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Direito Constitucional Descomplicado 
 Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino 
 7.ª para 8.ª edição 
 
 
NOTA À 8.ª EDIÇÃO 
Nesta edição, acrescentamos recentes julgados do Supremo Tribunal Federal 
sobre relevantes matérias, abordadas em diferentes capítulos da obra. Merecem 
destaque, especialmente, os julgados acerca das uniões homoafetivas, das 
denominadas “marchas da maconha”, da relativização da coisa julgada, da 
impressão do voto eletrônico nas eleições, da natureza da atuação do Presidente 
da República nos casos de deferimento de extradição pelo STF e da existência de 
direito subjetivo à nomeação para os candidatos aprovados em concurso público 
dentro do número de vagas previsto no edital. 
Foram, ainda, incorporadas ao texto as inovações legislativas havidas em 
2011, destacando-se a prorrogação da Desvinculação de Receita da União (DRU), 
operada pela EC 68, de 21/12/2011, e a disciplina do processo de julgamento da 
representação interventiva do Procurador-Geral da República perante o Supremo 
Tribunal Federal, nas hipóteses de ofensa aos princípios sensíveis e de recusa à 
execução de lei federal, estabelecida pela Lei 12.562, de 23/12/2011. 
Os autores. 
 
 
 
PONTOS DO LIVRO “DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO” QUE 
FORAM MODIFICADOS NA 8ª EDIÇÃO DA OBRA, ESPECIALMENTE EM 
VIRTUDE DE ALTERAÇÕES JURISPRUDENCIAIS OCORRIDAS DESDE A 7ª 
EDIÇÃO. 
OS TEXTOS EM VERMELHO REPRESENTAM SUPRESSÕES E OS TEXTOS 
EM AZUL CORRESPONDEM A INCLUSÕES. OS TEXTOS EM FONTE PRETA 
NÃO SOFRERAM ALTERAÇÃO E SERVEM APENAS PARA FACILITAR A 
LOCALIZAÇÃO DOS TRECHOS MODIFICADOS, ACRESCENTADOS OU 
SUPRIMIDOS. 
 
 
 
CAPÍTULO 1 
 
1) No item 5.3, foi feita a substituição abaixo indicada: 
 
5.3. Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) 
                                    Direito Constitucional Descomplicado 
 Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino 
 7.ª para 8.ª edição 
 
 
................... 
Quanto ao último ponto, cabe mencionar que o ADCT tem sido objeto de 
reiteradas modificações e acréscimos mediante emendas à Constituição. Essas 
emendas, em sua maioria, introduziram novas matérias de caráter transitório, 
como é o caso da extinta contribuição provisória sobre movimentação ou 
transmissão de valores e de créditos e direitos de natureza financeira (CPMF). 
Quanto ao último ponto, cabe mencionar que o ADCT tem sido objeto de 
reiteradas modificações e acréscimos mediante emendas à Constituição. Essas 
emendas, em sua maioria, introduziram novas matérias de caráter transitório, 
como é o caso da EC 68/2011, que prorrogou a denominada Desvinculação de 
Receita da União (DRU), a vigorar de 1º de janeiro de 2012 até 31 de dezembro 
de 2015.1 
.................... 
 
 
 
 
CAPÍTULO 3 
 
1) No item 4.3, foram acrescentados, ao final, os dois parágrafos, abaixo indicados 
em azul: 
 
4.3. Princípio da igualdade (art. 5.º, caput, e inciso I) 
......................... 
Assim, não poderá o Poder Judiciário, por exemplo, sob o fundamento de 
conferir tratamento isonômico, estender aos servidores públicos da categoria “A” 
vantagem concedida pela lei apenas à categoria “B”, ainda que tais categorias se 
encontrem em situação de plena igualdade jurídica. 
Por fim, cabe-nos destacar que, em respeito à não discriminação das pessoas 
em razão de sua opção sexual – e considerando o postulado da dignidade da 
pessoa humana e o objetivo constitucional de promover o bem de todos –, o 
 
1 Com essa prorrogação da DRU, 20% (vinte por cento) da arrecadação de impostos, 
contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico da União estarão 
desvinculados de qualquer órgão, fundo ou despesa até 31 de dezembro de 2015, podendo 
ser livremente alocados pelo governo federal. 
 
                                    Direito Constitucional Descomplicado 
 Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino 
 7.ª para 8.ª edição 
 
 
 
Supremo Tribunal Federal firmou entendimento de que a Constituição de 1988 
não interdita a formação de família por pessoas do mesmo sexo.2 Para o 
Tribunal Maior, o avanço da Constituição Federal de 1988 no plano dos costumes 
impõe a interpretação de que o seu art. 226, ao empregar em seu texto a 
expressão “família”, não limita a formação desta a casais heteroafetivos, nem a 
formalidade cartorária, celebração civil ou liturgia religiosa. 
Nessa linha – de que para fazer jus à especial proteção do Estado, pouco 
importa estar a família formal ou informalmente constituída, ou integrada por 
casais heteroafetivos ou por pares homoafetivos –, o STF igualou a união 
estável homoafetiva à união estável heteroafetiva, conferindo “interpretação 
conforme à Constituição” ao art. 1.723 do Código Civil para excluir desse 
dispositivo qualquer significado que impeça o reconhecimento da união contínua, 
pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como família. 
 
2) No item 4.11, foram acrescentados os dois parágrafos abaixo indicados, em 
azul: 
 
4.11. Liberdade de reunião (art. 5.º, XVI) 
........................ 
Essa proteção constitucional refere-se não só às reuniões estáticas, em 
específico local aberto ao público, como também às manifestações em percurso 
móvel, como as passeatas, os comícios, os desfiles etc. 
Nesse sentido – e realçando que o exercício dos direitos fundamentais de 
reunião e de livre manifestação do pensamento deve ser garantido a todas as 
pessoas –, o Supremo Tribunal Federal considerou válidos manifestações e 
eventos públicos na defesa da descriminalização do uso de drogas, ou de 
qualquer substância entorpecente específica (tratava-se da realização da 
chamada “marcha da maconha”, em que os cidadãos defendiam a 
descriminalização dessa droga).3 
Para o Tribunal Constitucional, a mera proposta de descriminalização de 
determinado ilícito penal não se confunde com o ato de incitação à prática do 
crime, nem com o de apologia de fato criminoso (CP, art. 287). Logo, a defesa, em 
espaços públicos, da legalização das drogas, ou de proposta de abolição de 
algum outro tipo penal, não significaria ilícito penal, mas, ao contrário, representa 
o exercício legítimo do direito à livre manifestação do pensamento, propiciada pelo 
exercício do direito de reunião. 
 
2 ADI 4.277/DF, rel. Min. Ayres Britto, 05.05.2011. 
 
3 ADPF 187/DF, rel. Min. Celso de Mello, 15.06.2011. 
 
                                    Direito Constitucional Descomplicado 
 Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino 
 7.ª para 8.ª edição 
 
 
 
O direito constitucional de reunião protege, de outra parte, a pretensão do 
indivíduo de não se reunir a outros. 
...................... 
 
 
3) No item 4.22, foi acrescentado, ao final, o parágrafo seguinte: 
 
4.22. Proteção ao direito adquirido, à coisa julgada e ao ato jurídico 
perfeito (art. 5.º, XXXVI) 
...................... 
No tocante à atuação do poder constituinte derivado, entendemos que as 
emendas constitucionais não podem ofender direito adquirido, uma vez que os 
direitos e garantias individuais foram gravados como cláusula pétrea (CF, art. 60, 
§ 4º, IV).4 
 
 
4) No item 4.22, foi acrescentado o subitem 4.22.1, integralmente reproduzido a 
seguir: 
 
4.22.1. Relativização da coisa julgada 
Sabemosque a proteção da coisa julgada (art. 5º, XXXVI) tem por fim 
resguardar a segurança jurídica na pacificação dos conflitos sociais. Portanto, é 
em prol da segurança jurídica que o legislador – bem como os demais poderes 
constituídos – não pode violar uma decisão judicial irreformável, protegida pelo 
manto da coisa julgada material. 
É inegável, porém, que no direito constitucional contemporâneo muito se 
discute sobre a possibilidade de relativização da coisa julgada, seja em respeito à 
busca da verdade material, sejam em homenagem a outros valores também 
constitucionalmente protegidos, a exemplo do postulado da dignidade da pessoa 
humana. 
 
4 A jurisprudência do STF tem firmado essa orientação, de que as emendas à Constituição não podem desconstituir direitos 
que tenham sido adquiridos sob a égide do texto constitucional a elas anterior, como se verifica, por exemplo, no julgamento 
das ADI 3.133/DF, 3.143/DF e 3.184/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 21.09.2011. 
 
                                    Direito Constitucional Descomplicado 
 Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino 
 7.ª para 8.ª edição 
 
 
 
Em importante julgado, o Supremo Tribunal Federal enfrentou a 
problemática da relativização da coisa julgada material, firmando entendimento 
que certamente orientará as futuras discussões acerca do tema em nosso direito.5 
A questão levada ao exame da Corte Excelsa envolvia a relativização da 
coisa julgada em face do direito fundamental à filiação (CF, art. 227, caput e § 6º) 
e da garantia fundamental da assistência jurídica integral aos desamparados (CF, 
art. 5º, LXXIV). 
Em síntese, foi a seguinte a sequência dos fatos: em 1992, foi ajuizada 
ação visando ao reconhecimento da paternidade de menor residente no Distrito 
Federal, que foi julgada improcedente por ausência de provas, decisão de mérito 
que transitou em julgado; tal ausência de provas se deveu ao fato de que a autora 
da ação não dispunha de recursos financeiros para custear o exame de DNA (no 
valor aproximado de 1.500 dólares) e, à época, o Estado não custeava tal exame 
técnico-pericial; posteriormente, em 1996, foi editada legislação distrital que, a 
partir de sua entrada em vigor, tornou possível a realização do exame de DNA às 
custas do Distrito Federal, como elemento do regime de assistência jurídica aos 
desamparados (CF, art. 5º, LXXIV); a autora, então, ajuizou nova demanda, 
visando à continuidade do processo para a realização da referida prova técnica de 
DNA, agora custeada pelo Distrito Federal. 
Mesmo reconhecendo a existência de decisão de mérito atingida pelo 
manto da coisa julgada material, o Supremo Tribunal Federal decidiu 
favoravelmente à autora, determinando a continuidade ao processo para a 
realização do exame de DNA. Enfim, nesse caso concreto – afastamento da coisa 
julgada material, formada acerca de relação de filiação, diante da superveniente 
possibilidade de realização de novo meio de prova dotado de altíssimo grau de 
confiabilidade e capaz, justamente por isso, de reverter, por si só, a conclusão do 
julgamento anterior, quando sua realização não se mostrara possível por conta da 
deficiência do regime da assistência jurídica aos hipossuficientes – o STF decidiu 
pela relativização da coisa julgada, em prol dos direitos fundamentais à filiação e à 
assistência jurídica aos necessitados, diretamente relacionados ao postulado da 
dignidade da pessoa humana. 
Com efeito, entendeu o STF – considerando que no núcleo essencial da 
dignidade da pessoa humana há de ser tido como presente o direito fundamental à 
identidade pessoal do indivíduo, que se desdobra, dentre outros aspectos, na 
identidade genética – que impedir o prosseguimento do processo, em respeito à 
coisa julgada material, implicaria vedar peremptoriamente a elucidação, à luz da 
nova prova técnica disponível (exame de DNA), da origem biológica da autora, 
não trazida à tona, na demanda anterior já julgada, por hipossuficiência financeira 
da parte e insuficiência do sistema estatal de assistência jurídica aos 
necessitados. 
 
5 RE 363.889/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 02.06.2011. 
 
                                    Direito Constitucional Descomplicado 
 Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino 
 7.ª para 8.ª edição 
 
 
Entretanto, o STF salientou que, em respeito à segurança jurídica, o 
interessado no desfazimento da coisa julgada há que intentar a ação no prazo 
decadencial de dois anos, previsto para a propositura da ação rescisória (CPC, 
art. 485). Esse prazo deverá ser contado da data do trânsito em julgado da 
decisão que se intenta desconstituir, salvo nas hipóteses excepcionais em que 
restar demonstrado que apenas posteriormente houve mudança da situação fática 
(no caso anteriormente mencionado, por exemplo, embora a decisão rescindenda 
tenha passado em julgado em 1992, só a partir de 1996 é que se tornou legítima a 
realização do exame de DNA às custas do Distrito Federal; portanto, a contagem 
do prazo decadencial de dois anos teve início em 1996 – com a mudança da 
situação fática – e não em 1992, data do trânsito em julgado da decisão 
rescindenda). 
Por fim, merece transcrição esta esclarecedora síntese, extraída do voto-
vista do Ministro Luiz Fux exarado no julgamento em apreço, acerca do 
entendimento firmado pelo STF: 
 “Deve-se ter por válido, à luz da Constituição, o afastamento da coisa julgada material, formada sobre 
decisão de improcedência por falta de provas, em demandas que envolvam relação de filiação, quando 
for alegada a viabilidade de produção de prova técnica capaz de reverter a conclusão do julgamento 
anterior, cuja realização só tenha se mostrado possível, do ponto de vista prático, pelo avanço 
tecnológico superveniente, somado à inadequação do regime da assistência jurídica aos necessitados, 
respeitado, em qualquer caso, o prazo de dois anos para o ajuizamento de nova demanda, que flui, por 
presunção relativa, a contar do trânsito em julgado da demanda anterior, salvo nas hipóteses 
excepcionais em que restar também excepcionalmente demonstrado que apenas posteriormente se 
tornou viável, do ponto de vista prático, o acesso ao exame de DNA, cabendo ao demandante o ônus 
do afastamento da referida presunção.” 
 
 
5) Ao final do subitem 4.30.1, foi feita a substituição abaixo indicada: 
 
4.30.1. Procedimento 
................ 
Questão importante enfrentada pelo Supremo Tribunal Federal diz respeito a 
essa terceira fase, no tocante à vinculação, ou não, do Presidente da República à 
decisão do STF que autorizou a extradição. Enfim, caso o STF autorize a 
extradição, por entender preenchidos os requisitos para tanto, o Presidente da 
República estará obrigado a entregar o extraditando ao Estado requerente, ou ele 
dispõe de discricionariedade? 
Depois de autorizar a extradição de Cesare Battisti para a Itália, por considerar 
que os crimes imputados a esse cidadão italiano não tiveram conotação política, o 
Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu que o Presidente da República não 
está vinculado à decisão da Corte, haja vista que poderá entregar, ou não, o 
extraditando ao governo italiano. Entretanto, segundo o mesmo Tribunal, não se 
                                    Direito Constitucional Descomplicado 
 Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino 
 7.ª para 8.ª edição 
 
 
 
trata de ato discricionário do Presidente da República, porque este terá de agirnos estritos termos do tratado de extradição específico, firmado entre o Brasil e o 
Estado requerente (a Itália, nesse caso). 
Significa que o Presidente da República não se vincula à decisão do Supremo 
Tribunal Federal que autoriza a extradição – haja vista que há a possibilidade de ele 
decidir pela não entrega do extraditando ao Estado requerente –, mas essa sua 
decisão não é discricionária, porque é regrada pelas disposições do 
correspondente tratado internacional de extradição entre os Estados. “O Presidente 
da República extradita ou não, mas nos estritos termos do tratado”, observou o 
ministro Eros Grau (EXT 1.085, rel. Min. Cezar Peluso, 16.12.2009). 
Questão importante diz respeito a essa terceira fase, no tocante à vinculação, 
ou não, do Presidente da República à decisão do Supremo Tribunal Federal que 
autorizou a extradição. Enfim, caso o STF autorize a extradição, por entender 
preenchidos os requisitos para tanto, o Presidente da República estará obrigado a 
entregar o extraditando ao Estado requerente, ou ele dispõe de discricionariedade? 
Segundo entendimento de nossa Corte Suprema, o Presidente da República 
não está vinculado à decisão dela, haja vista que poderá entregar, ou não, o 
extraditando ao Estado requerente.6 
É que, no nosso sistema, a atuação do Supremo Tribunal Federal está adstrita 
ao exame da legalidade da extradição, em seus aspectos formais. Logo, o 
Presidente da República fica vinculado à decisão do Supremo Tribunal Federal 
apenas quando reconhecida alguma irregularidade no processo extradicional, de 
modo a impedir a remessa do extraditando ao arrepio do ordenamento jurídico. 
Assim, se no julgamento pelo Supremo Tribunal Federal restar reconhecida 
alguma irregularidade no processo extradicional, o Presidente da República estará 
vinculado a essa decisão da Corte, e não poderá extraditar o indivíduo; porém, nos 
casos em que o Tribunal Constitucional não verifica ilegalidade no processo e 
autoriza a extradição, o Presidente da República não se vincula a essa decisão, 
podendo decidir pela entrega, ou não, do extraditando ao Estado requerente, 
observando-se as disposições do correspondente tratado internacional de 
extradição entre os Estados. 
Em síntese, o Supremo Tribunal Federal limita-se a analisar a legalidade e a 
procedência do pedido de extradição: indeferido o pedido, o Presidente da 
República não poderá efetivar a extradição; deferido o pedido, a entrega do súdito 
ao Estado requerente ficará a critério discricionário do Presidente da República. 
 
 
6) Ao final do item 4.34, foi feito o acréscimo do parágrafo abaixo: 
 
6 Rcl 11.243, rel. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 08.06.2011. 
 
                                    Direito Constitucional Descomplicado 
 Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino 
 7.ª para 8.ª edição 
 
 
 
 
4.34. Princípio da presunção da inocência (art. 5.º, LVII) 
................... 
Nessa mesma linha – e após enfatizar que o princípio da presunção da 
inocência, apesar de ser historicamente vinculado ao processo penal, também 
tem projeção para as esferas cível e administrativa –, o Supremo Tribunal 
Federal firmou o entendimento de que a condenação criminal recorrível não pode 
ser causa impeditiva da participação de candidato em concursos públicos ou 
cursos de formação.7 
 
 
7) No item 5.2, foi feito o acréscimo indicado abaixo, em azul: 
 
5.2. Enumeração constitucional dos direitos sociais individuais dos 
trabalhadores (art. 7.º) 
................... 
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS é devido ao empregado 
rural e urbano, e não é direito dos servidores públicos estatutários. Não é uma 
garantia constitucional outorgada aos domésticos (CF, art. 7.º, parágrafo único), 
embora a lei faculte ao empregador do doméstico a inscrição de seu empregado 
no FGTS, caso em que passará a estar obrigado a efetuar mensalmente os 
respectivos depósitos em favor deste. 
Estabelece a Constituição Federal que o salário-mínimo é fixado por lei, em 
valor nacionalmente unificado (art. 7º, IV). Entretanto, segundo entendimento do 
Supremo Tribunal Federal, pode a lei prever que a determinação do valor do 
salário mínimo seja feita por decreto do Presidente da República, desde que a lei 
estabeleça critérios e parâmetros objetivos e bem definidos a serem observados 
para o cálculo desse valor. Segundo a Corte Suprema, em tal hipótese, haveria 
mera aplicação aritmética, nos termos legalmente previstos, dos índices, fórmulas 
e periodicidade fixados pelo Congresso Nacional, a serem expostos por meio de 
decreto presidencial, o qual não inovaria a ordem jurídica. Não restaria 
caracterizada, dessarte, delegação para que o Presidente da República fixasse o 
valor do salário mínimo, o que, caso ocorresse, seria inconstitucional. O que a lei 
pode fazer é atribuir ao Presidente da República, sem qualquer margem de 
discricionariedade, apenas a divulgação do montante a que corresponderá o 
 
7 RE 565.519/DF, rel. Min. Celso de Mello, 13.05.2011. 
 
                                    Direito Constitucional Descomplicado 
 Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino 
 7.ª para 8.ª edição 
 
 
salário mínimo, obtido pelo valor reajustado e aumentado consoante os índices 
fixados pelo Congresso Nacional na própria lei.8 
A jornada normal máxima de trabalho permitida é de oito horas por dia e 
quarenta e quatro semanais. Poderá ser prestado mais trabalho, mas será em 
jornada extraordinária, o que implica o pagamento do adicional de hora-extra, de 
no mínimo 50%, ou compensação. Essa jornada constitucional poderá ser 
reduzida, mediante negociação coletiva (CF, art. 7.º, XIII). 
....................... 
 
 
8) No item 7.2, foi feito, ao final, o acréscimo indicado abaixo, em azul: 
 
7.2. Direito ao sufrágio 
................... 
A vigente Constituição de 1988 consagra o sufrágio universal, não exigindo 
para o exercício do direito de voto a satisfação de nenhuma condição econômica, 
profissional, intelectual etc. 
A Constituição Federal impõe, ainda, que o voto direto seja periódico e 
secreto. Em respeito à determinação constitucional de que o voto seja secreto, o 
Supremo Tribunal Federal considerou inconstitucional artigo de lei que estabelecia 
a obrigatoriedade de impressão do voto nas eleições a partir de 2014 (art. 5º da 
Lei 12.034/2009).9 
Considerou a Corte Excelsa que a previsão de impressão afronta o segredo 
do voto, que é direito constitucional fundamental do cidadão, destinado a garantir 
a inviolabilidade do querer democrático do eleitor e a intangibilidade do seu direito, 
que deve estar imune a qualquer forma de pressão. Assinalou-se que a impressão 
poderia favorecer a coação de eleitores, por possibilitar que se vincule o voto a 
eventuais compromissos espúrios. 
Destacou o STF, ainda, a incidência do princípio de proibição de retrocesso 
político, que assegura ao cidadão o direito de não aceitar retrocesso 
constitucional de conquistas históricas que lhe tenham acrescentado o cabedal de 
direitos da cidadania. 
 
 
 
8 ADI 4.568/DF, rel. Min. Carmen Lúcia Antunes Rocha, 03.11.2011. 
 
9 ADI 4.543/DF, rel. Min. Cármen Lúcia Antunes Rocha, 19.10.2011. 
                                    Direito Constitucional Descomplicado 
 Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino 
 7.ª para 8.ª edição 
 
 
 
CAPÍTULO 4 
 
1) Noitem 6.6, foi feita a substituição abaixo indicada: 
6.6. Formação dos estados 
................. 
Para a alteração dos limites territoriais do estado, a consulta às populações 
interessadas deverá, obrigatoriamente, ser prévia, por meio de plebiscito, vedada 
a realização de consulta ulterior, por meio de referendo, mesmo que a 
Constituição do estado tenha previsto este meio de consulta. 
Entende-se por população diretamente interessada tanto a do território que se 
pretende desmembrar, quanto a do que sofrerá desmembramento; em caso de 
fusão ou anexação, tanto a população da área que se quer anexar quanto a da 
que receberá o acréscimo (Lei 9.709/1998, art. 7.º). 
Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a expressão 
“população diretamente interessada” constante do § 3º do art. 18 da Constituição 
da República não deve ser entendida como somente a população da área a ser 
destacada, mas, sim, como toda a população do estado-membro, tanto da área 
desmembranda, quanto da área remanescente.10 
No tocante à oitiva das assembleias legislativas, temos o seguinte: (a) no caso 
de incorporação de estados entre si, devem ser ouvidas as assembleias dos 
estados que desejam incorporar-se; (b) no caso de subdivisão, para formação de 
novos estados, só há uma assembleia a ser ouvida (a do Estado que pretende 
subdividir-se). Porém, se a subdivisão destinar-se à anexação a outro ou outros 
estados, as assembleias destes também deverão ser ouvidas, para dizerem se 
aceitam ou não a anexação; (c) no caso de desmembramento para formação de 
novo estado, só há uma assembleia a ser ouvida (a do Estado que se desmembra). 
Porém, se o desmembramento for para anexação a outro ou outros estados, as 
assembleias destes também deverão ser ouvidas. 
.................... 
 
2) No item 6.7 foi feita a substituição abaixo indicada: 
6.7. Formação dos municípios 
................ 
O plebiscito destinado à criação, à incorporação, à fusão e ao 
desmembramento de municípios será convocado pela assembleia legislativa, de 
 
10 ADI 2.650/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 24.08.2011. 
 
                                    Direito Constitucional Descomplicado 
 Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino 
 7.ª para 8.ª edição 
 
 
 
conformidade com a legislação federal e estadual.11 
Entendem-se por populações dos municípios envolvidos tanto a do território 
que se pretende desmembrar quanto a do que sofrerá desmembramento; em caso 
de fusão ou anexação, tanto a população da área que se quer anexar quanto a da 
que receberá o acréscimo.12 
No plebiscito municipal será consultada toda a população dos municípios 
envolvidos, isto é, tanto a do território que se pretende desmembrar quanto a do 
que sofrerá desmembramento; ou, em caso de fusão ou anexação, tanto a 
população da área que se quer anexar quanto a da que receberá o acréscimo.13 
Note-se que, desde a promulgação da EC 15/1996, a alteração dos limites 
territoriais dos municípios passou a depender da vontade do Congresso Nacional, 
haja vista que a alteração do território municipal somente poderá ocorrer dentro do 
período determinado por lei complementar federal. Enquanto não editada essa lei 
complementar pelo Congresso Nacional, não poderá ocorrer nenhuma criação, 
incorporação, fusão ou desmembramento de município no Brasil. 
..................... 
 
3) No item 7.2, ao final, foi feita a substituição abaixo indicada: 
 
7.2. Intervenção federal provocada 
................. 
Cabe ressaltar que, nessas hipóteses de representação do Procurador-
Geral da República, o Supremo Tribunal Federal não decretará a intervenção. 
Decretar e executar a intervenção é competência privativa do chefe do Poder 
Executivo (CF, art. 84, X). Cabe ao Poder Judiciário, tão somente, realizar o 
controle de constitucionalidade da pretendida medida de afastamento da 
autonomia do ente federado. Então, teremos o seguinte: (a) caso seja negado 
provimento à representação, o Supremo Tribunal Federal determinará o 
arquivamento do processo, encerrando-se o intento de decretação de intervenção 
pelo Presidente da República, sem que ela ocorra; (b) se for dado provimento à 
representação, o Supremo Tribunal Federal provocará o Presidente da República, 
para o fim de expedição do decreto interventivo; nessa hipótese, a atuação do 
Presidente da República é vinculada, cabendo a ele a mera formalização de uma 
decisão tomada pelo Poder Judiciário. 
 
11 Lei 9.709/1998, art. 5.º 
 
12 Lei 9.709/1998, art. 7.º 
 
13 Lei 9.709/1998, art. 7.º 
 
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Entretanto, se por um lado é certo que a atuação do Presidente da 
República, nessa hipótese, é vinculada, por outro não é correto afirmar que de sua 
atuação sempre redundará intervenção efetiva no ente federado. Deveras, o 
Presidente da República deverá, obrigatoriamente, expedir o decreto interventivo – 
que nem precisará ser submetido ao Congresso Nacional (afinal, a questão já foi 
apreciada pelo STF) –, mas tal decreto não necessariamente redundará no 
afastamento da autonomia do ente federado. Isso porque, consoante o § 3.º do 
art. 36, se a mera suspensão da execução do ato impugnado for suficiente para 
assegurar o restabelecimento da normalidade, o decreto interventivo editado pelo 
chefe do Executivo limitar-se-á a esta providência – suspender a execução do ato 
local impugnado. Não se terá, dessarte, uma efetiva intervenção, com afastamento 
da autonomia do ente federado, mas tão só a suspensão do ato local impugnado, 
isto é, o decreto interventivo será, a rigor, um decreto meramente suspensivo da 
execução de um ato local. Assim, se a suspensão da execução do ato local bastar 
ao restabelecimento da normalidade, evita-se a decretação da efetiva intervenção 
no ente federado, em respeito à sua autonomia política (afinal, o objetivo último de 
todo o procedimento é o restabelecimento da normalidade no âmbito do ente 
federado, e não o afastamento de sua autonomia). Entretanto, caso o decreto 
meramente suspensivo não seja suficiente ao restabelecimento da normalidade, o 
Presidente da República estará obrigado a executar uma efetiva intervenção, pois 
se trata de hipótese de requisição, e não de simples solicitação. 
Exemplificando, suponhamos que o Estado da Bahia, em razão de conflitos 
de ordem política, esteja repassando a certos municípios de seu território, em 
valor menor do que o devido e com atraso, as receitas tributárias obrigatórias 
determinadas pela Constituição Federal (CF, art. 158, III e IV), violando, portanto, 
a autonomia municipal, princípio sensível da ordem federativa (CF, art. 34, VII, 
“c”). Nessa situação, o Presidente da República não poderá, por sua iniciativa, 
decretar a intervenção no Estado. Dependerá ele da iniciativa, mediante 
representação, do Procurador-Geral da República perante o Supremo Tribunal 
Federal. Caso o Procurador-Geral da República represente e o Supremo Tribunal 
Federal dê provimento à representação, o Presidente da República será 
provocado pelo Supremo Tribunal Federal, para que expeça, obrigatoriamente, o 
decreto interventivo. Uma vez provocado, o Presidente da República deverá, nos 
termos do § 3.º do art. 36 da Constituição Federal, baixar decreto suspensivo, sem 
necessidade de submetê-lo à apreciação do Congresso Nacional, determinando o 
repasse, correto e sem atrasos, das receitas tributárias devidas aos municípios. 
Se, por força desse decreto suspensivo, o repasse das receitas tributárias aosaludidos municípios baianos for normalizado, não haverá efetiva intervenção no 
Estado. Entretanto, caso o Estado da Bahia persista na irregularidade, o 
Presidente da República estará obrigado a executar a intervenção. 
Cabe ressaltar que, nessas hipóteses de representação do Procurador-
Geral da República, o Supremo Tribunal Federal não decretará a intervenção. 
Decretar e executar a intervenção são competências privativas do Chefe do Poder 
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Executivo (CF, art. 84, X). Cabe ao Poder Judiciário, tão somente, realizar o 
controle de constitucionalidade da pretendida medida de afastamento da 
autonomia do ente federado. Então, teremos o seguinte: (a) caso seja negado 
provimento à representação, o Supremo Tribunal Federal determinará o 
arquivamento do processo, encerrando-se o intento de decretação de intervenção 
pelo Presidente da República, sem que ela ocorra; (b) se for dado provimento à 
representação, o Presidente do Supremo Tribunal Federal dará conhecimento da 
decisão ao Presidente da República para, no prazo improrrogável de até 15 
(quinze) dias, expedir o decreto interventivo, na forma dos §§ 1º e 3º do art. 36 da 
Constituição Federal.14 
É importante esclarecer, ainda, que, nessa hipótese, a atuação do 
Presidente da República é vinculada, cabendo a ele a mera formalização de uma 
decisão tomada pelo Poder Judiciário, que reconheceu a procedência do pedido 
de intervenção formulado pelo Procurador-Geral da República. Deverá o Chefe do 
Executivo, portanto, no prazo improrrogável de 15 (quinze) dias, expedir o decreto 
interventivo. 
Entretanto, se por um lado é certo que a atuação do Presidente da 
República, nessa hipótese, é vinculada, por outro não é correto afirmar que de sua 
atuação sempre redundará intervenção efetiva no ente federado. De fato, o 
Presidente da República deverá, obrigatoriamente, expedir o decreto interventivo – 
que nem precisará ser submetido ao Congresso Nacional (afinal, a questão já foi 
apreciada pelo STF) –, mas tal decreto não necessariamente implicará o 
afastamento da autonomia do ente federado. Isso porque, consoante o § 3º do art. 
36, se a mera suspensão da execução do ato impugnado for suficiente para 
assegurar o restabelecimento da normalidade, o decreto interventivo editado pelo 
Chefe do Executivo limitar-se-á a esta providência – suspender a execução do ato 
local impugnado. Não se terá, dessarte, uma efetiva intervenção, com afastamento 
da autonomia do ente federado, mas tão só a suspensão do ato local impugnado, 
isto é, o decreto interventivo será, a rigor, um decreto meramente suspensivo da 
execução de um ato local. Assim, se a suspensão da execução do ato local bastar 
ao restabelecimento da normalidade, evita-se a decretação da efetiva intervenção 
no ente federado, em respeito à sua autonomia política (afinal, o objetivo último de 
todo o procedimento é o restabelecimento da normalidade no âmbito do ente 
federado, e não o afastamento de sua autonomia). Entretanto, caso o decreto 
meramente suspensivo não seja suficiente ao restabelecimento da normalidade, o 
Presidente da República estará obrigado a executar uma efetiva intervenção, pois 
se trata de hipótese de requisição, e não de simples solicitação. 
Por fim, cabe mencionar que a decisão do Supremo Tribunal Federal que 
julgar procedente ou improcedente o pedido da representação interventiva 
 
14 Lei 12.562/2011, art. 11. 
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formulado pelo Procurador-Geral da República é irrecorrível, não podendo, 
sequer, ser desconstituída por ação rescisória.15 
 
 
 
CAPÍTULO 6 
 
1) No item 3, após o primeiro parágrafo, foi feito o acréscimo do parágrafo abaixo: 
 
3. NORMAS CONSTITUCIONAIS SOBRE ORGANIZAÇÃO DA 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
............ 
O Supremo Tribunal Federal já teve oportunidade de explicitar que se exige lei 
formal não só para a criação de cargos públicos e a definição das respectivas 
atribuições, mas também para eventuais alterações dessas atribuições. Por 
outras palavras, as competências inerentes e caracterizadoras de um cargo 
público somente podem ser estabelecidas e modificadas por meio de lei formal, 
sendo inválida a pretensão de utilizar, para tanto, atos administrativos (um decreto 
ou uma portaria, por exemplo).16 
............... 
 
2) No item 4, foram feitos os acréscimos e substituições abaixo indicados: 
 
4. NORMAS CONSTITUCIONAIS SOBRE INGRESSO NO SERVIÇO 
PÚBLICO 
..................... 
Mesmo a lei, ao estabelecer os requisitos, deve respeitar os princípios 
constitucionais, sobretudo o princípio da isonomia, bem como a razoabilidade e 
proporcionalidade. Vale dizer, é possível o estabelecimento de limitações legais ao 
acesso de pessoas em situações específicas a determinados cargos, empregos 
ou funções públicas, desde que o critério para a discriminação seja razoável. 
Nessa linha, por ocasião da decisão do ARE 640.284/SP, em 16.05.2011, o 
 
15 Lei 12.562/2011, art. 12. 
 
16 Veja-se, entre outros, o MS 26.955/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 01.12.2010 (Informativo 611 do STF). 
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Ministro Gilmar Mendes, citando precedentes, asseverou que “o Supremo Tribunal 
Federal firmou o entendimento segundo o qual é razoável a exigência de altura 
mínima para cargos da área de segurança, desde que prevista em lei no sentido 
formal e material, bem como no edital que regule o concurso” (a controvérsia 
dizia respeito a concurso para o cargo de guarda municipal, com requisito de 
altura mínima constando do respectivo edital, porém sem lei que o previsse). 
Ainda sobre esse ponto, vale mencionar a Súmula 683 do STF, segundo a 
qual “o limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face 
do art. 7.º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das 
atribuições do cargo a ser preenchido”. 
Sobre esse aspecto, vale mencionar a Súmula 683 do STF, segundo a qual “o 
limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 
7.º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das 
atribuições do cargo a ser preenchido”. 
Importante orientação jurisprudencial de nossos tribunais diz respeito à 
impossibilidade de impedir a participação em concurso, ou mesmo a nomeação 
de candidato aprovado, com base em alegação de “inidoneidade moral”, ou “não 
atendimento a requisito de bons antecedentes”, ou “ausência de capacitação 
moral”, ou “reprovabilidade da vida pregressa”, fundada exclusivamente no fato de 
o candidato estar respondendo a ação penal, ainda não transitada em julgado. 
Entendem o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça que 
esse procedimento da administração pública fere o princípio da presunção de 
inocência ou presunção da não culpabilidade (“ninguém será considerado 
culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória” – CF, art. 5.º, 
LVII), o qual não se restringe ao âmbito exclusivamente penal, devendo também 
ser observado na esfera administrativa.17A Constituição de 1988 tornou obrigatória a aprovação prévia em concurso 
público – que deve ser de provas, ou de provas e títulos – para o provimento de 
quaisquer cargos efetivos ou empregos permanentes na Administração Direta e 
Indireta, inclusive para o preenchimento de empregos nas empresas públicas e 
sociedades de economia mista (CF, art. 37, II). 
................... 
Durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele 
aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado 
com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na 
carreira (CF, art. 37, IV). 
 
17 Do STF: RE 194.872/RS, rel. Min. Marco Aurélio, 07.11.2000; RE-AgR 487.398/MS, rel. Min. Gilmar Mendes, 
06.06.2006; RE 634.224/DF, rel. Min. Celso de Mello, 14.03.2011; RE 565.519/DF, rel. Min. Celso de Mello, 13.05.2011. 
Do STJ: RMS 11.396/PR, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 12.11.2007; RMS 13.546/MA, rel. Min. Og 
Fernandes, 10.11.2009. 
 
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Conforme a tradicional jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a 
aprovação em concurso público, mesmo que houvesse número certo de vagas 
previsto no edital, não gerava para o candidato direito adquirido à nomeação, mas 
simples expectativa de direito. 
Todavia, numa importante decisão, proferida em 2008, a Primeira Turma da 
Corte Suprema, em votação majoritária, decidiu que, na hipótese de ser anunciado 
número certo de vagas pelo edital do concurso, fica o Poder Público obrigado ao 
provimento dessas vagas, se houver candidatos aprovados suficientes para 
tanto.18 
Portanto, nesse julgado, a Primeira Turma do STF, por maioria, divergindo da 
jurisprudência há muito firmada pela Corte, entendeu que a aprovação em 
concurso público dentro do número de vagas fixado no edital cria para o 
candidato direito adquirido à nomeação, e não mera expectativa de direito. 
Em suma, a orientação hoje existente no âmbito do Supremo Tribunal Federal, 
segundo nos parece, é que a aprovação em concurso público dentro do número 
de vagas fixado no edital cria para o candidato direito adquirido à nomeação – e 
não mera expectativa de direito –, obedecida, evidentemente, a ordem de 
classificação. Pensamos ser prudente aguardar a confirmação desse 
entendimento em decisões posteriores, de preferência do Plenário do Tribunal. 
Importante orientação jurisprudencial foi firmada por nossa Corte Suprema, 
acerca do direito à nomeação de candidatos aprovados em concursos públicos, no 
julgamento do RE 598.099/MS, rel. Min. Gilmar Mendes, ocorrido em 10.08.2011 
(decisão de mérito com repercussão geral). Nessa ocasião, o Plenário do 
Supremo Tribunal Federal, por unanimidade, decidiu que o candidato aprovado 
em concurso público dentro do número de vagas indicado no edital tem 
direito subjetivo de ser nomeado, observado o prazo de validade do concurso. 
Por outras palavras, quando a administração pública fixa no edital de um 
concurso o número certo de vagas a serem preenchidas pelos aprovados, ela tem 
a obrigação – passível de ser exigida judicialmente, se não cumprida de forma 
espontânea – de nomear os aprovados, obedecida a ordem de classificação, até o 
preenchimento completo das vagas previstas (desde que haja suficientes 
candidatos aprovados, é claro). 
Ela não é obrigada a nomear imediatamente, nem de uma só vez. Pode 
efetuar fracionadamente as nomeações, dentro do prazo de validade do concurso, 
em tantas parcelas quantas julgue convenientes ao interesse público. Não 
obstante, certo é que, até terminar o prazo de validade previsto no edital – que 
pode ser prorrogado por uma única vez –, a administração tem a obrigação de 
nomear os aprovados, até preencher o número de vagas estipulado nesse mesmo 
 
18 RE 227.480/RJ, rel. orig. Min. Menezes Direito, rel. p/ o acórdão Min. Cármen Lúcia, 16.09.2008 (vide Informativo 520 do 
STF). 
 
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edital (ou até acabarem os aprovados, caso haja menos aprovados do que o 
número previsto de vagas). 
Mister é destacar que, na mesma oportunidade, nosso Pretório Maior deixou 
assente que, em casos excepcionalíssimos, provocados por circunstâncias 
supervenientes à publicação do edital, pode ser aceitável que a administração 
deixe de nomear os aprovados, desde que fundamente pormenorizadamente – e 
tal decisão administrativa, por óbvio, estará sujeita ao controle judicial, se 
provocado, no qual pode acontecer de a fundamentação não ser considerada 
válida. 
Essa decisão consolidou uma virada jurisprudencial no âmbito da Corte 
Suprema. Antes, o Tribunal Maior só reconhecia pacificamente a existência de 
direito adquirido à nomeação no caso do candidato que fosse preterido em razão 
de desrespeito, por parte da administração pública, à ordem de classificação dos 
aprovados em concurso. É o que consta da Súmula 15 do STF, aprovada em 13 
de dezembro de 1963: 
 
15 – Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem o direito à 
nomeação, quando o cargo for preenchido sem observância da classificação. 
 
Portanto, surge direito adquirido à nomeação para o candidato mais bem 
classificado se a administração nomear antes dele outro candidato que tenha 
obtido colocação inferior no certame. 
Vale notar que essa vetusta orientação do Supremo Tribunal Federal não ficou 
prejudicada pela jurisprudência firmada no julgamento do RE 598.099/MS, 
ocorrido em 10 de agosto de 2011, segundo a qual têm direito subjetivo à 
nomeação todos os candidatos aprovados dentro do número de vagas 
especificado no edital do concurso público. 
Com efeito, os dois entendimentos jurisprudenciais coexistem, uma vez que a 
Súmula 15 do STF tem aplicação em qualquer caso, haja ou não vagas certas 
definidas no edital, tenham ou não as nomeações ocorrido dentro do número 
incialmente previsto de vagas (se houver). 
Absolutamente incontroversa, diferentemente, é a situação do candidato que 
tem preterido o seu direito de que seja observada pela Administração Pública a 
ordem de classificação dos aprovados no concurso, ao efetuar as respectivas 
nomeações. É clara a esse respeito a vetusta Súmula 15 do STF: 
 
15 – Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem o direito à 
nomeação, quando o cargo for preenchido sem observância da classificação. 
 
Uma questão importante concerne à possibilidade de impugnação judicial dos 
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gabaritos divulgados em um determinado concurso público (se estão ou não 
corretos, se deveriam ser alterados), bem como dos critérios de correção das 
questões e de atribuição de notas adotados pela respectiva banca examinadora. 
Há muito está consolidada, no âmbito da jurisprudência do Supremo Tribunal 
Federal, que esse tipo de análise implicaria controle do mérito administrativo, e não 
controle de legalidade. Por isso, entende nossa Corte Suprema que é incabível o 
Poder Judiciário verificar se estão corretos os gabaritos apresentados para as 
questões, bem como apreciar se são adequados os critérios decorreção e de 
atribuição de notas. Conforme muitas vezes reiterou o Pretório Excelso, “não cabe 
ao Poder Judiciário, no controle jurisdicional da legalidade, substituir-se à banca 
examinadora do concurso público para reexaminar os critérios de correção das 
provas e o conteúdo das questões formuladas”.19 
Uma discussão importante concerne à possibilidade de impugnação judicial 
dos gabaritos divulgados em um determinado concurso público (se estão ou não 
corretos, se deveriam ser alterados, se a questão deveria ser anulada), bem como 
dos critérios de correção das questões e de atribuição de notas adotados pela 
respectiva banca examinadora. 
Tradicionalmente, a doutrina e o Poder Judiciário costumam defender que a 
apreciação do ato administrativo que divulga os gabaritos finais do concurso, com 
as respectivas alterações ou mesmo anulações de questões, configura controle do 
mérito administrativo desse ato, e não controle de legalidade. Por essa razão, o 
Poder Judiciário de um modo geral, inclusive o Supremo Tribunal Federal, entende 
que é incabível a propositura de ações judiciais que impugnem a correção dos 
gabaritos apresentados para as questões ou a adequação dos critérios de avaliação 
das questões ou de atribuição de notas. Conforme muitas vezes reiterou o Pretório 
Excelso, “não cabe ao Poder Judiciário, no controle jurisdicional da legalidade, 
substituir-se à banca examinadora do concurso público para reexaminar os critérios 
de correção das provas e o conteúdo das questões formuladas”.20 
Muito embora seja essa, realmente, a orientação ortodoxa existente até hoje em 
nossos meios jurídicos, julgamos muito importante registrar que se vislumbra uma 
razoável possibilidade de que o Supremo Tribunal Federal modifique sua 
jurisprudência e passe a admitir a anulação de questões, pelo Poder Judiciário, 
quando, na ação judicial, se comprove, por exemplo, que determinado gabarito 
divulgado estava objetivamente incorreto, ou que duas assertivas distintas estavam 
igualmente corretas em uma questão de múltipla escolha do tipo “marque a 
alternativa certa”. 
 
19 Citamos, dentre muitos outros, os seguintes julgados em que essa orientação foi reiterada: RE-AgR 243.056/CE, rel. 
Min. Ellen Gracie, 06.03.2001; AI-AgR 500.416/ES, rel. Min. Gilmar Mendes, 24.08.2004; RE-AgR 560.551/RS, rel. Min. 
Eros Grau, 17.06.2008; MS 27.260/DF, red. p/ o acórdão Min. Cármen Lúcia, 29.10.2009; AO 1.627/BA, rel. Min. 
Cármen Lúcia, 25.11.2010 (DJe 231, de 30.11.2010). 
 
20 Citamos, dentre muitos outros, os seguintes julgados em que essa orientação foi reiterada: RE-AgR 243.056/CE, rel. 
Min. Ellen Gracie, 06.03.2001; RE-AgR 560.551/RS, rel. Min. Eros Grau, 17.06.2008; MS 27.260/DF, red. p/ o acórdão 
Min. Cármen Lúcia, 29.10.2009; AO 1.627/BA, rel. Min. Cármen Lúcia, 25.11.2010. 
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A repercussão geral desse tema foi reconhecida pela nossa Corte Suprema no 
âmbito do RE 632.853/CE, rel. Min. Gilmar Mendes, e, na decisão que reconheceu 
a repercussão geral, proferida em 07.10.2011, o Supremo Tribunal Federal “não 
reafirmou a jurisprudência dominante sobre a matéria, que será submetida a 
posterior julgamento”. 
Em suma, somente quando ocorrer o julgamento definitivo de mérito do RE 
632.853/CE é que poderemos afirmar, com segurança, a jurisprudência pacificada 
acerca desse relevante assunto. 
Outra situação, relacionada à que acabamos de expor – mas não igual –, 
concerne à possibilidade de ser verificado se o conteúdo cobrado em 
determinada questão está incluído entre os assuntos enumerados no 
programa de disciplinas constante do edital do concurso. Nesse caso, 
diferentemente daquele que vimos anteriormente, o entendimento do Supremo 
Tribunal Federal é de que a análise se enquadra no campo do controle de 
legalidade – e não de mérito administrativo –, sendo passível, portanto, de ser 
realizada pelo Poder Judiciário, para o fim de anular as questões do concurso 
em que sejam cobradas matérias não previstas no respectivo edital. É mister 
transcrever, nessa linha, exemplificativamente, a ementa do RE 434.708/RS, rel. 
Min. Sepúlveda Pertence, julgado em 21.06.2005 (grifamos):21 
Outra situação, relacionada à que acabamos de expor – mas não igual –, 
concerne à possibilidade de ser verificado se o conteúdo cobrado em determinada 
questão está incluído entre os assuntos enumerados no programa de disciplinas 
constante do edital do concurso. Nesse caso, o Supremo Tribunal Federal já 
definiu que a análise se enquadra no campo do controle de legalidade – e não 
de mérito administrativo –, sendo passível, portanto, de ser realizada pelo Poder 
Judiciário, para o fim de anular as questões do concurso em que sejam 
cobradas matérias não previstas no respectivo edital. É mister transcrever, 
nessa linha, exemplificativamente, a ementa do RE 434.708/RS, rel. Min. 
Sepúlveda Pertence, julgado em 21.06.2005 (grifamos):22 
 
Concurso público: controle jurisdicional admissível, quando não se cuida de aferir da 
correção dos critérios da banca examinadora, na formulação das questões ou na 
avaliação das respostas, mas apenas de verificar que as questões formuladas não 
se continham no programa do certame, dado que o edital – nele incluído o programa 
– é a lei do concurso. 
.................. 
É relevante registrar que o Supremo Tribunal Federal, em decisão histórica, 
prestigiando sobremaneira os princípios constitucionais que orientam a atuação da 
 
21 A mesma posição foi sustentada, entre outros, no RE-AgR 526.600/SP, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 12.06.2007, e no 
RE-AgR 440.335/RS, rel. Min. Eros Grau, 17.06.2008. 
 
22 A mesma posição foi sustentada, entre outros, no RE-AgR 526.600/SP, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 12.06.2007, e no 
RE-AgR 440.335/RS, rel. Min. Eros Grau, 17.06.2008. 
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Administração Pública como um todo, sobretudo os postulados da moralidade 
administrativa e da impessoalidade, considerou ofensiva à Constituição a prática 
do denominado nepotismo (nomeação de parentes, consanguíneos ou por 
afinidade, para cargos em comissão e funções de confiança).23 Conforme o 
entendimento de nossa Corte Suprema, a vedação ao nepotismo, inclusive ao 
chamado “nepotismo cruzado” (dois agentes públicos, em conluio, nomeiam 
familiares um do outro), não depende de lei formal para ser implementada; tal 
proibição decorre, diretamente, dos princípios expressos no art. 37, caput, da 
Carta de 1988, devendo ser observada por todos os Poderes da República e por 
todos os entes da Federação. A partir dessa orientação, editou a Súmula 
Vinculante 13, cuja redação transcrevemos: 
 
13 – A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por 
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da 
mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para 
o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na 
Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante 
designações recíprocas, viola a Constituição Federal. 
 
É importante ressalvar, consoante o entendimento explicitado pela nossa 
Corte Suprema nos julgamentosque deram origem à Súmula Vinculante 13, que 
a vedação ao nepotismo não alcança a nomeação para cargos políticos. 
Dessa forma, por exemplo, um prefeito de município pode nomear o seu 
sobrinho para o cargo político de secretário municipal; um governador de estado 
pode nomear o seu filho para o cargo político de secretário estadual. Entretanto 
– ainda exemplificando –, o mesmo governador não pode nomear qualquer 
parente seu alcançado pela súmula (pais, avós, filhos, tios, irmãos, sobrinhos, 
sogros e cunhados) para o cargo meramente administrativo de assessor jurídico 
do gabinete do secretário de fazenda do estado. 
É importante ressalvar – embora não esteja explicitado no texto da Súmula 
Vinculante 13 – que, em um dos precedentes que a ela deram origem (o RE 
579.951/RN), afirmou o Supremo Tribunal Federal que, em regra, a vedação ao 
nepotismo não alcança a nomeação para cargos políticos. Essa orientação 
foi reiterada, mais tarde, no julgamento de medida cautelar na Rcl 6.650/PR 
(16.10.2008). 
Exemplificando, um prefeito de município, em princípio, pode nomear o seu 
sobrinho para o cargo político de secretário municipal; um governador de estado, 
em regra, pode nomear o seu filho para o cargo político de secretário estadual. 
Entretanto – ainda a título ilustrativo –, o mesmo governador não pode nomear 
parentes (até o terceiro grau) para o cargo meramente administrativo de 
 
23 ADC 12/DF, rel. Min. Carlos Britto, 20.08.2008; RE 579.951/RN, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 20.08.2008. 
 
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assessor jurídico do gabinete do secretário de fazenda do estado. 
Não obstante esses dois julgados, ao apreciar pedido de medida cautelar na 
Rcl 12.478/RJ, em 03.11.2011, o Ministro Joaquim Barbosa, em decisão 
monocrática, afastou do cargo o Secretário de Educação do Município de 
Queimados (RJ), nomeado pelo seu irmão, o prefeito municipal. Segundo o 
Ministro Joaquim Barbosa, o entendimento firmado pelo STF nos dois julgados 
antes mencionados (RE 579.951/RN e Rcl 6.650/PR) foi de que a nomeação de 
parentes para cargos políticos nem sempre descaracteriza o nepotismo. Seria 
necessária a verificação das particularidades de cada caso concreto. Por 
exemplo, se restasse demonstrado que a nomeação se deu exclusivamente por 
causa do parentesco (o nomeado não possui qualquer qualificação profissional, 
curricular ou técnica que justifique a sua escolha), ou como uma troca de 
favores, ela seria ilícita, configurando o nepotismo, com violação da Súmula 
Vinculante 13. 
Enfim, parece-nos acertado afirmar que a regra geral é não configurar 
nepotismo a nomeação de parentes para cargos políticos, mas, dependendo 
das circunstâncias do caso concreto, poderá a nomeação ser assim 
considerada, hipótese em que será ilícita, por afronta à Súmula Vinculante 13. 
Vejamos como serão as futuras decisões do STF sobre esse ponto. 
O inciso IX do art. 37 da CF/1988 prevê uma outra forma de admissão de 
pessoal pela Administração Pública, diversa do preenchimento de cargos efetivos 
e empregos públicos mediante concurso público, e diversa da nomeação para 
cargos em comissão. Trata-se da contratação por tempo determinado, para 
atender necessidade temporária de excepcional interesse público. 
.............. 
 
3) No item 5.3, ao final, foram feitos o acréscimo e a substituição abaixo indicados: 
 
5.3. Direito de greve dos servidores públicos 
............... 
Um ponto relevante esclarecido por nossa Corte Suprema quanto à aplicação 
da Lei 7.783/1989 às greves realizadas por servidores públicos diz respeito à 
possibilidade de a administração pública proceder, mediante ato próprio, ao 
desconto da remuneração correspondente aos dias de paralisação. Em diversas 
oportunidades, asseverou o STF que é aplicável à greve no serviço público o art. 
7.º da Lei 7.783/1989, segundo o qual a adesão do trabalhador ao movimento, 
em princípio, acarreta a suspensão do seu contrato de trabalho. Embora 
servidores públicos estatutários não tenham contrato de trabalho, nosso Tribunal 
Excelso firmou a orientação de que o citado artigo legal deve ser aplicado para o 
efeito de determinar, como regra geral, o desconto da remuneração dos dias não 
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trabalhados pelos servidores grevistas, procedimento passível de ser levado a 
cabo pela própria administração.24 
Por outro lado, o Supremo Tribunal Federal entende que ferem a Carta de 1988 
disposições normativas que estabeleçam sanções administrativas 
diferenciadas para o servidor que esteja em estágio probatório, pelo simples 
fato de ele haver aderido a greve. Entende o Pretório Excelso que não existe, na 
Constituição Federal, base para que se faça distinção entre servidores em estágio 
probatório e os demais, em função de participação em movimentos grevistas.25 
Por fim, anotamos que o direito de greve é vedado aos militares, sem 
qualquer exceção, nos termos do art. 142, IV, da Constituição Federal. 
Por fim, convém repisar que o direito de greve é vedado aos militares, sem 
nenhuma exceção, nos termos do art. 142, § 3º, inciso IV, da Carta de 1988. E o 
Supremo Tribunal Federal já decidiu que a proibição à greve deve ser estendida 
aos membros das polícias civis, muito embora, como é óbvio, eles não sejam 
militares, nem estejam regidos pelo art. 142 da Constituição da República.26 
 
 
4) No item 5.9, foram feitos os acréscimos e substituições abaixo indicados: 
5.9. Regime de previdência dos servidores públicos 
.................... 
 
É também vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a 
concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime próprio de previdência 
dos estatutários, ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, os 
casos de servidores (art. 40, § 4.º): 
 
a) portadores de deficiência; 
b) que exerçam atividades de risco; 
c) cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade 
física. 
 
As leis complementares previstas no § 4º do art. 40 do Texto Magno não 
foram editadas até hoje. Em face da omissão do legislador no cumprimento de 
 
24 Rcl-MC 6.200/RN, rel. Min. Cezar Peluso, 29.01.2009; RE 539.042/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 01.02.2010; RE 
456.530/SC, rel. Min. Joaquim Barbosa, 13.05.2010; AI 799.041/MG, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 18.05.2010. 
 
25 ADI 3.235/AL, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, 04.02.2010. 
 
26 Rcl 6.568/SP, rel. Min. Eros Grau, 21.05.2009; AC 3.034/DF, rel. Min. Cezar Peluso, 16.11.2011. 
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sua função de regulamentar esse dispositivo constitucional, muitos servidores 
públicos vêm impetrando mandados de injunção, pleiteando ordens judiciais que 
lhes assegurem o concreto exercício do direito constitucionalmente assegurado. 
Um desses casos foi o de uma servidora pública da área de saúde (auxiliar de 
enfermagem) cujo pedido de aposentadoria especial pelo exercício de atividade 
insalubre fora indeferido pela administração pública, sob a alegação de que não 
se poderia aplicar a ela o § 4ºdo art. 40 da Constituição, por inexistência da 
regulamentação legal nele mesmo exigida. No mandado de injunção por ela 
impetrado, a auxiliar de enfermagem pedia que fosse suprida a falta da norma 
regulamentadora a que se refere § 4º do art. 40, a fim de possibilitar o exercício do 
seu direito à aposentadoria especial, em razão de ter trabalhado por mais de 25 
anos em atividade considerada insalubre. 
Em meados de 2007, o Supremo Tribunal Federal, por unanimidade, deferiu 
ordem nesse mandado de injunção, determinando que a administração pública 
adotasse, para a servidora, as regras de aposentadoria especial do regime 
geral de previdência social, constantes do art. 57 da Lei 8.213/1991, a fim de 
possibilitar concretamente o exercício, pela impetrante, do direito previsto no 
inciso III do § 4º do art. 40 da Carta Política.27 
Como se vê, nessa ação de mandado de injunção, a Corte Suprema atribuiu à 
sua decisão a eficácia propugnada pela denominada posição concretista 
individual: a decisão judicial possibilita a concretização do exercício do direito 
constitucional, mas apenas para o autor da ação (eficácia inter partes). 
Posteriormente a esse julgado, o Pretório Excelso decidiu uma grande 
quantidade de mandados de injunção da mesma forma: determinando à 
administração pública que analise os pedidos de deferimento de aposentadoria 
especial por exercício de atividade considerada insalubre apresentados pelos 
servidores impetrantes adotando, nessa análise, as regras de aposentadoria 
especial existentes para o regime geral de previdência social, vazadas no art. 57 
da Lei 8.213/1991, a fim de suprir a falta da regulamentação que o § 4º do art. 40 
da Constituição exige para ser aplicado.28 
Ainda, seguindo a mesma orientação, o Supremo Tribunal Federal, em outros 
mandados de injunção – inclusive em mandado de injunção coletivo –, determinou 
que fosse observado pela administração o art. 57 da Lei 8.213/1991 na análise de 
pedidos de aposentadoria especial formulados por servidores portadores de 
deficiência, suprindo, assim, nos casos concretos respectivos, a falta da lei 
complementar que deveria regulamentar o inciso I do § 4º do art. 40 da 
Constituição.29 É interessante salientar que o art. 57 da Lei 8.213/1991, utilizado 
 
27 MI 721/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 30.08.2007; vide Informativo 477 do STF. 
28 Vejam-se, entre muitos outros: MI 788/DF; MI 795/DF; MI 879/DF; MI 905/DF; MI 998/DF, todos julgados na sessão 
plenária de 15.04.2009. Ainda: MI 1.083/DF; MI 1.182/DF; MI 1.660/DF; MI 1.835/DF, todos julgados na sessão plenária de 
02.08.2010. 
29 MI 1.967/DF, rel. Min. Celso de Mello, 24.05.2011; MI 3.322/DF, rel. Min. Celso de Mello, 01.06.2011. 
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por analogia pela Corte Suprema, nem mesmo faz referência a trabalhadores 
portadores de deficiência, mas, tão somente, garante aposentadoria especial ao 
segurado do INSS que tenha exercido sua atividade “sujeito a condições especiais 
que prejudiquem a saúde ou a integridade física”. 
Não obstante essa restrição, vazada no § 4.º do art. 40 da Carta Política, o 
Supremo Tribunal Federal possui jurisprudência consolidada segundo a qual os 
agentes públicos que estavam sujeitos ao regime celetista antes da Constituição 
de 1988 e, por força da exigência de regime jurídico único introduzida com a 
promulgação dela, foram transformados em servidores estatutários têm direito 
adquirido a contagem especial do tempo de serviço prestado como celetistas em 
condições insalubres, perigosas ou penosas, nos termos estabelecidos na 
legislação à época aplicável.30 
Os proventos de aposentadoria serão calculados a partir das remunerações 
utilizadas como base para as contribuições do servidor tanto ao regime próprio 
quanto, se for o caso, ao regime geral (art. 40, § 3.º). A forma de cálculo deverá 
ser estabelecida em lei. 
................... 
 
 
 
CAPÍTULO 7 
 
1) No item 3.2.1 foi feito, ao final, o seguinte acréscimo: 
 
3.2.1. Sistema proporcional 
.................. 
Por fim, ainda a respeito do sistema proporcional, o Supremo Tribunal 
Federal enfrentou relevante questão: em se tratando de candidato eleito por 
coligação partidária, se houver vacância, deverá ser convocado para ocupar a 
vaga o candidato mais votado da coligação (independentemente do partido a que 
pertença) ou do partido político daquele candidato que originou a vacância? 
Suponha-se que em determinada eleição para o cargo de deputado federal 
uma coligação partidária composta pelos partidos A, B e C tenha obtido direito a 
 
30 RE 258.327/PB, rel. Min. Ellen Gracie, 09.12.2003; RE 255.827/SC, rel. Min. Eros Grau, 25.10.2005; AI-AgR 
398.502/SC, rel. Min. Gilmar Mendes, 24.10.2006; RE-AgR 473.895/RS, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 14.11.2006; RE 
539.103/PB, rel. Min. Cármen Lúcia, 17.10.2008. 
 
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uma vaga na Câmara dos Deputados, ocupada pelo candidato Pedro, o mais 
votado, do partido C. Para sua suplência, restaram três outros candidatos da 
coligação, com as seguintes votações: João, do partido A (50.000 votos); Antônio, 
do partido B (30.000 votos); e Carlos, do partido C (20.000 votos). Meses após a 
sua posse, Pedro renuncia ao mandato. Nessa situação, a quem caberia a vaga, 
decorrente da renúncia de Pedro? Ao próximo da lista do partido de Pedro, ou da 
lista da coligação partidária? 
De acordo com o entendimento do STF, a vaga pertence à coligação (e 
não ao partido político do candidato que deu origem à vaga), razão pela qual, no 
nosso exemplo, o candidato convocado seria João.31 
 
2) No item 8.1, foi feito o acréscimo abaixo indicado: 
 
8.1. Tribunal de Contas da União 
................... 
É oportuno registrar que o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula 
Vinculante 3, acerca da abrangência do direito ao contraditório e ampla defesa 
nos processos que tramitam no TCU, cujo enunciado transcrevemos a seguir: 
 
3 – Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o 
contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou 
revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação 
da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. 
 
Essa ressalva constante da parte final da Súmula Vinculante 3 merece uma 
explicação, tendo em vista certa mitigação ao seu alcance imposta pela 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 
Observe-se que, pela exceção indicada na parte final do enunciado da Súmula 
Vinculante 3, acima transcrita (“excetuada a apreciação da legalidade do ato de 
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão”), o Tribunal de Contas da 
União não está obrigado a assegurar o contraditório e a ampla defesa ao 
interessado nos processos em que houver decisão que resulte em anulação ou 
revogação de aposentadoria, reforma ou pensão decorrente de ilegalidade 
verificada no ato de concessão inicial. 
 
31 MS 30.260/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 27.04.2011. 
 
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Acontece, porém, que não háprazo limite para que o Tribunal de Contas da 
União examine a legalidade desses atos concessivos de aposentadorias, reformas 
e pensões. Na prática, significa dizer que a publicação do ato concessivo de 
aposentadoria, reforma ou pensão pela administração pública não gera, por si, 
direito adquirido ao beneficiário. Com efeito, nada impede que três, cinco, oito ou 
onze anos depois venha o Tribunal de Contas da União, ao examinar a validade 
de tal ato, reconhecer a sua ilegalidade e determinar a sua anulação, com a 
consequente cessação do pagamento do benefício. 
Em face dessa realidade, e considerando os princípios do devido processo 
legal, da boa-fé e da segurança jurídica, o Supremo Tribunal Federal fixou o prazo 
de cinco anos para que a Corte de Contas realize esse exame sem a 
necessidade de assegurar o direito de defesa ao interessado.32 Assim, 
durante esse prazo de cinco anos, a ilegalidade do ato poderá ser apontada pelo 
Tribunal e Contas, com a consequente cessação do pagamento do benefício, sem 
necessidade de oportunizar o contraditório e a ampla defesa ao beneficiário. 
Porém, esgotado esse prazo sem a manifestação do Tribunal de Contas da União, 
no posterior exame da legalidade do ato concessivo deverão obrigatoriamente ser 
asseguradas ao interessado as garantias constitucionais do contraditório e da 
ampla defesa. 
O STF deixou assente, ainda, que esse prazo de cinco anos deve ser 
contado a partir da data de chegada do processo administrativo à Corte de 
Contas.33 
A fim de assegurar efetividade ao desempenho de suas atribuições, dispõe a 
Constituição que as decisões do Tribunal de Contas da União de que resulte 
imputação de débito ou multa têm eficácia de título executivo, isto é, 
consubstanciam instrumento idôneo para instruir e subsidiar o processo de 
execução do devedor perante o Poder Judiciário (art. 71, § 3.º). 
..................... 
 
 
 
CAPÍTULO 8 
 
1) No item 3.1.5, foi feita a substituição abaixo indicada: 
 
 
32 MS 25.116/DF, rel. Min. Carlos Britto, 09.02.2006. 
33 MS 24.781/DF, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, 02.03. 2011. 
 
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3.1.5. Iniciativa dos tribunais do Poder Judiciário 
............... 
Cabe ao Tribunal de Justiça a iniciativa da lei de organização judiciária do 
respectivo estado (CF, art. 125, § 1.º). 
Cabe ao Tribunal de Justiça a iniciativa da lei de organização judiciária do 
respectivo estado (CF, art. 125, § 1º), bem como de leis que versem sobre 
organização de serventias extrajudiciais.34 
................ 
 
 
CAPÍTULO 11 
 
1) No item 11.1, foram feitos o acréscimo e a substituição abaixo indicados: 
 
11.1. Competências 
................ 
A Emenda Constitucional 45/2004 revogou a alínea “h” do inciso I do art. 102 
da Constituição Federal, que estabelecia a competência originária do Supremo 
Tribunal Federal para a homologação das sentenças estrangeiras e a concessão 
do exequatur às cartas rogatórias. Assim, não cabe mais ao Supremo Tribunal 
Federal proferir o despacho que ordena a exequibilidade, no Brasil, de diligência 
judicial oriunda do estrangeiro. Essa competência foi repassada ao Superior de 
Tribunal de Justiça,35 ao qual caberá dar o despacho de exequibilidade às cargas 
rogatórias oriundas das justiças estrangeiras para que, ulteriormente, os juízes 
federais processem e julguem a execução dessas cartas rogatórias (CF, art. 109, 
X). 
Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, originariamente, 
litígios entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, estados, o 
Distrito Federal ou Territórios Federais (CF, art. 102, I, “e”). Observe-se que essa 
competência da Corte Suprema não alcança o julgamento de litígio entre Estado 
estrangeiro ou organismo internacional e município brasileiro. Se a disputa 
 
34 ADI 2.415/SP, rel. Min. Ayres Britto, 22.09.2011. 
 
35 CF, art. 105, I, “i”. 
 
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judicial for entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e município 
brasileiro, a competência para julgar cabe à Justiça Federal de primeira 
instância, conforme estabelece o artigo 109, inciso II, da Constituição Federal.36 
Estabelece a Constituição Federal que compete ao Supremo Tribunal Federal 
processar e julgar, originariamente, as causas e os conflitos entre a União e os 
estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as 
respectivas entidades da administração indireta (art. 102, I, “f”). Embora a 
Constituição Federal não estabeleça distinção quanto às espécies de 
controvérsias travadas entre as entidades mencionadas, a jurisprudência do 
Supremo Tribunal Federal desenvolveu uma redução teleológica do alcance literal 
desse dispositivo constitucional, de forma a restringir a sua competência originária, 
nos termos examinados nos parágrafos seguintes. 
................... 
Vale destacar que restará afastada a competência do Supremo Tribunal 
Federal se o conflito envolver qualquer das pessoas jurídicas mencionadas e um 
município, embora este seja também um ente federado. 
Em decorrência da criação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do 
Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), a EC 45/2004 acrescentou ao 
inciso I do art. 102 da Constituição Federal a alínea “r”, que outorga ao STF 
competência originária para processar e julgar “as ações contra o Conselho 
Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público”. Essa 
competência refere-se a ações contra os respectivos colegiados (decisões 
colegiadas), e não àquelas em que se questione a responsabilidade pessoal de 
um ou mais conselheiros. 
Em decorrência da criação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do 
Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), a EC 45/2004 acrescentou ao 
inciso I do art. 102 da Constituição Federal a alínea “r”, que outorga ao STF 
competência originária para processar e julgar “as ações contra o Conselho 
Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público”. 
Vale destacar, porém, que essa competência refere-se a ações contra os 
respectivos colegiados (decisões colegiadas do CNJ ou do CNMP), e não 
àquelas em que se questione a responsabilidade pessoal de um ou mais 
conselheiros desses órgãos. 
Ademais, mesmo em relação às decisões colegiadas, o STF não dispõe de 
competência para processar e julgar toda e qualquer demanda em que se 
discuta ato do CNJ ou CNMP. Isso porque esses órgãos integram a União e, 
assim, é a União, representada pela Advocacia-Geral da União, a pessoa 
legitimada a figurar no polo passivo de ações ordinárias em que se questionem 
 
36 Rcl 10.920/PR, rel. Min. Celso de Mello, 01.09.2011. 
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atos do CNJ ou CNMP, as quais serão julgadas pela Justiça Federal. A 
competência do STF para processar e julgar, originariamente, restringe-se àquelas 
ações em que o próprio CNJ ou o próprio CNMP, ou o respectivo presidente, 
figura no polo passivo como autoridade impetrada, em defesa dos atos e 
prerrogativas

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