Buscar

Norma Penal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

O Direito Penal é definido como um conjunto de 
normas jurídicas cuja função consiste na proteção 
subsidiária de bens jurídicos. A lei é a fonte da norma 
penal. Quando a doutrina se refere à norma penal, 
menciona a distinção entre norma primária e norma 
secundária. 
Norma Primária: se dirigem aos cidadãos 
estabelecendo a proibição de cometer delitos; 
Norma Secundária: dirigidas aos juízes, 
determinando-lhes a imposição de sanções penais 
para aqueles que os cometem. 
Quanto ao seu conteúdo, a lei penal contém uma 
norma que pode ter característica proibitiva ou 
mandamental, permissiva, explicativa ou 
complementar. Ou seja, elas não são exclusivamente 
incriminadoras (finalidade de punir). 
 
Classificação 
A classificação mais adequada é aquela que começa 
por estabelecer a distinção entre normas penais 
incriminadoras e não incriminadoras. 
Normas imperativas: contêm o preceito sancionado 
pela pena; 
Normas finais: disciplinam as condições de 
determinado fim relativo à aplicação da norma 
imperativa; 
Normas Incriminadoras: elas definem as infrações 
penais, proibindo ou impondo a prática de condutas, 
sob a ameaça expressa e específica de pena. Por isso, 
são consideradas normas penais em sentido estrito. 
Compõem-se de dois preceitos: 
1. Preceito primário: encerra a norma proibitiva 
ou mandamental, ou, em outros termos, que 
descreve, com objetividade, clareza e 
precisão, a infração penal, comissiva ou 
omissiva; 
2. Preceito secundário: representa a cominação 
abstrata, mas individualizada, da respectiva 
sanção penal. 
Através dessas, o Direito Penal descreve as condutas 
que considera ilícitas, atribuindo-lhes as sanções 
respectivas. Não diz de forma expressa “é proibido 
matar etc”, ou seja, não há um imperativo expresso, 
mas prescrevem a punição com determinada sanção. 
Modus faciendi = a norma imperativa fica oculta no 
texto legal. 
 
Normas não-Incriminadoras 
Elas estabelecem regras gerais de interpretação e 
aplicação das normas penais em sentido estrito, 
repercutindo tanto na delimitação da infração penal 
como na determinação da sanção penal 
correspondente. Representam autênticas garantias de 
atribuição de responsabilidade penal. Estabelecem 
pautas e limites para o exercício do jus puniendi 
estatal. Podem ser permissivas, complementares ou 
explicativas. 
Normas permissivas: se opõem ao preceito primário 
da norma incriminadora, autorizando a realização de 
uma conduta em abstrato proibida. Não constituem a 
revogação do preceito primário de uma norma 
incriminadora, mas sim autênticas regras de exceção 
para os casos em que, apesar da adequação entre a 
conduta realizada e a infração penal, não existe uma 
contraposição valorativa entre aquela conduta e o 
ordenamento jurídico; 
Normas explicativas e complementares: proposições 
jurídicas que esclarecem, limitam ou complementam 
as normas penais incriminadoras. 
Fontes do Direito Penal 
Deve-se entender por fonte do Direito a origem 
primária das normas jurídicas. Em outros termos, 
poderia ser todo e qualquer fato/acontecimento que 
propicie o surgimento da norma jurídica. Kelsen, no 
entanto, atribuiu outro sentido à expressão fonte do 
direito, concebendo-a como fundamento de validade 
jurídico-positiva das normas de direito. Enfim, são 
todas as formas e modalidades por meio das quais são 
criadas, modificadas ou aperfeiçoadas as normas de 
um ordenamento jurídico. 
❶ Fontes materiais (fontes de produção): O Estado 
é a única fonte de produção do Direito Penal. O 
instrumento para materializar sua vontade é a lei. A 
fonte de produção legítima de Direito Penal, em nosso 
ordenamento, é o legislador federal através das 
regras do sistema político democrático. 
 
 
❷ Fontes formais (fontes de conhecimento): Podem 
ser mediatas ou imediatas. 
Imediata: leis; 
Mediatas: costumes, jurisprudência, doutrina e 
princípios gerais de direito. 
 
❖ Costumes: Consiste na reiteração constante e 
uniforme de uma regra de conduta. No entanto, para 
qualificá-lo como princípio consuetudinário, não basta 
a repetição mecânica de tais atos, é necessário que 
sejam orientados por um aspecto subjetivo, como a 
convicção de sua necessidade jurídica. Sem isso, é 
reduzido a um simples uso social, sem caráter de 
exigibilidade. Tem apenas uma função subsidiária. 
Pode apresentar 3 aspectos distintos: a) 
secundum legem – é o costume que encontra suporte 
legal; b) praeter legem – é o costume supletivo ou 
integrativo, destinado a suprir eventuais lacunas da 
lei; c) contra legem – é o costume formado em 
sentido contrário ao da lei; levaria à não aplicação da 
lei em razão de seu descompasso com a realidade 
histórico-cultural. Este último, não possui nenhuma 
eficácia, pois apenas uma lei pode revogar outra lei. 
Trata-se, na verdade, de algum equívoco do passado, 
que já foi superado pela própria evolução político-
criminal. 
Os costumes secundum legem e praeter legem 
poderão ter validade para o Direito Penal, pois não 
pretendem criar ou agravar normas incriminadoras, 
mas buscam tão somente ajustar as demais normas às 
concepções sociais dominantes. O costume contra 
legem poderá, no máximo, contribuir para a 
interpretação da norma, e nesse sentido, inserir-se no 
princípio da adequação social. 
❖ Jurisprudência: Entendida como a repetição 
de decisões num mesmo sentido, tem grande 
importância na consolidação e pacificação das 
decisões dos tribunais. As decisões judiciais, em 
qualquer nível de jurisdição, não criam direitos, 
declaram-nos. O juiz deve julgar, não pelas sentenças, 
mas pelas leis. É a jurisprudência que,em última 
análise, diz o que é direito. 
❖ Doutrina: É o resultado da atividade 
intelectual dos doutrinadores, ou seja, o resultado da 
produção científica de cunho jurídico-penal na 
elaboração da chamada dogmática penal, que 
objetivam sistematizar as normas jurídicas, 
construindo conceitos, princípios, critérios que 
facilitem a interpretação e aplicação das leis vigentes. 
Ela elabora e emite juízos de valor, apresenta 
sugestões procurando iluminar e facilitar o trabalho 
dos aplicadores da lei. 
Concluindo, somente a lei formal é fonte imediata das 
normas penas incriminadoras. Contudo, deve-se 
admitir a existência das chamadas fontes mediatas, 
que, indiretamente, penetram no Direito Penal 
através de novas leis – os legisladores não ignoram as 
contribuições dos costumes, da jurisprudência, etc. 
O processo interpretativo deve expressar com clareza 
e objetividade, o verdadeiro sentido e o alcance mais 
preciso da norma legal, considerando todas as suas 
relações e conexões dentro de um contexto jurídico e 
político-social. Incontáveis situações fatalmente 
surgirão, sem que haja uma previsão legal específica e 
que reclame sua adequação à ordem jurídica pelo 
aplicador da lei. E essa adequação o magistrado 
deverá fazer por meio da interpretação. 
A interpretação não pode em hipótese alguma 
desvincular-se do ordenamento jurídico e do contexto 
histórico-cultural no qual está inserido. 
 
Interpretação quanto às fontes: 
● Autêntica: é fornecida pelo próprio Poder 
Legislativo, por isso também pode ser denominada 
legislativa. O legislador edita nova lei para esclarecer 
o conteúdo e o significado de outra já existente, Ela é, 
em princípio, obrigatória, especialmente quando 
proveniente de outra lei, que é a dita norma 
interpretativa, e nesse particular, distingue-se da 
interpretação judicial e doutrinária. O interpretador 
insere essa interpretação no próprio texto legal, como 
ocorre, por exemplo, na concepção de casa para a 
tutela penal no crime de violação de domicílio (art. 
150, §§ 4º e 5º, do CP), nesta hipótese, diz-se que a 
interpretação autêntica é contextual. 
● Jurisprudencial: é produzida pelos tribunais 
por meio da reiteração de suas decisões. Em outros 
termos, é a declaração do direito, emcaráter 
individual e vinculado ao caso concreto, ao contrário 
da lei, que é genérica e abstrata. É a orientação 
firmada pelos tribunais relativamente a determinada 
norma, sem, contudo, conter força vinculante. Não 
 
 
tem coercibilidade genérica, valendo, porém, de 
forma cogente para o caso submetido a julgamento. O 
Direito, protegido pela norma legal manifesta-se 
objetivamente por meio da interpretação judicial, 
concretizando o direito, por isso se afirma que direito 
é aquilo que o Poder Judiciário diz ser. Embora não 
tenha força vinculativa, sua uniformidade reiterada 
acaba sendo absorvida e acatada quer pela primeira 
instância, quer pelos demais tribunais. Quando 
determinadas decisões adquirem unanimidade nos 
tribunais superiores, acabam sendo sumuladas. A 
interpretação judicial vincula o caso concreto que foi 
objeto da decisão, pela força da coisa julgada. 
Excluída a hipótese da súmula vinculante, os 
magistrados não são obrigados a acatar as decisões 
proferidas por outro juiz sobre determinada norma 
jurídica. 
● Doutrinária: é produzida pelos doutrinadores, 
que interpretam a lei à luz de seus conhecimentos 
técnicos, com a autoridade de cultores da ciência 
jurídica. Ou seja, é realizada pelos escritores e 
comentadores da legislação em geral e do direito. Não 
tem força vinculante, mas indica o caminho a seguir, 
serve para fundamentar as decisões jurisprudenciais, 
e sua autoridade, sempre relativa, é proporcional à 
importância dos méritos científicos individuais do 
intérprete. Ademais, tem grande valor científico, pois 
através da doutrina se traçam os pilares do sistema 
jurídico-penal. 
Interpretação quanto aos meios: 
São os critérios clássicos de interpretação da norma 
penal. 
● Gramatical/literal: é a interpretação que se 
fixa no significado das palavras contidas no texto 
legal, ou seja, procura o sentido da lei através da 
função gramatical dos vocábulos. Por esse método de 
interpretação, deve-se atribuir ao texto legal o 
sentido comum da linguagem, partindo-se da 
presunção de que o legislador o tenha preferido. 
Costuma-se atribuir o menor grau hierárquico à 
interpretação gramatical. O intérprete que se atem à 
letra fria da lei como único critério, é um mau 
intérprete, no entanto, normalmente, quase sempre 
se inicia o processo interpretativo pela interpretação 
gramatical. 
● Histórica: graças a interpretação histórica 
podemos compreender as razões e os fundamentos 
de determinado instituto, desta ou daquela norma 
jurídica. No entanto, a maior ou menos importância 
do elemento histórico dependerá de dar-se 
preferência à finalidade que o legislador histórico 
perseguia ou à finalidade objetiva da lei. A doutrina, 
de modo geral, arrola inúmeros aspectos que podem 
figurar como elementos históricos, tais como a 
exposição de motivos, etc. Por fim, destaca-se a 
importância da ligação entre a legislação atual e a 
pretérita. Toda lei faz parte da evolução do direito, 
sendo indiscutível a importância de conhecer as 
origens remotas dos institutos jurídicos. O elemento 
histórico abrange o conhecimento não apenas do 
presente, mas também do passado de uma lei, como 
a lei que fora derrogada. Embora esses elementos 
históricos não sejam vinculantes, oferece ao 
intérprete valiosos dados históricos que não podem 
ser desprezados no ato interpretativo. O ideal é que 
ocorra um entrelaçamento entre a interpretação 
histórica e a teleológica, ou seja, deve-se considerar o 
contexto histórico e os motivos que justificaram seu 
surgimento. 
● Lógico-sistemática: no processo 
interpretativo como um todo, o intérprete se envolve 
com a lógica e procura descobrir os fundamentos 
político-jurídicos da norma em exame. Procura 
relacionar a lei que examina com outras que dela se 
aproximam, ampliando seu ato interpretativo. Busca 
encontrar o verdadeiro sentido da lei, dentro do 
sistema legislativo, afastando eventuais contradições. 
Assim, busca-se situar a norma no conjunto geral do 
sistema que a engloba, para justificar sua razão de 
ser. Esse sistema constitui valoroso instrumento de 
garantia da unidade conceitual de todo o 
ordenamento. Com efeito, a ciência jurídico-penal 
constrói sistemas e microssistemas que auxiliam e 
facilitam a aplicação da lei penal. 
Interpretação quanto aos resultados: 
● Declarativa: expressa tão somente o sentido 
lingüístico, literal do texto interpretado, que seria a 
concordância entre o resultado da interpretação 
gramatical e o da lógico-sistemática. O texto não é 
ampliado nem restringido, correspondendo 
exatamente a seu real significado. Na chamada 
interpretação declarativa stricto sensu, o intérprete 
limita-se a encontrar e declarar a vontade da lei, que 
coincida com as palavras contidas no texto legal. Por 
 
 
isso, nesses casos, o intérprete apenas limite-se a uma 
simples declaração do direito. 
● Restritiva: procura reduzir ou limitar o 
alcance do texto interpretado na tentativa de 
encontrar seu verdadeiro sentido, porque se trata de 
uma exigência jurídica. É restritiva a interpretação 
quando se procura minimizar o sentido ou alcance das 
palavras que objetivam refletir o direito contido na 
norma jurídica. 
● Extensiva: ocorre uma situação inversa à 
restritiva, as palavras do texto legal dizem menos do 
que sua vontade, isto é, o sentido da norma fica 
aquém de sua expressão literal. Ocorre sempre que o 
intérprete amplia o sentido ou alcance da lei 
examinada. 
Analogia 
Nenhuma legislação, por mais abrangente que seja, é 
capaz de contemplar todas as hipóteses que a 
complexidade da vida social pode apresentar ao longo 
do tempo. O direito é lacunoso sob o aspecto 
dinâmico, já que se encontra em constante 
transformação, pois vive em sociedade, evolui com 
ela, recebendo permanentemente os influxos de 
novos fatos: as normas são sempre insuficientes para 
disciplinar toda a variedade de fatos que a vida é 
pródiga em oferecer. 
A analogia não se confunde com a interpretação 
extensiva ou a analógica. A analogia, não é 
propriamente forma de interpretação, mas de 
aplicação da norma legal. A função da analogia não é, 
por conseguinte, interpretativa, mas integrativa da 
norma jurídica. Com ela, procura-se aplicar 
determinado preceito ou mesmo os próprios 
princípios gerais do direito a uma hipótese não 
contemplada no texto legal. Ao contrário da 
interpretação, que busca encontrar a “vontade” da 
lei, a analogia busca supri-la. 
A doutrina tem dividido o instituto da analogia em 
duas espécies: analogia legis e analogia júris. A 
primeira ocorre quando se aplica uma norma legal e 
determinado fato não contemplado no texto legal, e a 
segunda quando o que se aplica são os princípios 
gerais de direito. 
O recurso à analogia não é ilimitado, sendo excluído 
das seguintes hipóteses: a) nas leis penais 
incriminadoras – como essas leis, de alguma forma, 
sempre restringem a liberdade do indivíduo, é 
inadmissível que o juiz acrescente outras limitações 
além daquelas previstas pelo legislador. Em matéria 
penal, repetindo, somente é admissível a analogia 
quando beneficia a defesa; b) nas leis excepcionais, os 
fatos ou aspectos não contemplados pelas normas de 
exceção são disciplinados pelas de caráter geral, 
sendo desnecessário apelar a esse recurso integrativo; 
c) nas leis fiscais – estas têm caráter similar às penais, 
sendo recomendável a não admissão do recurso à 
analogia para sua integração. 
A analogia tampouco se confunde com a 
interpretação analógica (que é uma espécie de 
interpretação extensiva), na medida em que esta 
decorre de determinação expressa da própria lei. Não 
se trata de analogia em sentido estrito, como 
processo integrativo da norma lacunosa, mas de 
“Interpretação por analogia”, isto é, um processo 
interpretativo analógico previamente determinado 
pela lei, ou seja, um meio indicado para integraro 
preceito normativo da própria norma, estendendo-o a 
situações análogas. 
Os Estados Democráticos de Direito não podem 
conviver com diplomas legais que, de alguma forma, 
violem o princípio da reserva legal. Assim, é 
inadmissível que dela resulte a definição de novos 
crimes ou de novas penas ou, de qualquer modo, se 
agrave a situação do indivíduo. Dessa forma, as 
normas penais não incriminadoras, que não são 
alcançadas pelo princípio nullum crimen nulla poena 
sine lege, podem perfeitamente ter suas lacunas 
integradas ou complementadas pela analogia, desde 
que, em hipótese alguma, agravem a situação do 
infrator. Trata-se, nesses casos, da conhecida analogia 
in bonam partem. Concluindo, em nome do Direito 
Penal liberal e de um Estado Democrático de Direito, 
jamais se deve admitir qualquer violação ao primado 
do princípio da reserva legal. Permanece, contudo, a 
vedação absoluta do emprego da analogia, em razão 
do mesmo princípio da legalidade, salvo quando for 
para beneficiar a defesa. 
 
A maioria das normas penais incriminadoras compõe-
se de normas completas, possuindo preceitos e 
sanções; consequentemente, referidas, normas 
podem ser aplicadas sem a complementação de 
outras. Há, contudo, algumas normas incompletas, 
 
 
com preceitos genéricos ou indeterminados, que 
precisam da complementação de outras normas, 
sendo conhecidas como normas penais em branco. 
Trata-se de normas de conteúdo incompleto, por 
dependerem de complementação por outra norma 
jurídica (lei, decreto, regulamento...) para concluírem 
a descrição da conduta proibida. 
A doutrina tem distinguido a sua classificação em 
normas penais em branco, em sentido lato e em 
sentido estrito. Normas penais em branco em sentido 
lato são aquelas cujo complemento é originário da 
mesma fonte formal da norma incriminadora. Nessa 
hipótese, a fonte encarregada de elaborar o 
complemento é a mesma fonte da norma penal em 
branco. Normas penais em branco em sentido estrito, 
por sua vez, são aquelas cuja complementação é 
originária de outra instância legislativa, diversa da 
norma a ser complementada. Diz-se que há 
heterogeneidade de fontes, ante a diversidade de 
origem legislativa. No entanto, a fonte legislativa que 
complementa a norma penal em branco deve 
respeitar os limites que esta impõe, para não violar 
uma possível proibição de delegação de competência 
na lei penal material, definidora do tipo penal, em 
razão do princípio constitucional de legalidade, do 
mandato de reserva legal e do princípio da tipicidade 
estrita. 
Com efeito, as normas penais devem ser 
interpretadas de acordo com o bem jurídico protegido 
e o alcance de dita proteção, isto é, sempre levando 
em consideração a sua finalidade que deve ser 
estabelecida pelo legislador penal. A validez da norma 
complementar decorre da autorização concedida pela 
norma penal em branco, devendo-se observar os seus 
estritos termos, cuja desobediência ofende o princípio 
constitucional da legalidade. Por esse motivo também 
é proibido no âmbito das leis penais em branco o 
recurso a analogia, assim como a interpretação 
analógica. 
A lei penal nasce, vive e morre. Desde que uma lei 
entra em vigor, ela rege todos os atos abrangidos por 
sua destinação, até que cesse a sua vigência. A lei 
anterior, como regra, perde sua vigência quando 
entra em vigor uma lei nova regulando a mesma 
matéria. Entre estes dois limites, está a eficácia da 
norma. É uma garantia do cidadão: além da segurança 
jurídica, garante que ninguém será surpreendido por 
leis ad hoc, criminalizando condutas, inclusive a 
posteriori, que até então não eram tipificadas como 
crime. 
● Princípio da irretroatividade penal: em tese, 
as leis novas são melhores que as antigas e tem 
melhor condição para fazer justiça. Princípio corolário 
do princípio da anterioridade da lei penal, o qual 
afirma que uma lei penal incriminadora somente pode 
ser aplicada a determinado fato concreto, caso esteja 
em vigor antes da sua prática, também conhecido 
como nullum crimen, nulla poena sine praevia lege. 
Limita-se às normas penais de caráter material, entre 
as quais se incluem aquelas relativas às medidas de 
segurança, que, indiscutivelmente, integram a seara 
do direito penal material. 
● Princípio tempus regit actum: do latim tempo 
rege o ato, significa que uma lei posterior não 
influencia na relação firmada na época da lei anterior. 
Este princípio garante o negócio jurídico perfeito. 
● Princípio da retroatividade e ultratividade da 
lei penal mais benigna: determina que a lei penal não 
retroage, salvo para beneficiar o infrator. A lei 
anterior, quando for mais favorável ao infrator, terá 
ultratividade e prevalecerá mesmo ao tempo de 
vigência da lei nova, apesar de já estar revogada. 
Quando a lei posterior for mais benéfica, retroagirá 
para alcançar fatos cometidos antes de sua vigência. 
O princípio da irretroatividade vige, com efeito, 
somente em relação à lei mais severa. Esses efeitos - 
retroativo e ultrativo - aplicam-se às normas de 
Direito Penal material, tais como nas hipótese de 
reconhecimento de causas extintivas da punibilidade, 
tipificação de novas condutas, cominação de penas, 
alteração de regimes de cumprimento de penas, ou a 
qualquer norma penal que, de qualquer modo, agrave 
a situação jurídico-penal do indiciado, réu ou 
condenado. 
Conflito de leis penais no tempo 
A regra geral é a atividade da lei penal no período de 
sua vigência. A extra-atividade é exceção a essa regra, 
que tem aplicação quando, no conflito intertemporal, 
se fizer presente uma norma penal mais benéfica. São 
 
 
espécie dessa atividade estendida a retroatividade e a 
ultratividade. 
Art 2º: Ninguém pode ser punido por fato que lei 
posterior deixa de considerar crime, cessando em 
virtude dela a execução e os efeitos penais da 
sentença condenatória. [...] 
➔ Abolitio criminis: a lei nova deixa de 
considerar crime fato anteriormente tipificado como 
ilícito penal. Ela retroage para afastar as 
consequências jurídico-penais a que estariam sujeitos 
os autores. 
➔ Novatio legis incriminadora: considera crime 
fato anteriormente não incriminador. É irretroativa e 
não pode ser aplicada a fatos praticados antes da sua 
vigência. 
➔ Novatio legis in pejus: Lei posterior que de 
qualquer modo agrave a situação do sujeito não 
retroagirá. Se houver um conflito entre duas leis, a 
anterior, mais benigna, e a posterior, mais severa, 
aplicar-se-á a mais benigna. 
➔ Novatio legis in mellius: Pode ocorrer quando 
a lei nova, mesmo sem descriminalizar, dê tratamento 
mais favorável ao sujeito. 
A LEI PENAL NÃO RETROAGIRÁ, SALVO PARA 
BENEFICIAR O RÉU 
Competência da autoridade judiciária que deve 
aplicar a lei penal mais benéfica: 
A. Juiz de primeiro grau: quando o processo criminal 
encontrar-se em andamento, até a prolatação da 
sentença respectiva. 
B. Fase recursal: encontrando-se o processo em grau 
de recurso, a competência para examinar a 
hipótese de lei penal mais benéfica, anterior ou 
posterior, é do Tribunal ao qual se destina o 
recurso. 
C. Fase executória: compete ao juiz da execução 
criminal e/ou ao Tribunal conhecer, decidir e 
aplicar, por meio da revisão criminal. 
Leis excepcionais e temporárias 
São leis que vigem por período predeterminado, pois 
nascem com a finalidade de regular circunstâncias 
transitórias especiais que, em situação normal, seriam 
desnecessárias. Leis temporárias são aquelas cuja 
vigência vem previamente fixada pelo legislador. Leis 
excepcionais são as que vigem durante situações de 
emergência. Nos termos do art. 3º do CP, elas têm 
ultratividade. Em razão de o fato ter sido praticado 
durante o prazo fixado pelo legislador (temporária) ou 
durante situação de emergência (excepcional), 
constitui elemento temporal do próprio fato típico. 
Uma exceção ao princípio da retroatividadeda lei 
mais favorável ocorre quando a lei anterior é uma lei 
temporal, pois “uma lei desse tipo é aplicável aos 
fatos puníveis praticados sob sua vigência, embora 
tenha deixado de viger” (art. 3º, parágrafo 2º, inciso 
IV - CP), pois a derrogação de uma lei temporal vem 
condicionada somente pelo desaparecimento do 
motivo que a originou e não por uma mudança na 
concepção jurídica. 
Nos crimes permanentes ou continuados aplicar-se-á 
alei posterior em vigor, desde que ainda perdure a 
permanência ou a continuidade, mas resultam 
impuníveis a continuidade dos atos precedentes à 
entrada em vigor da lei.

Outros materiais