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Lídia Negrão p. 1 Trombocitopenias OBJETIVOS: 1. Caracterizar as trombocitopenias (PTI, PTT e SHU) • Causas • Fisiopatologia • Quadro • Diagnóstico • Tratamento TROMBOCITOPENIAS; É definida pela contagem de plaquetas abaixo de 150.000/ul em qualquer faixa etária. - Pode haver uma pseutrombocitopenia, por aglutinação ou agregação plaquetária, interferindo na contagem de plaquetas. à Manifestações hemorrágicas comuns; • Petéquias • Equimoses • Sangramento de mucosas à No exame físico podemos encontrar: • Sufusões hemorrágicas • Adenomegalia • Esplenomegalia • Lesões cutâneas e articulares à Mecanismos da trombocitopenia - Quando se tem uma diminuição da produção: • Hipoprodução – causas medulares ou centrais • Doenças da célula tronco hematopoiética: - aplasia e mielodisplasia; infiltração por neoplasias; leucemias, linfomas e mielomas; metástase de outros sítios. • Carenciais: diminuição de Vit. B12 ou folato • Infecções: tuberculose e calazar - Por alteração na distribuição: • Hiperesplenismo • Transfusão maciça - Por aumento da destruição/alteração do consumo de plaquetas: • Coagulação intravascular disseminada • Púrpura trombocitopênica • Trombocitopenia gestacional • Colagenoses • Síndrome hemoliticourêmica • Hepatites B e C • Infecção por HIV, CMV e varicela zoster • Linfomas e leucemia linfocítica crônica • Sepse - Induzida por drogas: • Púrpura induzida por fármacos • Trombocitopenia induzida por heparina PTI; à As plaquetas são destruídas ainda prematuras, devido a existência dos autoanticorpos que se ligam à superfície das próprias membranas. • As plaquetas são opsonizadas (fagocitadas) por autoanticorpos IgG são reconhecidas e destruídas pelos macrófagos do baço e, menos frequentemente do fígado. As causas mais comuns: à Clump plaquetário e aglutinação plaquetária (pseutrombocitopenia) à PTI idiopática, lúpus, hiv, dengue.. (imune) à Anemia megaloblástica (trombopoiese ineficaz) Lídia Negrão p. 2 à Esplenomegalia (distribuição anormal) Quando ocorre pela formação de autoanticorpos, é PTI secundária. Na PTI idiopática nenhuma doença é identificada. à Os alvos dos autoanticorpos parecem ser as glicoproteínas da membrana plaquetária (GP Ia, GPIIb/IIIa). Na presença desses autoanticorpos, a vida media da plaqueta passa de 7-10 dias para algumas horas, levando a uma expansão megacariocítica na medula óssea, na tentativa de compensação. Vão ser liberados na circulação megacariócitos imaturos e plaquetas imaturas (macroplaquetas). - Se dividem em duas formas; à PTI infantil (geralmente é aguda) à PTI adulta (geralmente crônica) A PTI AGUDA, dura menos que 6 meses. Em crianças pode ser resolvido de maneira espontânea em 70% dos casos. Tem pico de incidência entre 1-4 anos de idade. 30% das crianças afetadas, evoluem para o quadro crônico (duração >12m) • Em até 65% dos casos de PTI infantil a trombocitopenia ocorre 1- 4 semanas após uma infecção viral respiratória ou exantemática e, raramente, após vacinação. • Embora plaquetometrias inferiores a 20.000/mm3 sejam encontradas com frequência • Manifestações hemorrágicas graves não são comuns na PTI infantil (< 3% dos casos, sendo que em < 1% ocorre hemorragia no SNC) • A PTI deve ser diferenciada de outras causas de púrpura infantil, como a púrpura de Henoch-Schönlein (vasculite com plaquetometria normal) e as leucemias agudas (que cursa com anemia, leucocitose ou leucopenia, dor óssea e hepatoesplenomegalia). Já na PTI crônica, afeta mais as mulheres e a faixa etária de 20 a 30 anos. Tem inicio insidioso e histórico de sintomas hemorrágicos. • Não costumar anteceder infecções • Não costuma ter esplenomegalia • Tem um curso flutuante, com episódios de sangramento de dias, semanas de forma intermitente ou cíclica. à Manifestações gerais: - A gravidade da hemorragia se relaciona a contagem plaquetária - De 30 a 10.000 pode ter hemorragia de gravidade variável. - Abaixo de 10.000, pode apresentar hemorragia grave (cerebral). - As petéquias surgem por causa da estase vascular em áreas dependentes (tornozelo), ou região submetida a constrição (meias, cintos). - Equimoses na dorsal e nas coxas. - Hematomas não ocorrem, pois são comuns dos distúrbios da coagulação. - Sangramento gengival - Epistaxe, responsiva ao tamponamento (lesões parecidas com petéquias na mucosa nasal) - Menstruação excessiva (menometrorragia) - Sangramento do SNC, ocorre em 1% dos casos, hemorragia subaracnóide é a mais comum. A presença de bolhas hemorrágicas na mucosa oral ‘’púrpura úmida’’ ou hemorragia retiniana é prenuncio de hemorragia cerebral. à Diagnóstico da PTI: • Exclusão • Considerar em pacientes com trombocitopenia (inferior a 50.000) • Esfregaço periférico (encontrar, numero reduzido de plaquetas, ausência de esquizócitos, blastos ou qualquer outro achado. Lídia Negrão p. 3 • Ausência de causas secundárias de PTI (drogas, hiv, LLC..) é cogitado no paciente que apresenta plaquetopenia apenas. • Ao aspirado, espera-se uma medula óssea normal ou a existência de hiperplasia megacariocítica de leve a moderada (imaturos). • Plaquetas aumentadas de volume (MPV >12fl) e anisocitose plaquetária, com aumento do PDW (no hemograma as vezes existe anemia, em decorrência dos sangramentos) à Tratamento na criança: • Pacientes assintomáticos, ou sem sangramentos, podem ser manejados de forma conservadora (watchful waiting). Evitar prática de esportes de contado e o uso de medicamentos com ação antiplaquetária ou anticoagulante. • Com mais fatores de risco, instituir tratamento. 1. Plaquetas <10.000 c/sangramento cutâneo extenso 2. Plaquetas <20.000 com sangramento em mucosas Classes de primeira linha na PTI infantil: 1. Glicorticóides; 2. Imunoglobulina humana intravenosa (IVIG) 3. Imunoglobulina anti-D - Os Glicorticóides são feitos na dose imunossupressora (ex: prednisona 1-2 mg/kg/dia) por semana, seguido de desmame. - A IVIG é feita na dose de 0,8-1g/lg/dia) por 1-2 dias. - A imunoglobulina anti-D é feita em dose única de 50-75mcg/kg - A transfusão só é indicada se houver hemorragia grave, os autoanticorpos antiplaquetas, também atacam as plaquetas transfundidas, levando a destruição e incapaz de elevar a plaquetometria. (algumas plaquetas seriam aproveitadas p/ formar o tampão hemostático) à tratamento no adulto: • Indivíduos assintomáticos, com plaquetometria > 30.000/ml, podem ser apenas monitorados sem necessidade de tratamento. • Diante de plaquetometria < 30.000/ml o tratamento deve ser instituído mesmo na ausência de sintomas, pelo risco de sangramentos. • Na presença de sintomas hemorrágicos e plaquetometria > 30.000/ml o tratamento costuma ser instituído. • A primeira linha terapêutica são os glicocorticoides em monoterapia. Os dois esquemas mais usados são: 1. prednisona 1 mg/kg/dia (principal); 2. dexametasona 40 mg/dia por quatro dias, repetindo a cada 14-28 dias de acordo com a necessidade. à Caso persista ou recidiva pós-desmame: • Esplenectomia • Rituximab • IVIG +/- (elevação rápidas e transitórias da plaquetometria) • Agonistas do receptor de trombopoeitina PTT: à Microangiopatias trombóticas difusas É caracterizada pela oclusão trombótica disseminada da microcirculação, levando à síndrome de anemia hemolítica microangiopática (com esquizócitos na periferia) trombocitopenia, sintomas neurológicos, febre e insuficiência renal. Mais comum em mulheres e acomete a faixa de 30 a 40 anos de idade. Ø PTT - injúria endotelial. Sob estímulos ainda desconhecidos (possivelmente imunocomplexos, anticorpos Lídia Negrão p. 4 antiendotélio, infecção viral, toxinas), as células do endotélio liberam substâncias que ativam plaquetas, especialmente os multímetros do fvw de maior tamanho. Eles induzem a aglutinação plaquetária,principalmente na presença de fatores patológicos pró-agregantes, como a calpaína e o PAF p37. Um quadro semelhante à PTT pode ser encontrado em associação com carcinomas disseminados, colagenoses (LES), gestação e infecção pelo HIV. Ø Outro importante mecanismo patogênico foi identificado em um subgrupo de portadores da PTT. Trata-se da deficiência adquirida de ADAMST-13, uma metaloproteinase endógena responsável pela clivagem dos multímetros de alto peso molecular do fvw. Ø Alguns pacientes, por razões desconhecidas, desenvolvem anticorpos da classe IgG contra a ADAMST-13, o que resulta em inativação e consequente acúmulo dos multímetros de maior tamanho do fvw (levando a uma maior agregação das plaquetas ao endotélio da microvasculatura). à Os microtrombos formam-se nas arteríolas terminais e na rede capilar, sendo constituídos na sua maior parte por plaquetas e fvw, com pequena quantidade de fibrina. Os clássicos Depósitos Hialinos Subendoteliais resultam da incorporação do trombo plaquetário à parede vascular. Os microtrombos são responsáveis por: • Isquemia de múltiplos órgãos; • consumo de plaquetas; 1. Isquemia de múltiplos órgãos 2. Consumo de plaquetas 3. Lise de hemácias com a formação dos esquizócitos (fragmentos de hemácia) à Manifestações clínicas gerais: - PÊNTADE: - Anemia hemolítica - Trombocitopenia - Sintomas neurológicos - Febre - Insuficiência Os primeiros sintomas são mal-estar e fraqueza, seguidos por quadro neurológico variável: cefaleia, paralisia de pares cranianos, hemiparesia, crise convulsiva.. - é comum encontrar púrpura e mucosas descoradas e ligeiramente ictéricas. - a insuficiência renal grave, a ponto de causar sintomas urêmicos. à Laboratório: Encontramos alterado: anemia, leucocitose neutrofílica moderada, trombocitopenia <50.000 Critérios de hemólise presente: • Reticulocitose acentuada • Policromatofilia • Aumento do LDH • Elevação da bilirrubina indireta É comum encontrarmos hemoglobinúria - No sangue periférico achamos o esquizócitos (fragmento de hemácia). As provas de coagulação tem características normais (TP, PTTa), pode-se encontrar um leve aumento de PDF No EAS, encontramos proteinúria e hematúria. Na TC de crânio pequenas imagens de hipodensidade. O diagnóstico da PTT é clínico e confirmado com biópsia (pele, gengiva, medula óssea). à Tratamento: Plasmaférese. O mecanismo terapêutico da plasmaférese provavelmente reflete a retirada dos multímetros do fvw de alto peso, dos fatores pró-agregantes e Lídia Negrão p. 5 de imunocomplexos circulantes (diminuindo ate os sintomas neurológicos.) A plasmaférese deve ser realizada retirando diariamente todo o plasma do paciente (40 ml/ kg), trocando por unidades de plasma fresco congelado. As trocas devem continuar até a completa estabilização do paciente e normalização dos exames laboratoriais. O período médio é de dez dias. Muitos médicos também administram corticosteroides em doses imunossupressoras (ex.: prednisona 2 mg/kg/dia) em conjunto com a plasmaférese, cujo objetivo é reduzir a formação de anticorpos patogênicos, como o anti-ADAMST 13. Tão logo o paciente responda devemos reduzir a dose de corticoterapia! à não é indicado transfusão plaquetária (piora a função neurológica e renal) Rituximab na ptt recorrente. SHU: É a causa mais comum de ira intrínseca em crianças com menos de 4 anos. O quadro se inicia geralmente 3 dias após um episodio de gastroenterite invasiva, com diarreia sanguinolenta. A shu assim como a PTT também é uma microangiopatia trombótica disseminada com anemia hemolítica microangiopática, logo vai apresentar sintomas e achados similares a ptt. A shu típica é associada a febre, disenteria e infecção pela escherichia coli produtora de verotoxina – lesão renal vascular provocada pela toxina (lesão glomerular) A resposta é a hiperativação plaquetária e do sistema de coagulação local. O multímero de alto peso do fator de von Willerbrand está aumentado e tem um efeito ativador de plaquetas. A consequência principal é o acúmulo de plaquetas e fibrina no interior das alças capilares glomerulares, obstruindo o fluxo glomerular. Pode ocorrer por causa medicamentosa em especial: quinidina, ciclosporina, interferon, quimioterápicos e ticlopidina. - a maioria dos casos tem plaquetopenia, não tão baixa quanto na PTT, sintomas neurológicos não são tão comuns. Em compensação os microtrombos em microcirculação renal são comuns evoluindo a ira. O diagnostico é suspeitado pela tríade clássica da shu: 1. Ira oligúrica 2. Trombocitopenia 3. Anemia hemolítica microangiopática A hemólise é comprovada pelo aumento dos reticulócitos e a microangiopatia é confirmada pelo esfregaço de sangue periférico, que vai revelar hemácias em capacete, esquizócitos. Também vai ter aumento das escorias nitrogenadas, acidose metabólica, Hipercalemia... à Tratamento • Hemodiálise ou diálise peritoneal • Baixas doses de heparina Lídia Negrão p. 6 Lídia Negrão p. 7 Lídia Negrão p. 8 Lídia Negrão p. 9
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