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APG 25 Intestino e Pâncreas

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APG 25 
 
APG 25: Cuidado nas Compras 
Paulo e Fernando são estudantes de medicina e moram na mesma 
república. Pela primeira vez vão ao supermercado para fazer 
compras. Paulo olha Fernando lendo rótulo por rótulo dos produtos 
e fala: 
 
 - Mano, tá de dieta, cara? 
 
 - Não posso comer nada com glúten, Paulo, descobri há 2 anos 
que tenho doença celíaca, tive uma diarreia daquelas, fiz até biópsia 
com aquela perda do padrão normal das vilosidades, igualzinho ao 
que estudamos na semana passada. 
 
1. Compreender a morfofisiologia do intestino 
delgado (secreção e sua mecânica) 
2. Entender a histologia do intestino delgado 
(microvilosidades intestinais) 
3. Estudar o pâncreas (função, histologia, 
fisiologia e morfologia) 
 
Grande parte da digestão e da 
absorção de nutrientes ocorre em um tubo 
longo chamado de intestino delgado. Como 
resultado disso, sua estrutura é 
especialmente adaptada para essas funções. 
Seu comprimento, sozinho, fornece uma 
grande área de superfície para a digestão e 
absorção, e essa área é ainda mais 
aumentada pelas pregas circulares, 
vilosidades e microvilosidades. O intestino 
delgado começa no músculo esfíncter do 
piloro do estômago, estende-se pelas partes 
central e inferior da cavidade abdominal e, 
finalmente, abre-se no intestino grosso. 
 
Funções do Intestino Delgado 
 
1. Os movimentos segmentares 
misturam o quimo com os sucos digestivos e 
colocam o alimento em contato com a túnica 
mucosa para absorção; a peristalse 
impulsiona o quimo pelo intestino delgado. 
2. Completa a digestão de 
carboidratos, proteínas e lipídios; começa e 
termina a digestão de ácidos nucleicos. 
3. Absorve aproximadamente 90% dos 
nutrientes e água que passam pelo sistema 
digestório. 
 
Anatomia do Intestino Delgado 
 
O intestino delgado é dividido em três regiões. 
O duodeno, a menor região, é retroperitoneal. 
Começa no músculo esfíncter do piloro do 
estômago e estende-se por aproximadamente 
25 cm, até se fundir com o jejuno. Duodeno 
significa “12”; é assim denominado porque é 
quase tão longo quanto a largura de 12 dedos. 
O jejuno mede aproximadamente 1 m de 
comprimento e estende-se até o fleo. Jejuno 
significa “vazio”, porque é assim encontrado 
no morto. A região final e mais longa do 
intestino delgado, o fleo, mede cerca de 2 m 
e une-se ao intestino grosso em um músculo 
csfíncter liso chamado de papila ileal. 
 
 
 
Histologia do Intestino Delgado 
 
A parede do intestino delgado é composta das 
mesmas quatro túnicas que compõem a maior 
parte do trato GI: túnica mucosa, tela 
submucosa, túnica muscular e túnica scrosa 
(Figura 24.18a, no Capitulo 24). A túnica 
mucosa é composta de uma camada de 
epitélio, lâmina própria e muscular da mucosa. 
A camada epitelial da túnica mucosa do 
intestino delgado consiste em epitélio colunar 
simples, contendo muitos tipos de células 
(Figura 24.18b). As células absortivas do 
epitélio digerem e absorvem nutrientes no 
quimo do intestino delgado. Também estão 
presentes no epitélio as células caliciformes, 
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que secretam muco. A túnica mucosa do 
intestino delgado contém muitas fissuras 
revestidas com epitélio glandular. As células 
que revestem as fissuras formam as 
glândulas intestinais (criptas de 
Lieberkiihn) e produzem suco intestinal (a ser 
discutido posteriormente). Além das células 
absortivas e das células caliciformes, as 
glândulas intestinais também contêm as 
células granulares de Paneth e as células 
enteroendócrinas. As células granulares de 
Paneth secretam lisozima, uma enzima 
bactericida, e são capazes de fagocitose. As 
células de Paneth podem ter uma função na 
regulação da população microbiana no 
intestino delgado. Três tipos de células 
enteroendócrinas são encontradas nas 
glândulas intestinais do intestino delgado: 
células S, células CCK e células K, que 
secretam os hormônios secretina, 
colecistocinina ou CCK e peptídeo 
insulinotrópico dependente de glicose ou 
GEP, respectivamente. 
 
A lâmina própria da túnica mucosa 
do intestino delgado contém tecido 
conjuntivo areolar e possui uma abundância 
de tecido linfático associado a mucosa 
(MALT). Nódulos linfáticos solitários são 
mais numerosos na parte distai do fleo (Figura 
24.19c, adiante). Grupos de nódulos linfáticos, 
chamados de fo- lículos linfáticos 
agregados (placas de Peyer), também estão 
presentes no íleo. A muscular da mucosa do 
intestino delgado consiste em músculo liso. 
 
A tela submucosa do duodeno contém 
as glândulas duo- denais (de Brünner) 
(Figura 24.19a, adiante), que secretam um 
muco alcalino que ajuda a neutralizar o ácido 
gástrico no quimo. Algumas vezes o tecido 
linfático da lâmina própria se estende pela 
muscular da mucosa até a tela submucosa. 
 
A túnica muscular do intestino 
delgado consiste em duas lâminas de músculo 
liso. A lâmina mais delgada, a externa, contém 
fibras longitudinais; a lâmina mais espessa, a 
interna, contém fibras circulares. Com 
exceção da maior parte do duodeno, a túnica 
serosa (ou peritônio visceral) envolve 
completamente o intestino delgado. 
 
Essas características estruturais 
incluem pregas circulares, vilosidades e 
microvilosidades. As pregas circulares ou 
plicae circulares são pregas da túnica mucosa 
e da tela submucosa (veja Figura 24.17b). 
Essas cristas permanentes, medindo 
aproximadamente 10 mm de comprimento, 
começam próximo da parte proximal do 
duodeno e terminam aproximadamente na 
parte média do íleo. Algumas se estendem por 
todo o trajeto em tomo da circunferência do 
intestino; outras se estendem por apenas 
parte do trajeto em tomo da circunferência. As 
pregas circulares intensificam a absorção, 
aumentando a área de superfície, e levam o 
quimo a formar uma espiral, em vez de mover-
se em linha reta, à medida que passa pelo 
intestino delgado. 
Também presentes no intestino delgado se 
encontram as vilosidades, que são projeções 
digitiformes da túnica mucosa, medindo 0,5 a 
1 mm de comprimento (veja Figura 24.18a). O 
grande número de vilosidades (20 a 40 por 
milímetro quadrado) aumenta imensamente a 
área de superfície do epitélio disponível para 
absorção e digestão e dá à túnica mucosa do 
intestino uma aparência aveludada. Cada 
vilosidade é recoberta por epitélio e possui um 
núcleo de lâmina própria; engastados no 
tecido conjuntivo da lâmina própria 
encontram-se uma arteríola, uma vênula, uma 
rede capilar sanguínea e um lácteo, que é um 
capilar linfático. Nutrientes absorvidos pelas 
células epiteliais que recobrem a vilosidade 
passam pela parede de um capilar ou de um 
lácteo para entrar no sangue ou na linfa, 
respectivamente. 
Além das pregas circulares e vilosidades, o 
intestino delgado também possui 
microvilosidades, que são projeções da 
membrana apical (livre) das células 
absortivas. Cada microvilosidade é uma 
projeção recoberta por membrana cilíndrica, 
com 1 fim de comprimento, contendo um feixe 
de 20 a 30 filamentos de actina. Quando 
observadas ao microscópio óptico, as 
microvilosidades são muito pequenas para 
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serem vistas individualmente; ao contrário, 
formam uma linha encrespada, chamada de 
borda em escova, que se estende até o lume 
do intestino delgado (Figura 24.19d). Existe 
uma estimativa de 200 milhões de 
microvilosidades por milímetro quadrado de 
intestino delgado. Como as microvilosidades 
aumentam muito a área de superfície da 
membrana plasmática, quantidades maiores 
de nutrientesdigeridos conseguem difundir-se 
para as células absortivas, em um 
determinado período de tempo. A borda em 
escova também contém diversas enzimas 
com microvilosidades que possuem funções 
digestivas (discutidas a seguir). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Digestão Mecânica no Intestino Delgado 
 
Dois tipos de movimentos do intestino delgado 
— movimentos segmentares e um tipo de 
peristalse chamado de complexos de 
motilidade migratória — são governados 
basicamente pelo plexo mioentérico. Os 
movimentos segmentares são contrações 
mistas e localizadas que ocorrem em partes 
do intestino distendido por um grande volume 
de quimo. Os movimentos segmentares 
misturam quimo com sucos digestivos e 
colocam as partículas de alimento em contato 
com a túnica mucosa para absorção; os 
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movimentos segmentares não empurram o 
conteúdo intestinal ao longo do trato. O 
movimento segmentar começa com as 
contrações das fibras musculares da camada 
circular em uma parte do intestino delgado, 
uma ação que comprime o intestino em 
segmentos. A seguir, as fibras musculares 
que circundam o meio de cada segmento 
também se contraem, dividindo cada 
segmento novamente. Finalmente, as fibras 
que se contraíram primeiro relaxam e cada 
pequeno segmento se une a um pequeno 
segmento adjacente, de forma que segmentos 
maiores são novamente formados. Conforme 
essa sequência de eventos se repete, o quimo 
move-se para a frente e para trás. Os 
movimentos segmentares ocorrem mais 
rapidamente no duodeno, aproximadamente 
12 vezes por minuto e, progressivamente, 
diminuem para aproximadamente 8 vezes por 
minuto no íleo. Esse movimento é semelhante 
a comprimir altemada- mente o meio e, em 
seguida, as extremidades de uma pasta de 
dentes tampada. 
Após a absorção da maior parte da refeição, 
que diminui a distensão da parede do intestino 
delgado, os movimentos segmentares 
cessam e começa a peristalse. O tipo de 
peristalse que ocorre no intestino delgado, 
denominado complexo de motilidade 
migratória (CMM), começa na parte inferior 
do estômago e empurra o quimo para a frente, 
ao longo de uma curta distância do intestino 
delgado, antes de parar. O complexo de 
motilidade migratória desloca-se lentamente 
para baixo, no intestino delgado, chegando ao 
final do íleo em 90 a 120 minutos. Então, outro 
complexo de motilidade migratória começa no 
estômago. De um modo geral, o quimo 
permanece no intestino delgado entre 3 e 5 
horas. 
 
Digestão Química no Intestino Delgado 
 
Na boca, a amilase salivar converte amido 
(um polissacarídeo) em maltose (um 
dissacarídeo), maltotriose (um trissacarídeo) 
e a-dextrinas (fragmentos ramificados de 
cadeia curta de amido, com 5 a 10 unidades 
de glicose). No estômago, a pepsina converte 
as proteínas em peptídeos (pequenos 
fragmentos de proteínas) e as lipases lingual 
e gástrica convertem alguns triglicerídios em 
ácidos graxos, diglicerídios e monoglicerídios. 
Assim, o quimo que entra no intestino delgado 
contém carboidratos, proteínas e lipídios 
parcialmente digeridos. A conclusão da 
digestão dos carboidratos, proteínas e lipídios 
é um esforço coletivo do suco pancreático, bile 
e suco intestinal no intestino delgado. 
 
 
PÂNCREAS 
 
O quimo passa do estômago para o intestino 
delgado. Como a digestão química no 
intestino delgado depende das atividades do 
pâncreas, fígado e vesícula biliar, primeiro 
estudaremos as atividades desses órgãos 
acessórios da digestão e suas contribuições 
para a digestão no intestino delgado. 
 
Anatomia do Pâncreas 
 
O pâncreas, uma glândula retroperitoneal, 
medindo aproximadamente 12 a 15 cm de 
comprimento e 2,5 cm de espessura, situa- se 
posteriormente à curvatura maior do 
estômago. O pâncreas consiste em uma 
cabeça, um corpo e uma cauda, e, 
normalmente, está conectado ao duodeno por 
dois duetos (Figura 24.14a). A cabeça é a 
parte expandida do órgão, próximo da curva 
do duodeno; superiormente e à esquerda da 
cabeça encontram-se o corpo central, e a 
cauda, afunilada. 
Os sucos pancreáticos são secretados pelas 
células exócri- nas em pequenos duetos que, 
finalmente, se unem para formar dois duetos 
maiores, o dueto pancreático e o dueto 
pancreático acessório. Estes, por sua vez, 
conduzem as secreções para o intestino 
delgado. O dueto pancreático (de Wirsung) 
é o maior dos dois duetos. Na maioria das 
pessoas, o dueto pancreático se une ao dueto 
colédoco, a partir do fígado e da vesícula 
biliar, e entra no duodeno como um dueto 
comum, chamado de ampola 
hepatopancreática (de Vater). A ampola se 
abre em uma elevação da túnica mucosa do 
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duodeno, conhecida como a papila maior 
duodeno, que se situa aproximadamente 10 
cm abaixo do músculo esfíncter do piloro do 
estômago. A passagem do suco pancreático e 
da bile pela ampola hepatopancreática até o 
intestino delgado é regulada por uma massa 
de músculo liso conhecida como músculo 
esfíncter da ampola hepatopancreática (de 
Oddi). O outro principal dueto do pâncreas, o 
dueto pancreático acessório (de Santorini), 
sai do pâncreas e se esvazia no duodeno, 
aproximadamente 2,5 cm acima da ampola 
hepatopancreática. 
 
Histologia do Pâncreas 
 
O pâncreas é composto de pequenas 
aglomerações de células epiteliais 
glandulares. Aproximadamente 99% das 
aglomerações, chamadas de ácinos, 
constituem a parte exócrina do órgão (veja 
Figura 18.18b, c, no Capítulo 18). As células 
dentro dos ácinos secretam uma mistura de 
líquido e enzimas digestivas chamada de 
suco pancreático. O restante 1% das 
aglomerações, chamadas de ilhotas 
pancreáticas (de Langerhans), formam a 
parte endócrina do pâncreas. Essas células 
secretam os hormônios glucagon, insulina, 
somatostatina e polipeptídeo pancreático. As 
funções desses hormônios são discutidas no 
Capítulo 18. 
 
Composição e Funções do Suco 
Pancreático 
 
Todos os dias o pâncreas produz entre 1.200 
e 1.500 mL de suco pancreático, um líquido 
incolor claro, consistindo basicamente em 
água, alguns sais, bicarbonato de sódio e 
diversas enzimas. O bicarbonato de sódio dá 
ao suco pancreático um pH ligeiramente 
alcalino (7,1 a 8,2), que tampona o suco 
gástrico ácido no quimo, interrompe a ação da 
pepsina do estômago e cria o pH adequado 
para a ação das enzimas digestivas no 
intestino delgado. As enzimas no suco 
pancreático incluem uma enzima que dissolve 
o carboidrato, chamada de amilase 
pancreática; diversas enzimas que dissolvem 
proteínas, chamadas de tripsina, 
quimotripsina, carboxipeptidase e 
elastase; a principal enzima que dissolve 
triglicerídios nos adultos, chamada de lipase 
pancreática; e enzimas que dissolvem ácido 
nucleico, chamadas de ribonuclease e 
desoxirribonuclease. 
As enzimas que dissolvem as proteínas do 
pâncreas são produzidas na forma inativa, 
assim como a pepsina é produzida no 
estômago como pepsinogênio. Como estão 
inativas, as enzimas não dissolvem as células 
do próprio pâncreas. A tripsina é produzida na 
forma inativa, chamada de tripsinogênio. As 
células acinares do pâncreas também 
produzem uma proteína, chamada de inibidor 
de tripsina, que se combina com qualquer 
tripsina formada acidentalmente no pâncreas 
ou no suco pancreático e bloqueia sua 
atividade enzimática. Quando o tripsinogênio 
chega ao lume do intestino delgado, encontra 
uma enzima que ativa a borda em escova, 
chamada de enterocinase, que separa parte 
da molécula do tripsinogênio para formar a 
tripsina. A tripsina, por sua vez, atua nos 
precursores inativos (chamados de 
quimotrip- sinogênio, procarboxipeptidase 
e proelastase) para produzir quimotripsina, 
carboxipeptidase e elastase, 
respectivamente.geova
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geova
Realce

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