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GRUPO DE ESTUDOS SOBRE FRATURA DE MATERIAIS DEMET/EM/UFOP LIGAÇÕES ATÔMICAS ESTRUTURA DE MATERIAIS Elementos, Substâncias e Misturas Apesar de conhecermos uma infinidade de materiais diferentes, os cientistas só conhecem até hoje pouco mais de uma centena de átomos quimicamente diferentes. Cada um desses tipos representa um elemento químico. Cada elemento químico recebe um nome e uma abreviação chamada símbolo. Os símbolos foram introduzidos na Química pelo cientista sueco J.J.Berzelius, em 1813, para facilitar a escrita e a comunicação entre os químicos. Fazendo uma comparação, podemos dizer que os símbolos são tão úteis para os químicos como as notas musicais para os músicos. Exemplo de símbolos químicos. Analogia. Evolução do número cumulativo de elementos químicos descobertos nos últimos dois milênios. O reconhecimento de que existem cerca de 90 elementos químicos (átomos) diferentes na natureza nos levam a uma pergunta muito importante: por que existe uma variedade tão grande de materiais na natureza? Porque esses átomos, além de permanecerem isolados, podem se reunir das mais variadas maneiras, formando uma infinidade de agrupamentos diferentes, que podem ser moléculas ou aglomerados de íons (grupos de átomos com carga elétrica). Cada molécula (e cada aglomerado iônico) passa então a representar uma substância pura (ou espécie quimica) bem definida. Cada substância, por sua vez, é representada por uma abreviação denominada fórmula. Substâncias simples são formadas por átomos de um mesmo elemento químico. É o que ocorre, por exemplo, nos casos do hidrogênio (H2), do oxigênio (O2) e do enxofre (S8), citados na tabela anterior. Sendo formada por átomos de um mesmo elemento químico, não é possível dividir uma substância simples em outras substâncias ainda mais simples. Há átomos que preferem permanecer isolados. Um exemplo é o átomo de hélio, que representa simultaneamente o elemento químico hélio e a substância simples hélio. Assim, um átomo de hélio representa uma molécula de hélio. Há átomos que podem se agrupar de maneiras diferentes, formando, pois, substâncias distintas. Por exemplo, dois átomos do elemento químico oxigênio formam uma molécula da substância simples oxigênio. No entanto, três átomos formam uma molécula da substância simples ozônio. Esse fenômeno é denominado alotropia, dizendo-se então que O2 e O3 são formas alotrópicas do elemento químico oxigênio (O). Chama-se atomicidade o número de átomos existentes em uma molécula de substância simples. Dessa definição decorre a seguinte classificação: • moléculas monoatômicas, quando têm um átomo (exemplo: He); • moléculas diatômicas, quando têm dois átomos (exemplo: O2); • moléculas triatômicas, quando têm três átomos (exemplo: O3); e assim por diante. Estruturas do diamante e da grafite, duas formas alotrópicas diferentes do elemento químico carbono. A alotropia decorre ou da atomicidade ou da “arrumação” dos átomos no espaço. Em 1985, os cientistas H.W.Kroto e R.E.Smalley descobriram uma nova forma alotrópica do carbono, formada por estruturas ocas, em forma de bola de futebol, com 60 vértices e 32 faces, sendo 20 hexágonos e 12 pentágonos regulares. Essa estrutura esférica recebeu a sigla C60 e o nome fulereno-60. Novos fulerenos foram depois descobertos, com 32, 44, 50, ... 540 e 960 átomos de carbono. Sendo assim, pode-se dizer que o carbono tem muitas formas alotrópicas. Ainda com respeito ao carbono, pesquisas recentes levaram à produção dos chamados nanotubos. A estrutura mais simples de um nanotubo pode ser imaginada como resultado da própria estrutura da grafite (que é plana) “enrolada” de modo a formar um tubo extremamente pequeno. Os cientistas já estão imaginando várias aplicações para os nanotubos – desde fibras de alta resistência mecânica até como substitutos dos atuais chips de silício usados em computadores. Alotropia do fósforo: fósforo branco e fósforo vermelho. Moléculas distintas do fósforo. Moléculas distintas do enxofre. Preparação das duas formas alotrópicas do enxofre. Substâncias compostas (ou compostos químicos) são formadas por átomos (ou íons) de elementos químicos diferentes. É o que ocorre, por exemplo, nos casos do gás carbônico (CO2), álcool comum (CH3-CH2OH) e do sal comum (NaCl), citados na tabela anterior. Sendo formada por átomos (ou íons) de elementos químicos diferentes, é lógico que uma substância composta pode ser dividida em substâncias mais simples. Substância pura é qualquer substância, simples ou composta, formada por átomos, moléculas ou aglomerados iônicos, todos iguais entre si. Uma substância pura, por comodidade, é chamada simplesmente de substância, e sempre tem: a) Propriedades características e bem definidas (incluindo-se aqui as chamadas constantes físicas da substância), como, por exemplo, em condições ambientes: •A água é sempre um líquido incolor e inodoro, não-inflamável, ponto de fusão 0oC, ponto de ebulição 100oC ao nível do mar, etc.; •O álcool comum é sempre um líquido incolor, de cheiro característico, inflamável, ponto de fusão -117oC, ponto de ebulição 78,5oC ao nível do mar, etc. b) Composição química constante: •Quando é simples, a substância é formada por um único elemento químico; •Quando é composta, a substância é sempre formada pelos mesmos elementos, ligados na mesma proporção em massa, como decorre da lei de Proust. Assim, por exemplo, o gás carbônico é sempre formado por carbono e oxigênio, na proporção constante de 3g de carbono para 8g de oxigênio. As substâncias podem se apresentar misturadas de uma infinidade de maneiras diferentes, complicando ainda mais o estudo e a compreensão dos materiais que vemos todos os dias. Os exemplos ao lado ilustram essa situação. Também é muito importante notar que as misturas, em geral, não têm composição constante, e não têm constantes físicas definidas, ao contrário das substâncias puras. De fato, podemos juntar mais ou menos açúcar (até certo limite) à mesma quantidade de água – teremos água mais ou menos açucarada – mas que será sempre definida como mistura de água e açúcar. Essa mistura, por exemplo, não ferverá a 100oC ao nível do mar, como acontece com a água pura. Matéria Homogênea Substâncias puras ou espécies químicas Substâncias simples Elementos químicos Substâncias compostas Misturas homogêneas ou soluçõesHeterogênea (mistura heterogênea) Estrutura da Matéria. Analogia. Com as letras do alfabeto formamos as palavras. Juntando as palavras, formamos um grande número de frases, parágrafos e livros inteiros. Com os átomos dos elementos químicos formamos as moléculas (ou os aglomerados iônicos), que representam as substâncias ou compostos químicos. Juntando as moléculas (ou os aglomerados iônicos) de substâncias diferentes, formamos as misturas. Unidade de massa atômica (u): Exemplo: quando pesamos um pacote de açúcar e dizemos que ele pesa 5kg, estamos comparando a massa do pacote com certa massa-padrão, que é o quilograma. Qual seria, então, a unidade conveniente para pesar átomos e moléculas? Massa Atômica e Massa Molecular Escolha de um padrão Uso de uma unidade Pesar ou medir alguma coisa Os átomos e moléculas são partículas tão pequenas, que as unidades usuais não seriam convenientes. Surgiu então entre os químicos a idéia de usar um certo átomo como padrão de pesagem dos demais átomos e moléculas. Atualmente, o padrão escolhido é o átomo do isótopo de carbono de número de massa igual a 12 (é o átomo que possui 6 prótons e 6 nêutrons em seu núcleo). A esse átomo foi atribuída arbitrariamente a massa 12 (para coincidir com seu número de massa); então, desse átomo separou- se uma fatia correspondente a 1/12, que é usada como unidade internacional para medida das massas atômicas e moleculares. Assim, resulta a definição: unidade de massa atômica (u) é igual a 1/12 da massa de umátomo de isótopo de carbono-12. Hoje é possível determinar experimentalmente que a unidade de massa atômica vale aproximadamente 1,66 x 10-24g. Massa atômica: Massa atômica é a massa do átomo medida em unidades de massa atômicas (u). Ela indica quantas vezes o átomo considerado é mais pesado que 1/12 do isótopo C-12. Massa atômica número de massa. Determinação das massas atômicas: a) Espectrômetro de massas; b) Regra de Dulong-Petit: (massa atômica) x (calor específico) = 6,4 Exemplo: átomo de flúor = 19u Massa molecular: Massa molecular é a massa da molécula medida em unidades de massa atômicas (u). Ela indica quantas vezes a molécula considerado é mais pesado que 1/12 do isótopo C-12. Cálculo prático da massa molecular: considera-se que a molécula é uma soma de átomos, somando-se então as massas atômicas dos átomos formadores da molécula considerada. Exemplo: molécula de CO2 = 44u Conceito de mol: No cotidiano, várias mercadorias são vendidas “em conjunto”, ou “por atacado”. Normalmente, não se compra um ovo, mas sim uma dúzia de ovos; não se compra uma folha de papel, mas sim uma resma de papel; não se compra um tijolo, mas sim um milheiro de tijolos; e assim por diante. Na Química, ocorre algo semelhante. O átomo é tão pequeno que é impossível trabalhar, pesar, etc. um único átomo. Mesmo uma dúzia, uma resma, um milheiro de átomos são quantidades extremamente pequenas. Os químicos procuraram então uma quantidade de átomos que pudesse ser pesada em balanças comuns. A escolha mais lógica foi considerar uma quantidade de átomos que, pesada, fornecesse em gramas, o mesmo número já estabelecido como massa atômica. Veja, por exemplo, o caso do ferro: Pois bem, a esse conjunto de N partículas foi dado o nome de mol. Por definição, mol é a quantidade de matéria de um sistema que contém tantas entidades elementares quantos átomos existirem em 12g de carbono-12. A palavra mol, introduzida na Química por W.Ostwald (1896), vem do latim mole, que significa “monte”, “amontoado” ou “quantidade”. Observemos também que foi da palavra mole que se originou molécula, significando “pequena quantidade”. Mas, afinal, quanto vale esse número N que utilizamos para chegar ao conceito de mol? A partir de técnicas de eletrólise, emissões radioativas ou raios-X, sabemos que seu valor vale aproximadamente 6,02 x 1023 partículas/mol. A esse valor foi dado o nome de constante de Avogadro, em homenagem ao químico italiano Amedeo Avogadro. Enfim, mol deve ser entendido como quantidade de matéria ligada a um número de partículas – uma noção tão simples quanto dúzia, resma, milheiro. 1 mol de moléculas contém 6,02 x 1023 moléculas. 1 mol de átomos contém 6,02 x 1023 átomos. 1 mol de íons contém 6,02 x 1023 íons. 1 mol de elétrons contém 6,02 x 1023 elétrons. Massa molar: Massa molar (M) é a massa, em gramas, de um mol da substância (ou elemento, ou íon, etc.). Exemplos: Substância Massa atômica/molecular Massa molar Ca 40u 40g/mol CO2 44u 44g/mol Na+ 23u 23g/mol A Classificação Periódica dos Elementos Contribuições importantes: J.W.Dőbereiner (1817): agrupamentos de alguns elementos em tríades – grupos de três elementos com propriedades semelhantes. A.B. de Chancourtois (1862): agrupamento dos elementos químicos sobre um parafuso, na ordem de suas massas – parafuso telúrico. J.A.R.Newlands (1864): ordenamento dos elementos químicos de acordo com sua massa atômica, verificando que as propriedades se repetiam a cada oito elementos (excluindo o hidrogênio) – lei das oitavas. J.L.Meyer (propriedades físicas) e D.I.Mendeleyev (propriedades químicas) (1869): tabelas semelhantes para a classificação dos elementos químicos – tabela periódica. Os elementos (cerca de 60 na época de Mendeleyev) foram colocados em 12 linhas horizontais, em ordem crescente de massas atômicas, tomando-se o cuidado de colocar na mesma vertical os elementos de propriedades químicas semelhantes. A classificação moderna apresenta os elementos químicos dispostos em ordem crescente de número atômico. As sete linhas horizontais que aparecem na tabela são denominadas períodos. As dezoito linhas verticais que aparecem na tabela são denominadas colunas, grupos ou famílias de elementos. Configurações eletrônicas dos elementos ao longo da classificação periódica. Tendências na Tabela Periódica Propriedades periódicas: são propriedades que variam periodicamente ao longo da Tabela Periódica. Exemplos: raio atômico, volume atômico, densidade absoluta, temperatura de fusão e de ebulição, eletromegatividade, etc. Propriedades aperiódicas: são propriedades que só aumentam ou só diminuem com o número atômico. Exemplos: número de massa, calor específico, etc. Raio atômico: propriedade periódica. Eletronegatividade: propriedade periódica. Número de massa: propriedade aperiódica. Tendência para o raio atômico (metade da distância internuclear mínima que dois átomos do elemento podem apresentar. Tendência para o volume atômico (volume ocupado por 1 mol - 6,02 x 1023 átomos – do elemento no estado sólido). Tendência para a densidade absoluta (massa específica). Tendência para o ponto de fusão. O carbono é uma exceção. Os elementos de menores pontos de fusão e de ebulição são aqueles que podem se apresentar no estado líquido, ou até mesmo no gasoso, em condições ambiente. Com exceção do hidrogênio, esses elementos estão situados à direita e na parte superior da Tabela Periódica. Tendência para o potencial de ionização IE (energia necessária para arrancar um elétron de um átomo isolado no estado gasoso). átomo (g) + IE = íon+ + e- Tendência para a eletroafinidade EA (variação de energia quando um elétron é adicionado a um átomo neutro no estado gasoso). átomo (g) + e- + EA = íon- átomo (g) + e- - EA = íon- Tendência para a eletronegatividade (medida da capacidade de atração que um átomo possui por elétrons em uma ligação formada com outro átomo). A Tabela Periódica dos elementos na temperatura ambiente. A Tabela Periódica dos elementos a 1006oC. A Tabela Periódica dos elementos a 2006oC. A Tabela Periódica dos elementos a 3506oC. Desenvolvimento da teoria: Frankland (1852): conceito de valência (propriedade dos átomos de formar ligações. Kekulé, Kolbe e Couper (1857): o carbono tem valência 4; cada átomo de carbono une-se a outros átomos, formando indefinidas cadeias. Butlerov (1861): termo “estrutura química”; correlação estrutura- propriedades. Van’t Hoff e Le Bell (1874): propuseram o caminho pelo qual os átomos se ligam no espaço. Lewis e Langmuir (1916-1919): base da moderna teoria da valência. Ligações Interatômicas A grande diferença de propriedades entre os materiais que conhecemos se deve, em grande parte, às ligações existentes entre os seus átomos – ligações químicas – e à arrumação espacial que daí decorre – estrutura geométrica do material. Em condições ambientais, só os gases nobres são formados por átomos isolados uns dos outros, ou seja, átomos que têm pouca tendência de se unir com outros átomos; dizemos então que eles são muito estáveis (pouco reativos). Os átomos dos demais elementos, ao contrário, atraem-se não só mutuamente como também átomos de outros elementos, formando agregados suficientemente estáveis, que constituem as substâncias compostas. Exemplo: não existem sódio (Na) nem cloro (Cl) livres na natureza; no entanto, existem quantidades enormes de sal comum (NaCl), em que o cloro e o sódio aparecem unidos entre si. As forças que mantêm os átomos unidos são fundamentalmente de natureza elétrica, e são denominadas ligações químicas. Na metade do século XIX, os cientistas já haviam percebido que o átomo de hidrogênio nunca se liga a mais de um outro átomo. Já, por exemplo, o átomo de oxigênio pode ligar-se a dois átomos de hidrogênio, o de nitrogênio a três de hidrogênio, o de carbono a quatro de hidrogênio. Surgiu então aidéia de valência, entendida como a capacidade de um átomo ligar-se a outros. Dizemos que o hidrogênio tem uma valência (é monovalente), o oxigênio tem duas valências (é bivalente), o nitrogênio tem três valências (é trivalente), o carbono tem quatro valências (é tetravalente), e assim por diante. No entanto, foi somente em 1916 que os cientistas G.N.Lewis e W.Kossel chegaram a uma explicação lógica para as uniões entre os átomos, criando a teoria eletrônica da valência. De fato, consideremos as configurações eletrônicas dos gases nobres: Com exceção do hélio, constata-se que os átomos dos gases nobres têm sempre 8 elétrons na última camada eletrônica (é o chamado octeto eletrônico). Foi associando a observação de que os átomos dos gases nobres têm pouca tendência a se unirem entre si ou com outros átomos, com a de que os átomos dos gases nobres têm o número máximo de elétrons na última camada (em geral 8 elétrons, ou 2 elétrons no caso do hélio), que Lewis e Kossel lançaram a hipótese: ao se unirem, procuram perder, ganhar ou compartilhar elétrons na última camada até atingirem a configuração eletrônica de um gás nobre. A hipótese de Lewis e Kossel costuma ser traduzida pela chamada regra do octeto: um átomo adquire estabilidade quando possui 8 elétrons na camada eletrônica mais externa, ou 2 elétrons quando possui apenas a camada K. Na prática, quando dois átomos vão se unir, eles trocam elétrons entre si, ou usam elétrons em parceria, procurando atingir a configuração eletrônica de um gás nobre. Definição e tipos de ligação: Ligação atômica: há uma ligação atômica entre dois átomos ou grupos de átomos no caso em que as forças atuantes entre eles sejam tais que levem à formação de um agregado com suficiente estabilidade. Intensidade da ligação: depende de como varia a densidade da nuvem eletrônica no espaço entre os núcleos, que por sua vez é dada pela função de onda definida pela mecânica quântica. Tipos de ligação: Ligação forte : iônica ; covalente ; metálica. Ligação fraca: de Van der Waals. Esta classificação não é rigorosa. Enquanto as ligações de cada tipo extremo têm propriedades bem definidas, a transição de um extremo para o outro deve ser gradual, permitindo a existência de ligações de tipos intermediários. O Poço de Potencial Uma vez apresentados os tipos de ligações atômicas, é interessante agora saber como essas ligações são formadas. Sabe-se que os átomos se aproximam uns dos outros somente até uma certa distância, e então, caso formem um composto, eles manterão uma certa distância de separação de equilíbrio, chamada de distância de ligação. Dessa forma, espera-se que exista uma energia atrativa (negativa, por convenção), responsável pela união dos átomos, assim como uma energia repulsiva (positiva, por convenção), que mantenha os átomos afastados de uma certa distância. Energia atrativa: Energia repulsiva: Energia total, ou energia potencial do sistema: onde: r: distância interatômica a, b, m, n: constantes Forças/energia de ligação atômica: poço de potencial . Distância de ligação: Representação esquemática da relação entre a forma do poço de potencial com algumas propriedades físicas. a) Materiais com um poço mais profundo e agudo apresentam elevados valores para a temperatura de fusão e o módulo de elasticidade, e baixo coeficiente de expansão térmica; b) Materiais com um poço menos profundo e suave apresentam baixos valores para a temperatura de fusão e o módulo de elasticidade, e elevado coeficiente de expansão térmica; Ligação Iônica: Também chamada de eletrovalente. Formada devido à atração coulombiana entre íons positivos e íons negativos. É válida a equação do poço. Ligação não direcional. Na ligação iônica um ou mais elétrons são transferidos de um átomo eletropositivo para outro mais eletronegativo. A ligação pode ser entendida como resultado da atração entre ânions e cátions. Em uma ligação iônica ideal ocorre uma transferência completa de carga eletrônica de um átomo para outro. A ligação iônica é encontrada na maioria dos sais e nos óxidos e sulfetos metálicos mais comuns. A simetria esférica dos orbitais do tipo s auxilia no caráter não direcional desta ligação. Ligação Iônica Tabela periódica contendo a eletronegatividade dos elementos, segundo Linus Pauling. Os metais situados no lado esquerdo da tabela periódica tendem a perder seus elétrons de valência para os elementos não metálicos do lado direito da tabela. • Varia de 0.7 a 4.0, Pequena eletronegatividade Elevada eletronegatividade • Valores elevados: tendência para adquirir elétrons. Eletronegatividade Quanto maior for a diferença de eletronegatividade entre dois elementos, maior será o caráter iônico da ligação entre eles. Ligação iônica – metal + não-metal doa aceita elétrons elétrons ex: MgO Mg 1s2 2s2 2p6 3s2 O 1s2 2s2 2p4 [Ne] 3s2 Mg2+ 1s2 2s2 2p6 O2- 1s2 2s2 2p6 [Ne] [Ne] Formação do NaCl por meio da ligação iônica. • Ligação predominante em Cerâmicos. Exemplos: Ligação Iônica Doa elétrons Adquire elétrons NaCl MgO CaF 2 CsCl Ligação Covalente: Cada elétron é compartilhado por dois átomos. Pode-se formar em um único material. É válida a idéia do poço. Ocorre superposição de orbitais, formando um novo orbital – hibridação. Ligação direcional. Na ligação covalente um ou mais elétrons são compartilhados entre dois átomos, gerando uma força de atração entre os átomos que participam da ligação. A ligação covalente resulta da interação de átomos que apresentam suas órbitas de valência quase saturadas de elétrons. Nestas condições, seus elétrons de valência passam a orbitar indiferentemente nos átomos envolvidos. O compartilhamento é muito comum na maioria das moléculas dos compostos orgânicos e nas estruturas macromoleculares dos polímeros. No caso dos polímeros, a ligação entre os átomos na cadeia da macromolécula é uma ligação covalente muito forte, enquanto as ligações intercadeias, que mantém as macromoléculas unidas, são ligações secundárias fracas. Alguns compostos cerâmicos, tais como SiC e BN, têm caráter covalente predominante. Outro exemplo é o diamante (carbono). Ligação Covalente Formação do CH4 por meio da ligação covalente.Formação da H2O por meio da ligação covalente. A ligação covalente apresenta frequentemente características de direcionalidade preferencial. Em outras palavras, ela geralmente resulta em um determinado ângulo de ligação. A direcionalidade deste tipo de ligação tem origem em orbitais do tipo p. Ligação Metálica: Força atrativa entre um arranjo de íons positivos e um “gás” de elétrons livres. Elétrons livres: elétrons de camadas mais externas que possuem maior flexibilidade de movimento. É válida a idéia do poço. Ligação não direcional. Os metais têm um, dois ou no máximo três elétrons de valência. Estes elétrons não estão ligados a um único átomo, mas estão mais ou menos livres para se movimentar por todo o metal. Os elétrons que não são de valência e o núcleo formam um “caroço” eletricamente positivo, que é envolvido por uma “nuvem”, um “mar”, ou ainda um “gás” de elétrons. Os elétrons da nuvem atuam como uma “cola”, mantendo os caroços positivos unidos. A ligação metálica apresenta uma ampla faixa de energias de ligação, que vão desde o mercúrio, com energia de 68 kJ/mol e ponto de fusão de -39oC, até o tungstênio, com energia de 850 kJ/mol e ponto de fusão de 3410oC. Ligação Metálica Ligação metálica entre dois átomos de sódio. Ligação de Van der Waals: Tem origem em flutuações e redistribuições da carga eletrônica dos átomos. Produção de um dipolo fraco. Ligação de Van der Waals: • Moléculas neutras. • Criação de um dipolo induzido. • Força de ligação. • Molécula polarizada. Exemplo de ponte de hidrogênio: o gelo. • Molécula de água globalmente neutra. • Molécula de água polarizada. • Atração entre os dipolos e formaçãode pontes de hidrogênio. Ligações Fracas Combinação de ligações: Muitos materiais podem apresentar mais de uma ligação. Exemplo: CaSO4 Ca 2+ SO4 2- S O4 ligação iônica ligação covalente Combinações de Ligações Os principais tipos de ligações atômicas. Os Materiais e os Tipos de Ligações Principais características das ligações atômicas e propriedades resultantes nos materiais. Tipo de ligação Exemplo e energia de ligação (eV/at) Natureza da ligação Propriedades Tf E α σ ε Covalente Diamante (7,0) Elétrons compartilhados e localizados ↑ ↑ ↓ ↓ ↓ Iônica NaCl (3,3) Troca de elétrons; atração eletrostática ↑ ↑ ↓ ↓ ↓ Metálica Na (1,1) Cu (3,5) Ti (4,8) Nuvem de elétrons não localizados ↑ Van der Waals H2 (0,01) CH4 (0,1) Cl2 (0,3) Atração dipolar ↓ ↓ ↑ ↓ Tf : temperatura de fusão E : módulo de Young σ : condutividade elétrica α : coeficiente de dilatação linear ε : ductilidade Caráter misto das ligações atômicas. O Estado Metálico Conforme visto anteriormente, de acordo com o princípio da incerteza de Heisenberg, a descrição precisa sobre as características do movimento dos elétrons em um material não é conhecida. Por outro lado, este tipo de consideração não é requerido quando se deseja descrever o estado metálico e as suas propriedades eletrônicas. Neste caso, o que se torna importante é o conhecimento sobre os níveis de energia disponíveis para os elétrons. Este raciocínio será agora explorado. O Estado Metálico Teoria da núvem ou gás eletrônico Teoria das faixas ou bandas eletrônicas Teoria da nuvem eletrônica ou gás eletrônico: Apresentada por Drude e Lorentz, esta teoria considera que quando se agrupam muitos átomos de metal, certos elétrons periféricos libertam-se de seus átomos e adquirem uma grande liberdade de movimentação. Estes elétrons são chamados de “elétrons livres”. Exemplo: átomos de sódio constituindo o sódio metálico. Tolman e Stewart (1917) conseguiram demonstrar experimentalmente a existência de elétrons livres nos metais. Uma amostra de metal foi acelerada fortemente, de modo que os elétrons livres se acumularam por inércia na parte de trás, produzindo assim um impulso detectável de corrente. As medições realizadas permitiram concluir que o quociente entre a carga e a massa das partículas que formavam a corrente era, dentro da margem de erro experimental, o mesmo que para os elétrons. A teoria da nuvem eletrônica explica diversas propriedades dos metais, como a sua elevada condutividade elétrica e térmica. No entanto, começaram a ser observados fenômenos impossíveis de serem explicados com essa teoria, como, por exemplo, o espectro eletrônico de um metal. Teoria das faixas eletrônicas ou bandas eletrônicas: Para o caso de átomos isolados, quando um elétron salta de uma camada para outra mais interna, há emissão de um fóton com determinado comprimento de onda. Esta emissão é detectada em um filme, através de um espectro descontínuo. Para o caso de um metal sólido, o espectro de emissão é constituído por algumas linhas, mas também faixas. Desta forma, existe um número muito grande de estados energéticos muito próximos. Fermi e Dirac supuseram então que os elétrons em um metal deveriam possuir energias quantizadas, integrando-se o comportamento destes elétrons à Mecânica Quântica. Aqueles elétrons que foram imaginados como livres possuem, segundo a nova teoria, energias bem qualificadas e esses elétrons obedecem o princípio da exclusão de Pauli. A teoria das bandas eletrônicas baseia-se no seguinte princípio: quando N átomos se agrupam em ligações, cada nível energético desdobra-se em N novos estados energéticos. Exemplo: átomos de sódio formando o sódio metálico. 1 átomo 2 átomos N átomos Para podermos compreender os fatores que controlam as energias dos elétrons externos nos materiais, vejamos o que acontece quando aproximamos dois átomos de hidrogênio. Quando os dois átomos estão afastados um do outro, o elétron 1s de cada átomo é influenciado apenas pelo núcleo do átomo correspondente, e os níveis permitidos de energia para os elétrons são simplesmente os níveis atômicos. Quando os dois átomos estão próximos, as nuvens eletrônicas se superpõem, e os elétrons são influenciados pelos dois núcleos. O nível de energia 1s deve então se subdividir em dois níveis, dependendo do spin dos dois elétrons. Níveis de energia em função da distância interatômica para uma molécula de hidrogênio. Um procedimento usual para se entender com mais facilidade esta teoria é a utilização de uma analogia mecânica. Vamos considerar 4 átomos isolados (sem interação) como se estivessem pendurados por molas em um travessão. Cada átomo vibrará como um simples oscilador harmônico com uma mesma freqüência de modo normal. Vamos agora considerar os 4 átomos interagindo uns com os outros, por intermédio de molas acopladas. Neste caso, o sistema possui 4 modos normais de vibração, cada um consistindo de um número inteiro de metade do comprimento de onda. Desta forma, temos 4 freqüências diferentes para os modos normais do sistema. Em um sistema da Mecânica Quântica que obedece a relação de Einstein, E = h , os níveis de energia originais se dividirão em 4 níveis separados, cada nível podendo conter 2 elétrons de spins contrários. Dependência dos níveis de energia de um sistema com a distância interatômica dos osciladores. Em um cristal tridimensional contendo da ordem de 1022 átomos por cm3, a separação entre os níveis de energia se tornará infinitesimalmente pequena, gerando como resultado uma faixa ou banda de energia e um espectro de energia “quase-contínuo”. Como a formação das faixas de energia se deve à superposição e interação dos elétrons externos, estes são chamados de “elétrons quase-livres”. Assim, para o caso de átomos isolados, é válido o espectro de raias. Por outro lado, para metais sólidos, como os átomos estão muito próximos entre si, ocorrem interações dos níveis eletrônicos. Como só dois elétrons podem ocupar o mesmo nível de energia, há o desdobramento de uma banda. Uma vez que qualquer banda de estados se origina de níveis atômicos com os mesmos valores para os números quânticos (n, l, ml e ms), um novo número quântico será necessário para distinguir entre os vários estados do cristal em uma banda de energia. Níveis de energia em função da distância interatômica para o sódio. Desdobramento dos níveis de energia para o hidrogênio: 2 átomos, 6 átomos N átomos. Teoria dos elétrons livres: A idéia de elétrons livres foi proposta inicialmente para explicar a elevada condutividade elétrica e térmica dos metais. Do ponto de vista da Mecânica Quântica, Sommerfeld (1928) apresentou a formulação descrita a seguir. Vamos considerar inicialmente um modelo unidimensional para os elétrons livres. Seja então um arranjo linear de átomos de um metal, com correspondentes elétrons livres. Como requisito para os elétrons permanecerem dentro do metal, vamos considerar que sua energia potencial seja nula no interior e infinita no exterior do metal. Os elétrons são mantidos no interior do metal através de sua atração coulombiana com os íons positivos do arranjo atômico. Vamos determinar a energia cinética que os elétrons possuem no interior do metal. Considerando a equação de Schrödinger em uma dimensão: A quantidade (E - V) é simplesmente a energia cinética do elétron livre. Daí, tem-se: Solução geral: Condições de contorno: a) A função de onda (ou a probabilidade de encontrar o elétron) vale zero, em x = 0 e em x = L. b) A probabilidade de encontrar o elétron em algum lugar dentro do metal é unitária. Pode-se mostrar que: n = 1,2 3,... Uma vez que as energias cinéticas dos elétrons livres podem ser expressas em termos do comprimento de onda de De Broglie, que por sua vez são quantizados, então essas energias cinéticas são também quantizadas. Em uma dimensão:Em três dimensões: nx, ny e nz: estado quântico principal. Variando os inteiros nx, ny e nz, teremos um diagrama de níveis de energia para os elétrons livres em cada metal. Densidade de estados: Os estados ocupados pelos elétrons livres de um metal podem ser convenientemente descritos através de uma grandeza chamada densidade de estados. Esta grandeza é representada por N(E), que é o número de estados quânticos por unidade de volume do metal entre os níveis de energia (E) e (E + dE). Para o cálculo de N(E) consideremos um estado quântico definido a partir da seguinte construção geométrica: Espaço bidimensional de números quânticos Espaço tridimensional de números quânticos No interior de uma esfera de raio R vamos considerar que o volume do octante (valores positivos) representa o número de estados quânticos. Assim: A densidade de estados será então: Esta expressão mostra que a densidade de estados aumenta com a raiz quadrada da energia. Densidade de estados em função da energia Estatística de Fermi-Dirac: Até agora discutimos apenas os estados quânticos e os níveis de energia que os elétrons livres podem ocupar. Vamos agora examinar quais são os níveis que realmente são ocupados a uma dada temperatura. Consideremos um metal cúbico de aresta L com N elétrons livres a 0K. Nesta temperatura, os elétrons ocuparam os níveis de energia mais baixos possíveis. A energia do nível mais alto ocupado é a energia de Fermi EF. Todos os elétrons têm energias iguais ou menores que EF. O número de estados quânticos com energia igual ou menor que EF é dado por: Como cada estado quântico comporta 2 elétrons, temos: Assim, a energia de Fermi terá a seguinte expressão: A uma dada temperatura T, a distribuição das energias dos elétrons livres é descrita pela função de Fermi: P(E): probabilidade que um nível E esteja ocupado. Observe que: a) E > EF P(E) 0, para T 0 b) E < EF P(E) 1, para T 0 A energia de Fermi pode ser definida como sendo aquela em que, para qualquer temperatura, a probabilidade de ocupação é de 50%. A 0K todos os níveis abaixo de EF estão ocupados e todos os níveis acima de EF estão vazios. À medida que a temperatura aumenta, a ocupação dos níveis acima de EF aumenta gradualmente. A probabilidade de que um nível esteja ocupado passa a variar suavemente desde 1, muito abaixo de EF, até 0, muito acima de EF. Função de distribuição de elétrons: O produto da densidade de estados N(E) pela função de Fermi P(E) é proporcional à função de distribuição de elétrons F(E), tal que o produto F(E) x dE é o número de elétrons livres por unidade de volume do metal com energias entre (E) e (E + dE). Como cada estado quântico comporta 2 elétrons, a função F(E) pode ser escrita na forma: F(E) = 2 N(E) x P(E) Densidade de estados em função da energia, a uma dada temperatura O modelo do elétron livre que acabamos de descrever prevê que os níveis de energia dos elétrons livres formam uma faixa quase contínua de energias permitidas. Este modelo é uma outra forma de descrever as faixas ou bandas de energia apresentadas anteriormente. Teoria dos elétrons quase-livres: No caso de um elétron livre, a energia cinética pode ser expressa em função do comprimento de onda de De Broglie: Para o tratamento que será feito a seguir, é conveniente trabalhar não com o comprimento de onda , mas com o chamado número de onda ou vetor de onda, definido por: O vetor de onda representa o número de cristas de onda numa distância 2 ao longo do eixo x. Em três dimensões, é um vetor que indica o sentido da propagação, bem como o comprimento de onda do elétron em movimento, daí a conveniência em trabalhar com ele. Em função do vetor de onda, a energia Ec pode ser expressa da seguinte forma: Assim, a energia cinética de um elétron livre é proporcional ao quadrado do vetor de onda. Consideremos agora o movimento de elétrons livres em um material. Como os elétrons podem ser considerados como ondas, eles serão difratados por um arranjo periódico de átomos, segundo a equação de Bragg. Fazendo: d = a = /2 (elétrons refletidos na direção oposta) n = 1,2,3,... c: comprimento de onda de elétrons que se difratam Da mesma forma: n = 1,2,3,... kc: vetor de onda para os quais existe difração A análise da equação acima permite notar que o vetor de onda é quantizado. Relacionando este fato com o gráfico (E x k), concluímos que quando os elétrons interagem com os átomos da rede cristalina vão aparecer descontinuidades na curva (E x k), nas vizinhanças dos valores críticos de k. k é quantizado. Ec é quantizado. N(E) é quantizado. Zonas de Brillouin para elétrons quase-livres (uma dimensão). Analisando a figura anterior, podemos notar que a faixa de energia dos elétrons livres se torna descontínua, quando os elétrons interagem com a rede cristalina. As regiões em que a curva (E x k) é contínua são chamadas zonas de Brillouin. A barra vertical do lado esquerdo da figura anterior é uma forma mais comum de representar a estrutura das faixas de energia dos elétrons. Nesta representação as zonas de Brillouin são separadas por faixas proibidas, causadas pela interação dos elétrons com a rede cristalina. A presença ou ausência dessas faixas proibidas é de considerável importância para a compreensão das propriedades dos condutores, semicondutores e isolantes. Metais, semicondutores e isolantes: A principal diferença entre os metais, semicondutores e isolantes está na facilidade com que os elétrons externos do material podem ser excitados para estados quânticos com maiores energias e se movimentarem na direção do campo elétrico aplicado. Em geral, para se alcançar elevados estados quânticos, deve existir um estado de energia vazio, para que os elétrons possam estar excitados. Em outras palavras, para que haja um escoamento líquido de elétrons em uma certa direção, alguns elétrons têm de mudar os seus vetores de onda, aumentando assim a sua energia cinética. Devido a este fato, a distinção entre metais, semicondutores e isolantes está baseada nas estruturas de faixas eletrônicas que controlam a facilidade com a qual elétrons podem alcançar valores mais elevados de energia cinética e de velocidade. Como as faixas de energia dos elétrons livres estão divididas em zonas, a curva de densidade de estados para uma dada zona se desvia consideravelmente da forma parabólica no topo da zona (região de maiores energias na zona). Densidade de estados em função da energia para a primeira zona de Brillouin em um metal. Um metal pode ser representado por uma das estruturas de faixas que aparecem nas figuras abaixo. Curvas de densidade de estados para os metais, mostrando casos (a) onde as zonas de Brillouin se sobrepõem, e (b) onde um gap de energia está presente. Na figura à esquerda as duas zonas se superpõem, e na figura da direita as zonas são separadas por uma faixa proibida. Nos dois casos, entretanto, a energia de Fermi está posicionada de tal forma que existem muitos estados quânticos e níveis de energia desocupados logo acima do nível de Fermi. Isto quer dizer que quando um campo elétrico é aplicado, os elétrons livres podem facilmente passar para estados com maior energia cinética e, portanto, conduzir eletricidade. Vemos então que se a densidade de estados for elevada na posição do nível de Fermi, o material será um metal, e terá as propriedades elétricas de um metal. Um semicondutor pode ser representado por uma estrutura de faixas que aparece na figura abaixo. Curvas de densidade de estados para um semicondutor. A 0K a primeira zona de Brillouin está totalmente ocupada e a segunda está vazia. A primeira zona é chamada faixa de valência, e a zona seguinte é chamada de faixa de condução. A distância entre o topo da faixa de valência e a base da faixa de condução é da ordem de 1 a 2eV. A energia de Fermi está na faixa proibida. Quando um semicondutor é aquecido,a função de Fermi fica distorcida, e alguns elétrons ficam excitados termicamente, podendo passar da faixa de valência para a faixa de condução. Um isolante pode ser representado por uma estrutura de faixas que aparece na figura abaixo. Curvas de densidade de estados para um isolante. Tal qual os semicondutores, os isolantes apresentam uma faixa de valência totalmente ocupada e a faixa de condução vazia. A energia de Fermi também se encontra na faixa proibida. Por outro lado, a faixa proibida é tão larga (> 2eV), que nem a energia térmica nem a energia de um campo elétrico aplicado é suficiente para excitar elétrons para a faixa de condução. Desta forma, os isolantes não conduzem eletricidade. Diagrama simplificado de bandas de energia para metais, semicondutores e isolantes. A seguir, apresentamos um “espectro” de resistividade para metais, semicondutores e isolantes. Resistividade versus temperatura. (a) metais. (b) compostos cerâmicos. Referências Bibliográficas: 1) B.S.Mitchell: An Introduction to Materials Engineering and Science, Wiley-Interscience, 2004. 2) C.R.Barrett, W.D.Nix e A.S.Tetelmann: The Principles of Engineering Materials, Prentice-Hall, 1973. 3) R.M.Rose, L.A.Shepard e J.Wulff: The Structure and Properties of Materials, Wiley & Sons, 1966. 4) R.Feltre: Química Geral, 6ª Edição, Ed.Moderna, 2006. 5) R.Feltre e S.Yoshinaga: Atomística, Ed.Moderna, 1970.
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