coo-
peração de longo prazo na utilização do veículo de lançamento Cyclone-4 no
Centro de Lançamento de Alcântara”, assinado em Brasília, em 21 de ou-
tubro de 2003, e promulgado pelo Decreto presidencial n.5.436 de 28 de
abril de 2005. Todas as orientações firmadas no Tratado (Art.2, Art.3 alíneas
h, j, art.4, art 5) afirmam que o sistema de lançamento espacial Cyclone-4,
bem como o sítio de lançamento, serão desenvolvidos no Centro de Lança-
mento de Alcântara, ou seja, no conhecido “CLA”, cujos limites são fixados
na Proposta da AEB em 8.700ha, tendo como divisor o Igarapé Caaua ou
Caiuana, ao sul de Mamuna e Baracatatiua, ou seja, bem fora das áreas destas
comunidades quilombolas agora intrusadas pela ACS.
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Em janeiro de 2008, mediante a gravidade destes fatos e a partir de reu-
nião de pesquisa do GESEA e do PNCSA, optamos por uma etnografia dos
atos de intrusamento, descrevendo cada ocorrência de maneira pormenorizada
e com precisão. Para tanto, retomamos os trabalhos de campo feitos no período
prévio e durante a realização das oficinas de consulta. Realizamos, consoante
com o novo objetivo, uma viagem exploratória, percorrendo todos os povoa-
dos da área pretendida pela Agência Espacial Brasileira (AEB). Procedemos a
verificações de campo desde as comunidades de Vista Alegre e Vila Valdecir até
Mamuna, passando por: Santa Maria, Canelatiua, Retiro, Mato Grosso, Vila do
Meio, Aru, Itapera, Baracatatiua, Brito, Mamuninha, Tacaua, Pacuri, São Miguel,
Bom Viver, Rio Verde, Cema, Ibiramipiua e Mãe Eugênia. Este itinerário acom-
panhou criteriosamente todas as comunidades referidas à área de 5.380 hectares
pretendida pela AEB, conforme o documento da própria agência, intitulado
Proposta para Consolidação do Centro Espacial de Alcântara, datado de agosto
de 2006. Cabe frisar que esta Proposta, encaminhada agora como “oficial”, foi
explicitamente recusada em momentos anteriores, inclusive no âmbito do GEI,
sob o argumento de que geraria maior insegurança para as comunidades afe-
tadas e atingiria recursos naturais essenciais à sua reprodução física e social,
podendo se constituir, portanto, num fator de conflito e tensão social.
Para efeitos do survey ou pesquisa exploratória, executamos os traba-
lhos de campo com a seguinte equipe: Davi Pereira Júnior, Sebastião Cosme
Almeida Ramos, José Weberth Ramos Ribeiro, Maria do Nascimento Car-
valho e Inácio Silva Diniz. Munidos de GPS-Garmin Etrex5 procedemos à
amarração dos pontos, registrando as ocorrências respectivas e as coordena-
das geográficas que lhes são correspondentes. Com base nas verificações di-
retas realizadas nos povoados e nas tomadas de pontos e com o propósito
de uma visão mais abrangente, elaboramos a relação das comunidades que
estão sendo mantidas sob uma situação de ameaça e insegurança constantes
em virtude das pretensões da ACS/AEB e de suas ações.
5 O Sistema de Posicionamento Global (GPS) concerne a um sistema de posicionamento que u�liza
satélites para indicar ao usuário sua posição exata, usando coordenadas conhecidas como la�tude e
longitude. No que tange à sua u�lização neste trabalho de pesquisa, refere-se a um sistema de posicio-
namento que u�liza satélites para indicar às comunidades remanescentes de quilombos sua posição
precisa, bem como a posição daquelas informações que os quilombolas consideram relevantes para ex-
plicar sua situação social e as ameaças a que se encontram subme�dos.
26
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As práticas de intrusão pelas empresas terceirizadas estão tendo uma
rápida repercussão na área, agravando as incertezas e aumentando a tensão
em torno da expectativa de um futuro incerto. Em virtude disto, evitamos
utilizar aqui a distinção usual de “área de influência direta” e “área de in-
fluência indireta”, mesmo levando em conta que há diferenças nos impactos
atuais sobre as comunidades e que nossas observações se concentraram onde
as empresas terceirizadas já intrusaram com procedimentos vinculados ao
que denominam de “estudos geotécnicos”. 
Com apoio neste critério, podemos afirmar que as comunidades que
já estão sofrendo impactos diretos, na área pretendida pela AEB, totalizam
21, compreendendo 408 famílias, ou seja, mais de 2.040 pessoas. Elas foram
mapeadas durante o trabalho de pesquisa com base também nas próprias
informações cartográficas da já mencionada Proposta da AEB5. Concomi-
tantemente agrupamos os dados básicos sobre estas comunidades, privile-
giando a sua designação local, sua localização geográfica, com as devidas
coordenadas, e o número de famílias correspondentes. Para chegar a estas
informações nos valemos de todos os dados censitários produzidos no âm-
bito da preparação das já citadas oficinas de consulta organizadas pelo STTR,
MABE, MONTRA e AMPA. Os representantes dos “pólos” realizaram as
atividades de coleta em suas próprias comunidades, produzindo, além de
uma estatística primária, um material detalhado sobre a situação de cada co-
munidade e suas reivindicações. Para efeitos de precisão, procuramos, através
dos instrumentos de verificação direta e do emprego de GPS, reduzir in loco
a margem de erro. Com isto conseguimos delimitar com precisão toda a área
ora atingida, cujas primeiras informações dispomos no quadro a seguir apre-
sentado: 
6 No decorrer desta a�vidade reforçamos também uma proposta anterior, surgida durante as Ofi-
cinas de Consulta, de realização de um estudo técnico complementar referente às sobreposições entre
as terras que cons�tuem o território das comunidades remanescentes de quilombos de Alcântara e as
sete áreas pretendidas recentemente pela AEB. Não se trata, entretanto, de um caso de sobreposição
semelhante àquele verificado entre comunidades remanescentes de quilombos e unidades de conser-
vação ou entre duas situações jurídica e formalmentereconhecidas, porquanto aqui a sobreposição sig-
nifica um ato de intrusamento por parte da AEB sobre terras que estão na fase final de �tulação defini�va
com ação tramitando na jus�ça federal. Para fins de ilustração este “estudo de sobreposição”, detalhando
as distorções e o desconhecimento concreto da área pela AEB/ACS, ao planejar “sí�os de lançamento co-
merciais” e “áreas ins�tucionais e de infra-estrutura”, será apresentado em separado, cons�tuindo uma
segunda parte deste Relatório. 
27
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Quadro I- Comunidades que estão sob impacto e tensão social na área pre-
tendida pela AEB
Comunidades Quantidade de Famílias Coordenadas Geográficas em 
UTM
Aru Novo 03 (três) 230561752
9758684
Baracatatiua 15 (quinze) 230565766
9752572
Bom Viver 10 (dez) 230560436
9757114
Brito 33 (trinta e três) 230564936
9755342
Canelatíua 54 (cinquenta e quatro) 230561752
9758684
Cema 04 (quatro) 230560687
9748930
Folhau 04 (quatro) 230558067
9754116
Ibiramipiua 02 (duas) 230555045
9758240
Mamuna 67 (sessenta e sete) 230566367
9748990
Mãe Eugênia 01 (huma) 230554551
9757150
Mamuninha 06 (seis) 230562304
9754814
Mato Grosso 08 (oito) 230559595
9756846
Porto do Aru 03 (três) 230561339
9757742
Bom de ver 10 (dez) 230560436
9757114
Retiro 06 (seis) 230560239
9760110
Rio Verde 06 (seis) 230555200
9761680
Santa Maria 114 (cento e catorze) 23557636
9754152
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Tacaua 05 (cinco) 230557754
9751630
Tapera 20 (vinte) 230563218
9757880
Vila Valdecir 18 (dezoito) 230556046
9762138
Vista Alegre 22 (vinte e dois) 230557636
9761822
Comunidades: 21 (vinte e uma)
Famílias: 408 (quatrocentos e oito)
Fontes: Oficinas de Consultas realizadas pelo STTR, MABE, MONTRA, AMPA
e trabalho de campo da equipe de pesquisa em janeiro de 2008
Combinamos o uso do GPS, como ferramenta tecnológica, com todas
as informações consideradas relevantes pelos quilombolas para fazer parte
do mapa-síntese registrando os casos de intrusamento e de devastação. Para
isto contamos com a colaboração voluntária de inúmeras famílias e pessoas
que inclusive nos serviram de guia. Para complementar os dados, recorremos
também ao registro fotográfico como recurso narrativo. Fotografamos várias
situações de intrusamento do território quilombola e de predação de recur-
sos naturais - estradas vicinais, picadas, desmatamentos, corte raso de árvores
centenárias, colocação de piquetes, perfurações indevidas, trânsito de veícu-
los pesados sobre terrenos preparados para o plantio, compactando a terra
e inviabilizando a semeadura, colocação arbitrária de piquetes no centro de
povoados - provocada por empresas vinculadas e/ou terceirizadas pela ACS,
tais como a ATECH Tecnologias Críticas, a GEOCRET Engenharia e Tec-
nologia, a TERRABYTE SERVICES e a MULTISPECTRAL Sistema de
Serviços. As demais empresas vinculadas à ACS que foram registradas, in-
tervindo nas comunidades remanescentes de quilombolas, são: a FEINDT-
Consultoria Ambiental e a ALLERCE-Soluções Ambientais. A ação da
FEINDT-Consultoria aparece através de sua titular Sra. Laura Cristina
Feindt Urrejola Silveira. Sua intervenção parece ser no sentido de tentar con-
vencer a determinados núcleos familiares de que devem ceder ou concordar
com a ação das empresas contratadas pela ACS. Tal intervenção é percebida
pelas entidades de representação como adotando um procedimento cha-
29
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mado de “participativo”, mas que, em verdade, está buscando tão somente
dividir as famílias e os povoados, ameaçando desestruturar os pilares da uni-
dade familiar e da organização social das comunidades. 
Além de mais de uma centena de fotos e de tomada de 158 pontos
com GPS, realizamos a gravação de depoimentos com sete lideranças e qua-
tro moradores de comunidades atingidas7, que bem complementam os dados
de verificação direta.
Mediante notícias de que a tensão social estaria se concentrando na
área - destinada pelas famílias quilombolas a cultivos de mandioca, milho,
mamona e arroz - localizada entre Mamuna e Baracatatiua, a equipe de pes-
quisa aí procedeu a inúmeras verificações. Os pesquisadores Davi Pereira
Junior, José Werbert e Inácio Diniz permaneceram por quatro dias hospe-
dados em Mamuna. Sebastião Cosme e Davi estiveram em Baracatatiua.
Com isto foi possível palmilhar toda a área entre os dois povoados, utili-
zando das estradas convencionais, dos caminhos e das trilhas antigas, man-
tidos sob regime de servidão pública e ligando tradicionalmente os dois
povoados e seus recursos básicos mantidos sob uso comum. Novamente,
portando o GPS, procedemos à amarração de pontos e ao registro de trilhas
sobrepondo-as aos locais onde ocorreram desmatamentos e atos de devasta-
ção. Procedemos ao registro fotográfico das novas situações dentro do ter-
ritório e, com auxílio de um gravador - como técnica de documentação -
registramos novos depoimentos com moradores de Mamuna e utilizamos
técnicas de observação direta para registrar as ações das empresas que esta-
riam perpetrando a intrusão do território quilombola. Abrindo diversas es-
tradas para o fluxo contínuo de caminhões e veículos tracionados, estas
empresas destruíram caminhos e trilhas, desnorteando as famílias quilombo-
las em seus deslocamentos cotidianos. Além disto, devastaram radicalmente
a paisagem tradicional e de tal modo o fizeram que uma assessora da ACS,
que teve sua declaração reproduzida pela imprensa periódica, admitiu erros
na área perfurada e multa recolhida ao IBAMA. 
“A assessora Luisa Pastor, da ACS, afirma que houve um erro da Ter-
rabyte empresa terceirizada para a prospecção da área. ‘Eles perfuraram uma
7 Não citaremos o nome dos entrevistados no corpo do texto senão quando o autorizem. Atribuí-
mos a cada um deles um número de referência, que poderá ser acionado.
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pequena área e já foram multados pelo IBAMA em R$ 6 mil, o que, pelos
valores, não representa uma devastação’.” (cf. Juliana Simon, Último Se-
gundo. São Paulo, 06 de março de 2008).
As alegações da assessora são polêmicas e procuraram minimizar os
efeitos da devastação registrada e apresentada detalhadamente neste relató-
rio. Num tópico mais adiante, ela considera o crime ambiental, que afeta a
reprodução física e social das comunidades quilombolas, como uma infração
banal que pode ser avaliada e medida apenas pelo que ela chama de baixo
valor da multa.
Procuramos complementar os dados de observação direta sobre a
atuação das empresas terceirizadas com consultas à internet e às fontes se-
cundárias ou documentos relativos aos serviços por elas prestados. Estes
materiais permitiram a composição de um quadro geral das empresas vincu-
ladas à ação da ACS no que tange às comunidades remanescentes de quilom-
bos de Alcântara. Tal quadro, a seguir apresentado, contribui para que se
possa estimar a extensão do intrusamento e a divisão do trabalho técnico e
das respectivas responsabilidades entre as empresas envolvidas. As relações
assinaladas são de natureza comercial, referem-se a “negócios” entre as em-
presas e seus clientes, reiterando a dimensão absolutamente comercial da
ação da AEB/ACS e seus “sítios de lançamento”, bem ao feitio das práticas
colonialistas, com total menosprezo pelas comunidades remanescentes de
quilombos e seus direitos constitucionais e pelos fatores étnicos e culturais,
que lhes são coextensivos.
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INFORMAÇÔES GEOREFERENCIADAS E DESCRIÇÃO DOS ATOS DE 
INTRUSAMENTO E DEVASTAÇÃO DAS ÁREAS DAS COMUNIDADES DE
MAMUNA, BARACATATIUA E BRITO
Como produto do trabalho de campo passaremos, a seguir, a descrever
as ocorrências de intrusamento e devastação registradas, propiciando informa-
ções detalhadas sobre sua respectiva localização geográfica. Todos os atos ilegais
de desmatamento, de predação dos recursos naturais, de destruição de benfeito-
rias (marcos, roças, “fruteiras”) e demais danos ambientais e culturais, que carac-
terizam o intrusamento das áreas das comunidades remanescentes de quilombos
pela ACS e suas empresas terceirizadas, foram plotados em base cartográfica,
permitindo uma visão de conjunto dos danos causados às comunidades. Reite-
ramos que todas as informações aqui apresentadas estão georeferenciadas.
Para efeitos de apresentação procedemos a uma subdivisão dos atos de
intrusamento, registrando o desrespeito e a destruição dos marcos tradicionais
(“paus amarelos”, “cabeça de preto”), a devastação das áreas de plantio, a des-
truição de uma roça com os trabalhos de roçar já concluídos, a devastação de
capoeiras destinadas aos próximos plantios, a abertura ilegal de estradas, de pi-
cadas e de picos de serviço, a instalação de máquinas de sondagem e escavação
de buracos onde são instaladas as chamadas “sondas sinalizadoras”, deixando
à mostra, na superfície, as marcas “Atech” e “Multispectral Ltda”; os danos aos
recursos florestais e hídricos e ainda a destruição dos caminhos que ligam os
povoados entre si ou que levam à praia, aos cocais e ao porto.Verificamos que
alguns dos atos de intrusamento se enquadram, simultaneamente, em vários
tipos de danos ambientais e culturais. Em virtude disto, algumas ocorrências po-
derão aparecer em mais de um dos registros que a seguir passaremos a expor.
DESTRUIÇÃO DOS MARCOS QUE TRADICIONALMENTE DELIMITAVAM AS
ÁREAS DAS COMUNIDADES
Os marcos consistem em instrumentos tradicionalmente utilizados pelas
comunidades remanescentes de quilombos para servirem como indicativo do
limite das terras entre duas ou mais comunidades. Eles podem ser representados
de várias formas e, segundo a circunstância, recebem designações específicas
tais como: “Pedras de Rumo”, “Cabeça de Preto” ou “Paus Amarelos”. Neste
quilombos_alcantara:Livor2 4/3/2009 09:57 Page 34
sentido, tanto podem corresponder a acidentes naturais ou a um lugar especí-
fico, relacionado a algum componente da paisagem local, que se destaque entre
os demais, servindo como ponto de referência (nascente de rio ou igarapé, o
próprio rio, árvores e cocais, dentre outros), quanto pode ser um produto da
ação dos moradores, isto é, algo construído ou plantado com essa finalidade
precípua. Tais fronteiras intra-povoados são instituídas segundo um acordo tá-
cito entre os moradores dos povoados envolvidos, constituindo-se numa das ex-
pressões culturais da relação sistêmica entre eles e num componente básico das
formas de uso comum dos recursos florestais, hídricos e do solo. 
Apesar das comunidades instituírem marcos divisórios, que traduzem
formas de direitos territoriais, eles não equivalem exatamente a um cerca-
mento, posto que é livre o trânsito de moradores entre os diferentes povo-
ados, bem como o direito de acesso e uso comum de recursos naturais,
considerados básicos consoante as relações sociais estabelecidas entre as fa-
mílias moradoras das diferentes comunidades. No caso da área abrangida
por Mamuna e Baracatatiua foram registrados pelo menos dois tipos de mar-
cos: os “paus amarelos” e a “cabeça de preto”.
Paus amarelos
Consistem em árvores antigas de tronco amarelado, que foram plan-
tadas emfileira pelos primeiros moradores das comunidades de Mamuna e
Baracatatiua com o objetivo específico de servirem de limite entre as duas
comunidades. Representam um símbolo dos direitos territoriais destas co-
munidades. Estas árvores, localmente chamadas de “Paus Amarelos”, que
também delimitam as áreas de plantio das duas comunidades, foram derru-
badas a machado uma após outra, depois cortadas rente à superfície e a se-
guir submetidas a nivelamento por lâminas de tratores das empresas
terceirizadas pela ACS, no mês de janeiro de 2008. Neste mesmo período
foram intensificados os intrusamentos e os atos predatórios corresponden-
tes. As duas comunidades tiveram seus territórios invadidos por máquinas e
trabalhadores contratados pela AEB/ACS e começaram a ser praticadas
ações sucessivas de arbitrariedade, sem qualquer consulta prévia às comuni-
dades, que evidenciam uma invasão completa e com características perma-
nentes de tentativa de apossamento e de controle efetivo da referida área.
35
quilombos_alcantara:Livor2 4/3/2009 09:57 Page 35
Na foto 01 ilustramos o que restou de um dos troncos
de “Pau Amarelo”, que os primeiros moradores plan-
taram para servir como símbolo dos limites entre as
comunidades quilombolas de Mamuna e Baracatatiua,
e que foi cortado a machado por trabalhadores contra-
tados pelas empresas terceirizadas pela ACS.
Referências geográficas: UTM 23056660 / 9751576
Foto indicando o corte raso das árvores enfileiradas
com um dos restos do tronco de “Pau Amarelo” cor-
tado e ainda por ser nivelado.
Referências geográficas: UTM 230566594 / 9751582
“Paus Amarelos” derrubados e amontoados à beira
das estradas abertas ilegalmente pelas empresas tercei-
rizadas pela ACS. Isto foi o que restou dos símbolos
tradicionais do limite entre os povoados de Mamuna
e Baracatatiua, devastados por machados e tratores no
mês de janeiro de 2008
Referências Geográficas: UTM 23056608 / 9750405
Máquinas de perfuração de poços para sondagem de
água e do solo na divisa entre Mamuna e Baracatatiua.
Foram instaladas no próprio local onde foram der-
rubados os “Paus Amarelos”. Houve perfuração tam-
bém no meio do antigo caminho usado pelos morado-
res como atalho para diminuir as distâncias entre os
povoados. Além da derrubada de árvores a machado
tem-se uma clareira aberta pela devastação causada
pelos tratores
Referências Geográficas: UTM 230566651 / 9751576
Foto 01 – 19 Março 2008.
Foto 02 – 19 Março 2008. 
03 paus amarelos cortados. 
Foto 03 – 19 Março 2008.
Foto 04 – 19 Março 2008
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Depoimento:
“É a destruição que eles fizeram dos limites aquele plantio de Pau
Amarelo é você querer apagar a identidade do povo porque aquilo ali foi
feito pelas comunidades, as duas comunidades fizeram aquilo ali, pra fazer
o limite, quer dizer dali terminava um e começava o do outro e eles chegaram
e devoraram tudo, quer dizer que eles não perguntaram, eles não pergunta-
ram nada a ninguém, eles já chegaram destruindo tudo”. (Militina Garcia
Serejo 19-03-2008)
Para lembrar a relevância dos “marcos” e como já têm
tido usurpadas as suas terras, as famílias quilombolas
de Mamuna reafirmaram que designam como “Cabeça
de Preto”, um local específico caracterizado por uma
antiga cruz de pedra que foi construído e definido
como marco divisório das terras de quatro comunida-
des: Camarajó, Capijuba, Capão e Mamuna. Para evi-
denciar a extensão das terras tradicionalmente
ocupadas pela mencionada comunidade, georeferen-
ciamos o referido “marco”, ou seja, a “Cabeça de
Preto” ou cruz fincada no antigo caminho que ligava
os povoados de Mamuna e Camarajó, servindo para
definir os rumos das terras de Camarajó (ao sul),
Capijuba e Capão (oeste) e Mamuna (leste). Este
marco permite que seja delimitada com precisão a ex-
tensão dos atos de intrusamento.
Localização Geográfica: UTM 23056381/ 9747414
DEVASTAÇÃO DAS ÁREAS DE ROÇAS E DAS CAPOEIRAS.
As terras localizadas entre Mamuna e Baracatatiua são tradicional-
mente usadas para plantio de mandioca, milho, mamona e arroz, com colo-
cação de roças pelas duas comunidades por mais de dois séculos. Com a
invasão dos territórios dessas duas comunidades por empresas contratadas
pela ACS, nos meses de janeiro e fevereiro de 2008, essas áreas sofreram
uma grande devastação. O desrespeito absoluto pelos direitos das comuni-
dades quilombolas foi sucedido por: desmatamentos junto às nascentes de
rios e igarapés, destruição de mata ciliar, derrubada indiscriminada de árvo-
res, abertura de diversas estradas ilegais, por tratores rasgando a vegetação
Foto 05 – 20 Março 2008
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sem nenhum controle ou preocupação com preservação ambiental, derruba-
da de bacurizeiro e outras fruteiras, devastação de áreas encapoeiradas des-
tinadas aos próximos plantios, destruição de palmeiras e ameaças sobre os
cocais e outros recursos extrativos. A movimentação de tratores, de veículos
pesados transportando máquinas e a ação de turmas de trabalhadores, con-
tratados temporariamente pelas empresas terceirizadas pela ACS, utilizando
machados, terçados e facões, vem descaracterizando ecologicamente esta re-
gião de plantio, violando também os direitos de cultivo dos moradores que
sofreram e continuam sofrendo significativas perdas. Um primeiro fator é
que as unidades familiares das mencionadas comunidades se encontram im-
possibilitadas de colocar suas roças no lugar de costume. A grande quanti-
dade de estradas e picadas abertas e o trânsito permanente de veículos
transportando equipamentos sobre os locais destinados às roças estão com-
pactando o solo e inviabilizando qualquer plantio. Houve caso em que
mesmo o terreno já tendo sido roçado e estando pronto para os tratos de
cultivo isto não impediu a ação dos tratores, que abriram uma estrada vicinal
ilegal pelo meio da roça de um morador de Mamuna. 
Além de devastar as áreas destinadas às roças e capoeiras, as máquinas
estão destruindo caminhos antigos usados habitualmente pelos moradores
para encurtar as distâncias entre os locais de residência e os lugares de plan-
tios, de pesca e de extrativismos, quais sejam: as praias, os igarapés, os olhos
d’àgua, bem como a ligação entre os dois povoados. As empresas têm per-
petrado esta destruição da mesma maneira como destruíram os marcos his-
toricamente usados para definir os limites instituídos pelas duas
comunidades, menosprezando fatores étnicos e direitos tradicionais de uso
dos recursos naturais.
A seguir apresentaremos as ocorrências de devastação:
Roça de morador do povoado Mamuna que foi destru-
ída por trator de empresa contratada pela ACS para a
abertura de estrada ilegal. 
Localização Geográfica: UTM 230566379 / 9750469
Foto 06 – 19 Março de 2008
38
quilombos_alcantara:Livor2 4/3/2009 09:57 Page 38
Paisagem devastada correspondente a roçado destruído
logo após a queima por tratores que desmataram as áreas
de roça de Mamuna e Baracatatiua invadidas pela ACS.
Localização Geográfica: UTM 230566379 / 9750464
Desmatamento provocado por tratores, para abertura de
estradas ilegais, nas áreas de roças e capoeiras das comu-
nidades de Baracatatiua e Mamuna, invadidas pela ACS. 
Localização Geográfica: UTM 230566379 / 9750464
Vegetação nativa acumulada após o desmatamento feito
por trator, a serviço de empresas terceirizadas pela ACS,
para abertura de estradas ilegais nas áreas de roças e capo-
eiras das comunidades de Baracatatiua e Mamuna invadi-
das pela ACS, nos três primeiros meses de 2008.
Localização Geográfica: UTM 230566375 / 9750460
Depoimento:
“Então mesmo que meus filhos não tenham condições de estudos,
mas que eles possam aprender a mesma coisa que eu aprendi para mim sus-
tentar eles, entendeu? Então eu disse para eles: ouçam uma coisa que digo
pra vocês, digo isso de verdade e de coração, o governo tomar essa terra
nossa é como tirar um filho de nosso colo, entendeu ?Isto é realidade, isto
não é drama é realidade porque é isso que eu sinto e passae mostra que aqui
tem gente, vivem famílias, vivem pessoas, entendeu? Que eles estão a fim do
poder, do dinheiro, que vai ter muito lucro pra eles mais a gente vive aqui e
isso é nosso por direito, é nosso e eles querem passar por cima de tudo como
estão passando.”( Maria José Lima Pinheiro 19-03-2008).
Foto 07 – 22 Janeiro de 2008
Foto 08 – 22 Janeiro de 2008
Foto 09 – 18 Março de 2008
39
quilombos_alcantara:Livor2 4/3/2009 09:57 Page 39
DESMATAMENTO
A invasão do território das comunidades remanescentes de quilombo
em Alcântara pela ACS/AEB, que ganhou envergadura em novembro de
2007 e foi ampliada entre os meses de janeiro e fevereiro de 2008, resultou
no desmatamento de áreas destinadas à colocação de roças e ao extrativismo,
ou seja, onde atualmente se teria plantios para garantir a sobrevivência das fa-
mílias das comunidades, encontram-se estradas, picadas e terrenos compacta-
dos pelo tráfego de veículos e verdadeiros labirintos de estradas e picadas. O
desmatamento foi feito tanto através de tratores, no caso das estradas, quanto
manualmente, com uso de machado, terçado e facão por trabalhadores con-
tratados pelas empresas terceirizadas pela ACS, no caso das picadas. Mediante
tais atividades toda a cobertura vegetal da área entre as duas comunidades
sofreu alterações radicais. A destruição da vegetação nativa, a derrubada de
madeira de lei, de palmeiras de babaçu, de bacurizeiro, de árvores frutíferas,
bem como a derrubada de mata ciliar dos rios e igarapés evidenciam os danos
causados ao meio ambiente. De tão absurdo e evidente foram qualificados e
punidos pelo IBAMA como crime ambiental, tendo sido aplicadas duas mul-
tas à ACS/AEB no valor aproximado de sete mil reais.
Ato de desmatamento: destroços de palmeira de babaçu
arrancada pela raiz por trator para a abertura de estradas
vicinais ilegais, objetivando facilitar o transporte de má-
quinas e equipamentos de sondagens de água e do solo
nas áreas de roças das comunidades de Baracatatiua e Ma-
muna
Localização Geográfica: UTM 230567146 / 9751314
Ato de desmatamento: destroços de palmeira de babaçu
arrancada pela raiz por trator para a abertura de estradas
vicinais ilegais, objetivando facilitar o transporte de má-
quinas e equipamentos de sondagens de água e do solo
nas áreas de roças das comunidades de Baracatatiua e Ma-
muna
Localização Geográfica: UTM 230566594 / 9751582
Foto 10 – 20 Março de 2008.
Foto 11 – 17 Março de 2008.
40
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Ato de desmatamento: retirada manual da vegetação na-
tiva para abrir uma clareira, visando a colocação de pique-
tes de madeira, coloridos e numerados. Esta clareira está
localizada dentro das áreas de roça de Mamuna e Baraca-
tatiua
Localização Geográfica: UTM 230566824 / 9750440
Depoimento:
“A representante do IBAMA, quando eles vieram, ela disse que ia
fazer um relatório e ia colocar tudo que nós estávamos repassando e eu disse
a ela: quando tu fizer o relatório coloca que aqui vivem pessoas, porque ge-
ralmente eu ouvi em uma reunião no Marudá, há anos que eu não tenho
assim em mente, que veio um coronel de São José dos Campos, quando ele
disse que ficou admirado em saber que nessa região moravam pessoas que
lá eles não tinham conhecimento dessa história. Ele disse que ficou admirado
porque nunca imaginou que aqui moravam pessoas. Ai eu disse a ela coloca
em teu relatório que aqui vivem pessoas e que precisam da terra para sobre-
viver.”( Militina Garcia Serejo. 19-03-2008 )
ABERTURA ILEGAL DE ESTRADAS 
O território entre Mamuna e Baracatatiua, com estes atos de intrusa-
mento, parece mais um labirinto de estradas e de picadas, que tem levado até
os moradores mais antigos a se confundirem. Com os desmatamentos e cor-
tes efetuados dentro do seu território, eles perderam o sentido de localização.
As noções geográficas básicas para se orientarem em seus próprios domínios
lhes foram usurpadas. Da mesma maneira lhes foi usurpado o conhecimento
tradicional que possuíam sobre a paisagem e a incidência de certas espécies
vegetais e dos caminhos e das trilhas que levavam às roças, capoeiras, igara-
pés, rios e ao mar. Verifica-se um total desrespeito pelos direitos associados
à servidão pública. Um bom exemplo é um caminho entre Baracatatiua e
Mamuna. Usado por várias gerações este caminho foi interrompido pelos
Foto 12 -20 Março de 2008
41
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tratores em vários locais e as empresas terceirizadas pela ACS culminaram
por instalarem máquinas, que fazem sondagem de água e do solo, bem no
meio da trilha, impossibilitando definitivamente o seu uso.
As estimativas sobre a extensão destas estradas ilegais variam entre 4 km,
conforme alegam trabalhadores temporários das empresas terceirizadas, e mais
de 6 km conforme nossas verificações de campo. A primeira estrada aberta ile-
galmente, que vai da estrada de Baracatatiua, na entrada de Mamuna, até pró-
ximo às nascentes do Rio Petiua - conforme disposto no mapa em anexo - tem
uma extensão de aproximadamente 5 km, enquanto que a segunda estrada, que
vai da guarita até os “Paus Amarelos” tem 2 km. Do centro do povoado de Ma-
muna até o local onde começou a ser aberta a primeira estrada tem-se aproxi-
madamente 4,8 km. A largura destas duas estradas corresponde a cinco metros.
As estradas paralelas ou secundárias ou ainda vicinais, por sua vez, têm 4,80m
de largura e cerca de 300 metros de extensão. Já os picos têm uma largura que
varia de 1,80m a dois metros e sua extensão é bastante variável.
Abertura de estradas ilegais por tratores, que realizaram
desmatamentos em áreas de roça dos povoados de Ma-
muna e Baracatatiua invadida pela ACS, para facilitar a
passagem de máquinas de perfuração, equipamentos de
sondagens, trabalhadores contratados e pessoas estranhas
às comunidades
Localização Geográfica: UTM 230566589 / 9751574
Continuação do desmatamento feito por tratores em áreas
de roça de Baracatatiua e Mamuna
Localização Geográfica: UTM 23 0566702 / 9750414
Desmatamento realizado por trator para abertura de es-
trada vicinal ilegal, em área de roça das comunidades de
Mamuna e Baracatatiua, na área invadida pela ACS, para
transporte de máquinas e equipamentos de sondagem de
água e solo
Localização Geográfica: UTM 23566611 / 9751576
Foto 13 – 18 Março de 2008
Foto 14 – 17 Março de 2008.
Foto 15 – 18 Março de 2008.
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Depoimento:
“O que eu acho de todo esse desmatamento provocado? Eu acho o
seguinte: uma falta de respeito com a humanidade, entendeu?Uma coisa que
a gente conserva. Sempre conservou. Desde da época do meus avós, essa
área toda, como todo mundo que pode vim ver, é uma área conservada. A
gente passa de quinze a dez anos pra roçar a onde já roçou que fica a capo-
eira descansando e de repente chega alguém que desmata corta os Paus Ama-
relo, que é plantações dos mais velhos pra demarcar a terra, tá entendendo?
Desmata palmeiral, acaba com tudo, todos nossos caminhos, nossas trilhas
que a gente somos acostumados a andar e eles chegam e passam por cima
de tudo. Isso é um desrespeito com a humanidade, com o ser humano, tá en-
tendendo? Na minha opinião, eu acho que é um desrespeito achar que tudo
pode, chegar e passar por cima de todo mundo, sem pedir permissão, sem
perguntar se pode e se não pros donos da terra que somos nós que moramos
aqui!” (Maria José Lima Pinheiro 25-04-08 )
ABERTURA DE PICADAS QUE CORTAM ANTIGOS CAMINHOS
O território entre as comunidades de Baracatatiua e Mamuna, con-
forme já foi assinalado, encontra-se atualmente todo retalhado tanto por es-
tradas, quanto por picadas abertas manualmente. A largura destas picadas
varia entre hum metro e 8 metros. Alguns dos picos abertos pela ACS/AEB
não respeitaram nem mesmo os caminhos antigos, cujas margens encon-
tram-se inteiramente recortadas por estas picadas que os perpassam de um
lado a outro. Há diversas violações dos direitos assegurados pela servidão pú-
blica dos caminhos. A seguir apresentamosinformações georeferenciadas,
referentes a estas violações:
Picada aberta manualmente por trabalhadores contrata-
dos pela ACS, nos meses de janeiro e fevereiro de 2008,
em área encapoeirada e de roça do povoado Mamuna, às
margens do caminho antigo que liga Mamuna a Baracata-
tiua
Localização Geográfica: UTM 23 05 66701 / 9750106
Foto 16 – 20 Março de 2008.
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Abertura de picadas, com desmatamentos manuais, isto
é, feitos por trabalhadores contratados pela ACS, no pe-
ríodo de janeiro e fevereiro de 2008, visando a demarca-
ção da área pretendida para a construção de sítios de
lançamentos comerciais, às margens do caminho antigo
que liga Mamuna a Baracatatiua
Localização Geográfica: UTM 230566748 / 9750312
Depoimento:
“A gente antes, a gente saía em um caminho e sabia onde ia sair em
outro, em fim. Agora não, a gente vai pro palmeiral se perde se tem precisão
de ir no Baracatatiua se perde, tá entendendo? Se a pessoa não for com al-
guém que saiba agora se perde do mesmo jeito, não tem mais aquela coisa
que a gente tinha de andar o mato todo sem se perder. Agora é se perdendo
todo tempo, andando em círculo e voltando pro mesmo lugar sem conseguir
encontrar o caminho que a gente quer!”
(Maria Jose Lima Pinheiro 25-04-0)
EQUIPAMENTOS E MÁQUINAS DISTRIBUÍDOS ILEGALMENTE PELAS TERRAS DAS
COMUNIDADES QUILOMBOLAS
As empresas que invadiram os territórios de Mamuna e Baracatatiua
espalharam máquinas e equipamentos em todas as direções, seja nas picadas,
seja às margens das estradas ilegais abertas por tratores, sob alegação de es-
tarem realizando “estudos geotécnicos”.
Registros de equipamentos encontrados
Entre os equipamentos encontrados dispersos na intrusão das áreas
das comunidades remanescentes de quilombos estão: motores, bombas de
sucção, cones, caixas d`água, máquinas de perfuração, canos e mangueiras
plásticas, dentre outros. A seguir apresentamos estas informações georefe-
renciadas:
Foto 17 – 18 Março de 2008
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Motor, sob trilho de madeira, de uma das empresas con-
tratadas pela AEB, para fazer perfuração e retirada de ma-
teriais para sondagem nas áreas de roças de Baracatatiua
Localização Geográfica: UTM 230566579 / 9750690
Mangueiras de plástico abandonadas em locais de roça da
comunidade de Mamuna, onde a ACS instalou máquinas
para promover sondagem de solo e da água
Localização Geográfica: UTM 230566710/9749528
Canos dispersos pelo chão, em área desmatada para ins-
talação de máquinas de perfuração do solo, em áreas de
plantio ou de colocação de roças das comunidadesde Ba-
racatatiua e Mamuna
Localização Geográfica: UTM 230566605 / 9750554
Área de roças entre Baracatatiua e Mamuna invadida e
desmatada pela AEB, para perfuração por máquinas para
sondagem de solo e água, no período de janeiro e feve-
reiro de 2008
Localização Geográfica: UTM 230567146 /9751314
Sondas
As sondas com a marca da “ATECH” MULTISPECTRAL LTDA.
datadas de dezembro de 2007, estão localizadas bem no centro do povoado
de Mamuna, mais conhecido como “sítio”. São duas sondas: uma instalada
na frente da escola da comunidade e a outra em frente à igreja evangélica. A
sonda de Baracatatiua está instalada no centro do povoado defronte da casa
do Sr. Raimundo.
Foto 19 – 17 Março de 2008
Foto 18 – 20 Março de 2008
Foto 20 – 17 Março de 2008
Foto 21 – 17 Março de 2008.
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“Sonda de sinalizadoras de satélites” com a marca da
ATECH e da MULTISPECTRAl LTDA. Instalada no
meio do povoado de Baracatatiua, com data de dezembro
de 2007.
Localização geográfica: UTM 230565766/9752572
Sonda de sinalizadoras de satélites” com a marca da
ATECH e da MULTISPECTRAL LTDA. Instalada em
frente à escola do povoado de Mamuna, com data de de-
zembro de 2007
Localização geográfica: UTM 230566534 / 9748884
Sonda de sinalizadoras de satélite com a marca da
ATECH e da MULTISPECTRAL LTDA. Instalada em
frente à igreja evangélica do povoado Mamuna, com data
de dezembro de 2007
Localização geográfica: UTM 230566645 / 9748880
Máquinas de sondagem e perfuração
Depois da intrusão das terras das comunidades de Mamuna e Bara-
catatiua pela ACS, ocorrida entre janeiro e março de 2008, tornou-se usual
se deparar nestas áreas com uma série de máquinas e equipamentos de uso
das empresas terceirizadas pela ACS. Tanto próximo aos locais de plantio e
demais práticas agrícolas, quanto nas áreas de extrativismo registra-se a ins-
talação destas máquinas, motores, sondas, bombas de sucção e demais equi-
pamentos mecânicos.
Foto 22 – 23 janeiro de 2008.
Foto 23 – 23 janeiro de 2008.
Foto 24 – 24 janeiro de 2008.
46
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Bombas de sucção localizadas em área de roça desmatada
por trator das empresas contratadas pela ACS/AEB para
facilitar o acesso de máquinas de escavação e sondagem
dentro das terras das comunidades de Baracatatiua e Ma-
muna.
Localização geográfica: UTM 230566758/9750446
Máquina instalada às margens de estrada vicinal aberta de
forma ilegal em áreas de roças, entre os povoados de Ma-
muna e Baracatatiua, intrusadas pela ACS/AEB no perío-
do de janeiro a março de 2008.
Localização geográfica: UTM 230566766/ 9750488
Máquina para realizar sondagem de terra e de água insta-
lada dentro das terras de Mamuna e Baracatatiua, em área
de roça das duas comunidades. 
Localização Geográfica: UTM 23056156/ 9749 1423
Máquina de perfuração em área de roça das comunidades
de Baracatatiua e Mamuna, que foi desmatada por tratores
de empresas contratadas pela ACS.
Localização geográfica: UTM 2305566936/ 9751008
Foto 25 – 19 Março de 2008.
Foto 26 – 20 Março de 2008.
Foto 27 – 17 Março de 2008.
Foto 28 – 18 Março de 2008.
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RECURSOS HÍDRICOS AMEAÇADOS PELA AÇÃO PREDATÓRIA DAS
EMPRESAS A SERVIÇO DA ACS
Na área intrusada pela ACS/AEB existem inúmeros rios e igarapés
que as famílias das comunidades quilombolas utilizam para os afazeres da
vida cotidiana, incluindo-se nascentes com água potável. Com a abertura de
picadas, que passam sobre os leitos dos rios e atingem também em alguns
casos as suas matas ciliares e com desmatamentos realizados próximos às ca-
beceiras de cursos d’àgua, registra-se uma ação predatória. Segundo os mo-
radores, os rios estão com sua correnteza prejudicada, já está ocorrendo
certa diminuição do fluxo de água em pleno inverno ou período chuvoso. Os
moradores atribuem o fato ao desmatamento próximo às margens dos rios,
à derrubada das matas ciliares e à abertura de estradas próximas às nascentes
dos rios, que estariam comprometendo os olhos d’àgua.
Rio da Mamuna: Verificamos que a nascente do rio da
Mamuna encontra-se ameaçada pela proximidade da aber-
tura de estradas vicinais com desmatamentos realizados
de forma ilegal pela ACS. Segundo os dispositivos legais,
os mananciais sempre devem ter uma área de conservação
para fins de proteção e não podem ser comprometidos
por obras de engenharia, dado que há o risco de assorea-
mento e de contaminação. As matas ciliares também não
podem ser desmatadas, porquanto isto representa “crime
ambiental”.
Localização geográfica: UTM 230565519/9750176
Rio Petiua: Registramos picos abertos manualmente, pelas
empresas terceirizadas pela ACS, que passam sobre o leito
do Rio Petiua. As picadas, além de passarem sobre o leito
deste rio, passam em áreas de babaçuais, onde foi verifi-
cado o corte de pequenas palmeiras ou “palmeiras jo-
vens”. Trata-se de uma ação predatória com sérias
implicações, uma vez que o extrativismo do babaçu, em
combinação com a agricultura e a pesca, constitui uma
atividade básica para a dieta alimentar e para a reprodução
física das unidades familiares.
Localização geográfica: UTM 230567401/9751206
Foto 29 – 20 Março de 2008.
Foto 30 – 19 Março de 2008.
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Verificamos a ocorrência de desmatamentos às margens
do Rio Petiua,

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