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Estudo Dirigido – Cariologia Capítulo 8: Dieta e Cáries Dentárias (van LOVEREN & LINGSTRÖM, IN: FEJERSKOV, NYVAD, KIDD. Cárie dentária – fisiopatologia e tratamento, 3a.Ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017, p.117-134.) Orientações:Após a leitura atenta do capítulo, responder às questões listadas abaixo para reforço do aprendizado e registro dos dados relevantes ao estudo da Cariologia. 1) Do que basicamente era composta a dieta ocidental na antiguidade? A prevalência de cárie encontrada nesta época era alta ou baixa? 2) O que os estudos ecológicos iniciais nos mostram sobre a relação entre dieta e cárie? 3) Vamos registrar o que nos mostram os principais estudos experimentais em humanos da relação entre açúcar e cárie. a. Onde, quando, por quanto tempo e em que população, foi feito o estudo de Vipeholm? Quais seus principais achados?Esta população tinha acesso uso de fluoreto? b. Quando e por quanto tempo foi feito o estudo de Turku? O que ele testou? Quais seus principais achados? 4) Há diferença na relação açúcar e cárie em populações com e sem acesso ao flúor? Exemplifique. 5) Quais os açúcares/carboidratos que podem ser fermentados pelas bactérias bucais e, portanto, são potencialmente cariogênicos? 6) Você pode convencer um paciente sobre a importância de não consumir açúcar a todo momento explicando a curva de Stephan (curva da queda do pH da placa após um bochecho com sacarose). Grave um vídeo ou faça alguns slides ilustrando esta explicação, com uma linguagem acessível ao público leigo. 7) Uma das tentativas de se mensurar o potencial cariogênico de um alimento/bebida é pela medida de seu potencial acidogênico (mensuração do pH da placa após ingestão/bochecho com o alimento). Diga, qual o açúcar considerado controle positivo (ou seja o que expressa alto potencial acidogênico) nestes testes, e qual o controle negativo (baixo potencial acidogênico)? 8) Como funcionam os modelos de cárie in situ e quais as vantagens deste tipo de experimento? 9) Quais as dificuldades para a realização de um estudo clínico para se avaliar a dieta quanto à cárie? 10) Cite três exemplos de adoçantes calóricos cariogênicos; três não calóricos e não cariogênicos; e três calóricos mas não cariogênicos. 11) Qual o efeito colateral mais comum produzido pelo consumo de álcoois de açúcar em níveis acima do tolerável? Qual o limite de tolerância para o manitol e o sorbitol? 12) Porque o xilitol é tido como um açúcar não cariogênico? Com base nas evidências de estudos clínicos, qual a fração prevenida para a cárie, que pode ser esperada num grupo que usa gomas de mascar com xilitol de 3 a 5 vezes ao dia, comparado a um grupo controle que não usa goma de mascar com xilitol? 13) Pode-se afirmar que o efeito anti-cariogênico das gomas de mascar com xilitol é superior ao efeito mecânico e ao estímulo à produção de saliva obtido pelo simples uso de gomas de mascar controle/sem xilitol (gomas usadas para grupo controle, sem adição de açúcar ou com outro tipo de açúcar não cariogênico)? 14) O leite de vaca e o leite humano (não adoçados artificialmente) são considerados alimentos cariogênicos ou não, por que? 15) O queijo é considerado um alimento protetor para a cárie? Por que, e qual a evidência? 16) No que consiste a abordagem probiótica para a manutenção de uma microbiota bucal saudável? RESPOSTAS: 1) R: Tanto o açúcar quanto o amido processado eram quase completamente ausentes da dieta, que consistia de cereais crus, grãos, raízes e ervas. A prevalência de cáries encontrada era baixa. 2) R: OS estudos ecológicos comparam comunidades com hábitos alimentares diferentes ou uma mesma população em épocas diferentes, mostrando que mudanças no padrão de dieta tem relação com a prevalência de cárie. Em todos os exemplos relatados, a prevalência de cárie aumenta quando uma população é exposta a uma dieta rica em açúcares (ex. crianças em diversos países europeus no pós-guerra; esquimós próximos a entrepostos comerciais; tribos que consomem mais carboidratos quando comparadas a tribos que consomem mais proteínas, e outros exemplos). 3)a. R: O estudo de Vipeholm foi realizado na Suécia, entre 1946-1951 (durou 5 anos), em adultos residentes em um hospital de saúde mental. O estudo testou variações no consumo de açúcar e seu impacto no incremento (incidência) de cárie (CPO-D), nesta população. Seus principais achados foram: houve menor incidência de cárie em indivíduos com dietas quase sem açúcar; a incidência de cárie foi maior para os indivíduos que passaram a consumir açúcar entre as refeições, comparados aos que consumiam açúcar apenas junto com a refeição (bebida doce ou pão doce); maior frequência de ingestão de açúcar resultou em maior incidência de cárie; alimentos açucarados e pegajosos (bala toffee e caramelos) consumidos entre as refeições aumentaram muito a incidência de cárie. Em síntese: para a incidência de cárie importam a frequência de ingestão de açúcar e também a consistência do mesmo (clearence do açúcar bucal). Esta população não tinha acesso ao uso de fluoreto e a higiene bucal era deficiente. b. R: O estudo de Turku foi realizado na década de 70 e durou 25 meses. Ele testou três tipos distintos de dieta (adoçadas com sacarose, ou frutose, ou xilitol), na incidência de cárie em indivíduos adultos (CPO-S modificado para incluir lesões não cavitadas). O estudo mostrou uma redução de 85% na incidência de cárie para indivíduos do grupo do xilitol, e de 32% para o grupo da frutose, quando comparados ao grupo da sacarose. Não foram observadas novas lesões cariosas no grupo do xilitol. Entretanto o grupo de frutose desenvolveu mais lesões cavitadas e o grupo sacarose mais lesões não cavitadas. 4) R: Sim, há diferença. Em populações sem acesso ao uso de fluoretos o consumo de açúcar impacta de forma mais marcante o incremento de cárie. Pessoas que fazem uso regular de flúor, por exemplo através do uso regular de dentifrício fluoretado, só expressam incremento de cárie com exposição a níveis mais elevados de açúcar. 5) R: Todos os amidos monossacarídeos (ex. glicose, frutose, galactose) e dissacarídeos (ex. sacarose, maltose, lactose), somados aos polissacarídeos hidrolisados. 6) R: [Use sua criatividade]. 7) R: Controle positivo = sacarose a 10%; controle negativo = sorbitol a 10%. 8) R: Os modelos in situ envolvem o uso de aparelhos ou outros dispositivos que incluem uma amostra de esmalte ou de dentina e são utilizados intrabucalmente pelos indivíduos da pesquisa. O ponto forte deste tipo de pesquisa é que todos os aspectos multifatoriais envolvidos no desenvolvimento da cárie são incluídos. 9) R: Os ensaios clínicos de longo prazo em geral são caros e complexos, e por motivos éticos, não é possível testar alimentos cariogênicos, mas sim alimentos potencialmente protetores para a cárie. 10) R: Calóricos e cariogênicos – ex. sacarose, frutose, amido cozido; Não calóricos e não cariogênicos – ex. aspartame, ciclamato, sacarina, sucralose, estévia; Calóricos e não cariogênicos – ex. sorbitol, manitol, xilitol. 11) R: A diarreia osmótica. 20g de manitol e > 50 g de sorbitol. 12) R:[O xilitol é um álcool de açúcar com cinco átomos de carbono, obtido a partir das árvores bétula ou olmo].Não é fermentado pela maioria das bactérias bucais e tem efeito bacteriostático nos estreptococos do grupo mutans, decorrente do acúmulo intracelular do xilitol 5-fosfato. O xilitol não reduz o pH da placa in vivo ou in vitro(não é acidogênico). Quando consumido frequentemente e por um longo período promove alteração ecológica do biofilme, resultando em menor formação de ácido a partir da sacarose, e redução na formação da placa. A fração prevenida para a cárie que se pode esperar, em indivíduos que mascam goma com xilitol várias vezes ao dia, é de cerca de 55% a 60%, comparando com indivíduos que não mascamgoma de xilitol regularmente. 13) R: Alguns estudos mostraram que o uso de gomas de mascar-controle foi tão efetivo no controle da cárie quanto gomas de mascar com xilitol, sugerindo que o controle da cárie está relacionado ao processo da mastigação e não ao efeito dos polióis (dos álcoois de açúcar). 14) R: Não são cariogênicos, porque a lactose (açúcar naturalmente presente no leite) possui baixo potencial acidogênico. Além disso, o leite contém fatores protetores como o cálcio, fosfato, caseína e lipídeos. 15) R: Sim, o queijo é considerado um alimento protetor. Os componentes lácteos que têm propriedades anticariogênicas são cálcio, fosfato, caseína e lipídeos. Sugere-se que o consumo de queijo aumente o pH bucal pela estimulação do fluxo salivar, além de aumentar a concentração de cálcio na placa. Alguns estudos mostraram que o consumo de queijo após as refeições teve efeito protetor na incidência de cárie. 16) R: Consiste na ideia de usar bactérias, administradas em produtos alimentícios, comprimidos ou outras formas de administração, que favoreçam uma microbiota bucal residente associada à saúde, em detrimento das espécies associadas à doença. Bons Estudos!
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