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UNIÃO ESTÁVEL
INTRODUÇÃO 
O casamento, certamente, jamais perderá a sua importância jurídica. É instituto fundamental do Direito de Família, que se impôs perante o estado, mesmo nos regimes políticos mais fechados. 
Mesmo após a sua oficialização, não perdeu o seu espaço nos planos jurídico e social. 
Todavia, a par de sua secular tradição, não é correto concluir-se, como se sabe, que o casamento seja a única entidade familiar juridicamente reconhecida ou que se sobreponha em face das demais. De forma alguma. 
O casamento é, tão somente, uma das várias e multifárias formas de manifestação deste belo fenômeno convivencial que é a família, ombreando-se a outros tipos de entidade. 
De fato, é preciso ter sempre em mente que a Constituição Federal de 1988 consagrou a concepção da multiplicidade de modalidades de arranjos familiares, não sendo taxativo o rol constante do art. 226 (composto do casamento, união , estável e família monoparental), mas, sim, meramente exemplificativo. 
E, dentre essas entidades, paralelas ao casamento, mas de similar importância, desponta, sem sombra de dúvidas, uma conhecida e também vetusta forma de união convivencial atualmente denominada de união estável, modalidade de arranjo familiar extremamente comum na sociedade brasileira.Mas o seu reconhecimento jurídico e social não foi fácil. Foi sofrido. 
A SAGA DA UNIÃO ESTÁVEL NO BRASIL: DO CONCUBINATO PROIBIDO À VALORIZAÇÃO CONSTITUCIONAL 
Se é certo o prestígio que a família formada pelo casamento angariou historicamente na sociedade ocidental, notadamente por decorrência de dogmas religiosos e imposições estatais de controle, da mesma forma não há como se negar que as uniões livres, consideradas aquelas independentes do matrimônio, passaram por verdadeira saga para ter reconhecido o seu status de modalidade admitida de composição familiar. 
Trata-se, em um juízo mais crítico, de um verdadeiro paradoxo, pois a agregação de seres humanos em um núcleo de afeto, ou mesmo com finalidades de produção, reprodução e assistência recíproca, em um embrião do que se conhece hoje como família, é muito mais antiga do que a instituição do casamento. 
Como nunca foi da natureza humana viver sozinho, a constituição de uma família surge como uma consequência lógica, motivo pelo qual valorizar uniões espontaneamente formadas soa perfeitamente natural para as novas gerações, menos apegadas a tradições imemoriais. Todavia, nem sempre foi assim. E, no Brasil, não foi diferente. 
É possível, inclusive, fazer uma sistematização desta evolução histórica da disciplina da união estável no Brasil, agrupando em momentos visivelmente distintos, que partem da ampla rejeição, com absoluta ausência de tutela jurídica, atravessando o silencioso constrangimento da simples tolerância, passando pela aceitação natural como fato social, até o reconhecimento e valorização constitucional como forma idônea de família. 
Compreendamos essas fases. 
Rejeição (ausência de tutela)
Do ponto de vista geral, mesmo nas sociedades mais simples e primitivas, a partir do momento em que se ritualiza a união sexual, estabelecendo-se um procedimento para o seu reconhecimento, a consequência natural é dar um tratamento diferenciado para os que não se enquadram nessa liturgia. 
Assim, as uniões realizadas fora de tal standard acabavam automaticamente sendo vistas com outros olhos, muitas vezes carregados com o amargo sabor do preconceito. 
Essa visão inicial da hoje chamada "união estável" é aparentemente comum à maioria dos países de cultura ocidental, notadamente os de formação romanística, valendo destacar, com PAULO LUIZ NETTO LÔBO, que a "união não matrimonial no direito romano era comum e considerada como casamento inferior, de segundo grau, sob a denominação de concubinato".No Brasil, não foi diferente. 
Até o início do século XX, qualquer tentativa de constituição de família fora dos cânones do matrimônio era destinatária da mais profunda repulsa social. A união livre simplesmente não era considerada como família e a sua concepção era de uma relação ilícita, comumente associada ao adultério e que deveria ser rejeitada e proibida. 
Com efeito, permitindo-nos um breve olhar na codificação anterior, vê-se que, nas poucas vezes em que o Código Civil brasileiro de 1916 se referiu a tal modalidade de relação jurídica, o fez normalmente para repeli-lo. 
Tolerância (tutela de natureza previdenciária)
A tutela jurídica da união estável, ainda chamada, à=época, de concubinato, tem seu nascedouro com a sua tolerância com fato da vida.
Foi na tutela previdenciária que o concubinato começou a ser reconhecido como apto para a produção de determinados (e limitados) efeitos jurídicos. -Com efeito, estabeleceu a Lei n. 4.297, de 23 de dezembro de 1963 (publicada no Diário Oficial da União de l4-1-1964), em seu art. 3º: 
Art. 3.° Se falecer o ex-combatente segurado de Instituto de Aposentadoria e Pensões ou Caixa de Aposentadoria e Pensões, aposentado ou não, será concedida, ao conjunto de seus dependentes, pensão mensal, reversível, de valor total igual a 70% (setenta por cento) do salário integral realmente percebido pelo segurado e na seguinte ordem de preferência: 
(...)
À companhheira, desde que com o segurado tenha convivido maritalmente por prazo não inferior a 5 anos e até a data de seu óbito; 
O referido dispositivo é um importante referencial, pelo fato de reconhecer expressamente a companheira como destinatária de tutela jurídica. 
Aceitação como fato social (tutela de natureza obrigacional)
O efetivo reconhecimento do concubinato como um fato jurídico, ensejador da produção de efeitos tutelados pelo ordenamento, foi, sem sombra de dúvida, uma construção jurisprudencial. 
Ainda que a tutela não fosse compreendida, naquele momento, como um instituto de Direito de Família, os reflexos patrimoniais foram aproximados aos gerados pela relação derivada de uma união conjugal. 
Em um primeiro momento, admitiu-se, em situações fáticas equivalentes ao que hoje se reconhece como união estável, que a sua dissolução, sem qualquer pagamento, ensejaria um enriquecimento indevido do homem, em face da mulher, tendo em vista que esta cuidou de seu lar, como se esposa, sem ter qualquer tutela específica. 
Assim, por algum tempo, foi a ação indenizatória por serviços domésticos prestados - modalidade encontrada para evitar enriquecimento sem causa, no caso - o único instrumento de amparo material reconhecido à companheira necessitada, funcionando, de fato, como uma construção pragmática, diante da recusa do ordenamento positivo em lhe reconhecer o direito a alimentos. 
Em uma evolução jurisprudencial, posteriormente, passou-se a admitir a existência de uma sociedade de fato entre os companheiros, de forma que a companheira deixaria de ser mera presta dora de serviços com direito a simples indenização, para assumir a posição de sócia na relação concubinária, com direito à parcela do patrimônio comum, na proporção do que houvesse contribuído. 
Há, sem a menor sombra de dúvida, um grande marco nesta fase, que foi a edição, pelo Supremo Tribunal Federal (em Sessão Plenária de 3-4-l964), da sua Súmula 380, nos seguintes termos: 
"Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum". 
Observe-se que o referido aresto jurisprudencial tratou da partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum, o que se convencionou reconhecer como uma sociedade de fato. 
Assim, tal qual a sociedade formada pelo vínculo matrimonial, a conjunção de esforços de ambos os concubinos (expressão que ainda persistia naquele momento histórico) formava, no campo dos fatos, uma sociedade, o que autorizaria, na sua eventual dissolução, a partilha dos bens. 
Neste ponto, vale destacar, inclusive, como um indício de que a sociedade se preparava para o reconhecimento efetivo desta relação como uma modalidade familiar, que a Lei de Registros Públicos (Lei n. 6.015/73) permitiu o reconhecimento de filho extraconjugalpor meio de testamento cerrado. 
Valorização (prestígio constitucional)
Foi a Constituição Federal de 1988 que pôs uma pá de cal no pensamento conservador que rejeitava a união livre como modalidade de família. 
Ao elencá-la agora com o nomen juris de união estável, atribuiu-lhe, finalmente, a tutela do Direito de Família, que foi o coroamento dessa tão atribulada saga aqui descrita. 
A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E A UNIÃO ESTÁVEL
Como vimos, foi somente após a promulgação da nossa Constituição de 1988 que o outrora denominado concubinato, agora reconhecido como união estável, recebeu o justo tratamento jurídico e a proteção do Direito de Família. 
Dispõe, pois, a Constituição: 
Art, 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 
( ... ) 
§ 3.° Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. 
A inexistência de hierarquia entre modalidades de família
Com a admissão expressa pela Constituição Federal da união informal entre homem e mulher como família, rompeu-se uma tradicional supremacia do modelo casamentário como único standard possível e legitimado. 
A normatização constitucional consagrou um sistema aberto, inclusivo e não discriminatório, não se afigurando admissível permanecer de fora do seu âmbito de tutela uma forma de união familiar tão (ou mais) antiga quanto o casamento. 
Mas note-se que, ao consagrar a união estável como forma de família, o constituinte equiparou-a, mas não a identificou ao casamento. 
É voz corrente na doutrina que identificação não há, não apenas por se tratar de institutos distintos, com as suas próprias peculiaridades, pois, se assim o fosse, o constituinte, no referido § 3.° do art, 226, não teria referido que a lei ordinária facilitaria a "conversão" da união estável em casamento. 
Mas, dessa previsão de conversibilidade, não se conclua, equivocadamente, haver uma hierarquia entre os institutos. 
Não há espaço para supremacia de direitos do cônjuge em face do companheiro: uma vez reconhecida a união estável, afrontaria o próprio sistema constitucional conceber-se um tratamento privilegiado ao cônjuge em detrimento do dispensado ao companheiro. 
Se o afeto é a base do conceito de família, afigurar-se-ia contraditório (e inconstitucional) defendermos um tratamento que resultasse em vantagem ou privilégio do cônjuge, simplesmente porque está amparado pelo matrimônio. Não teria o menor sentido tal solução. 
Sucede que, em inúmeros pontos da legislação infraconstitucional, percebe-se uma amplitude dos direitos da pessoa casada, sem o correspondente reflexo na esfera jurídica daqueles que mantêm, simplesmente, uma união estável. 
Não somos contra a dimensão dada ao direito do cônjuge. Compreendemos até que, em algumas situações, dada a natural segurança jurídica decorrente do formalismo ínsito ao casamento, o cônjuge possa gozar de uma situação jurídica mais confortável, quando o reconhecimento de determinado direito ou prerrogativa depender da prova do seu status familiar, a exemplo da obtenção de uma liminar de alimentos provisórios ou da presunção relativa de paternidade (art. l.597, CC-02; art. 338, CC-16), uma vez que a prova do estado de casado é feita, simplesmente, mediante a apresentação de uma certidão, o que não é tão fácil na união estável. 
Todavia, o que não aceitamos é o inconstitucional reducionismo de direitos dos companheiros - se comparados à tutela jurídica do cônjuge -, sob o inadequado - senão covarde - argumento de que, por não se encontrar casado, não mereceria tal proteção. 
Tomemos o exemplo do Direito Sucessório. 
O cônjuge fora erigido à condição de herdeiro necessário (art. 1.845, CC- 02), ao lado dos ascendentes e descendentes, com direito, portanto, de concorrer à legítima do falecido, sem prejuízo, é claro, da sua meação, 
E, se isso não bastasse, a teor do art. l.831, CC-02, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar.
Em vez de buscar uma equiparação que respeitasse a dinâmica constitucional - uma vez que diferença não deve haver entre a viuvez de uma esposa e a de uma companheira, pois ambas mantinham com o falecido um núcleo de afeto -, o legislador, em franca violação do princípio constitucional da vedação ao retrocesso", minimizou - e sob certos aspectos aniquilou - o direito hereditário da( o) companheira( o) viúva( o). 
O mal localizado, pessimamente redigido e inconstitucional art. 1.790 confere à(ao) companheira(o) viúva(o) - em total dissonância com o tratamento dispensado ao cônjuge - um direito sucessório limitado aos bens adquiridos onerosamente no curso da união (o que poderia resultar na aquisição de parte da herança pelo próprio Município, além de colocá-la(o) em situação inferior aos colaterais do morto (um tio ou um primo, por exemplo). 
Isso sem mencionar que o seu direito real de habitação, previsto na Lei n. 9.278 de 1996, simplesmente despareceu do novo Código Civil. 
Por tudo isso, desabafa ALDEMIRO REZENDE: 
"Pensamos que o artigo 1.790, do Código Civil, deve ser destinado à lata do lixo, sendo declarado inconstitucional e, a partir daí, simplesmente ignorado, a não ser para fins de estudo histórico da evolução do direito. Tal artigo, num futuro não muito distante, poderá ser apontado como exemplo dos estertores de uma época em que o legislador discriminava a família que se formava a partir da união estável, tratando-a como se fosse família de segunda categoria. 
Partindo, portanto, de uma interpretação conforme a Constituição, concluímos no sentido da necessária extensão da tutela jurídica ao companheiro, em consonância com o tratamento dispensado ao cônjuge, sob pena de, na prática, estar-se consagrando uma indevida hierarquia entre entidades familiares. 
Afinal, é justo estabelecer-se diferença entre uma viúva que fora casada com o falecido por dois anos e uma companheira que com ele conviveu por dois, três, quatro ou quarenta anos? 
Ao encontro, de todo o exposto, concluímos com MARIA BERENICE DIAS, quando comenta a disciplina da matéria na Constituição Federal: 
O fato de mencionar primeiro o casamento, depois a união estável e após a família monoparental, não significa qualquer preferência e nem revela escala de prioridade entre elas. Ainda que a união estável não se confunda com o casamento, ocorreu a equiparação das duas entidades familiares, merecedoras da mesma proteção. A Constituição acabou por reconhecer juridicidade ao afeto, ao elevar as uniões constituídas pelo vínculo de afetividade à categoria de entidade familiar. 
Reconhecemos que o nosso Direito ainda é extremamente apegado a um positivismo indesejável e anacrônico, de maneira que, enquanto as normas legais não forem modificadas, a jurisprudência ainda permanecerá, em grande parte, insensível a tais considerações. 
Nada impede, porém, que o juiz, em situações como essas, reconheça, em concreto, a inequívoca inconstitucionalidade da norma reducionista, para amparar a companheira, como se casada fosse. 
CONCEITO DE UNIÃO ESTÁVEL
O último século apontou, mormente em sua segunda metade, uma nítida mudança de mentalidade, a partir de uma necessária abertura cultural e da justa conquista de um necessário espaço social pela mulher. 
Todo esse processo reconstrutivo por que passou a família concubinária resultou, paulatinamente, na ascensão da concubina do árido vácuo da indiferença e do preconceito ao justo patamar de integrante de uma entidade familiar constitucionalmente reconhecida. 
E, neste contexto, com alta carga de simbolismo etimológico, o Direito Brasileiro preferiu consagrar as expressões companheirismo e união estável - para caracterizar a união informal entre homem e mulher com o objetivo de constituição de família, em lugar da vetusta e desgastada noção de concubinato. 
Hoje em dia,o concubinato (relação entre amantes), sob o prisma eminentemente técnico, não pode ser confundido com a união estável, uma vez que, a teor do art. l.727 do Código Civil, posto que possa gerar determinados efeitos jurídicos, não consubstancia, em geral, um paradigma ou standard familiar, traduzindo, simplesmente, uma relação não eventual entre o homem e a mulher, impedidos de casar. 
A união estável, por seu turno, não se coaduna com a mera eventualidade na relação e, por conta disso, ornbreia-se ao casamento em termos de reconhecimento jurídico, firmando-se como forma de família, inclusive com expressa menção constitucional (CF, § 3.° do art. 226). 
Nesse contexto, Pablo Stolze conceitua a união estável como uma relação afetiva de convivência pública e duradoura entre duas pessoas, do mesmo sexo ou não, com o objetivo imediato de constituição de família. 
Sistematizando o conceito, podem ser apontados os seguintes elementos caracterizadores essenciais da união estável na sociedade brasileira contemporânea: 
a) publicidade (convivência pública), em detrimento do segredo, o que diferencia a união estável de uma relação clandestina; 
b) continuidade (convivência contínua), no sentido do animus de permanência e definitividade, o que diferencia a união estável de um namoro; 
c) estabilidade (convivência duradoura), o que diferencia uma união estável de uma ''ficada''; 
d) objetivo de constituição de família, que é a essência do instituto no novo sistema constitucionalizado, diferenciando uma união estável de uma relação meramente obrigacional. 
Todavia, à vista desse conceito, ao analisar a Constituição que ao caracterizar a união estável, positivou a diversidade de sexos (homem e mulher), por que o conceito jurídico apresentado alargou a dicção normativa, para admitir o reconhecimento da união estável homoafetiva? 
Pablo justifica da seguinte forma:
Diferentemente do casamento, entidade familiar essencialmente formal e geradora de estado civil, em que a diversidade de sexos atua como pressuposto existencial, a união estável é desprovida de solenidade para a sua constituição, razão por que, o casal, frequentemente, nem bem sabe quando o namoro "deixou de ser um simples namoro" e passou a configurar uma relação de companheirismo. 
Esse caráter fático e informal da união estável, portanto, conduz-nos à inafastável conclusão de que, por ser uma simples união de fato, não se condicionaria ao ditame formal impositivo da diversidade sexual - típico do casamento -, permitindo, com isso, o reconhecimento da relação familiar entre companheiros, sejam eles do mesmo sexo, sejam de sexo diverso. 
É certo, por outro lado, que a referência a homem e mulher não traduz uma vedação da extensão do mesmo regime às relações homoafetivas. Nem o teor do preceito nem o sistema constitucional como um todo contêm indicação nessa direção. Extrair desse preceito tal consequência seria desvirtuar a sua natureza: a de uma norma de inclusão. De fato, ela foi introduzida na Constituição para superar a discriminação que, historicamente, incidira sobre as relações entre homem e mulher que não decorressem do casamento. Não se deve interpretar uma regra constitucional contrariando os princípios constitucionais e os fins que a justificaram. 
Apesar da consistente defesa do renomado autor, entendemos ainda cediço ser considerado de forma positiva o conceito apresentado pelo autor. Portanto sendo mais conservador, conceituaremos a união estável conforme o previsto no artigo 1723 do CC-02:
"Art. l. 723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o obietivo de constituição de família". 
CONCEITO DE UNIÃO ESTÁVEL NO CÓDIGO CIVIL DE 2002 E SEUS ELEMENTOS CARACTERIZADORES
A despeito de tramitarem propostas de nova regulamentação da união estável'", permanecem ainda vigentes as normas do nosso Código Civil de 2002. 
"Art. l. 723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o obietivo de constituição de família". 
Enfrentemos cada um dos elementos caracterizadores que se podem extrair deste conceito, começando, porém, com a discussão sobre a (im)prescindibilida de da dualidade de sexos. 
Dualidade de sexos 
Inicialmente, é colocada sob nossa análise a delicada questão da dualidade de sexos como pressuposto da união estável. 
No sistema aberto, inclusivo e não discriminatório inaugurado a partir da Constituição de 1988, espaço não há para uma interpretação fechada e restritiva que pretenda concluir pela literalidade da norma constitucional (art. 226, § 3.°, CF) ou até mesmo da legislação ordinária (art. 1.723, CC) com o propósito de somente admitir a união estável heterossexual. 
Tal linha de raciocínio - a par de injusta - seria até mesmo pretensiosa, pois partiria da falsa premissa de que o legislador deteria o místico poder de prever todas as multifárias formas de família que pululam em uma sociedade, a fim de consagrar determinadas entidades e proibir outras, também merecedoras de tutela, pela simples ausência de menção expressa. 
Firmado o caráter relativo do requisito "dualidade de sexos", enfrentemos outros elementos que permitam caracterizar uma união estável. 
Elementos caracterizadores essenciais 
Da redação do já transcrito art. l. 723, CC-02, que se refere a uma "convivência pública, contínua e duradoura", bem como de tudo quanto aqui exposto, é possível sintetizar quatro elementos caracterizadores essenciais da união estável, a saber: 
a) publicidade; 
b) continuidade; 
c) estabilidade; 
d) objetivo de constituição de família. 
Publicidade
O primeiro elemento caracterizador essencial da união estável é a publicidade da convivência. 
Com efeito, não é razoável se imaginar que um relacionamento que se trava de maneira furtiva possa ser considerado um núcleo familiar. 
A ideia de o casal ser reconhecido socialmente como uma família, em uma convivência pública, é fundamental para a demonstração, eventualmente judicial, da existência de uma união estável. 
Atenta contra tal ideia a concepção de um relacionamento "clandestino". Esse elemento permite diferenciar a união estável, por exemplo, de um "caso", relacionamento amoroso com interesse predominantemente sexual. 
Continuidade
Outro importante elemento caracteriza dor da união estável é o seu caráter contínuo. 
Relacionamentos fugazes, sem animus de permanência e definitividade, por mais intensos que sejam (e há paixões arrebatadoras que não duram mais do que uma noite ou um carnaval...), não têm o condão de se converter em uma modalidade familiar. 
Este é um elemento que permite diferenciar, à primeira vista, a união estável de um mero namoro, ainda que se reconheça que há certos namoros que, de tão longos, são conhecidos, jocosamente, como "casamentos por usucapião", o que, obviamente, não se reconhece como fato que origine efeitos jurídicos, salvo na hipótese de uma legítima e inquestionável expectativa de constituição de família. 
A união estável não se coaduna com a eventualidade, pressupondo a convivência contínua, sendo, justamente por isso, equiparada ao casamento em termos de reconhecimento jurídico. 
Estabilidade
O terceiro elemento essencial para a caracterização da união estável é a convivência duradoura entre os sujeitos. 
A exigibilidade dessa circunstância é intuída até mesmo do adjetivo "estável" que qualifica essa relação. Este elemento permite também diferenciar a união estável do fenômeno moderno da "ficada", que já foi objeto de nossas reflexões em tópico anterior. 
Objetivo de constituição de família
O principal e inafastável elemento para o reconhecimento da união estável, sem sombra de dúvidas, é o teleológico ou finalístico: o objetivo de constituição de família. 
Este, seguramente, não poderá faltar. Isso porque o casal que vive uma relação de companheirismo - diferentemente da instabilidade do simples namoro - realizaa imediata finalidade de constituir uma família, como se casados fossem. 
Essa aparência de casamento, essa finalidade de constituição de um núcleo estável familiar é que deverá ser investigada em primeiro lugar, pelo intérprete, ao analisar uma relação apontada como de união estável. 
Trata-se da essência do instituto no novo sistema constitucionalizado, diferenciando uma união estável de uma relação meramente obrigacional. 
Ausente essa finalidade imediata de constituição de família, portanto, a tessitura do núcleo se desfaz, resultando na instabilidade típica de um simples namoro. 
Compreendidos os elementos essenciais para a caracterizacão da umao estável, passemos a enfrentar, no próximo subtópico, alguns outros elementos que, embora acidentais, auxiliam em sua caracterização. 
Elementos caracterizadores acidentais (tempo, prole e coabitação)
Chamamos de elementos acidentais as circunstâncias de fato que, embora não sejam essenciais para a caracterização da união estável, facilitam a sua demonstração judicial, reforçando imensamente a tese da sua existência. 
É o caso do tempo de convivência, a existência de prole ou a exigência de coabitação. 
A configuração da união estável, portanto, no Código Civil de 2002, na mesma vereda da Lei n. 9.278 de 1996, poderá se dar qualquer que seja o tempo de união do casal e, bem assim, quer existam ou não filhos comuns. 
Se, por um lado, levanta-se o argumento crítico no sentido da insegurança gerada pela ausência de um critério temporal, por outro, afirma-se que a exigência de um lapso mínimo desembocaria em situações de inequívoca injustiça, a exemplo do casal que não teve a união estável reconhecida por terem desfeito o vínculo dias antes de atingirem o limite mínimo de tempo. 
E, nesse contexto, cumpre-nos acrescentar ainda que a coabitação - entendida como a convivência sob o mesmo teto - também não se afigura indispensável, posição já consolidada há muito no próprio Supremo Tribunal Federal: 
Súmula 382. "A vida em comum sob o mesmo teto, 'more uxorio', não é indispensável à caracterização do concubinato". 
Na linha de entendimento desta súmula, conclui-se que, mesmo vivendo em casas separadas, o casal pode haver constituído a união estável. 
IMPEDIMENTOS PARA A CONFIGURAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL
O legislador brasileiro é categórico ao afirmar que a união estável não se constituirá caso concorram qualquer dos impedimentos constantes no art. 1.521
Art. 1.521. Não podem casar: 
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; 
II - os afins em linha reta; 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; 
V - o adotado com o filho do adotante; 
VI - as pessoas casadas; 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. 
Assim, uma relação entre dois irmãos ou qualquer outra forma incestuosa - impedidos, portanto, de casar - não subsumiria no conceito de união estável, desembocando na árida regulamentação do simples concubinato. 
Mas, note-se que, de acordo com a ressalva constante na parte final do dispositivo, não configurará óbice ao reconhecimento da união estável o fato de um dos companheiros ainda estar oficialmente casado, desde que esteja separado de fato ou judicialmente. 
Quer-se com isso dizer que pessoas casadas, uma vez separadas de fato ou mediante sentença judicial, embora ainda impedidas de convolarem novas núpcias, já podem constituir união estável. 
Aliás, quantos milhares de casais no Brasil encontram-se nesta situação: um dos companheiros ainda oficialmente casado com terceiro, mas já integrante de um núcleo estável afetivo há vários anos.
EFEITOS PESSOAIS DA UNIÃO ESTÁVEL: DIREITOS E DEVERES DOS COMPANHEIROS
Assim como ocorre no casamento, os partícipes da união estável devem observar direitos e deveres recíprocos em suas relações pessoais. 
É o que dispõe o art. 1.724: 
Art, 1.724. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos. 
Decompondo-o, para melhor compreensão da matéria, teríamos: 
a) dever de lealdade;
b) dever de respeito; 
c) dever de assistência; 
d) dever de guarda, sustento e educação dos filhos. 
Sob o prisma ontológico ou essencial, diferença não há entre esses deveres e os decorrentes do casamento. 
Da mesma forma, para cada dever corresponderá um direito equivalente de exigibilidade de conduta compatível. 
EFEITOS PATRIMONIAIS DA UNIÃO ESTÁVEL: REGIME DE BENS
Vimos acima que um dos desdobramentos do dever de assistência é a obrigação de amparar materialmente o companheiro, a qual compreenderia o dever de prestar alimentos. 
Posto tal obrigação tenha também inequívoco conteúdo patrimonial, por derivar de um dever puro de família, ou seja, da própria condição pessoal de companheiro. 
Na seara do Direito Civil, outrossim, mesmo que houvesse constituído um inegável núcleo estável de afeto ao longo dos anos, a companheira era relegada covardemente ao segundo plano, situação esta que somente experimentaria mudança quando os Tribunais do País, sem reconhecê-la ainda como participe de um núcleo familiar, passaram a admitir o direito à indenização por serviços prestados. 
Tal direito, não se amparava em norma de natureza familiarista - até porque não tinha índole alimentar - e somente era reconhecido para evitar o enriquecimento sem causa de seu companheiro, que, ao longo dos anos de convivência, direta ou indiretamente, houvera se beneficiado pela realização dos serviços domésticos que a sua companheira prestou. 
Tratava-se, pois, em essência, de uma ação indenizatória de serviços domésticos prestados (não sexuais!), para evitar o locupletamento ilícito, em outras palavras, típica actio de in rem verso, cujo prazo prescricional da pretensão reparatória, à época, seria de 20 anos. 
Ora, não existia, mormente no regramento da época, ação específica nenhuma que tutelasse a companheira, sob o prisma patrimonial. 
Todas as vezes que se identificar um enriquecimento sem causa, mesmo na hipótese de não ter havido propriamente pagamento indevido, é cabível a ação de in rem verso, que, em geral, contém pretensão indenizatória e se submete às normas legais do procedimento ordinário do Código de Processo Civil. 
Durante muitos anos, pois, a ação indenizatória por serviços domésticos fora o único instrumento de amparo material reconhecido à companheira necessitada, atuando, em verdade, na prática, como uma alternativa à ação de alimentos que o sistema jurídico injustamente não lhe reconhecia. 
Mas a jurisprudência evoluiria, em um segundo momento, para admitir o reconhecimento de uma sociedade de fato entre os companheiros, de maneira que a companheira deixasse de ser mera prestadora de serviços com direito a simples indenização, para assumir a posição de sócia na relação concubinária, com direito à parcela do patrimônio comum, na proporção do que houvesse contribuído. 
Segundo ARNOLDO WALD: 
"É necessário lembrar que a jurisprudência sobre a sociedade de fato surgiu no direito brasileiro, pela primeira vez, para favorecer os casais de imigrantes estrangeiros, que tinham convolado núpcias especialmente na Itália, sob o regime da separação de bens e que constituíram um patrimônio comum no Brasil, sentindo os Tribunais a injustiça de não se atribuir à mulher parte do patrimônio comum, embora estivesse o mesmo em nome do marido". 
Nessa linha, o Supremo Tribunal Federal, na Súmula 380, direito à partilha do patrimônio comum. 
Súmula 380. "Comprovada a existência da sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum". 
A contribuição da companheira, que, em nosso sentir, tanto poderia ser direta (econômica) como, em uma visão mais avançada, indireta (psicológica).
O que não se poderia admitir, por óbvio, seria uma cumulação aditivade pedidos: indenização por serviços prestados e parcela do patrimônio comum. 
Os pedidos eram excludentes, de maneira que a companheira formularia um pedido ou outro, mormente por conta de não serem compatíveis, no caso, as condições de "prestadora de serviços" e de "sócia”.
A nossa Constituição Federal, todavia, conforme vimos detidamente em todo este capítulo, modificaria profundamente esse cenário, retirando o até então chamado "concubinato puro" (entre pessoas desimpedidas ou separadas de fato) da zona do Direito das Obrigações, para reconhecer-lhe dignidade constitucional, alçando-o ao patamar de instituto do Direito de Família.
Seguindo, pois, esse referido mandamento constitucional, duas importantes - e já citadas - leis foram editadas: a Lei n. 8.971, de 1994 (que regulou os direitos dos companheiros aos alimentos e à sucessão), e a Lei n. 9.278, de 1996 (que revogou parcialmente o diploma anterior, ampliando o âmbito de tutela dos companheiros). 
A Súmula 380 teria sido revogada? Consagrou-se um novo regime de bens? 
Em verdade, a Lei n. 9.278 de 1996 cuidaria de, em seu art. 5º, estabelecer, não propriamente um regime de bens típico, mas, sim, uma disciplina patrimonial própria para a união estável, o que, até então, somente era feito pela jurisprudência sumulada do Supremo Tribunal Federal (Súmula 380): 
	"Art, 5.° Os bens móveis e imóveis 	por um ou por ambos os conviventes, na constância da união estável e a título oneroso, são consideredos fruto do trabalho e da comum, passando a pertencer a ambos, em condomínio e em partes iguais, salvo estipulação contrária em contrato escrito. 
§ lº Cessa a presunção do caput deste artigo se a aquisição patrimonial ocorrer com o produto de bens adquiridos anteriormente ao início da união. 
§2º A administração do patrimônio comum dos conviventes compete a ambos, salvo estipulação contrária em contrato escrito. 
Note-se que, na linha da referida súmula, estabeleceu-se uma presunção de esforço comum em face dos bens móveis ou imóveis adquiridos, em conjunto ou separadamente, no curso da união, a título oneroso. 
E a divisão seria equânime como em um regime de condomínio: cada companheiro teria direito à metade desses bens, excluindo-se aqueles adquiridos a título gratuito ou por causa anterior à união. 
O único meio, conforme referido na parte final do caput do dispositivo analisado, de se evitar a incidência da norma seria a celebração de um contrato escrito em sentido contrário, juridicamente denominado contrato de convivência. 
Por meio desse contrato, portanto, pactuado segundo o princípio da autonomia privada, as partes poderiam disciplinar diversamente os efeitos patrimoniais derivados da sua união. 
Entretanto, é de bom alvitre observar que essa presunção legal de esforço comum, base do direito à meação, somente seria aplicável aos bens adquiridos sob a vigência da Lei n. 9.278, de 1996, uma vez que, como se sabe, a lei civil não poderia ter retroatividade para alcançar situações findas anteriormente à sua entrada em vigor. 
Assim, efeitos patrimoniais anteriores à entrada em vigor da Lei de 1996 continuariam, obviamente, a ser regidos pela Súmula 380 do STF, segundo a prova da contribuição direta ou indireta de cada companheiro. 
Finalmente, com a entrada da aprovação do Código Civil de 2002, a matéria experimentaria nova reviravolta. 
Isso porque o art. 1.725 do vigente Código Civil, pondo por terra o art. 5.° da Lei n. 9.278, de 1996, passaria a explicitamente adotar o regime da comunhão parcial de bens para disciplinar os efeitos patrimoniais decorrentes da união estável. 
Só é correto, portanto, dizer que, sob o prisma eminentemente técnico, os companheiros passaram a ter regime legal de bens, a partir da edição do nosso Código Civil. 
Caso, entretanto, pretendam afastar o regime da comunhão, precisarão, como dito, firmar, por escrito, negócio jurídico em sentido contrário. 
Em outras palavras, o denominado contrato de convivência traduz verdadeiro pacto firmado entre os companheiros, por meio do qual são disciplinados os efeitos patrimoniais da união, a exemplo da adoção de regime de bens diverso daquele estabelecido por lei. 
Nesse caso, o vínculo concubinário não é negado. Muito pelo contrário. 
É voluntariamente reconhecido e amigavelmente disciplinado.

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