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SP1 - ONCOLOGIA (CA de Colo de Utero)

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OBJETIVO 1. DESCREVER AS FASES DO PROCESSO 
DE DIVISÃO CELULAR POR MITOSE, 
IDENTIFICANDO OS PONTOS E MECANISMOS DE 
REGULAÇÃO, ALÉM DOS FATORES QUE 
INTERFEREM NA REGULAÇÃO DA DIVISÃO 
CELULAR. 
 
Os eventos celulares e bioquímicos responsáveis 
pela geração de duas células filhas, a partir de uma 
célula-mãe, são conhecidos como ciclo celular. A 
divisão celular e a geração de novas células são 
fundamentais para diversos processos celulares, 
tais como: o desenvolvimento embrionário; o 
crescimento do organismo; a regeneração ou a 
renovação tecidual; a reprodução assexuada, e a 
formação de gametas. 
O ciclo celular da maioria das células eucarióticas 
passa por uma sequência comum de eventos: 
crescimento celular; replicação do material 
genético (DNA); distribuição do material genético 
para as células filhas (cromossomos); e divisão 
celular (citocinese). 
O ciclo celular é dividido em duas fases distintas: 
interfase e mitose. Cada uma destas fases 
apresenta características morfológicas e 
bioquímicas típicas. Tanto a interfase quanto a 
mitose são divididas em subfases: 
 A interfase é dividida em três subfases: G1, 
S e G2. 
 A mitose é dividida em prófase, pró-
metáfase, metáfase, anáfase e telófase 
(figura 8.1). 
O estado quiescente, no qual uma célula não está 
em processo de divisão celular, é denominado G0. 
 
 
Uma célula ao completar a passagem por todas as 
etapas que constituem o ciclo celular irá ter 
gerado uma nova célula. Com o término de G2, a 
interfase finaliza e inicia-se a mitose propriamente 
dita. Na mitose é gerada uma cópia idêntica à 
célula mãe, tanto estruturalmente, quanto 
geneticamente e funcionalmente. 
A mitose é a fase que compreende a divisão do 
núcleo celular e do citoplasma (Citocinese). Em 
comparação com a interfase, a fase M é 
extremamente curta, com duração aproximada de 
uma hora; entretanto, diversas modificações e 
acontecimentos importantes são representados 
em suas subfases. 
 
 PRÓFASE 
A entrada na mitose é marcada pelo início da 
condensação da cromatina e pela degradação do 
envoltório nuclear, da carioteca, e do nucléolo. 
Além disso, ocorre a migração dos centríolos para 
polos opostos da célula e irradiação dos 
microtubulos de tubulina que se fixam nos 
cromossomos e os direcionam para a placa 
equatorial. 
 
 PRÓMETAFSE 
A prometáfase é uma etapa que não é um 
consenso entre os autores então pode não 
aparecer sempre. Para os que consideram a 
SP1 “Eu sempre fui só de você...” 
prometáfase, ela representa o fim da prófase e o 
início da metáfase. 
Nessa etapa é vista a chegada dos centrossomos 
nos polos opostos da célula e a desintegração 
completa da membrana nuclear. A desintegração 
da carioteca acontece em decorrência da 
fosforilação de proteínas que compõem a 
membrana e dos poros nucleares. Todas essas 
fosforilações desestabilizam a estrutura do núcleo 
e esse se fragmenta em vesículas. 
Com a desintegração da membrana do núcleo não 
há mais a separação entre o núcleo e o citoplasma 
e assim os microtúbulos que estão sendo 
polimerizados e estão formando o fuso mitótico 
no citosol, podem se ligar aos cromossomos. No 
entanto, os cromossomos não ficam aguardando 
essa nucleação dos microtúbulos de forma 
passiva, eles também promovem essa nucleação 
ao redor deles ao levar a ativação de proteínas da 
família RAN GTPase, uma vez que na própria 
cromatina há um fator de troca do nucleotídeo 
guanina (GEF) que vão promover nessas proteínas 
a troca de GDP por GTP. Uma vez ativadas, as 
proteínas RAN GTPases liberam proteínas 
estabilizadoras de microtúbulos de complexos 
proteicos no citosol. 
Com todos esses estímulos, os microtúbulos se 
conectam aos cromossomos na região do 
cinetócoro, presente em cada uma das 
cromátides-irmãs. 
 
 
 
 
 
 
A prometáfase então é finalizada com os 
cromossomos sendo conectados ao fuso mitótico. 
 
 METÁFASE 
Na metáfase, o evento marcante é o alinhamento 
de todos os cromossomos que já se encontram 
conectados ao fuso na região equatorial da célula, 
formando a placa metafásica. 
Nesse momento, é possível visualizar a 
importância da ação do cinetocoro (região 
vermelha na figura a seguir) sobre a conexão dos 
microtúbulos aos cromossomos. A placa só é 
formada depois que todos os cromossomos estão 
corretamente ligados ao fuso mitótico. 
A conexão correta se dá pela ligação dos 
microtúbulos polimerizados por cada um dos 
centrossomos às cromátides-irmãs mais próximas 
de cada polo. Dessa forma, cada cromátide-irmã, 
de todos os cromossomos duplicados, se conecta 
a um dos polos. O cinetocoro consegue detectar se 
a conexão foi realizada corretamente através do 
reconhecimento da tensão equilibrada que é 
gerada por essa conexão. Caso uma das 
cromátides seja ligada aos dois polos ao mesmo 
tempo, ou somente uma cromátide seja 
conectada ou ainda as duas cromátides-irmãs 
sejam ligadas ao mesmo polo do fuso, a tensão 
gerada no cinetocoro não é bidirecional e 
equilibrada e ao ser detectada essa falha, o 
cinetocoro estimula a despolimerização desses 
microtúbulos e assim a polimerização pode ser 
refeita e corrigida. 
Quando a conexão é feita de forma correta entre 
o fuso e o cinetócoro há a intensificação dessa 
polimerização dos microtúbulos afim de reforçar 
essa ligação e preparar essa estrutura para a 
separação que está por vir na próxima fase. 
Cabe destacar que o fuso mitótico é formado por 
3 tipos de microtúbulos: 
 Interpolares, 
 Astrais e 
 do cinetocoro. 
 
Os microtúbulos astrais são responsáveis pelo 
ancoramento e estabilização da estrutura do fuso, 
através da conexão ao córtex celular. Os 
interpolares são aqueles que vão manter o 
formato do fuso e a união dos dois polos; os 
microtúbulos do cinetocoro irão ser os 
O cinetocoro é um grande complexo de 
proteínas que não só são sítios de ligação 
desses microtúbulos como vão determinar 
a ligação correta desses microtúbulos aos 
cromossomos 
 
responsáveis por conectar o fuso aos 
cromossomos. 
 
 
A metáfase a é o último ponto de regulagem do 
ciclo celular, conhecido como ponto de checagem 
M. Deste modo, caso os cromossomos não 
apresentem compactação completa, não se 
localizem na placa equatorial ou mesmo se as 
fibras do fuso não estiverem aderidas aos 
respectivos centrômeros, o ciclo celular é 
interrompido até que haja a correção do 
problema, o que permite assegurar que as novas 
células tenham a mesma quantidade de 
cromossomos. 
 
 ANÁFASE 
A anáfase tem seu início com a segregação das 
cromátides irmãs e migração das organelas para 
polos opostos. 
Caso as cromátides irmãs estejam devidamente 
alinhadas no plano equatorial da célula, um 
complexo proteico, denominado Complexo 
Promotor da Anáfase, será ativado. Este complexo 
é responsável pela degradação das coesinas, e 
consequente separação das cromátides irmãs, 
além de induzir a degradação proteolítica da 
ciclina B, dando início ao processo de inativação do 
complexo ciclina B/cdk1. 
A partir dessa separação começa a movimentação 
em todo o fuso mitótico para permitir que essas 
cromátides cheguem aos polos opostos do fuso. 
Mas além disso é observado o encurtamento dos 
microtúbulos do cinetocoro através da 
despolimerização de tubulinas e 
consequentemente os cromossomos são 
“puxados” para os centrossomos nos polos aos 
quais estavam conectados na metáfase. 
Assim, no final da anáfase, os cromossomos 
duplicados na fase S estão dispostos nos polos 
opostos da célula. Cada extremidade celular, 
contém, assim, uma cópia idêntica do material 
genético da célula mãe. 
 
 TELÓFASE 
Durante a telófase, o envelope nuclear é 
reorganizado, o fuso mitótico é desfeito e os 
cromossomos são descondensados a partir da 
inativação das condensinas e, por fim, o nucléolo 
é reorganizado, restabelecendo as feiçõesoriginais do núcleo interfásico. 
A divisão celular termina, no entanto, com a 
divisão do citoplasma em um processo conhecido 
como citocinese. A citocinese tem início na 
anáfase, terminando na telófase. Em células 
animais, um anel contráctil formado por 
filamentos de actina e miosina é responsável pela 
compressão da membrana plasmática de forma a 
gerar as duas células filhas. O padrão de citocinese 
nas células animais é chamado de centrípeta, pois 
ocorre de fora para dentro da célula. 
Inicialmente, vesículas oriundas do complexo 
golgiense se alinham no meio da célula formando 
uma estrutura denominada placa celular, que com 
o auxílio do fragmoplasto se projeta em direção à 
superfície celular, levando à divisão da célula e à 
formação das duas células filhas. 
 
 
 
Não é necessário que ocorra citocinese, a 
duplicação da célula já ocorreu e caso não 
ocorra a citocinese a consequência é 
somente que a célula será multinucleada, 
como é observado em algumas células, como 
nos megacariócitos. 
 
 
Sistema de Controle 
A progressão através do ciclo é um processo que 
apresenta um sistema de controle robusto e 
redundante para garantir que todo esse processo 
ocorra corretamente. Dessa forma ele garante que 
o DNA só seja duplicado uma vez, que uma etapa 
só inicie quando os processos que a antecedem 
tenham ocorrido, e que a célula só entre no ciclo 
celular quando houver sinalização adequada para 
estimular sua divisão. 
Portanto, esse sistema ocorre ao longo de todo o 
percurso e é exercido através da ação de diversas 
proteínas, mas alguns complexos proteicos vão 
atuar como centrais nesse controle. Esse 
protagonismo é dividido principalmente entre os 
complexos formados pelas cinases dependentes 
de ciclina (CDKs) e suas ciclinas e o complexo 
promotor da anáfase ou ciclossomo (APC/C). 
Esses complexos atuam de forma similares, mas 
não iguais, os complexos de ciclinas-CDK irão 
atuar através da fosforilação de proteínas alvo 
resultando na ativação delas, enquanto o APC/C, 
irá atuar sobre seus substratos proteicos através 
da ubiquitinação, e com isso os leva a degradação 
no proteossomo. 
Na maior parte das células eucariotas, esses 
complexos vão apresentar controle da progressão 
do ciclo em três momentos, os quais são 
chamados de checkpoints, também conhecido por 
ponto de restrição ou ponto de checagem. 
Ao longo do ciclo ocorrem três checkpoints (os 
dois primeiros na interfase). O terceiro e último 
checkpoint ocorre no meio da fase M (entre 
metáfase e anáfase), a célula se certifica de que 
todos os cromossomos que foram duplicados 
estão corretamente ligados ao fuso mitótico. Não 
havendo erros, a célula progride pelo ciclo; caso 
algo de errado seja detectado, a célula pode ter o 
ciclo interrompido. 
 
 
Outro ponto importante para garantia do sucesso 
da duplicação da célula é que ela consiga 
reconhecer danos no seu DNA e não permita que 
esses sejam passados para geração futura. Danos 
podem ocorrer por reações químicas espontâneas 
na molécula de DNA, como resultado de agentes 
físicos ou até por erro no processo de replicação. 
Independente de qual seja a origem do erro, esse 
irá ativar cinases (ATM e ATR) que vão disparar 
uma via de sinalização que resulta na estabilização 
da p53, promovendo a expressão a p21. A 
proteína p21 que é uma inibidora (CKI) dos 
complexos G/S-CDK e S-CDK irá interromper a 
replicação desse DNA que apresenta erro e dar 
tempo para que a célula repare esse dano. Mas, se 
o dano for muito extenso e não seja possível 
repará-lo, a p53 irá direcionar a célula para morte 
por apoptose. 
 
A p53 trabalha em vários níveis para garantir 
que as células não transmitam seu DNA 
danificado através da divisão celular. 
Primeiro, ela para o ciclo celular no ponto de 
checagem G desencadeando a produção de 
proteínas inibidoras de Cdk (CKI). As 
proteínas CKI se ligam aos complexos Cdk-
ciclinas e bloqueiam sua atividade (ver 
diagrama abaixo), ganhando tempo para o 
reparo do DNA. A segunda função da p53 é 
ativar as enzimas de reparo do DNA. Se o 
dano ao DNA não é reparável, a p53 vai 
desempenhar sua terceira e última função: 
ativar a morte celular programada para que o 
DNA danificado não seja transmitido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Há ainda um controle do número de vezes que 
uma célula irá se dividir ao longo da vida. Ao atingir 
esse número a célula para de se dividir de forma 
permanente e entra no estado chamado de 
senescência celular replicativa. Tala fato está 
relacionado aos telômeros que são sequências de 
DNA repetitivos encontrados na extremidade dos 
cromossomos. Quando uma célula duplica seu 
DNA, o telômero não é duplicado da mesma 
forma. Eles são duplicados pela ação da enzima 
telomerase, a qual também é responsável pela 
produção de uma capa proteica protetora dos 
telômeros. Sendo assim, à medida que a célula se 
divide o telômero é encurtado e em um 
determinado momento essa porção exposta e 
encurtada do DNA é reconhecida pela maquinaria 
de dano do DNA e o ciclo celular é bloqueado, pela 
via da p53. 
 
 
 
 
Os fatores que interferem na regulagem da 
divisão celular. 
Perceba que o ciclo celular é perfeitamente 
regulado, está sob controle de diversos genes e o 
resultado é a produção e diferenciação das células 
componentes dos diferentes tecidos do 
organismo. Os pontos de checagem 
correspondem, assim, a mecanismos que 
impedem a formação de células anômalas. 
A origem das células cancerosas está associada a 
anomalias na regulação do ciclo celular e à perda 
de controle da mitose. Alterações do 
funcionamento de genes controladores do ciclo 
celular, em decorrência de mutações, são 
relacionados ao surgimento de um câncer. Duas 
classes de genes, os proto-onco-genes e os genes 
supressores de tumor são os mais diretamente 
relacionados à regulação do ciclo celular. Os proto-
oncogenes são responsáveis pela produção de 
proteínas que atuam na estimulação do ciclo 
celular, enquanto os genes supressores de tumor 
são responsáveis pela produção de proteínas que 
atuam inibindo o ciclo celular. 
 
Ao garantir que as células não se dividam quando 
há dano em seu DNA, a proteína p53 previne que 
mutações (mudanças no DNA) sejam passadas às 
células filhas. Quando a p53 está defeituosa ou 
faltando, as mutações podem se acumular 
rapidamente, potencialmente levando ao câncer. 
Na verdade, de todo o genoma humano, p53 é o 
gene mutado com maior frequência em cânceres. 
Mutações em p53 constituem o tipo de alteração 
genética mais frequente no desenvolvimento do 
fenótipo tumoral, sendo encontrada em mais de 
50% de todos os tipos de tumores humanos. Os 
outros 50%, sofrem alterações que afetam a 
atividade de p53 através de mecanismos indiretos 
que levam a destabilização de p53 e aumentam a 
probabilidade de formação de tumores 
 
Os componentes centrais do sistema de controle 
do ciclo celular são membros de uma família de 
cinases conhecidas como cinases dependentes de 
ciclinas (Cdks; do inglês, cyclin-dependent 
kinases). As atividades dessas cinases aumentam e 
diminuem à medida que a célula avança no ciclo, 
levando a mudanças cíclicas na fosforilação de 
proteínas intracelulares que iniciam ou regulam os 
principais eventos do ciclo celula 
 
OBJETIVO 2. COMPREENDER A DEFINIÇÃO, 
CLASSIFICAÇÃO E NOMENCLATURA DE 
NEOPLASIA, RELACIONANDO-A À PERDA DO 
CONTROLE DA MULTIPLICAÇÃO CELULAR, ALÉM 
DE DIFERENCIÁ-LA DE DISPLASIA. 
 
 
Neoplasia 
Neoplasia literalmente significa “novo 
crescimento”. Diz-se que células neoplásicas são 
transformadas porque continuam a se replicar, 
aparentemente “desatentas” às influências 
regulatórias que controlam o crescimento celular 
normal. As neoplasias, portanto, desfrutam de 
certo grau de autonomia e tendem a aumentar de 
tamanho independentemente de seu ambiente 
local. Sua autonomia,porém, não é 
absolutamente completa. 
 
Algumas neoplasias requerem suporte endócrino, 
e tais dependências algumas vezes podem ser 
exploradas terapeuticamente. Todas as neoplasias 
dependem do hospedeiro para sua nutrição e 
suprimento sanguíneo. 
 
No uso médico comum, geralmente uma neoplasia 
é referida como tumor, e o estudo dos tumores é 
chamado de oncologia (de oncos, “tumor”, e 
logos, “estudo de”). Entre os tumores, a divisão de 
neoplasias em categorias benigna e maligna 
baseia-se no julgamento do comportamento 
clínico potencial de um tumor. 
 
 Diz-se que um tumor é benigno quando 
suas características micro e macroscópicas 
são consideradas relativamente inocentes, 
indicando que permanecerá localizado, e é 
tratável com a remoção cirúrgica; 
geralmente o paciente sobrevive. Note-se, 
porém, que os tumores benignos podem 
produzir mais do que massas localizadas e, 
algumas vezes, são responsáveis por 
doença grave. 
 Os tumores malignos são coletivamente 
referidos como cânceres, termo derivado 
da palavra em latim “caranguejo” — ou 
seja, eles aderem a qualquer parte onde se 
agarram e de maneira obstinada, 
semelhante ao comportamento do 
caranguejo. O termo maligno aplica-se a 
uma neoplasia indicando que a lesão pode 
invadir e destruir estruturas adjacentes e 
disseminar-se para locais distantes 
(metástases) para causar morte. Nem 
todos os cânceres prosseguem em um 
curso tão mortal. Os mais agressivos 
também são alguns dos mais curáveis, mas 
a designação maligno constitui uma 
bandeira vermelha. 
 
Todos os tumores, benignos e malignos, têm dois 
componentes básicos: (1) o parênquima, 
constituído por células neoplásicas ou 
transformadas, e (2) o estroma, constituído por 
tecido conectivo, vasos sanguíneos e células 
inflamatórias derivadas do hospedeiro. 
 
O parênquima da neoplasia determina 
principalmente o seu comportamento biológico, e 
é desse componente que deriva o seu nome. O 
estroma é crucial para o crescimento da neoplasia, 
uma vez que contém o suprimento sanguíneo e dá 
suporte ao crescimento das células 
parenquimatosas. Embora o comportamento 
biológico dos tumores reflita principalmente o 
comportamento das células parenquimatosas, 
existe uma percepção crescente de que as células 
estromais e as neoplásicas mantêm uma 
“conversação” em mão dupla que influencia o 
crescimento do tumor. 
 
 Tumores Benignos 
Em geral, a designação dos tumores benignos é 
feita acrescentando-se o sufixo -oma ao tipo 
celular do qual eles surgem. 
Um tumor benigno que surge em tecido fibroso é 
um fibroma; um tumor benigno cartilaginoso é um 
condroma. A nomenclatura dos tumores epiteliais 
benignos é mais complexa. 
Eles são classificados, algumas vezes, com base em 
seu padrão microscópico e, em outras ocasiões, 
com base em seu padrão macroscópico. 
Outros são classificados por suas células de 
origem. Por exemplo, o termo adenoma é aplicado 
geralmente a neoplasias benignas epiteliais, que 
produzem padrões glandulares, e a neoplasias 
derivadas de glândulas, mas que não mostram 
necessariamente padrões glandulares. Uma 
neoplasia epitelial benigna que surge das células 
tubulares renais e cresce em padrões do tipo 
glandular é denominada adenoma, como também 
é uma massa de células epiteliais benignas que 
não produz padrões glandulares, mas tem sua 
origem no córtex suprarrenal. 
Os papilomas são neoplasias epiteliais benignas, 
que crescem em qualquer superfície, produzem 
frondes micro ou macroscópicas semelhantes a 
dedos. 
Um pólipo é uma massa que se projeta acima de 
uma superfície mucosa, como no intestino, para 
formar uma estrutura macroscopicamente visível. 
Embora seja um termo usado com frequência para 
tumores benignos, alguns tumores malignos 
também podem crescer como pólipos, enquanto 
outros pólipos (como os pólipos nasais) não são 
neoplásicos, mas têm origem inflamatória. 
Cistadenomas são massas císticas ocas que 
surgem tipicamente no ovário. 
 
 Tumores malignos 
A nomenclatura dos tumores malignos segue 
essencialmente a dos tumores benignos, com 
certos acréscimos e exceções. 
• Neoplasias malignas que surgem em tecidos 
mesenquimais “sólidos” ou seus derivados são 
chamadas de sarcomas, enquanto aquelas 
surgidas de células mesenquimais sanguíneas são 
chamadas de leucemias ou linfomas. 
Os sarcomas são designados pelo tipo celular de 
que são compostos, que é resumivelmente sua 
célula de origem. Assim, um câncer com origem no 
tecido fibroso é um fibrossarcoma, enquanto uma 
neoplasia maligna composta por condrócitos é um 
condrossarcoma. 
 Embora os epitélios do corpo derivem das 
três camadas germinativas, as neoplasias 
malignas das células epiteliais são 
chamadas de carcinomas, 
independentemente do tecido de origem. 
Assim, uma neoplasia maligna que surge 
no epitélio tubular renal (mesoderma) é 
um carcinoma, como o são os cânceres que 
surgem na pele (ectoderma) e no epitélio 
do revestimento intestinal (endoderma). 
Além disso, o mesoderma pode dar origem 
a carcinomas (epiteliais), sarcomas 
(mesenquimais) e tumores 
hematolinfoides (leucemias e linfomas). 
 
 Os carcinomas são ainda mais 
subdivididos. Os carcinomas que crescem 
em padrão glandular são chamados de 
adenocarcinomas, enquanto aqueles que 
produzem células 
escamosas são chamados de carcinomas de 
células escamosas. Algumas vezes, pode-se 
identificar o tecido ou órgão de origem, como na 
designação adenocarcinoma de células renais. 
Outras vezes, o tumor mostra pouca ou nenhuma 
diferenciação e deve ser chamado de carcinoma 
mal diferenciado ou indiferenciado. 
 
 Tumores mistos 
As células transformadas em uma neoplasia, seja 
benigna ou maligna, quase sempre são 
assemelhadas, como se todas tivessem derivado 
de uma única progenitora, compatível com a 
origem monoclonal dos tumores. Em alguns casos 
incomuns, porém, as células tumorais sofrem 
diferenciação divergente, criando os chamados 
tumores mistos. 
O melhor exemplo é o tumor misto de glândula 
salivar. Esses tumores têm componentes epiteliais 
óbvios dispersos pelo estroma fibromixoide, 
algumas vezes ancorando ilhas de cartilagem ou 
osso. Acredita-se que todos esses elementos 
diversos derivem de células epiteliais ou 
mioepiteliais, ou de ambas, e a designação 
preferida para essas neoplasias é adenoma 
pleomórfico. 
O fibroadenoma da mama feminina é outro 
tumor misto comum. Esse tumor benigno contém 
uma mistura de elementos ductais proliferativos 
(adenoma) incrustados em um tecido fibroso 
frouxo (fibroma). Embora somente o componente 
fibroso seja neoplásico, o termo fibroadenoma 
continua em uso comum. 
Teratoma é um tipo especial de tumor misto que 
contém células maduras ou imaturas 
reconhecíveis ou tecidos representativos de mais 
de uma camada de células germinativas e, 
algumas vezes, de três. Os teratomas originam-se 
de células germinativas totipotentes, como 
aquelas anormalmente presentes em restos 
embrionários sequestrados da linha média. 
As células germinativas têm capacidade de se 
diferenciar em quaisquer tipos celulares no corpo 
adulto; portanto, não surpreende que possam dar 
origem a neoplasias que simulam, de maneira 
confusa, porções de osso, epitélio, músculo, 
gordura, nervo e outros tecidos. 
 
 Principais diferenças 
 
 
 
 Resumo e exceções à regra 
 Baseia-se na origem (epitelial, mesenquimal 
ou embrionária), no comportamento (benigno 
ou maligno) e na morfologia da neoplasia. 
 Assim, uma neoplasia epitelial ou 
mesenquimal (não epitelial) benigna é 
denominada utilizando-se um termo 
designativo do órgão ou tecido afetado 
acrescido do sufixo "oma". 
 
 Exceções: Em medicina, é comum utilizar os 
termos "Hepatoma", "Linfoma" e "Melanoma" 
como designações correntes para neoplasias 
malignas, ainda que pelo sufixo empregado 
possa parecerse tratar de neoplasias 
benignas. 
 
 Quando a neoplasia epitelial for maligna, 
utiliza-se o sufixo "Carcinoma". Se a neoplasia 
maligna for de origem mesenquimal utiliza-se 
o sufixo "Sarcoma". 
 
 Quando a neoplasia apresenta componentes 
epiteliais e mesenquimais igualmente 
neoplásicos, recebe a denominação "Tumor 
misto". 
 
 As neoplasias de origem embrionária podem 
ser classificadas em "Teratomas" (ou 
"Embriomas" ou ainda 
"Tridermomas"),"Mixomas" (ou 
"Meristomas") e blastomas (nefroblastoma, 
retinoblastoma, etc.). 
 
 Os Teratomas são neoplasias compostas de 
tecidos oriundos dos três folhetos 
embrionários (endo, meso e ectoderma). 
Compõem-se de vários tecidos diferentes, 
estranhos ao local (mistura de dente, cabelo, 
glândulas, músculos, etc.), sendo mais 
freqüentes nas gônadas ou em tecidos 
próximos à linha mediana. 
 
 Os Mixomas são neoplasias oriundas de tecido 
mixomatoso (totalmente indiferenciados, 
comparáveis ao tecido germinativo 
embrionário). 
 
 De acordo com o seu grau de diferenciação, a 
neoplasia pode receber a adjetivação de "Bem 
diferenciado" ou "Indiferenciado" ou 
"Anaplásico". 
 
 Conforme a sua localização, a neoplasia pode 
ser superficial (vegetantes, ulceradas, ou 
úlcero-vegetantes) ou parenquimatosa. Pode 
ainda receber as designações intramural, 
submucosa ou subserosa. 
 
 Segundo suas características morfológicas, a 
neoplasia pode receber uma série de 
adjetivações (cístico, papilar, sólido, cirroso, 
ductular, bem diferenciado ou 
indiferenciado/anaplásico.). 
 
 
 Exceções às regras: 
 
É comum também encontrar neoplasias 
denominadas utilizando-se o nome do autor que 
as estudaram pela primeira vez: 
 Exemplos: "Tumor de Brenner" (ovário / 
benigno); "Tumor de Wilms" (rim / maligno); 
"Tumor de Codmam" (osso / benigno); "Tumor 
de Grawitz" (rim / maligno); "Tumor de 
Krukemberg" (metastático ovariano); 
"Linfoma de Burkitt" (linfócitos / maligno) ; 
"Doença de Hodgkin" (linfócitos / maligno); 
"Sarcoma de Ewing" (osso / maligno); 
"Sarcoma de Kaposi" (pele / maligno / 
imunodeprimidos); "Tumor de Sticker" (tumor 
venéreo transmissível / genitália externa / 
cães). 
 
 "Hamartomas" são erros locais do crescimento 
no qual um tecido se desenvolve mais que o 
devido, com células maduras e normais, mas 
com arquitetura tissular anormal (gr. 
"amartao"= faltar). A diferenciação com as 
neoplasias benignas é muito difícil e envolve 
controvérsias (para muitos autores os 
Hemangiomas, os linfangiomas, os 
rabdomiomas cardíacos, os adenomas 
hepáticos e os nevos pigmentados não são 
verdadeiras neoplasias e sim hamartomas). 
 
 "Coristomas" são erros locais congênitos do 
desenvolvimento no qual um tecido 
aparentemente normal se desenvolve 
heterotopicamente (gr. "coristo"= dividir). São 
freqüentemente confundidos também com 
neoplasias benignas. Exemplos: Fragmentos 
de pâncreas nas paredes gástricas, de córtex 
de adrenal nos rins, nos pulmões, nos ovários, 
e de ovário no útero. Freqüentemente se 
atrofiam, mas podem originar verdadeiras 
neoplasias, de maneira bem curiosa e 
paradoxal como Carcinomas de adrenal no 
ovário. 
 
 
 
Perda de controle da multiplicação celular 
As células normais que formam os tecidos do 
corpo humano são capazes de se multiplicar por 
meio de um processo contínuo que é natural. A 
maioria das células normais cresce, multiplica-se e 
morre de maneira ordenada, porém, nem todas as 
células normais são iguais: algumas nunca se 
dividem, como os neurônios; outras – as células do 
tecido epitelial – dividem-se de forma rápida e 
contínua. 
Dessa forma, a proliferação celular não implica 
necessariamente presença de malignidade, 
podendo simplesmente responder a necessidades 
específicas do corpo. 
O crescimento das células cancerosas é diferente 
do crescimento das células normais. As células 
cancerosas, em vez de morrerem, continuam 
crescendo incontrolavelmente, formando outras 
novas células anormais. Diversos organismos vivos 
podem apresentar, em algum momento da vida, 
anormalidade no crescimento celular – as células 
se dividem de forma rápida, agressiva e 
incontrolável, espalhando-se para outras regiões 
do corpo – acarretando transtornos funcionais. O 
câncer é um desses transtornos. 
A proliferação celular pode ser controlada ou não 
controlada. No crescimento controlado, tem-se 
um aumento localizado e autolimitado do número 
de células de tecidos normais que formam o 
organismo, causado por estímulos fisiológicos ou 
patológicos. Nele, as células são normais ou com 
pequenas alterações na sua forma e função, 
podendo ser iguais ou diferentes do tecido onde 
se instalam. O efeito é reversível após o término 
dos estímulos que o provocaram. A hiperplasia, a 
metaplasia e a displasia são exemplos desse tipo 
de crescimento celular. 
 
No crescimento não controlado, tem-se uma 
massa anormal de tecido, cujo crescimento é 
quase autônomo, persistindo dessa maneira 
excessiva após o término dos estímulos que o 
provocaram. As neoplasias (câncer in situ e câncer 
invasivo) correspondem a essa forma não 
controlada de crescimento celular e, na prática, 
são denominadas tumores. 
Oncogênese- RESUMIDAMENTE 
O processo de formação do câncer é chamado de 
carcinogênese ou oncogênese e, em geral, 
acontece lentamente, podendo levar vários anos 
para que uma célula cancerosa se prolifere e dê 
origem a um tumor visível. Os efeitos cumulativos 
de diferentes agentes cancerígenos ou 
carcinógenos são os responsáveis pelo início, 
promoção, progressão e inibição do tumor. A 
carcinogênese é determinada pela exposição a 
esses agentes, em uma dada frequência e período 
de tempo, e pela interação entre eles. Devem ser 
consideradas, no entanto, as características 
individuais, que facilitam ou dificultam a 
instalação do dano celular. 
Esse processo é composto por três estágios: 
• Estágio de iniciação, no qual os genes sofrem 
ação dos agentes cancerígenos. 
• Estágio de promoção, no qual os agentes 
oncopromotores atuam na célula já alterada. 
• Estágio de progressão, caracterizado pela 
multiplicação descontrolada e irreversível da 
célula 
 
 
OBJETIVO 3. DESCREVER A FISIOPATOLOGIA, 
QUADRO CLÍNICO, EPIDEMIOLOGIA, 
DIAGNÓSTICO, PREVENÇÃO, DETECÇÃO 
PRECOCE, FATORES DE RISCO E TRATAMENTO DO 
CÂNCER DE COLO UTERINO. (ACHADOS 
HISTOPATOLÓGICOS) 
 
 Fisiopatologia 
Lesões pré-cancerígenas do colo do útero 
As células na zona de transição não se 
transformam repentinamente em câncer. 
Primeiramente, as células normais do colo do 
útero sofrem gradualmente alterações anormais 
chamadas de lesões pré-cancerígenas. Os médicos 
usam vários termos para descrever essas 
alterações pré-cancerígenas, incluindo neoplasia 
intraepitelial de colo do útero (NIC), lesão 
intraepitelial espinocelular e displasia. 
Neoplasia intraepitelial do colo do útero 
O câncer do colo do útero resulta da neoplasia 
intraepitelial cervical (NIC), que parece ser 
causada pela infecção por HPV (human 
papillomavirus) tipos 16, 18, 31, 33, 35, or 39. 
Quando os pré-cânceres são identificados em 
laboratório, são classificados em uma escala que 
varia de 1 a 3, com base na quantidade de tecido 
anormal encontrado: 
 NIC1 (displasia leve ou SIL de baixo grau), 
pouco tecido parece anormal e é 
considerado a lesão pré-cancerígena 
menos grave do colo do útero. 
NIC2 ou NIC3 (displasia moderada/grave ou lesão 
intraepitelial espinocelular de alto grau), mais 
tecido aparece anormal; lesão intraepitelial 
espinocelular de alto grau é a lesão pré-
cancerígena mais grave. 
A NIC 3 tem baixa probabilidade de regredir 
espontaneamente; se não tratada, com o passar 
de meses ou anos, as células neoplásicas podem 
penetrar a membrana basal, tornando-se um 
carcinoma invasivo. 
Embora o câncer de colo do útero se origina nas 
célulascom alterações pré-cancerígenas, apenas 
algumas mulheres com câncer de colo do útero 
desenvolverão a doença. Para a maioria das 
mulheres, as células pré-cancerígenas 
desaparecem sem nenhum tratamento. Mas, em 
algumas mulheres, os pré-cânceres se tornam 
invasivos. O tratamento de lesões pré-
cancerígenas pode prevenir quase todos os 
cânceres de colo do útero. 
As lesões pré-cancerígenas podem ser 
diagnosticadas realizando o exame de 
Papanicolaou e posteriormente tratadas para 
impedir o desenvolvimento de um câncer. 
 
 Tipos de câncer de colo do útero 
Os principais tipos de câncer de colo do útero são 
o carcinoma espinocelular e o adenocarcinoma. 
 90% dos cânceres de colo do útero são de 
carcinomas espinocelulares. Esses 
cânceres se desenvolvem a partir de 
células do exocervice e as células 
cancerígenas têm características de células 
escamosas sob o microscópio. 
 A maioria dos outros tipos de câncer colo 
do útero são adenocarcinomas. São 
tumores que se desenvolvem a partir de 
células das glândulas. O adenocarcinoma 
de colo do útero se desenvolve a partir das 
células glandulares produtoras de muco do 
endocervice. 
 Com menos frequência estão os cânceres 
do colo do útero que têm características 
comuns aos carcinomas espinocelulares e 
adenocarcinomas, são os denominados 
carcinomas adenoescamosos ou 
carcinomas mistos. 
Embora quase todos os cânceres de colo do útero 
sejam ou carcinomas espinocelulares ou 
adenocarcinomas, outros tipos de câncer também 
pode se desenvolver no colo do útero. Por 
exemplo, melanoma, sarcoma e linfoma, que 
ocorrem mais frequentemente em outras partes 
do organismo. 
Cerca de 80 a 85% de todos os cânceres cervicais 
são carcinomas de células escamosas; a maior 
parte do restante é de adenocarcinomas. Os 
sarcomas e os tumores neuroendócrinos de 
pequenas células são raros. 
O câncer do colo do útero invasivo geralmente se 
dissemina por extensão direta para os tecidos 
circundantes ou por via linfonodal para os 
linfonodos pélvicos e para-aórticos. A 
disseminação por via hematogênica é rara. 
Se o câncer do colo cervical se disseminar para os 
linfonodos pélvicos ou para-aórticos, o 
prognóstico é pior, e a localização e o tamanho do 
campo da radioterapia são afetados. 
 
 Epidemiologia 
A evolução do câncer do colo do útero, na maioria 
dos casos, se dá de forma lenta, passando por 
fases pré-clínicas detectáveis e curáveis. Dentre 
todos os tipos de câncer, é o que apresenta um dos 
mais altos potenciais de prevenção e cura. Seu 
pico de incidência situa-se entre mulheres de 40 a 
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/doen%C3%A7as-sexualmente-transmiss%C3%ADveis/infec%C3%A7%C3%A3o-por-papilomav%C3%ADrus-humano-hpv
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/doen%C3%A7as-sexualmente-transmiss%C3%ADveis/infec%C3%A7%C3%A3o-por-papilomav%C3%ADrus-humano-hpv
60 anos de idade, e apenas uma pequena 
porcentagem, naquelas com menos de 30 anos. 
Uma marcante característica do câncer do colo do 
útero é a sua consistente associação, em todas as 
regiões do mundo, com o baixo nível 
socioeconômico, ou seja, com os grupos que têm 
maior vulnerabilidade social. São nesses grupos 
que se concentram as maiores barreiras de acesso 
à rede de serviços para detecção e tratamento 
precoce da doença e de suas lesões precursoras, 
advindas de dificuldades econômicas e 
geográficas, insuficiência de serviços e questões 
culturais, como medo e preconceito dos 
companheiros. 
De forma geral, o câncer do colo do útero 
corresponde a cerca de 15% de todos os tipos de 
cânceres femininos, sendo o segundo tipo de 
câncer mais comum entre as mulheres no mundo. 
Em alguns países em desenvolvimento, é o tipo 
mais comum de câncer feminino, enquanto que 
em países desenvolvidos chega a ocupar a sexta 
posição. Na América Latina e no Sudeste Asiático, 
as taxas de incidência são geralmente altas, 
enquanto na América do Norte, Austrália, Norte e 
Oeste Europeu, são consideradas baixas. 
As taxas de mortalidade por câncer do colo do 
útero continuam elevadas no Brasil e, do ponto 
de vista temporal, vem aumentando: em 1979, a 
taxa era de 3,44/100.000, enquanto em 1998 era 
de 4,45/100.000, correspondendo a uma variação 
percentual relativa de 29%. Os números de óbitos 
e casos novos esperados para o ano de 2001 em 
todo o país são, respectivamente, 3.725 e 16.270. 
Quanto ao estágio do tumor no momento do 
diagnóstico, observados em hospitais que têm 
Registro Hospitalar de Câncer, mais de 70% das 
pacientes, entre aquelas cujos prontuários 
registram o estágio, apresentam-se em fase 
avançada da doença, o que limita, em muito, a 
possibilidade de cura. 
O principal fator de risco para o carcinoma do colo 
do útero é a infecção por HPV de alto risco 
oncogênico (IARC, 2012). A maioria das infecções 
por HPV, 70% a 90%, não causará nenhum sintoma 
e regredirá espontaneamente em 18 a 24 meses. 
Entretanto, infecções persistentes por HPV de alto 
risco oncogênico poderão causar lesões 
precursoras e câncer, não só do colo do útero, mas 
também de vulva, vagina, pênis e ânus, assim 
como alguns cânceres de cabeça e pescoço. A 
prevalência global de infecção por HPV é estimada 
em 11,7%. Ao redor do mundo, a maior 
prevalência é observada em mulheres com idade 
inferior a 25 anos e posteriormente apresenta um 
declínio em idades mais avançadas. 
Uma das principais razões desse panorama no 
Brasil resulta do fato que, durante muitos anos, a 
realização do exame preventivo (Papanicolaou), 
método de rastreamento sensível, seguro e de 
baixo custo que torna possível a detecção de 
lesões precursoras e de formas iniciais da doença, 
ocorreu fora do contexto de um programa 
organizado. Na rede de saúde, a maioria dos 
exames citopatológicos são realizados em 
mulheres com menos de 35 anos, provavelmente 
naquelas que comparecem aos postos para 
cuidados relativos à natalidade. Isto leva a 
subaproveitar-se a rede, uma vez que não estão 
sendo atingidas as mulheres da faixa etária de 
maior risco. Esse fato provavelmente tem 
contribuído para não se ter alcançado, nos últimos 
15 anos, um impacto significativo sobre a 
mortalidade por esse tipo de câncer. 
 
 Quadro clínico 
Durante todo o processo de neoplasia pré-
invasiva, que dura vários anos, e mesmo nas 
etapas iniciais da doença invasiva, o câncer do colo 
do útero cursa de forma assintomática. 
As primeiras manifestações clínicas costumam ser 
o sangramento durante as relações sexuais. 
Posteriormente, o sangramento torna-se mais 
frequente e imotivado. 
Os tumores avançados sofrem necrose e em 
consequência disso surge corrimento sero-
sanguinolento de odor fétido. Quando o tumor 
progride para os paramétrios, costuma acometer 
os ureteres, bexiga e reto, resultando em 
hidronefrose, anúria e uremia. Fístulas vesico-
vaginais e reto- -vaginais são frequentes nos casos 
muito avançados. 
O câncer do colo uterino deve ser sempre 
considerado em pacientes com sangramento 
vaginal. Sangramentos irregulares de qualquer 
natureza estão presentes em 5,9% das mulheres. 
O sangramento durante as relações sexuais são os 
que mais se relacionam com câncer do colo do 
útero. 
O tumor de colo uterino se apresenta na sua fase 
inicial de uma forma assintomática ou pouco 
sintomática, fazendo com que muitas pacientes 
não procurem ajuda no início da doença. 
O câncer de colo uterino cresce localmente 
atingindo vagina, tecidos paracervicais e 
paramétrios, com isso, podendo comprometer 
bexiga, ureteres e reto. 
A disseminação à distância ocorre principalmente 
por via linfática, envolvendo inicialmente os 
linfonodos pélvicos, e, após, os para-aórticos. 
A apresentação clínica depende principalmente da 
localização e extensão da doença. A paciente pode 
referir secreção vaginal amareladafétida e até 
sanguinolenta, ciclos menstruais irregulares, 
spotting intermenstrual, sangramento pós-coital e 
dor no baixo ventre. Nos estádios mais avançados, 
a paciente pode referir dor no baixo ventre mais 
importante, anemia, pelo sangramento, dor 
lombar, pelo comprometimento ureteral, 
hematúria, alterações miccionais, pela invasão da 
bexiga, e alterações do hábito intestinal, pela 
invasão do reto. As pacientes podem sentir dores 
na coluna lombar e bacia pélvica, pelo 
comprometimento, às vezes, da parede pélvica. 
 
 
 
 
 Tratamento 
O tratamento das lesões precursoras do câncer do 
colo do útero é individualizado para cada caso. 
Varia desde o simples acompanhamento 
cuidadoso, a diversas técnicas, incluindo a 
crioterapia e a biópsia com laser, a histerectomia 
e, também, a radioterapia. 
 CLÍNICO 
Dependendo do resultado do exame 
citopatológico, diversas condutas são possíveis, 
desde a simples repetição citopatológica em 6 
meses (as lesões de baixo grau - HPV e NIC I - 
regridem espontaneamente em cerca de 80% das 
vezes) até um tratamento cirúrgico, passando pela 
possibilidade de resolução por meio de um 
tratamento clínico. 
O tratamento clínico pode ser realizado através da 
destruição da lesão por meios físicos ou químicos. 
É claro que esses tipos de tratamentos 
apresentam a limitação de não fornecer material 
para estudo histopatológico, impedindo o 
diagnóstico definitivo. Só devem ser indicados nos 
casos em que houver a concordância entre a 
citopatologia, biópsia incisional e colposcopia e 
não houver a possibilidade do tratamento por 
cirurgia de alta freqüência. A escolha de qual o tipo 
de método a ser realizado também irá depender 
da localização das lesões, seu crescimento e 
gravidade, penetração no canal cervical, gravidez 
e condições clínicas da paciente. 
A podofilina a 25% em solução alcoólica é um 
método tradicional, mas associado a um pequeno 
percentual de cura e a um grande índice de 
complicações, tais como neurotoxicidade, fístulas, 
ulcerações vaginais, mielotoxicidade e 
teratogenicidade, quando usada na gravidez. O 
ácido tricloroacético a 70% pode ser utilizado em 
aplicações semanais em consultório para 
destruição de lesões de vulva ou do fundo do saco 
vaginal, sendo indicada na gravidez ou no 
tratamento de lesões exofíticas. 
Entre os meios físicos, temos a crioterapia que 
destrói as camadas superficiais do epitélio cervical 
no colo do útero pela cristalização da água 
intracelular, que leva à rotura da célula e de suas 
organelas e a distúrbios bioquímicos. Deve-se 
observar a profundidade adequada de 
congelamento tecidual, senão falhas terapêuticas 
poderão ser produzidas pela falta de destruição 
das criptas glandulares. 
O laser de dióxido de carbono pode ser utilizado 
para vaporizar o tecido ou para corte, mas o 
equipamento é extremamente caro e 
tecnicamente complexo, o que limitou sua 
expansão. 
A eletrocauterização consiste no tratamento do 
colo com a extremidade quente de um cautério, 
mas hoje em dia é uma técnica em desuso, pela 
necessidade de repetidas aplicações para 
destruição de toda zona de transformação. 
 CIRÚRGICO 
O objetivo do tratamento cirúrgico é promover o 
controle local, a mutilação mínima e a obtenção de 
informações a respeito da biologia do tumor e de 
seu prognóstico, modulando assim o tratamento 
adjuvante. 
Atualmente, a cirurgia de alta freqüência (CAF) é 
considerada um bom método para o tratamento 
das lesões precursoras do câncer cervical. Os 
aparelhos de CAF geram um tipo de onda que 
produz simultaneamente corte e hemostasia e 
substituem o tratamento por meio da 
cauterização ou de substâncias corrosivas, com a 
vantagem de obter fragmento para estudo 
histopatológico. Além disto, possibilita o 
tratamento das lesões precursoras do câncer com 
cirurgia conservadora da fertilidade, não 
mutilante em nível ambulatorial, permitindo 
inclusive a opção de diagnóstico e tratamento na 
mesma consulta, ao que chamamos método Ver e 
Tratar. 
Após o procedimento, é importante se ter noção 
que uma descarga serossangüinolenta pode 
ocorrer durante as duas primeiras semanas após a 
cirurgia. Recomenda-se à cliente evitar o uso de 
tampões vaginais, duchas e relações sexuais por 4 
semanas. A mulher retorna em 4 semanas para 
revisão, e o controle citopatológico e colposcópico 
dependerá do resultado do exame 
histopatológico, como mostramos anteriormente. 
As mulheres devem ser orientadas a procurarem 
uma unidade hospitalar em casos de complicações 
agudas (como por exemplo hemorragias). A 
infecção cervical e a estenose cervical são achados 
raros após o procedimento da CAF. 
 Cone a frio - Método clássico indicado tanto 
para o diagnóstico quanto para a terapêutica 
de lesões precursoras de alto grau do câncer 
de colo uterino (NIC II e III). A grande 
desvantagem deste método reside no fato da 
paciente necessitar ser internada para a 
realização do procedimento. A complicação 
mais freqüente é o sangramento e a estenose 
cervical. 
 
 Histerectomia abdominal ou vaginal - É o 
tratamento de escolha para as pacientes com 
prole definida e com carcinoma do colo do 
útero no estádio IA1 (microinvasor). É 
necessária a realização de um cone a frio ou 
por alça para a confirmação do diagnóstico de 
microinvasão, antes da indicação da 
histerectomia. Apesar da histerectomia ser o 
tratamento de NIC com a menor taxa de 
recidiva, deve-se ter em mente que existem, 
hoje em dia, intervenções menos mórbidas 
(tais como a CAF), menos custosas e que não 
levam a mutilações nas mulheres, tendo taxas 
de cura bastante aceitáveis, sendo 
recomendadas pela experiência internacional, 
e que devemos ter sempre como a primeira 
opção. 
 
 
 
 RADIOTERAPIA E QUIMIOTERAPIA 
A radioterapia é um recurso terapêutico 
largamente utilizado no câncer do colo do útero e 
que se beneficia da capacidade de penetração da 
radiação criada pelo bombardeamento de 
eletrons acelerados, ou raios gama, emitidos pelo 
radium ou outro material radioativo, em um alvo, 
reduzindo e, por vezes, eliminando o tumor. 
Nos estágios iniciais, I e II A, os resultados da 
cirurgia e da radioterapia são os mesmos em 
relação à sobrevida; sendo que a cirurgia é mais 
vantajosa na possibilidade de manutenção da 
função ovariana e em relação à qualidade da 
atividade sexual, por manter a vagina elástica. 
 A partir do estádio II B, a radioterapia oferece 
maior sobrevida do que a cirurgia (70% contra 
59%). A radioterapia é um recurso terapêutico 
largamente utilizado no câncer do colo do útero, 
sendo indicada como terapia exclusiva nos 
estádios II B, III A e III B, ou nos estágios iniciais, 
quando a paciente apresenta contra-indicações 
para o tratamento cirúrgico. 
Nos estágios IV A e IV B também pode estar 
indicada. Como recurso a ser usado após a 
cirurgia, está indicada quando houver invasão 
profunda do estroma, linfonodos acometidos ou 
se houver recorrência pélvica do tumor. Como 
recurso pré-operatório, está indicada nos 
adenocarcinomas de grande volume e nos 
tumores barrel-shaped (tipo especial). 
A quimioterapia não é o tratamento de escolha 
para o carcinoma escamoso, mas vários 
protocolos atuais têm recomendado o uso 
concomitante com a radioterapia, aumentando a 
resposta individual à terapêutica. Quando usada 
como recurso que antecede a radioterapia, pode 
induzir seleção de células resistentes à 
radioterapia, piorando os resultados finais. 
Quando utilizada antes da cirurgia, pode melhorar 
o resultado final por redução volumétrica da 
massa a ser operada. Pode ser utilizada como 
recurso nos casos de doença recorrente após a 
cirurgia ou radioterapia, mas os resultados são 
precários. 
 
 
OBJETIVO 4. ENTENDER A FISIOPATOLOGIA - 
MECANISMO DE INFECÇÃO PELO HPV - , QUADRO 
CLÍNICO, EPIDEMIOLOGIA, DIAGNÓSTICO, 
PREVENÇÃO,FATORES DE RISCO E TRATAMENTO 
DO HPV, RELACIONANDO AO 
DESENVOLVIMENTO DE LESÕES NEOPLÁSICAS 
DO COLO DO ÚTERO. 
 
A carcinogênese é um processso de múltiplas 
etapas que envolve tanto mudanças genéticas 
quanto epigenéticas, culminando na ativação de 
proto-oncogenes e/ou inativação dos genes 
supressores de tumor. A passagem da célula pelas 
diversas fases do ciclo celular é realizada de forma 
rígida por genes controladores do ciclo. Uma 
célula maligna difere de uma célula normal 
principalmente pela sua independência desse 
controle, sendo necessário um acúmulo de 
mutações nos cromossomos para tal 
transformação. 
Alguns tipos de Papilomavírus Humano (HPV), nos 
últimos anos, têm sido responsabilizados pelo 
desenvolvimento de malignidade nas regiões que 
comumente infectam, compreendendo, na 
mulher, o períneo, vulva, vagina, colo do útero e 
região anal; no homem, infectam pênis, uretra, 
saco escrotal e região anal. Além das áreas 
comumente descritas na literatura, o 
desenvolvimento de pesquisas vem 
demonstrando a presença de HPV de alto risco 
oncogênico e sua possível associação com o 
desenvolvimento de malignidade na região de 
orofaringe e cordas vocais. 
Estudos recentes, usando testes meticulosos pela 
técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR) 
de uma grande coleção de espécimes 
internacionais de câncer cervical, demonstraram a 
presença do DNA do HPV em mais de 99,7% dos 
casos. Atualmente está bem estabelecido que a 
infecção pelo HPV é o fator central e causal do 
câncer do colo de útero. 
 
A infecção pelo papilomavírus humano (HPV) é 
considerada a infecção sexualmente transmissível 
de maior incidência no mundo. Estima-se que haja 
cerca de 600 milhões de pessoas infectadas pelo 
HPV no mundo e que 80% da população 
sexualmente ativa já tenha entrado em contato 
com o vírus em algum momento da vida. O 
primeiro pico de incidência ocorre por volta da 
segunda década de vida e o segundo pico está 
entre a quinta e sexta década de vida. Enquanto o 
primeiro pico está relacionado ao início da 
atividade sexual, o segundo pode ser explicado por 
nova exposição ou perda de imunidade prévia, 
contudo o fenômeno de imunossenescência 
também é uma explicação plausível. A imunidade 
da mulher climatérica é fragilizada por vários 
fatores relacionados à idade, entre eles a 
deficiência hormonal sistêmica e local. 
A relevância do HPV foi consolidada quando se 
descobriu sua associação com o câncer do colo de 
útero, sendo considerado atualmente como o 
causador de virtualmente 100% dos casos. 
Encontrou-se a presença do DNA desse vírus em 
99,7% dos casos de câncer de colo uterino, a maior 
relação de causa e efeito entre um agente e câncer 
em humanos. O HPV é um vírus DNA, circular, com 
genes que expressam proteínas precoces (early – 
E1 a E7) e tardias (late – L1 e L2). Esse vírus afeta 
pele e mucosas, causando verrugas genitais, 
lesões precursoras e câncer, predominando os de 
colo de útero e do trato anogenital. Há mais de 
200 tipos do vírus e os mais frequentes em câncer 
são os tipos HPV-16 e HPV-18. Os tipos HPV-6 e 
HPV-11 estão associados a 90% dos condilomas 
acuminados e papilomatose recorrente juvenil. Já 
os tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos 
cânceres de colo de útero e são os mais frequentes 
também em cânceres relacionados ao HPV de 
outros sítios, como em vagina, vulva, ânus, 
orofaringe e pênis. Há descrição de estimativa 
crescente da incidência e com elevada carga de 
câncer de colo do útero no mundo, com cerca de 
529 mil novos casos e 275 mil mortes anuais, 
estimadas para os últimos anos. No Brasil, a 
estimativa do INCA (Instituto Nacional de Câncer) 
para o ano de 2016 foi de 16.340 novos casos. Os 
tipos histológicos mais frequentes são o 
carcinoma espinocelular (80% dos casos) e o 
adenocarcinoma/carcinoma adenoescamoso 
(cerca de 20%). 
 História natural da infecção 
A transmissão viral se faz por meio do contato 
sexual pele a pele ou pele-mucosa. No primeiro 
contato sexual, uma em cada dez mulheres é 
contaminada e, após três anos com o mesmo 
parceiro, 46% delas já terão adquirido o vírus. 
O HPV penetra no epitélio através de microfissuras 
ou no colo uterino pelas células metaplásicas e 
atinge as células das camadas profundas, 
infectando-as. Esse vírus tende a escapar da 
resposta imune do hospedeiro e pode permanecer 
latente por tempo indeterminado, ou ascender às 
camadas superficiais do epitélio, utilizando a 
maturação e diferenciação das sucessivas 
camadas epiteliais. E pode se propagar para as 
células vizinhas. Ele assume duas formas de 
atuação na célula: a forma epissomal, que 
corresponde ao mecanismo utilizado para 
produzir cópias virais; ou a forma integrada ao 
DNA do hospedeiro e, neste caso, na presença de 
outros cofatores, pode ser iniciado o processo de 
oncogênese. 
Com a ação viral, surgem as lesões intraepiteliais 
escamosas (SIL) e estas, quando na forma de lesão 
de alto grau (HSIL) ou neoplasia intraepitelial de 
alto grau (NIC 2 e 3), são consideradas as lesões 
precursoras “verdadeiras” do câncer do colo de 
útero. 
As lesões HPV-induzidas têm altas taxas de 
remissão espontânea em até dois anos, 
especialmente naquelas de baixo grau e em 
mulheres jovens. A infecção natural não cursa com 
viremia e, consequentemente, não estimula a 
produção de anticorpos suficientes para proteção 
de nova infecção. Em estudo realizado na Costa 
Rica, que avaliou 10.049 mulheres, observou-se 
que a incidência de infecção pelo HPV em 
mulheres já soropositivas para o HPV (com 
anticorpos) após infecção natural é similar à de 
mulheres soronegativas, indicando a ineficiência 
da imunidade adquirida naturalmente na proteção 
de reinfecção ou recidiva da doença. 
 
 
 
 O PAPILOMAVÍRUS HUMANO - INFECÇÃO 
Apresentam tropismo celular, devido à presença 
de receptores específicos, cuja replicação é 
limitada a células de tecidos em diferenciação. A 
infecção se inicia na camada basal da epiderme, 
em decorrência da abrasão e micro lesões da pele 
ou mucosa. Na camada proliferativa o vírus pode 
se replicar e expressar suas proteínas precoces. No 
entanto, a replicação vegetativa do DNA, ou seja, 
a síntese de proteínas do capsídeo e a montagem 
de partículas virais, só têm lugar nas células mais 
diferenciadas. 
Todos os tipos de HPVs são replicados 
exclusivamente no núcleo da célula hospedeira. 
Em lesões de pele benignas, associadas ao HPV, o 
genoma viral encontra-se separado do DNA celular 
e surge como um plasmídeo extra cromossômico 
(corpo epissomal). Nas lesões malignas, que não 
fazem parte da história natural do HPV, o DNA viral 
se integra aos cromossomos hospedeiros. Para 
integrar-se ao DNA celular, é necessário que haja 
uma quebra no genoma viral. Esta separação não 
ocorre de forma aleatória, pois a maioria ocorre 
nas regiões E1 e E2 do vírus. O resultado dessa 
quebra é uma perda de função desses dois genes, 
acompanhada de uma desregulação dos genes E6 
e E7, resultando em transformação da célula 
hospedeira. 
Existe uma série de proteínas que regulam e 
controlam o ciclo celular. O gene supressor de 
tumor p53 codifica uma proteína que é essencial 
para o controle do ciclo celular. A proteína p53 
atua no ciclo celular nos pontos de controle G1/S 
e G2/M, levando a uma parada nesses pontos e 
permitindo o reparo de possíveis danos no DNA. 
Dessa forma, é evitada a replicação de DNA 
contendo alterações genéticas. A parada no ciclo 
celular em G1, após a ativação da p53, envolve a 
transcrição do gene codificante da proteína 
p21/WAF inibidora de quinases dependentes de 
ciclinas (CDKs). Outro gene supressor de tumor é o 
pRb. Várias proteínas inibidoras auxiliam no 
controle do ciclo celular. Entre elas a p15 e p16, 
que atuam bloqueando componentesessenciais 
para progressão do ciclo celular, como CDK e 
ciclinas, impedindo o avanço do ciclo da fase G1 
para S. As CDKs fosforilam a proteína Rb, 
provocando uma alteração estrutural que leva à 
liberação da Rb do complexo E2F. Outros 
inibidores são p21, associado ao proto-oncogene 
ras, e p53, que monitoram a saúde celular, a 
integridade de seus cromossomos e a execução 
correta das diferentes fases do ciclo. 
A oncoproteína E7 é uma pequena fosfoproteína 
nuclear constituída por três regiões conservadas 
(CR1, CR2 e CR3). O gene do retinoblastoma é um 
importante gene supressor tumoral que está 
deletado ou mutado em muitas linhagens 
celulares tumorais. A pRb que normalmente 
previne a célula da entrada no ciclo celular e regula 
a transição G1/S, quando ligada à E7, deixa a 
proteína E2F livre para comandar a divisão celular. 
Esta proteína pertence a uma importante família 
de fatores de transcrição, permitindo a ativação de 
complexos ciclina-CDK que levam à progressão 
irrestrita da fase G1 para S do ciclo celular, 
resultando em proliferação celular anormal. 
A atividade supressora tumoral de p53, que 
normalmente levaria a célula alterada à apoptose, 
é perdida quando há a ligação da oncoproteína E6. 
Esta proteína forma um complexo com a proteína 
E6-AP (E6 associated protein ligase), um membro 
da família E3 de ubiquitinas ligases, que somente 
liga-se à p53 quando esta está associada à E6. O 
complexo E6/E6-AP leva p53 à degradação 
proteolítica através da via da ubiquitina, 
diminuindo os níveis de p53 nas células infectadas. 
A E6 induz também, de forma independente, a 
atividade da telomerase, ativando o promotor da 
telomerase transcriptase reversa. A imortalização 
das células, que ocorre quando existe a ativação 
da telomerase, é mais um importante fator no 
desenvolvimento de tumores malignos, incluindo 
o câncer cervical. 
O modo de ação de pRb e p53 na regulação do 
ciclo celular sugere que a inativação ou modulação 
da atividade destas duas proteínas podem resultar 
na proliferação celular das células basais, 
alterando a sua diferenciação, permitindo então a 
expansão de um pool e células epiteliais para a 
replicação de partículas virais. 
Os mecanismos de defesa envolvidos na regressão 
da infecção pelo HPV envolvem a resposta imune 
mediada por células, sendo necessária uma 
apresentação adequada aos linfócitos, mediada 
pelas proteínas HLA (Human Leukocytes Antigens). 
Falhas nesse processo podem ser responsáveis 
pela susceptibilidade às doenças. Diversos estudos 
demonstraram associações entre os alelos ou 
haplótipos HLA e a infecção pelo HPV. As 
moléculas HLA de classe II têm um importante 
papel na resposta imune. Associações entre HLA e 
câncer cervical ou infecção por HPV têm sido 
demonstradas em diferentes populações. 
 
 TRANSMISSÃO E AQUISIÇÃO 
A aquisição da infecção cervical pelo HPV é o 
principal precursor de uma série de eventos que 
leva ao câncer cervical e tem sido exaustivamente 
documentado por estudos epidemiológicos e 
experimentais durante os últimos 15 anos. Apenas 
a infecção pelo HPV não é capaz de levar a uma 
transformação maligna, sendo que a história 
natural das mulheres com diagnóstico de lesões 
precursoras de baixo grau é caracterizada por 
regressão espontânea, e apenas pequena 
percentagem persiste e evolui para câncer. 
Estudos epidemiológicos indicam 
consistentemente que o risco da aquisição é 
fortemente influenciado por número de parceiros 
sexuais, idade em que ocorre a primeira relação 
sexual e comportamento sexual dos parceiros 
masculinos. 
O HPV pode ser transmitido por contato direto dos 
órgãos genitais durante a prática sexual, por 
relações anais que podem resultar em infecções 
virais e neoplasias anais e, ocasionalmente, pelo 
sexo oral. 
 
 PROGRESSÃO PARA CÂNCER CERVICAL 
Mulheres com lesões intra-epiteliais escamosas de 
alto grau e câncer cervical geralmente possuem 
infecção por HPVs oncogênicos. 
Aproximadamente 70% dos cânceres cervicais são 
causados pelo HPV16 ou 18 17 e 90% das verrugas 
vulvares são causadas pelos HPVs tipo 6 ou 11. 
Num estudo em que foram arroladas 20.810 
mulheres, foram calculadas as taxas de incidência 
cumulativa no intervalo de 122 meses para o risco 
de NIC III ou mais, concluindo-se que a distinção 
entre HPV16 e 18 de outros tipos poderia 
identificar as mulheres com alto risco para 
desenvolver lesões de alto grau ou câncer. A 
regressão da NIC I é de 60%, e a sua progresssão 
para câncer invasor é baixa (1%), enquanto que a 
NIC II e NIC III tem um risco de 5% e 12%, 
respectivamente, de evoluir para carcinoma 
invasor. 
 
 
OBJETIVO 5. COMPREENDER AS POLÍTICAS 
PÚBLICAS DE SAÚDE DE TRATAMENTO E 
PREVENÇÃO DO COLO DE ÚTERO NO SUS. 
 
A prevenção pode ser feita de duas formas: por 
meio da vacina contra o HPV, recomendada pelo 
Ministério da Saúde (MS), e pela forma tradicional, 
que consiste na detecção precoce. Esta consiste no 
rastreamento do câncer inicial e de suas lesões 
precursoras, prática que reduziu 
substancialmente a incidência do câncer de colo 
do útero em vários países desenvolvidos. Segundo 
Fábio Russomano, o método de rastreamento do 
câncer do colo do útero no Brasil é o exame 
citopatológico (exame de Papanicolau). Mais 
recentemente, estratégias de rastreamento com 
testes de detecção de HPV em mulheres com 30 
anos ou mais vem sendo testadas e 
implementadas em alguns países, seguidas ou não 
do exame de Papanicolau. 
É importante frisar que esse tipo de câncer tem 
desenvolvimento muito lento, de até 20 anos, e 
apenas aproximadamente 1% das mulheres terá 
uma lesão precursora que, se não for tratada, 
pode evoluir para o câncer, são chamadas de 
lesões intraepiteliais de alto grau. O câncer do colo 
do útero não costuma apresentar manifestações 
em sua fase inicial, porém, quando aparecem, a 
mais comum é o sangramento após relações 
sexuais. 
 
 O exame Papanicolau 
Nesse exame, também chamado de "preventivo" 
ou "exame de lâmina", um profissional de saúde 
coleta material do colo do útero e coloca numa 
lâmina de vidro que, posteriormente, será enviada 
para um laboratório. Na hipótese de a análise 
indicar células anormais ao microscópio, dentre 
elas e as mais importantes, as relacionadas às 
lesões precursoras do câncer do colo do útero, a 
paciente é encaminhada para confirmação 
diagnóstica e tratamento. “Detectada a 
possibilidade de presença de uma lesão 
precursora, a mulher deve ser encaminhada para 
colposcopia, exame ginecológico no qual um 
médico observará o colo do útero através de uma 
lente de aumento e em seguida, aplicará 
substâncias que irão ressaltar as alterações de 
superfície do colo do útero. 
Dependendo do grau de alteração, de sua 
localização e da presença de lesão de alto grau no 
exame Papanicolau, esta lesão poderá ser retirada 
durante o primeiro exame, numa prática 
denominada ‘Ver e Tratar’. Em outras situações 
poderá ser necessária uma biópsia ou coleta de 
novo material para exame citopatológico ou uma 
pequena cirurgia para retirar uma parte maior do 
colo do útero, realizada pela vagina e em centro 
cirúrgico. São técnicas bastante conservadoras, 
que não implicam, geralmente, em prejuízos para 
a fertilidade e impedem que as lesões progridam 
para o câncer do colo do útero”, resume o 
especialista. Todos os procedimentos são 
oferecidos gratuitamente pelo Sistema Único de 
Saúde (SUS). 
O exame de Papanicolau deve ser realizado a cada 
três anos após dois exames normais com intervalo 
de um ano e entre os 25 e 64 anos. O exame deve 
ser evitado antes dos 25 anos, pois, mais 
frequentemente, podem ser detectadas várias 
alterações reversíveis que poderiam implicar em 
exames e procedimentos cirúrgicos 
desnecessários com prejuízos para a saúde dessas 
jovens. 
 
 
 Imunização 
O Ministério da Saúde implementou no calendáriovacinal, a vacina tetravalente contra o HPV para 
meninas de 9 a 13 anos de idade. Esta vacina 
protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Os 
dois últimos são responsáveis por cerca de 70% 
dos casos de câncer do colo do útero. Atualmente 
houve uma atualização no público alvo da vacina, 
a partir de agora, ela passa a ser ofertada para 
meninos de 11 até 15 anos incompletos (14 anos, 
11 meses e 29 dias). A ampliação da faixa etária 
tem como objetivo aumentar a cobertura vacinal 
nos adolescentes do sexo masculino. 
Com a inclusão desse público, a meta para 2017 é 
vacinar 80% dos 7,1 milhões de meninos de 11 a 
15 anos e 4,3 milhões de meninas de 9 a 15 anos. 
Também terão direito à vacina, homens e 
mulheres transplantados e oncológicos em uso de 
quimioterapia e radioterapia. Além disso, cerca 
200 mil crianças e jovens, de ambos os sexos, de 9 
a 26 anos vivendo com HIV/Aids, também podem 
se vacinar contra HPV. 
O médico ressalta que como há outros tipos 
envolvidos no desenvolvimento do câncer do colo 
do útero, meninas e mulheres vacinadas deverão 
manter a prática do exame de Papanicolau para 
identificar alguma lesão precursora relacionada a 
tipos menos frequentes de HPV inexistentes nas 
vacinas atualmente disponíveis no Brasil. “Já está 
disponível em outros países uma vacina com nove 
tipos, que promete uma proteção de mais de 95% 
dos casos. No entanto, o mais importante é a 
cobertura vacinal, ou seja, atingir o maior número 
possível de meninas e isso tem sido um desafio 
para os envolvidos nessa ação. As vacinas contra 
HPV são seguras e eficazes, representando uma 
importante estratégia de prevenção”, finaliza 
Fábio Russomano. 
O Ministério da Saúde em parceria com o Inca e 
sob a coordenação do IFF, lançaram, em 2016, a 
segunda edição das Diretrizes Brasileiras para o 
Rastreamento do Câncer do Colo do Útero, 
visando auxiliar o processo de identificação de 
pessoas aparentemente saudáveis que podem 
estar sob maior risco de doença. 
 
Políticas Públicas 
Na detecção do câncer, o Programa Viva Mulher, 
abrange o controle do câncer do colo do útero e 
do câncer de mama e tem como objetivo a 
organização de uma prestação de serviços para 
atender à demanda de mulheres que desejem se 
submeter aos exames e tratamentos indicados. 
Lançado em 1996, o Programa de Controle do 
Câncer do Colo Uterino entrou, em 1999, em sua 
fase de intensificação, após a campanha de 1998. 
A introdução do Viva Mulher foi um avanço para o 
controle do câncer ginecológico, já que durante 
muitos anos a realização do exame citopatológico, 
no Brasil, ocorreu fora do contexto de um 
programa organizado, não havendo qualquer 
mecanismo que estimulasse a procura e garantisse 
o acesso das mulheres aos serviços de saúde, 
especialmente aquelas que se encontravam sob 
maior risco de desenvolver o câncer do colo do 
útero. Muitos programas apresentavam falhas e 
seu impacto não se refletia sobre a mortalidade, 
em face da falta de organização e continuidade, 
bem como pela não garantia de tratamento 
adequado dos casos diagnosticados, tampouco 
contavam com uma avaliação adequada das suas 
várias etapas e dos resultados finais. Fazia-se 
necessário a criação de um programa estruturado 
de métodos e medidas contínuas capazes de 
controlar a doença. 
Foi, sobretudo, a partir da IV Conferência Mundial 
Sobre a Mulher, realizada na China, em 1995, que 
o Governo Brasileiro passou a investir esforços na 
organização de uma rede nacional de detecção 
precoce do câncer do colo do útero. Em 1997 e 
1998, o Instituto Nacional do Câncer, com o 
projeto “Viva Mulher”, ainda em fase de teste, em 
cinco municípios e no estado do Sergipe, tinha o 
objetivo de fazer uma avaliação geral das 
estratégias até então utilizadas no Brasil e testar a 
viabilidade da execução de um programa 
organizado, considerando-se as diferenças 
socioeconômicas e epidemiológicas regionais. 
Para subsidiar um programa deste porte, foram 
realizados inúmeros estudos sobre a capacidade 
laboratorial instalada no país, o número e a 
disponibilidade de pessoal e equipamentos nas 
unidades de atenção primária, secundária e 
terciária em alguns municípios amostrais. Outros 
dados também foram considerados, como a 
atitude das mulheres brasileiras em relação à 
prevenção e razões pelas quais elas não atendem 
aos programas de rastreamento. 
O Programa foi estruturado em cinco etapas: o 
recrutamento da população, a coleta do material 
para o exame de Papanicolau, o processamento 
desse material no laboratório de citopatologia, o 
tratamento dos casos diagnosticados e a 
avaliação. 
A experiência obtida com o Viva Mulher permitiu 
que, em agosto de 1998, fosse dado o primeiro 
passo para a expansão nacional do Programa de 
Controle do Câncer do Colo do Útero. Essa fase 
representou uma intensificação das ações de 
prevenção e ocorreu no período de 48 dias, tendo 
como grupo alvo mulheres de 35 a 49 anos de 
idade. Em virtude da grande mobilização nacional 
gerada, a população foi ampliada para outras 
faixas etárias. 
Desde esse período, as diretrizes e estratégias 
elaboradas para o programa contemplam a 
formação de uma rede nacional integrada, com 
base em núcleo geopolítico gerencial, sediado no 
município, que permitirá ampliar o acesso da 
mulher aos serviços de saúde. Com relação ao 
controle do câncer do colo do útero, as ações 
contemplam a detecção precoce por meio do 
exame citopatológico; a garantia do tratamento 
adequado da doença e de suas lesões precursoras 
em 100% dos casos; e o monitoramento da 
qualidade do atendimento à mulher, nas 
diferentes etapas do programa. 
O programa tem como população-alvo a mulher 
que tem ou teve vida sexual ativa que deseje 
submeter-se ao exame citopatológico. Contudo, 
sem deixar de garantir o acesso ao exame a todas 
as mulheres, o Programa orienta que os esforços 
das ações de comunicação social para capacitação 
e motivação das mulheres sejam dirigidas às faixas 
etárias de maior risco (de 35 a 49 anos), 
especialmente aquelas que nunca se submeteram 
ao exame citopatológico. 
A programação da ação de controle do câncer do 
colo do útero e sua ratificação nos seus 
respectivos Conselhos de Saúde tem como base a 
construção de redes regionais que permitam a 
operacionalização com custos racionalizados. A 
tarefa de harmonização, integração e 
modernização dos sistemas municipais de saúde, 
buscando a sua adaptação aos requisitos básicos 
da implementação da ação, compete ao Poder 
Público Estadual, cabendo ao Federal promovê-las 
entre as Unidades da Federação. 
O sistema de atendimento necessário para a 
execução da ação se estrutura na forma de uma 
rede que opera em níveis de atendimento que 
possibilitam a integração e racionalização dos 
serviços, conferindo-lhe maior presteza e 
eficiência. Os níveis, de acordo com O Programa 
de Controle do Câncer do Colo do Útero, são 
estruturados da seguinte forma. 
No nível Primário deve ser realizado o exame 
clínico ginecológico e a coleta de material para o 
exame citopatológico. Nesta ocasião, serão 
prestadas informações sobre promoção de saúde, 
prevenção de doenças e diagnóstico precoce, na 
perspectiva multidisciplinar. Para a realização 
desta etapa, é necessário pessoal de nível médio 
ou técnico, envolvido em qualquer atividade de 
saúde pública ou comunitária, um ginecologista ou 
clínico geral, podendo, na falta deste, utilizar-se 
um enfermeiro. 
No nível secundário é possível realizar o 
diagnóstico e/ou tratamento de uma lesão 
detectada por meio da colposcopia e da Cirurgia 
de Alta Frequência (CAF), quando indicada. Os 
recursos necessários à implementação dessa 
etapa abrangem um profissional de nível superior, 
com especialização em ginecologia, com 
treinamento em colposcopia e CAF. 
No nível terciário/quaternário é realizado o 
tratamento delesões cirúrgicas que não podem 
ser tratadas no nível secundário. Para a sua 
realização é necessário uma equipe 
multiprofissional, habilitada para a execução de 
exame do colo e diagnóstico clínico de mamas e 
colo uterino, colposcopia, diagnóstico patológico e 
estadiamento; biópsia, cirurgia, radioterapia, 
quimioterapia, seguimento dos casos de lesões 
malignas, orientação e reencaminhamento da 
volta das pacientes ao nível secundário ou 
primário, bem como a reabilitação física, 
psicológica e a reintegração da paciente nos seus 
ambientes familiar, social e ocupacional.

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