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APOSTILA DA OAB 2ª FASE- PARTE I 
Profª SABRINA DOURADO 
Coord. CRISTIANO SOBRAL 
 
Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035 0105 
 
1 
 
 
 
 Livros indicados: Manual de Prática Civil- Fernanda Tartuce. Ed. Gen/Método. 
 Direito Civil Sistematizado- Cristiano Vieira Sobral Pinto. Ed. Gen/Forense. 
 
NOÇÕES PRIMORDIAIS DA TEORIA GERAL DO PROCESSO 
 
 
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA 
 
 
 
NOÇÕES GERAIS DA TEORA GERAL DO PROCESSO 
 
A fim de obter a tão sonhada pacificação social, o Estado criou regras para a solução dos 
conflitos, as quais, em seu conjunto denominam-se “Direito Processual”. 
 
Assim, o processo é um instrumento a serviço da paz social. 
 
As normas de direito processual disciplinam o exercício da jurisdição e, conforme a natureza da 
lide pode ser direito processual penal – ramo que regulamenta a atuação da pretensão 
punitiva do Estado, por intermédio da perda da liberdade imposta à pessoa que praticou 
conduta violadora de norma considerada relevante para todo o corpo social; o direito 
processual do trabalho – regula a atuação do Estado na apreciação de conflitos relativos à 
relação de emprego, e, após a Emenda Constitucional n. 45/2004, também às relações de 
trabalho, caso das pessoas físicas prestadoras de serviço autônomo dentre outros; e o direito 
processual civil que regulam o exercício da jurisdição quanto às lides de natureza civil. 
 
Quando se fala em regulamentação do exercício da jurisdição, está-se a referir, entre outras 
coisas, à disciplina das atividades dos órgãos jurisdicionais (juízes), das partes (autor e réu), dos 
auxiliares dos órgãos jurisdicionais (escreventes, escrivães, oficiais de justiça, peritos etc.) e do 
Ministério Público. 
 
Destarte, o Direito Processual Civil pode ser conceituado como o conjunto de princípios e 
normas que regulam a função jurisdicional do Estado, responsável pela solução de conflitos. 
Possui natureza de direito público, pois sua função imediata é a aplicação da lei ao caso 
concreto para restabelecer a ordem jurídica ditada pelo Estado de Direito. A função mediata 
é a pacificação social. 
 
O direito processual pode ser definido, ainda, como o ramo da ciência jurídica que estuda e 
regulamenta o exercício, pelo Estado, da função jurisdicional. 
O Processo Civil é o instrumento do direito civil, é a forma de composição de conflitos estatal. 
O CPC diz a forma através da qual o estado vai compor os conflitos (art. 1º, CPC). 
 
“Art. 1o A jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é 
exercida pelos juízes, em todo o território nacional, 
APOSTILA DA OAB 2ª FASE- PARTE I 
Profª SABRINA DOURADO 
Coord. CRISTIANO SOBRAL 
 
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conforme as disposições que este Código 
estabelece.”. 
 
O Estado tem três órgãos/funções diferentes: 
 
- Executivo (administra – Função típica); 
- Legislativo (produz lei – Função típica); 
- Judiciário (julga lide – Função típica). 
 
Além das funções típicas de cada órgão, existem as funções atípicas, ou seja, o executivo 
legisla e julga, o legislativo executa e julga, e o judiciário executa e legisla. 
 
Jurisdição não é, apenas, o dizer do direito, no Brasil segundo o CPC/73 (esse código tem 
influência direta de Liebman) há três tutelas jurisdicionais: 
 
- Dizer direito (processo de conhecimento); 
- Satisfazer o direito (Processo de execução); 
- Proteger o direito (processo cautelar). 
 
 
NOMENCLATURA 
 
A ciência processual recebeu ao longo da história diversas nomenclaturas, dentre elas 
processo civil, direito judiciário e direito jurisdicional. Entretanto, a nomenclatura mais 
acertada e mais usual para esta ciência é a de DIREITO PROCESSUAL, o qual é gênero das 
espécies: direito processual civil, direito processual penal e direito processual do trabalho. 
 
 
AUTONOMIA DO DIREITO PROCESSUAL 
 
Há autonomia do direito processual civil, ou direito instrumental, em face do direito civil, ou 
direito substancial, e perante outros ramos do direito, em razão da evidente diversidade da 
natureza e de objetivos. 
 
Contudo, esta autonomia não significa isolamento, uma vez que o direito processual civil faz 
parte do sistema maior, a ciência do direito, da qual apenas é um dos seus vários ramos. 
Destacando-se aqui o forte intercâmbio e influência do processo com a constituição. 
 
Processo e Constituição: 
 
Todo o direito processual, como ramo do direito público, tem suas linhas fundamentais 
traçadas pelo Direito Constitucional. Nota-se, inicialmente, que a própria Constituição 
brasileira se incumbe de configurar o direito processual não mais como mero conjunto de 
regras acessórias de aplicação de direito material, mas, cientificamente, como instrumento 
público de realização da justiça. 
 
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BREVE HISTÓRICO DA CIÊNCIA PROCESSUAL 
 
Até a edição do regulamento nº. 737 no ano de 1850, que regulou o procedimento das causas 
comerciais, vigoravam no Brasil as Ordenações Filipinas, que datavam de 1603. 
Posteriormente, o Regulamento nº 763, de 1890, já na era republicana estendeu o 
Regulamento nº 737 aos feitos civis. Pouco depois, em 1891, a primeira Constituição 
Republicana dividiu a Justiça em Federal e Estadual, autorizando os Estados Federados a 
legislar sobre processo. 
 
A iniciativa não deu certo e a Constituição de 1934 atribuiu exclusivamente à União a 
competência para legislar sobre o processo. Em 1º de março de 1940 entrou em vigor o Código 
Nacional de Processo Civil, Decreto-lei nº 1.608/39, que vigorou até 1973, quando entrou em 
vigor o atual Código de Processo Civil, lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, que reformou o 
Código de 1939, baseando-se em anteprojeto redigido pelo Ministro Alfredo Buzaid. 
 
Desde então, o Código já foi alterado dezenas de vezes, mas manteve sua estrutura básica, 
que se compõe de cinco livros, assim intitulados: I – Do Processo de Conhecimento; II – Do 
Processo de Execução; III – Do processo Cautelar; IV – Dos Procedimentos Especiais: V – Das 
Disposições Gerais e Transitórias. 
 
A TRILOGIA ESTRUTURANTE DO DIREITO PROCESSUAL 
 
 Jurisdição 
 Ação 
 Processo 
 
A jurisdição é inerte, só podendo o Estado exercer esta função se for provocado, tal 
provocação se dá por meio da propositura da ação. Ao ser proposta esta ação o Estado precisa 
de um instrumento para que possa prestar a jurisdição e tal instrumento é o processo. 
 
A ação provoca a jurisdição, que se exerce através de um complexo de atos, que 
é o processo. 
 
 
 
 
 
MEIOS NÃO JURISDICIOANIS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS 
 
AUTOTUTELA 
 
A autotutela, datada desde os primórdios da civilização, consiste na defesa dos direitos através 
do emprego de diversos instrumentos, tais como a força bruta e meios bélicos. Esta 
modalidade de solução de conflitos é hoje, em regra, banida. Entretanto, ainda perdura entre 
nós através do esforço imediato constante do artigo 1210 do Código Civil vigente, onde o 
possuidor turbado ou esbulhado tem direito de resistir por suas próprias forças, nas hipóteses 
de legítima defesa, estado de necessidade, a greve e etc. desde que o exercício da autotutela 
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seja feita de forma imediata, não contrariando ou excluindo a adoção de medidas outras, 
possibilitadas pela jurisdição. 
 
AUTOCOMPOSIÇÃO 
 
Uma das partes em conflito, ou ambas, abrem mão do interesse ou parte dele. São três as 
formas de autocomposição: 
 
 a) desistência (renúncia à pretensão); 
 b) submissão (renúncia à resistência oferecida à pretensão); e 
 c) transação (concessões recíprocas). 
 
Todas essas soluções têm em comum a característica de serem parciais, no sentido de que 
dependemda vontade e da atividade de uma ou de ambas as partes envolvidas. 
 
Este sistema não vingou como forma única e absoluta de solução de conflitos, já que ninguém 
pode ser compelido a transigir ou a renunciar. 
 
No entanto, considerando que a autocomposição prestigia a vontade, a espontaneidade de 
decisão dos próprios titulares do direito disputado, independente da força ou da solução da 
pendência por terceiro desinteressado, representando, assim, meio dos mais democráticos 
de resolução de conflitos, é recepcionada por nosso ORDENAMENTO JURÍDICO VIGENTE, 
senão vejamos: 
 
Art. 269, II, III e V, CPC. 
 
Estímulos à conciliação (exemplo de autocomposição): 
 
 - arts. 125, IV, 277, 331 e 448, todos do CPC; 
 - arts. 847 e 850, ambos da CLT; 
 - arts. 21, 22, 72 e 76 da Lei 9099/95. 
 
 
 
ARBITRAGEM 
 
Outra técnica de solução de conflitos é a arbitragem, presente no ordenamento pátrio através 
da Lei n.º 9.307/96. Trata-se de um instrumento de solução de contendas onde as próprias 
partes, de comum acordo, estabelecem/elegem um terceiro que decidirá sobre a questão, 
exercendo em similitude a atividade jurisdicional. Todavia, a arbitragem não atinge a todos e 
quaisquer conflitos, possui limitações e depende, pois, de autorização legal. Também não 
exclui a atividade jurisdicional. 
 
 
 
JURISDIÇÃO 
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O litígio coloca em perigo a paz social e a ordem jurídica, o que reclama a atuação do Estado, 
que tem como uma de suas funções básicas, a tarefa fé solucionar a lide. Dentro deste 
contexto, o Estado, por meio do Poder Judiciário, tem o “poder-dever de dizer o direito”, 
formulando norma jurídica concreta que deve disciplinar determinada situação jurídica, 
resolvendo a lide e promovendo a paz social, este poder-dever do Estado de dizer o direito, 
resolvendo o conflito, é o que a doutrina chama de jurisdição1. 
 A jurisdição pode ser vista 
como “função do Estado de atuar a vontade concreta da lei com o fim de obter a justa 
composição da lide”. 
 
Assim, a jurisdição abrange três poderes básicos: decisão, coerção e documentação. Pelo 
primeiro, o Estado-juiz tem o poder de conhecer a lide, colher provas e decidir; pelo segundo, 
o Estado-juiz pode compelir o vencido ao cumprimento da decisão; pelo terceiro, o Estado-juiz 
pode documentar por escrito os atos processuais. 
 
As acepções da jurisdição são: Poder – capacidade de decidir imperativamente e impor 
decisões; atividade – dos órgãos para promover pacificação dos conflitos; função – complexo 
de atos do juiz no processo. 
 
FINS DA JURISDIÇÃO 
 
De acordo com a concepção instrumentalista do processo, a jurisdição tem três fins: 
 
a) o escopo jurídico, que consiste na atuação da vontade concreta da lei. A jurisdição tem por 
fim primeiro, portanto, fazer com que se atinjam, em cada caso concreto, os objetivos das 
normas de direito substancial; 
 
 
1 Segundo Giuseppe Chiovenda: 
Pode se definir jurisdição como “função do Estado que tem por escopo a atuação da vontade 
concreta da lei por meio da substituição, pela atividade de órgãos públicos, da atividade de 
particulares ou de outros órgãos públicos. 
A teoria de Chiovenda sobre a jurisdição parte da premissa de que a lei, norma abstrata e 
genérica, regula todas as situações que eventualmente ocorram em concreto, devendo o Estado, 
no exercício da jurisdição, limitar-se à atuação da vontade concreta do direito objetivo. Em outras 
palavras, limita-se o Estado, ao exercer a função jurisdicional, a declarar direitos preexistentes e 
atuar na prática os comandos da lei. Tal atividade caracterizar-se-ia, essencialmente, pelo seu 
caráter substitutivo, já enunciado. 
 
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b) o escopo social – consiste em promover o bem comum, com a pacificação, com justiça, pela 
eliminação dos conflitos, além de incentivar a consciência dos direitos próprios e o respeito 
aos alheios; 
 
c) o escopo político.- é aquele pelo qual o estado busca a afirmação de seu poder, além de 
incentivar a participação democrática (ação popular, ação coletivas, presença de leigos nos 
juizados etc.) e a preservação do valor liberdade, com a tutela das liberdades públicas por 
meio dos remédios constitucionais (tutela dos direitos fundamentais). 
 
PRINCÍPIOS INERENTES À JURISDIÇÃO: 
 
 
INÉRCIA 
 
O estado-juiz só atua se for provocado. Ne procedat iudex ex officio, ou seja, o juiz não procede 
de ofício (de ofício = por conta própria). Esta regra geral, conhecida pelo nome de principio da 
demanda ou principio da inércia, está consagrada no art. 2º do código de processo civil, 
segundo o qual ‘nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o 
interessado a requerer, nos casos e formas legais’. 
 
Tal principio proíbe, portanto, os juízes de exercerem a função jurisdicional sem que haja a 
manifestação de uma pretensão por parte do titular de um interesse, ou seja, não pode haver 
exercício da jurisdição sem que haja uma demanda. 
 
Assim a atividade jurisdicional, ou seja, a ação do Estado por meio da função jurisdicional, se 
dá se, e somente se, for provocado, quando e na medida em que o for. 
 
Atenção! Depois de proposta a demanda a inércia dará lugar ao princípio do impulso oficial ( 
vide art. 262,CPC). 
 
Exceções! 
 
Entre as hipóteses mais relevantes de autorização para que o estado-juiz exerça a função 
jurisdicional sem provocação, de ofício, encontra-se a do art. 989 do CPC, segundo o qual “o 
juiz determinará, de oficio, que se inicie o inventário, se nenhuma das pessoas mencionadas 
nos artigos antecedentes o requerer no prazo legal”. Ademais, a Lei 11.101/05 permite ao juiz 
converter o processo de recuperação judicial em falência. 
 
“Art. 989. O juiz determinará, de ofício, que se inicie 
o inventário, se nenhuma das pessoas mencionadas 
nos artigos antecedentes o requerer no prazo 
legal.” 
“Art. 1.142. Nos casos em que a lei civil considere 
jacente a herança, o juiz, em cuja comarca tiver 
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domicílio o falecido, procederá sem perda de tempo 
à arrecadação de todos os seus bens.” 
 
 
 
INVESTIDURA 
 
 
O Estado exerce a jurisdição por seus órgãos constitucionalmente definidos e esse função 
jurisdicional é exercida por agentes políticos que preencham rigorosos critérios legais 
(aprovação em concurso de provas e títulos, três anos de prática jurídica, formação em direito; 
ou nomeados pelo chefe do Poder Executivo para ingresso pelo quinto constitucional ou em 
tribunais superiores). 
 
TERRITORIALIDADE 
 
Por se tratar de um ato de poder, o juiz exerce a jurisdição dentro de um limite espacial sujeito 
à soberania do Estado. Além desse limite ao território do Estado, sendo numerosos os juízes de 
um Estado, normalmente o exercício da jurisdição que lhes compete é delimitado à parcela do 
território, conforme a organização judiciária da Justiça em que atua, sendo as áreas de 
exercício da autoridade dos juízes divididas na Justiça Federal em seções judiciárias e na Justiça 
Estadual em comarcas. 
Assim, se o juiz, em processo, precisa ouvir testemunha que resida em outra comarca, deverá 
requisitar por meio de carta precatória ao juiz da outra comarca (juízo deprecado) que colha o 
depoimento da testemunha arrolada no processo de sua jurisdição (do juízo deprecante), uma 
vez que sua autoridade adere ao território em que exerce a jurisdição. O mesmo ocorre com a 
citação por oficial de justiça e a penhora de bem situado em comarca diversa daquela em que 
tramita o feito. 
 
Seo ato a praticar situar-se fora do território do País, deverá ser solicitada carta rogatória à 
autoridade do Estado estrangeiro, solicitando sua cooperação para a realização do ato. 
 
EXCEÇÕES IMPORTANTÍSSIMAS! 
 
A desnecessidade da emissão de cartas precatórias para comarcas contíguas ou situadas na 
mesma região metropolitana. Art. 230,CPC. 
Vide também a disposição do artigo 106,CPC. 
 
INDELEGABILIDADE 
 
Cada poder da República tem as atribuições e o conteúdo fixados constitucionalmente, 
vedando-se aos membros de tais Poderes por deliberação, ou mesmo mediante lei, alterar o 
conteúdo de suas funções. Aplica-se a hipótese aos juízes, que não podem delegar a outros 
magistrados, ou mesmo a outros Poderes ou a particulares, as funções que lhes foram 
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atribuídas pelo Estado, já que tais funções são do poder estatal, que as distribui conforme lhe 
convém, cabendo ao juiz apenas seu exercício. 
 
INEVITABILIDADE 
Este princípio traduz-se na imposição da autoridade estatal por si mesma por meio da decisão 
judicial. Quando provocado o exercício jurisdicional, as partes sujeitam-se a ela mesmo contra 
a sua vontade, sendo vedado à autoridade pronunciar o non liquet em seu oficio jurisdicional. 
O Estado deve decidir a questão, não se eximindo de sentenciar “alegando lacuna ou 
obscuridade da lei” (CPC, art. 126). 
 
INAFASTABILIDADE 
 
Consagrando expressamente o princípio da indeclinabilidade (ou da inafastabilidade, também 
chamado de princípio do controle jurisdicional por Cintra, Grinover e Dinamarco), dispõe o 
artigo 5°, inciso XXXV, da Constituição Federal que “a lei não excluirá da apreciação do Poder 
Judiciário lesão ou ameaça a direito”. 
Desta forma, a Lei Maior garante o acesso ao Poder Judiciário a todos aqueles que tiverem seu 
direito violado ou ameaçado, não sendo possível o Estado-Juiz eximir-se de prover a tutela 
jurisdicional àqueles que o procurem para pedir uma solução baseada em uma pretensão 
amparada pelo direito. Conseqüentemente, salienta Tourinho Filho, “se a lei não pode impedir 
que o Judiciário aprecie qualquer lesão ou ameaça a direito, muito menos poderá o Juiz abster-
se de apreciá-la, quando invocado”. 
Em suma, apregoa o princípio da indeclinabilidade que o juiz não pode subtrair-se da função 
jurisdicional, sendo que, mesmo havendo lacuna ou obscuridade na lei, deverá proferir decisão 
(art. 126, CPC). 
 
JUIZ NATURAL 
 
No direito espanhol, e princípio do juiz legal, no direito alemão, originou-se, historicamente, 
no ordenamento anglo-saxão, desdobrando-se, a posteriori, nos constitucionalismos norte-
americano e francês. Entre nós, o referido princípio inseriu-se deste o início das Constituições. 
Trata-se de princípio que garante ao cidadão o direito de não ser subtraído de seu Juiz 
Constitucional ou Natural, aquele pré-constituído por lei para exercer validamente a função 
jurisdicional. 
Assegura expressamente a Constituição Federal que “ninguém será processado nem 
sentenciado senão pela autoridade competente” (artigo 5°, inciso LIII) e que “não haverá juízo 
ou tribunal de exceção” (artigo 5°, inciso XXXVII). 
Outrossim, determina a Lei Maior que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário 
qualquer lesão ou ameaça a direito” (artigo 5°, XXXV). 
Dentro deste contexto, buscam os dispositivos constitucionais impedir que pessoas estranhas 
ao organismo judiciário exerçam funções que lhe são específicas (salvo, é claro, quando houver 
autorização da própria Constituição Federal nesse sentido, p.ex., Senado – artigo 52, incisos I e 
II) e proscrever os tribunais de exceção, aqueles criados post factum. Assim, nenhum órgão, 
por mais importante que seja, se não tiver o poder de julgar assentado na Constituição Federal 
não poderá exercer a jurisdição. Tem-se, salienta a doutrina, a mais alta expressão dos 
princípios fundamentais da administração da justiça. 
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Fernandes Scarance afirma que a dúplice garantia assegurada pelo cogitado princípio – 
proibição de tribunais extraordinários e de subtração da causa ao tribunal competente, 
desdobra-se em três regras de proteção: “a) só podem exercer jurisdição os órgãos instituídos 
pela Constituição Federal; b) ninguém pode ser julgado por órgão instituído após o fato; c) 
entre os juízes préconstituídos vigora uma ordem taxativa de competências que exclui 
qualquer alternativa deferida à discricionariedade de quem quer que seja”. 
 
Enfim, A atividade jurisdicional tem que ser prestada por atividade preexistente ao fato, a 
constituição proibe tribunal de exceção. O juíz deve ser imparcial, juíz não pode ser impedido e 
nem ser suspeito (art. 134 e 135 CPC). Impedimento é critério objetivo e a suspeição é critério 
subjetivo. 
 
 
CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO 
 
Substitutividade - Consiste na circunstância de o Estado, ao apreciar o pedido, substituir a 
vontade das partes, aplicando ao caso concreto a “vontade” da norma jurídica. Em suma, o 
poder judiciário ao compor o litígio substitui a vontade das partes. Na jurisdição voluntária não 
há substituição da vontade. 
 
 
Imparcialidade – é conseqüência do quanto já visto: pois para que se possa aplicar o direito 
objetivo ao caso concreto, o órgão judicial há de ser imparcial. Para muitos, é a principal 
característica da jurisdição. 
 
Lide – conflito de interesses qualificados pela pretensão de alguém e pela resistência de 
outrem. Entretanto, nem sempre é necessário lide para exercer a jurisdição, como por 
exemplo, nos casos de separação consensual, mudança de nome etc. 
 
Monopólio do Estado – o Estado tem o monopólio da jurisdição, que pode ser exercido pelo 
Judiciário, como também pelo legislativo. 
 
Unidade - a jurisdição é poder estatal; portanto, é uma. Para cada Estado soberano, uma 
jurisdição. Só há uma função jurisdicional, pois se falássemos de varias jurisdições, 
afirmaríamos a existência de varias soberanias e, pois, de vários Estados. No entanto, nada 
impede que esse poder, que é uno, seja repartido, fracionado, em diversos órgãos, que 
recebem cada qual suas competências. O poder é uno, mas divisível. 
 
Aptidão para a produção de coisa julgada material: a definitividade – é a possibilidade da 
decisão judicial fazer coisa julgada material situação que já foi decidida pelo Poder judiciário 
em razão da apreciação do caso concreto a qual não poderá ser revista por outro poder, 
exceto : caso de pensão alimentícia etc. 
 
 
 
 
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CLASSIFICAÇÕES OU ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO 
 
 
Enquanto poder estatal, a jurisdição é una; no entanto, por motivos de ordem prática, 
principalmente pela necessidade da divisão do trabalho, costuma-se dividir as atividades 
jurisdicionais segundo vários critérios. 
 
Assim, quando a doutrina fala em espécies de jurisdição, trata, na verdade, da distribuição do 
conjunto de processos em determinadas categorias. 
 
Distingue-se entre a jurisdição penal e a civil. O critério classificatório é o objeto da pretensão 
deduzida perante o estado-juiz, sendo a penal uma pretensão punitiva, que tem por objeto 
privar temporariamente a liberdade do acusado pela prática de determinado ilícito, definido 
em lei como crime. Seu exercício é dividido entre juízes estaduais comuns, pela Justiça Militar 
estadual, pela Justiça federal, pela Justiça Militar Federal e pala Justiça Eleitoral, cuja 
competência é definida pela Constituição federal, que confere atribuições às justiças 
especializadas em razão da matéria ou da função exercida pelas pessoas. À Justiça Estadual 
resta acompetência residual, tanto em matéria criminal quanto em matéria civil. 
 
A jurisdição civil, em sentido amplo, é composta pelas demais espécies de pretensões de 
natureza civil, tributaria administrativa, trabalhista, comercial etc. a jurisdição civil é exercida 
pela Justiça Federal, pela Justiça Trabalhista, pela Justiça Eleitoral e pela Justiça estadual. 
 
Ressalte-se que, apesar da distinção, é impossível isolar completamente a relação jurídica, 
determinando competência exclusiva à jurisdição penal, ou à civil. É que o ilícito penal não 
difere, na substancia, do civil, sendo as definições dos direitos violados naquele extraídas do 
direito civil. 
 
Aludiu-se a existência de organismos judiciários a que a Constituição distribui competência 
para julgar casos em matéria criminal e civil. Com base nessa divisão, classifica-se a jurisdição 
também em especial e comum, integrando a primeira a Justiça Militar, a Eleitoral, a Trabalhista 
e as Justiças Militares Estaduais, compondo a segunda a Justiça federal e a Justiça estadual. 
 
Ressalte-se que, prevendo nosso ordenamento o duplo grau de jurisdição, tem-se a divisão em 
jurisdição inferior, composta pelas instancias ordinárias em primeiro grau, com julgamentos 
proferidos por juízes singulares, e jurisdição superior, composta pelas instancias superiores, 
em segundo grau pelos tribunais de Justiça dos estados, Tribunais regionais federais e 
Tribunais das Justiças Especializadas, bem como o Superior Tribunal de Justiça, a zelar em 
última instância pela correta aplicação da lei federal, e o Supremo Tribunal federal, ao qual 
compete, em última instância, zelar pelo respeito à Constituição, sendo o julgamento proferido 
por um colegiado de juízes. 
 
 
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A JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA E SUAS CARACTERÍSTICAS 
 
 
 
A jurisdição voluntária, também conhecida como jurisdição graciosa ou administrativa, é 
comumente definida como a administração pública de interesses privados; nela não se cuida 
da lide, mas de questões de interesse privado que por força da lei devem ter a chancela do 
Poder Público, tais como: nomeação de tutor ou curador, alienação de bens de incapazes, 
separação consensual, arrecadação de bens de ausentes etc. 
À jurisdição voluntária aplicam-se as garantias fundamentais do processo, necessárias à 
sobrevivência do Estado de Direito, bem como todas as garantias da magistratura, asseguradas 
constitucionalmente. Em relação aos poderes processuais do magistrado, a doutrina aponta 
duas características da jurisdição voluntária: 
 
Inquisitoriedade: vige nos procedimentos de jurisdição voluntária, o principio inquisitivo, 
podendo o juiz tomar decisões contra a vontade dos interessados. O magistrado, em inúmeras 
situações, tem a iniciativa do procedimento: arts. 1.129, 1.142, 1.160, 1.171 e 1.190, CPC. 
 
Possibilidade de decisão fundada na equidade: permite-se (art. 1.109, CPC) ao juiz não 
observar a legalidade estrita na apreciação do pedido, facultando-lhe o juízo por eqüidade, 
que se funda em critérios de conveniência e oportunidade. O juízo de equidade é excepcional; 
somente se poderá dele valer o juiz quando expressamente por lei autorizado (art. 127 do 
CPC). Não se trata, porém, de juízo de equidade acima da lei. Permite-se, em vários casos, que 
o magistrado profira juízo discricionário, que deve, porém, respeitar o princípio da 
proporcionalidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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COMPETÊNCIA 
 
CONCEITO 
 
O Estado tomou para si a função de dizer o direito em todo o seu território. Para tanto, criou 
dentro da alçada do Poder Judiciário, uma grande organização, composta por diversos órgãos 
jurisdicionais (STF, STJ, STM, STE, TRF etc.), repartindo a jurisdição entre eles, embora se deva 
ressaltar que a “jurisdição”, enquanto poder-dever do Estado é una, sendo que a mencionada 
repartição é apenas para fins de divisão do trabalho. 
 
Deste modo, competência nada mais é do que a fixação das atribuições de cada um dos órgãos 
jurisdicionais, isto é, a demarcação dos limites dentro dos quais podem eles exercer a 
jurisdição. Neste sentido, “juiz competente” é aquele que, segundo limites fixados pela Lei, 
tem o poder para decidir certo e determinado litígio (art. 86, CPC). 
 
FONTES 
 
Considerando-se os inúmeros processos que podem ser instaurados durante a atividade 
jurisdicional no País, costuma-se organizar essa atividade estatal pela divisão de atribuições 
para apreciar determinadas causas entre seus órgãos. Essa distribuição é feita pela 
Constituição Federal, pelos diplomas processuais civil e penal e pelas leis de organização 
judiciária, além da distribuição interna da competência nos tribunais, feita pelos seus 
regimentos internos. A Constituição brasileira já distribui a competência em todo o Poder 
Judiciário federal (STF, STJ e Justiças Federais: Justiça Militar, Eleitoral, Trabalhista e Federal 
Comum). A Justiça estadual é, portanto, residual. 
 
MOMENTO QUE DEMARCA A FIXAÇÃO DE COMPETÊNCIA; EXCEÇÕES À REGRA DA 
PERPETUATIO JURISDICTIONIS 
 
Segundo dispõe o art. 87 do CPC, a competência, em regra, é determinada no momento em 
que a ação é proposta – com a sua distribuição (art. 263 c/c art. 251 do CPC) ou com o 
despacho inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato (ex. Mudança de 
domicílio do réu) ou de direito (ex. ampliação do teto da competência do órgão em razão do 
valor da causa) ocorridas posteriormente (perpetuatio jurisdictionis), salvo se suprimirem o 
órgão judiciário cuja competência já estava determinada inicialmente - por exemplo, a 
extinção de uma vara cível; ou quando as modificações ocorridas alterarem a competência em 
razão da matéria ou da hierarquia - porque são espécies de competência absoluta, fixadas em 
função do interesse público, razão pela qual outras modalidades de competência absoluta 
devem estar abrangidas. 
 
Por exemplo, suponha-se a hipótese de vir a ser modificada, na lei de organização judiciária, a 
competência de uma das Varas Cíveis da capital, que deixou de ter atribuições para conhecer 
de ações que envolvam direitos reais. O juiz dessa vara perderá a competência sobre todas as 
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causas dessa espécie, já em curso naquela Vara, embora se trate de competência ditada pela 
matéria. 
 
PRINCIPAIS CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA 
Os critérios que o legislador levou em conta para a distribuição de competência são o da 
soberania nacional, o da hierarquia e atribuições dos órgãos jurisdicionais (critério funcional), o 
da natureza ou valor da causa e o das pessoas envolvidas no litígio (critério objetivo), e os dos 
limites territoriais que cada órgão judicial exerce a atividade jurisdicional (critério territorial). 
 
 
REGRAS DE COMPETÊNCIA INTERNACIONAL 
 
A jurisdição é fruto da soberania do Estado e, por conseqüência natural, deve ser exercida 
dentro do seu território. Entretanto, a necessidade de convivência entre os Estados, 
independentes e soberanos, fez nascer regras que levam um Estado a acatar, dentro de certos 
limites estabelecidos em tratados internacionais, as decisões proferidas por juízes de outros 
Estados. Diante dessa realidade, o legislador nacional definiu casos em que a “competência é 
exclusiva” do Poder Judiciário brasileiro (art. 89, CPC), e casos em que a “competência é 
concorrente”, sendo que a decisão proferida no estrangeiro pode vir a gerar efeitos dentro do 
nosso território, após ser homologada pelo STJ (arts. 88, 89 e 483, CPC). 
 
Logo, elasse dividiram em: 
 
- Absoluta/exclusiva: Art. 89, CPC. Algumas matérias para ter validade/eficácia no território 
tem que serem julgadas no Brasil. Trata de imóveis situados no Brasil ou de proceder 
inventário ou partilha de bens situados no Brasil. 
 
“Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira, 
com exclusão de qualquer outra: 
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no 
Brasil; 
II - proceder a inventário e partilha de bens, 
situados no Brasil, ainda que o autor da herança 
seja estrangeiro e tenha residido fora do território 
nacional.” 
 
- Concorrente/cumulativa: Art. 88, CPC. A sentença extrangeira para ter validade ou eficácia 
tem que ser homologada pelo STJ. Trata de casos em que: O réu é domiciliado no Brasil, ou a 
obrigação deve ser cumprida no Brasil, ou Ação de fato/ato praticado no Brasil. 
 
“Art. 88. É competente a autoridade judiciária 
brasileira quando: 
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, 
estiver domiciliado no Brasil; 
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; 
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III - a ação se originar de fato ocorrido ou de ato 
praticado no Brasil. 
Parágrafo único. Para o fim do disposto no nº I, 
reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica 
estrangeira que aqui tiver agência, filial ou 
sucursal.”. 
 
Litispendência 
 
Duas demandas com os mesmos elementos (partes, pedido e causa de pedir). Extingue o 
segundo. 
Segundo o art. 90, CPC, ação extrangeira não induz litispendência. Não há litispendência 
internacional. Vale a que for homologada primeiro. 
 
“Art. 90. A ação intentada perante tribunal 
estrangeiro não induz litispendência, nem obsta a 
que a autoridade judiciária brasileira conheça da 
mesma causa e das que Ihe são conexas.” 
 
 
 
Critérios para determinar a competência: 
 
 
- Territorial: Circunscrição geográfica. É o critério de foro. Encontrado no CPC. 
- Material: É o objeto litigioso, o objeto que estar sendo discutido. Exemplo: causa de 
família, ou de trânsito, etc. Encontrado nas LOJ’s dos estados federativos. 
- Valor da causa: Poderá ser um critério de determinação de competência, é um dos 
motivos da obrigatoriedade do valor da causa na inicial. Encontra-se nas LOJ’s. 
- Funcional ou hierárquico: Gerará a competência originária. Em razão da função ou 
hierarquia move-se a causa no tribunal, por exemplo. Encontra-se na Constituição Federal 
para a competência do STJ e STF e para os Tribunais de Justiça encontra-se nas LOJ’s. 
 
 As competências territoriais e em relação ao valor da causa são de competência 
relativa e as competências material e funcional são de competência absoluta. 
 
 A competência relativa pode ser modificada pela vontade das partes, a competência 
absoluta não pode. 
 Se o juízo incompetente julgar e for competência absoluta é invalido o julgamento, 
competência absoluta não preclui, pois é matéria de ordem pública. 
 
Alguns conceitos importantes: 
 
- Prescrição é a perda do direito de ir ao judiciário, por causa da inércia. 
- Decadência é a perda do direito material. 
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- Perempção é quando o autor deu causa à três sentenças por abandono. O autor tinha 
que praticar um ato por até 30 dias e não o fez. 
- Preclusão é a perda do direito de praticar um ato processual. 
 
Preclusão pode ser: 
 
- Temporal: tem haver com o prazo. 
 
- Consumativa: Já praticou o ato. As Exceções são: A modificação da petição inicial sem 
autorização do réu até o saneamento (art. 264, CPC) e o aditamento após a citação do réu 
(art. 294, CPC). 
 
“Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor 
modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o 
consentimento do réu, mantendo-se as mesmas 
partes, salvo as substituições permitidas por lei. 
Parágrafo único. A alteração do pedido ou da causa 
de pedir em nenhuma hipótese será permitida após 
o saneamento do processo.” 
 
“Art. 294. Antes da citação, o autor poderá aditar o 
pedido, correndo à sua conta as custas acrescidas 
em razão dessa iniciativa.”. 
 
- Lógica: Não pode praticar o ato pois já praticou um ato incompatível. 
 
- Pro-Judicato: Para o julgador, não pode julgar duas vezes a mesma matéria. 
 
A competência relativa preclui, há a prorrogação se não for argüida no prazo. Deve ser 
alegada na Exceção de competência e a absoluta em preliminar de contestação, essa porém 
pode ser dada de ofício. Na relativa há uma possibilidade de declaração de incompetência de 
ofício que é nos casos de foro de eleição nos contratos de adesão. 
 
A competência relativa é de ordem privada. 
 
Se o réu alegar incompetência após a preeliminar de contestação, o réu vai pagar as custas 
do processo em razão da demora, MESMO QUE GANHE A CAUSA. 
 
 
 
 
CRITÉRIOS OBJETIVOS 
 
Competência em razão da pessoa (partes); a fixação da competência tendo em conta as partes 
envolvidas (ratione personae) pode ensejar a determinação da competência originaria dos 
tribunais, para ações em que a Fazenda Pública for parte etc; 
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Competência em razão da matéria (ratione materiae) - causa de pedir; considera-se, ao fixar a 
competência, a natureza da relação jurídica controvertida, definida pelo fato jurídico que lhe 
dá ensejo, por exemplo: para conhecer de uma ação de separação, será competente um dos 
juizes das Varas da Família e Sucessões, quando os houver na Comarca; 
Competência em razão do valor da causa (pedido); muito menos usado, serve para delimitar, 
entre outras hipóteses, competência de varas distritais, ou, quando houver organizado, dos 
Tribunais de Alçada. 
 
CRITÉRIO TERRITORIAL 
 
Os órgãos jurisdicionais exercem jurisdição nos limites das suas circunscrições territoriais, 
estabelecidas na Constituição federal e/ou Estadual e nas Leis. Destarte, os juizes estaduais 
são competentes para dizer o direito nas suas Comarcas, e os juizes federais, por sua vez, nos 
limites da sua Seção Judiciária. Já os Tribunais Estaduais são competentes para exercer a 
jurisdição dentro do seu estado, os Tribunais Regionais Federais, nos limites da sua região. O 
STF e o STJ podem dizer o direito em todo o território nacional. 
 
Sob o ângulo da parte, a competência territorial é em princípio determinada pelo domicilio do 
réu, para as ações fundadas em direito pessoal e as ações fundadas em direito real sobre bens 
móveis. (art. 94, CPC). Se o réu tiver domicílios múltiplos, poderá ser demandado em qualquer 
deles (§ 1º); se incerto ou desconhecido, será demandado no local em que for encontrado, ou 
no foro de domicílio do autor (§ 2º), facultando-se ao autor ajuizar a ação no foro de seu 
domicílio, se o réu não residir no Brasil e se o próprio autor também não tiver residência no 
País (§ 3º). Será ainda no foro de domicílio de qualquer dos réus no caso de litisconsórcio 
passivo (§ 4º). 
 
Além dessas regras, existem outras, seja no CPC, seja em leis extravagantes, que estabelecem 
regras específicas para certas ações, por exemplo: I – ação de inventário, competente o foro 
do ultimo domicilio do autor da herança (art. 96, CPC; art. 1.785, CC/02); II – ação declaratória 
de ausência, competente o foro do ultimo domicílio do ausente (art. 97, CPC); III – ação de 
separação, divórcio, conversão de separação em divorcio e anulação de casamento, 
competente o foro do domicílio da mulher (art. 100, I, CPC); IV – ação de alimentos, 
competente o foro do domicílio do alimentado, isto é, aquele que pede os alimentos (art. 100, 
IICPC); V – ação de cobrança, competente o foro do lugar onde a obrigação deveria ter sido 
satisfeita (art. 100, IV,d, CPC); VI – ação de despejo, competente o foro da situação do imóvel 
(art. 58, II, Lei nº 8.245/91); VII – ação de responsabilidade do fornecedor de produtos e 
serviços, competente o foro domicílio do autor (art. 101, Lei nº 8.078/90-CDC); VIII – ação de 
adoção, competente o foro do domicílio dos pais ou responsáveis (art. 146, Lei nº 8.069/90 
ECA); IX – ações movidas no Juizado Especial Cível, competente o foro do domicílio do autor 
(art. 4º, Lei nº 9.099/95 JEC). 
 
 
CRITÉRIO FUNCIONAL 
 
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Enquanto nos outros critérios busca-se estabelecer o juiz competente para conhecer de 
determinada causa, no critério funcional reparte-se a atividade jurisdicional entre órgãos que 
devam atuar dentro do mesmo processo. 
 
Como o procedimento se desenvolve em diversas fases, pode haver necessidade de 
determinados atos se realizarem perante órgãos diversos; é o caso da carta precatória para 
citação ou intimação e oitiva de testemunha que esteja domiciliada em comarca diversa 
daquela em que tramita o processo, para a realização de penhora de bem situado em comarca 
diversa. 
 
Essa competência é alterada também de acordo com o grau de jurisdição. Normalmente se 
desloca a competência para um órgão de segundo grau, um tribunal, para reapreciar processo 
decidido em primeira instancia por meio de recurso. 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA 
 
A competência classifica-se em: 
 
Competência do foro (territorial) e competência do juízo 
 
Foro é o local onde o juiz exerce as suas funções; é a unidade territorial a qual se exerce o 
poder jurisdicional. No mesmo local, segundo as leis de organização judiciária podem 
funcionar vários juizes com atribuições iguais ou diversas. 
 
De tal modo, para uma mesma causa, constata-se primeiro qual o foro competente, para 
depois averiguar o juízo, que em primeiro grau de jurisdição, corresponde às varas, o cartório, 
a unidade administrativa. 
 
Nas Justiças dos Estados o foro de cada juiz de primeiro grau é o que se chama comarca; na 
Justiça Federal é a subseção judiciária. O foro do Tribunal de Justiça de um estado é todo o 
Estado; o dos Tribunais Regionais Federais é a sua região, definida em lei (art.107, par. Único, 
CF); o do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça e de todos os demais 
tribunais superiores é todo o território nacional (CF, art.92, parágrafo único). Portanto, 
competência de foro, é sinônimo de competência territorial, e Juízo de órgão judiciário. A 
competência do juízo é matéria pertinente às leis de organização judiciária; já a de foro é 
regulada pelo CPC. 
 
Competência originária e derivada: 
A competência originária é atribuída ao órgão jurisdicional diretamente, para conhecer da 
causa em primeiro lugar; pode ser atribuída tanto ao juízo monocrático, o que é a regra, como 
ao tribunal, em algumas situações, como por exemplo, ação rescisória e mandado de 
segurança contra ato judicial. Enquanto que a competência derivada ou recursal é atribuída ao 
órgão jurisdicional destinado a rever a decisão já proferida; normalmente, atribui-se a 
competência derivada ao tribunal, mas há casos em que o próprio magistrado de primeira 
instancia possui competência recursal, por exemplo, nos casos dos embargos infringentes de 
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alçada, cabíveis na forma do art. 34 da lei de Execução Fiscal, que serão julgados pelo mesmo 
juízo prolator da sentença. 
 
 
Incompetência relativa x Incompetência absoluta 
 
As regras de competência submetem-se a regimes jurídicos diversos, conforme se trate de 
regra fixada para atender somente ao interesse publico, denominada de regra de 
incompetência absoluta, e para atender predominantemente ao interesse particular, a regra 
de incompetência relativa. 
 
A incompetência é defeito processual que, em regra, não leva à extinção o processo, mesmo 
tratando-se de incompetência absoluta, salvo nas excepcionais hipóteses do inciso III do art.51 
da Lei n.9.099/95 (juizados Especiais Cíveis), da incompetência internacional (arts. 88-89 do 
CPC) e do § 1º do art. 21 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. 
 
A incompetência quando absoluta pode ser alegada a qualquer tempo, por qualquer das 
partes, em sede de preliminar à contestação, e, quando relativa, mediante exceção. Se 
absoluta, o juiz poderá reconhecê-la de ofício (CPC, art. 113), independentemente da alegação 
da parte, remetem-se os autos ao juiz competente e reputam-se nulos os atos decisórios já 
praticados, e, se relativa (CPC, art. 112), somente se acolher a exceção de incompetência, 
remeterá o juiz o processo para o juízo competente para apreciar a questão, que terá duas 
opções: reconhecer sua competência ou divergir, declarando-se igualmente incompetente, 
suscitando o conflito de competência (CPC, art. 115, II), e não se anulam os atos decisórios já 
praticados. 
 
Na incompetência absoluta, responderá integralmente pelas custas, a parte que deixar de 
alegar na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos responderá integralmente 
pelas custas, na relativa, o juiz não pode reconhecê-la de ofício (Sumula 33 do STJ). 
 
MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA 
 
- Legal: Conexão continência, imperativo constituicional e o juízo universal. 
 
+ Conexão: Art. 103, CPC. Quando houver duas ações com mesmo pedido e causa de 
pedir. 
 
“Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando Ihes for comum o objeto ou 
a causa de pedir.” 
 
+ Continência: Art. 104, CPC. As mesmas partes e mesma causa de pedir e o pedido de 
um tem que ser maior que o do outro. 
 
“Art. 104. Dá-se a continência entre duas ou mais 
ações sempre que há identidade quanto às partes e 
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à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais 
amplo, abrange o das outras.” 
 
+ Imperativo Constitucional: Art. 109, CF. Toda vez que a União intervir no processo a 
competência é da justiça federal. 
 
“Art. 109. Aos juízes federais compete processar e 
julgar: 
- as causas em que a União, entidade autárquica ou 
empresa pública federal forem interessadas na 
condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, 
exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e 
as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do 
Trabalho;” 
 
+ Juízo universal: É a “vis atractiva”, a vara se torna competente para julgar todas as 
causas, como acontece no caso da Falência, que a vara que julga a falência vira um polo 
de atração dos demais processos da empresa falida. 
 
- Voluntária: Divide-se em: 
 
+ Expressa: É o foro de eleição. É a circurnscrição geográfica escolhida pelas partes. 
Escolhe apenas o território, não pode escolher a vara e nem o juíz. 
+ Tácita: Tinha incompetência relativa e essa não fora alegada pelo réu acarretando 
assim a prorrogação. 
 
 
Na conexão e na continência pode haver união dos processos, e quando há um conflito de 
competência art. 115, CPC) o Tribunal de Justiça decide. 
 
“Art. 115. Há conflito de competência: 
I - quando dois ou mais juízes se declaram 
competentes; 
II - quando dois ou mais juízes se consideram 
incompetentes; 
III - quando entre dois ou mais juízes surge 
controvérsia acerca da reunião ou separação de 
processos.” 
 
 
 
MAIS DETALHES DA CONEXÃO E A CONTINÊNCIA 
 
A regra geral é a da perpetuatio jurisdictionis (CPC, art. 87), que veda a alteração de 
competência no curso da ação, sendo ela fixada no momento da propositura. 
 
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Não obstante a regra geral, o CPC, permite a modificação da competência após a propositura 
da ação nos casos de “conexão” ou “continência” (art. 102, CPC). Assim, segundo o art. 103 do 
CPC, reputam-se conexas duas ou mais ações quando lhes for comum o objeto, ou seja, o 
pedido, por exemplo, nas ações entre as mesmas partes pedindo revisão do valor da pensão 
alimentícia, e a causa de pedir , isto é, o fato jurídico que dá arrimo ao pedido, como nas ações 
com fundamento no mesmo contrato ou no mesmo fato, um acidente, por exemplo. A 
continência, que é uma espécie de conexão, segundo o art. 104 do CPC dá-se entre duas ou 
mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de 
uma, por ser mais amplo, abrange o das outras, como por exemplo nas ações entre as mesmas 
pessoas, relativas a um contrato de mútuo , sendo que em uma delas cobra-se uma prestação; 
na outra, cobra-se todo o valor do mútuo. 
 
PREVENÇÃO 
 
Prevenção é um critério de confirmação e manutenção da competência do juiz que conheceu 
a causa em primeiro lugar, perpetuando a sua jurisdição e excluindo possíveis competências 
concorrentes de outros juízos. 
Por se tratar de matéria de ordem pública, não se sujeita à preclusão, podendo ser alegada a 
qualquer tempo. Sendo juízes de mesma competência territorial, considerar-se-á prevento o 
que despachou em primeiro lugar (CPC, arts. 106 e 263), e sendo de competência territorial 
diversa (comarcas distintas), considerar-se-á prevento o juiz do processo que realizou a citação 
em primeiro lugar (CPC, art. 219). 
Entretanto, essa reunião só será possível se não ocorrer hipótese de competência absoluta dos 
órgãos julgadores e se as ações ainda estiverem pendentes de julgamento, tramitando no 
mesmo grau de jurisdição. 
 
 
EM SUMA: 
 
Vai unir no juízo prevento, o que decide o juízo prevento é a citação válida, conforme o art. 
219 do CPC. 
 
“Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, 
induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda 
quando ordenada por juiz incompetente, constitui 
em mora o devedor e interrompe a prescrição. 
§ 1o A interrupção da prescrição retroagirá à data 
da propositura da ação. 
§ 2o Incumbe à parte promover a citação do réu 
nos 10 (dez) dias subseqüentes ao despacho que a 
ordenar, não ficando prejudicada pela demora 
imputável exclusivamente ao serviço judiciário. 
§ 3o Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o 
prazo até o máximo de 90 (noventa) dias. 
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§ 4o Não se efetuando a citação nos prazos 
mencionados nos parágrafos antecedentes, haver-
se-á por não interrompida a prescrição. 
§ 5o O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição. 
§ 6o Passada em julgado a sentença, a que se refere 
o parágrafo anterior, o escrivão comunicará ao réu 
o resultado do julgamento.” 
 
O art. 106 do CPC traz uma exceção a regra da citação válida, que é quando as ações conexas 
encontram-se na mesma competência territorial(mesma comarca), no caso em tela a 
competência será de quem primeiro despachou. 
 
“Art. 106. Correndo em separado ações conexas 
perante juízes que têm a mesma competência 
territorial, considera-se prevento aquele que 
despachou em primeiro lugar.” 
 
Em resumo, mesma comarca: quem despachou primeiro; e comarca diferentes: primeira 
citação válida. 
 
 
 
 
 
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: 
 
A incompetência relativa não pode ser declarada de oficio pelo juiz (compete ao réu levantar a 
questão, através de peça em separado, chamada exceção de incompetência), salvo, segundo o 
parágrafo único do art. 112 do CPC, acrescentado pela Lei nº 11.280, de fevereiro de 2006, nos 
casos que envolvam litígios que tenham arrimo em contratos de adesão, vez que neste caso é 
licito ao juiz ex officio reconhecer a nulidade da cláusula de eleição de foro e declinar de sua 
competência para o juízo de domicilio do réu. 
 
CONFLITO DE COMPETÊNCIA 
 
A questão da competência ou incompetência também pode ser levantada por um outro 
procedimento próprio, denominado conflito de competência, regulado nos arts. 115 a 124 do 
CPC. O conflito pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo Ministério Público ou pelo juiz 
(art. 116), e é decido pelo tribunal que designa qual juiz é o competente para decidir o conflito, 
pronunciando-se sobre a validade dos atos praticados pelo incompetente (art. 122). 
 
Instaura-se mediante petição dirigida ao presidente do tribunal, instruída com os documentos 
que comprovem o conflito, ouvindo o relator, com a distribuição, os juízes em conflito. 
Sobrestará o processo, caso o conflito seja positivo; se o conflito for negativo, o 
sobrestamento não será necessário, pois não haverá juízo praticando atos processuais. Deverá 
ainda o relator designar um juiz para solucionar as questões urgentes. 
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Assim, há conflito de competência quando dois ou mais juízes se declaram competentes 
(conflito positivo) ou incompetentes (conflito negativo) e também no caso de controvérsia 
sobre reunião ou separação de processos (CPC, art. 115, I, II e III). 
 
O conflito entre autoridade judiciária e autoridade administrativa, ou só entre autoridades 
administrativas, chama-se conflito de atribuições e não conflito de competência. 
 
CONCEITO DE DEMANDA 
 
Demanda é a pretensão levada a juízo. É aquilo que se vai buscar ao judiciário, o que se almeja 
perante o juízo. É um direito subjetivo que é instrumentalizado através da petição inicial. 
 
 
 
ELEMENTOS DA AÇÃO 
 
PARTES 
CAUSA DE PEDIR 
PEDIDO 
 
 
 
 
 
 
AS CONDIÇÕES DA AÇÃO 
 
O direito de ação é autônomo e incondicional, conforme já se viu; todavia para que a parte 
possa obter um pronunciamento judicial quanto ao mérito do seu pedido no chamado “direito 
processual de ação”, é necessária a presença das seguintes condições: interesse processual, 
legitimidade das partes, possibilidade jurídica do pedido. Entretanto, estas condições não 
impedem que o autor ajuíze a ação, que, enquanto direito, é incondicional, mas representam 
requisitos impostos ao autor para que este consiga um pronunciamento quanto ao mérito do 
seu pedido. 
 
Assim, faltando qualquer dessas condições, o autor será declarado carecedor de ação, 
extinguindo-se o feito sem julgamento de mérito (art. 267, VI, CPC). Como se disse 
anteriormente, não se nega ao individuo acesso ao Poder Judiciário, uma vez que é o juiz que, 
por sentença, declara eventualmente o litigante carecedor de ação; o que se nega, repita-se, é 
a possibilidade de que o Estado-juiz venha a conhecer do pedido, porque não estão presentes 
aspectos fundamentais de viabilidade do processo. 
 
 
Interesse processual ou interesse de agir 
 
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Como vimos, a ação visa obter uma providência jurisdicional quanto a uma pretensão e, 
quanto a um bem jurídico pretendido pelo autor. Assim, há na ação, como seu objeto, um 
interesse de direito substancial, consistente no bem jurídico, material ou incorpóreo, 
pretendido pelo autor, cognominado interesse primário. 
 
Todavia, há outro interesse que move a ação - o interesse na obtenção de uma providência 
jurisdicional quanto àquele interesse, ou seja, há o interesse de agir, de reclamar a atividade 
jurisdicional do Estado, para que este tutele o interesse primário ou direito material. 
 
Profere-se que o interesse de agir é um interesse secundário, instrumental, subsidiário, de 
natureza processual, consistente na necessidade de obter uma providência jurisdicional para 
alcançar o resultado útil previsto noordenamento jurídico em seu benefício. Para tanto, é 
preciso que em cada caso concreto, a prestação jurisdicional solicitada seja necessária e 
adequada. 
 
O interesse processual se traduz no binômio “necessidade/utilidade” (arts. 3º e 4º, CPC). Com 
efeito, a pessoa não pode usar da ação para fazer uma consulta ao Poder Judiciário. É 
necessário que a atuação judicial seja imprescindível para a obtenção do direito, seja porque o 
devedor, ou obrigado, se recusa a cumprir a obrigação ou reconhecer o direito do autor 
(negativa do devedor), seja por “imposição legal”, isto é, só por meio do ajuizamento da ação é 
possível obter a pretensão (v.g., divórcio, adoção, interdição etc.). 
 
Legitimação das partes (legitimatio ad causam) 
 
Regra geral, a ação só pode ser ajuizada por quem se declara titular do direito material em 
face do obrigado ou devedor, na chamada legitimação ordinária, uma vez que somente assim é 
possível realmente solucionar a lide. De fato, ninguém pode pedir o que não é seu, e de nada 
adiantaria o ajuizamento de uma ação em face de quem não é o obrigado. Em circunstâncias 
excepcionais, a lei permite (art. 6º, CPC), na chamada “substituição processual”, ou legitimação 
extraordinária, que uma pessoa demande em nome próprio direito de outrem (v.g., consorte 
que reivindica a coisa comum que se encontra na posse de terceiros, art. 1.314, CC/2002; 
credor solidário, art. 267, CC/02; Ação Popular, art. 5º, LXXIII, CF; Ação Civil Pública, arts. 1º e 
5º ), Lei nº 7.347/85- LACP; Mandato de Segurança, Lei nº 1.533/51-LMS; Ministério Público, 
art. 81 do CPC, que é substituto processual sempre que autorizado por Lei, como no caso do 
CDC, art. 81, CPP, art. 68, Lei nº 8.560/92, art. 2º etc.) 
 
Possibilidade jurídica do pedido 
 
Não obstante, o direito de ação seja distinto do direito material a que visa tutelar, a proposta é 
da obtenção de uma providência jurisdicional sobre uma pretensão tutelada pelo direito 
objetivo, ou seja, o pedido deverá consistir numa pretensão que, em abstrato, seja tutelada 
pelo direito objetivo, isto é, admitida a providência jurisdicional solicitada pelo autor. 
 
Aliás, nem todos os conflitos são tutelados pelo direito (v.g., questões morais, religiosas e de 
foro intimo), e outros, ainda, são expressamente proibidos. Assim, o pedido do autor é 
possível quando não for direta ou indiretamente vedado pelo ordenamento jurídico. Em 
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outros termos, o pedido será juridicamente impossível quando o juiz, ao receber a exordial, 
constatar de plano a sua inviabilidade (v.g., autor requer a prisão civil do devedor por divida 
não alimentícia; autor requer a penhora de bens públicos; cobrança de divida de jogo etc.). 
 
ATENÇÃO! 
 
FUNÇÃO DO CURADOR ESPECIAL 
 
A curadoria especial, ou curador de ausentes, é múnus público imposto pelo juiz a terceira 
pessoa para que, dentro do processo, represente uma das partes. Com efeito, dispõe o art. 9º 
do CPC que o juiz dará curador especial: I – ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se 
os interesses deste colidirem com os daquele; II – ao réu preso, bem como ao revel citado por 
edital ou com hora certa. 
A nomeação do curador especial tem como propósito proteger os interesses da parte 
curatelada, razão pela qual ele deverá necessariamente responder ao pedido do autor, 
apresentando, conforme as circunstancias do caso, contestação, exceção, reconvenção, 
impugnações e embargos, sendo-lhe vedada a prática de qualquer ato que implique disposição 
do direito material do curatelado, como confissão, transação ou reconhecimento do pedido. 
Na falta de elementos que possam fundamentar a contestação, o curador especial deve fazê-la 
por negação geral (art. 302, parágrafo único, CPC), que tem o efeito de tornar controvertidos 
os fatos narrados na petição inicial, afastando os efeitos da revelia e impondo ao autor o ônus 
de provar os fatos constitutivos de seu direito. 
 
CLASSIFICAÇÃO AS AÇÕES 
 
Quanto ao tipo de provimento pedido pelo autor, as ações são ordinariamente classificadas 
em ações cautelares, de conhecimento e de execução. As ações cautelares são as que suscitam 
medidas jurisdicionais preventivas, a fim de acautelar interesses das partes em perigo pela 
demora da tutela jurisdicional nas ações de conhecimento ou de execução. Já as ações de 
conhecimento, ou cognição, são aquelas que invocam uma tutela jurisdicional de 
conhecimento, em que o Estado-juiz, após tomar conhecimento pleno do conflito, prolata 
decisão que resolve a lide. Ressalve-se que a Lei nº 11.232, de 22 de dezembro de 2005, “com 
vigência para 24 de junho de 2006”, transformou a ação de execução fundada em titulo 
judicial em “fase” da ação de conhecimento, que não mais termina com a sentença, estendo-
se até a efetiva realização do direito (atos executivos), salvo quando a executada for a Fazenda 
Pública (arts. 730 e 731, CPC). 
 
Por último, as ações de execução são aquelas que invocam uma tutela de execução (força 
estatal), que procuram realizar praticamente o direito já reconhecido em certos títulos 
extrajudiciais com eficácia executiva (art. 585, CPC), e em decisões proferidas nas ações de 
conhecimento em desfavor da Fazenda Pública (arts. 730 e 731, CPC). 
 
Como já vimos, a tutela jurisdicional se manifesta por meio de decisão, ou meio de atos de 
execução, ou por meio de medidas cautelares ou preventivas. A tutela jurisdicional sob forma 
de decisão do mérito da causa pressupõe um processo de conhecimento. A tutela de execução 
reclama atos executórios que realizem praticamente a sentença proferida em ação de 
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conhecimento ou títulos extrajudiciais a que a lei atribui eficácia executiva. A tutela 
jurisdicional cautelar visa a acautelar interesses das partes em perigo pela demora da 
providência jurisdicional de conhecimento ou de execução. 
 
Conforme se trate de tutela jurisdicional de conhecimento, de execução, preventiva ou 
cautelar, se classificam as ações em ações de conhecimento, ações de execução e ações 
cautelares. 
 
 
Ações de Conhecimento: 
 
O processo, de que se vale o órgão jurisdicional, se diz de conhecimento, porque através dele 
se conhecerá com segurança não só a pretensão do autor como a resistência que lhe opõe o 
réu, isto é, a lide posta em juízo. Assim, as ações de conhecimento podem ser: 
 
a) meramente declaratória – é aquela em que o pedido do autor se resume à declaração de 
existência ou de inexistência de uma relação jurídica ou à autenticidade ou falsidade de 
documento (CPC, art. 4.º)2 ; 
b) condenatória – declara-se a violação ao preceito legal e impõe-se uma sanção ao infrator, e 
c) 
c)constitutiva – Ex. Separação Judicial por injúria grave: declara-se a existência de uma injúria 
grave e decreta a extinção do vínculo conjugal. Rescisão de contrato: declarado o 
inadimplemento contratual, segue-se a decretação da rescisão do contrato. 
 
Ações Executivas: 
 
Visam um provimento satisfativo. Provocam providências jurisdicionais de execução. Pode 
acontecer que, proferida a sentença, na ação condenatória, o réu, isto é, o devedor, satisfaça a 
obrigação. Caso não satisfaça espontaneamente a obrigação poderá o credor utilizar-se do 
título executivo para solicitar da jurisdição providências indispensáveis para realizar 
efetivamente a regra sancionadora contida na sentença. 
 
Ações Cautelares: 
 
São ações preventivas que visam a providências urgentes e provisórias, tendentes a assegurar 
os efeitos de um provimento principal, em perigo por eventual demora na solução do 
processo. 
Em verdade, através do processo de conhecimento e de execução, a jurisdição cumpre o ciclo 
de suas funções principais. Mas, paraassegurar o êxito dessas atividades, não raro, necessita-
se da atividade cautelar. 
 
 
 
 
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SUJEITOS PROCESSUAIS 
 
Os sujeitos do processo são pessoas, físicas ou jurídicas, que participam da relação processual 
(partes), quais sejam: autor e réu. Diz-se do autor aquele que formula o pedido ao juízo, 
enquanto o réu é aquele em face de quem o autor faz o pedido; juiz – sujeito imparcial do 
processo, investido de autoridade para dirimir a lide; e terceiros interessados - poderá 
ingressar como parte principal. 
 
PARTES E SEUS PROCURADORES 
 
Partes são pessoas, físicas ou jurídicas, que participam da relação processual, ou seja, os 
sujeitos do processo. De forma geral, no processo de conhecimento são chamadas de autor e 
réu. Diz-se autor aquele que formula o pedido ao juízo, enquanto o réu é aquele em face de 
quem o autor faz o pedido. Note-se, no entanto, que esta denominação das partes varia 
conforme o tipo de processo, a espécie do procedimento ou mesmo de acordo com a fase 
processual. 
 
DEVERES DA PARTES 
 
Embora o processo seja um jogo, todo aquele que dele participa (partes, procuradores, 
serventuários, auxiliares, terceiros etc.) deve proceder com probidade e lealdade, isto é, 
sustentar suas razoes dentro dos limites da ética, da moralidade e da boa fé (princípio da 
probidade processual), expondo os fatos conforme a verdade e evitando provocar incidentes 
inúteis e/ou infundados que visam apenas à procrastinação do feito. Neste sentido, declara o 
art. 14 do CPC que “são deveres das partes e todos aqueles que de qualquer forma participam 
do processo: I –expor os fatos em juízo conforme a verdade; II – proceder com lealdade e boa-
fé; III – não formular pretensões, nem alegar defesa, cientes de que são destituídas de 
fundamento; IV – não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou desnecessários à 
declaração do direito; V – cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar 
embaraços à efetivação de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final”. 
 
COMENTÁRIOS AOS ARTS. 36 A 40 DO CPC 
 
Conforme o art. 3ºdo CPC, o primeiro requisito para o ingresso em Juízo consiste em que a 
pessoas esteja no exercício do direito da ação, isto é, que lhe assista o direito de agir e que 
tenha, ainda, qualidade para agir, alem da possibilidade jurídica do seu pedido, ou seja, que a 
pretensão seja suscetível de acolhimento judicial, por estar prevista em lei. Reunindo esses 
três fatores que constituem o primeiro requisito para o ingresso em juízo, a pessoa estará apta 
a exigir a prestação jurisdicional do Estado, isto é, a requerer que o Estado, por via do Poder 
Judiciário, intervenha na contenda e a decida. 
Todavia, para que o ingresso em juízo se concretiza, a parte interessada deverá fazer-se 
representar por advogado legalmente habilitado, conforme expressa exigência do artigo 36, 
CPC. Entende-se por advogado legalmente habilitado o bacharel em direito regularmente 
inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil e em dia com suas contribuições a essa entidade de 
classe. 
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O documento pelo qual se constitui um procurador é a procuração, que pode ser pública ou 
particular. Pública, quando passada em cartório, no livro de notas do tabelião, da qual se extrai 
o traslado (cópia) que acompanhará a petição para o ingresso em juízo. Particular, quando 
impressa, datilografada, digitada ou manuscrita, e, de qualquer forma, assinada de próprio 
punho pelo outorgante, com a firma reconhecida por tabelião, conforme exigência expressa do 
artigo 38, CPC. Portanto, só podem outorgar procuração particular as pessoas alfabetizadas e 
que estejam em condições de assinar de próprio punho. 
 
A pessoa capaz para ingressar em juízo deve, portanto, constituir um advogado seu 
procurador, outorgando-lhe a competente procuração, seja pública ou particular. Se se tratar 
de pessoa absolutamente incapaz, a procuração deverá ser outorgada pelo pai ou pela mãe, 
pelo tutor ou pelo curador, e, nesse caso, o incapaz será representado; se se tratar de 
relativamente incapaz, ele próprio assinará a procuração, porém juntamente com o pai ou a 
mãe, o tutor ou o curador, e, nessa hipótese, o incapaz será representado, mas apenas 
assistido. 
 
Deste modo, nenhum advogado sem estar munido de procuração poderá ser admitido em 
juízo para tratar de causas em nome de outrem. O próprio Código, porém, no mesmo artigo 
37, abrindo uma exceção, permite o ingresso do advogado em juízo, sem procuração, a fim de 
evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos reputados 
urgentes e falte-lhe tempo para munir-se do mandato. Nesse caso, expondo a situação ao juiz, 
o advogado se comprometerá a apresentar a procuração no prazo que lhe for concedido, 
prazo este que será de 15 (quinze) dias, prorrogável por mais 15(quinze). 
 
Caso a procuração não seja apresentada no prazo, ficarão nulos e considerados de nenhum 
efeito todos os atos até então praticado pelo advogado, que ficará, ainda responsável por 
todas as despesas e perdas e danos que ocorrerem. (parágrafo único, art. 37, CPC). 
 
Se a pessoa que pretende ingressar em juízo é bacharel em direito e está com o seu diploma 
regularizado, inclusive com a inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e quitação com as 
contribuições devidas a essa instituição, pode postular diretamente em juízo, defendendo os 
seus próprios interesses. É o que expressamente dispõe o artigo 36 do CPC. 
 
Todavia, mesmo não sendo bacharel em direito ou não estando com seu diploma regularizado, 
a pessoa poderá ingressar pessoalmente em juízo, em defesa de seus direitos como se 
depreende do artigo 36, se no lugar não houver advogado devidamente habilitado, ou se os 
existentes estiverem impedidos ou recusarem o patrocínio da causa. Em casos tais, o 
interessado deverá provar as circunstancias que ocorrerem, juntando, inclusive, declaração do 
advogado impedido ou recusante, conforme o caso. 
 
Segundo o artigo 39 do CPC, cumpre o advogado, ou à parte, quando postular em causa 
própria: 1) declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço em que receberá as 
intimações; 2) comunicar ao escrivão do processo qualquer mudança. Se tal não for feito, no 
primeiro caso, o juiz, antes de ordenar a citação, concederá prazo de 48 horas para que seja 
declarado o endereço, sob pena de indeferimento da petição; e, no segundo caso, serão tidas 
como válidas as intimações feitas por carta registrada, para o endereço constante dos autos. 
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Para evitar que nas procurações se inscrevam, pormenorizadamente, todos os poderes 
conferidos ao advogado e necessários ao acompanhamento eficiente do processo, admite a lei 
a outorga de mandato para o foro em geral, a que faz referencia o artigo 38, e que vem a ser a 
procuração “ad judicia”. 
 
Trata-se de cláusula que habilita o advogado a praticar todos os atos necessários ao 
andamento do feito e em defesa de seu constituinte. Quaisquer outros poderes, além dos 
estritamente referentes a atos do processo, devem constar expressamente da procuração, 
conforme determina o mesmo artigo 38. 
 
Daí porque se inserem nas procurações os poderes inerentes à cláusula “ad judicia” e mais os 
especiais que venham a ser necessários, tais como os de transigir, desistir, receber, dar 
quitação, firmar compromisso etc. 
 
Conforme preceitua o artigo 40, o advogado tem direito: 1) de examinar, em cartório ou 
secretaria de Tribunal,autos de qualquer processo, salvo os que correm em segredo de justiça, 
a saber: os que o interesse público exigir sigilo; os que dizem respeito a casamento, filiação, 
separação de cônjuges, conversão desta em divórcio, alimentos e guarda de menores. Tais 
processos podem livremente ser consultados e deles serem pedidas certidões, quando se 
tratar das próprias partes ou de seus advogados. As demais pessoas que demonstrarem 
interesse jurídico em consultá-los ou deles obter certidões devem requere ao juiz; 2) de 
requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer processo pelo prazo de cinco dias; 3) 
de retirar os autos do cartório ou secretaria pelo prazo legal, sempre que lhe competir falar 
neles por determinação judicial ou nos casos previstos em lei. 
 
Quando o advogado retirar autos do cartório, deve firmar recibo no livro próprio, que se 
denomina “livro de carga”, no qual o escrivão dará a respectiva baixa, por ocasião da 
devolução. 
Se o prazo da consulta ao processo for comum às partes, somente em conjunto ou mediante 
prévio ajuste por petição nos autos poderão os procuradores retirar os autos do cartório. 
 
CAPACIDADE PROCESSUAL; DIFRENÇA DA CAPACIDADE CIVIL E DA CAPACIDADE 
POSTULATÓRIA OU TÉCNICA 
 
Capacidade processual é a aptidão para ser sujeito, ativo ou passivo, da relação jurídica 
processual. Embora toda pessoa possa estar em juízo, não importando a sua idade ou estado 
civil, somente têm capacidade processual aquelas que possuem a chamada capacidade de 
exercício ou de fato . Em outras palavras, capacidade processual é a capacidade para exercitar 
os direitos atuando processualmente, e não apenas figurar como parte no processo. 
 
Capacidade civil é a aptidão da pessoa para exercer direitos e assumir obrigações. Em outras 
palavras, trata-se de capacidade jurídica, ou capacidade de gozo, regulada pelo direito civil. 
Assim, todo homem é capaz de direitos e deveres processuais, isto é, de ser sujeito da relação 
processual, e, pois, tem capacidade de ser parte. (v.g. arts. 1º ao 5º do CC/02 e 8º do CPC). 
 
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Capacidade postulatória ou técnica é a aptidão para promover ações judiciais, elaborar defesas 
e praticar outros atos processuais. Não deve ser confundida com a capacidade processual, que, 
como já se disse, é aptidão para estar em juízo. Só têm capacidade postulatória, segundo o art. 
36 do CPC e o art. 8 da Lei nº 8.906/94 (EA), o bacharel em Direito regularmente inscrito no 
quadro de advogados da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Ministério Público, nos 
casos expressamente autorizados pela lei (art. 81, CPC). 
 
Como visto, diferencia-se capacidade civil da capacidade postulatória, uma vez que esta é a 
capacidade de pleitear em juízo os seus direitos, através de seu representante legal. Enquanto 
aquela é a aptidão que a pessoa tem de gozar de seus direitos civis, a partir do nascimento 
com vida, vez que já podem figurar como sujeito ativo e passivo de obrigações. 
 
 
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS 
 
Pressupostos processuais são todos os elementos de existência, os requisitos de validade e as 
condições de eficácia do procedimento, aspecto formal do processo, que é ato de formação 
sucessiva, ou seja, são os requisitos necessários para a constituição e o desenvolvimento 
regular do processo. Subdividem-se em: 
 
Pressupostos de existência do processo: subjetivos: Para o juiz: Investidura e para as partes : 
capacidade de ser parte; objetivo – existência de demanda. 
 
Pressupostos antecedentes, ou de existência do processo, são aqueles que deverão preexistir à 
relação processual. São os requisitos necessários para a instauração do processo. 
 
Requisitos de validade: subjetivos: Para o juiz: capacidade e imparcialidade e para as partes 
(capacidade processual e capacidade postulatória); objetivos: extrínsecos(ou negativos) – 
perempção, litispendência, coisa julgada, convenção de arbitragem e intrínsecos ( ou 
positivos)- demanda apta e citação válida. 
 
Destarte, os pressupostos processuais responsáveis pela validade da relação processual podem 
ser classificados sob dois aspectos distintos: os pressupostos positivos, que devem estar 
presentes no processo, e os pressupostos negativos, cuja ausência é necessária para a validade 
da relação processual. 
 
PETIÇÃO INICIAL 
 
 
 
Como o juiz não age de ofício, a petição inicial "é universalmente a peça preambular ou 
inaugural do processo civil, independentemente do rito sobre o qual incidirá, tornando-se 
responsável, por conseguinte, pela instauração da demanda e da tutela jurisdicional -pública 
ou privada –“ 
É o instrumento, escrito, que contém o pedido do autor, assim como os demais requisitos 
pertinentes à individualização subjetiva e objetiva da ação. 
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Requisitos da Petição Inicial 
 
O artigo 282 do CPC indica os requisitos da petição inicial. 
 
 Indicação do juiz ou tribunal a que é dirigida a petição (art. 282, I) 
 
Com o inciso I, aponta-se o órgão competente para conhecer da ação, em primeiro grau de 
jurisdição, primeira dificuldade com que se defronta o advogado, pois nem sempre de fácil 
determinação. 
 
 Nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu (art. 
282, II) 
 
 Os incisos II, III e IV dizem respeito aos elementos da ação: partes, causa de pedir e 
pedido. 
 
O inciso II exige a indicação do nome e da qualificação das partes. Contudo, em ações contra 
muitos réus, o nome e qualificação de cada um deles pode constar de documento anexo . 
 
ATENÇÂO! Em ações de reintegração de posse, em casos como o de invasões de terras por 
integrantes do “Movimento dos Sem Terra”, tem-se com razão dispensado a indicação do 
nome de cada um dos invasores, sendo a ação movida contra os invasores ou ocupantes, 
citando-se os líderes do movimento, ou todos, com o uso de megafone. É possível, ainda em 
outros casos, que o juiz haja de se contentar com a descrição física do réu e indicação do lugar 
em que se encontre. 
 
O fato e os fundamentos jurídicos do pedido 
 
Determina-se a causa de pedir não apenas com a indicação da relação jurídica de que se trata 
(propriedade, por exemplo), mas também com a indicação do respectivo fato gerador 
(aquisição da propriedade por compra e venda, por doação, por sucessão mortis causa, etc.). 
Adotou, assim, o Código, não a teoria da individualização (bastaria a indicação da relação 
jurídica correspondente, especialmente nas ações reais – causa de pedir imediata), mas a da 
substanciação (os fatos integram a causa de pedir – causa de pedir mediata, fática ou remota). 
 
Exige-se a indicação do fundamento jurídico do pedido (propriedade, por exemplo), não a 
indicação do dispositivo legal correspondente. 
 
 O pedido, com as suas especificações 
 
 
Distingue-se o pedido imediato do mediato. O pedido imediato indica a natureza da 
providência solicitada: declaração, condenação, constituição, mandamento, execução. Pedido 
APOSTILA DA OAB 2ª FASE- PARTE I 
Profª SABRINA DOURADO 
Coord. CRISTIANO SOBRAL 
 
Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035 0105 
 
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mediato é o bem da vida pretendido (quantia em dinheiro, bem que se encontra em poder do 
réu, etc.). 
 
O artigo 286 estabelece: 
 
Art. 286. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico: 
I -nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados; 
II -quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do fato 
ilícito; 
III -quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado 
pelo 
réu. 
O artigo 286 admite

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