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Aulas 1 a 5 - alunos

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OPP
 A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL: Algumas Informações
É claro que vocês já ouviram falar de Feudalismo, que, como já estudaram em outras disciplinas, é um modo de produção, que durou por toda a Idade Média. E a Idade Média durou aproximadamente 1000 anos! Teve seu início no século V e final no século XV.
Vamos relembrar um pouco de História? Os feudos eram espaços geográficos, políticos e sociais onde as pessoas viviam e onde existiam duas classes sociais bem distintas: os nobres, ou senhores feudais, e os servos, ou camponeses, que não chegavam a ser escravos, mas que também não eram livres.
Os feudos eram independentes, cada um possuía suas próprias leis, moeda, modos de vida, não existiam Estados, porque o poder estava dividido entre os vários senhores feudais.
A Igreja era a instituição mais poderosa da época, uma vez que a riqueza da época estava ligada à terra e ela era a maior proprietária de terras.
Mas quem era quem nessa história? O senhor feudal era aquele que possuía as terras e servo era aquele que trabalhava nela. Nessa época, a economia era basicamente agrícola e de subsistência, ou seja, servia para a sobrevivência das pessoas que viviam no feudo. Só os produtos excedentes eram comercializados.
E como era a vida dessas pessoas? O senhor feudal não trabalhava, vivia à custa do trabalho do servo. A vida do servo era bastante penosa, ele cultivava a terra e tinha que pagar pesados tributos ao nobre. Era um tipo de troca: o servo tinha um lugar para ele e a sua família morar, um pedaço de terra para plantar, mas, em compensação, tinha que pagar por isso.
Então, vocês já concluíram que as condições de vida dos servos não eram nada boas, pelo contrário, eram bastante penosas. Mas apesar dessa exploração a que os servos eram submetidos, eles podiam contar com uma certa proteção, digamos assim, por parte dos senhores feudais, nos casos de doença, morte, catástrofes naturais. Também existiam laços de solidariedade entre os próprios servos. Assim, as possibilidades de revoltas eram reduzidas e não chegavam a ameaçar essa ordem social.
Mas, uma série de fatores concorreu para o fim do feudalismo, como as cruzadas, o desenvolvimento das técnicas agrícolas, o que gerou um renascimento comercial e urbano e o surgimento do capitalismo, em meados do século XV. E as condições dos servos que já não eram boas, ficaram ainda piores. Eles foram expulsos de suas terras, ou como a literatura costuma mencionar, expropriados dos seus meios de produção (terra e instrumentos de trabalho). Também não podiam mais contar com a proteção dos senhores feudais e tiveram que trabalhar nas fábricas vendendo o único bem que possuíam que era a sua força de trabalho em troca de um salário que na maioria das vezes mal dava para a sobrevivência do trabalhador e de sua família. E isso para quem conseguia se empregar, pois não havia emprego para todos e nem eles estavam preparados para realizar outra tarefa que não fosse aquela que realizavam no campo. 
Conclusão: desemprego, mais miséria, altos índices de mortalidade, entre tantos outros problemas que no conjunto são chamados de Questão Social e que fez surgir uma legislação punitiva contra aqueles que não se enquadravam. E tudo isto num momento que novas ideias estavam surgindo, ideias que valorizavam o indivíduo, que traziam a noção do direito individual, que negavam a tirania das relações sociais estabelecidas no modo de produção feudal. 
Havia um clima de inconformismo no ar e muitos pensadores começaram a buscar respostas para os problemas da época. É nesse contexto que surge um movimento chamado Iluminismo. Para os pensadores desse movimento (Voltaire, Montesquieu e Rousseau, só para citar alguns) somente através da razão o homem podia obter conhecimento e mudar a realidade. E o que eles queriam mudar? O antigo regime, o sistema feudal e suas ideias de permanência das coisas. Eles atacavam os privilégios da nobreza e o sistema monárquico e defendiam uma sociedade baseada no direito dos cidadãos, na liberdade individual. 
Para eles, a monarquia se chocava com as descobertas científicas e as ideias progressistas que estavam se desenvolvendo. Vamos destacar uma dessas ideias? A de que a natureza e o Universo estavam em constante movimento. Exatamente como diz a música “Como uma onda”, de Lulu Santos e Nelson Motta. Sugiro que, no final da aula, relembrem a letra entrando no site: <http://marcellamerigo.wordpress.com/2011/06/06/%E2%80%9Ctudo-flui-nada-persiste-nem-permanece-o-mesmo%E2%80%9D/. Podem ouvi-la também, procurando em algum site na Internet.
E voltando àquela época, “se tudo muda o tempo todo no mundo” estava na hora do antigo regime ser contestado. Foram essas ideias que influenciaram as Revoluções Liberais, entre elas, a Revolução Francesa, que foi definitivamente o momento de transição do feudalismo para o capitalismo.
Mas as revoluções não conseguiram equacionar os problemas sociais, que foram se agravando e o século XX começa em meio a muitos conflitos em todo o ocidente, tanto que alguns pensadores o chamam de “Século Sangrento”. Nessa época, com a expansão do capitalismo, as condições de vida e trabalho da maior parte população eram bastante precárias. Um filme que retrata bem esse panorama é Tempos Modernos, de Charles Chaplin. 
Mas tudo isso vocês já viram em outras disciplinas, principalmente em Serviço Social e a Questão Social. Lembram? E devem estar se perguntando: E a prática institucionalizada com isso? Tem tudo a ver por que foi a partir dos conflitos ocasionados pelas péssimas condições de vida e trabalho que o Estado é chamado para intervir nessas questões. E o Serviço Social nasce como profissão no mundo ocidental. 
Para não esquecer: A institucionalização da profissão está diretamente relacionada à progressiva intervenção do Estado nos problemas resultantes da exploração do trabalho, ok? 
Com o sistema capitalista se firmando e se expandindo e gerando mais problemas sociais o Estado e os empresários precisavam de um profissional que atuasse no meio desses conflitos. Havia muitos interesses em jogo e muita tensão, o que poderia colocar em cheque a ordem social. Esse profissional era o assistente social. 
Só que havia uma pedra no caminho: a ideologia liberal. É a ideologia que defende a não intervenção do Estado na economia. Em outras palavras, é a ideologia que justifica e defende o capitalismo. 
Não é preciso muita imaginação para concluir que, nos países industrializados, essa intervenção do Estado se deu muito devagar e em meios a conflitos.
E no Brasil, como se deu esse processo? Nada diferente. A ideologia liberal, que já estava presente no regime monárquico, foi transportada para o regime republicano e se tornou a principal responsável pela posição do Estado brasileiro em não reconhecer a questão social e, consequentemente, da não intervenção dele nessa questão.
Com a industrialização, a exploração da força de trabalho tornou-se insuportável e várias foram as reivindicações dos trabalhadores. Eles lutavam pela redução da jornada de trabalho, regulamentação de trabalho da mulher, da criança e do adolescente, dos acidentes de trabalho, entre outros. 
E, como vocês já sabem, as relações trabalhistas eram da esfera do Código Penal. Conclusão: essas reinvindicações eram tratadas como caso de polícia. Mesmo assim, graças a esses movimentos, as leis de proteção ao trabalhador foram pouco a pouco sendo conquistadas. Mas eram tratadas como concessões (e não uma questão de direito) a segmentos organizados que poderiam colocar em risco a ordem social e o processo de acumulação. 
A primeira legislação social surge somente em 1919, responsabilizando as empresas pelos acidentes de trabalho, o que não teve grande impacto nas condições de trabalho. 
Foi somente na década de 30, no governo de Getúlio Vargas, que o Estado passa a reconhecer como direito um conjunto de leis de proteção ao trabalhador. Em outras palavras, passa reconhecer a questão social como o resultado da relação capital x trabalho.
Assim, podemosafirmar que antes de 1930 existia um conjunto de medidas que visava apenas garantir a “paz social”.
Mas, a partir desse reconhecimento, o Estado precisa criar políticas e instituições para a regulamentação da questão social, e isto em vários setores. 
Com o fim da Segunda Guerra Mundial a produção industrial se expande, o que exige uma maior presença do Estado no mercado de trabalho. Por quê? Porque era fundamental que existissem mecanismos de disciplinamento e de controle social. 
Com objetivos de disciplinar e enquadrar a população trabalhadora que são criadas, na década de 40, as grandes instituições sociais e assistenciais, como: SENAI, LBA, Fundação Leão XIII, SESI. Elas aumentam as possibilidades de trabalho dos assistentes sociais e estimulam o ensino do Serviço Social. 
Para não esquecer: É com o surgimento dessas grandes instituições que acontece tanto a legitimação quanto a institucionalização do Serviço Social. E o disciplinamento passa a ser um dos objetivos principais da ação dessas instituições.
E os assistentes sociais passam a ocupar o lugar de executores das políticas sociais. O que quer dizer que o planejamento dessas políticas era de responsabilidade de outras categorias profissionais.
Ganha um doce quem acertar quais os objetivos e o caráter da atuação do assistente social nas instituições dessa época.
	E é assim que o Serviço Social depende de uma instituição para poder atingir seus objetivos.
É por isto que, embora seja reconhecido como um profissional liberal, vamos encontrar o assistente social atuando dentro das instituições. Costumo brincar em minhas aulas dizendo que este é um dos motivos pelos quais que o assistente social não pode “abrir uma portinha” e colocar uma placa chamando a clientela, como fazem os psicólogos, os dentistas, médicos, entre outros profissionais liberais. 
	Mas, vamos combinar? Os objetivos da ação e a própria atuação profissional hoje são bem diferentes dos daquela época. São diferentes porque o Movimento de Reconceituação rompeu, entre outros aspectos, com essa lógica reducionista do profissional como executor das políticas, ampliando as possibilidades de atuação profissional e o assistente social passou a também a “pensar” as políticas sociais, a atuar no seu planejamento.
	A legislação avançou nesse sentido, sendo que a Lei de Regulamentação da Profissão (Lei 8662/93), no Artigo 4, Incisos I e II, preconiza que:
			São competências do Assistente Social:
I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades e organizações populares; 
II Elaborar, coordenar, executar a avaliar planos, programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil.
Para a realização dessas atividades preconizadas pela legislação, o assistente social trabalha dentro das instituições das mais diferentes naturezas, que têm diferentes objetivos. Como trabalho de casa, proponho que vocês visitem o site do CFESS - http://www.cfess.org.br – e destaquem o que encontrarem de interessante sobre a prática profissional. 
Mas fiquem atentos, para se trabalhar dentro das instituições é preciso responder a algumas questões fundamentais: O que é uma instituição? Quais os seus objetivos, missão, natureza, quais as forças/interesses que normalmente concentram? Mas este debate faz parte da próxima aula.
Síntese da Aula:
Nesta aula, conhecemos, através de um brevíssimo resgate histórico da profissão, como se deu o processo de institucionalização do Serviço Social.
Próxima Aula:
Na próxima aula, estudaremos os seguintes assuntos:
O que é uma instituição.
Natureza, missão e objetivos de uma instituição.
Sua relação com outras instituições.
Relação de forças presentes em seu interior.
Questões Objetivas para o registro da frequência:
1) A ordem social feudal não corria riscos de ser afetada, apesar da pobreza em que viviam os servos, por que: 
a) Havia uma ampla e sólida legislação social que amparava os necessitados;
b) As condições de vida e trabalho eram bem confortáveis;
c) Os senhores feudais controlavam rigorosamente a população;
d) Havia laços de solidariedade entre os próprios servos e também estes recebiam certa proteção dos senhores feudais. 
2) Em que momento o Estado brasileiro assumiu a questão social?
a) No período republicano, quando foi criada a primeira legislação sócia em 1919 (Lei dos Acidentes de Trabalho);
b) Após 1930, mais especificamente no governo Vargas; 
c) Quando as grandes instituições sociais foram criadas;
d) Após o Golpe Militar de 1964. 
3) Por institucionalização do Serviço Social podemos entender:
a) Que a profissão passou a atuar no interior das instituições;
b) Uma prática assistencial e caritativa;
c) Que os assistentes sociais passaram a executar políticas sociais;
d) Que os assistentes sociais passaram a planejar políticas sociais.
Marisy da Silva
Aula 2: Instituição – o espaço de realização da prática profissional
Objetivo:
Nesta aula, trataremos de conceituar Instituição, identificando seus vínculos com a constituição da Ordem Social e de suas possibilidades de mudança. Na construção desse raciocínio, vamos buscar compreender a dinâmica dos jogos de poder e saber que dão a tônica da missão, dos objetivos e das práticas institucionais.
Introdução da aula:
O espaço institucional é o principal lócus de realização da prática do Serviço Social. Foi nesse espaço que historicamente o Serviço Social se constituiu como prática profissional. É, portanto, a partir da análise de suas determinações, das relações entre seus agentes e do discurso e lógica dominantes que podemos compreender os limites e possibilidades da atuação profissional. 
O que se percebe é que a prática do assistente social nas instituições, normalmente, se limita a reproduzir o discurso dominante sem questionamento, o que termina por reduzi-la a um “fazer” repetitivo de tarefas burocráticas, alienando-a dos processos vivos de transformação. 
A superação dessa condição, ou seja, desse lugar submisso a partir do qual o assistente social se relaciona com os demais agentes institucionais, só é possível com a análise crítica da instituição, considerando-a, antes de mais nada, como parte da rede constitutiva da realidade social. 
O objetivo desta aula é trabalhar alguns conceitos que servirão de instrumentos metodológicos para essa análise crítica, para uma abordagem da problemática institucional que permita, nas aulas subsequentes, pensarmos a prática institucional do assistente social numa outra perspectiva. 
Aprenda Mais:
Sugiro que vocês assistam ao filme Operação Valquíria, com Tom Cruise.
Síntese da Aula:
Nesta aula, você:
Compreendeu que Instituição ou “Práticas Institucionais” é o conjunto de práticas ou de relações sociais concretas que se reproduzem e nessa reprodução se legitimam socialmente. Ou seja, o que caracteriza uma instituição é o fato de certas práticas, certas relações, certos comportamentos, se repetirem em seus padrões básicos e ganharem, com isso, naturalidade, reconhecimento e legitimidade. 
Relacionou Instituição ou práticas institucionais com a constituição da Ordem Social vigente, na medida em que...
Interpretou a sociedade como um tecido de instituições que se interpenetram e se articulam entre si com o objetivo de regular, de criar e de manter as condições de convívio e das relações entre sujeitos. 
Compreendeu que as práticas institucionais, e também as práticas sociais, se constituem discursivamente; que a linguagem é uma forma de ação e que é no terreno discursivo que as relações de poder/saber se realizam, ditando a dinâmica das transformações sociais.
Próxima aula:
Na próxima aula, 
1) Conheceremos as competências do assistente social preconizadas pela Lei 8662/93 – Lei de Regulamentação da Profissão.
2) Identificaremos os elementos fundamentais para uma prática competente. 
Atividade:
Para exercitar o dos conceitos estudados nesta aula, proponho duasatividades:
1 – Vocês vão começar a estagiar numa determinada instituição de saúde, por exemplo. Com um clique no Google, vocês poderão obter várias informações: razão-social, data de fundação, quais serviços são prestados e em que especialidades, população alvo, volume de atendimentos, se é público ou privado, número de servidores por categoria profissional, enfim, inúmeras informações importantes. 
Mas o que é que o Google não vai dar e que vocês só vão conseguir saber quando estiverem lá dentro, observando in loco o cotidiano da organização? 
2 - Problematizem a seguinte questão: Podemos considerar que a corrupção no Brasil está institucionalizada, na medida em que são flagrantes a penetração dessas práticas no aparelho de Estado, a naturalidade com que se faz e com que se aceita?
Registrar frequência:
1 - Que afirmações demonstram a intrincada relação entre instituição e ordem social?
( ) A sociedade é um tecido de instituições que se interpenetram e se articulam entre si com o objetivo de regular, de criar e de manter as condições de convívio e das relações entre sujeitos.
( ) Os objetivos institucionais são diretamente determinados pela ordem dominante.
( ) As práticas institucionais produzem e reproduzem “instituídos” (comportamentos, mentalidades, valores, moral).
 ( ) As práticas institucionais, na medida em que repetem padrões de pensamento e comportamento, garantem a manutenção da ordem social vigente.
 
2 – Que afirmações demonstram que a instituição é um espaço contraditório?
( ) A dinâmica institucional é marcada por relações de poder.
( ) O espaço institucional abarca diferentes profissões.
( ) As práticas institucionais, se constituem discursivamente, no plano das idéias e dos interesses em permanente disputa.
( ) Os interesses institucionais se chocam com os interesses da sociedade.
3) “Na realidade, essas estruturas, cuja denominação mais precisa é [...] são os dispositivos concretos através dos quais se materializam a missão e os objetivos das Instituições. As [...], normalmente, são compostas por estruturas menores, os [..], os quais podem ser integrados por dispositivos técnicos, os [...]”. 
Marque a alternativa que contém a ordem correta dos elementos que foram suprimidos da citação acima.
( ) Organizações, estabelecimentos, organização e equipamentos.
( ) Equipamentos, organizações, organização e estabelecimentos.
( ) Organização, organizações, estabelecimentos e equipamentos. 
Aula propriamente dita:
Quando falamos em Instituição, normalmente nos vem à cabeça um espaço físico, definido por uma missão, objetivos, finalidades, ordenado por procedimentos, rotinas, práticas, e caracterizado por um modus operandi que costumamos chamar de cultura institucional. É por isso que nos acostumamos a dizer que um determinado hospital, o Souza Aguiar, por exemplo, é uma instituição, do mesmo modo como dizemos que o Tribunal de Justiça do Ceará, ou a Universidade Estácio de Sá, ou o Senado Federal, ou uma determinada Rede de Televisão são instituições. 
Mas, será que esta denominação é a mais adequada? E, se estas estruturas não podem ser chamadas de Instituição, o que são? Como melhor denominá-las? Sugiro que avancemos um pouco mais no raciocínio, antes de darmos uma resposta acabada; se não, essa discussão fica parecendo meramente semântica ou de nomenclatura, daquelas que a gente acaba decorando sem entender em profundidade. 
A Questão se complica quando dizemos que a Família, por exemplo, ou a Linguagem, o Trabalho, a Educação, a Mídia, a Religião, a Democracia, a Justiça, também são Instituições. Será que estamos falando da mesma coisa? Não estaríamos dando o mesmo nome a coisas diferentes? E, quando dizemos que o Serviço Social, a Psicologia, a Medicina, o Direito, ou qualquer profissão constituída também são Instituições? Nossa, agora a cabeça deu um nó!
Esse estranhamento acontece, repito, porque costumamos pensar em Instituição como algo concreto. Porque nos acostumamos a associá-lo a um lugar no espaço, a uma organização em particular, com denominação jurídica, onde diferentes profissionais realizam seu trabalho, regidos por normas, rotinas e procedimentos, os quais se destinam à realização de determinados objetivos e finalidades. 
Na realidade, essas estruturas, cuja denominação mais precisa é Organização, são os dispositivos concretos através dos quais se materializam a missão e os objetivos das Instituições. As Organizações, normalmente, são compostas por estruturas menores, os Estabelecimentos, os quais podem ser integrados por dispositivos técnicos, os Equipamentos. Assim, podemos dizer que a Universidade Estácio de Sá, por exemplo, é uma Organização, composta por estabelecimentos e equipamentos. Uma Organização que, ao fazer parte do Sistema Educacional do País, está subordinada à missão e aos princípios formulados no espaço institucional da Educação. Tomemos alguns princípios que norteiam o Ensino Superior no Brasil: transmissão da cultura, conservação do conhecimento tradicional, produção científica, desenvolvimento de pesquisas, formação profissional. Todas as universidades do país se obrigam a adequar suas estruturas, suas práticas acadêmicas, a essa Missão. É, portanto, no sentido de que a as universidades constituem o espaço de materialização dessa missão que podemos denominá-las de Instituição. Elas são Instituições Educacionais, ou Instituições de Ensino Superior.
Perceberam a sutileza do raciocínio? Perceberam que, se conceituamos Instituição de outra maneira, tendemos a vê-la como algo quase imutável, quase como se já tivesse nascido pronto, rígido, petrificado? Pois então, se observarmos a história de uma instituição qualquer, vamos perceber o quanto ela mudou ao longo do tempo. O quanto seus aspectos mais rígidos, como regras, rotinas e procedimentos, e também o pensamento dominante, os discursos, as práticas, foram acompanhando as transformações da sociedade. 
Então, vamos começar a conceituar Instituição. 
Primeiro, precisamos nos habituar a associar o termo Instituição não mais a um espaço físico, mas às relações sociais concretas que lhes dão significado, ou seja, às Práticas Institucionais. Assim, começamos a ampliar o conceito, a analisar as instituições na sua dimensão sócio-histórica, política, a vê-las em seu constante processo de transformação, como parte da realidade social que, por sua natureza, é mutável, flexível. E isso, vocês verão mais à frente, será decisivo para a compreensão dos limites e possibilidade de atuação do Assistente Social e para a formulação das estratégias de intervenção profissional. 
Partindo desse ponto de vista, tomamos de empréstimo o pensamento de Marlene Guirado (2000, pg 81):
Instituição ou “Práticas Institucionais” é o conjunto de práticas ou de relações sociais concretas que se reproduzem e nessa reprodução se legitimam socialmente. Ou seja, o que caracteriza uma instituição é o fato de certas práticas, certas relações, certos comportamentos, se repetirem em seus padrões básicos e ganharem, com isso, naturalidade, reconhecimento e legitimidade. 
Assim, Instituição ou “Práticas Institucionais” é um determinado fazer peculiar que se repete, que adquire regularidade, que é reconhecido, e que, por isso, realiza um “instituído”. 
É assim mesmo. Quando dizemos que alguma coisa está instituída ou se institucionalizou é porque, de tanto que se repetiu, virou uma prática, uma coisa natural, reconhecida e legitimada socialmente. Quem está dentro, faz de forma habitual, e quem está fora, reconhece, sabe que existe. Ninguém precisa saber com detalhes, por exemplo, todos os objetivos da Educação ou da Saúde, para reconhecer que a universidade é um lugar do saber, do aprendizado, da formação, e que um hospital se presta a curar doentes. Do mesmo modo, o professor e o aluno sabem exatamente o que vão fazer quando entram numa sala de aula, assim como o médico, o enfermeiro, o assistente social, sabem quais são suas tarefas dentro do hospital. 
Vocês percebem que, se conceituamos Instituiçãodessa maneira, tendemos a vê-la como algo quase imutável, quase como se já tivesse nascido pronto, rígido, petrificado? Pois então, se observarmos a história de uma instituição qualquer, vamos perceber o quanto ela mudou ao longo do tempo. O quanto seus aspectos mais rígidos, como regras, rotinas e procedimentos, e também o pensamento dominante, os discursos, as práticas, foram acompanhando as transformações da sociedade. 
Por essa lógica é que se pode considerar as teorias e metodologias desenvolvidas em qualquer área do conhecimento como práticas institucionais. No campo do Direito, por exemplo, independente das muitas especialidades, das diferentes concepções que ali circulam, existe uma base comum de conhecimento acumulado, sistematizado, e de práticas padronizadas (as Leis, os ritos processuais, os códigos de conduta), que faz com que todos se entendam, falem a mesma língua, se reconheçam; não apenas entre si, mas na relação com outras instituições, enfim, com a sociedade. É assim com a Medicina, com a Engenharia, com o Serviço Social. Nossa profissão, por exemplo, é relativamente nova, tem menos de um século, mas ao longo desse tempo produziu conhecimentos e desenvolveu técnicas suficientes que a credenciaram como uma área de saber peculiar, cujas metodologias, técnicas instrumentos, condutas, estão sistematizadas na Lei de Regulamentação da Profissão, no Código de Ética Profissional, no acúmulo de conhecimento produzido ao longo da sua história e até nas polêmicas. Por tudo isso, o Serviço Social e todas as profissões reconhecidas e legalmente constituídas, são instituições. 
Nesse sentido, Instituição é uma entidade abstrata, que faz movimentar sentidos e interpretações, que organiza nosso pensamento sobre o mundo a nossa volta e sobre nós mesmos. São as representações, as interpretações e significados que damos às coisas – a partir dos “instituídos” - que nos servem de guia em nossas relações com os outros, com o cotidiano, com o mundo (e conosco). E esta possibilidade de saber o que é e o que não é está demarcada nos diversos tipos de instituições que compõe o tecido social.
Daí, podemos extrair uma outra conclusão:
A sociedade é, nesse sentido, um tecido de instituições que se interpenetram e se articulam entre si com o objetivo de regular, de criar e de manter as condições de convívio e das relações entre sujeitos. A esse tecido de instituições podemos chamar de Ordem Social, Ordem Dominante ou Discurso Dominante.
Ou seja, embora se possa dizer que as Instituições, em função dos seus desenvolvimentos particulares, sejam autônomas, esta autonomia é sempre relativa, porque o tempo todo elas dialogam, confrontam, interrogam, cooperam, disputam, umas com as outras. E é essa interdependência, essa interpenetração discursiva, que revela o caráter dinâmico da Ordem Social. 
Isso quer dizer que é inútil tentar analisar um determinado “fazer”, uma determinada “prática institucional”, isoladamente, depurando-a das condições institucionais que a geraram. O que é mesmo que dizer: não há pratica sem contexto nem contexto sem prática. 
Aqui, muita atenção para o seguinte aspecto: quando falamos em contexto, estamos falando de processos (contexto nunca pode ser pensado como algo rígido, petrificado) que se desenvolvem na relação tempo/espaço. Estamos falando de tempo histórico, de cultura, de mentalidades, de luta de classes, de confronto de ideias, de relações de poder. 
Para que possamos entender melhor esse raciocínio, vamos fazer um exercício de livre associação, nos moldes da psicanálise. 
Por exemplo, quando falamos em família, não na família concreta do Seu José e da Dona Amália, mas na Família enquanto uma entidade abstrata, uma instituição, o que nos vem à cabeça? 
Se esta pergunta estiver sendo feita a um sujeito, estudioso e/ou profissional das áreas humanas, morador de uma metrópole de um país ocidental, no início do Século XXI, talvez pudesse surgir as seguintes associações: laços de consanguinidade, casamento, base da sociedade, espaço de socialização e disciplinamento dos filhos, obediência, patriarcalismo, hierarquia, cuidado, proteção e solidariedade, herança, conflito, violência doméstica, coabitação de um mesmo espaço, família monoparental, família nuclear, família refeita, infância, adultério, sexo, divórcio, neuroses, castrações, segurança, laços de afetividade...e, por aí vai.
Perceberam? Esses elementos citados têm a ver com a representação, com os significados e sentidos que aquele sujeito social descrito acima tem da Instituição Família.
Se não, vejamos. Um sujeito que tivesse vivido lá atrás, na primeira metade do Século XX, provavelmente, não associaria a violência doméstica ao termo família. Porque a tirania no seio da família, que vitimizava a mulher e os filhos, só emergiu como um problema, ganhando visibilidade e se constituindo num fenômeno contra o qual inúmeras leis protetivas foram promulgadas, quando o poder patriarcal que dava ao Pai plenos poderes, começou a ser questionado, notadamente no pós Segunda Guerra Mundial.
Hoje, só os nostálgicos têm uma representação da família como uma instituição rigidamente hierarquizada, fechada, na qual o patriarca, o provedor, pode tudo. E esta profunda transformação social, que mexeu nas mentalidades, comportamentos, leis, discursos e práticas institucionais, resultou de processos combinados, desencadeados por inúmeros fatores, com destaque para dois: o ingresso definitivo da mulher no mercado de trabalho, o que intensificou as lutas por emancipação e igualdade de direitos. E a promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), que inspirou a construção de um Direito Internacional fundado no princípio da Dignidade da Pessoa Humana, que, entre outras convenções fez nascer a Convenção Internacional dos Direitos das Crianças (1959). 
O mesmo se pode dizer da referência ao divórcio e a outros modelos de família, como a “monoparental” ou a “refeita”, o que demonstra que a família nuclear, nos tempos atuais e em grande parte do mundo ocidental, deixou de ter exclusividade na conceituação de família. E as mudanças não param. Daqui a algum tempo, provavelmente, um outro sujeito citará, nesse mesmo exercício de associação, a família homoafetiva, dado o processo em curso de reconhecimento e legitimação do direito de gays e lésbicas se constituírem como família. E, vejam, isso independe de qualquer julgamento moral. Tem a ver, simplesmente, com a percepção, com o reconhecimento dos processos objetivos da realidade – que, afinal, tem o poder de transformar as instituições.
E, se esse mesmo exercício de associação fosse sugerido a um indiano, ou a um afegão, ou a um chinês, ou um angolano? Alguém tem dúvida de que a representação que cada um deles tem da Família é diferente entre si, e bastante diferente da nossa? Aqui, entram na análise institucional, além do tempo histórico, as diferentes tradições culturais, marcadamente as profundas diferenças que persistem, e que a globalização não conseguiu homogeneizar, entre a cultura ocidental e a oriental. 
Para fecharmos esta aula, falta levantar uma última questão, que, aliás, está intimamente ligada aos processos de transformação social: a questão do Poder. 
Recapitulando: 
Nós buscamos construir um conceito de Instituição que rompesse com a visão idealista, mistificadora e conservadora que define Instituição com algo pronto e acabado, imune às ações de seus agentes e das demais forças sociais. Por isso, colocamos no mesmo registro Instituição e Práticas Institucionais, quase como sinônimos. 
Dissemos também que Instituição ou “práticas institucionais” corresponde a um “fazer” que se repete, que se padroniza, realizando um “instituído”. Pois bem, se falamos de “práticas”, de um “fazer”, de “ações”, estamos, evidentemente, falando de atributos de pessoas, de sujeitos sociais, certo? Mas, no terreno institucional, costumamos adjetivar esses termos. Não falamos apenas em práticas, mas em “práticas institucionais”; não nos referimos a um fazer qualquer, mas aum “fazer” que se repete, que se padroniza em rotinas e procedimentos. E quando atribuímos essas ações a alguém, é ao “agente institucional”, não a uma pessoa qualquer. 
Isso nos leva a imaginar, corretamente, que há um discurso dominante, uma lógica prevalecente. O problema está em imaginarmos que a reprodução do discurso dominante, que delimita as práticas institucionais, definindo o perfil e a natureza da instituição, se dá de cima para baixo, por meio de mecanismos de poder regulamentados, burocráticos.
Não é bem assim. Para ajudar na discussão, mas tendo claro que vamos apenas iniciá-la, tomemos o pensamento de Foucault. Para ele, o Discurso não é a expressão das relações sociais, mas o terreno onde essas relações se realizam. Foucault concebe o Discurso como ato, como prática instituinte:
“O Discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo pelo que se luta, o poder do qual queremos nos apoderar...Em toda sociedade a produção do discurso é controlada, selecionada, organizada...de modo a conjurar seus poderes e perigos, dominar seu acontecimento aleatório, esquivar sua terrível materialidade” .(1996, pg 10)
Daí, podemos admitir que as práticas sociais se constituem discursivamente; que a linguagem é uma forma de ação e que as coisas ditas estão na base das dinâmicas de poder e saber de seu tempo. 
Essa discussão, sabemos, é bastante abstrata e complexa. Mas, nas próximas aulas, à medida que formos amadurecendo e incorporando outros conceitos, vocês vão ver, o bicho é menos feio do que parece.
Por hora, vamos pensar no seguinte exemplo, só para tornar essa discussão um pouco mais concreta, inteligível: 
Hitler, antes de ocupar boa parte da Europa com as tropas nazistas e levar quase o mundo todo a uma das guerras mais terríveis, teve que legitimar o discurso do Nacional-Socialismo, que pregava a supremacia da dita raça ariana sobre todas as outras, e daí, sobre todos os povos. Nenhum lunático seria capaz de tamanha façanha, se essas ideias não encontrassem ressonância junto ao povo alemão da época, a ponto de se constituir em ato, em discurso. Isso significa que discurso, nos termos aqui apresentados, seja o discurso dominante ou aquele que disputa esta posição, é sempre um discurso ressonante, que se constitui enquanto tal, apoiado sobre bases objetivas e subjetivas, sobre suportes institucionais. 
Pode não parecer, mas esses conceitos, essa forma de problematizar os processos sociais, aí incluídas as instituições e suas relações, servem como instrumentos de análise imprescindíveis para a atuação do assistente social, esteja ele onde estiver. Mas, não fiquem ansiosos, o manejo desses conceitos, desses recursos analíticos, só se aprimora com o tempo, na constância da relação teoria/prática.
Glória Vargas 
Aula 3 – Competências, habilidades do assistente social 
Objetivo:
Nesta aula iremos conhecer as competências do assistente social preconizadas pela Lei 8662/93, o processo histórico de construção das mesmas, bem como o que significa uma prática competente.
Introdução da aula:
As competências do assistente social previstas pela Lei 8662/93 foram fruto de um processo de amadurecimento da profissão, que culminou em um projeto político, ainda em construção, e que tem como objetivo maior uma atuação articulada com os interesses das classes majoritárias da sociedade.
 Podemos citar como marcos desse processo o Movimento de Reconceituação, iniciado anos antes, e os movimentos sociais que caracterizaram a década de 80, época de elaboração do Código de Ética, de 1986, que rompeu com o conservadorismo que caracterizava a profissão e com sua vinculação com a classe dominante.
As profundas mudanças no mundo do trabalho e suas repercussões na vida da população, já sentidas no início da década de 90, apontaram para a necessidade de um profissional mais preparado para atuar na operacionalização dos princípios defendidos pelo Código de Ética de 86 e também com as propostas sociais formuladas pela Constituição de 1988.
Assim, em 1993, surgem o Código de Ética de 1993, em vigor até hoje, e a Lei 8662, mais conhecida como a Lei de Regulamentação da Profissão.
Aprenda Mais:
Sugiro a leitura do texto “A prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade intervenção profissional”, de autoria de Charles Toniolo de Souza, atual presidente do CRESS 7ª Região, publicado na Revista Emancipação, disponível em:< http://uepg.br/emancipação>. Leiam com atenção a parte 1. 
Síntese da Aula:
Nesta aula, tivemos a oportunidade de conhecer o que compete ao assistente social no exercício de sua atuação e que uma atuação competente não significa ficar atrelado aos objetivos e demandas institucionais, mas requer posicionamento político, capacidade de interpretar a realidade com a qual trabalhamos e de utilização dos instrumentos necessários para transformar essa mesma realidade.
Próxima Aula:
Na próxima aula, trataremos sobre o estágio curricular supervisionado, seus aspectos legais, sua importância para a formação profissional, além de destacarmos alguns pontos que certamente irão contribuir nesse processo de aprendizagem.
Atividade:
Sugiro que vocês conheçam na íntegra a Lei 8662/93, prestando especial atenção ao Artigo 5º que trata das “atribuições privativas do assistente social.” E, também, respondam: O que vem a ser uma atribuição privativa? 
Registrar frequência:
Questões:
O neoliberalismo que ressurge em final da década de 80 e início dos anos 90 tem como proposta:
Que o setor público tenha as rédeas da economia;
Que o setor privado assuma as rédeas da economia; 
Que haja uma ampliação dos direitos sociais e consequentemente das políticas sociais;
Que o Estado assuma mais responsabilidades frente à questão social.
Relacione nas alternativas abaixo a única que não se constitui em competência do assistente social, conforme a Lei 8662/93.
Realizar estudos sociais para fins de benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública;
Elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos eu sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil;
Treinamento, avaliação e supervisão de estagiários do Serviço Social;
Fiscalizar o exercício profissional através dos conselhos de classe. 
As competências que devem ser de domínio do assistente social, mencionadas por Souza (2008) com base em Iamamoto são:
Competência ético-política, competência política e competência técnica;
Competência ético-política, competência teórico-metodológica e competência técnico-operativa; 
Competência de interpretar a realidade, competência teórica e competência operativa;
Competência de utilização dos instrumentos, competência de interpretar a realidade e competência teórica. 
Aula propriamente dita:
Antes de apresentarmos as competências do profissional do Serviço Social, vamos fazer um passeio sobre as condições em que elas foram construídas.
Lembram que na primeira aula estudamos que “tudo muda o tempo todo no mundo”? Pois é, o Serviço Social enquanto profissão também mudou. Na década de 80, década conhecida pelos intensos movimentos sociais e pela difusão das ideias marxistas que culminaram com a promulgação da Constituição Federal de 1988, também conhecida como “Constituição Cidadã”, a profissão rompeu com o conservadorismo que caracterizava sua atuação. 
Em outras palavras, rompeu sua vinculação com os interesses da classe dominante, com uma postura acrítica e neutra. Reconheceu que a sua atuação era mediada por diferentes interesses e que apesar de ser sido criada para servir aos interesses das classes dominantes, havia espaço para uma atuação que incorporasse os interesses das classes subalternas, ou classe trabalhadora. Enfim, o reconhecimento do caráter político da profissão, o que, aliás, já havia sido identificado pela vertente crítica do Movimento de Reconceituação. 
Era um momento de contestação, de renovação crítica do Serviço Social, e nesse contexto foielaborado o Código de Ética de 1986, que representava um novo projeto ético político profissional comprometido com as demandas da classe trabalhadora. 
 Esse compromisso exigiu um novo posicionamento e novas competências dos assistentes sociais não só no plano teórico, mas técnico e político. Isto significa não somente conhecer a realidade, possuir conhecimentos a respeito dela, mas é preciso saber intervir, ter as ferramentas corretas e saber o momento de intervir. 
Não foi por acaso que, em 1982, se dá o lançamento do livro Relações Sociais e Serviço Social no Brasil, de autoria de Marilda Villela Iamamoto e Raul de Carvalho, obra que serviu para reorientar a direção teórica e política do Serviço Social, de leitura obrigatória para os profissionais de Serviço Social. Tanto que, na primeira aula, recomendamos que vocês o adquirissem. Lembram? 
Então, vamos encontrar, a partir da década de 90, um profissional mais afinado com os interesses da classe trabalhadora, que é a principal usuária dos serviços sociais e das políticas sociais. Um profissional mais preparado para enfrentar os inúmeros desafios provocados pelas profundas mudanças no mundo do trabalho e seus impactos na vida das pessoas, num momento em que o Estado, inspirado pelo neoliberalismo passa a sair de cena deixando pouco a pouco a prestação dos serviços sociais nas mãos da sociedade civil, fazendo surgir no cenário nacional a figura das organizações não governamentais, ou Terceiro Setor. 
 * * * * * 
Paradinha estratégica: Vocês se lembram do liberalismo, que defendia a não intervenção do Estado na economia, na sociedade, que estudamos na primeira aula? Pois é, ele ressurge em final dos anos 80 e início dos anos 90, depois de mais ou menos 40 anos, com o nome de neoliberalismo. Embora o prefixo neo signifique novo, as suas ideias continuam as mesmas. E o que pretende? Que o setor privado retome as rédeas da economia. E isto significou, nos anos 90, privatizações, desemprego, entre tantos outros problemas sociais. 
Acho que muita gente se lembra de uma propaganda governamental, amplamente divulgada principalmente pela televisão, que comparava o Estado brasileiro a um elefante que abarcava tantas questões que mal podia se mover. Ela tinha por objetivo preparar e sensibilizar a sociedade para um projeto de privatização que ao tornar o Estado “mais leve” deveria liberar recursos para áreas consideradas prioritárias, entre elas a saúde e a educação. Será que aconteceu? O que vocês acham?
 * * * * *
Mas voltando ao profissional dos anos 90, para enfrentar os desafios que mencionamos, ele passa a contar com um conjunto de legislações sociais. Quais são elas? Sistema Único de Saúde - SUS, Estatuto da Criança e do Adolescente -ECA, Lei Orgânica de Assistência - LOAS (implementada, em 2003, através do Sistema Único de Assistência Social –SUAS). Mais recentemente conta com o Estatuto do Idoso e a Lei Maria da Penha, entre outras. E é bom destacar que, embora possuam limites e não consigam reverter o quadro de desigualdades sociais do país, são trabalhadas na ótica do direito e não do favor.
E foi ainda na década de 90 que foi aprovado o novo Código de Ética Profissional. 
[...] instituído em 1993, a partir de um amplo debate no Serviço Social. O documento expressa o amadurecimento teórico-político conquistado pela categoria e reafirma o compromisso com a democracia, a liberdade e a justiça social. É um instrumento de trabalho fundamental no cotidiano do assistente social. (CRESSRJ, 2011).
	Na verdade, o Código de 1993 representou uma espécie de aperfeiçoamento em relação ao de 1986, a partir do momento que amplia e avança nas conquistas deste. Ele reafirma o compromisso do Serviço Social com os interesses das classes trabalhadoras e deixa claro o seu rompimento com uma trajetória histórica de atuação conservadora, baseada na tradição (nos costumes, nos valores comunitários, na solidariedade e na família como núcleo básico da sociedade) e na filosofia social humanista, que apesar de reconhecer as condições de exploração a que os trabalhadores estavam submetidos, não indicava os meios para enfrentar essa situação.
	E nesse mesmo ano, em 1993, foi promulgada a Lei 8662/93, a Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social.
	Mas isto foi um processo. Como nos ensina Iamamoto (2001) o projeto ético político vem sendo construído pelos assistentes sociais desde a década de 80. Um projeto profissional 	 
[...] comprometido com a defesa dos direitos sociais, da cidadania, da esfera pública no horizonte da ampliação progressiva da democratização da política e da economia na sociedade. Projeto político profissional que se materializou no Código de Ética do Assistente Social, na Lei de Regulamentação da Profissão de Serviço Social (Lei 8662/93), ambas em 1993, assim como na nova proposta de Diretrizes para o Curso de Serviço Social da Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social - ABESS [hoje ABEPSS] - de 1996, que redimensiona a formação profissional para fazer frente a esse novo cenário histórico.
	Para não esquecer: Conhecer o Código de Ética Profissional, a Lei de Regulamentação da Profissão (Lei 8662/93) e as Diretrizes para o Curso de Serviço Social, propostas pela ABEPSS são fundamentais para o exercício da profissão. Eles são os pilares de sustentação do projeto profissional.
Mas, afinal, o que compete ao assistente social, o que diz a Lei 8662/93? A seguir destacamos, na íntegra, as competências extraídas do Artigo 4º desse artigo.
“Art. 4º Constituem competências do Assistente Social:
I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades e organizações populares;
II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil;
III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos, grupos e à população;
IV - (Vetado);
V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direitos;
VI - planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais;
VII - planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais;
VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às matérias relacionadas no inciso II deste artigo;
IX - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade;
X - planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e de Unidade de Serviço Social;
XI - realizar estudos sócio-econômicos com os usuários para fins de benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades.”
Prestem atenção como “saltam” das competências o compromisso não só com a defesa dos direitos, mas com os movimentos sociais. Também que a formação habilita para atuar em órgãos de natureza pública e privada. 
A partir dessa legislação se fortalece uma nova cultura entre os profissionais, o que significa dizer que a competência profissional não pode ficar vinculada às demandas institucionais, mas é preciso identificar novos espaços de atuação e novas possibilidades de intervenção para atender às novas demandas da classe trabalhadora. 
Souza (2008), em seu texto “A prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e intervenção profissional” cita que Iamamoto ao analisar os desafios que são colocados ao Serviço Social nos tempos atuais conclui que são 3 os aspectos que devem ser de domínio dos profissionais.
- Competência ético-política 
Esta significa que apesar de a prática profissional ocorrer dentro das instituições e em meio ao “fogocruzado” de tantos interesses, o profissional deve ter clareza quanto ao seu posicionamento político ao se deparar com a realidade com a qual trabalha. O que 
“[...] implica em assumir valores éticos-morais que sustentam a sua prática [...] expressos no Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais, e que assumem claramente uma postura profissional de articular sua intervenção aos interesses dos setores majoritários da sociedade.” (SOUZA, 2008;121)
 - Competência teórico-metodológica
 Esta diz respeito à capacidade de interpretar a realidade com a qual trabalhamos, e isso implica em entender o funcionamento e a lógica das instituições, como vimos na aula passada, e não apenas aceitar e obedecer às exigências burocráticas e administrativas que elas impõem. Isso seria reduzir o entendimento de competência ao discurso institucional e à observação de regras pré-estabelecidas. 
E recorrendo novamente à Marilda Iamamoto (1994) temos que ter um discurso competente, e próprio, que se contraponha à ordem institucional estabelecida. E esse discurso é competente “[...] quando é crítico, ou seja, quando vai à raiz e desvenda a trama submersa dos conhecimentos que explica as estratégias de ação”.
- Competência técnico-operativa
Esta se refere ao “como fazer” e parece ser o “grande nó” da profissão, pela reduzida produção bibliográfica quando comparada às outras competências (ético-política e teórico-metodológica). O que isto quer dizer? Que são priorizados os debates que privilegiam o conhecimento da realidade social, a garantia dos direitos, o posicionamento profissional articulado às classes subalternas, entre outros. Nós sabemos que nossa atuação passa pela garantia dos direitos. Mas, quais os instrumentos que temos à disposição para fazer isto? E mais: Como devemos documentar a nossa atuação? Não será tarefa fácil, mas vamos nos aventurar no decorrer do curso, principalmente nas aulas destinadas aos instrumentos. 
Por ora, frisamos que essas 3 dimensões estão intimamente relacionadas e devem andar juntas, caso contrário, nossa atuação poderá ficar centrada somente na interpretação da realidade, ou na “ilusão mágica do compromisso” com a classe trabalhadora, sem sabermos como se faz isto. Nenhuma delas separadamente vai produzir qualquer resultado na realidade social. E, ainda, correremos o risco de cairmos “[...] nas armadilhas da fragmentação e da despolitização, tão presentes no passado histórico do Serviço Social.” (CARVALHO e IAMAMOTO apud SOUZA, 2008; 122).
Resumindo, um assistente social competente e qualificado deve ser capaz de reconhecer a realidade onde atua, decifrar a lógica do discurso institucional, ultrapassando o conhecimento prático das rotinas e da burocracia e, sempre atento ao projeto ético-político da profissão, identificar as possibilidades de ação profissional e documentá-las corretamente. 
Marisy da Silva
Aula 04: Diretrizes do Estágio Curricular Supervisionado
Objetivo desta Aula:
	Nesta aula, iremos:
Conhecer a legislação que normatiza o estágio supervisionado em Serviço Social;
Tecer algumas considerações sobre os pontos que devem ser levados em consideração nesse importante processo de aprendizagem.
	
Introdução da aula:
	O estágio em Serviço Social é uma atividade obrigatória, ou seja, requisito fundamental para a conclusão da graduação, e norteado por uma legislação. Tem o objetivo de possibilitar ao aluno uma aproximação com a realidade cotidiana da prática profissional, colaborando com o desenvolvimento de sua capacidade crítica e interventiva.
	A Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABPESS) recomenda que o estágio seja acompanhado por um assistente social de campo, denominado de supervisor de campo, e de um professor do curso de graduação, o supervisor acadêmico, o que caracteriza a supervisão sistemática.
	A relação estabelecida entre supervisor e estagiário não é de treinamento, mas pedagógica, portanto, deve ter a abertura para a reflexão e a construção conjunta de conhecimentos. 
	
Aprenda Mais:
 Sugiro a leitura do artigo “O estágio supervisionado na formação profissional do assistente social: desvendando significados”, de autoria de Cirlene Aparecida H. da Silva Oliveira. O artigo encontra-se na Internet e está disponível no seguinte endereço eletrônico: <http://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:rJF1> .
Síntese da aula:
Nesta aula:
- Aprendemos que o estágio supervisionado é uma atividade curricular obrigatória, com atribuições definidas, entre outros aspectos, norteadas por uma legislação; que se constitui em uma atividade pedagógica que deve ser acompanhada por assistente social, devidamente habilitado, e por um professor na faculdade; que seu objetivo é contribuir para um processo de formação profissional que possibilite ao aluno as aproximações gradativas com a realidade social e o estabelecimento das relações entre os conteúdos de sala de aula e essa mesma realidade.
Próxima aula:
	Na próxima aula, abordaremos os elementos que se relacionam na ação profissional, destacando a análise institucional como aspecto importante nesse processo. 
Atividade:
Como atividade, sugiro que vocês analisem a grade curricular do curso e verifiquem as ementas das disciplinas de Estágio Supervisionado. Notem que em cada período há uma proposta e que elas vão se tornando mais complexas, na medida em que vocês vão adquirindo novos conhecimentos. 
Registrar frequência:
Quanto ao papel do supervisor de campo no estágio, podemos afirmar:
Que é o elemento chave do processo, cabendo a ele acompanhar metodologicamente o processo e estimular a reflexão entre os conteúdos trabalhados em sala de aula e os que surgem na prática;
Que sua atuação não é relevante, na medida em que os alunos recebem todas as orientações do supervisor acadêmico;
Que é o responsável pelo acompanhamento do estágio na instituição, o canal entre a entre a prática profissional e a academia, que entra com seu saber a respeito da realidade social, da instituição, da cultura institucional, suas rotinas etc; 
Que deve avaliar o aluno ao final do estágio.
2 O parágrafo VI, do Artigo 5 da Lei 8662/93, preconiza que a supervisão é uma atribuição privativa do assistente social. Isto quer dizer:
a) Que pode ser exercida por outro profissional desde que haja orientação do assistente social;
b) Que só pode ser exercida por assistente social; 
c) Que o assistente social tem o poder de delegá-la a outro profissional;
d) Que só pode ser realizada em instituições devidamente cadastradas nos setores de estágio das unidades de ensino superior.
A relação estabelecida entre estagiário e supervisor deve ser concebida como:
Uma relação pedagógica e educativa que, entre outros aspectos, incentive a criatividade e a crítica; 
Uma relação de treinamento para o exercício da profissão;
Uma relação em que a retenção de habilidades seja o foco da ação;
Uma relação entre profissionais com objetivo de discutir a prática institucionalizada.
 
Aula propriamente dita:
	Vamos começar esta aula esclarecendo que o estágio em Serviço Social é uma atividade curricular obrigatória, prevista pelas Diretrizes Curriculares para o Curso de Serviço Social, desenvolvidas pela Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) e orientado pelo Código de Ética Profissional (1993), pela Lei de Regulamentação da Profissão (1993), pela Resolução 533/2008 do CFESS e pela Política Nacional de Estágio da ABEPSS (2010).
	Portanto, para concluir sua formação é fundamental que o estudante realize o estágio, que é chamado de curricular por que faz parte da grade curricular (é uma disciplina), com atribuições e carga horária definidas. 
	Vocês devem estar pensando: Se existe o curricular, deve existir o extracurricular, certo? Certíssimo. A Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008, que trata sobre o estágio de estudantes, sem especificação de cursos, em seu Artigo 2, prevê dois tipos de estágio: o obrigatório e o não obrigatório, definindo-os assim:Estágio obrigatório é aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito para aprovação e obtenção de diploma. 
Estágio não obrigatório é aquele desenvolvido como atividade opcional, acrescida à carga horária regular e obrigatória. 
Mas, é preciso que fique bem claro, as horas computadas em estágio não obrigatório não servem como comprovação de horas para concluir a graduação, mas podem ser computadas como atividades complementares. 
	Mas, nesta aula, trataremos do obrigatório, que chamaremos aqui de estágio supervisionado. Mas o que vem a ser estágio supervisionado? A ABEPSS, no documento Política Nacional de Estágio, entende que o estágio supervisionado no curso de Serviço Social 
[...] apresenta como uma de suas premissas oportunizar ao (a) estudante o estabelecimento de relações mediatas entre os conhecimentos teórico-metodológicos e o trabalho profissional, a capacitação técnico-operativa e o desenvolvimento de competências necessárias ao exercício da profissão, bem como o reconhecimento do compromisso da ação profissional com as classes trabalhadoras, neste contexto político-econômico-cultural sob hegemonia do capital.
			
Em outras palavras, representa a oportunidade de o estudante estabelecer as relações entre os conteúdos aprendidos nas salas de aula e aqueles que são identificados na prática, além de desenvolver habilidades referentes ao fazer profissional e reafirmar o compromisso com as classes trabalhadoras.
A ABEPSS parte do princípio que o estágio é uma atividade essencial na formação do assistente social e, portanto, faz uma série de considerações e recomendações em relação a essa importante fase da formação profissional. Entre as considerações, vamos destacar alguns princípios que devem nortear a realização do estágio em Serviço Social. 
A indissociabilidade entre as dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa. Na aula passada vimos que elas devem andar juntas, caso contrário, iremos formar profissionais que sabem interpretar a realidade, mas não sabem como atuar nela, ou não conseguem se posicionar politicamente e vice-versa. 
A articulação entre estudantes, professores e assistentes sociais dos campos de estágio, através de uma constante comunicação, de um diálogo.
A indissociabilidade entre estágio e supervisão acadêmica e de campo, o que quer dizer que a supervisão deve ser uma ação conjunta entre os profissionais envolvidos e o estudante, visando um melhor acompanhamento do processo de aprendizagem deste último.
Com relação às condições em que deve ser realizado, destacamos:
Que a inserção do aluno deve se dar em um espaço socioinstitucional onde exista uma experiência de Serviço Social;
Que deve ter uma supervisão sistemática, ou seja, ser acompanhado pelo profissional de campo, devidamente inscrito em Conselho Regional de Serviço Social da região onde atua, e pelo professor supervisor; 
Que esse acompanhamento deve ser realizado através de reflexão e sistematização da experiência, a partir do plano de estágio elaborado em conjunto entre supervisor de campo, professor supervisor e aluno, observando a Lei de Regulamentação da Profissão - Lei 8662/93 – e o Código de Ética Profissional (1993);
Que não seja realizado antes que o aluno tenha cursado disciplinas que o capacitem a analisar a realidade social, reconhecendo as mais diversas expressões da questão social e tenha adquirido conhecimentos básicos de aspectos éticos, teóricos e metodológicos da profissão;
Que deve transcorrer no período letivo escolar;
Tenha uma carga horária mínima de 450 horas. 
As atividades no campo não devem ultrapassar 30 horas semanais e as de sala de aula devem contar com 3 aulas semanais. 
Merece ser destacada a exigência de que a unidade de ensino tenha um professor acompanhando todo esse processo em sala de aula. É exatamente esse o objetivo das nossas disciplinas Estágio Supervisionado I, II, III e IV.
Sabemos que existem instituições que assumem um número excessivo de estagiários e que não contam com profissionais em número suficiente para realizar a supervisão, o que empobrece a formação. 
E o que é mais grave, existem instituições que contratam estagiários para suprir a falta de profissionais na área, o que quer dizer que o estagiário acaba virando mão-de-obra, com seríssimos prejuízos para a formação, podendo atingir os nossos usuários. Nesses casos, os Conselhos Regionais, que são os responsáveis pela fiscalização do exercício profissional, devem ser comunicados. 
E, respeitando essas e outras considerações e recomendações, o estágio em Serviço Social da Estácio é iniciado no 5º período e possui uma carga horária de 450 horas. 
Agora que nós já conhecemos aspectos importantes da legislação que orienta o estágio em Serviço Social, passaremos a aprofundar algumas questões colocadas acima e fazer outras considerações sobre sua importância para a formação profissional. 
	E falando em formação profissional, engana-se quem pensa que ela se esgota no final do estágio, ou no término da graduação. Ao contrário, ela apenas se inicia nesse momento, uma vez que vai se aperfeiçoando no decorrer da nossa vida profissional. 
	Gosto muito de um pensamento de Oliveira (2004: 61) para quem:
A formação profissional do aluno de Serviço Social inicia-se no curso e vai sendo construída no decorrer do exercício de sua prática profissional enquanto assistente social, adquirindo maior solidez, conforme o profissional vai se identificando como membro efetivo da categoria, apropriando-se do seu compromisso social e do significado sócio-histórico da profissão.
	A mesma autora chama a nossa atenção para o fato de que o estágio supervisionado não pode ser confundido com uma mera aplicação de conhecimentos adquiridos em sala de aula, mas deve possibilitar ao aluno a oportunidade de estabelecer as relações entre os conteúdos de sala de aula e a realidade social. Em outras palavras, estabelecer a relação teoria-prática, que é um desafio para todo e qualquer profissional de Serviço Social, não somente para os estagiários.
	E essa relação só é estabelecida se conseguirmos fazer uma “[...] análise de conjuntura, centrada na questão social.” (OLIVEIRA, 2004:66). Aliás, análise de conjuntura é um dos aspectos que será abordado na próxima aula. 
	Mencionamos anteriormente que a supervisão em Serviço Social é realizada pelo profissional da instituição onde o aluno realiza o estágio, denominado de supervisor de campo, e pelo professor, denominado supervisor acadêmico. 
	E o que cabe a cada um? Vamos ver. O supervisor de campo é o responsável pelo acompanhamento do estágio na instituição onde o mesmo se realiza. É o canal entre a entre a prática profissional e a academia, que entra com seu saber a respeito da realidade social, da instituição, da cultura institucional, suas rotinas etc. Esta ação requer o desempenho de papeis, que Buriolla citada por Oliveira (2004:70) destaca: “o de educador, o de transmissor de conhecimentos-experiências e de informações, o de facilitador, o de autoridade e o de avaliador.”
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	Paradinha estratégica: Vamos fazer aqui algumas considerações sobre esse profissional. Como já foi mencionado anteriormente, para ser supervisor de campo, o profissional deve estar devidamente inscrito no Conselho Regional de Serviço Social onde se dá a sua atuação. E, conforme a Lei 8662/93 – Lei de Regulamentação da Profissão – a supervisão é uma atribuição privativa do assistente social. Será que vocês pesquisaram o significado da palavra “privativa”? Significa que apenas o assistente social pode executá-la. 
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O supervisor-acadêmico, por sua vez, é quem faz o acompanhamento metodológico do processo, buscando facilitar a reflexão entre os conteúdos trabalhados na academia e os quesurgem na prática. 
Notem bem, essas ações entre os supervisores devem se complementar visando exclusivamente contribuir para a realização de um estágio que efetivamente prepare o aluno para o exercício profissional. Ou seja, é importante que não haja uma divisão entre o “fazer” e o “pensar”. Até por que ambas têm uma dimensão pedagógica.
Prestem atenção na citação a seguir:
E se a supervisão pode ser entendida como uma atividade didático-pedagógica possibilitadora da apreensão e assimilação do ensino da prática, ela se constitui basicamente numa atividade docente. O que não significa dizer que seja uma atribuição da única e exclusiva competência do professor, mas partilhada com o profissional do campo na medida das suas possibilidades e limitações e numa relação de complementariedade. (SILVA apud OLIVEIRA, 2004; 71). 
Mas, afinal, o que cabe ao aluno? Neste momento, vamos relacionar, na íntegra, as atribuições dos estagiários definidas pela ABEPSS e extraídas da Política Nacional de Estágio:
“1 Observar e zelar pelo cumprimento dos preceitos ético-legais da profissão e as normas da instituição campo de estágio;
2 Informar ao supervisor acadêmico, ao supervisor de campo e/ou ao coordenador de estágios, conforme o caso, qualquer atitude individual, exigência ou atividade desenvolvida no estágio, que infrinja os princípios e preceitos da profissão, alicerçados no projeto ético-político, no projeto pedagógico do curso e/ ou nas normas institucionais do campo de estágio;
3 Apresentar sugestões, proposições e pedido de recursos que venham a contribuir para a qualidade de sua formação profissional ou, especificamente, o melhor desenvolvimento de suas atividades;
4 Agir com competência técnica e política nas atividades desenvolvidas no processo de realização do estágio supervisionado, requisitando apoio aos supervisores, de campo e acadêmico, frente a um processo decisório ou atuação que transcenda suas possibilidades;
5 Comunicar e justificar com antecedência ao supervisor acadêmico, ao supervisor de campo e/ou ao coordenador de estágios, conforme o caso, quaisquer alterações, relativas a sua freqüência, entrega de trabalhos ou atividades previstas;
6 Apresentar ao coordenador de estágio, no início do período, atestado de vacinação, no caso de realizar seu estágio em estabelecimento de saúde;
7 Realizar seu processo de estágio supervisionado em consonância com o projeto ético-político profissional;
8 Reconhecer a disciplina de Estágio Curricular em Serviço Social como processo e elemento constitutivo da formação profissional, cujas estratégias de intervenção constituam-se na promoção do acesso aos direitos pelos usuários;
9 Participar efetivamente das supervisões acadêmicas e de campo, tanto
individuais como grupais, realizando o conjunto de exigências pertinentes à referida atividade;
10 Comprometer-se com os estudos realizados nos grupos de supervisão de estágio, com a participação nas atividades concernentes e com a documentação solicitada.”
E voltando ao papel do supervisor de campo, Marta Buriolla (1996), num interessante trabalho sobre a supervisão em Serviço Social, concluiu que dadas as “exigências e as responsabilidades” do assistente social que se propõe a ser supervisor, não é qualquer profissional que pode exercer tal tarefa. 
Para a autora, a atividade de supervisão exige um profissional com conhecimentos especializados e experiência nas dimensões: ético-política, teórico-metodológica e técnico-operativa; deve ter habilidade e facilidade de estabelecer relacionamento profissional com pessoas diferentes; deve dispor de condições mínimas de trabalho para supervisionar (espaço, livros, papel etc), só para citar algumas. 
E acrescento, tem que gostar, se identificar com a ação supervisora, ou seja, não pode ser uma imposição da instituição.
É claro que nem sempre as condições são as ideais, pois vamos encontrar, na maioria das vezes, o profissional atarefado, tendo que dar contas de inúmeras tarefas, sendo que o ato de supervisionar exige dedicação e tempo. 
	Entre os aspectos objetivos para uma supervisão, destacamos, com base em Buriolla (1996): 
	- Deve existir um espaço para que supervisor e o estudante possam sentar e refletir sobre o processo de aprendizagem;
	- É importante que seja reservado um tempo para a supervisão e que isto faça parte do plano de estágio. Tal planejamento evitará a chamada “supervisão de corredor” em que os profissionais acabam respondendo às dúvidas pontuais dos estagiários em meio a tantas outras atividades, sem que haja possibilidade de uma reflexão sobre a prática.
	- Supõe ainda a existência de materiais básicos, como canetas, lápis, papel, xerox, livros, computador (por que não?), que são fundamentais para o registro das atividades desenvolvidas e das reflexões resultantes da supervisão. 
	Dentre os aspectos subjetivos, destacamos que a relação entre supervisor e estagiário é uma relação pedagógica, de reflexão, construção e organização de conhecimentos e não de treinamento. Como tal é extremamente importante que exista um clima de confiança e incentivo. É papel do supervisor criar esse clima facilitador de aprendizagem, em que se objetive o estímulo das potencialidades e a redução das dificuldades, preservando o potencial criativo do estagiário. Uma relação que pressupõe um diálogo e onde as tarefas são discutidas e proporcionem a construção da identidade profissional do aluno. 
	Muitas vezes, o profissional está tão atarefado que dirige o processo sem se dar conta que está anulando a iniciativa do aluno estagiário. Em outros casos, sem tempo para planejar uma atuação de estágio compatível com a formação profissional, distribui tarefas que nem sempre colaboram para a construção dessa identidade. Não é raro ouvir os alunos comentando que têm muitas tarefas, fazem muitas coisas, mas que nem sempre elas contribuem para a sua aprendizagem. Uma vez um aluno me contou que era sua atribuição passar todos os telegramas de convocação de usuários que deveriam voltar à instituição para um determinado tratamento! Então, fiquem atentos.
	Tudo bem, o estágio é um momento privilegiado no processo de aprendizagem, sim, mas não pode ser considerado “o remédio para todos os males”. Existe uma tendência dos alunos de supervalorizar essa fase do processo. Tenho ouvido comentários como: Até que enfim vou por em prática tudo o que aprendi nas aulas. Como se a atuação e os conhecimentos teóricos não fossem aspectos de um mesmo processo, o que equivale a negar o seu movimento dialético. 
	Por fim, muitas vezes os alunos me perguntam se é fundamental se identificar com a área de atuação. Respondo que é sempre bom atuar numa área com a qual nos identificamos, mais prazeroso, mas não é fundamental. Fundamental é que seja um estágio avaliado pela instituição de ensino, que possibilite a vocês a oportunidade de ir se aproximando pouco a pouco da profissão, testando seus limites, possibilidades. E por que não, saboreando-a?
	Vou terminar esta aula com uma citação que expressa bem o que acabei de mencionar.
O estágio devidamente supervisionado conduz o aluno a aproximações sucessivas com a prática profissional e com a rede de interlocuções subjacentes à sua efetivação, auxiliando-o a apropriar-se do significado social da profissão e da construção de sua identidade profissional, individual e coletivamente, fundamental para a formação profissional. (PINTO apud OLIVEIRA, 76)
REFERÊNCIAS
ABPESS. Política Nacional de Estágio. 2010. Disponível em: <http://www.cfess.org.br/arquivos/pneabepss_maio2010_corrigida.pdf > Acesso em: 15 jul 2011. 
BURIOLLA, Marta A.F. Supervisão em Serviço Social. O supervisor, sua relação e seus papeis. SP: Cortez, 1996.
Marisy da Silva 
5ª Aula – Estratégias de ação profissional
Objetivos desta aula
Nesta aula iremos estudar os termos e as condições para a construção da estratégia de ação profissional, considerando o contexto institucional que viabiliza e condiciona a prática do Serviço Social. Vamosestabelecer a relação da estratégia de ação com os três níveis de competência exigidos do assistente social. 
Introdução
Introduzir a discussão sobre estratégias de ação profissional do Assistente Social nos obriga a retomar algumas considerações sobre análise institucional apresentadas na 2ª aula, já que é no âmbito das organizações institucionais, prestadoras de Serviços Sociais, sobretudo, que a prática do assistente social se viabiliza e se condiciona. 
Mais isso não é tudo. Para pensarmos as estratégias de ação de qualquer profissão, precisamos partir do entendimento do que seja esta profissão, do seu objeto de intervenção, dos seus objetivos, da sua natureza. E sabemos que esses elementos, representativos de uma profissão, não podem ser pensados, apreendidos, fora do contexto histórico, descolados do tempo e do espaço no qual se constituíram e se constituem permanentemente. 
Entretanto, não é objeto desta aula a análise histórica da trajetória do Serviço Social e das diferentes concepções sobre objeto e objetivos que foram se delineando nesse processo. Isto é tema de outras disciplinas. Vamos apenas retomar sucintamente algumas elaborações de autores consagrados no debate contemporâneo do Serviço Social, para que a discussão sobre estratégias de ação não fique reduzida ao terreno da mera atividade empiricista, imediatista e repetitiva, que muitas vezes caracteriza a prática dos assistentes sociais nos espaços institucionais. 
Nosso objetivo, ao estabelecer essa ponte entre teoria e prática, é o de ajudá-los a ingressar nos campos de estágio sabendo que o uso do instrumental apropriado pelo Serviço Social para a operacionalização da ação profissional não estão prescritos em manuais, não podem ser usados como “receita de bolo”. Ao contrário, estão inscritos na dimensão da práxis, ou seja, naquele momento e que reflexão e ação se articulam. 
Material didático
LIVRO: ENTREVISTAS 
Editora: Qualitymark, 1ª. edição
Autor: Egildo Francisco Filho 
CAP 2: Parte 1 – A entrevista. (36 páginas)
CAP 3: Parte 2 – Um estudo de caso para praticar.(4 páginas)
CAP 4: Parte 3 - Dinâmicas de Grupo aplicadas à seleção.(64 páginas) 
Aprenda mais
Sugiro que vocês leiam o artigo elaborado por Claudia Maria D. Cosac, intitulado Reflexões sobre a dimensão interventiva do Serviço Social, publicado pela Revista Serviço Social & Realidade Social, de Franca/SP, volume 11, número 1, páginas 167-186 e disponível no seguinte endereço eletrônico:
<http://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:CN-8le5XXTEJ:www.franca.unesp.br/ssrealidade/SSR_11N1_PARTE2.pdf+COSAC+Reflex%C3%B5es+sobre+a+dimens%C3%A3o+interventiva+do+Servi%C3%A7o+Social+Reista+Servi%C3%A7o+Social+e+Realidade+Social+Franca&hl=pt-BR&gl=br&pid=bl&srcid=ADGEESgt1ITMffRLI5f857HG2MRw0ap3UgVBWHbxvSS3dKWTdz7K-Y9fMS9z6BWqT5rGazr6HZVoNxnEh9RIDSnr5PTktS4RVdnJ0zyE6TKgAAlrnDGbyj26WrOCTyi8PGVpkGaToWiB&sig=AHIEtbTOy17X_imePU2pSWboYOrvk1BMmw>
Síntese da aula
Nesta aula você:
Compreendeu que a elaboração da estratégia de ação está condicionada e é gestada na dinâmica das práticas institucionais e da correlação de forças;
Compreendeu que a construção da estratégia de ação está intimamente ligada à relação teoria-prática, porque é dessa relação que se consegue compreender as dimensões da realidade sobre a qual o profissional vai intervir por meio da estratégia;
Compreendeu que a estratégia de ação, embora seja inerente à competência técnico-operativa, já que é um instrumento, só pode ser pensada a partir da articulação com as competências teórico-metodológica e ético-política;
Próxima aula
Na próxima aula iremos abordar a importância da observação como um importante instrumento de coleta de dados na atuação do assistente social, bem como os aspectos que devem orientar as visitas realizadas pelo assistente social. 
Atividade (para ser apresentada no final da aula)
Sugiro que vocês explorem o exemplo da experiência na Vara da Infância e Juventude do Rio, levantando dúvidas ou outras questões acerca das definições de objetivo, estratégia e técnica. 
Frequência
1 - Se a construção da estratégia de ação é uma competência técnico-operativa, por que é necessário recorrer às competências teórico- metodológica e ético-política?
( ) Porque, sendo um instrumento, é meio, portanto, está condicionada pelo objetivo a ser atingido, e este é formulado a partir da articulação das três competências.
( ) Porque as três competências são indispensáveis à formação do assistente social.
( ) Porque a prática em Serviço Social só ganha sentido na dimensão da práxis
( ) Todas as respostas acima.
2 – Por que a análise crítica da realidade importa no momento da construção da estratégia?
( ) Porque a estratégia deve servir a uma finalidade e a prática do Serviço Social pressupõe compromisso com a crítica.
( ) Porque a compreensão da realidade para além do que é visível é o que permite ao assistente social desenvolver uma prática que questione a ordem dominante.
( ) Porque a análise crítica permite ao assistente social se posicionar politicamente.
3 – Marque as alternativas que representam as manifestações da Questão Social:
( ) Desigualdade social, Pobreza e corrupção.
( ) Direitos sociais não efetivados, falência da saúde pública e cidadania negada.
( ) População de rua, drogas e miséria
( ) desnutrição, desemprego e instituição
AULA PROPRIAMENTE DITA:
Nós vimos na 2ª aula - que tratou de questões envolvidas na análise institucional - que a sociedade é um tecido de instituições que se interpenetram e se articulam entre si, com o objetivo de regular, controlar, criar, manter e reproduzir as relações sociais e as condições de convívio entre os sujeitos. É nessa medida que dizemos que a vida em sociedade está submetida a regras, a um ordenamento frequentemente denominado de Ordem Social, Ordem Dominante ou Ordem Societária. 
Mas, afinal, que “ordem” é esta que esse conjunto articulado de instituições se propõe a manter e reproduzir. Para compreendê-la em sua essência, é preciso ultrapassar a aparência das coisas, daquilo que está visível. É preciso buscar, lá nos fundamentos dessa sociedade, o que está invisível, o que não é dito, o que é mascarado pelas ideologias, pelo discurso dominante. E só através da análise crítica é possível desnaturalizar aquilo que, pela simples razão de estar instituído, aparece como natural, como autêntico, imutável. Só a crítica permite desnaturalizar a desigualdade social, a pobreza, a dramática situação da saúde, da educação e dos serviços públicos em geral, a conversão dos Direitos Sociais em mercadoria cara, para poucos. Além dos rebatimentos de tudo isso na vida das pessoas, das famílias, enfim, de maioria da população excluída do sistema de cidadania, e que só tem acesso a ele, mesmo assim limitado, como “clientela” dos Serviços Sociais. A esses rebatimentos damos o nome de manifestações da Questão Social. E é sobre eles que o assistente social é chamado a intervir; é seu objeto de intervenção. 
Os Serviços Sociais, apresentados como benesses, como concessões do Estado Provedor, são o suporte material da atuação profissional do assistente social. E as entidades (instituições) são a base organizacional que condiciona e viabiliza esta atuação.
Vamos relembrar o que Marilda Iamamoto comenta sobre isso, no livro Renovação e Conservadorismo no serviço Social – Ensaios Críticos:
“O Assistente Social realiza sua ação a partir das manifestações imediatas das relações sociais no cotidiano da vida dos indivíduos. É no cotidiano que se dá a reprodução das relações sociais”. (IAMAMOTO, 1994, p. 102) 
“Do ponto de vista da demanda, o Assistente Social é chamado a constituir-se em agente intelectual que estabelece a relação entre instituição e população, entre solicitação de serviços e prestação dos mesmos. Portanto, dispõe de poder atribuído institucionalmente de incluir e excluir os que têm ou não direito a participar dos programas propostos, dada a incapacidade da rede de equipamentos sociais em atender a demanda”. (IAMAMOTO, 1994,

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