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Jogos e Brincadeiras.E-book

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ENSINO A 
DISTÂNCIA
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
 
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca do Centro Universitário Avantis - UNIAVAN 
Maria Helena Mafioletti Sampaio CRB 14 – 276 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CDD 21ª ed. 
790.1 - Jogos e brincadeiras – Educação física. 
 
 
Flores, Zilá Gomes de Moraes. 
F634j Jogos e brincadeiras. /EAD/ [Caderno pedagógico]. Zilá Gomes 
de Moraes Flores. Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. 
 110p. il. 
 
 Inclui Índice 
 ISBN: 978-85-5456-227-4 
 ISBNe: 978-85-5456-226-7 
 
 1. Educação física – Jogos e brincadeiras. 2. Jogos educativos 
- Aprendizagem. 3. Atividades recreativas – Educação física. 4. 
Educação física – Ensino a Distância. I. Centro Universitário 
Avantis - UNIAVAN. II. Título. 
 
PLANO DE ESTUDOS
EMENTA
Os significados da brincadeira, do jogo e do brinquedo na cultura infantil, ao longo da 
história. O conceito de jogo, Brinquedos e brincadeiras. Estudo das diferentes concepções 
metodológicas dos jogos e brincadeiras. O Brincar na perspectiva da aprendizagem da 
criança. O professor como mediador do brincar infantil.Possibilidades para a aplicação 
prática de jogos e brincadeiras da cultura brasileira no ambiente escolar. Organização 
de ambientes de ludicidade - brinquedoteca. As intervenções pedagógicas com jogos e 
brincadeiras para o desenvolvimento integral das crianças.
OBJETIVOS DA DISCIPLINA
• Compreender a importância dos jogos, brinquedos e brincadeiras na aprendizagem 
para a Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental. 
• Identificar o conteúdo à temática considerando os tempos e espaços dialógicos 
em construção.
• Reconhecer as diferenças aplicações dos jogos e das brincadeiras na 
aprendizagem infantil.
O PAPEL DA DISCIPLINA PARA A FORMAÇÃO DO ESTUDANTE
Receber o convite para a escrita deste Caderno Pedagógico foi como um retorno 
à minhas origens. O brincar sempre atravessou, no sentido benjaminiano, minha 
constituição como professora, sabemos muito bem que nos fortalecemos com a troca de 
saberes, pois estabelecemos um vínculo que nos permite ir além do que conhecemos e 
nos instiga a buscar sempre um pouco mais a cada dia.
O brincar permite isso, faz com que o sujeito infantil sempre almeje mais, e como 
é gratificante quando ouvimos “profe, conta mais uma vez! Vamos brincar de novo!” é 
este movimento que ele causa de sucessivamente brincar a mesma brincadeira, mas 
de diferentes maneiras que a magia estabelecida quando a criança brinca propicia, 
pois devido a sua dinâmica desafia a criança a todo o momento. Lembrem que para a 
criança o brincar é a essência do aprender, é pelo brincar que ela conhece o mundo a 
sua volta e o refaz.
Desejo a cada um de vocês que tenham sucesso em suas escolhas neste caminho 
profissional, que apresentem esse toque de mágica que o brincar proporciona, nos 
momentos em que estiverem com seus alunos possibilitando que aprendam se divertindo 
ou vice versa! .
Abraço e ótima leitura!
PROFESSORA
APRESENTAÇÃO DO AUTOR
 Sou Zilá Gomes de Moraes Flores, Licenciada Plena 
em Educação Física pela Universidade de Passo Fundo/
RS - UPF, Especialista em Psicopedagogia pela UFRJ, e 
em Docência em Ensino Superior pela Faculdade Avantis, 
Mestre em Educação nas Ciências - área de concentração 
Educação Física pela UNIJUÍ/RS. Em minha trajetória 
profissional atuei como professora de Educação Física 
nos níveis de ensino básico, na Educação de Jovens e 
Adultos; e como gestora escolar em instituições públicas 
e particulares. Atualmente, leciono em cursos de 
graduação; pós-graduação, bem como em programas de 
formação continuada. 
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - O JOGO, BRINQUEDO E BRINCADEIRA .......................................................................9
1. O JOGO, BRINQUEDO E BRINCADEIRA ......................................................................................................... 10
1.1 UM POUCO DE HISTÓRIA: O BRINCAR ATRAVÉS DOS TEMPOS .....................................................11
1.2 O BRINCAR DAS CRIANÇAS NO BRASIL ..................................................................................................22
1.3 O QUE SIGNIFICAM O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA? ............................................. 30
1.3.1 Jogo ........................................................................................................................................................................................... 31
1.3.2 Brincadeira .......................................................................................................................................................................34
1.3.3. Brinquedo ......................................................................................................................................................................... 37
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................................... 40
ATIVIDADE ........................................................................................................................................................................41
UNIDADE 2 - O JOGO, A BRINCADEIRA E O BRINQUEDO 
E SUAS RELAÇÕES COM A CULTURA ............................................................................................................43
2. O JOGO, A BRINCADEIRA E O BRINQUEDO E SUAS RELAÇÕES COM A CULTURA ............ 44
2.1 O BRINCAR E A CULTURA INFANTIL ......................................................................................................... 45
2.2 JOGOS TRADICIONAIS INFANTIS ............................................................................................................. 53
2.3 O BRINCAR INFANTIL E AS INFLUENCIAS DA CULTURA MIDIÁTICA .......................................... 57
ATIVIDADE ...................................................................................................................................................................... 64
UNIDADE 3 - A ARTE DE BRINCAR PARA APRENDER ..............................................................67
3 A ARTE DE BRINCAR PARA APRENDER .................................................................................................... 68
3.1 O BRINCAR E A PRÁTICA PEDAGÓGICA ........................................................................................................... 71
3.1.1 Fröbel ...................................................................................................................................................................................... 73
3.1.2 Piaget. .................................................................................................................................................................................81
3.1.3 Wallon ...................................................................................................................................................................................86
3.1.4 Vygotsky ..............................................................................................................................................................................90
3.2 O PAPEL DO PROFESSOR NO BRINCAR INFANTIL: OS JOGOS E BRINCADEIRAS COMO 
POSSIBILIDADES FORMATIVAS E LÚDICAS NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL .......................97
ATIVIDADES ..................................................................................................................................................................103
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................................103
1
unidade
O JOGO, BRINQUEDO 
E BRINCADEIRA
10
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
Meninos e piões, Candido Portinari (óleo sobre madeira, 1959, coleção Fundação Maria Luísa e Oscar 
Americano) Fonte: SANTA ROSA, N.S. Brinquedos e Brincadeiras. São Paulo: Moderna, 2001. 
1. O JOGO, BRINQUEDO E BRINCADEIRA
A obra de arte de Cândido Portinari (1903 -1962) pintor brasileiro, traduz as relações 
que o brincar possibilita, como podemos ver na imagem “Meninos e piões”, apresentada 
na abertura desse capítulo, pois retrata uma cena comum em nossa sociedade, crianças 
brincando, ele como artista retratou o povo brasileiro em diferentes pontos de vista e 
um deles foi o universo da criança, que é permeado de subsídios da ludicidade, como os 
11
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
brinquedos, as brincadeiras e os jogos. 
Assim, com esta obra que registra um pouco do mundo infantil, começaremos o 
primeiro capítulo desse caderno pedagógico apresentando um pouco da história do 
brincar, os significados de jogo, brinquedo e brincadeira. Deste modo os convido, para 
que me acompanhe em uma viajem no tempo.
1.1 UM POUCO DE HISTÓRIA: O BRINCAR ATRAVÉS DOS TEMPOS
A partir da história da humanidade, tem se percebido o valor do brincar para 
o desenvolvimento dos sujeitos. Este brincar sempre permeado pelo lúdico e pelo 
imaginário, aqui apresento-lhes brevemente a história do brincar (jogo, brincadeiras e 
brinquedos) para tanto o suporte teórico será em especial a partir dos autores Kishimoto 
(2010, 2011, 2012) Huizinga, (2010), Brougère (2010), Ariès (2006) e Del Priori (2010).
Antes de iniciarmos nossa retomada histórica, acredito ser necessário definir a 
palavra lúdico, já que este está presente nas ações de brincar. Huizinga (2010) nos diz que 
a palavra lúdico está associada a ilusão ou a simulação, por este fato que dizemos que a 
criança está simulando o seu mundo, no qual irá repetir ações do mundo adulto, quando 
adulto a ludicidade continua presente mas de maneira diferente, como o autor afirma: 
Regra geral o elemento lúdico vai gradualmente passando para o segundo plano, sendo 
sua maior parte absorvida pela esfera do sagrado. O restante cristaliza-se sob a forma de 
saber: folclore, poesia, filosofia. E as diversas formas da vida jurídica e política, fica assim 
completamente oculto por detrás dos fenômenos culturais o elemento lúdico original 
(HUIZINGA, 2010, p. 54).
Nas comunidades primitivas as atividades eram voltadas para a 
sobrevivência dos sujeitos, dirigiam-se em especial conservação 
da vida, sendo assim as crianças da pré história, brincavam quando 
acompanhavam os adultos para caçar por exemplo, essa ação era ao 
mesmo tempo lúdica e de preparo para a sobrevivência, conforme 
aponta Huizinga, (2010, p.7) afirma que nesses grupos sociais “as 
atividades que buscavam satisfazer as necessidades vitais, as 
atividades de sobrevivência, como a caça, assumiam muitas vezes a 
forma lúdica”.
As brincadeiras e os jogos têm sido notados por muitos adultos como coisas de 
12
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
criança, criancices, mas sabemos que nem sempre foi assim! Jogos tradicionais do 
universo infantil iniciaram como brincadeiras de adultos. Nos registros históricos sobre 
o brincar, observa-se que na antiguidade, os momentos que referentes à ludicidade, não 
eram vinculados unicamente aos infantes, mas sim a todas as pessoas da sociedade em 
questão, como encontrado nos registros de Platão e Aristóteles.
Platão percebia o jogo como uma possibilidade de ensinar brincando a partir 
dos problemas concretos do cotidiano, e desaprovava os jogos que incentivavam 
exageradamente a competição, nos quais qualquer coisa seria feita para ganhar, fazia 
sua defesa ao jogar com prazer, em que o aprender seria divertido e, assim sendo 
apresentaria significação, defendia que as crianças podem aprender os conteúdos através 
das brincadeiras e jogos, utilizando-se da ludicidade que contém para que os mais novos 
aprendessem, trazia o exemplo que poderiam introduzir o ensino da matemática, para os 
pequenos desenvolvendo os princípios matemáticos básicos. (BROUGÈRE, 2010).
Aristóteles defendia o jogo para o lazer das pessoas, uma forma de relaxar o corpo e 
a mente, divertir-se, restabelecer as energias para o trabalho sério, Brougère (2010, p. 
28), apresenta a concepção de jogo para este filósofo grego, que asseverava que o jogo 
era “[meio de] divertimento, descanso e resgate de energias para as atividades humanas 
sérias. Apesar de o trabalho ser considerado a atividade mais importante, o jogo era um 
meio de recuperação para as atividades produtivas”.
Na Grécia antiga, os filósofos refletiam em seus debates sobre a sociedade e as 
situações que viviam, o jogo e o brincar no processo de educar foram tema de reflexão, 
pois unificavam as ações para a construção do conhecimento ao prazer das atividades 
recreativas, os mesmos eram utilizados para o aprendizado da escrita e da matemática 
em particular, podemos observar pelas imagens abaixo que os brinquedos infantis da 
Grécia antiga perduram até os dias de hoje:
13
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
Cavalo de brinquedo da Grécia Antiga, em cerâmi-
ca, imagem disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brinquedo
Menino jogando io-io, 400 a. C.Cílice de Figura 
Vermelha, Ática. Museu Altes. Berlim. Disponível 
em: https://peregrinacultural.wordpress.com/
tag/brinquedos/
A figura apresenta jovens adolescentes 
gregos, jogando boladistraíam-se lan-
çando uma bola cheia de ar na parede, 
construída de bexiga de animais, co-
berta por uma capa de couro. Disponí-
vel em: http://brincarebomenecessario.
weebly.com/brincadeiras-que-atraves-
sam-geraccedilotildees.html
Brougère (2010, p. 36) aponta que os romanos, com a influência dos etruscos, 
entendiam o jogo como uma “atividade carregada de sentidos; transformavam-no, por 
um lado, num espetáculo, numa simulação do real, que arrebatava multidões” ao mesmo 
tempo em que era tido como um exercício de aplicação das habilidades motoras e do 
conhecimento constituído pelas pessoas envolvidas nele, pois para jogar precisavam 
raciocinar e elaborar estratégias de ação, e não simplesmente reproduzir uma ação motora, 
pois através do brincar, não seriam submetidas a uma situação real, não colocavam em 
risco suas vidas.
Portanto na antiguidade clássica, o jogo era utilizado como uma forma de treinamento, 
através dele os romanos se exercitavam e melhoravam seu preparo físico, sejam nas 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Little_horse_on_wheels_(Ancient_greek_child's_Toy).jpg
https://peregrinacultural.files.wordpress.com/2013/10/boy-playing-yo-yo-tondo-of-an-attic-red-figure-kylix-ca-440-bc.jpg
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brinquedo
https://peregrinacultural.wordpress.com/tag/brinquedos/
https://peregrinacultural.wordpress.com/tag/brinquedos/
http://brincarebomenecessario.weebly.com/brincadeiras-que-atravessam-geraccedilotildees.html
http://brincarebomenecessario.weebly.com/brincadeiras-que-atravessam-geraccedilotildees.html
http://brincarebomenecessario.weebly.com/brincadeiras-que-atravessam-geraccedilotildees.html
14
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
corridas de bigas, ou nas lutas dos gladiadores romanos, que poderiam ser reais ou uma 
encenação, era tido como um ato de oferendas e de reverenciar aos Deuses, tanto para os 
adultos como para as crianças, existem registros de Horácio e Quintiliano de doces feitos 
em formatos de letras para que as crianças além de se divertirem também aprenderem 
(KISHIMOTO, 2010). 
Crianças brincando com bola. Este relevo romano do século II, está exposto no Museu do Louvre. 
Disponível em: http://www.wikiwand.com/pt/Imp%C3%A9rio_Romano
Jogo da bugalha (bola de gude, bolica, bolita) é um do jogo muito antigo. Jogado em todo o mundo, na 
Roma antiga era praticado pelas mulheres e pelas crianças. Disponível em: http://www.wikiwand.com/
pt/Imp%C3%A9rio_Romano
http://www.wikiwand.com/pt/Imp%C3%A9rio_Romano
http://www.wikiwand.com/pt/Imp%C3%A9rio_Romano
http://www.wikiwand.com/pt/Imp%C3%A9rio_Romano
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JOGOS E 
BRINCADEIRAS
O período do cristianismo excluiu os jogos e brincadeiras dos espaços da sociedade, 
pois o caráter religioso que este períodopossuiu era fortemente vinculado à disciplina 
dos pequenos, deixando de lado essa oportunidade de aprendizado com prazer, tanto 
que passaram a ser consideradas como pecado, pois segundo os religiosos levavam as 
crianças ao sexo e ao álcool, pregavam que para aprender seria necessário apenas ter a 
capacidade de memorizar e é claro disciplina. (KISHIMOTO, 2011).
Na idade média (séculos V à XV) jogos, brinquedos e brincadeiras como ‘esconde-
esconde, cavalinho de pau, jogos com bola, argolas’, entre outros permeavam o mundo 
adulto em seus festivais e comemorações que aconteciam para o divertimento das 
pessoas nos povoados, cidades e na corte, assim estreitavam os laços de amizade. O jogo 
e a brincadeira não tinham valor educativo, somente recreativo. (ARIÈS, 2006).
Mas conforme o autor assinala aconteciam ao mesmo tempo duas maneiras 
contraditórias de perceber os jogos e brincadeiras nesse período histórico: a primeira se 
refere à função de exercer a disciplina sobre os corpos, este domínio do corpo censurava 
essas atividades que traziam certa ‘liberação’ do corpo, assim essas atividades lúdicas 
eram consideradas como deflagradoras de delitos como bebedeiras e promiscuidade. 
A segunda, admitida pelo discurso social que idealizava os jogos e brincadeiras como 
atividades culturais, já que possibilitava o convívio e o intercâmbio entre as pessoas da 
sociedade, independente da classe. 
E assim crianças e adultos se envolviam no deleite dos jogos, independentemente se 
fossem jogos de azar ou para puro divertimento, pois não existia a separação entre ser 
criança e ser adulto, como já foi apontado. Sabendo que a maior fonte de renda dessa 
época provinha das terras, nas estações do ano que não havia ciclo de plantação, o 
tempo era dedicado em especial ao ócio e não ao trabalho, deste modo entre viagens e 
brincadeiras as pessoas nas diferentes sociedades passavam o seu tempo. (ARIÈS, 2006). 
A pintura de Pieter Bruegel denominada de “Jogos de Crianças” está exposta no Museu de 
História da Arte de Viena, retrata isso muito bem:
16
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
Children’s Games, Pieter Bruegel, 1560, 118 cm x 161 cm, Óleo sobre tela. Kunsthistorisches Museun, 
Viena. Fonte: SANTA ROSA, N. S. Brinquedos e Brincadeiras. São Paulo: Moderna, 2001.
FIQUE DE OLHO! 
Observe a obra de arte, e veja a quantidade retratada de jogos e brincadeiras 
do universo infantil. Faça o exercício e tente imaginar alunos nos dias de hoje no 
pátio da escola e perceba quantas brincadeiras seria possível identificar.
A sociedade medieval entendia que a criança precisava se desenvolver com rapidez, 
deveria, assim que pudesse participar do trabalho e se inserir no universo dos adultos, 
preconizavam que por volta dos sete anos de idade todos deveriam aprender um ofício, 
seja de qual classe social fossem eram inseridas em outros grupos familiares para 
aprenderem ofícios e o trabalho doméstico, e amadurecerem, quanto a isso Ariès (2006, 
p 156) afirma que “era através doserviço que o mestre transmitia a uma criança não a seu 
filho, mas ao filho de outrohomem, a bagagem de conhecimentos, a experiência prática e 
o valor humano quepudesse possuir”.
17
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
Ariès (2006) também assevera que com o surgimento do “sentimento de infância” 
entre os séculos XV e XVII, os jogos, brinquedos e brincadeiras passam a ser apenas do 
universo infantil, sendo desvinculados do caráter religioso. Comenta que o paradigma 
renascentista - antropocêntrico, teve forte influência no resgate do jogo, sendo 
gradualmente reinserido na escola e na sociedade, tirando-o da condição de pecado 
imposta anteriormente. Assim verificamos que até mesmo nas escolas religiosas como 
as da ordem Jesuíta, que foram fundadas por Inácio de Loyola inseriram aos poucos o 
jogo e a atividade física no trabalho escolar com seus alunos.
A criança a partir desse século passa da paparicação para a educação, ou seja, com 
o sentimento da infância as sociedades vão ao extremo, de um adulto em miniatura a 
criança passa a ser vista como um bibelô, cheio de vontades, são extremamente mimadas 
e acabam mal educadas. Com isso a escola recebe essas crianças para educá-las dentro 
dos padrões de rigidez, a educação em casa, com grande parte prática, passa a ser teórica 
no ambiente escolar, a família “de vigiar seus filhos mais de perto e de não abandoná-los 
mais, mesmo temporariamente, aos cuidados de uma outra família” (ARIÈS, 2006,p.159).
 Portanto as crianças dividiam o seu tempo entre estudar e brincar, como podemos 
observar em algumas das de 23 placas de xilogravuras do conjunto do ano de 1657, do 
pintor francês Jacques Stella, expostas na Biblioteca Municipal de Lyon, denominadas de 
“Les Jeux et Plaisirs de l’Enfance” (Os jogos e os prazeres da infância):
Disponível em: http://semema.com/brincadeiras-e-jogos-infantis-do-seculo-xvii/nggallery/thumbnails. 
http://semema.com/brincadeiras-e-jogos-infantis-do-seculo-xvii/nggallery/thumbnails
18
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
Disponível em: http://semema.com/brincadeiras-e-jogos-infantis-do-seculo-xvii/nggallery/thumbnails. 
Huizinga (2010), também averiguou que no século XVIII apesar de estar em plena 
‘florescência do renascimento’, aconteceu o declínio do jogo, a revolução industrial 
alavanca o processo de produção em massa, no qual todos trabalhavam, diminuindo 
assim o tempo para o lazer, o princípio do utilitarismo vigora, acarretando as mudanças 
de concepções da sociedade em relação à vida, ao lazer e bem estar, pois a fonte de renda 
agora se centrava nas fábricas, e não somente nas terras, comenta que o componente 
lúdico do jogo e da brincadeira, antes domínio dos adultos, vai se esvaindo entre as 
jornadas de trabalho, macacões e uniformes das fábricas, afirma ele que: 
Trabalho e produção passam a ser o ideal da época, e logo depois o seu 
ídolo. Toda a Europa vestiu roupa de trabalho. Assim, as dominantes 
da civilização passaram a ser a consciência social, as aspirações 
educacionais e o critério científico. [ nos dias atuais não é diferente] 
mesmo onde ele parece ainda estar presente trata-se de um falso jogo, 
de modo tal que se torna cada vez mais difícil dizer onde acaba o jogo 
e começa o não-jogo. (HUIZINGA, 2010, p. 212-229).
O sujeito, em todos os ciclos de vida, busca descobrir o mundo, ter novas experiências 
e vivências através das trocas pelos contatos que estabelece com seus semelhantes e 
com o meio em que vive a este processo chamamos de Educação. Ela não existe por si 
só, é uma ação conjunta entre pessoas que colaboram, comunicam-se e compartilham 
diferente saberes.
http://semema.com/brincadeiras-e-jogos-infantis-do-seculo-xvii/nggallery/thumbnails
19
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
A presença do jogo no processo pedagógico da escola, como um recurso a ser utilizado, 
está inscrita nas ações do cotidiano escolar desde a idade moderna. A recreação é um 
desses recursos, e a sua utilização como tempo para o descanso e relaxamento leva o jogo a 
assumir a concepção utilitarista, ou seja, como momento no tempo escolar que não se faz 
educação, mas sim o repouso para daí vir o trabalho sério em sala de aula. Assim reduzido, 
o caráter do jogo e da brincadeira torna-se individualista, afasta mais do que une. Por muito 
tempo esta concepção perpassou a sociedade, e influenciou a cultura lúdica da criança, 
marcada pela oposição entre o brincar e a seriedade. (BROUGÈRE, 2010).
Na concepção moderna, o jogo é definido como um suporte para envolver e seduzir a 
criança, esta será enganada/ludibriada, como afirma Erasmo (apud BROUGÈRE, 2010, p. 
55.) ao referir-se ao jogo:
Esta maneira doce de transmitir as informações às crianças fará com 
que se assemelham a um jogo e não a um trabalho, pois nessa idade, 
é necessário enganá-las com chamarizes sedutores, já que ainda não 
podem compreender todo o fruto, todo o prestígio, todo o prazer que 
os estudos devem lhes proporcionar no futuro.
A estreita ligaçãodo jogo com a criança e com a infância, é que leva o professor a 
se interessar por ele, a criança será considerada, nesta concepção, pelo o que ela é, um 
jogador. O trabalho em sala de aula poderá ter semelhanças ao jogo, mas não será um 
jogo, pois lhe faltará o componente principal que é a possibilidade imaginativa da criança. 
Esse fato irá reforçar o papel do professor de excluir a imaginação do cotidiano no espaço 
escolar, pois o paradigma vigente considerava que, quando o jogo é levado a sério pela 
criança sem o controle do adulto poderia acarretar na indução desta aos jogos de azar 
(por dinheiro), tornando-se um risco para o futuro desta criança. 
Essas colocações remetem a pensar que o brincar não é educativo e pedagógico em si 
mesmo, mas sim, próprio da natureza infantil sendo utilizado como um instrumento para 
melhorar ou aperfeiçoar a técnica pedagógica do professor. Este paradigma, no qual está 
posto o jogo e a educação ou a relação entre eles, mostra duas possibilidades, a recreação 
e o artifício pedagógico, marcando o lugar do jogo como algo fútil, visto que a educação 
tinha como função primordial a preparação do Homem que ativamente produz aquele 
que transforma o mundo para conhecê-lo, não sendo aqui considerado, nem levado em 
conta os interesses da criança, a pedagogia era a da vigilância, educar era romper com o 
mundo e com as manifestações espontâneas da infância. 
A visão que se tinha da criança ‘de um adulto em miniatura’, que apresentava 
fragilidade, alguém que pode ser moldado, como afirma Ariès, (2006) era tida como um 
20
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
anjo, tanto que o exercício de miniaturização, de tudo que a criança terá contato foi a 
base para desenvolvimento de uma nova forma de perceber a infância.
Este contexto da educação, permeado pela razão instrumental, só desvaloriza a criança, 
no qual a visão de infância do ser humano, como primeiros anos de sua vida, era terrível 
e dolorosa, devido à demonstração de ‘fragilidade’ deste período. É nesta oposição que 
se encontra marcada a dualidade entre o corpo e o espírito. Assim caberia ao professor 
considerar a criança como um problema a resolver, ou seja, aquietar, domesticarocorpo 
para assim ensinar o espírito, Descartes (apud BROUGÈRE, 2010, p 60) aponta que:
[...] como fomos crianças antes de sermos adultos, e julgamos 
ora bem, ora mal coisas que se apresentaram a nossos sentidos, 
vários julgamentos assim precipitados nos impedem de chegar ao 
conhecimento da verdade.
Com o início do século XVIII, esta concepção começa a mudar. A criança passa a 
ser vista, com os olhos do mito do bom selvagem, conforme Snyders (apud BROUGÈRE, 
2010) nos fala que o selvagem e a criança se igualam devido a sua simplicidade, agem 
muitas vezes por instinto, são pueris, possuem a espontaneidade nata, que não foi ainda 
reformada pela civilização, por isso que nos lembramos de nossa infância com carinho.
Segundo Kishimoto (2011) neste século (XVIII) acontece o desenvolvimento científico 
em todas as áreas, assim os jogos e brincadeiras que a sociedade dispunha até então, 
também passam por processos de mudanças em sua estrutura, sendo inovados para que se 
aproximem desse novo tempo, tornam-se populares e ao alcance de todas as classes sociais. 
Ariès (2006) explica que a inquietação que existia na sociedade da modernidade em 
relação às crianças acarretou em certa aflição em torno da educação das mesmas. Os 
historiadores têm registrado que o entendimento do processo educativo do fim do século 
XVIII e começo do século XIX incluía em suas muitas preocupações a preparação do 
sujeito infantil para a vida adulta, utilizando-se da rigidez, da disciplina em constante 
supervisão, que por sua vez era obtida prontamente nas instituições de ensino, já que 
seria feita ao mesmo tempo em grupo. Os jogos e as brincadeiras entravam como uma 
possibilidade de adestrar os corpos das crianças, gastando as energias, que quando em 
excesso poderiam ser utilizadas em atitudes inapropriadas.
Com estas mudanças, e a retomada do Homem em seu estado natural leva a educação 
tomar outros rumos, iniciando a revolução romântica, considerando em parte a criança 
ao referendar como positiva a natureza infantil, permitindo que esta despertasse. Como 
um dos principais teóricos está Jean Jacques Rousseau, que por sua vez influenciou outros 
educadores como Pestalozzi, Herbart e Fröbel.
21
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
No Romantismo as ideias de Rousseau (apud, KISHIMOTO, 2011) em especial as 
registradas em sua obra Émile ou De l’Education” determinam o modelo da criança 
moderna, aquela que seria educada, imprimindo um novo entendimento de infância. 
Esta obra possui em detalhes todas as ações de disciplina e normas a serem realizadas 
com a criança na escola para cada faixa etária, são registradas observando a criança 
e suas necessidades, estabelece dentro da rotina de conteúdos um momento para o 
movimento, no qual a criança poderia brincar e se exercitar. Para este estudioso os jogos 
e brincadeiras tinham o seu valor para a aprendizagem e a educação, portanto deveriam 
ser utilizados, pois a sensação de liberdade que eles proporcionam para a criança era 
uma possibilidade para aprender.
Ariès (2006), Brougère (2010) e Kishimoto (2011) apontam que este período ajudou em 
muito a reinserção dos jogos e brincadeiras na escola como uma possibilidade de aprender, 
pois auxiliavam a educação espírito e do corpo, surgem assim os jogos educativos. No 
final do século XVIII, na Revolução Industrial, constitui-se o embasamento dos preceitos 
da sociedade da era da indústria, e com eles a burguesia. O brincar era domínio de todas 
as classes sociais, as crianças e o povo em geral se divertiam. Importante ressaltar que 
diferente dos tempos históricos anteriores as crianças na idade moderna, tem vidas 
separadas dos adultos, portanto existem ‘coisas de crianças’ e ‘coisas de adultos’, isso 
acontece com o universo de jogos e brincadeiras, alguns permaneceram para as crianças 
outros foram adaptados, pensando na preservação e integridade do sujeito infantil. 
Huizinga (2010) e Ariès (2006) concordam que a sociedade industrial implantou 
a fragmentação do tempo das pessoas em trabalho, estudo e jogo, não na mesma 
proporção, pois, a valorização demasiada do trabalho, colocou em segundo plano as 
demais atividades de igual significação para o desenvolvimento das pessoas. 
Com o advento da contemporaneidade existe um consenso que tanto os jogos quanto 
as brincadeiras e seus brinquedos auxiliam no processo de aprender, mesmo quando 
a criança estiver brincando livremente, pois essa ação dirigida ou não possibilita a 
exploração e a imaginação. Mesmo os brinquedos, como objetos por si só não fazem o 
processo educativo, quem faz é a criança com sua imaginação, a partir da sua interação 
com estes objetos, desencadeia o processo criativo. (KISHIMOTO, 2011).
Para tanto as diferentes áreas do saber se utilizam dos jogos e das brincadeiras como 
uma das possibilidades para aprender, considerando que as crianças se encontram em 
diferentes contextos educacionais, sejam na Educação Infantil ou no Ensino fundamental, 
as crianças precisam de espaços para brincar nas escolas. Brougère (2010) se posiciona 
favorável ao jogo utilizado no processo educativo, esta aliança é válida desde que se 
respeitem as particularidades dos jogos e brincadeiras, a natureza espontânea do brincar 
infantil. 
22
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
SUGESTÃO!
Lembrem-se quem lê amplia O seu conhecimento sobre os assuntos, assim a 
dica de leitura é!
O livro “O brincar e suas teorias” de Tizuco Morchida Kishimoto, da editora Cengage Learning.
1.2 O BRINCAR DAS CRIANÇAS NO BRASIL
Os registros históricos sobre o brincar no Brasil, também estão vinculados com o 
aprender, nos anos iniciais do processo de colonização, com a chegada dos Jesuítas em 
1549, liderados pelo Padre Manoel da Nóbrega, 6 religiosos e comisso a organização da 
doutrinação das crianças pelo Irmão Vicente, e ao mesmo tempo ensinar a leitura e a 
escrita, e para isso, em certas ocasiões recorriam as brincadeiras. E a partir desse momento 
foram organizando colégios por todo o país para educar moços na escrita, na leitura e nos 
valores. A Companhia de Jesus se utilizava da Ratio Studiorum (aprovado em 1599) como 
documento orientador das ações pedagógicas dos Jesuítas em todo o território brasileiro, 
nele estavam as condutas que seriam seguidas pelos professores quanto aos conteúdos 
para ensinar, a disciplina e com isso as penalidades e sanções. (DEL PRIORI, 2010).
SÓ PARA LEMBRAR!
Com o tempo a Companhia de Jesus propõe a Ratio 
Studiorum (Ordem dos Estudos), plano de estudos 
escrito por Inácio de Loyola que articulava um curso básico de 
humanidades com um curso de filosofia, seguido por um curso de 
teologia. Deixando para a família o ensino das primeiras letras. As-
sim surgiram os preceptores que ensinavam as crianças pequenas a 
ler, escrever, e calcular.
 Fundaram muitos colégios religiosos, pois acreditavam que 
deveriam manter uma boa relação entre o “Dono das Terras e o Dono das Almas.” 
Disponível em: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/fontes_escritas/1_Jesuitico/
ratio%20studiorum.htm
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/fontes_escritas/1_Jesuitico/ratio studiorum.htm
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/fontes_escritas/1_Jesuitico/ratio studiorum.htm
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/fontes_escritas/1_Jesuitico/ratio studiorum.htm
23
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
O cotidiano vivido pelas crianças indígenas era perpassado pelas brincadeiras, com 
música, dramatizações e danças, para aproximar-se dos pequenos os Jesuítas se uti-
lizaram desses como artifícios para a doutrinação cristã, como afirma a autora “Nos 
ensinamentos era predominante o ensino de cantar e tocar instrumentos como forma 
de aprender a doutrina e os bons costumes para atrair as crianças com seus cantares” 
(DEL PRIORE, 2010, p. 63), assim implantavam a rotina jesuítica para as crianças, que 
tinham seus tempos regidos pelos padres com horário para estudar, para as tarefas e 
para brincar. 
 O lúdico era marcante na cultura indígena, e os padres se utilizam desse elemento 
como forma de aproximação, para que acontecesse a doutrinação, mas apesar da rotina 
rígida que tinham as crianças sempre encontravam tempo para brincar como queriam, 
com seus brinquedos em miniatura: “[...] arcos e flechas” ou com “instrumentos para a 
pesca”, o “jogo do beliscão”, [...] o “jogo do peia-queimada”, além de “ritmos, cantos e 
mímicas” feito de trechos declamados, “piões”, “papagaios de papel”, “animais”, “gente e 
mobiliários” (DEL PRIORE, 2010, p. 98) estes brinquedos eram feitos em materiais como 
pano, madeira ou barro. 
Kishimoto (2012) comenta que os lusitanos, tinham experiência na colonização, 
considerando suas ‘conquistas’ na África e na índia, aos poucos foram se miscigenando, 
com a união entre homens brancos portugueses e mulheres indígenas e negras, foi-se 
compondo a nação brasileira, e isso continuou ao longo da história com a imigração dos 
alemães, italianos, e tantos outros que buscaram no Brasil um ‘novo começo’, logo após 
a abolição da escravatura. Com essa mistura é difícil de precisar em períodos anteriores 
ao século XIX, os jogos e brincadeiras infantis, já que elementos de todas essas culturas 
foram se fundindo em uma só, mesmo sabendo que objetos do universo do brincar 
que encontramos em diferentes culturas, sendo utilizados por todas as crianças, 
independentemente de sua raça, sexo, ou classe social, afirma a autora: 
[objetos] como as bolas, as pequenas armas para simular caçadas e 
pescarias, ossos imitando animais, danças de roda, criação de animais 
e aves, insetos amarrados obrigados a locomover-se, corridas, lutas 
de corpo, saltos de altura, distância, e outros, os quais parecem estar 
presentes desde tempos imemoriais em todos os países. (KISHIMOTO, 
2012, p. 28).
Pela tradição oral, as crianças que chegavam dividiam as brincadeiras que conheciam 
com as demais, influenciando o brincar das crianças que aqui viviam, assim como as 
histórias tradicionais nos outros países, que contadas por adultos que trabalhavam no 
24
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
cuidado da casa ou das crianças brasileiras, a partir de contos e lendas, pequenas canções, 
foram sendo moldadas, a nova realidade, a influencia africana, indígena e europeia são 
marcantes na cultura do Brasil, como por exemplo no Brasil colônia e império, os animais 
entalhados em madeira ou barro dos indígenas ou então a boneca de pano dos africanos 
para seus filhos. Os folguedos populares se misturam, se multiplicam, e mantem-se até 
os dias de hoje como: 
São João, Natal, Páscoa, [...] mesclando fogueira de São João, pau de 
sebo, as festas do sairé, o cateretê, a dança da Santa Cruz, o cururu, 
festas regionais que se conservam até hoje. A língua é enriquecida por 
palavras do tupi: arapuca, pereba, embatucar, tabaréu, pipoca, teteia, 
caipira [...] em vez de papão surgem o boitatá, os negros velhos, a 
cuca, as almas penadas, a mula sem cabeça, o saci Pererê, o caipora, o 
bicho papão, o zumbi, o papa figo, o lobisomem e outras tantas lendas, 
histórias das diferentes regiões do país. (DEL PRIORE, 2010, p. 242-249).
Vários registros pictográficos são encontrados de crianças brancas brincando com 
seus brinquedos, utilizando-se do imaginário, onde galhos de árvores se transformam 
em cavalos, chapéus de papel em chapéus de soldados, panos em bandeiras, e possíveis 
cornetas, brincadeiras, nas quais o sinhozinho comandava seus escravos para uma guerra 
imaginária:
“Meninos brincando de soldados ou O primeiro ímpeto da virtude Guerreira”. Obras de Jean-Baptiste 
Debret, aquarela sobre papel, obra do museu da Chácara do Céu, RJ, 1827. Fonte: SANTA ROSA, N. S. 
Brinquedos e Brincadeiras. São Paulo: Moderna, 2001.
25
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
VOCÊ SABIA!! 
No Brasil, na sociedade escravocra-
ta, os negros eram tidos como proprie-
dades serviam para além do trabalho, entre outras 
coisas, muitos eram utilizados como brinquedos, 
como podemos observar na imagem ao lado em que 
a Babá negra está cuidando de uma criança branca, 
a babá está sendo o cavalinho da criança, cenas 
comuns no século XIX. Disponível em: http://profean-
dersonhistoria.blogspot.com.br/2013/11/as-desigual-
dades-sociais-brasileira-do.htm
Apesar de que no período imperial sobrava pouco tempo para as brincadeiras, na 
elite a rotina infantil era extenuante, sendo inspiradas no mundo adulto, entre estudos 
e aulas de piano, as crianças apreciavam a criação de aves de pequeno porte em gaiolas; 
sempre acompanhados por suas mães, alguns brinquedos industrializados vindos da 
Europa, serviam mais como enfeite do que brinquedo. Reproduziam o mundo adulto em 
suas brincadeiras em especial com os ‘negrinhos’, muitas vezes com a mesma violência, 
reforçando o lugar do branco na sociedade como senhor do engenho. (DEL PRIORE, 2010).
Freyre, (2006, p.113), afirma que as crianças escravas, “seu companheiro de brinquedos 
e expressivamente chamado ‘leva-pancadas‘, o escravo púbere escolhido para 
companheiro do menino aristocrata: espécie de vítima, ao mesmo tempo camarada de 
brinquedos” dominavam os pátios da casa grande, e entre as meninas predominavam as 
bonecas de louça simulavam os costumes dominantes, estes brinquedos eram ocupados 
somente dentro de casa, raramente saiam, mas quando isso acontecia, as bonecas de 
pano que eram utilizadas para brincar nos pátios. 
Nessa época devido à condição precária da saúde pública, sem um programa de 
vacinação, a falta de higiene, a proliferação de insetos, do limitado conhecimento sobre 
doenças contagiosas e das péssimas condições de higiene as pessoas adoeciam com 
facilidade, ao que Del Priori (2010), afirma que já existiam algumas orientações médicas 
registradasnos anos finais do século XVIII, nas quais orientavam que as crianças 
deveriam ser amamentadas para que tivessem um desenvolvimento saudável, a atividade 
física realizada ao ar livre, portanto as crianças deveriam brincar, e cuidados básicos de 
http://profeandersonhistoria.blogspot.com.br/2013/11/as-desigualdades-sociais-brasileira-do.htm
http://profeandersonhistoria.blogspot.com.br/2013/11/as-desigualdades-sociais-brasileira-do.htm
http://profeandersonhistoria.blogspot.com.br/2013/11/as-desigualdades-sociais-brasileira-do.htm
http://3.bp.blogspot.com/-VBaqqPzgH_o/UoopEgrl_OI/AAAAAAAAAME/aAyuU0amCw4/s1600/Henschel+bab%C3%A1+e+menino+branco.jpg
26
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
higiene, estas orientações perpassaram todo o século XIX.
Com o início dos Jardins de infância no Brasil em 1875, com a concepção de 
Froebel, abrem-se muitas possibilidades da utilização dos jogos e brincadeiras para o 
desenvolvimento das crianças, considerando que toda a teoria pedagógica Froebeliana 
centrava-se nisso.
VOCÊ SABIA!!
Colégio Menezes Vieira (1875-1887) foi o primeiro em solo brasileiro a oferecer o Jardim de 
infância, no ano de 1875, tendo como suporte a filosofia do pedagogo Froebel, localizava-se no 
Centro da cidade do Rio de Janeiro, na Rua dos Inválidos, 26 (foto). Disponível em: http://bioli-
cenciatura2016.blogspot.com.br/2013/07/o-primeiro-jardim-de-infancia-no-brasil.html
Os jogos e as brincadeiras se modificam, à medida que as crianças vão crescendo, assim 
como as sociedades vão mudando, e se adaptando, mas são tidos como a manifestação de um 
povo, Kishimoto (2012), nos assinala que a história do brincar e da criança caminham juntas, 
pois as brincadeiras perpassam as diferentes gerações, marcando cada uma. Com a virada 
do século, no então século XX, em suas primeiras décadas as crianças conservaram a rotina, 
entre estudos e brincar em todas as camadas sociais, independente da condição financeira, 
pois esse grupo em especial se relacionava com todos que tivessem os mesmos interesses. 
As brincadeiras e jogos segundo Kishimoto (2012) estavam nas ações cotidianas de 
diferentes grupos infantis, as crianças de poder aquisitivo maior, brincavam em grupos 
http://biolicenciatura2016.blogspot.com.br/2013/07/o-primeiro-jardim-de-infancia-no-brasil.html
http://biolicenciatura2016.blogspot.com.br/2013/07/o-primeiro-jardim-de-infancia-no-brasil.html
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JOGOS E 
BRINCADEIRAS
nos quintais das casas com brinquedos industrializados ou artesanais, as meninas não 
tinham autorização de brincarem na rua, já nas classes menos abastadas as crianças 
brincavam na rua, e seus brinquedos eram confeccionados por eles mesmos, com 
materiais obtidos na natureza. 
Os filhos das classes operárias e imigrantes brincavam livremente nas ruas da cidade, 
como um dos espaços de convivência entre os moradores, através dos jogos e brincadeiras, 
nas atividades de descanso, “Esconde-esconde, acusado, pula-sela, jogo de bola na mão, 
bolinhas de gude, futebol, varinha-tangendo-rodas, pipas, cantigas de roda, bonecas” 
(KISHIMOTO, 2011, p. 81) e tantas outras que ainda preenchem o universo infantil.
Florestan Fernandes (2004, p. 207), em sua pesquisa sobre o brincar entre os anos 
de 1940 e 1950, já observava que as trocinhas formadas por meninas “agrupam-se por 
habilidades femininas, brincando de ‘mamãe’, de fazer ‘comidinhas’, fazem ‘roupinhas’ 
para bonecas [...]” este autor explica que trocinhas são grupos de crianças, uma espécie 
de sociedade infantil organizada, nas quais os sujeitos contribuem cada qual com um 
papel, nela existe a rivalidade pela qual eles concorrem e debatem entre si, na tentativa 
de resolver as situações da tanto da coletividade quanto pessoais.
O brincar acontecia conforme a rotina da classe social das crianças, a rua era um 
local seguro, no qual as relações entre elas aconteciam, bem como o espaço utilizado 
para a sociedade nas festas. Com as muitas atividades que aconteciam nas ruas e praças, 
diferentes tipos e personagens que transitavam, as crianças aprendiam nesses espaços 
públicos, através de suas trocas. Apesar de toda essa agitação, de um país em pleno 
desenvolvimento, a vida se mantinha em um ritmo tranquilo, com tempos e espaços para 
o lazer, em especial para as brincadeiras tradicionais. 
O brincar esteva vinculado às crianças e sua possível ação educativa, no século XX, não 
seria diferente, a possibilidade de aprender brincando tanto nos espaços escolares como 
não escolares estava presente. No início do século XX nas escolas religiosas ou criadas por 
pessoas da sociedade, muitas vezes com a intenção de realizarem filantropia, para cuidar 
dos desfavorecidos e abandonados, como afirma Kishimoto (2012), p. 88) estes espaços 
denominados de asilos eram “dotados de grandes e tristes dormitórios, refeitórios frios, 
pátio cercados de altos paredões que isolam os internados do resto do mundo” neles devido 
ao caráter assistencial reduziu em muito o espaço dos jogos e das brincadeiras. 
Com o início dos Jardins de Infância no Brasil, no final do século XIX, estes foram 
se expandindo, apesar de lentamente, no século XX, mas infelizmente foram elitizados, 
deixando de receber as crianças das classes mais pobres, estas deveriam frequentar as 
creches ou maternais em tempo integral, pois ali receberiam o atendimento de assistência, 
e a pedagogia do jogo não lhes pertencia, mesmo que no período da República, em que se 
observava um movimento político que valorizava a educação.
28
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
Com o tempo as brincadeiras e os jogos foram aproveitados nas aulas das crianças 
pequenas, utilizando-se dos jogos simbólicos, de imitação, de casinha para as meninas 
e para os meninos centravam-se em montar estradas, carros, bolas, aviões, tudo que 
possibilitava o espírito aventureiro. As atividades recreativas que as crianças realizavam 
com liberdade nos parques e nas ruas, aos poucos são incorporadas na escola, mais 
precisamente a partir da década de 30, orientadas pelos professores de Educação Física. 
Portanto entre as teorias pedagógicas, se misturavam as brincadeiras e jogos, Kishimoto 
(2012 p.115) registra que além do material específico do método, mobiliário de tamanho 
apropriado para brincar de casinha, bonecos, velocípedes, balcões para brincar de 
vendinha, talheres e pratos para as refeições, materiais de música e outros. Assim, criavam 
em conjunto atividades lúdicas, organizavam jogos, competições, faziam teatro com seus 
textos inventados e os menores eram protegidos pelos maiores, num faz de conta muito 
próximo da vida real. Dessa forma, desenvolviam a sociabilidade em ambiente quanto 
possível ao ar livre, através de exercícios para o desenvolvimento.
Milton Dacosta (1942, apud SANTA ROSA, 2001) em sua obra de arte, representou um 
desses momentos de liberdade. Um grupo de meninas brincando de roda, utilizando-se 
dos espaços públicos para seu lazer e divertimento, momentos de socialização:
Obra de Milton Dacosta, intitulada ‘Roda’, 1942, óleo sobre tela, coleção Gilberto Chateaobriand, Mu-
seu de Arte Moderna Rio de Janeiro. Fonte: SANTA ROSA, N. S. Brinquedos e Brincadeiras. São Paulo: 
Moderna, 2001
29
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
As brincadeiras tradicionais continuam nas escolas nos dias de hoje, mesmo que em 
projetos pedagógicos ocasionais ou por estímulo dos educadores, considerando que o 
brincar é natural na criança, com a espontaneidade presente na infância, são estimuladas 
e voltadas para o aprendizado. As brincadeiras tradicionais estão presentes nos ambientes 
escolares, observamos isso nos recreios, onde os alunos organizam-se para brincar. 
As brincadeiras escolares estão relacionadas com os conteúdos escolares, assim são 
tematizadas tanto pelos professores quanto pelos alunos, em que “os materiais para 
brincar, as oportunidades para interações sociais e o tempo disponível são todos fatores 
que dependem basicamente do currículo proposto pela escola.”(KISHIMOTO, 2011, p. 
44). Nos séculos XX e início do XXI, podemos observar que várias linhas pedagógicas 
tiveram influência no brincar infantil com olhar educativo, mas percebemos também 
que as crianças vão adaptando o seu brincar, mesmo quando ele é dirigido, sempre 
encontra uma forma de romper com o que está posto.
SUGESTÃO DE FILME
Assista ao documentário “Território do brincar” lançado em 2015.
Entre os anos de 2012 e 2013 Renata Meirelles e David Reeks, com os seus 
filhos, viajaram pelo país, passando por diversas comunidades (rurais, indígenas, quilombolas) 
do sertão ao litoral brasileiro, apresentam nosso país pelos olhos das crianças, como está re-
gistrado na página do projeto: “Em cada encontro surgiam intensas trocas e diálogos, por meio 
de gestos, expressões e saberes que foram cuidadosamente registrados em filmes, fotos, textos 
e áudios. Um intercâmbio onde pesquisadores e crianças se encontraram no fazer e no brincar, 
sempre aprendendo um com o outro. Este intenso trabalho de pesquisa foi sistematizado, dando 
origem a diversas produções culturais: um filme de longa metragem, dois livros e duas séries 
infantis para TV, filmes de curta metragem, artigos,  além de uma exposiçãoitinerante que, entre 
2014 e 2015, percorreu o Brasil para levar um pouquinho do Território do Brincar para escolas, 
festivais, praças, etc.” (http://territoriodobrincar.com.br/o-projeto/). 
Para saber mais acesse a página do projeto por este link e veja!
http://territoriodobrincar.com.br/o-projeto/
30
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
1.3 O QUE SIGNIFICAM O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA? 
Agora que já tivemos um pouco da história do brincar da criança no mundo e no Brasil, 
precisamos ter claras as definições de jogo, brincadeira e brinquedo. Quando brincam as 
crianças ampliam o conhecimento sobre si mesmas, convivem com os amigos, utilizando-
se das diferentes formas de expressão, descobrem outros elementos e maneiras de brincar, 
refazem o seu pensamento, e comunicam-se com o mundo em que vivem, ou seja elas 
aprendem! Silva e Gonçalves (2010) comentam que já faz tempo que a temática dos jogos 
e brincadeiras tem sido estudada por várias áreas do conhecimento como a Pedagogia, 
Educação Física, a Filosofia, a Psicologia, entre outras. 
Conforme aponta Kishimoto (2011, p. 17) “Uma mesma conduta no brincar pode ser 
jogo ou não jogo em diferentes culturas, dependendo do significado a ela atribuído.” 
Existem muitas definições tanto para um quanto para outro, assim faremos algumas 
opções por autores que os aproximam da aprendizagem. O jogo, brinquedo, brincadeira, 
permeados pela ludicidade, nos diferentes grupos sociais tem tido a mesma significação, 
ou seja, são empregados para traduzirem o universo da distração e lazer. 
SUGESTÃO!
A dica é: de realizar 
um passeio, mesmo que 
virtual no museu do brincar que fica 
na cidade de Vagos em Portugal:
Acesse o site:
http://www.museudobrincar.
com/ e pegue carona nesse registro 
histórico e cultural da Humanidade! 
Aproveite!
http://www.museudobrincar.com/
http://www.museudobrincar.com/
31
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
1.3.1 Jogo
O jogo infantil não pode ser considerado na mesma acepção do jogo adulto. Os adultos 
quando jogam se afastam da realidade em que vivem, mas a criança, em suas brincadeiras 
e jogos, amadurece e prospera em direção às novas fases para conhecer e adaptar-se ao 
mundo que convive. (TEIXEIRA, 2010).
Huizinga (2010) assinala que a ludicidade é uma das principais características da 
espécie humana, em vista disso, este autor propôs inclusive que depois do homo sapiens 
e do homo faber, fôssemos chamados de homo ludens. Destaca que o jogo é fator cultural, 
que não remete apenas a espécie humana, e transcende o fator biológico, desde os animais 
em suas brincadeiras, em que se simulam brigar, e existem regras para não extrapolar a 
brincadeira, podemos verificar que essa interação se dá em todas as espécies. Afirma o 
autor que
A existência do jogo não está ligada a qualquer grau determinado de 
civilização ou a qualquer concepção do universo [...] é uma atividade 
ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados 
limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, 
mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, 
acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma 
consciência de ser diferente da vida cotidiana. (HUIZINGA, 2008, p. 32- 
33).
Brougère (2010) percebe o jogo infantil como se fosse um evento social, pois considera 
que antes mesmo de nascer à criança já está inserida em um grupo social, que terá 
influência em suas escolhas, costumes e comportamentos, considerando a cultura desse 
grupo. 
FIQUE DE OLHO! 
Um dos primeiros jogos de tabuleiro, que se encontram registros é o “Senet”, um 
jogo egípcio, segundo matéria publicada por Anna Anjos na revista eletrônica OBVIUS, 
“Os primeiros jogos teriam surgido há cerca de 5.000 anos a.C., em regiões da Mesopotâmia e 
Egito. Tanto o Senet quanto o Jogo Real de Ur (os mais antigos jogos de tabuleiros) eram cha-
32
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
mados de “jogo de passagem da alma”. Os jogos eram itens indispensáveis após a morte, pois 
os povos daquele período acreditavam que o ato de jogar poderia ser uma forma de diversão 
eterna. Assim, segundo a tradição mesopotâmica, os jogos pertencentes aos falecidos eram 
enterrados juntamente com seus bens pessoais, salvando-lhes do tédio infinito.”
Jogo SENET
Rainha Nefertari ou Nefertite e o jogo SENET, registrados em sua tumba.
Podemos afirmar que este foi um dos primeiros jogos com regras que se tem registro. Para 
saciar sua curiosidade sugiro que acesse o site: http://www.jogos.antigos.nom.br/senat.asp 
nele encontrará as regras do jogo e outras informações relevantes.
ANJOS, A. Os primeiros Jogos de Tabuleiro da História. OBVIUS © . Acesso 02 Dez. 2016. Dispo-
nível em: http://lounge.obviousmag.org/anna_anjos/2013/01/a-origem-dos-jogos-de-tabuleiro.
html#ixzz4Rm61FXmR 
http://www.jogos.antigos.nom.br/senat.asp
http://lounge.obviousmag.org/anna_anjos/2013/01/a-origem-dos-jogos-de-tabuleiro.html#ixzz4Rm61FXmR
http://lounge.obviousmag.org/anna_anjos/2013/01/a-origem-dos-jogos-de-tabuleiro.html#ixzz4Rm61FXmR
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JOGOS E 
BRINCADEIRAS
A palavra jogo remete imediatamente ao leitor a um conjunto de regras, ou seja, 
uma composição formal e organizada de determinada modalidade, o que permite a 
diferenciação de cada um deles em diferentes sociedades. Kishimoto, (2011, p. 17) aponta 
que no Brasil estes termos 
jogo, brinquedo e brincadeira ainda são empregados de forma 
indistinta, demonstrando um nível baixo de conceituação deste campo. 
Enfim, cada contexto social constrói uma imagem de jogo conforme 
seus valores e modo de vida, que se expressa por meio da linguagem. 
[...] Diferindo do jogo, o brinquedo supõe uma relação íntima com a 
criança e uma indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de 
um sistema de regras que organizam sua utilização.
Kishimoto (2011) ainda assinala que o jogo pode ser percebido em três níveis distintos: 
pode ser aceito como decorrência da sociedade e seu sistema linguístico; ou como um 
grupo de regras organizadas; ou até mesmo como um objeto.
No que diz respeito ao primeiro nível, afirma que existem na organização de diferentes 
grupos sociais uma linguagem própria, que determina a situação do jogo, que usados 
rotineiramente possibilitam diferentes interpretações permeadas pela cultura local, ou 
regional, possibilita uma inserção do jogo nos valores, religiosidade, padrões morais, ou 
seja, as formas de viver das pessoas dessa sociedade. 
No segundo nível, como se refere às regras do jogo, possibilita a identificação de como 
está composto esse jogo, sua formação e disposição, o é permitido ou não realizar, assim 
diferenciam um jogo do outro. São as regras do jogo que o distinguem dos demais, por 
exemplo, o jogo de damas, o xadrez ou a trilha, todos são de tabuleiro, mas possuemregras diferentes, por mais que os tabuleiros se pareçam, até mesmo se igualem não 
são o mesmo, pois “As regras permitem diferenciar cada jogo, permitindo superposição 
com a situação lúdica, ou seja, quando alguém joga, está executando as regras do jogo 
e, ao mesmo tempo, desenvolvendo uma atividade lúdica.” (KISHIMOTO, 2011, p.18). 
Podemos citar como exemplo o jogo de Damas e o Xadrez, diferenciamos um do outro 
apesar de possuírem características semelhantes, o tabuleiro é o mesmo o que mudam 
são os formatos das peças e as regras do jogo.
O terceiro nível, que trata do artefato o jogo, o jogo de damas, por exemplo, quando 
pensamos nele logo imaginamos um tabuleiro com 64 casas intercaladas com cores 
claras e escuras, 24 peças redondas e achatadas sendo 12 brancas e 12 pretas, e dois 
jogadores envolvidos. Ou seja, percebemos o que está convencionado pela tradição que 
o jogo possui, sua estrutura e os objetos físicos que o compõe, não pensamos logo nas 
34
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
estratégias que usamos para jogá-lo, mas sim na sua apresentação, como observamos na 
figura:
Jogo de damas. Disponível em:
http://www.xadrezgigante.com.br/?product=jogo-de-damas
Já Fernandes (1997) comenta que é através das tentativas que realiza no momento de 
jogar, brincar e recrear-se que o sujeito infantil irá se organizar para a vida, neles ela se 
desenvolve e se adapta a sociedade, aprende a colaborar, respeitar as regras, a disputar 
com seus iguais, para atuar nessa sociedade em que vive, respeitando as normas e 
condutas. Portanto para estes autores que abordam o jogo, este vocábulo já implica 
nas regras, ainda que simples e próprias do jogo ou refeitas pelas crianças, elas estarão 
definindo o jogo.
1.3.2 Brincadeira
A definição do termo brincadeira, não é fácil, uma vez que o seu conceito se dá a 
partir da subjetividade de cada um, assim podemos compreendê-la de forma diferente 
das outras pessoas. Prefiro ponderar o tempo para a brincadeira como um momento em 
nossa história, uma criação na qual nos envolvemos com o meio em que vivemos, pois 
a partir dessa implicação que concretizamos as trocas sociais e portanto aprendemos. 
As brincadeiras possibilitam o bem estar, o prazer de brincar possibilita à criança novas 
descobertas, torna-a inventiva e crítica, construindo sua identidade e subjetividade. O 
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwjei_W88dLQAhXDGJAKHV_EAi0QjRwIBw&url=http://www.xadrezgigante.com.br/?product=jogo-de-damas&bvm=bv.139782543,d.Y2I&psig=AFQjCNGgCj3lwiTimRPNOPqguuNQSvsYSg&ust=1480677973760976
http://www.xadrezgigante.com.br/?product=jogo-de-damas
35
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
autor Brougère (2010, p. 32), assinala que:
A brincadeira é um processo de relações interindividuais, portanto, de 
cultura. É preciso partir dos elementos que ela vai encontrar em seu 
ambiente imediato, em parte estruturado por seu meio, para adaptar 
as suas capacidades. A brincadeira pressupõe uma aprendizagem 
social. Aprende-se a brincar.
As crianças experimentam pelas brincadeiras diferentes situações, usam sua 
criatividade com imaginação, utilizando-se de objetos ou não para tal, elas concebem 
a imaginação que será materializada na ação de brincar, partilham as vivências e 
experiências individuais ou em grupos, conseguem assim transpor o imaginário para 
a lógica do real. Kishimoto, (2011), comenta que a brincadeira é um ato que os sujeitos 
infantis realizam quando materializam as ‘normas’ do jogo, para isso se envolvem na 
ludicidade, tão presente nessa etapa de vida, ou seja, a ludicidade torna-se a ação da 
brincadeira.
Muitas brincadeiras são consideradas produções culturais da humanidade, pois 
resistiram ao tempo, mesmo em período das guerras as crianças não deixaram de 
brincar, sendo elas passadas pela tradição oral, e também registradas em obras de 
diferentes artistas em diferentes tempos históricos, pintadas em tela como por exemplo 
as brincadeiras da “Cabra-cega”, de roda, peão, entre outras.
VOCÊ SABIA!!
Francisco de Goya, La gallina ciegaÓleo sobre lienzo, 41 x 44 cm. (1788, Museu do Prado, Madrid).
http://3.bp.blogspot.com/-kL63LKUeGJI/TV2ThIWTKKI/AAAAAAAAEw4/PO0prpMLXNY/s1600/cabracega-goya-prado.jpg
http://www.museodelprado.es/coleccion/galeria-on-line/galeria-on-line/obra/la-gallina-ciega/
36
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
Cabra-cega, 1978, Pintor Otaciano Arantes (Brasil, RS, 1931) óleo sobre tela, 22×33 cm. Disponível em: 
<http://www.flickr.com/photos/37618484@N07/sets/72157625217446072/detail/?page=4>. Acesso em: 10 
out. 2016.
A brincadeira cabra cega é um exemplo vivo da história do brincar, ela iniciou com 
adultos brincando, como já foi comentado neste capítulo, o autor Ariès (1981, p. 92), 
afirma que “graças principalmente ao testemunho de uma abundante iconografia [...] 
tornou-se comum representar cenas de jogos da Idade Média até do século XVIII [...] 
inversamente, os adultos participavam de jogos e brincadeiras que hoje reservamos às 
criança” comenta que nos registros pictográficos ainda no século XVII retratam adultos 
e crianças brincando de cabra cega. Segundo Santa Rosa (2001, p. 23) aqui no Brasil esta 
brincadeira é muito popular já que “A cabra é um animal popular da zona rural do Brasil, 
sendo muito comum encontrá-la nos lares nordestinos. Talvez por sua popularidade, 
logo a cabra se tornou motivo para brincadeira.”
A brincadeira de cabra cega comprova a conservação e a cultura desse brincar da 
criança. Como podemos verificar nas obras apresentadas de Francisco Goya e de Otaciano 
Arantes (1978), esta brincadeira está presente ainda hoje nas famílias ou espaços escolares. 
A brincadeira assim como o jogo, pode estar organizada com o estabelecimento de 
regras, mais simples que os jogos, mas percebemos certa organização na brincadeira, 
como observamos quando as crianças estão organizando a brincadeira de casinha, que 
pode seja individual ou em grupo, quando sozinha a criança estrutura sua brincadeira 
http://peregrinacultural.files.wordpress.com/2011/10/otacianoarantesmorrinhosgo1931cabra-cego1978ost22x335cmmalagolipoa.jpg
37
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
coloca suas bonecas e pelúcias desempenhando os papéis da brincadeira, como irmãos, 
amigos, colegas, e quando brincam em grupo, cada um desempenha um dos papéis. As 
regras não impedem que a criança brinque com liberdade, modificando-as sempre que 
necessário.
1.3.3. Brinquedo
O brinquedo nada mais é que um objeto que dará apoio para a brincadeira, que será 
utilizado no momento de divertimento, inicialmente os brinquedos não eram do domínio 
infantil, e sim do adulto, como por exemplo, as bonecas, que surgiram como objetos 
religiosos, utilizados em rituais, ao segundo Ariès (2006, p.89-90) afirma que:
Alguns brinquedos nasceram do espírito de emulação das crianças, 
que as leva a imitar as atitudes dos adultos, reduzindo-os à sua 
escala: foi o caso do cavalo de pau, numa época em que o cavalo era 
o principal meio de transporte e de tração. Da mesma forma, as pás 
que giravam na ponta de uma vareta só podiam ser a imitação feita 
pelas crianças de uma técnica que, contrariamente ao cavalo, não era 
antiga: a técnica dos moinhos de vento, introduzida na Idade Média. 
Mas, enquanto os moinhos de vento há muito desapareceram de 
nossos campos, os cata-ventos continuam a serem vendidos nas lojas 
de brinquedos, nos quiosques dos jardins públicos ou nas feiras. [...] 
sempre tiveram muita dificuldade em distinguir a boneca, brinquedo 
de criança, de todas as outras imagens e estatuetas que as escavações 
nos restituem em quantidades semi-industriais e que sempre tinham 
uma significação religiosa: objetos de culto doméstico ou funerário, 
ex-votos dos devotos de uma peregrinação, etc.
Com o passar dos tempos esses objetos ficaram apenas no universo da criança, sendo 
utilizados para além do brincar também aprender. Kishimoto (2011, p. 18) aponta que 
“Podemos dizerque é um dos objetivos do brinquedo dar à criança um substituto dos 
objetos reais, para que possa manipulá-los”. Assim, estão longe do risco de acidentes, 
assim os meninos são presenteá-los carros, aviões, kits de construção e consertos, e as 
meninas brinquedos que imitam o cotidiano de cuidar da casa, “brincam de casinha” 
utilizando-se de bonecas e utensílios em miniatura. 
38
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
VOCÊ SABIA!
Vários brinquedos que imitavam o universo adulto eram produzidos em miniaturas e funcionavam mes-
mo! Pelo menos era oque prometia a propaganda da ATMA Disponível em: http://anacaldatto.blogspot.
com.br/2012/04/brinquedo-antigo-mini-forninho-atma.html
Os brinquedos perpassam pela cultura e são transmitidos por ela, assim sofrem a 
influência da cultura dos povos que colonizaram o espaço local e regional, para Kishimoto 
(2011, p. 38)
http://3.bp.blogspot.com/-TElmVjTqGK4/UQVJB0myJJI/AAAAAAAApMA/2RIK7tM0R7o/s1600/1-028.jpg
http://anacaldatto.blogspot.com.br/2012/04/brinquedo-antigo-mini-forninho-atma.html
http://anacaldatto.blogspot.com.br/2012/04/brinquedo-antigo-mini-forninho-atma.html
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JOGOS E 
BRINCADEIRAS
A tradicionalidade e a universalidade das brincadeiras assentam-se 
no fato de que os povos distintos e antigos, como os da Grécia e do 
Oriente, brincaram de amarelinha, empinaram papagaios, jogaram 
pedrinhas e até hoje as crianças o fazem quase da mesma forma. 
Os brinquedos segundo Kishimoto (2011) podem ser considerados em dois grupos 
distintos: estruturados e não estruturados. Os estruturados são adquiridos, as crianças 
os recebem prontos (bonecas, objetos de cozinha em escalas menores, cozinhas, carros, 
trens, bolas, entre outros) que dependendo o modelo brinca sozinho. Os não estruturados 
serão elaborados ou (re)significados pelas crianças, objetos simples, como por exemplo, 
o cabo de vassoura que ora vira espada, ora vira um cavalo, pedacinhos de papel que 
viram refeições completas, lençóis que viram cabanas, são transformados nas mãos das 
crianças pelo seu imaginário. 
Francesco Tonucci, sociólogo italiano, pesquisador da criança e da infância, registra 
seus desenhos como uma forma de registro, para confirmar a seriedade do tempo para 
a imaginação e fantasia da criança, no cartum “Os verdadeiros brinquedos”, Tonucci 
(1997, p.63), aponta justamente isso, em diferentes momentos a criança está em ação de 
pensamento para a elaboração do brincar com um brinquedo não estruturado e o adulto 
vem e intervém nessa ação substituindo por um brinquedo estruturado:
TONUCCI, F. Com olhos de criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997, p.63.
40
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
Precisamos observar na ação de brincar da criança seus objetivos, independente da 
origem ou da incidência dela sobre o objeto brinquedo, pois a criança mantém uma 
relação de aprendizagem com o brinquedo. Este objeto desde o início de sua existência 
prende a atenção das pessoas, sejam adultos ou crianças. A diferença do significado para 
um e para outro é que o adulto organiza sua coleção, e a criança institui uma afinidade, 
uma relação de intimidade com o brinquedo, o explora independente das regras que ele 
possui muitas vezes o destrói para conhecê-lo, desmonta e constrói novamente para 
entendê-lo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo fizemos uma retomada histórica do brincar, e ao mesmo tempo, 
também retomamos um pouco dessa condição do ser criança. Vimos que o brincar não 
foi desde o seu início do domínio da criança, esteve por muito tempo vinculado aos 
adultos, e por não existir a diferença entre ser criança e ser adulto, todos brincavam 
indiscriminadamente. 
Vimos brinquedos de crianças e crianças de brinquedo, quando adentramos a história 
do brincar em nosso país. E percebemos que o brinquedo ao longo dos tempos também 
saiu do lugar de objeto religioso, passa pelo domínio do adulto e somente depois do 
surgimento do sentimento de infância passa a ser do domínio infantil. Entendemos que 
as brincadeiras, jogos e brinquedos infantis perpassam a formação integral da criança.
Conhecemos alguns dos autores que falam sobre esse brincar e sua importância, bem 
como pintores de obras de arte que retratam essa essência. E por estes entendemos que 
estes formas de brincar da criança iniciam muito antes do “ser criança” existir.
Ao entender que jogos, brinquedos e brincadeiras são meios de produzir cultura, nos 
possibilita entender o próximo capítulo.
41
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
ATIVIDADE
Considerando toda a trajetória histórica do brincar infantil, nesse momento a atividade 
a ser produzida deve partir da poesia de Roseana Murray, é autora de livros de poesia e 
contos, muitos deles para as crianças. Portanto leia o poema a seguir.
Sua atividade consiste em escrever suscintamente em no máximo 6 laudas sobre o seu 
brincar, sim isso mesmo! Escreva como era o seu tempo de brincar, fale dos brinquedos 
e brincadeiras de sua infância.
42
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
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JOGOS E 
BRINCADEIRAS
2
unidade
O JOGO, A 
BRINCADEIRA E O 
BRINQUEDO E SUAS 
RELAÇÕES COM A 
CULTURA
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JOGOS E 
BRINCADEIRAS
Pintor Ivan Cruz, obra “Várias Brincadeiras 2006” – técnica A. S. T. Acervo particular. Disponível em: 
http://www.brincadeirasdecrianca.com.br/quadros.htm. 
2. O JOGO, A BRINCADEIRA E O BRINQUEDO E SUAS RELAÇÕES COM A 
CULTURA
O brincar está vinculado à infância, por isso deixa suas marcas nas crianças de 
diferentes grupos sociais, compondo a sua cultura. Deste modo a função social que 
desempenha, é fundamental para disseminar a cultura infantil, sendo que é pelo brincar 
que a criança imagina e reorganiza o meio em que vive, estabelece sua identidade como 
sujeito social, conforme conceitua Hall (2006), é imprescindível entender a cultura na 
sociedade pós moderna, para percebermos as mudanças que tem ocorrido. 
O pintor brasileiro Ivan Cruz, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1947, tem 
inúmeras obras que retratam o universo do brincar infantil, nessa obra em especial 
“Várias Brincadeiras 2006” retoma um pouco dos jogos, brinquedos e brincadeiras de 
http://www.brincadeirasdecrianca.com.br/quadros.htm
45
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
sua infância no subúrbio do Rio de Janeiro. É com ela que iniciamos o segundo capítulo 
desse caderno, justamente para reforçar a criança, o brincar e a cultura.
 
FIQUE DE OLHO!
EM: IVAN CRUZ
Para acompanhar a 
obra desse pintor brasileiro da atualidade, 
acesse o site: http://www.brincadeirasde-
crianca.com.br , aqui vocês encontraram 
o acervo com todas as obras que vão de 
quadros, esculturas e roupas, bem como 
conhecer o projeto “brincadeiras de crian-
ças” . São em torno de 600 obras que retratam 100 brincadeiras e jogos infantis, e este artista 
tem o objetivo de divulgar ao máximo a ludicidade infantil, como se fossem um lembrete para 
reforçar a importância que têm para as crianças, como Ivan mesmo afirma em seu site: “A crian-
ça que não brinca não é feliz, ao adulto que quando criança não brincou, falta-lhe um pedaço no 
coração” (CRUZ, I. Disponível em: http://www.brincadeirasdecrianca.com.br)
2.1 O BRINCAR E A CULTURA INFANTIL
Os jogos, brinquedos e brincadeiras transcorrem os momentos da história dos povos, 
marcam e vão sendo marcados pela cultura, que está em constante transformação. Por 
isso que eles além de serem repetidos pelas crianças, mas sim, recriados, sendo incluídos 
novos elementos culturais, quando estabelecem suas relações de brincar nos grupos 
infantis e com os adultos com que convivem, como Borba (2006, p. 39) afirma que como
um fenômeno da cultura, uma vez que se configura como um conjunto 
de práticas, conhecimentos e artefatos construídos e acumulados 
pelos sujeitos nos contextos históricos e sociais em que se inserem. 
Representa, dessa forma, um acervo comum sobre o qual os sujeitos 
desenvolvem atividades conjuntas. Por outro lado, o brincar é um dos 
http://www.brincadeirasdecrianca.com.br
http://www.brincadeirasdecrianca.com.br
http://www.brincadeirasdecrianca.com.brhttp://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwjJ3t_ZitjQAhUBGJAKHWDpDaMQjRwIBw&url=http://www.meucastelinho.com.br/oficina-de-artes-visuais-ivan-cruz/&bvm=bv.139782543,d.Y2I&psig=AFQjCNGyPqWMIIH7-EIQXwt871dSaf2XoA&ust=1480856522860152
46
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
pilares da constituição de culturas da infância, compreendidas como 
significações e formas de ação social específicas que estruturam 
as relações das crianças entre si, bem como os modos pelos quais 
interpretam, representam e agem sobre o mundo.
Ao falar das crianças precisamos percebê-las como sujeitos da cultura, e como tal 
a transformam em suas ações, por ela concretizam os seus significados, diferentes do 
mundo adulto, pois além de brincar concebem e representam o mundo. As brincadeiras e 
os jogos registram a história das sociedades, que culturalmente se constituem em marcas 
pelas quais é registrada a história individual das pessoas. Huizinga (2010, p. 3) aponta 
que o jogo é anterior a própria humanidade, como um elemento humano, constituidor, 
pois “é no jogo e pelo jogo que a civilização surge e se desenvolve”.
Em diferentes culturas, percebemos o jogo e a brincadeira transcorrendo nas relações 
dos grupos em diferentes ciclos de vida, mas em especial na infância, tanto que a ação do 
brincar pode ser registrada como um produto da cultura da criança. (BRASIL, 2009) Como 
exemplo disso podemos descrever cenas de crianças em ambientes como restaurantes, ou 
em momentos de lazer se relacionando pelo brincar, elas não se conhecem mas conseguem 
estabelecer um diálogo pelo seu brincar. Assim o sujeito infantil quando brinca, vai 
de encontro ao seu cotidiano, sai da lógica do fazer sucessivamente igual, pois com sua 
imaginação, refaz a ordem instituída pelas ações rotineiras, e assim assume o papel de 
agente da sua cultura. Brougère (2010, p.56), afirma que 
A cultura lúdica está imersa na cultura geral à qual a criança pertence. 
Ela retira elementos do repertório de imagens que representa a 
sociedade no seu conjunto; é preciso que se pense na importância da 
imitação na brincadeira. A cultura lúdica incorpora, também, elementos 
presentes na televisão, fornecedora generosa de imagens variadas. [...] 
a televisão não se opõe à brincadeira, mas alimenta-a, influencia-a, estrutura-a 
na medida em que a brincadeira não nasceu do nada, mas sim daquilo com o 
que a criança é confrontada. Reciprocamente, a brincadeira permite à criança 
apropriar-se de certos conteúdos da televisão.
Macedo (2005) afirma que a ação de brincar é imprescindível para o ser humano se 
desenvolver, sendo esta fundamentalmente uma importante atividade infantil, pois 
além de envolver, possibilita a experiência e a vivência para a criança, proporcionando-
lhe prazer. 
Como podemos observar no exemplo que a personagem Mafalda (LAVADO, 1993) do 
47
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
cartunista Quino nos aponta:
VALE PENA
A personagem Mafalda criada pelo 
cartunista argentino Joaquín Salvador 
Lavado mais conhecido pelo seu pseudônimo ‘Quino’ 
ultrapassou as fronteiras de seu país e ganhou o mun-
do inteiro, suas tirinhas foram publicadas, inicialmente 
em jornais entre as décadas de 64 e 73 do século XX 
e depois organizadas em livros, que foram traduzi-
dos para diversos países, ficando famosas e adoradas até os dias de hoje, pois possuem uma 
linguagem divertida e crítica ao mesmo tempo. Mafalda como personagem central das tirinhas 
traz narrações irônicas de acontecimentos do cotidiano. Esta e tantas outras tiras se encontram 
registradas na obra “Toda Mafalda” e tem sido utilizadas por professores no trabalho em sala de 
aula, as crianças de todas as idades adoram!
LAVADO, J. S. (Quino). Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
Lembrando que vimos as definições de Brinquedo, brincadeira e jogo no capítulo 1 
bem como entendemos que o brincar é a ação da criança, assim caso precise retome os 
conceitos. Klisys (2010) coloca que a partir do momento que a criança tem o monopólio 
sobre um brinquedo, se coloca em uma brincadeira ou de um jogo, se apropriar de toda a 
história e cultura produzida por diferentes gerações, quando entendemos que ela brincará 
como se fosse a primeira vez em todas as vezes que brinca, com um olhar mais apurado 
observamos que tomamos posse de diversos subsídios que foram estabelecidos pelos 
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwj90IbyhNjQAhXFFJAKHcuXD-YQjRwIBw&url=http://clubedamafalda.blogspot.com/2006_10_01_archive.html&bvm=bv.139782543,d.Y2I&psig=AFQjCNHlMJWlaz3LrpEkNbLpMnc4hGrgvw&ust=1480854508249267
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwjd47rFidjQAhWFgpAKHZW6DxcQjRwIBw&url=http://itideias.com.br/mafalda/&psig=AFQjCNFZd5trjAjoLT8lTW5dgEFXZVNhGg&ust=1480856237419854
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JOGOS E 
BRINCADEIRAS
antecessores, sejam pelos códigos e ou pelas tradições, mas que, quando reorganizados 
no tempo atual, recebem um novo formato, 
O jogo é um elemento da cultura que contribui para o desenvolvimento 
social, cognitivo e afetivo dos sujeitos, se constituindo assim, em uma 
atividade universal, com características singulares que permitem a 
ressignificação de diferentes conceitos. (ALVES, 2007, p. 63).
Considerando as colocações de Alves (2007) os jogos e as brincadeiras estão presentes 
desde o princípio da vida das crianças, no qual é próprio dos sujeitos infantis serem 
investigativos, explorarem tanto o ambiente como seus brinquedos, brincadeiras e jogos, 
em que um auxilia o outro para que aconteçam. Por isso que Huizinga, (2010) afirma ser 
pelo jogo que os humanos se desenvolvem e continuarão a se desenvolverem, sendo o jogo, 
e a brincadeira peças fundamentais para esse desenvolvimento, e a ampliação cultural 
resultante, levando em consideração que está em formação terá contato com padrões e 
regras estabelecidas nesses momentos de convivência.
Quando as crianças brincam acontece a constituição de sua identidade, assim 
verificamos a formação dos grupos de brincadeiras já assinalado por Fernandes (2004) no 
capítulo 1, elas se reconhecem no brincar, pois possuem objetivos comuns, estabelecem 
uma sociedade lúdica como coloca Huizinga, (2010).
 Deste modo ponderamos que o jogo e a brincadeira podem aproximar grupos 
sociais que estão longe um do outro, considerando o conjunto de situações que surgem 
para a criança brincar em seu cotidiano. 
EXERCITE SEU CÉREBRO: 
Vamos fazer o exercício de lembrar uma brincadeira simples como soltar Pipas 
(arraia, papagaios ou pandorga) pintores tem retratado essa ação de brincar em 
diferentes países e culturas, veja algumas dessas obras e observe as semelhanças e diferenças. 
Busque modelos diferentes e registre na atividade final desse capítulo. 
Todas as obras estão disponíveis em: http://deniseludwig.blogspot.com.br/2014/10/pinturas-
-de-criancas-soltando-pipas.html
49
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
John Philip Falter
Pintor norte americano (1910-1982)
 
 
Ignacio Pinazo Carmalench 
Pintor espanhol (1849-1916)
http://3.bp.blogspot.com/-N1NeuMbzdjc/U0YEYw1NeEI/AAAAAAAAVFQ/NQVi3Q8vzd0/s1600/John+Philip+Falter+(1910+%E2%80%93+1982.jpg
http://1.bp.blogspot.com/-TCiN-65iHNE/VBTn1YzmK_I/AAAAAAAAaA0/-6mBX74zyIU/s1600/red_kite.jpg
50
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
Cândido Portinari
Pintor brasileiro (1903-1962)
Pintor brasileiro (1903-1962)
Laura Knight
Pintora inglesa (1877-1970)
http://2.bp.blogspot.com/-piWxpDh3xrc/U0YElk-ju8I/AAAAAAAAVI8/5_EAFhUN4Bs/s1600/portinari-BRODOWSKI,+1942.jpg
http://1.bp.blogspot.com/-Iad8h0mYTmw/U0YEdihoFZI/AAAAAAAAVHA/tNL-Tg_340k/s1600/kites_by_pixx.jpg
51
JOGOS E 
BRINCADEIRAS
Com estas imagens verificamos que em distintos momentos históricos e espaços o 
brinquedo assume sua função de divertimento, são nestes objetos que os sujeitos infantis 
registram as marcas culturais próprias de sua idade, alguns com o passar do tempo e as 
alterações que a

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