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Neonatologia Felina

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Neonatologia Felina 
 
Período Neonatal: 
Neonato: 0 a 14 dias; 
Transição: 15 a 30 dias; 
Filhote: a partir dos 30 dias. 
 
Principais cuidados neonatais 
Pré-natal: 
Ideal: planejamento, imunização materna 
adequada, investigação genética e nutrição 
adequada; 
Realidade: gatos errantes sem conhecimento 
prévio de saúde; 
Vacinar e testar todas as gestantes. De preferência 
com vacina inativada. 
 Ajuste alimentar da gestante: 
2ª semana de gestação: Aumento gradual de 
oferta de alimento iniciando com 25% a mais até 
atingir 50% a mais que o habitual; 
Parto: Perda de 40% do peso adquirido; 
Lactação: Perda dos 60% restantes do peso 
adquirido, para gerar e manter a lactação. 
Manter a atividade física (normal) da gestante. 
 
Parto normal: 
Parto: 65º dia de gestação 
1 – Aumento de cortisol e prostaglandina; 
2 – Luteólise e queda dos níveis de progesterona; 
3 – Descolamento placentário, aumento da 
prostaglandina e sensibilidade uterina à ocitocina; 
4 – Aumento da prolactina; 
5 – Temperatura retal descresce 1° C a 18 horas 
antes do parto (nem sempre); 
6 – Recusa de alimentar-se 24 a 48 horas antes do 
parto; 
7 – Estágio 1; 
8 – Estágio 2; 
9 – Estágio 3; 
 
 Estágio 1: 
 Organização do ninho; 
 Inquietação; 
 Tremores; 
 Anorexia; 
 Dilatação da cérvix com contração uterina 
aumentadas em frequência, duração e força; 
 Duração de 6 a 12 horas. 
 Estágio 2: 
 Evidentes contrações abdominais; 
 Passagem de fluido amniótico; 
 Parição de um filhote; 
 Temperatura retal retorna ao normal;. 
 Duração de 3 a 6 horas. 
 
 
 
 Estágio 3: 
 Saída da placenta: ocorre de 15 a 20 minutos 
após o nascimento de cada neonato; 
 Remoção das membranas amnióticas, 
limpeza dos neonatos pela mãe e ruptura do 
cordão umbilical; 
 Ingestão da placenta. 
 
Cesárea: 
Indicado para situações onde o parto normal esteja 
impedido: 
 Distocia; 
 Perda de progressão; 
 Apresentação pélvica de um filhote; 
 Exaustão materna; 
 Sofrimento fetal (FC abaixo de 180bpm 
aferida fora da contração). 
 Inércia uterina: Ocitocina 2,5UI IM – também 
será utilizada no pós parto (vaginal ou 
cirúrgico) para prevenção de hemorragia 
uterina. 
 
 
 
 Manejo do neonato após retirada do útero: 
 Remover tecidos residuais da face do filhote; 
 Cortar cordão umbilical após comprovação de 
estabilidade fetal; 
 Secá-los bem com toalhas limpas; 
 Avaliar frequência cardíaca e respiratória com 
doppler. 
 Avaliação imediata do neonato: 
- A frequência cardíaca: 
Primeiras 24 horas: 200 a 250 batimentos por minuto 
(bpm) 
Batimentos inferiores a 100bpm ou ausentes 
requerem massagem cardíaca externa. 
- A frequência respiratória: 
Primeira semana de vida: 10 a 18 movimentos por 
minuto (mpm) 
Hipóxia: frequência respiratória aumentada (mais 
que 40mpm) e frequência cardíaca diminuída (80 a 
100bpm) 
 
Abordagem do neonato grave: 
- Pirâmide da morte neonatal: os 4 “H”s da morte 
neonatal: 
 
 Hidratação: mucosas pálidas, secas com 
preenchimento capilar lento; 
 Hipoglicemia: fraqueza, letargia, anorexia; 
 Hipóxia: taquipneia, taquicardia, cianose; 
 Hipotermia: depressão respiratória, bradicardia e 
adinamia. 
- Utilização de fármacos: 
Neonatos em HIPÓXIA: 
 Doxapram (5 a 10 mg/kg) via sublingual – 
estimula a respiração de neonatos apneicos e 
em hipóxia; 
 Naloxona (0,01 a 0,1 mg/kg) por via sublingual 
– antagoniza opioides, revertendo a depressão 
respiratória do filhote – Contraindicado caso 
haja bradicardia! 
 Epinefrina (0,10 mg/kg) por via intravenosa – 
neonatos hipotensos: aumenta a pressão e 
promove liberação de oxigênio para o 
miocárdio. 
 Veia umbilical é uma opção; 
 Em doses altas pode provocar hipertensão e 
um acidente vascular cerebral. 
 Atropina (0,03 mg/kg) por via intravenosa – 
neonatos bradicárdicos por consequência da 
hipóxia. 
 Glicose a 12,5% (0,1 a 0,2 ml/100 g de peso 
corporal ou mais) por via intravenosa ou 
intraóssea – deve ser sucedida por infusão 
contínua de solução eletrolítica balanceada 
(1,25 a 5% de glicose): EVITA HIPOGLICEMIA 
REBOTE. 
Via intraóssea: 
1- Entre tubérculo maior e menor do úmero; 
2- Na fossa trocantérica do fêmur; 
3- Tuberosidade cranial da tíbia. 
 
Primeira amamentação: 
Priorize amamentação materna! 
Os componentes do leite materno não são 
possíveis de mimetizar, pois são dinâmicos. Não 
se iluda! 
Fórmula utilizada: 
- Caseira: 
 85g de leite condensado; 
 85g de água; 
 113g de iogurte natural integral; 
 3 gemas grandes ou 4 gemas pequenas de 
ovos; 
 Fornece 1 a 1,24 Kcal/ml. 
 
- Administração da fórmula caseira: 
 Primeira semana de vida: 13 ml da receita para 
cada 100g de peso vivo; 
 Segunda semana de vida: 17 ml da receita 
para cada 100g de peso vivo; 
 Terceira semana de vida: 20 ml da receita para 
cada 100g de peso vivo; 
 Quarta semana de vida: 22 ml da receita para 
cada 100g de peso vivo. 
 
Hidratação
Hipotermia
Hipoglicemia
Hipóxia 
- Fórmulas comerciais: suplementar vitaminas B1 
e B2 quando utilizar formulações comerciais. 
A amamentação deve ser administrada o mais 
rápido possível para que não haja complicações 
devido a hipoglicemia. 
 Via mamadeira: estimula o reflexo de sucção e 
é mais fácil alguém leigo oferecer; 
 Via sonda orogástrica: pessoa qualificada deve 
oferecer – cuidado com broncoaspiração 
retrógrada. 
 
 
 
 
 
 
 
 Pode ser administrado glicose por via oral! 
 
Exame do neonato puerperal: 
- Antes de encostar no neonato: 
 Histórico materno: 
 Vacinação; 
 Vermifugação (caso não tenha feito, fazer 
imediatamente após o parto); 
 Como foi o parto; 
 Como está o instinto materno. 
 O resto da ninhada: 
 Relação de peso da ninhada; 
 Tamanho, acesso as mamas; 
 Ectoparasitas; 
 Local onde ficam. 
 
- Exame físico: 
 Manuseio em superfície macia; 
 Superfície aquecida; 
 Toque suave; 
 De preferência na ausência da mãe, para 
diminuir o estresse, ou enquanto o gatinho é 
amamentado. 
 Peso corpóreo: nascimento, 12 horas após o 
nascimento, pesar 2 vezes ao dia até 2 
semanas de vida, pesar 1 vez ao dia até 4 
semanas de vida. 
 Nascimento – maior que 75g (filhotes com 
menos de 75g ao nascerem tem maior 
risco de morte prematura); 
 12 a 24 horas de vida – normal ter perda 
de peso corpóreo (menos que 10%); 
 Até 2 semanas de vida – animal deve 
ganhar 10 a 15g por dia (em 2 semanas o 
neonato dobra de peso; 
 Até 4 semanas de vida – há constante 
ganho de peso (caso haja perda, 
procurar causa); 
 
 Motivos para perda de peso: 
 Má ingestão de leite; 
 Parasitose; 
 Má formação congênita; 
 Mastite materna; 
 Má nutrição materna; 
 Doença sistêmica. 
 
 Temperatura retal: 
 Deve variar entre 34,5 e 36° C no primeiro 
dia de vida; 
 Se mantém entre 36 e 37º C durante as 
duas primeiras semanas de vida; 
 Aumenta gradativamente até 37,5º C, 
isso ocorre na 4ª semana de vida. 
 Pecilotérmicos até 4ª semana de vida – 
Muita área superficial em relação ao 
peso corporal, reflexo de calafrio imaturo, 
pouca capacidade vasoconstritora, falta 
de controle hipotalâmico. 
  Sinais de hipotermia: 
 Apresentação fria ao tato; 
 Flacidez muscular; 
 Frequência e intensidade cardíaca 
diminuída 
 Afastamento pela mãe de perto da 
ninhada; 
 Gemidos constantes (desconforto); 
 Ou simplesmente nada. 
  Controle da hipotermia: 
 Amamentação; 
 Panos aquecidos; 
 Luvas de borrachas com água aquecida 
(nunca em contato direto com o filhote); 
 Incubadora artificial; 
 Garrafa pet com água aquecida (nunca 
em contato direto com o filhote!) 
 
 
E se eu não tiver 
nenhuma opção dessas 
imediatamente? 
 Frequência cardíaca: 
 Doppler vascular portátil; 
 Frequência normal entre 200 – 250 bpm; 
 Sopros inocentes: podem ocorrer em felinos 
neonatos– investigar caso persista por mais 
de 4 meses; 
 Sopros funcionais: anemias, hipoproteinemias, 
febre ou sepse (cardiopatias congênitas 
causam sopro audível e frêmito precordial). 
 
 Frequência respiratória: 
 Observada pelos movimentos torácicos; 
 Frequência normal entre 15 e 35 mpm. 
 
 Abertura dos olhos: 6º ao 14º dia; 
 Formação completa da retina: 4 semanas; 
 Íris em sua cor definitiva: 4 a 6 semanas; 
 Comum nascer com olhos abertos ou abertura 
precoce; 
 Abertura de conduto auditivo: 6º ao 14º dia; 
 Percepção sonora: 3ª a 4ª semana de vida; 
 
 Atitude mental: 
 Sono paradoxal: até 2ª semana de vida; 
 Vocalização ao ser retirado de perto da mãe 
– atenção à vocalização sem justificativa 
aparente! 
 
 Principais reflexos: 
 Termotropismo positivo: duração 4 primeiros 
dias de vida; 
 Reflexo de estimulação do focinho: duração 
até 15° dia de vida; 
 Reflexo de sucção: apresenta-se mais 
fortemente de 24 a 48 horas após o 
nascimento. Permanece até 4 semanas de 
vida. (primeiro reflexo perdido na presença 
de fenda palatina); 
 Reflexo anogenital e controle da micção e 
defecação: apresenta necessidade de 
estímulo materno ou artificial até 3ª ou 4ª 
semana de vida; 
 Aprumo vestibular: é avaliado durante toda a 
amamentação; 
 Reflexo de ameaça e luminoso: estará 
ausente até o 28º dia de vida; 
 
 Dentição: 
 Incisivos e caninos: 3ª a 4ª semana; 
 Pré-molares: 5ª a 6ª semana. 
 
 
 Cavidade oral: 
 Mucosa: hiperêmica até 7º dia de vida; 
 Observar presença de fenda palatina, 
lábio fendido. 
 
 Cordão umbilical: deve estar seco, se 
presente. Cairá no 3º ou 4º dia de vida. 
 
 Morfologia geral: 
 Presença de hérnia umbilical; 
 Presença de saída anal e genital 
adequada; 
 Conformação torácica normal; 
 Conformação de membros sem 
deformidade. 
 
 Fezes: diarreia é o principal sinal de 
enfermidade em neonatos. 
 
 Urina: 
 Deve ser clara e pálida. Urina escura é 
normalmente um sinal de desidratação; 
 Hematúria ou pigmentúria podem ser 
sinais de trauma, infecção urinária ou 
isoeritrólise neonatal. 
 
 Defeitos congênitos: anormalidade de 
estrutura, função ou metabolismo existente 
ao nascimento. 
 Evidentes ao nascimento: fenda palatina, 
lábio fendido, agenesia anal, hérnia 
umbilical. 
 Encontrado mediante exames 
diagnósticos ou necropsia: hérnia 
diafragmática, agenesia de órgãos 
internos. 
 Encontrado apenas mediante exames 
sofisticados: doença do depósito 
lisossômico. 
 
Resumindo: 
 Garantir a integridade da mãe durante o 
parto e pós parto é essencial para a saúde 
dos filhotes; 
 O melhor para mãe e filhotes é não 
atrapalhar os processos fisiológicos, a não 
ser sob necessidade; 
 Filhotes devem ganhar peso!

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