Buscar

CAPÍTULO 03 - O ESTADO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Fonte: CRETELLA JUNIOR, J. e CRETELLA NETO, J. - 1.000 Perguntas e Respostas Sobre Teoria Geral do Estado – Editora Forense Jurídica (Grupo GEN).
CAPÍTULO III O ESTADO
III.1. CONCEITO DE ESTADO
98) Em que sentidos é empregado o vocábulo "Estado"?
R.: Estado (do latim status = estar firme, na acepção de situação permanente de convivência), em sentido amplo, pode ser usado para indicar a "sociedade", como tal, ou alguma forma especial de sociedade. Também é usado para indicar (com "e" minúsculo) a condição pessoal do indivíduo perante os direitos civis e políticos (status civitatis, status familiae). Em sentido mais restrito, pode indicar um órgão particular da sociedade, como, por exemplo, o governo ou os sujeitos do governo, uma "nação", ou o território que eles habitam. Quando o Estado é discutido a partir de um ponto puramente jurídico, passa a ser visto como uma corporação qualificada, isto é, um organismo constituído e que funciona de acordo com ordem normativa própria. Daí, diz Kelsen, "o Estado é a comunidade criada por uma ordem jurídica nacional" (em contraposição a uma ordem jurídica internacional). Finalmente, Estado designa uma forma complexa e organizada de sociedade civil, a sociedade política.
99) Onde residem as dificuldades para se conceituar o Estado?
R.: Há mais de 25 séculos discutem os teóricos da Ciência Política e da Teoria
Geral do Direito sobre o conceito de Estado. As dificuldades para definilo são inúmeras, podendo ser citadas as seguintes: a) existe uma variedade muito grande de correntes doutrinárias, daí não ser possível encontrar uma definição que seja aceita por todas; b) é sempre possível analisar o Estado sob muitos ângulos, porém qualquer definição reflete obrigatoriamente o ponto de partida do observador; c) existe considerável grau de subjetividade no estudo do Estado, dificultando o estabelecimento de uma definição objetiva; e d) ao longo dos séculos, o vocábulo tem sido empregado em grande variedade de acepções.
100) Em quantos grupos se dividem os doutrinadores quanto à conceituação de Estado?
R.: Os doutrinadores se dividem, basicamente, em dois grandes grupos, cada qual construindo a conceituação do Estado com base: a) em uma noção de força; e b) em uma noção de ordem jurídica.
101) Em que consiste a construção do conceito de Estado com base em uma noção de força?
R.: Os doutrinadores que apresentam o conceito de Estado com base em uma noção de força, podem ser classificados como políticos, embora de modo algum neguem o enquadramento do Estado em uma ordem jurídica. Esses pensadores, como Léon Duguit e Georges Burdeau, entendem o Estado como entidade institucionalizadora do poder, dotada de força irresistível, embora delimitada pelo Direito.
102) O que é ordem jurídica?
R.: Ordem jurídica é um conjunto estruturado e harmônico de normas, válidas em determinado Estado, imponíveis coercitivamente. Em outras palavras, é um sistema de normas jurídicas.
103) Qual a principal característica da ordem jurídica?
R.: A principal característica da ordem jurídica é a existência de uma hierarquia de normas.
104) Em que consiste a construção do conceito de Estado com base em uma noção de ordem jurídica?
R.: Os doutrinadores que apresentam o conceito de Estado com base em uma noção de ordem jurídica, por sua vez, não deixam de lado o fato de que o Estado detém o monopólio do emprego da força (a não ser em casos excepcionais, em que o particular pode fazêlo), sendo, portanto, uma sociedade política. É o caso da maioria dos pensadores italianos, como Oreste Ranneletti e Giorgio del Vecchio, que enfatizam o elemento jurídico como primordial na disciplina do Estado.
105) A partir de que época prevalece a noção jurídica de Estado?
R.: A noção jurídica de Estado passa a prevalecer a partir do século XIX, na Alemanha, com os trabalhos de Savigny, Gerber e Jellinek.
106) Qual a noção jurídica de Estado proposta por Jellinek?
R.: Para Georg Jellinek, o Estado é uma corporação territorial dotada de um poder de mando originário, ou seja, o Estado é uma pessoa jurídica.
107) A noção exclusivamente jurídica do Estado é suficiente para explicálo? 
R.: Não. Modernamente, considerase que a noção exclusivamente jurídica do Estado não é suficiente para explicálo, pois é limitada e incompleta. A coatividade não explica todas as peculiaridades do Estado, devendo ser considerada, também, elementos não-jurídicos, como sua importante dimensão política.
108) Em que momento surge, na História, o conceito moderno de Estado?
R.: A primeira menção ao vocábulo "Estado", na forma aproximada como hoje é entendido, surge na obra de Nicolau Maquiavel, O Príncipe, publicada em 1513, sendo posteriormente incorporada às obras dos juristas e cientistas políticos alemães, franceses e italianos.
109) Qual a relação entre Direito e Estado?
R.: Não existe nenhum Direito absoluto, ou seja, existem sistemas de normas jurídicas o Direito alemão, o Direito norte-americano, o Direito brasileiro cujas esferas de validade são limitadas de modos característicos. Além disso, existe também um complexo de normas que compreendem o Direito Internacional. O problema do Estado como fenômeno jurídico tem por tarefa delimitar as manifestações empíricas do Direito positivo e como se interrelacionam. Então, considerase que o Direito francês se baseia na existência de um Estado francês como uma entidade social, não-jurídica. Assim, podese dizer que a relação entre o Direito e o Estado é análoga à que existe entre o Direito e o indivíduo. Pressupõese que o Direito apesar de criado pelo estado regula a conduta do próprio Estado, concebido como uma espécie de homem (ou superhomem), da mesma forma como o Direito regula a conduta dos homens.
110) Quais as principais teorias acerca da relação entre Estado e Direito? 
R.: As principais teorias acerca da relação entre Estado e Direito são: a) a teoria monística; e b) a teoria dualística.
111) O que é a teoria monística?
R.: A teoria monística considera que Estado e Direito são uma única unidade, coincidindo plenamente os conceitos.
112) O que é a teoria dualística?
R.: A teoria dualística considera que Estado e Direito são duas realidades completamente distintas, sem relação um com o outro.
113) Qual a relação entre Estado, Direito e sociedade, segundo Kelsen?
R.: Segundo Hans Kelsen, que se inclina pela teoria monística, o Estado, enquanto realidade social, está incluído na categoria de sociedade; ele é uma comunidade. O Direito está incluído na categoria de normas, uma ordem normativa: é um sistema de normas, ou seja, uma ordem normativa. O Estado e o Direito, segundo essa visão, são dois objetos diferentes. Alguns autores consideram que a dualidade entre Estado e Direito é um dos fundamentos da ciência política e da jurisprudência modernas, que regulam as relações jurídicas no interior da sociedade. Para Kelsen, no entanto, essa dualidade é indefensável, na medida em que o Estado como comunidade jurídica não pode ser separado de sua ordem jurídica, da mesma forma que uma corporação não é distinta de sua ordem constitutiva. E, como inexiste razão para se supor que existam duas ordens normativas diferentes, a ordem do Estado e a sua ordem jurídica, devemos admitir que a comunidade a que chamamos de "Estado" é a "sua" ordem jurídica.
114) Que teorias explicam o aparecimento do Estado?
R.: As teorias existentes sobre o aparecimento do Estado podem ser englobadas em três correntes: a) o Estado e a sociedade teriam existido sempre, já que em todos os grupos humanos sempre houve uma autoridade social superior, capaz de manter a ordem; b) a Humanidade teria vivido sem o Estado somente até determinada época, a partir da qual o Estado foi sendo constituído, para atender à crescente complexidade da atividade e das necessidades dos grupos sociais: e c) o Estado é um conceito histórico concreto e definido, que não é válido para todas as épocas, pois sua existência somente pode ser reconhecida quando a sociedade política apresenta determinadas características.
III.2. O ESTADOCOMO PESSOA JURÍDICA
115) Qual a importância da concepção do Estado como pessoa jurídica?
R.: A importância da concepção do Estado como pessoa jurídica, isto é, o entendimento de que o Estado tem personalidade jurídica, reside na conquista da conciliação doutrinária entre as posições política e jurídica.
116) Qual a importância do trabalho de Savigny a respeito do desenvolvimento da noção do Estado como pessoa jurídica?
R.: O filósofo e jurista alemão Friedrich Carl von Savigny (17791861) foi o pioneiro no desenvolvimento da noção do Estado como pessoa jurídica, embora, em sua conceituação, a personalidade jurídica do Estado fosse considerada mera ficção jurídica, por meio da qual aos indivíduos capazes o poder estatal reconhecia o status de sujeitos de direito.
117) Como se denomina a escola de Direito que considera o Estado como dotado de personalidade jurídica ficta?
R.: A escola de Direito que considera o Estado como dotado de personalidade jurídica ficta, fundada por Savigny, e revigorada por Kelsen, no século XX, é denominada de escola ficcionista. Para essa escola, embora as comunidades jurídicas não possuam personalidade jurídica, podem ser sujeitos de direito, isto é, têm direitos e obrigações, sendo representadas, inclusive em juízo, como se pessoas fossem, mas pessoas jurídicas.
118) Que escola de pensamento se contrapõe à escola ficcionista?
R.: À escola ficcionista contrapõese a escola realista, esta também criação dos publicistas alemães do século XIX.
119) De que modo a escola realista explica a personalidade jurídica do Estado?
R.: Para a escola realista, uma vez que o Estado não se constitui em ficção, e sim, é uma unidade institucional concreta, que sintetiza a consciência coletiva, razão pela qual é tão suscetível de adquirir capacidade jurídica quanto a pessoa física. Enquadrado numa ordem jurídica, detém o Estado vontade própria, que deflui desse ordenamento, sem a necessidade de criála artificialmente.
120) Quais as principais conseqüências da aceitação da idéia de que o Estado tem personalidade jurídica própria e real, isto é, não como produto de ficção?
R.: As principais conseqüências da aceitação da idéia de que o Estado tem personalidade jurídica real são: a) a possibilidade de tratamento jurídico dos interesses coletivos; b) impedimento à ação arbitrária do Estado, por meio de mecanismos jurídicos; c) o reconhecimento de que o Estado tem direitos e obrigações; e d) o estabelecimento de limites jurídicos claros e precisos na atuação do Estado com o particular.

Outros materiais