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1 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 1 Hematologia Leucemias Crônicas 1. Introdução ▪ Diferente da leucemia aguda, na leucemia crônica ocorre o amadurecimento da célula maligna. ▪ O desenvolvimento do quadro leucêmico não é unifatorial. Pelo contrário, é um cenário que engloba diversos fatores, como carga genética, fatores epigenéticos, condições ambientais, entre outros. ▪ Subtipos – linfoide crônica e mieloide crônica. 2. Leucemia Mieloide Crônica (LMC) ▪ Doença clonal da célula tronco hematopoiética, levando à síntese do cromossomo Filadelfia (cromossomo Ph), cujo produto da tradução se encontra diretamente atrelado à maior taxa de maturação celular característica da LMC. ▪ Presente em 15 a 20% das leucemias do adulto. ▪ Genética Molecular – Translocação de parte do cromossomo 9 (ABL) com parte do cromossomo 22 (BCR), resultando no cromossomo Filadélfia – produz proteína com elevada função tirosina quinase. ▪ Fases – Momentos nos quais é realizado o diagnóstico. Crônica – (3 a 5 anos sem que o paciente apresente sintomas); (7 anos de sobrevida sem nenhuma terapia). Acelerada – (12 a 18 meses de sobrevida sem o transplante); (Morte decorrente da transformação blástica). Blástica – Geralmente, é fatal. (3 a 8 meses – sobrevida global). ▪ O mais comum é o diagnostico na fase crônica. ▪ Quadro clinico (Fase crônica) – Fadiga, perda de peso, sudorese, febre baixa; infarto esplênico; hepatomegalia; esplenomegalia (desconforto abdominal, plenitude pós prandial); hiper viscosidade (quanto maior a leucocitose, maior as chances de ocorrer. Zumbido e alterações visuais). ▪ Laboratório (Fase crônica) – Leucocitose (pode passar de 50.000); granulócitos em todas as fases de maturação com predomínio de mielócitos e das formas maduras; basofilia; eosinofilia; anemia normocítica e normocrômica; plaquetas normais ou aumentadas. Mielograma – hiperplasia de granulócitos; blastos < 10%; monocitose absoluta; hiperplasia megacariocítica. Biopsia da medula – avalia presença de fibrose. DHL e ácido úrico elevados. 2 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 2 ▪ Quadro clinico (Fase acelerada) – Pode ser assintomático; manifestações frequentes – febre, sudorese noturna, perda de peso e dores ósseas; aumento da esplenomegalia. ▪ Laboratório (Fase acelerada) – Aumento da basofilia e do número de células blásticas; trombocitose ou trombocitopenia; mielofibrose; evolução clonal citogenética. ▪ Quadro Clinico (Fase blástica) – Febre, sudorese noturna, perda ponderal; dores osseas; aumento da esplenomegalia; infiltração extra medular. Nessa fase, é difícil a distinção clinica entre LMC e LMA. ▪ Laboratório (Fase blástica) – Blastos >= 20% na MO ou no sangue periférico (linhagem mieloide ou linfoide) 3. Diagnóstico ▪ Hemograma – Leucocitose com desvio a esquerda e basofilia. ▪ Mielograma e Biopsia de MO – Hipercelularidade com predomínio de granulócitos e avaliação da presença de fibrose, respectivamente. ▪ Identificação do cromossomo Filadélfia ou do gene BCR-ABL – Citogenética; FISH; pesquisa molecular dos transcritos proteicos. 4. Tratamento ▪ Terapia alvo – objetiva, principalmente, a diminuição significativa dos transcritos anormais, melhorando a sobrevida do paciente. ▪ Fase crônica – Inibidores da tirosinaquinase (Imatinib é o tratamento de escolha; Dasatinib e Nilotinib são uteis quando não há resposta com o Imatinib); Hidroxiureia – controle da contagem de leucócitos; transplante de células tronco – pacientes sem resposta ao Imatinib e com indicação para transplante. ▪ Fase acelerada – Inibidor de tirosinaquinase; transplante para os pacientes não responsivos. Requer celeridade no tratamento, para que o paciente retorne à fase anterior da doença. ▪ Fase blástica – O objetivo é que o paciente retorne à fase crônica. Linfoide – usar LLA + inibidor da tirosinaquinase; Mieloide – tratar com LMA + inibidor da tirosinaquinase; encaminhar para transplante. 5. Leucemia Linfocítica Crônica (LLC) ▪ Leucemia mais comum nos adultos. Com predomínio no sexo masculino. ▪ Esfregaço – Linfócitos monomórficos com manchas (restos celulares). Importante saber, pois é a descrição que vem junto ao hemograma. 3 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 3 ▪ Patogênese – Alguns fatores genéticos, quando presentes, podem agravar o quadro da LLC. São eles: Deleção 13q (mais comum e de curso benigno); trissomia do 12 (curso indeterminado); deleção 11q (mau prognostico); deleção 17p (pior prognostico). ▪ Manifestações Clínicas – maioria dos pacientes é assintomática ao diagnostico; linfonodomegalia generalizada, perda de peso, astenia; hepatoesplenomegalia; infiltração de outros órgãos – pele, tonsilas e meninges; síndrome de Richter; evolução para leucemia prolinfocítica (raro). ▪ Achados Laboratoriais – Linfocitose persistense (> 5000 por mais de 3 meses); anemia e trombocitopenia; infiltração de linfócitos na MO; citopenias autoimunes (AHAI e PTI); hipogamaglobulinemia; hipergamaglobulinemia monoclonal (aumento de um único tipo de gama globulina). ▪ Critérios Diagnósticos – linfócitos >= 5000/mm³ no sangue periférico; perfil imunofenotípico característico – restrição de cadeia leve clonal (kappa ou lambda); expressão de CD5; expressão de CD23; baixos níveis de CD20, de CD79b e expressão de imunoglobulina de superfície. ▪ Obs.: biopsia de medula óssea não é necessária para diagnóstico. ▪ Estadiamento de Binet – Estádio A: menos de 3 áreas linfoides envolvidas. Estadio B: 3 ou mais áreas linfoides envolvidas. Estádio C: anemia (Hb <10) ou plaquetopenia (<100.000). Independente do numero de sítios envolvidos. [Áreas linfoides: 1 – linfonodos cervicais; 2 – axilares; 3 – inguinais; 4 – fígado; 5 – baço.] ▪ Estadiamento de Rai – 0: linfocitose no sangue e na MO; 1: linfocitose + Linfadenomegalia; 2: linfocitose + esplenomegalia e/ou hepatomegalia; 3: linfocitose + anemia (Hb<11); 4: linfocitose + trombocitopenia (plaquetas < 100.000). ▪ Estadiamento de Rai Modificado – Baixo risco: linfocitose no SP e na MO; risco intermediário: linfocitose + Linfadenomegalia com ou sem hepatoesplenomegalia; alto risco: linfocitose + anemia e/ou trombocitopenia. 6. Tratamento ▪ Estadio precoce (Rai 0 ou Binet A) – monitoramento sem terapia até que haja progressão da doença. ▪ Estádio intermediário (Rai I e II, Binet B) – monitoramento até sinais e sintomas de atividade da doença. 4 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 4 ▪ Estadio Avançado (Rai III e IV, Binet C) – iniciar tratamento. ▪ Como definir doença em atividade – falência medular progressiva; doença bulky; esplenomegalia acentuada; citopenias autoimunes não controladas; rápido tempo de duplicação de linfócitos; presença de sintomas B – perda de peso > 10% em 6 meses; febre > 38°C por 2 semanas sem infecção ou sudorese noturna. ▪ Tratamento padrão (Fit/ go go) – Rituximab, fludarabina e ciclofosfamida. (FCR) ▪ Tratamento padrão (Unfit/ slow go) – Anti CD20 + agente alquilante (rituximab/obinutuzumab/ofatunumab + clorambucil). ▪ Pacientes de alto risco (Del 17p e/ou mutação TP53) – Ibrutinib, venetoclax, idelalisib. Considerar TCTH alogênico em primeira linha. ▪ Transplante de células tronco – doença refrataria primaria; recidiva precoce após tratamento; mutação/deleção do p53 requerendo tratamento.
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