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Doenç� Rena� Crônic� (DRC) ------------------ Livro: CASOS DE ROTINA em Medicina Veterinária de Pequenos animais É a consequência de uma gama de afecções renais, culminando na perda irreversível e progressiva das funções excretora e concentradora dos rins. Acomete principalmente animais geriátricos, embora existam casos de animais jovens (Doença renal congênita). Podem ser encontrados de PU/PD, anorexia, letargia, vômito, perda de peso, diarreia, noctúria, cegueira aguda e fraqueza muscular (Caos de rotina pág. 428/429). DIAGNÓSTICO: Caráter crônico (>3 meses) de poliúria e polidipsia e perda de peso. A densidade urinária é baixa (>1,020), e o U-P/C pode estar aumentado, assim como a pressão arterial (PAS >170 mmHg), sendo estes importantes dados na caracterização do estádio 1 da doença. Do estádio 2 ao 4 já existem aumentos séricos de creatinina, ureia, fósforo e acidose metabólica, bicarbonato e cálcio variavelmente baixos; anemia não regenerativa. Os exames de imagem evidenciam rins pequenos, córtices renais difusamente ecodensos com perdas dos limites corticomedulares (Casos de rotina pág. 429). TRATAMENTO: Cada paciente deve ser encarado como indivíduo único, e o tratamento e a monitoração devem ser orientados mediante parâmetros clínicos e laboratoriais, regularmente. Embora as doenças renais primárias devam ser investigadas (ex. glomerulonefrite), sabe-se que raramente serão identificadas (Casos de rotina pág. 429). NUTRIÇÃO: Restrições exageradas de proteínas e sódio não são indicadas. As dietas devem apresentar restrição de fósforo e possuírem alta digestibilidade. A avaliação nutricional deve se basear na monitoração do score corporal (manter 5/1-9), nos valores de albumina sérica adequada e na quantidade de calorias consumidas. - Pacientes em estádio 4 instáveis e/ou em crise urêmica: Devem muitas vezes ser estimulados a se alimentarem com alimentos mais palatáveis, em pequenas quantidades e várias vezes ao dia. Como metodologia para estimular o apetite pode-se oferecer diferentes tipos de alimento, evitando a ração terapêutica nesse primeiro momento, a fim de se evitar “aversão” à ração consumida. - Pacientes hiporéticos: Adicione água quente na ração, caldo de carne, manteiga ou ricota. Estímulo químico, utilizando ciproetidina (Cobavital - Solvay) 2-4 mg/kg, BID, pode ser realizado se as alternativas anteriores falharem. Avaliar também a presença de ulcerações orais e, caso estas existam, realizar higiene bucal com clorexidina a 0,1% com auxílio de gaze (Casos de rotina pág. 429/430). FLUIDOTERAPIA E HIDRATAÇÃO: Animais com crise urêmica devem ser internados e mantidos na fluidoterapia parenteral com solução Ringer lactato inicialmente para corrigir as perdas, desidratação e a manutenção. Após a correção da desidratação do paciente pode-se infundir, pela via intravascular, 100 ml/kg/dia de Ringer lactato acrescido de complexo B e, quando necessário, cloreto de potássio. Pacientes com náusea, perda de apetite e desidratação crônica (geralmente estádios 3-4) podem receber a solução de Ringer lactato 20-60 ml/kg/dia acrescidos de complexo B, pela via subcutânea, em intervalos de 1-4 dias. Esse tratamento pode ser espaçado ou retirado conforme necessidade individual (Casos de rotina pág. 431). CONTROLE DA HIPERTENSÃO A PAS deve ser avaliada pelo menos 2-3 vezes em períodos distintos durante algumas semanas antes de se instituir a terapia anti-hipertensiva, a menos que existam evidências de lesões retinianas, sinais neurológicos ou ainda a pressão se mantiver superior a 200 mmHg. Avaliar o animal sempre em ambiente calmo e realizar mudanças graduais nas medicações anti-hipertensivas, quando necessário. Iniciar a terapia em DRC estádios 2-4 com pressão superior a 160/100 mmHg e nos DRC estádio 1 com PAS superior a 180/120 mmHg (sistólica/diastólica) (Casos de rotina pág. 431). - Inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECAS): Inicialmente, pode ser usado enalapril 0,25 - 0,5 mg/kg, VO, SID/BID, ou benazepril 0,25 - 0,5 mg/kg, VO, SID. Ocasionalmente essa terapia é associada com declínio da função renal, sendo assim, caso haja aumento da creatinina sérica 1-2 semanas após início do uso de IECAs, seu uso deve ser interrompido. Caso a hipertensão mantenha-se acima de 170 mmHg, pode-se associar bloqueador de canal de cálcio - amlodipina 0,1-0,2 mg/kg, VO, SID (até 0,6 mg/kg/dia). Ficar atento aos sinais de hipotensão (síncopes após esforço). Outras drogas como a hidralazina podem ser utilizadas em conjunto de IECA e amlodipina nos casos de hipertensão persistente. Clinicamente os animais com DRC se beneficiam em manter a pressão no intervalo de 130-150 mmHg. Salienta-se que 1-2 semanas após introdução ou mudanças nas de fármacos anti-hipertensivos deve-se monitorar a creatinina e os níveis pressóricos (Casos de rotina pág. 432). CONTROLE DA HIPERFOSFATEMIA: Objetiva-se manter a concentração sérica de fósforo abaixo de 4,5; 5 e 6 mg/dl nos estádios 2, 3 e 4 da DRC, respectivamente. Encoraja-se o uso de quelantes de fósforo como o hidróxido de alumínio 30-100 mg/kg/dia, VO (Pepsamar -Sanofi), cuja manipulação líquida sem sabor é mais efetiva e menos enjoativa, ou carbonato de cálcio (Calciprev -Vitamed) 90-150 mg/kg/dia, VO, ou ainda acetato de cálcio 60-90 mg/kg/dia, VO. Devem ser usados sempre logo após as refeições e podem ser divididos 2-3 vezes ao dia em conjunto das maiores refeições. Alumínio em altas concentrações pode causar intoxicação, além disso, o uso concomitante de calcitriol e medicações contendo cálcio (p.ex, carbonato ou acetato de cálcio) pode levar à hipercalcemia (Casos de rotina pág. 432). TRATAMENTO DA PROTEINÚRIA (U-P/C AUMENTADO): Sempre avaliar em conjunto da PAS e da urinálise. Tentar manter o U-P/C abaixo de 0,5 nos estádios 2,3 e 4, e no estádio 1 deve-se intervir se a proteinúria for superior a 2,0. Nas proteinúrias de origem renal, sempre tentar encontrar a causa da glomerulopatia e iniciar o tratamento com a menor dose dos inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECAs) - benazepril 0,25-0,5 mg/kg, VO, SID, ou enalapril 0,25-0,5 mg/kg, VO, SID/BID. Sempre avaliar a PAS e creatinina antes e após o uso de IECAs (Casos de rotina pág. 433). TRATAMENTO DA ANEMIA: Inicialmente deve-se corrigir a desidratação, suplementar as vitaminas hidrossolúveis, melhorar a nutrição, corrigir a hiperfosfatemia e minimizar as possíveis perdas sanguíneas gastroentéricas (pesquisar sangue oculto nas fezes e realizar exame coproparasitológico) (Casos de rotina pág. 433). - Protetores de mucosa: no caso de sangramento deve-se usar antagonista dos receptores H² como a ranitidina 2 mg/kg, VO, BID, e/ou antiulceroso sucralfato 20-30 mg/kg, VO, BID/TID, 2 horas antes ou após as outras medicações orais, por longos períodos. - Suplemento de ferro: se mesmo após a correção da desidratação e a complementação de vitaminas hidrossolúveis (vitaminas do complexo B) a anemia progredir, avaliar a possibilidade de deficiência de ferro (hipocromia, ferritina e ferro séricos diminuídos). Pode-se usar o sulfato ferroso 100-300 mg/cão, VO, SID/DA (não usar em animais com úlcera ou lesões gástricas. Se houver sinais de gastrite medicamentosa ou lesões gastroentéricas, pode-se optar pelo ferro-dextrano (Lectron 20% -Pfizer) 5-20 mg/kg a cada 5-15 dias, ou hidróxido de ferro III intramuscular (Noripurum - Nycomed Pharma) 50-150 mg/cão a cada 5-15 dias (em avaliação experimental). - Terapia hormonal: com a progressão da anemia no estádio 4 (Ht <15-20%) pode-se optar pelo uso de eritropoetina recombinante humana (rhEPO) ou darbepoetina (DPO), sempre concomitante à suplementação de ferro. Pode-se iniciar com a dose de rhEPO de 50-150 UI/kg, SC, TID, ou até diariamente na primeira semana em casos severos. Monitorar o hematócrito semanalmente até atingir 35%. Após a estabilização do hematócrito pode-se usar rhEPO 50-100 UI/kg, SC, BID ou TID. O objetivo é manter o hematócrito entre 37% e 40%. Caso a dose necessária para manter o Ht seja acima da indução deve-se suspeitar de resistênciaou manejo inadequado, podendo avaliar a medula óssea nesses casos para diferenciação. Fazer uso de rhEPO somente após descartar todos os outros motivo de anemia, devido ao risco de hipertensão, convulsões e formação de anticorpo anti-EPO (agravando a anemia) (Casos de rotina pág. 434 e 435). HEMODIÁLISE E DIÁLISE PERITONEAL: Só devem ser encorajadas em casos de agudização que não respondem ao tratamento conservador (Casos de rotina pág. 436). MEDICAÇÕES COMPLEMENTARES: Fitoterápicos, medicações “naturais” entre outros devem ser evitados, pois podem causar sobrecarga já que a maioria tem metabolização renal e com isso podem precipitar efeitos adversos (Casos de rotina pá. 436). MONITORAÇÃO: De maneira geral os estádios 3 e 4 podem ser reavaliados a cada 2-4 mese, e estádios 1 e 2, a cada 4-6 meses. Quando houver modificações em dosagem ou inserção de medicamentos, os cães devem ser reavaliados precocemente (dependente do medicamento), e os pacientes com uso de hormônios, como eritropoetina e calcitriol, requerem frequente monitoração (Casos de rotina pág. 436).
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