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rado excedente de trabalhadores dos distritos rurais”664 e, depois, ainda
há quem se admire que “prepondera excesso de trabalhadores nas ci-
dades e aldeias e falta de trabalhadores no campo!665 A verdade é que
essa falta só é sentida ”na época de trabalhos agrícolas prementes, na
primavera e no outono, enquanto durante o resto do ano muitos braços
ficam ociosos";666 que, “depois da colheita de outubro até a primavera
não há quase ocupação para eles”,667 e que também durante o tempo
em que estão ocupados “perdem freqüentemente dias inteiros e estão
sujeitos a toda espécie de interrupções no trabalho”.668
Essas conseqüências da revolução agrícola, isto é, da transfor-
mação de terras de lavoura em pastagens para gado, a utilização de
maquinaria, a mais severa economia de trabalho etc. — são tornadas
ainda mais agudas pelos proprietários fundiários modelares, aqueles
que, ao invés de comer suas rendas no estrangeiro, condescendem em
morar na Irlanda, em seus domínios. Para que a lei da oferta e da
procura permaneça totalmente inviolada, esses cavalheiros satisfazem
“agora quase toda a sua necessidade de trabalho com seus pequenos
arrendatários, que são, assim, obrigados a mourejar para seu pro-
prietário fundiário por um salário geralmente inferior ao do diarista
comum, e isso sem nenhuma consideração para com os desconfortos
e as perdas decorrentes de terem de negligenciar na época crítica
da semeadura ou da colheita seus próprios campos”.669
A insegurança e a irregularidade da ocupação, a freqüente repe-
tição e a longa duração das paralisações do trabalho, todos esses sin-
tomas de uma superpopulação relativa figuram, pois, nos relatórios
dos inspetores da administração dos pobres como outras tantas queixas
do proletariado agrícola irlandês. Recorda-se ter encontrado fenômenos
semelhantes entre o proletariado agrícola inglês. Mas a diferença é
que na Inglaterra, país industrial, a reserva industrial se recruta no campo,
enquanto na Irlanda, país agrícola, a reserva agrícola se recruta nas ci-
dades, refúgio dos trabalhadores agrícolas expulsos. Lá, os redundantes
da agricultura transformam-se em trabalhadores fabris; aqui, os enxotados
para as cidades, ao mesmo tempo que exercem pressão sobre o salário
urbano, continuam sendo trabalhadores rurais e são constantemente
remetidos de volta ao campo à procura de trabalho.
“Embora vivam na mais estrita frugalidade, seu salário mal
dá para assegurar a eles e suas famílias comida e moradia; para
MARX
333
664 Loc. cit., p. 27.
665 p. 26.
666 p. 1.
667 p. 32.
668 p. 25.
669 p. 30.

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