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Tatiane Lira – MED UFPE Infecções genitais e ISTs IMPORTÂNCIA DOS TEMAS · Há grande dificuldade em diagnosticar e contactar as parcerias sexuais. · Vaginose bacteriana na gestação → parto prematuro e complicações. · Condiloma plano → lesão úlcerovegetante produzida pelo Treponema pallidum (sífilis secundária; há confusão c/ condiloma acuminado). · Maior frequência em mulheres + jovens (pela atividade sexual + intensa). · Entretanto, hoje não é + infrequente diagnosticar mulheres + velhas: infecção recente (reposição hormonal que permite atividade sexual mais plena + parceiros c/ menos disfunção erétil mas hábitos inadequados de não uso de camisinha) + diagnóstico de doenças que podem estar latentes há muito tempo e c/ complicações tardias. CARACTERÍSTICAS NORMAIS · Origem do conteúdo vaginal normal: · Transudato do plexo submucoso vaginal. · Céls epiteliais de descamação (superficiais e intermediárias). · Fluidos tubários e endometriais. · Polimorfonucleares. · Secreções das glândulas de Bartholin e Skene → lubrificação vulvovaginal, principalmente na relação sexual. · Características do fluxo vaginal normal: · Quantidade mínima: não deve manchar roupa íntima. · Cor esbranquiçada ou transparente. · Aspecto mucoide: + ou - espesso dependendo do momento do ciclo. · Consistência flocular. · pH: 3,8-4,5 (tendência à acidez). · Exame especular normal: · Formações labiais normais. · Pilificação adequada. · Conteúdo vaginal não visível mas há mucosa umedecida. · Há um pouco de abertura no colo (podendo observar céls endocervicais) → se fechar um pouco o espéculo, o orifício cervical externo fecha também. · Mecanismos de defesa do trato genital: · Justaposição das formações labiais. · Funcionamento das glândulas vulvares → dão odor característico. · Descamação das céls epiteliais. · Transudato das paredes vaginais. · Imunoglobulinas, lisozimas. · Ecossistema vaginal → Lactobacillus (120 espécies) → principais: L. crispatus, L. iners, L. jensenii, L. gasseri → importantes na manutenção da microbiota vaginal (10^6 a 10^9 bactérias/gr) · Homeostase microbiológica: · Lactobacillus, outras bactérias e céls epiteliais promovem a transformação glicogênio → ác. láctico, o que leva a um pH ácido. · A liberação de peroxidase leva a inibição do crescimento bacteriano (H2O2). INFECÇÕES GENITAIS · 2 tipos: · Vulvovaginites: infecções baixas (abaixo do orifício cervical interno) → endocervicite, ectocervicite, colpite, vulvite. · Doença Inflamatória Pélvica (DIP): infecções altas. · Trato genital feminino tem vulnerabilidade biológica/anatômica p/ ascensão de microrganismos → não há nenhuma barreira ou esfíncter, por isso a importância de detecção precoce e tto adequado das vulvovaginites. · Deve-se evitar a ascensão de microorganismos e complicações (como esterilidade). Vulvovaginites · Afecções da glândula de Bartholin: · Bilaterais. · 1/3 inferior dos grandes lábios. · Função de drenagem da parte inferior por um conduto, lubrificação a cavidade vaginal, auxiliam no relacionamento sexual. · Bartolinite: ○ Infecções por Neisseria gonorrhoeae, Chlamydia trachomatis, E. coli, Proteus… Várias bactérias podem causar. ○ Fase aguda: ▪ Conteúdo vaginal aflui p/ fenda vulvar + abscesso da glândula (tumor, dor, rubor). ▪ Conduta: incisão e drenagem do abscesso + ATB. · Cisto: ○ Infecção se desfez mas ocorreu obstrução do canalículo de drenagem → acúmulo do conteúdo. ○ Conduta: ▪ Marsupialização (drena por dentro da cavidade vaginal, deixa orifício aberto e preserva glândula) → pcte jovem, s/ caso anterior. ▪ Bartolinectomia (retirada da glândula) → pcte recidivante. · Cervicite mucopurulenta: · Muco é purulento e aflora de fenda cervical → indica que existe infecção dentro do colo do útero. · Preocupação c/ ascensão (não tem barreira protetiva) → endometrite, salpingite, pelviperitonite. · É um caso de urgência epidemiológica (na prevenção da DIP e transmissão dessa infecção): pcte tem que sair do consultório medicada. · Causas de corrimento genital: · Vaginose bacteriana*. · Candidíase*: a candidíase vulvovaginal recidivante é preocupante (tem fundo hereditário c/ alteração de gen; às vezes, precisa tratar o resto da vida). · Tricomoníase. · Alérgica. · Irritativa/contato. · Herpética*. · Atrófica. · Citolítica: leva a desconforto, vermelhidão, às vezes prurido; DD c/ candidíase de repetição. · Descamativa. · Estreptocócica. · Penfigoide. *Recidivantes (da + a - frequente): pela mesma etiologia + de 4x em 1a. a) Não infecciosas: · Fase estrogênica → fase pré-ovulatória → conteúdo filante saindo do colo. · Tudo bem epitelizado ao redor do colo uterino. · Vermelhidão no meio do colo → certamente é um epitélio cilíndrico simples (deveria estar dentro do canal cervical, acostumado a pH alcalino). · Ectopia → algum processo fez c/ que o epitélio da endocérvice fosse expulso. · Por esse epitélio ter sido exposto à microbiota vaginal e seu pH mais baixo, há ambiente favorável à ascensão de microorganismos (principalmente Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis, que têm tropismo por epitélio cilíndrico simples). · Tumor benigno → formação polipoide. · Pólipo cervical que se exteriorizou p/ ectocérvice. · Isso mantém terreno de inflamação e irritação; pode causar sinusorragia (sangramento pelas relações sexuais) ou corrimento não infeccioso. · CA de colo de útero invasivo. b) Infecciosas não sexualmente transmissíveis: · Vulvovaginite micótica: na maioria das vezes, por cândida. · Vulva muito hiperemiada. · C/ conteúdo branco formando grumos. · Ardência e prurido. c) Infecciosas sexualmente transmissíveis: · Trichomonas vaginalis. · Chlamydia trachomatis. · Neisseria Gonorrhoeae. · Herpes Simplex Virus. · Papilomavirus. · Sinais e sintomas das vulvovaginites: endocervicite, ectocervicite, colpite ou vulvite. · Altera o fluxo vaginal. · C/ ou s/ prurido. · Modificação do odor genital. · Disúria e escoriações vulvares (pelo ato de coçar). · Edema e hiperemia dos genitais. · Dispareunia. (dor durante o ato sexual) · Sinusiorragia (sangramento pós-coito). · CANDIDÍASE VULVOVAGINAL: · Agente etiológico: Candida (albicans, …). · Patogenia: ○ Adesão dos esporos à superfície epitelial: forma de esporo pode ficar na vagina e não promover doença. ○ Algo faz com que haja germinação dos esporos e desenvolvimento das hifas, que agrupadas formam micélio. Hifas vistas num exame a fresco do conteúdo vaginal (apenas c/ soro fisológico). ○ Micélio que tem a capacidade de determinar a patogenia da candidíase: promove invasão do epitélio e o processo inflamatório. ○ A invasão epitelial libera bradicininas e prostaglandinas, c/ indução de processo inflamatório local, resultando em edema, eritema e aumento do fluxo vaginal. · Exame especular: ○ Vulvite c/ intenso edema de vulva. ○ Conteúdo vaginal c/ aspecto de leite coalhado. ○ Hiperemia. ○ O processo se estende à cavidade vaginal e colo do útero. ○ Observa-se placas brancas se sedimentando na ectocérvice → tenta levantar as placas c/ cotonete → gera pequenos sangramentos por conta da neoformação vascular que ocorre como resposta do processo inflamatório. · Diagnóstico: ○ Queixa de corrimento e prurido. ○ Exame direto e pH (< 3,8). ○ Cultura em meios específicos: ágar sabouraud e nickerson. · Tto: ○ Medidas gerais: ▪ Orientações sobre higiene e vestuário: uso de sabonete neutro, enxugar bem, evitar tecidos sintéticos, uso de algodão. ▪ Corrigir distúrbios metabólicos: relação c/ diabetes → + glicogênio na cavidade vaginal → é transformado em ác. lático → ambiente + ácido é ideal p/ proliferação da cândida → tendência de recidiva. ▪ Diagnosticar candidíase extra-genital: onicomicose, etc. ▪ Diagnosticar candidíase no parceiro sexual: relação c/ recidivas. ▪ Orientação dietética: dietas muito glicídicas (rica em açúcar) → tendência a agravamento dos quadros. ○ Tto sistêmico (CI na gravidez): ▪ Fluconazol: 150mg, VO, dose única; OU ▪ Itraconazol: 200mg, VO, 2x/dia, por 1d; OU ▪ Cetoconazol: 400mg, VO, 2x/dia, por 5d; OU ▪ Casos de recidiva → tto por maior tempo. ○ Tto tópico: vulvare/ou vaginal ▪ Cremes ou óvulos. ▪ Nistatina, imidazólicos. ▪ Casos intensos: creme de cetoconazol + dexametasona. · TRICOMONÍASE: · É uma IST, pode facilitar infecção pelo HIV (pelas microlacerações que produz). · Agente etiológico: Trichomonas vaginalis. · Exame especular e diagnóstico: ○ Corrimento vaginal amarelo-esverdeado. ○ Aspecto bolhoso. ○ Hiperemia cervicovaginal. ○ Odor fétido. ○ Intenso prurido. ○ Colo “trigóide”. ○ Leva a processo inflamatório + grave. ○ Ph > 5. · Tto: ○ Tto sistêmico: ▪ Metronidazol: 500mg, VO, 12/12h, por 7d (não pode usar bebida alcoólica 12h antes, durante o tto e até 12h depois). ○ Tto tópico: ▪ Metronidazol, metilpartricina. ○ Tto do parceiro sexual: ▪ Tinidazol: 2g, VO, dose única. · Complicações: ○ Homens: ▪ Facilita transmissão de HIV. ▪ Pode levar a uretrite não gonocócica (UNG) → pode encontrar o agente em vesículas seminais, uretra e próstata. ▪ Processo inflamatório. ▪ Facilitador do CA de próstata. ○ Mulheres: ▪ Facilita transmissão de HIV. ▪ Cervicocolpites e DIP. ▪ Processo inflamatório. ▪ Cervicovaginal facilitador da persistência do HPV. ▪ Complicações obstétricas. · VAGINOSE BACTERIANA: · É a causa + frequente de corrimento nas clínicas de ginecologia. · Síndrome clínica que resulta da substituição de Lactobacillus sp (nossos guardiãs) c/ elevada concentração de bactérias anaeróbicas. · Entre as quais: Gardnerella vaginalis, Mobiluncus, Mycoplasma hominis, Mycoplasma genitalium, Prevotella sp, Bacteroides sp, Peptostreptococcus. · Queixa clínica: ○ · Exame especular: ○ Conteúdo homogêneo que banha toda cavidade vaginal e, às vezes, até a cavidade endometrial. ○ É um biofilme bacteriano · Diagnóstico: ○ Critérios de Amsel: ▪ Corrimento vaginal homogêneo → não é necessariamente a queixa principal. ▪ pH vaginal > 4,5 (tendendo a alcalinidade: 6, 7). ▪ Presença de céls marcadoras (clue cells). Pontinhos ao redor da cél são bactérias. ▪ Teste de aminas positivo (whiff test: adição de KOH) → o aumento de poliaminas justifica o odor característico e maior exfoliação do epitélio vaginal. ○ Critérios de Nugent: ▪ Em termos de pesquisa. ▪ Coleta do material → esfregaço → corar pelo método de gram → fazer leitura dos morfotipos. ▪ Dá um escore p/ quantidade de bactérias encontradas. ○ Critério de Hay Ison: ▪ Baseado nos achados de Gram. ▪ Faz contagem de lactobacilos em relação ao que é encontrado de outras bactérias. · Tto: ○ Tto sistêmico: ▪ Metronidazol: 500mg, VO, 2x/dia, por 7d. ▪ Clindamicina: 300mg, VO, 2x/dia, por 7d. ▪ Pode prescrever ác. bórico ou ác. ascórbico em forma de comprimido p/ ser introduzido na cavidade vaginal após o tto p/ reconstituição dos lactobacilos. ○ Tto local tópico: ▪ Metronidazol gel: 0,75% 5g, intravaginal, por 10d. ▪ Clindamicina creme: 2% 5g, intravaginal, por 10d. ○ S/ tto do parceiro sexual: mas há controvérsias; é importante o uso de preservativo durante o tto: sêmen pode alcalinizar vagina e permitir a multiplicação bacteriana. · Resumo: · Fluxograma de corrimento vaginal c/ microscópio: · Cervicites ou uretrites não complicadas: · Etiologia: ○ Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae, Mycoplasma hominis e genitalium, Papilomavírus humano, Herpes simplex virus. · Teste do cotonete: saída do cotonete c/ secreção serossanguínea fora do período menstrual → endocervicite. · Exame especular: ○ Mácula rubra + secreção mucopurulenta. · Diagnóstico: ○ Corrimento mucopurulento. ○ Mácula rubra: colo avermelhado, friável (às vezes até colocação do espéculo desperta sangramento), edemaciado. OBS.: p/ dizer que é ectopia - epitélio cilíndrico simples - precisa de colposcópio + ác. acético 5%. ○ Coloração de gram → identifica > 10 PMN por campo. ○ Diplococos (formato de feijão, faces côncavas voltadas umas p/ as outras) → gonorreia: baixa sensibilidade em comparação c/ uretrite nos homens, mas pode encontrar. ○ Ausência de diplococos → infecção clamidiana (parasitismo intracelular obrigatório) → pode ser diagnosticada por imunofluorescência direta ou em meio de cultura específico. ○ Lembrar da sensibilidade dos testes moleculares → fácil identificação de clamídia por PCR. ○ Se atentar a portadoras assintomáticas → anamnese é essencial; mulher jovem c/ relação desprotegida recente é pcte de risco. · Tto: ○ 1ª escolha: ▪ Ceftriaxona: 500mg, IM, dose única; E ▪ Azitromicina: 1g, VO, dose única. ○ Tto alternativo: ▪ Doxiciclina: 100mg, VO, 12/12h, por 7d; E ▪ Azitromicina: 1g, VO, dose única. OBS.: ciprofloxacino NÃO deve ser usado. · Aconselhamento: ○ Solicitar VDRL; sorologia p/ HIV, HBV e HCV; convocar parceria e notificar. ○ Colpocitologia oncótica só pode ser realizada na ausência de inflamação/infecção. Doença inflamatória pélvica aguda · Processo infeccioso dos órgãos genitais, situados acima do orifício interno do colo do útero e de estruturas adjacentes. · Produzido por germes oriundos da endocérvice, estando pcte fora do ciclo gravídico-puerperal. · S/ antecedente recente de propedêutica ginecológica invasiva (histeroscopia, DIU): foge do quadro de ascensão voluntária do microorganismo. · 60% das DIPs são quadros subclínicos: · Ligeiro corrimento, 1s depois discreta dor na região hipogástrica, febrícula. · Então, quando vem a menstruação (fluxo serosanguinolento) → facilita proliferação e ascensão bacteriana. · O quadro que se prossegue é febre, dor pélvica importante, prostração, náuseas e vômitos (sinais de peritonite). · 36% são quadros moderados. · 4% são casos graves: · Internação + uso de ATB IV. · Se não responder → laparotomia. · São esses casos que chegam c/ quadro agudo na emergência (abdome agudo, peritonite) e os cirurgiões levam p/ laparotomia c/, no mínimo, salpingooforectomia (que podia ser poupado). · Fatores de risco: · Idade: mulheres jovens. · Comportamento sexual: sexualmente ativas, analisar comportamento da pcte e parceira. · Antecedentes de IST/DIP. · Sinais e sintomas: · Dor hipogástrica. · Corrimento genital. · Febre. · Toque genital doloroso. · Abaulamento dos fundos de saco. · Massas anexiais. · Irregularidade menstrual. · Exames complementares: · Leucograma: VSH. · USG pélvica. · Laparoscopia (critérios de MONIFF: avalia grau de extensão dos achados + prognóstico reprodutivo). · Microbiologia. · Critérios p/ diagnóstico clínico: a) Critérios menores: · Dor à palpação do hipogástrio. · Dor à mobilização e palpação dos anexos. · Dor à mobilização do colo uterino. b) Critérios maiores: · Temperatura > 38°C. · Leucocitose > 10.500/mL. · Obtenção de material purulento à culdocentese. · Presença de corrimento vaginal ou cervical. · PCR ou VSH elevados. · Comprovação laboratorial de infecção por gonococos ou clamídia. c) Critérios elaborados: · Evidência histopatológica de endometrite. · Presença de abscesso tubo-ovariano pelo exame ultrassonográfico. · Achados laparoscópicos compatíveis. d) Confirma diagnóstico clínico de DIP: · 3 critérios maiores + 1 critério menor; OU · 1 critério elaborado. · Tto: · Esquema 1: ○ Ceftriaxona: 500mg, IM, dose única; E ○ Azitromicina: 1g, VO, dose única; E ○ Doxiciclina: 100mg, VO, 12/12h, por 14d. · Esquema 2: ○ Ceftriaxona: 500mg, IM, dose única; E ○ Doxiciclina: 100mg, VO, 12/12h, por 14 d; E ○ Metronidazol: 500mg, 12/12h, 14d (quadros + prolongados → bactérias anaeróbicas já aproveitaram a condição de anaerobiosidade permitida por neissera ou clamídia). · Atenção: DIP é IST → solicitar sorologias pertinentes, convocar e tratar parceria sexual. · Hospitalização: · Critérios: ○ Quando não for possível excluir apendicite ou outra emergência cirúrgica (apendicite?). ○ Suspeita de gravidez (ectópica?). ○ Falta de resposta clínica após 72h do início do tto c/ ATB. ○ Intolerância a ATB oral. ○ Estado geral grave c/ náuseas, vômitos e febre. ○ Sinais de peritonite → abscesso tubo-ovariano · Medidas hospitalares gerais: ○ Venólise; controle de temperatura 6/6h. ○ Exame clínico diário. ○ Leucograma e USG. ○ Analgésicos, antitérmicos. ○ ATB por via parenteral: ▪ Esquema 1: Gentamicina 80mg, IV, 8/8h + Metronidazol 500mg, IV, 8/8h ▪ Esquema 2: Gentamicina80mg, IV, 8/8h + Clindamicina 900mg, IV, 8/8h ○ Após 72h c/ melhora clínica e leucocitária, iniciar terapia oral Doxiciclina 100mg, 12/12h + Metronidazol 400mg, 12/12h, por 14d. · Complicações: PERIHEPATITE OU SINDROME DE FITZ-HUGS CURTIS · 20% de pctes c/ DIP. · Dor que predomina no baixo ventre mas se examinar direito acha dor no hipocôndrio direito. · Laparoscopia: · Ao apontar p/ hipocôndrio direito e mostra fígado normal mas inflamação da cápsula de Glisson. · Cordoarias de aderência entre superfície hepática e parede interna do tórax → leva a dor à palpação e inspiração. · Funções hepáticas normais. · Pode ser encontrado na pelvoperitonite por Neisseria e Chlamydia → microrganismos chegam até lá pela goteira parietocólica. · Prognóstico: · Faz laparoscopia p/ avaliação e prognóstico na DIP (permite identificar DIP, avaliar grau de comprometimento das trompas, identificar abscesso tubo-ovariano), mas não permite diagnóstico de endometrite inicial (clínica c/ relação sexual desprotegida e spotting depois de um tempo). · 3-4m após o quadro agudo, faz histerossalpingografia (uso de contraste na cavidade uterina) p/ avaliar cavidade e perviabilidade de trompas → DIP pode levar a aderências → problemas de infertilidade. INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS · Manejo adequado: diagnóstico, tto, aconselhamento, reflexões sobre comportamentos de risco s/ emitir juízo de valores. · Novos modelos de família: pai + mãe; pai; mãe; pai + pai; mãe + mãe → são provedores e cuidadores das famílias → podem ter ISTs, não devemos julgar, devemos ajudar sempre. · Sempre deve buscar parcerias sexuais envolvidas. · Etiologia: vírus, bactérias, protozoários. · Aspectos clínicos: assintomáticos, corrimentos, úlceras, verrugas. · Métodos diagnósticos: clínicos, etiológicos ou por uso de fluxogramas · Importância da anamnese + EF + epidemiologia (aspectos de susceptibilidade). · Avaliação do pH vaginal. · Testes de aminas (c/ adição do KOH). · Exame direto do conteúdo vaginal. · Imunofluorescência. · ELISA. · Captura híbrida. · PCRs. · Sorologias. · Histopatologia. · Fluxograma de manejo dos casos: · Prevalência e frequência relativas de ISTs (Br 2008): · Grande prevalência de sífilis, em especial, a latente (86%): ○ Primária: surge 10-90d após exposição; cicatriza em 4s. ○ Secundária: variáveis lesões cutâneo-mucosas. ○ Latente: s/ sinais ou sintomas. ○ Terciária: 10-20a após a primária; SNC, tegumentares, circulatório. ○ Diagnóstico de sífilis: após a exposição, tem um período de janela; ficar atento a período de latência e de positividade dos testes → treponêmico (FTA-abs) antes do não treponêmico (VDRL). Úlceras genitais · Etiologia: · Sífilis: Treponema pallidum. · Herpes: Herpes Simplex Virus 1 e 2. · Cancro mole: Haemophilus ducreyi. · Linfogranuloma inguinal: Chlamydia trachomatis. · Donovanose: R. granulomatis. · Diagnóstico clínico e laboratorial: · Cancro mole: ○ Borda eritematosa e dolorida. ○ Lesão larga e profunda. ○ Úlceras sujas, purulentas, de odor desagradável. ○ Auto-infectantes (um lábio contamina o outro). ○ Pode-se encontrar gânglio inguinal dolorido. ○ Na história: relação sexual desprotegida recente. ○ Menos encontrado: H. ducrey sensível a qualquer meio adstringente → frequente em pcte de baixa higiene. ○ Exame direto c/ coloração de gram → H. ducrey (bacilos gram + que se arranjam em fileiras indianas). · Sífilis: ○ Lesão indolor. ○ Menores, menos profundas. ○ Fundo limpo, bordas elevadas. ○ Pode-se encontrar linfoadenopatia inguinal. ○ Exame direto em campo escuro: visualização do treponemas. · Herpes: ○ Bordas avermelhadas e doloridas. ○ Superficial (tem autores que a denominam como exulceração, por não comprometer todas as camadas da pele). ○ Bolhas que ulceram. · Donovanose: ○ HP ou exame direto c/ coloração de Giemsa observa-se corpúsculos de Donovan (patognomônico). · Linfogranuloma inguinal: ○ Muito dolorosas. ○ C/ evolução, pode ocorrer ruptura espontânea. ○ Clamídia tem tropismo por epitélio de vasos linfáticos → vários linfonodos coalescem e incham, cheios de clamídias. ○ Nunca incisar!!!!! → cicatrização demora muito → vai aspirando c/ seringa de agulha grossa. · AIDS + herpes / cancro mole: · Fluxograma de manejo: · Tto: · Higiene local: c/ sabonete comum e água boricada 2% (ação adstringente → evita infecção secundária). · Sífilis: penicilina benzatina, 2,4 milhões UI, IM, dose única. · Cancro mole: azitromicina, 1g, dose única. · “Cancro Misto de Rollet” (Treponema pallidum + H. ducrey na mesma úlcera): uso de penicilina. · Herpes genital (primoinfecção): ○ Pcte + assustada → quadro + exuberante (febre, mialgia, lesões vesiculares dolorosas, extensas e numerosas). ○ Podem ser usados durante gravidez (sem ação teratogênica): ▪ Aciclovir: 400mg, VO, 3x/dia, por 10d; OU ▪ Valaciclovir: 1g, VO, 2x/dia, por 10d; OU ▪ Fanciclovir: 250mg, VO, 3x/dia, por 10d. · Linfogranuloma inguinal* ou donovanose: ○ Doxiciclina: 100mg, VO, 2x/dia, por 3s; OU ○ Tianfenicol: 500mg, VO, 3x/dia, por 3s. *Fase inicial: dor ganglionar / casos + avançados: rompimento e dor. Corrimento uretral · Fluxograma de manejo: · Tto: na dúvida, trata p/ ambos · Ceftriaxona: 500mg, IM, dose única; E · Azitromicina: 1g, VO, dose única. Infecção pelo HPV e condiloma acuminado · Infecção subclínica: diagnóstico pela coilocitose. · Infecção latente: diagnóstico pela biologia molecular. · Modelo etiológico de HPV e neoplasia cervical: · HPV sozinho não leva à carcinogênese, tem que ter cofatores. · HPV 16: · Maior relação c/ carcinogênese · Genoma do HPV 16: ○ L1 e L2: proteínas primária e secundária do capsídeo viral → imunogênicas (levam a resposta imunológica) → c/ elas que se criou a vacina. ○ E6 e E7: estímulo ao crescimento → importante, em relação à carcinogênese, saber se estão em evidência. ○ Esses genes também são responsáveis pela regulação da replicação viral, alteração da matriz intracelular, regulação da transcrição viral. · Vacina quadrivalente disponível no sistema de saúde (protege contra HPV 6, 11 ,16, 18) → adolescentes; HIV+ até 45a. · Diagnóstico morfológico e prevenção das neoplasias cervicais: · Coleta da ectocérvice e fundo de saco c/ espátula de Ayre na ausência de corrimentos + coleta da endocérvice c/ escovinha na ausência de menstruação, infecção. · Corar c/ método de papanicolau. · Polinucleação, hiperpigmentação, céls multinucleares, disposição diferente na arquitetura → carcinoma. A: céls superficiais de descamação, s/ nenhuma alteração de núcleo ou citoplasma → citologia normal. B: céls c/ 2 núcleos, hiperpigmentação, núcleos de tamanhos diferentes → neoplasia intraepitelial inicial. C: arquitetura totalmente diferente → cél maligna. D: céls em fila indiana → carcinoma invasor. · Colposcopia (aumenta em 20x as lesões) está indicada na prevenção. · Tto: · Tratar primeiro o corrimento (alteração da mucosa vaginal, da microbiota). · Depois o condiloma → ácido tricloroacético ambulatorial (colocadas pelo próprio médico). · Vai cair a verruga → formar úlcera → cicatrização. · Cura a verruga, mas o HPV permanece no organismo e só o sistema imunológico pode fazer desaparecer. · Crianças c/ condiloma acuminado → abuso sexual. ACONSELHAMENTO · Permite a redução do nível de estresse e a comunicação c/ o parceiro. · Orienta e estimula a realização de testes com anti-HIV, HBV, HCV, HTLV e VDRL. · Possibilita a reflexão sobre os próprios riscos e adoção de práticas sexuais + seguras. CONDIÇÕES CLÍNICAS E TEMPO DE CONTATO SEXUAL P/ COMUNICAÇÃO AOS PARCEIROS · Úlceras genitais → 90d. · Corrimento uretral ou cervicite → 60d. · DIPA → 60d. · Sífilis → secundária (6m), latente (1a). · Tricomoníase → parceiro atual. MANDALA DE PREVENÇÃO COMBINADA · PEP → abuso sexual. OBS.: infecção por HIV (seja AIDS ou não), sífilis (inclusive a congênita), corrimento uretral em homem, abuso sexual em crianças têm formulário de notificação compulsória.
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