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MED, MK, RK MED10 Gastrite e Helicobacter pylori A gastrite é um achado, que pode ou não causar sintomas (na maior parte das vezes não causa sintoma) Gastrite x gastropatia DEFINIÇÃO: Grupo heterogêneo de alterações macro e microscópicas da mucosa gástrica, decorrentes de injúria de variada origem, usualmente associada a uma resposta inflamatória aguda, crônica ou mista *A gastrite NÃO é uma síndrome (a dispepsia, sim) SÍNDROME DISPÉPTICA (OU DISPEPSIA): Dor ou desconforto epigástrico, azia (queimação epigástrica), náuseas, sensação de plenitude pós- prandial A maioria das gastrites é assintomática e a maioria dos pacientes com dispepsia sem úlcera não tem gastrite → “Dispepsia não ulcerosa” ou “Dispepsia funcional” → todo paciente com sintomas dispépticos não acompanhados de úlcera péptica ou neoplasia na endoscopia CLASSIFICAÇÃO: TIPOS: AGUDA: Infiltrado de polimorfonucleares (PMN) Aparecimento súbito, curta duração e desaparecimento sem sequelas na maioria dos casos Acometer antro/corpo/fundo de forma isolada ou em conjunto Variedade de formas de acometimento (edema, enantema, erosão, exsudato, etc) Pode acometer o duodeno simultaneamente CRÔNICA: Mais comum Maioria assintomática Diagnóstico essencialmente histológico → achado acidental na biópsia em pacientes sem sintomas Infiltrado LinfoMono com ou sem PMN FORMAS ESPECIAIS: GASTRITES AGUDAS: Uma gastrite aguda pode ser considerada um diagnóstico clínico quando esse insulto é capaz de gerar sintomas Lesões Agudas de Mucosa Gastroduodenal (LAMGD): Mais comuns: Estresse Cirurgias / Trauma / TCE (Cushing) Queimaduras (Curling) Septicemia Choque Etanol Medicamentos (Anti-inflamatórios não- esteróides (AINEs)) As lesões agudas são quadros de exceção, uma vez que na maior parte dos casos, os pacientes têm sintomatologia de forma crônica Exemplos: Laudo: erosões com fibrina, enantema, hematina recobrindo, granularidade, etc GASTRITES CRÔNICAS: Associada ao H. pylori Formas especiais: Gastrites granulomatosas (Doença de Crohn, Sarcoidose, Tuberculose, Sífilis) Gastrite eosinofílica Gastrite linfocítica MED, MK, RK MED10 Gastrite reativa (refluxo biliar, medicamentos, casos sem etiologia definida) H. PYLORI: Bactéria Gram (-) espiralada que coloniza a mucosa gástrica Transmissão fecal-oral A aquisição de novos casos ocorre principalmente durante a infância Prevalência maior em países em desenvolvimento Mudança na prevalência pela melhora no padrão de vida DIAGNÓSTICO: TESTES NÃO INVASIVOS: Teste respiratório (ureia marcada com 13C – Carbono 13): Padrão ouro para diagnóstico da infecção por H. pylori (acurácia > 95%) Parte da premissa que o H. pylori possui a capacidade de secretar urease, logo, se o paciente ingerir a ureia marcada com C13, a solução vai ser “quebrada” pela urease em amônia e CO2. O CO2 vai estar marcado com o C13 e vai ser liberado pela via respiratória, fazendo a detecção indireta do H. pylori. Pouco acessível: medicina nuclear para marcação do carbono Não radioativo, sem contraindicação e fácil realização Suspender IBP’s por 2 semanas (risco de 10-40% de falso negativo visto que o uso prolongado do IBP pode alterar a colonização do H. Pylori) Teste de antígenos fecais: Detectam antígenos do H. pylori nas fezes Acurácia equivalente ao teste respiratório, desde que testes validados com anticorpos monoclonais Porém pouco aceito pelos pacientes Suspender IBP’s por 2 semanas (10-40% de falso negativo) Testes sorológicos: A detecção de anticorpos não significa infecção ativa Manutenção de anticorpos durante anos mesmo após erradicação da bactéria Os testes não são todos equivalentes – apenas testes IgG validados (especificidade >90%, sensibilidade 80- 84%) Podem ser utilizados na vigência de IBP’s ou antimicrobianos TESTES INVASIVOS: Apesar de não ser o padrão ouro, o teste mais realizado no nosso meio é o teste invasivo → EDA Usam EDA como veículo Exame histológico: Permite avaliar o tipo e intensidade da inflamação gástrica Realização de quatro BX’s (2 fragmentos do antro e 2 do corpo) Sensibilidade pode chegar até 95% Teste da urease: Facilidade, rapidez e baixo custo Dois fragmentos coletados (corpo e antro) são colocados dentro de uma solução que contém ureia (possui uma coloração amarelada) Com a presença da urease, vai ocorrer a mesma reação que no teste respiratório e a amônia altera o pH da solução, fazendo a coloração mudar para um tom avermelhado Especificidade 98% / sensibilidade 93-97% Cultura: Demorado e requer condições especiais Permite teste de sensibilidade do H. pylori aos antimicrobianos Importante em áreas de alta resistência a Claritromicina (primeira linha) ou quando do retratamento (segunda linha) Sensibilidae 80-90% / especificidade 95% TRATAMENTO: 1ª linha: IBP dose padrão (omeprazol 20mg, lansoprazol 30mg, pantoprazol 40mg, dexlansoprazol 60mg, esomeprazol 40mg) + Amoxacilina 1g + Claritromicina 500mg – 2x/dia por 14 dias *No Brasil, pode haver resistência a claritromicina 2ª/3ª linha: IBP dose padrão (2x/dia) + Amoxacilina 1g (2x/dia) + Levofloxacina 500mg (1x/dia) por 10-14 dias (segunda linha) IBP dose padrão (2x/dia) + Subcitrato de bismuto coloidal 120mg 6/6h + Tetraciclina 500mg 6/6h + MED, MK, RK MED10 Metronidazol 400mg 8/8h por 10-14 dias (terceira linha) Uso de probióticos: Resultados promissores como terapia adjuvante para reduzir efeitos adversos e otimizar taxas de erradicação 3ª linha: Baseado em testes de sensibilidade *Quando o paciente chega na terceira linha de tratamento e não obtém respostas, lança-se mão da cultura do H. pylori para direcionar um antibiograma AVALIAÇÃO DO RESULTADO DO TRATAMENTO: Realizada após, no mínimo, 4 semanas após o término do tratamento Método não invasivo: Teste respiratório ou pesquisa de antígenos fecais (monoclonais) – métodos de escolha Método invasivo: Histológico – método alternativo Teste de urease – não recomendado isoladamente → deve ser realizado também o teste histológico, por isso, acaba fazendo apenas o histológico Sorologia não deve ser usada para avaliar sucesso da erradicação (porque não serve para diferenciar infecção ativa de infecção passada) DOENÇAS ASSOCIADAS: ADENOCARCINOMA DE ESTÔMAGO: H. pylori = maior fator de risco para desenvolvimento do AdenoCa (carcinóide tipo 1) Mas isso não significa que todo paciente com H. Pylori vai ter CA, tem que ter um match dos fatores Fatores da própria bactéria (virulência): Gene vacA (vacuolating cytotoxin A) Gene cagA (cytotoxin-associated gene A) Fatores genéticos do hospedeiro: Polimorfismo IL-1Beta Fatores ambientais: componente N-nitroso, sódio, tabaco, álcool, alimentos embutidos, carne vermelha Tripé que precisa existir para o desenvolvimento de um adenoCa de estômago: × Presença da bactéria + predisposição genética + fator ambiental Cascata de Pelayo Correa: Redução/regressão das lesões precursoras do câncer gástrico após o tratamento do H. pylori: Sim – gastrite crônica Sim – atrofia do corpo Não – atrofia do antro Não – metaplasia intestinal Ou seja, até atrofia (a depender da localização) há possibilidade de regressão da lesão Seguimento dos pacientes com atrofia e metaplasia intestinal: EDA + BX’s corpo e antro 3/3 anos *Vigilância para detecção de CA precoce caso desenvolvido Melhor momento de erradicar a bactéria: antes do surgimento das lesões pré-neoplásicas Tratamento sistemático do HP não é recomendado para prevenção no Brasil Erradicação do HP para prevenção: Parentes de primeiro grau com CA gástrico Pacientes com CA gástrico previamente tratado Pacientes com pangastrite intensa, gastrite predominante de corpo ou atrofia intensa Pacientes em supressão ácida por mais de 1 ano Ex: pacientecom artrite reumatoide → anti-inflamatório contínuo Fatores de risco ambientais muito significativos: alta carga tabágica, exposição a carvão, quartzo, cimento, trabalhadores de minas Medo do paciente em desenvolver CA gástrico Populações de alto risco para câncer gástrico (Ásia: mais propensos ao CA gástito). No Brasil não é recomendado LINFOMA MALT: Erradicação do Hp é tratamento de primeira linha para o Linfoma MALT gástrico de baixo grau MED, MK, RK MED10 Linfoma MALT de baixo grau – 50% de todos os casos de linfoma não Hodgkin do TGI OUTRAS DOENÇAS ASSOCIADAS: Doenças onde o Hp deve ser lembrado e erradicado se existente (mecanismo exato não conhecido): Púrpura Trombocitopênica Idiopática (PTI) Anemia ferropriva inexplicável Deficiência de Vitamina B12 DRGE: Hp não interfere na intensidade nem recorrência dos sintomas, assim como na eficácia do tratamento Uso de AINES e AAS: Risco aumentado de DUP não complicada e complicada nos usuários infectados por Hp Erradicação do Hp reduz risco de desenvolver DUP e deve ser feita antes de iniciar o uso Pacientes que já fazem uso, a erradicação do Hp deve ser associada ao IBP Uso de IBP: Uso crônico nos infectados está associado ao desenvolviemento de gastrite predominante do corpo → acelera processo de atrofia Erradicação do Hp nos usuários crônicos reduz a progressão para atrofia
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