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Semiótica e Percepção Visual

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Indaial – 2020
Semiótica e 
PercePção ViSual
Prof. Jorge Elias Dolzan
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof. Jorge Elias Dolzan
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
D665s
Dolzan, Jorge Elias
Semiótica e percepção visual. / Jorge Elias Dolzan. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2020.
217 p.; il.
ISBN 978-65-5663-289-6
ISBN Digital 978-65-5663-284-1
1. Semiótica. - Brasil. 2. Percepção visual. – Brasil. II. Centro 
Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 745.2
aPreSentação
Para iniciar o estudo relacionado à disciplina de Semiótica e à 
Percepção Visual é necessária uma breve contextualização destas duas 
temáticas, tão pertinentes à formação de profissionais ligados às áreas de 
projeto, planejamento e criação. A noção de que processos criativos resultem 
em produtos/serviços para o mercado, que precisa perceber estes produtos 
não apenas como necessários utilitariamente, mas como carregados de 
significados e sentidos, pode contribuir para demonstrar a importância da 
semiótica e da percepção visual na formação de profissionais ligados às 
áreas de projeto de produto (seja ele gráfico, industrial, moda, interiores, 
arquitetura, entre outros). 
Afinal de contas é preciso ter um vasto repertório visual para dar 
forma às ideias que serão geradas nos processos criativos de projeto. Ainda, 
é preciso entender que existe uma teoria que dá conta dos processos de 
significação e da linguagem visual, na qual temos pouca formação em nossa 
passagem escolar – há um peso considerável no letramento, mas poucas 
são as metodologias de ensino escolar que dão ênfase à linguagem visual. E 
quando optamos por áreas profissionais ligadas ao projeto – e aqui entram 
a arte (em todos os seus manifestos); a arquitetura; o design; entre outras; 
carecemos de tal formação. 
Em paralelo à importância do “letramento” visual – da capacidade de 
ler e produzir formas e elementos visuais; somos cobrados profissionalmente 
pela capacidade de entregar conceitos – dar e entender os significados por 
trás dos textos visuais, ou seja, de que nossos produtos possam se vender 
por si só, que o resultado de nosso trabalho seja entendido pelo nosso cliente. 
Além de que precisamos, de certa forma, buscar muitos destes conceitos nos 
contextos em que está inserido o público-alvo dos nossos projetos. De certa 
forma, além de ter o “letramento” visual precisamos saber o que vamos 
“escrever” visualmente. E aí entra a semiótica, como uma ciência que dá 
conta, sob certa perspectiva, desta leitura de mundo e de como podemos 
produzir para que este mesmo mundo compreenda. 
Cada vez mais nos vemos inseridos em uma sociedade onde as 
relações sociais estão pautadas na imagem e na capacidade de comunicação 
que o mundo visual (e audiovisual) proporciona. Dentro disso, a percepção 
visual se torna impactante, à medida que o entendimento de como 
percebemos e compomos o mundo à nossa volta vem se tornando ferramenta 
diferenciadora para o sucesso pessoal e profissional. Em outra perspectiva, 
mas referente ao mesmo objeto, vemos que a capacidade de interpretar 
coerentemente os elementos de comunicação e a inteligência de darmos 
sentido ao que queremos comunicar, tem base operacional na Semiótica – 
que de forma introdutória pode ser entendida como a “ciência que estuda 
os signos”.
A junção destas duas áreas (Semiótica e Percepção Visual) tem 
coerência, mas nos coloca num cenário complexo e denso em abordagens a 
ser trabalhada em uma disciplina. Desta forma, além de fazer um recorte dos 
teóricos, vamos, num primeiro momento, dividir as duas temáticas, tratando 
da semiótica e depois da percepção visual, para então ao final unir as duas, 
dando conta do objetivo geral da disciplina: desenvolver a capacidade de 
análise e crítica a partir da noção de percepção visual com base na semiótica.
O livro didático está estruturado em três unidades, com a pretensão de 
discutir os temas: a semiótica, a percepção visual e a semiótica e a percepção 
visual nos processos de design. 
Na Unidade 1, estudaremos a semiótica. Serão tratados os conceitos 
introdutórios de semiologia e semiótica. E, de forma específica, serão 
trabalhadas definições sobre a semiologia e o plano de expressão e plano de 
conteúdo; e sobre a semiótica e a tricotomia do signo: ícone, índice e símbolo.
Na Unidade 2, estudaremos a percepção visual. Abordaremos a 
percepção visual e aprofundamentos nas leis da organização da forma: 
Gestalt; e nos princípios, técnicas e elementos básicos da composição.
Na Unidade 3, estudaremos a semiótica e a percepção visual nos 
processos de design; com análise de casos que permitam a aplicabilidade da 
semiótica na percepção visual, identificando as categorias de conteúdo nos 
formantes da macroestrutura dos textos não verbais.
Estas unidades dão conta de suportar a disciplina Semiótica e Percepção 
Visual que tem como objetivo geral o desenvolvimento da capacidade 
do discente de analisar e criticar projetos de design, a partir da noção de 
percepção visual com base na semiótica. Contextualizando estas duas áreas, 
esta apresentação permite que sejam observados que a disciplina pretende 
proporcionar aos alunos a instrumentalização necessária ao desenvolvimento 
de exercícios teóricos e práticos relacionados à semiótica e à percepção 
visual; promover o entendimento da semiótica como ciência base para 
o desenvolvimento de projeto de design; sensibilizar e instrumentalizar 
o discente para o uso, intencional, de elementos da linguagem visual; e 
potencializar a capacidade analítica e crítica do discente com base em 
fundamentos que suportem seus posicionamentos profissionais. 
Ciente de que alcançar estes objetivos está relacionado diretamente 
com o comprometimento de todos os envolvidos, desejamos bons estudos e 
sucesso!
Prof. Jorge Elias Dolzan
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntosnesta caminhada!
LEMBRETE
Sumário
UNIDADE 1 — SEMIÓTICA ............................................................................................................... 1
TÓPICO 1 — EFEITOS DE SENTIDO NO PROCESSO SEMIÓTICO ....................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 EFEITOS DE SENTIDO NO PROCESSO SEMIÓTICO .............................................................. 3
RESUMO DO TÓPICO 1....................................................................................................................... 8
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 9
TÓPICO 2 — CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA ................. 11
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 11
2 BASES INICIAIS DE SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA ................................................................ 11
3 SEMIOLOGIA .................................................................................................................................... 15
4 SEMIÓTICA ........................................................................................................................................ 19
4.1 A PRIMEIRIDADE ........................................................................................................................ 21
4.2 A SECUNDIDADE ....................................................................................................................... 22
4.3 A TERCEIRIDADE........................................................................................................................ 22
5 CATEGORIAS DO SIGNO ............................................................................................................. 23
6 TRICOTOMIA DO SIGNO ............................................................................................................. 24
6.1 REPRESENTÂMEN ...................................................................................................................... 25
6.2 INTERPRETANTE ........................................................................................................................ 31
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 40
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 41
TÓPICO 3 — A SEMIOLOGIA E A SEMIÓTICA ......................................................................... 43
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 43
2 A SEMIOLOGIA E O PLANO DE EXPRESSÃO E PLANO DE CONTEÚDO ...................... 43
3 A SEMIÓTICA E A TRICOTOMIA DO SIGNO: ÍCONE, ÍNDICE E SÍMBOLO ................ 47
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 52
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 55
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 56
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 63
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL ............................................................................................ 65
TÓPICO 1 — PERCEPÇÃO VISUAL – FISIOLOGIA E PSICOLOGIA DA VISÃO .................... 67
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 67
2 PERCEPÇÃO VISUAL – FISIOLOGIA E PSICOLOGIA DA VISÃO .................................... 68
3 FISIOLOGIA E PSICOLOGIA DA VISÃO .................................................................................. 72
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 79
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 80
TÓPICO 2 — AS LEIS DA ORGANIZAÇÃO DA FORMA: GESTALT ..................................... 83
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 83
2 AS LEIS DA GESTALT ...................................................................................................................... 83
3 PRINCÍPIOS DA COMPOSIÇÃO DA GESTALT ....................................................................... 88
 3.1 UNIDADE ...................................................................................................................................... 88
3.2 SEGREGAÇÃO ............................................................................................................................. 89
3.3 PROXIMIDADE ............................................................................................................................ 90
3.4 SEMELHANÇA............................................................................................................................. 90
3.5 UNIFICAÇÃO ............................................................................................................................... 91
3.6 FECHAMENTO ............................................................................................................................ 92
3.7 CONTINUIDADE ......................................................................................................................... 93
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 94
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 95
TÓPICO 3 — PRINCÍPIOS, TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO ...... 101 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 101
2 OUTROS PRINCÍPIOS E TÉCNICAS ......................................................................................... 101
2.1 HARMONIA ................................................................................................................................ 101
2.2 CONTRASTE ............................................................................................................................... 102
2.3 EQUILÍBRIO ................................................................................................................................ 105
2.4 EQUILÍBRIO E INSTABILIDADE ............................................................................................ 108
2.5 REGULARIDADE E IRREGULARIDADE .............................................................................. 108
2.6 SIMPLICIDADE E COMPLEXIDADE ..................................................................................... 109
2.7 UNIDADE E FRAGMENTAÇÃO ............................................................................................ 109
2.8 ECONOMIA E PROFUSÃO ...................................................................................................... 110
2.9 MINIMIZAÇÃO E EXAGERO .................................................................................................. 111
2.10 PREVISIBILIDADE E ESPONTANEIDADE ......................................................................... 111
2.11 ATIVIDADE E ESTASE............................................................................................................ 112
2.12 SUTILEZA E OUSADIA .......................................................................................................... 112
2.13 NEUTRALIDADE E ÊNFASE ................................................................................................. 113
2.14 TRANSPARÊNCIA E OPACIDADE ...................................................................................... 113
2.15 ESTABILIDADE E VARIAÇÃO .............................................................................................. 114
2.16 EXATIDÃO E DISTORÇÃO .................................................................................................... 114
2.17 PLANURA E PROFUNDIDADE ............................................................................................ 115
2.18 SINGULARIDADE E JUSTAPOSIÇÃO ................................................................................. 115
2.19 SEQUENCIALIDADE E ACASO ........................................................................................... 116
2.20 AGUDEZA E DIFUSÃO .......................................................................................................... 116
2.21 REPETIÇÃO E EPISODICIDADE .......................................................................................... 117
3 ELEMENTOS VISUAIS .................................................................................................................. 118
3.1 O PONTO ..................................................................................................................................... 118
3.2 A LINHA ...................................................................................................................................... 120
3.3 A FORMA..................................................................................................................................... 121
3.4 A DIREÇÃO ................................................................................................................................. 122
3.5 O MOVIMENTO ......................................................................................................................... 123
3.6 A ESCALA ................................................................................................................................... 124
3.7 A DIMENSÃO ............................................................................................................................. 126
3.8 A TEXTURA ................................................................................................................................. 127
3.9 O TOM .......................................................................................................................................... 128
3.10 A COR ......................................................................................................................................... 129
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 132
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 138
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 139
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 143
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL ............................................................. 145
TÓPICO 1 — A PERCEPÇÃO VISUAL E OS PRINCÍPIOS DE ESTILO ................................ 147
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 147
2 PRINCÍPIOS E HABILIDADES DE ESTILO ............................................................................. 148
3 OS DOIS ESTÁGIOS DO PROCESSAMENTO VISUAL ....................................................... 148
4 A PRIMEIRA PERCEPÇÃO GLOBAL ......................................................................................... 150
5 A HIPÓTESE VISUAL .................................................................................................................... 151
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 158
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 159
TÓPICO 2 — ANÁLISE DICOTÔMICA ....................................................................................... 163
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 163
2 ANÁLISE DICOTÔMICA: A LEITURA COM BASE NA SEMIOLOGIA OU 
SEMIÓTICA SAUSSUREANA ..................................................................................................... 163
3 PLANOS DE EXPRESSÃO E CONTEÚDO ................................................................................ 164
3.1 PLANO DE EXPRESSÃO .......................................................................................................... 164
3.2 PLANO DE CONTEÚDO .......................................................................................................... 166
4 ANÁLISE DICOTÔMICA: PLANO DE EXPRESSÃO E PLANO DE CONTEÚDO .......... 166
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 175
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 176
TÓPICO 3 — ANÁLISE TRICOTÔMICA ..................................................................................... 179
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 179
2 ANÁLISE TRICOTÔMICA: A LEITURA COM BASE NA SEMIÓTICA DE PEIRCE ...... 179
3 ANÁLISE TRICOTÔMICA: AS CATEGORIAS DO OBJETO – ÍCONE, ÍNDICE 
E SÍMBOLO ....................................................................................................................................... 185
4 REFERÊNCIAS ICÔNICAS ........................................................................................................... 194
5 REFERÊNCIAS INDICIÁTICAS ................................................................................................. 195
6 REFERÊNCIAS SIMBÓLICAS ...................................................................................................... 196
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 197
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 203
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 204
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 207
1
UNIDADE 1 — 
SEMIÓTICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender as noções de sentido dentro da noção de representação 
sígnica;
•	 aprender	o	que	é	signo	e	como	se	dá	o	processo	de	significação;
• conhecer os conceitos de semiologia e semiótica como fundamento para o 
entendimento de semiótica;
•	 refletir	acerca	da	capacidade	humana	de	interpretar	e	produzir	signos;
•	 potencializar	a	capacidade	analítica	e	crítica	de	leitura	de	objetos	sígnicos	
com	base	na	semiologia	(plano	de	expressão	e	plano	de	conteúdo)	e	na	
semiótica	(ícone,índice	e	símbolo).
Esta	 unidade	 está	 dividida	 em	 três	 tópicos.	 No	 decorrer	 da	 unidade,	
você	 encontrará	 autoatividades	 com	 o	 objetivo	 de	 reforçar	 o	 conteúdo	
apresentado.
TÓPICO	1	–	EFEITOS	DE	SENTIDO	NO	PROCESSO	SEMIÓTICO
TÓPICO	2	–	CONCEITOS	INTRODUTÓRIOS:	SEMIOLOGIA	E	
SEMIÓTICA
TÓPICO	3	–	A	SEMIOLOGIA	E	A	SEMIÓTICA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
EFEITOS DE SENTIDO NO PROCESSO SEMIÓTICO
1 INTRODUÇÃO
Desde	sua	origem,	o	ser	humano	se	questiona	como	as	coisas	são	capazes	
de	 significar	 outras	 coisas.	 Tanto	 que	 organizou	 pensamento	 para	 explicar	
inúmeros	fenômenos	naturais,	alguns	atribuiu	às	divindades,	outros	à	observação	
do	 próprio	 fenômeno	 e,	 para	 alguns	 se	 utilizou	 de	métodos,	 que	 chamou	 de	
ciência.	As	divindades	gregas,	por	exemplo,	davam	conta	de	explicar	fenômenos	
naturais.	A	observação	do	amanhecer	e	do	anoitecer	deu	conta	de	explicar	que	o	
sol	girava	em	torno	da	Terra,	que	depois	pelo	método	científico	foi	reorganizando	
colocando	a	Terra	como	um	astro	que	gira	sobre	si	mesmo	e	ao	redor	do	Sol.
Tanto	o	movimento	dos	astros	quanto	os	fenômenos	naturais	observados	
são	objetos	que	surgiram	da	capacidade	de	investigação	humana.	Parecendo	suprir	 
a	necessidade	e	 a	vontade	humana	de	dar	 conta	de	 explicar,	de	 alguma	 forma,	
o	 que	 lhe	 atinge.	 E	 a	 semiótica	 ocupa	 posição	 privilegiada	 nesse	 processo,	 se	
entendermos,	inicialmente,	que	se	trata	da	ciência	geral	dos	signos.	Veremos	que,	
onde	houver	abordagens	acerca	de	coisas	e	seus	significados,	ela	se	fará	presente.
Neste	primeiro	tópico	vamos	compreender	as	noções	de	sentido	dentro	
da	 noção	 de	 representação	 sígnica,	 contribuindo	 para	 a	 reflexão	 acerca	 da	
capacidade	humana	de	interpretar	e	produzir	signos.	Também	potencializamos	
a	 capacidade	 analítica	 e	 crítica	 de	 leitura	 de	 objetos	 sígnicos	 com	 base	 na	
semiologia	 (Plano	de	Expressão	 e	Plano	de	Conteúdo)	 e	na	 semiótica	 (Ícone,	
Índice	e	Símbolo).
2 EFEITOS DE SENTIDO NO PROCESSO SEMIÓTICO
Somos	seres	capazes	de	dar	sentido	a	tudo	que	nos	relacionamos.	Quantas	
vezes	você	vivenciou	situações	onde	o	uso	de	uma	determinada	roupa	durante	o	
êxito	de	um	time	de	futebol	fez	com	que	esta	mesma	roupa	fosse	usada	nas	próximas	
partidas	do	mesmo	time,	na	ideia	de	existir	sentido	entre	o	uso	de	determinada	
peça	do	vestuário	e	a	vitória	dele?	Note,	que	as	duas	coisas	provavelmente	não	
tenham	sentido	algum,	passam	a	ter	sentido	para	uma	determinada	pessoa	em	
uma	determinada	ocasião	 –	 aí	 está	um	exemplo	de	 como	o	 ser	humano	é	um	
produtor	de	sentido	por	excelência.
UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
4
Esta	mesma	lógica	ocupa	o	 fazer	promocional	de	um	projetista	que,	ao	
definir	uma	cartela	de	cores	visa	dar	um	sentido	a	sua	coleção.	Isso	vale	também	
para	 a	 cartela	 de	 tecidos,	 de	 texturas,	 de	 aviamentos.	 Todavia,	 diferente	 do	
exemplo	do	time	de	futebol,	os	sentidos	aqui	deverão	ser	partilhados	por	outros	
–	pelo	mercado,	pelo	público-alvo.
Esta noção de “sentido” é importante ser entendida para que possamos 
iniciar	 nosso	 entendimento	 sobre	 a	 semiótica.	 Então,	 de	 forma	 introdutória,	
trataremos	sobre	o	“sentido”.
A abordagem sobre “sentido” pode se limitar ao entendimento que você tem 
do dia a dia. Que tal buscar o conceito do termo “sentido” em um dicionário? Quanto tem 
relação com o seu fazer profissional?
 Veja os que podem ser encontrados:
1. Que se ofende ou melindra facilmente; suscetível, sensível.
2. Que causa pesar; plangente, lamentoso, "canto SENTIDO".
3. Repassado de mágoa; ressentido, magoado.
4. Que está em começo de decomposição, um tanto podre ou estragado.
5. Substantivo masculino (FISIOLOGIA) – faculdade de perceber uma modalidade 
específica de sensações, que correspondem a órgãos determinados [são cinco os 
sentidos: tato, visão, audição, paladar e olfato.].
6. Substantivo masculino – faculdade de sentir ou perceber, de compreender; senso.
7. Substantivo masculino – faculdade de julgar; bom senso, tino.
8. Substantivo masculino – aquilo que se pretende alcançar quando se realiza uma ação; 
alvo, fim, propósito. "suas últimas ações não tiveram SENTIDO nenhum".
9. Substantivo masculino – ponto de vista, modo de considerar; aspecto, face. "em que 
SENTIDO você está falando?"
10. Substantivo masculino – encadeamento coerente de coisas ou fatos; lógica, cabimento. 
"a renúncia do ministro não tem SENTIDO".
11. Substantivo masculino – consciência, razão, discernimento (mais us. no pl.). "recuperou 
os SENTIDOS depois de meses em coma".
12. Substantivo masculino – concentração da atividade mental; atenção, pensamento. "ele 
estuda, mas com o SENTIDO na televisão".
13. Substantivo masculino – aplicação dos sentidos para evitar (algo ruim); cuidado, cautela. 
"tenha SENTIDO no que faz".
14. Substantivo masculino – orientação segundo a qual se efetua um movimento. "SENTIDO 
horário".
15. Substantivo masculino (FILOSOFIA) – faculdade de captar determinada classe ou 
grupo de sensações, estabelecendo um contato intuitivo e imediato com a realidade, e 
assentando desta maneira os fundamentos empíricos do processo cognitivo.
16. Substantivo masculino (LEXICOGRAFIA•LEXICOLOGIA) – cada um dos significados de 
uma palavra ou locução; acepção.
INTERESSA
NTE
TÓPICO 1 — EFEITOS DE SENTIDO NO PROCESSO SEMIÓTICO
5
17. Substantivo masculino (LINGUÍSTICA•LÓGICA) – aquilo que uma palavra ou frase 
podem significar num contexto determinado; significado. "falam em relatividade, no 
sentido einsteiniano do termo".
18. Conjunto de funções da vida orgânica que buscam experimentar o prazer físico, a 
sensualidade.
19. Faculdades intelectuais; o raciocínio.
20. Interjeição expressa cautela, advertência, recomendação.
21. Interjeição (MILITAR – TERMO) – voz de comando para chamar a atenção da tropa.
 São muitos os conceitos, atenção aos de número: 5, 6, 7, 15, 16, 17, 18 e 19; estes 
ficam mais em linha ao SENTIDO que se quer para “sentido” em nossa abordagem.
FONTE: https://www.google.com/search?q=SENTIDO&oq=SENTIDO&aqs=chrome.
.69i57j0l7.980j1j4&sourceid=chrome&ie=UTF-8. Acesso em: 23 set. 2020.
O	termo	sentido	pode	ser	compreendido	como	o	processo	fisiológico	de	
receber	 e	 reconhecer	 as	 sensações	 e	 os	 estímulos	 que	nos	 chegam	através	dos	
cinco	sentidos	–	visão,	audição,	olfato,	tato	e	paladar.
Este	 processo	 ancora	 a	 base	 conceitual	 de	 semiótica,	 afinal,	 se	 estamos	
tratando,	como	já	foi	dito,	da	ciência	que	estuda	o	signo;	a	capacidade	de	receber	
e	reconhecer	as	sensações	e	os	estímulos	que	nos	chegam	e	acabam	tendo	algum	
significado,	é	relevante.	O	entendimento	para	esta	atividade	de	dar	sentido	aos	
fenômenos	se	ajusta	à	ideia	de	“semiose”.
O significado de semiose vai aparecer mais à frente. Neste momento, é 
interessante considerar que semiose é o processo cognitivo humano, ou seja, é o processo 
que ocorre quando elaboramos qualquer raciocínio lógico para interpretar fenômenos que 
nos chegam pelos sentidos.
ESTUDOS FU
TUROS
É importante considerar então que os seres humanos são produtores de 
sentido	por	excelência	(HOHLFELDT;	MARTINO;	FRANÇA,	2014),	para	que	se	
possa	assegurar	que	haverá	sentido	em	tudo,	basta	que	o	ser	humano	interfira	
de	 forma	 intencional.	Ao	 passearmos	 na	 rua,	 encontramos	 inúmero	 objetos,	 e	
aplicamos,	de	alguma	forma,	uma	atividade	semelhante	à	da	 leitura:	no	nosso	
dia	a	dia	passamos	nosso	tempo	a	ler.	Lemos	primeiro	imagens,	formas,	gestos,	
posturas,	 comportamentos:	 tal	 cor	 nos	 chama	 a	 atenção,	 tal	 celular	 nos	 diz	 o	
status	social	de	seu	proprietário,	tal	roupa	nos	diz	da	dose	de	excentricidade	de	
seu	portador.	Sim!	Nestas	leituras,	além	de	receber	os	estímulos,	reconhecemos	
em	nosso	repertório	e	damos	certo	sentido	–	ou	seja,	certo	significado.
UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
6
Ao	olharmos	para	a	história,	encontraremosexemplos	do	ser	humano	ser	
um	produtor	de	sentidos	–	um	bom	exemplo	disso	está	na	arte,	na	arquitetura,	
na	 própria	 indumentária.	 Cada	 um	 em	 sua	 época,	 a	 partir	 dos	 fenômenos	
vividos,	produziu	objetos	de	acordo	com	seus	contextos	–	e,	em	alguns	casos,	
entregaram	 para	 a	 humanidade	 documentos	 capazes	 de	 representar	 (de	
significar)	seu	período.
Escolha uma obra de um artista famoso! Uma pintura, uma escultura, uma 
música. Faça uma busca na internet e veja o quanto esta obra representa para a época em 
que foi criada – note que ela é capaz de representar uma época!
DICAS
A	capacidade	de	dar	sentido	às	coisas	coloca	o	ser	humano	na	condição	de	
ser	um	ser	significador,	pois	para	ele	uma	cor,	um	desenho,	um	cheiro,	um	barulho,	
tudo	pode	significar	alguma	coisa.	Este	processo	está	diretamente	relacionado	com	
a	capacidade	deste	ser	humano	de	interagir	com	seu	ambiente.	Afinal,	o	processo	
de	significação	–	a	princípio	–	é	um	processo	de	interação	do	ser	humano	com	os	
fenômenos	de	seu	ambiente,	conhecido	como	processo	fenomenológico.
Para ajudar neste entendimento da capacidade de significarmos através de 
processos fenomenológicos, assista ao curta de comédia romântica “Signs”, de 2008. 
Apresentado no Schweppes Short Film Festival 2009, o curta-metragem foi premiado com 
o Ouro na categoria Cyber, do Cannes Lions International Advertising Festival, em 2009. Foi 
dirigido por Patrick Hughes, estratégia proposta pela agência neozelandesa Publicis Mojo 
para a subsidiária do Coca-Cola Group. Foi um dos vídeos mais vistos na Internet naquele 
ano (2009). Acesse o link: https://youtu.be/H0QoU59B37E. Acesso em: 15 ago. 2020.
DICAS
TÓPICO 1 — EFEITOS DE SENTIDO NO PROCESSO SEMIÓTICO
7
Ainda	abordando	a	noção	de	sentido,	podemos	fazer	a	seguinte	reflexão:	
“um	objeto	só	tem	sentido	se	for	sentido”.	Perceba	que	o	verbo	sentir	aqui	oferece	
duas	maneiras	de	ser	interpretado,	a	primeira	na	capacidade	de	representar	(de	
significar);	e	a	segunda	na	capacidade	de	tocar	nossos	sentidos	–	seja	o	da	visão,	
da	audição,	do	olfato,	do	tato	e/ou	do	paladar.
O	ponto	de	honra	desse	pensamento	que	interessa	à	abordagem	semiótica	
é	 a	 noção	 de	 efeito	 de	 sentido.	 Os	 objetos,	 não	 apenas	 têm	 sentido,	 mas	 são	
sentidos.	 “Produzir	 sentido	 não	 é	 transmitir	 algo	 já	 dado,	mas	 construir	 uma	
dimensão	 sensível	 em	 ato	 de	 troca”	 (HOHLFELDT;	 MARTINO;	 FRANÇA,	
2014,	p.	290).	Interessante	isso,	pois	muitas	coisas	que	passam	a	ter	sentido	para	
a	gente,	ganham	sentido	quando	nos	permitimos	 interagir	 (promover	“atos	de	
troca”)	com	esta	coisa.	Mais	 interessante	é	que	a	cada	nova	interação	com	esta	
mesma	coisa,	podemos	construir	novos	sentidos.	Fica	evidente	aqui	que	é	a	ação	
intencional	que	parece	mover	esta	capacidade	de	dar	sentido.
Perceba	que	um	produto	de	moda,	carregado	de	conceito	e	em	linha	com	
uma	tendência	de	consumo,	precisa	apresentar	em	sua	composição	elementos	que	
produzam	o	sentido	desejado	pela	marca,	e	construam	um	espaço	sensível	de	troca.	
Como	exemplo,	podemos	pensar	 este	produto	 composto	não	 apenas	pela	 roupa,	
mas	com	um	tag,	uma	arara,	com	uma	vitrina,	posicionado	em	uma	loja,	que	tem	
uma	 iluminação,	 uma	música	 ambiente,	 uma	 fragrância,	 que	 se	 bem	 trabalhado	
estimularão	o	ato	de	troca	–	ou	seja,	vão	promover	discursos	e	interações	que	serão	
experenciados	por	parte	do	consumidor,	induzindo-o	ao	entendimento	do	conceito	
de	coleção	e	ao	estilo	que	a	marca	está	comercializando.	Desta	forma,	o	processo	de	
significação	é	resultado	de	um	processo	relacional	onde	se	tem	as	propriedades	da	
coisa	e	as	potencialidades	de	significar	desta	coisa.
8
Neste tópico, você aprendeu que:
•	 O	ser	humano	é	um	ser	produtor	de	sentido	por	excelência.
•	 Sentido	 tem	 uma	 variedade	 de	 significados,	 mas	 é	 importante	 entendê-lo	
como	a	faculdade	de	perceber	uma	modalidade	específica	de	sensações,	que	
correspondem	 a	 órgãos	 determinados;	 faculdade	 de	 sentir	 ou	 perceber,	 de	
compreender;	 senso;	 como	 a	 faculdade	 de	 julgar;	 bom	 senso,	 tino,	 e	 como	
faculdade	de	captar	determinada	classe	ou	grupo	de	sensações,	estabelecendo	
um	contato	intuitivo	e	imediato	com	a	realidade,	e	assentando	desta	maneira	
os	fundamentos	empíricos	do	processo	cognitivo.
•	 É	importante	entender	o	sentido	como	cada	um	dos	significados	de	uma	palavra	
ou	locução;	acepção;	como	aquilo	que	uma	palavra	ou	frase	podem	significar	
num	contexto	determinado;	seu	significado;	tem	a	ver	como	o	raciocínio.
•	 A	noção	de	“sentido”	é	importante	para	que	possamos	iniciar	o	entendimento	
sobre	a	semiótica,	à	medida	que	esta	noção	tenha	relação	com	a	semiose.
RESUMO DO TÓPICO 1
9
1	 Uma	forma	de	exercitar	o	conteúdo	até	agora	é	aproveitar	uma	saída	sua	
pelas	 lojas	 de	 sua	 cidade.	 Escolha	 uma	 vitrine	 específica	 e	 procure	 tirar	
delas	 algumas	 afirmações.	 Qual	 é	 o	 público-alvo	 da	 loja?	 Que	 tipo	 de	
produto	vende?	É	possível	 arriscar	o	valor	médio	de	um	produto?	Qual	
seria	o	diferencial	da	loja?	E,	então,	aponte	quais	os	elementos	da	vitrine	
que deram estes sentidos para você?
	 Vamos	praticar	tomando	como	base	uma	das	vitrines	da	rede	De Fursac:
VITRINE E SEUS SENTIDOS
FONTE: <https://i2.wp.com/farm6.static.flickr.com/5301/5660386039_bde9ceb848.
jpg?zoom=2>. Acesso em: 12 abr. 2020.
Qual	o	público-alvo	da	loja?	Que	tipo	de	produto	vende?	É	possível	arriscar	
o	valor	médio	de	um	produto?	Qual	seria	o	diferencial	da	loja?	Com	base	nos	
elementos	da	vitrine	que	dão	sentidos	é	possível	afirmar:
I-	 Uma	primeira	coisa:	o	que	é	sentido	para	você	é	correto,	afinal,	sentimos	
coisas	diferentes,	o	que	importa	neste	momento	é	que	exista	lógica.
II-	 A	vitrine	da	imagem	nos	declara	alguns	sentidos:	o	do	público-alvo	ser	
masculino;	vende	trajes	masculinos,	como	ternos.	Dá	para	arriscar	que	a	
alfaiataria	seria	um	diferencial,	e	que	os	valores	colocam	a	loja	como	de	
produtos	caros.	
III-	Os	objetos	que	dão	sentido,	são:	os	dois	manequins	masculinos;	o	 traje	que	
cada	um	está	vestido;	os	elementos	explodidos	que	fazem	menção	a	camisaria	
e	 acessórios	 (caso	 das	 gravatas)	 sugerem	 alfaiataria,	 e	 o	 conceito	 clean	 –	
minimalista,	cujo	estilo	(tanto	no	design,	quanto	na	arquitetura)	induz	a	um	
determinado	perfil	de	consumidor,	voltado	mais	para	a	classe	A.
IV-	É	 impossível	 perceber	 que	 uma	 vitrine	 é	 uma	 peça	 de	 comunicação,	
pois,	mesmo	 bem	 trabalhada,	 ela	 não	 dá	 conta	 de	 dizer	 (declarar)	 um	
determinado	conteúdo.
AUTOATIVIDADE
10
Assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	(			)	Somente	a	alternativa	I	está	correta.
b)	(			)	Todas	as	alternativas	estão	corretas.
c)	 (			)	Somente	a	alternativa	III	está	correta.
d)	(			)	As	alternativas	I,	II	e	III	estão	corretas.
2	 O	 termo	“semiose”	surge	de	 forma	 introdutória	neste	 tópico.	Ao	que	 foi	
declarado,	ele	tem	relação	com	a	noção	de	dar	sentido	às	coisas.	Noção	de	
excelência	do	ser	humano.	Dentro	disso	é	possível	afirmar:
a)	 (			)	Que	o	ato	ou	efeito	de	dar	sentido	é	exclusivo	do	ser	humano.	Nem	um	
outro	ser	vivo	dá	conta	disso.
b)	(			)	Que	o	ser	humano	somente	dá	sentido	aos	fenômenos	que	lhe	chegam	
pela	visão.	Ao	ver	o	homem	é	um	significador	por	excelência.
c)	 (			)	O	processo	de	sentir	só	terá	sentido	se	for	sentido.
d)	(			)	Que	sentir	é	uma	abstração	e	apenas	existe	no	campo	das	ideias.
3	 Ainda	 que	 de	 forma	 introdutória,	 o	 termo	 “processo	 fenomenológico”	
apareceu	no	conteúdo,	que	afirmação	abaixo	dá	conta	de	explicar	o	mesmo?
a)	(			)	Trata	da	noção	espiritualizada	dos	fenômenos	extraterrenos.
b)	(			)	Trata	de	um	processo	de	interação	do	ser	humano	com	os	fenômenos	
de	seu	ambiente.
c)	 (			)	Trata	de	um	processo	de	interação	do	ser	humano	com	os	fenômenos	
internos	de	sua	psiquê.
d)	(			)	Trata	de	um	processo	de	interação	fenomenológica	do	ser	humano	com	
ele	mesmo,	desconsiderando	qualquer	agente	externo.
e)	 (			)	Trata	 da	 noção	 ativa	 do	 ser	 humano	 ao	 excluir	 acontecimentos	 que	
estão	agindo	no	ambiente	onde	ele	estáoperando.
4	 Os	seres	humanos	são	produtores	de	sentido	por	excelência.	Explique	como	
se	dá	a	noção	de	efeito	de	sentido,	dentro	do	pensar	um	projeto:
5	 A	 noção	 de	 “sentido”	 é	 importante	 para	 que	 se	 possamos	 iniciar	 o	
entendimento	sobre	a	semiótica,	a	medida	que	esta	noção	tem	relação	com	
a	semiose.	Que	relação	é	essa?
11
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
1 INTRODUÇÃO
Iniciamos	 o	 segundo	 tópico	 desta	 unidade.	 Nela	 aprenderemos	 o	
que	 é	 signo	 e	 como	 se	 dá	 o	 processo	 de	 significação.	 Contribuiremos	 para	
a	 reflexão	 acerca	 da	 capacidade	 humana	 de	 interpretar	 e	 produzir	 signos	 e,	
potencializaremos	a	capacidade	analítica	e	crítica	de	leitura	de	objetos	sígnicos,	
com	base	na	semiologia	(Plano	de	Expressão	e	Plano	de	Conteúdo)	e	na	semiótica	
(ícone,	índice	e	símbolo).
Como	já	vimos	o	ser	humano	é	produtor	de	sentido	por	excelência.	Sentido	
que	 tem	 uma	 variedade	 de	 significados,	 e	 que	 neste	 momento	 é	 importante	
entendê-lo	 como	 a	 faculdade	 de	 perceber	 uma	 modalidade	 específica	 de	
sensações,	que	correspondem	a	órgãos	determinados.	São	cinco	os	sentidos:	tato,	
visão,	audição,	paladar	e	olfato;	faculdade	de	sentir	ou	perceber,	de	compreender;	
senso;	como	a	faculdade	de	julgar;	bom	senso,	tino,	e	como	“faculdade	de	captar	
determinada	classe	ou	grupo	de	sensações,	estabelecendo	um	contato	intuitivo	e	
imediato	com	a	realidade,	e	assentando	desta	maneira	os	fundamentos	empíricos	
do	processo	cognitivo.
Esta noção de “sentido” é importante para que se possamos iniciar o 
entendimento	 sobre	 a	 semiótica,	 à	medida	 que	 esta	 noção	 tem	 relação	 com	 a	
semiose,	e	que	a	mesma	se	dá	no	processo	dar	significação	as	coisas	–	sendo	a	
semiose	o	objeto	principal	de	toda	abordagem	semiótica.
2 BASES INICIAIS DE SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
O	ponto	de	partida	da	ciência	que	estuda	os	signos	é	o	axioma	de	que	toda	
esta	capacidade	de	dar	sentido	às	coisas	se	faz	essencialmente	por	um	processo	
que	a	semiótica	aborda.	Seu	objeto	de	estudo	–	o	signo,	pode	ser	considerado	uma	
ideia	que	se	refere	a	outras	 ideias	e	objetos	do	mundo,	 tendo	assim	“sentido”.	
Desta	forma,	somos	levados	a	criar	e	acumular	repertório	à	medida	que	vamos	
significando	nosso	mundo.
Um	signo	precisa	ser	percebido	por	pelo	menos	um	dos	nossos	sentidos.	
Podemos	 ver	 (uma	 forma,	 uma	 cor),	 podemos	 escutar	 (um	 som,	 uma	 fala),	
podemos	 cheirar	 (um	 perfume,	 uma	 fumaça),	 podemos	 tocar	 (uma	 superfície	
quente,	áspera)	ou	ainda	podemos	saborear	(um	amargor,	um	cítrico),	podemos	
12
UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
absorver	fenômenos	do	mundo	e	ainda	dar	a	eles	sentidos	outros	–	que	passam	a	
significar	algo	naquele	instante.	Quando	sentimos	o	cheiro	de	fumaça	podemos	
deduzir	que	estamos	perto	do	fogo	(sem	mesmo	ver	o	 fogo)	–	a	 fumaça,	neste	
momento,	significa	fogo.	É	com	isso	que	a	semiótica	se	ocupa.
Veja	que	interessante	isso	no	campo	da	moda:	quando	uma	coleção	quer	
falar	 de	 liberdade	 e	 romance,	 deve	 ser	 capaz	 de	 apresentar	 peças	 de	 roupa,	
acessórios	que	conseguem	representar	isso.	Que	no	momento	que	o	cliente	vê	a	
peça,	prova-a,	sente	estes	conceitos,	e	se	somarmos	então	um	editorial,	a	vitrine,	
a	 loja,	o	 tag,	 a	abordagem	de	vendas	–	 constatamos	o	quão	 importante	é	 ter	a	
semiótica	em	nossa	formação.
Para	 Elisabeth	Walther-Bense	 (2000),	 as	 primeiras	 noções	 de	 signo	 são	
encontradas	nos	gregos,	que	sustentavam	sua	existência	como:	sinal	–	sobretudo	
verbal.	 Tendo	 em	 vista	 que	 ao	 sinalizar,	 o	 verbo	 duplicava	 uma	 coisa,	 um	
fenômeno,	uma	realidade;	permitindo	debates	acerca	do	original	e	da	cópia,	ou	
seja,	a	palavra	“maçã”,	que	dá	conta	de	duplicar	a	coisa	(a	fruta),	é	mais	original?	
É	cópia?	Em	comparação	com	a	fruta	que	passa	a	representar	(perceba	que	ao	ler	
a	palavra	“maçã”,	deve	ter	vindo	uma	imagem	na	sua	cabeça	que	dá	conta	do	
“seu”	real	de	maçã).
O termo “semiótica” vem do grego “seme” – semeiotikos: “intérprete de 
signos”.	Enquanto	o	termo	“signo”	deriva	do	latim	“signum”,	que	vem	do	grego	
“secnom”:	 “extrair	 uma	 parte	 de”,	 “seccionar”,	 portanto,	 a	 “semiótica”,	 como	
disciplina,	dá-se	na	análise	do	funcionamento	dos	sistemas	de	signos	e	de	suas	
interpretações.
A	ideia	platônica	de	signo	é	de	que	o	mundo	real	não	passava	de	uma	
imitação	do	mundo	das	ideias.	Seu	modelo	se	mostrou	triádico	com	os	seguintes	
componentes:	nome;	noção	(ou	ideia)	e	coisa	(WALTHER-BENSE,	2000).	Quando	
exemplificamos	anteriormente	com	“maçã”,	dá	para	perceber	este	modelo	triádico	
acontecendo	–	o	nome	[“maçã”];	fez	surgir	a	noção/a	ideia	[imagem	da	maçã	na	
cabeça],	que	nos	leva	à	coisa	[a	fruta].
Já	a	ideia	aristotélica	de	signo,	estava	pautada	na	crença	de	que	Aristóteles	
tinha	 do	 mundo	 perceptível	 sensorialmente.	 Acreditava	 que	 prevaleciam	 as	
funções	 intelectuais	 do	 homem,	 desta	 forma	 o	 signo	 era	 fruto	 de	 convenções	
e davam conta de representar realidades nas quais os homens se inseriam 
(WALTHER-BENSE,	2000).	Assim,	delineou	uma	separação	entre	“signo	certo”	e	
“signo	incerto”,	sendo	o	primeiro	resultante	das	interações	naturais	–	no	sentido	
de	prova:	se	tem	febre,	logo	está	doente	(febre	significa	estar	doente);	e	o	segundo	
resultante	de	hipóteses,	de	generalizações	–	que	ele	considerava	“signo	fraco”:	
se	 tem	 lábios	 estourados,	 então	 tem	 febre	 (nem	sempre	 lábios	 estourados	 tem	
relação	com	febre).
TÓPICO 2 — CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
13
Por	volta	do	ano	300	a.C.,	ainda	na	Grécia,	a	abordagem	aconteceu	em	
diferenciar	“signos	naturais”	(aqueles	que	ocorrem	livremente	na	natureza)	dos	
“signos	convencionais”	(aqueles	que	foram	criados	para	dar	conta	dos	fenômenos	
de	comunicação)	(WALTHER-BENSE,	2000).
Na	 Idade	Média,	 Santo	Agostinho	estabeleceu	bases	ocidentais	 sobre	o	
signo,	apresentando	uma	definição	 interessante,	em	que	signo	seria	uma	coisa	
que	além	de	produzir	 sensações,	 faz	 com	que	estas	 tragam	à	mente,	de	quem	
está	 sentido,	 uma	 outra	 coisa	 como	 consequência	 de	 si	 mesma.	 E	 conseguiu	
dar	 uma	distinção	 aos	 “signos	 naturais”	 e	 “signos	 convencionais”,	 em	que	 os	
primeiros	 são	produzidos	 sem	 intenção,	mas	 são	 capazes	de	 remeter	 a	 outras	
coisas.	E	os	segundos	são	os	que	os	seres	humanos	partilham,	intencionalmente,	
para	dar	conta	de	serem	compreendidos.	Desta	forma	expressou	a	capacidade	de	
as palavras parecerem correlatos das ideias – das palavras mentais; o que afetaria 
muitos	estudos	futuros	sobre	os	signos	(WALTHER-BENSE,	2000).
Esta	 noção	 de	 sentido	 e	 capacidade	 de	 dar	 significado	 aos	 fenômenos	
que	nos	 circulam,	 como	 já	 foi	dito,	 nos	 acompanha	historicamente.	Durante	 o	
século	XVII,	várias	abordagens	trouxeram	o	entendimento	sobre	esta	noção	de	
sentido	que	abordamos	aqui,	de	maneira	a	dar	um	nome	para	ela	(WALTHER-
BENSE,	2000).	Caso	do	médico	Eric	Henry	Stubbes,	que,	em	1670,	 tratando	da	
ideia	de	sintomas,	organizou	suas	abordagens	nominando-as	de	“semiótica”	–	
num	sentido	bem	restrito	à	ciência	médica	dedicada	ao	estudo	e	a	interpretações	
de	sinais	patológicos	(dentro	da	lógica	que	uma	dor	pode	ser	sintoma	de	uma	
enfermidade).	Vinte	anos	depois,	John	Locke	usou	o	mesmo	termo,	em	sua	obra	
o “Ensaio acerca do Entendimento Humano”.	
Ao	nos	 aproximarmos	do	 século	XIX,	 a	 teoria	do	 signo	 se	 consolidava	
cada	 vez	mais	 com	 as	 questões	 do	 conhecimento	 –	 dando	 conta	 do	 contexto	
que	 se	 formava	 como	moderno,	 e	muitas	 demandas	 relacionadas	 à	 sociedade	
da	 informação,	 no	 movimento	 das	 mensagens	 –	 como	 eram	 produzidas	 e	
compartilhadas.	Um	contexto	que	contribuiu	para	afirmar	a	“semiótica”	 como	
a	ciência	que	se	ocupa	da	vida	dos	signos	no	interior	da	convivência	social.	Indo	
dos mecanismos relativos ao conhecimento até as orientações formais – dos 
conteúdos,	dos	sentidos.
E,	 foi	 neste	 século	 (XIX)	 que	 as	 correntes	 contemporâneas	 da	 semiótica	
surgiram,	em	especial	duas	delas:	uma	europeia	–	maisrestritiva	tendo	como	base	a	
linguística,	e	outra	norte-americana	–	mais	abrangente,	com	base	em	todo	e	qualquer	
fenômeno	capaz	de	representar	algo	em	seu	lugar,	inclusive	o	signo	linguístico.
14
UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
Dois termos que apareceram neste momento precisam ser apresentados: 
“Linguística” que é a ciência que tem por objeto: a linguagem humana em seus aspectos 
fonético, morfológico, sintático, semântico, social e psicológico; as línguas consideradas 
como estrutura; de forma bem grosseira: a língua escrita; as palavras, e “signo linguístico” 
que é um elemento representativo que tem dois aspectos: o significado e o significante. 
Exemplo da palavra “maçã”: quando a escutamos, vem a nossa mente uma imagem do 
objeto, e não a palavra (ao escutar a palavra “maça” é pouco provável que em nossa mente 
se construa o “M”, o “A”, o “Ç” e “A” com “~”, rapidamente visualizamos a fruta maçã). Aí está 
a noção de signo, pois um termo linguístico (uma palavra), é capaz de representar algo em 
seu lugar.
NOTA
A	capacidade	de	representar	algo	é	a	base	primeira	para	o	entendimento	
de	 signo.	 São	muitos	 os	 exemplos	possíveis	 e	 todos	 levam	à	 lógica	de	 que	 ao	
entrarmos	em	contato	com	algum	fenômeno	(um	objeto,	um	cheiro,	um	som,	uma	
palavra	escrita/falada),	somos	levados	a	lembrar	alguma	coisa	que	não	está	a	nossa	
frente,	estando	então	em	contato	com	um	signo.	Todos	já	vivemos	momentos	em	
que	falamos:	“Isto	me	fez	lembrar	de	uma	coisa”	–	um	perfume	que	fez	lembrar	
de	uma	pessoa;	um	barulho	que	nos	fez	afirmar	que	uma	motocicleta	se	aproxima;	
uma	fumaça	que	nos	fez	crer	que	havia	fogo.	Em	todos	estes	momentos:	o	cheiro	
do	perfume;	o	barulho	do	motor;	a	visão	da	fumaça	–	fizeram	lembrar	de	uma	
pessoa	 sem	 que	 estivesse	 ali	 (no	 caso	 do	 perfume);	 fez	 afirmar	 que	 estava	 se	
aproximando	uma	moto	sem	se	quer	vermos	tal	veículo	(no	caso	do	barulho	do	
motor);	e	fez	pensar	no	fogo	(vendo	apenas	fumaça).	
Tal	qual	um	detetive,	nos	relacionamos	com	os	fenômenos	que	nos	circulam,	
desvendando-os	e	assumindo	posturas	frente	às	pistas.	Uma	dada	situação	nos	
oferece	fenômenos	que	sugerem	leituras	(que	sejam	identificados)	–	perceba	que	
o	barulho	do	motor,	no	exemplo	anterior,	para	ser	assumido	como	de	moto,	tem	
certas	peculiaridades,	que	diferem	de	um	carro,	de	um	liquidificador.	Há	quem	
já	 tenha	 vivenciado	 muito	 este	 determinado	 fenômeno	 que	 pode	 ter	 maiores	
informações	sobre	ele	–	assim,	um	mecânico	de	motocicletas	ou	um	motociclista	
experiente	em	motos,	pode	não	só	afirmar	que	está	se	aproximando	uma	moto,	
mas	dizer	o	tipo	de	moto,	quiçá	até	sua	marca	e	potência.	Neste	momento,	vale	
o entendimento de que signo tem a capacidade de representar algo para alguém 
em	determinado	contexto.
No	design	de	moda,	disciplinas	 técnicas	como	modelagem,	costura	nos	
habilitam	a	decifrar	elementos	do	vestuário,	da	mesma	forma	que	o	mecânico/
motociclista	 consegue	 dar	 considerações	mais	 específicas	 apenas	 ouvindo	 um	
barulho	 de	motor.	 Percebe-se	 neste	 caminho,	 à	medida	 que	 vamos	 estudando	
um	determinado	 conteúdo,	ficamos	mais	 aguçados	 em	 identificar	 elementos	 e	
afirmar	conceitos	que	dão	conta	de	explicá-los.	
TÓPICO 2 — CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
15
O	ser	humano	 significa	o	que	 lhe	 é	 significante.	Esta	 afirmação	nos	dá	
a	 primeira	 noção	 para	 entendermos	 a	 lógica	 europeia,	 em	 que	 a	 partir	 do	
entendimento	 das	 palavras,	 elas	 passam	 a	 significar.	 À	 medida	 que	 vamos	
aprimorando	o	nosso	vocabulário,	vamos	permitindo	significar	e	fazer	com	que	
muitas	palavras	nos	sejam	significantes,	ou	seja,	uma	palavra	tem	a	capacidade	
de	representar	algo	em	seu	lugar,	quando	escutamos	a	palavra	“praia”,	somos	
capazes	de	trazer	o	conceito	que	temos	de	praia	–	com	nossa	vivência	de	praia.	
Deixando	evidente	que	se	trata	de	um	processo	dicotômico,	escuto	a	palavra	e	
penso	em	seu	conceito.
Toda	 e	 qualquer	 palavra	 será	 signo	 quando	 este	 processo	 dicotômico	
ocorrer	–	ou	seja,	uma	palavra	(significante)	tem	que	ter	significado	(seu	conceito,	
seu	entendimento)	para	que	se	possa	afirmar	que	é	signo.
Vale ressaltar que todo e qualquer termo que você lê ou escuta e tem pouco 
entendimento sobre ele parece que ele não faz tanto sentido para você. Perceba aqui um 
exemplo legal para signo linguístico, perceba o desconforto de entrar em contato com 
uma palavra que você nunca ouviu (ou leu), ela não tem sentido, não faz sentido – ou seja, 
ela não tem capacidade de representar algo em seu lugar – aí é bom pesquisar sobre ela. 
No caso de palavras, o dicionário (que pode ser on-line) é um lugar bom para pesquisar – 
que tal fazer isso para o termo “dicotômico”, lido anteriormente? Você pode pesquisa por 
“dicotomia”. O entendimento deste termo ajudará como base conceitual para o conteúdo 
que estamos tratando aqui.
NOTA
A	noção	do	signo	linguístico	está	veiculada	diretamente	com	a	corrente	mais	
restritiva	das	duas	que	surgiram	no	século	XIX	–	a	europeia,	que	ficou	conhecida	como	
semiologia	e	tem	como	principal	expoente	Ferdinand	de	Saussure.
3 SEMIOLOGIA
O	filósofo	e	linguista	suíço	Ferdinand	de	Saussure	(1857-1913)	elaborou	
teorias	 que	 contribuíram	 para	 o	 desenvolvimento	 da	 linguística	 como	 ciência	
autônoma,	 exercendo	grande	 influência	 sobre	 o	 campo	 literário	 e	dos	 estudos	
culturais.	Para	Saussure,	signo	tem	sua	base	conceitual	e	organizativa	na	estrutura	
linguística	 de	 uma	 determinada	 cultura,	 ou	 seja,	 na	 língua	 –	 principalmente	
falada	(WALTHER-BENSE,	2000).
16
UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
Aqui	fica	evidente	pensarmos	que,	à	medida	que	nos	letramos	(que	vamos	
estudando	e	aprendendo)	mais	significativa	fica	nossa	linguagem	–	tal	raciocínio	
ajuda	no	entendimento	de	que	o	signo	para	Saussure	tem	arbitrariedade	inerente,	
pois	 precisa	 das	 convenções	 linguísticas.	 Perceba	 que	 quando	 buscamos,	 no	
dicionário,	 o	 entendimento	 de	 uma	 palavra,	 entramos	 em	 contato	 com	 seu	
significado	 convencional	 e	 quando	 damos	 uso	 a	 ela	 em	 nosso	 processo	 de	
comunicação,	estamos	sujeitos	à	arbitrariedade	do	termo,	da	capacidade	de	ele	
representar	o	que	queremos	expressar	–	ou	seja,	estamos	sujeitos	à	arbitrariedade	
do	 signo.	 Por	 isso	 que	 é	muito	 inteligente	 saber	 para	 quem	 estamos	 falando,	
assim	podemos	escolher	as	palavras	mais	coerentes	para	este	perfil	de	pessoas.	
É	claro,	existem	palavras	cuja	convenção	não	é	arbitrária,	elas	são	transmitidas	
de	diferentes	 tipos	de	estruturas	gramaticais,	percebidas	de	 forma	 funcional	 –	
caso	das	onomatopeias	–	a	partir	da	 reprodução	aproximada,	com	os	 recursos	
que	se	dispões	da	língua,	de	um	som	natural	a	ela	associado,	um	exemplo	se	dá	
quando	imitamos	um	animal	para	nominá-lo:	“miau-miau”	para	gato;	“au-au”	
para	cachorro.
Voltamos	à	noção	de	 signo	 linguístico	e,	de	 como	a	palavra	enunciada	
(significante)	precisa	de	seu	conceito	(significado)	para	que,	dicotomicamente,	o	
signo	exista.
FIGURA 1 – SIGNO DICOTÔMICO
FONTE: O autor
O	significado	é	o	conceito	que	é	assimilado	mentalmente	quando	lemos	
ou	ouvimos	a	palavra.	O	significante	tem	a	ver	com	a	forma	semântica	e	fonética	
da	palavra	que,	por	sua	vez,	é	composta	por	letras	e	sons.	O	olhar	de	Ferdinand	
de	 Saussure	 tratava	 de	 noções	 meramente	 psicológicas,	 mas,	 atualmente,	 o	
significante	seria	a	forma	material	perante	o	significado.
TÓPICO 2 — CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
17
No tópico a seguir vamos ampliar a visão saussuriana, dando conta de tratar 
do significante como forma material perante o significado.
ESTUDOS FU
TUROS
Para	Saussure	(1990,	p.	124),	signo	não	une:
uma	 coisa	 e	 um	 nome,	 mas	 um	 conceito	 e	 uma	 imagem	 acústica.	
Esta	 última	 não	 é	 o	 som	 material,	 puramente	 físico,	 mas	 a	 marca	
psíquica	desse	 som,	 a	 sua	 representação	 fornecida	pelo	 testemunho	
dos	 sentidos,	 é	 sensorial	 e	 se,	 por	 vezes,	 lhe	 chamamos	material	 é	
neste	sentido	e	por	oposição	ao	outro	termo	da	associação,o	conceito,	
geralmente	mais	abstrato.
Dentro	 disso,	 “imagem	 acústica”	 /	 “significante”	 é	 arbitrário,	 não	
motivado,	pois	não	existe	relação	entre	ele	e	a	coisa	que	representa.	Para	Saussure	
(1990),	o	signo	é	sempre	mental,	sendo	uma	representação	que	um	sujeito	tem	de	
algo	na	sua	mente	em	determinado	momento	de	sua	vida.
FIGURA 2 – IMAGEM ACÚSTICA E CONCEITO
FONTE: O autor
18
UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
Se	a	palavra	“gato”	for	pronunciada,	o	som	desta	pronúncia	cria	na	mente	
de	quem	escuta	 algo	 correspondente	 a	 ela,	perceba	que	 existe	na	mente	deste	
sujeito	uma	estrutura	capaz	de	reconhecer	o	som	da	palavra	e,	a	sua	maneira,	cria-
se	uma	imagem	referente	à	palavra	–	esta	seria	a	“imagem	acústica”	–	existindo	
assim	 uma	 imagem	 da	 palavra	 na	mente	 de	 quem	 a	 escutou.	 Desta	 forma,	 o	
significante	é	a	imagem	mental	de	uma	rede	sonora	(repertório	de	quem	escutou).	
Então,	toda	vez	que	chega	um	som	(que	é	sentido	por	um	dos	sentidos	–	no	caso	o	
auditivo)	e	tem	sentido	no	cérebro	tendo	significado,	estamos	na	presença	de	um	
processo	de	signo.	Dentro	desta	lógica,	o	signo	é	sempre	mental.
Se,	 neste	 momento,	 entendermos	 que	 o	 som	 que	 ouvimos	 não	 é	
puramente	físico,	mas	também	a	impressão	deste	som	em	nossos	sentidos,	e	que	
quando	recebido	se	 torna	significante	por	 ter,	de	alguma	forma	uma	“imagem	
mental”	associada	a	ele,	nos	levando	a	um	significado	(conceitos	relacionados	ao	
determinado	som),	estamos	em	linha	com	o	pensamento	de	Saussure.
Ao	tornar	o	signo	uma	entidade	mental,	Saussure	faz	com	que	o	signo	
sempre	 associe	 um	 significante	 a	 um	 significado,	 possibilitando	 que	 esta	
concepção tenha papel central na distinção histórica entre “signos naturais” 
(que	 ele	 entende	 como	motivados)	 e	 “signos	 arbitrários”	 (ou	 convencionais).	
Esta	arbitrariedade	“deve	dar	a	ideia	de	que	o	significante	não depende da livre 
escolha	do	sujeito	falante”,	este	não	tem	motivação	alguma,	pois	não	existe	“na	
realidade,	qualquer	ligação	material”	entre	a	palavra	e	a	coisa	que	ela	representa	
(SAUSSURE,	1990,	p.	83).
Esta	 corrente	 considera	 que	 o	 signo	 é	 resultado	 do	 [significante]	 +	
[significado],	sendo	ele	sempre	mental,	e	é	a	representação	de	algo	que	se	tem	
na	mente.	Em	se	pensando	na	língua,	essa	se	fecha	em	regras	e	convenções	de	
um	 determinado	 sistema	 significante,	 perceba	 que	 para	 o	 mesmo	 significado	
vamos	ter	significantes	diferentes	dependendo	do	sistema	cultural	que	estamos	
inseridos	 –	 fica	 evidente	 quando	 pensamos	 a	 palavra	 “gato”	 no	 português,	 e	
“cat” no inglês; mas da mesma forma nos regionalismos – em nosso país temos 
inúmeras	palavras	que	significam	a	mesma	coisa,	mas	são	diferentes	dependendo	
da	região	em	que	estamos.	No	mercado	de	moda	isto	pode	ser	pertinente	quando	
nos	reportamos	às	tribos	e	aos	estilos.
Estas	regras	e	convenções	colocam	a	existência	do	signo,	para	Saussure,	
como	arbitrária.	Colocando	a	perspectiva	 estruturalista	 como	 fundamento,	 em	
que	 o	 significante	 surge,	 primeiro,	 a	 partir	 de	 uma	 imagem	mental	 –	 de	 um	
conceito,	ou	seja,	um	objeto	(um	fenômeno)	só	será	signo	se	já	existir	um	conceito	
relacionado	a	ele	–	aí	temos	a	arbitrariedade	deste	signo.
TÓPICO 2 — CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
19
Quantas vezes você se perguntou por que tal palavra está atribuída para um 
determinado objeto? Por que “mesa” é “mesa”? Note que a resposta não tem uma lógica 
(caso de palavras como as onomatopeias: au-au para cachorro; miau para gato). Mesa tem 
um significado atribuído por convenções, por regras, ou seja, ela foi atribuída e é usada de 
forma arbitrária na língua portuguesa.
INTERESSA
NTE
Esta	 capacidade	 dicotômica	 de	 significante	 e	 significado	 do	 signo	 no	
pensamento	saussuriano	apresenta	dois	grandes	problemas:	
Primeiro:	não	considera	a	matéria	externa,	ficando	somente	com	a	palavra.
Segundo:	ao	afirmar	que	o	significado	é	o	conceito	da	coisa,	não	especifica	
a	coisa,	pois	se	existem	significantes	diferentes,	haverá	variações	nos	significados.	
Estes	 dois	 problemas	 mostram	 uma	 vontade	 de	 expandir	 para	 que	
possamos	assumir	sons,	cores,	gestos,	odores,	gostos,	texturas,	formas,	ou	seja,	
toda	e	qualquer	coisa	(inclusive	as	palavras)	que	sejam	capazes	de	representar	
algo	em	seu	lugar.	E	aí	entramos	na	corrente	mais	abrangente	–	a	norte-americana	
–,	que	tem	como	base	todo	e	qualquer	fenômeno	capaz	de	representar	algo	em	
seu	lugar,	inclusive	o	signo	linguístico	–	esta	corrente	é	a	Semiótica.
4 SEMIÓTICA
O	 filósofo	 e	 físico	 norte-americano,	 Charles	 Sanders	 Peirce	 (1839-1917),	
assentou	as	bases	da	semiótica	alicerçado	em	um	pensamento:	“O	simples	ato	de	
olhar	está	carregado	de	interpretação".	Trazendo	uma	abordagem	mais	ampla,	ao	que	
vinha	sendo	construído	por	Ferdinand	de	Saussure,	na	Europa	no	mesmo	período.
Quando	analisamos	o	pensamento	“alicerce	de	Peirce”,	percebemos	que	
a	 corrente	 norte-americana	 tem	 fundamento	 nos	 processos	 fenomenológicos,	
ou	 seja,	 na	 fenomenologia,	 que	 pode	 ser	 entendida	 como	 uma	 postura	 frente	
ao	mundo.	Como	uma	metodologia	que	dá	importância	aos	fenômenos	em	si,	e	
quanto	afetam	nossos	sentidos.	Se	pararmos	para	pensar,	muito	do	que	sabemos	
sobre	nosso	mundo	vem	deste	método:	 os	 cheiros;	 as	 texturas;	 as	 formas;	 um	
ruído;	uma	imagem	em	uma	revista;	até	mesmo	uma	palavra.	Enfim,	tudo	que	se	
apresenta	a	nossa	mente	através	de	nossos	sentidos.	Lembra	a	“maçã”,	é	possível	
afirmar	que	a	imagem	que	se	forma	na	sua	cabeça	tem	a	ver	com	as	experiências	de	
maçãs	como	fenômenos	–	se	você	só	viu	imagens	desta	fruta	–	terá	uma	imagem	
20
UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
mais	 visual,	mas	 se	 já	 comeu	uma,	 conseguirá	 atribuir	 barulho,	 gosto,	 acidez.	
Imagina	se	você	já	colheu	uma	na	macieira.	Perceba	que	a	fenomenologia	pode	ser	
encarada	como	uma	postura	frente	ao	mundo	–	ao	se	pesquisar	um	público-alvo,	
só	ver	imagens	na	tela	pode	dar	uma	noção	diferente,	do	que	poder	participar	
de	momentos,	dos	fenômenos	que	este	público	vive	em	seus	contextos.	Trazer	o	
pensamento	de	Peirce	como	um	de	seus	alicerces	pode	ajudar:	“O	simples	ato	de	
olhar	está	carregado	de	interpretação".
Para	Peirce	(2005,	p.	46)	signo	é	aquilo	que	representa	algo	para	alguém.	
É alguma coisa que se dirige:
a	alguém,	isto	é,	cria,	na	mente	da	pessoa,	um	signo	equivalente,	ou	
talvez	um	signo	mais	desenvolvido.	Ao	signo	assim	criado	denomino	
interpretante	do	primeiro	signo.	O	signo	representa	alguma	coisa,	seu	
objeto.	Representa	esse	objeto	não	em	todos	os	seus	aspectos,	mas	com	
referência	a	um	tipo	de	ideia	que	eu,	por	vezes,	denominei	fundamento	
do	representâmen.
Para	Peirce	(2005),	é	irrelevante	discutir	o	que	é	mental	e	o	que	não	é	mental	
no	debate	sobre	o	signo,	mas	se	torna	importante	determinar	se	o	pensamento	
é	dirigido	ou	não	aos	objetos	reais,	afinal	real	é	o	que	significa,	que	tem	sentido,	
em	qualquer	coisa	de	real.	Esta	postura	ajuda	a	evitar	posicionamentos	falsos	de	
dar	a	uma	palavra,	por	exemplo,	um	sentido	universal	externo	ao	pensamento	
e	se	afastar	da	ideia	de	que	se	pode	conceber	coisas	de	forma	independente	das	
relações	que	se	tem	no	espírito	(capacidade	inventiva	do	ser	humano).	A	noção	
de	 signo	para	 Peirce,	 é	 toda	 e	 qualquer	 coisa	 que	 representa	 uma	 outra	 coisa	
em	 seu	 lugar	 –	 objeto,	 e	 que	 produz	 um	 efeito	 interpretativo.	 Se	 pensarmos	
dentro da lógica da semiologia vemos que aqui a semiótica peirciana dá conta 
dos	problemas	 saussurianos:	Peirce	 considera	 a	matéria	 externa	 e	dá	 conta	de	
especificar	a	coisa.	Com	isso,	se	a	semiologia	era	dialógica,	aqui	vamos	ter	um	
posicionamento	triádico	–	em	que	o	signo	é	composto	de	três	partes,	que	serão	
chamadas	de	categorias:	a	primeiridade,	a	secundidade	e	a	terceiridade.
Estas partes podem ser assim pensadas:
FIGURA 3 – PARTES QUE COMPÕEM O MODELO TRIÁDICO
FONTE: O autor
TÓPICO 2 — CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
21
Interessante	perceber	que	essa	“alguma	coisa”é	captada	pelos	órgãos	dos	
sentidos,	mas	 também	percebida	de	 forma	 intencional	–	dentro	de	uma	noção	
de	que	perceber	é	 traduzir	“alguma	coisa”	 (fenômeno,	evento,	objeto)	captado	
pelos	 sentidos	 em	um	 julgamento.	Uma	vez	 captada,	 é	 levada	 a	 um	processo	
de	comparações	com	outras	coisas	já	percebidas,	chegando	até	a	capacidade	de	
nominá-la.	 Pensando	 estas	 três	 partes	 como	 categorias,	 temos	 a	 primeiridade	
(como	 aquele	 momento	 de	 percepção	 primeira,	 inicial	 –	 quando	 captamos	
“alguma	coisa”),	temos	a	secundidade	(como	o	momento	de	comparação	com	o	
que	já	fora	percebido),	e	temos	a	terceiridade	(como	o	momento	de	construção,	de	
definição,	de	nominação).
Como	já	mencionado,	a	teoria	do	signo	de	Charles	S.	Peirce	está	alicerçada	
à	 fenomenologia,	permite	alargar	as	capacidades	 interpretativas	à	medida	que	
entende	 o	 intérprete,	 o	 observador,	 o	 sujeito	 com	 autonomia	 em	 relação	 ao	
produtor	 de	 sentido,	 ao	 enunciador.	 Em	 outras	 palavras,	 a	 noção	 e	 efeito	 de	
sentido	 nesta	 teoria	 é	 fugidia	 à	 medida	 que	 o	 enunciador	 pode	 ter	 pensado	
em	 “dizer”	 algo,	mas	 seu	 intérprete	 não	 precisa	 necessariamente	 entender	 da	
maneira	 que	 enunciador	 pretendia.	 Esta	 liberdade	 faz	 com	 que	 o	 enunciador	
esteja	preparado	para	isso	e	tenha	competência	para	ajustar	o	signo	para	tenha	
êxito	em	sua	comunicação.
A	teoria	de	Charles	S.	Peirce	está	concebida	como	doutrina	em	que	todo	e	
qualquer	tipo	de	semiose	é	possível.	Ela	“é	tão	geral	e	abstrata	a	ponto	de	poder	
dar	conta	de	qualquer	processo	sígnico,	esteja	ele	no	invisível	mundo	físico	[...]	
nos	movimentos	sociais”	(SANTAELLA,	2002,	p.	36).
A	 noção	 peirciana	 é	 pragmatista,	 está	 pautada	 num	 processo	 lógico-
semiótico	 de	 como	 as	 ideias	 surgem.	 Tal	 processo	 é	 pensado	 em	 três	 ramos	
(SANTAELLA,	 2002):	 o	 primeiro	 que	 se	 ocupa	 da	 fisiologia	 das	 formas,	 das	
funções e dos elementos formais – a gramática especulativa; o segundo que 
consiste	 na	 abordagem	 classificatória	 e	 de	 comparações	 –	 a	 lógica	 crítica;	 e	 o	
terceiro	que	se	dá	no	estudo	dos	métodos,	nas	fórmulas	que	os	mais	variados	tipos	
de	raciocínio	dão	origem	–	a	 retórica	especulativa.	A	abordagem	do	signo	por	
Peirce,	por	ser	pragmatista,	baseia-se	na	noção	de	que	o	sentido	de	um	conceito	
pode	 ser	 explicado	ao	 considerarmos	 seus	 efeitos	práticos,	desta	 forma,	 ela	 se	
mostra	metodológica,	tendo	uma	ordem	e	procedimentos	que	são	as	categóricas:	
de	primeiridade,	secundidade	e	terceiridade.
4.1 A PRIMEIRIDADE
É	a	primeira	das	categorias	de	uma	experiência	de	mundo.	É	a	categoria	do	ser.	
Está	nas	qualidades	das	coisas.	Relativa	às	propriedades	de	um	fenômeno	que	podem	
ser	descritas,	por	exemplo:	 tal	coisa	é	azul.	Esta	categoria	direciona	para	a	 ideia	de	
primeira	concepção	sígnica	de	Peirce,	que	é	pré-reflexiva	–	o	da	abstração	pura.	De	
forma	prática,	é	mais	ou	menos	como	um	sentimento,	uma	sensação	primeira	–	não	é	
consciente	nem	elaborada.	É	aquilo	que	é,	nada	mais	que	isso.
22
UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
4.2 A SECUNDIDADE
Em	 contraposição	 à	 primeiridade	 (categoria	 do	 ser),	 a	 secundidade	
é	 a	 da	 ocorrência,	 da	 existência	 segundo	 ao	 que	 já	 se	 sentiu.	 Diferente	 da	
primeiridade,	 na	 secundidade	 já	 existe	 uma	 elaboração	 consciente,	 já	 se	 faz	
comparações,	já	se	enseja	particularidades	do	fenômeno	em	análise.	Enquanto	
a	primeira	é	atemporal,	na	secundidade	existe	a	noção	de	tempo,	afinal	para	se	
chegar	às	comparações	é	preciso	ter	passado	pela	primeiridade.	Nesta	categoria	
só	se	tem	consciência	da	qualidade	de	algo,	pois	é	possível	constatar	com	outra	
qualidade.	Acidental	e	singular,	a	secundidade	tem	na	existência,	no	registro	de	
sentimento,	um	fato.	Se	a	primeira	é	da	qualidade,	esta,	a	segunda,	é	da	relação.
4.3 A TERCEIRIDADE
Completa	a	tríade.	Se	a	primeiridade	é	a	do	ser,	a	secundidade	é	do	existir,	
a	terceiridade	é	do	interpretar	–	na	capacidade	de	a	coisa	ser	signo	–	ou	seja:	tem	
a	ver	com	o	que	o	fenômeno	é	(primeiridade),	no	que	existe	nele	em	comparação	
a	 outros	 (secundidade)	 e	 no	 quanto	 é	 possível	 construir	 algo	 que	 não	 está	 ali	
–	 de	 significar.	 Se	 a	 primeira	 é	 da	 qualidade,	 a	 segunda	da	 relação,	 esta	 é	 da	
representação	–	do	que	Peirce	vai	chamar	de	signo	em	si.
De	 forma	 geral,	 a	 primeiridade	 sempre	 será	 a	 percepção	 (algo	 rápido	
e	abstrato),	a	secundidade	está	relacionada	ao	 fato	quanto	o	que	 foi	percebido	
permite	 ensejar	 particularidades	 (processo	 de	 comparação,	 de	 dúvida)	 e	 a	
terceiridade	 está	 atrelada	 à	 capacidade,	 do	 que	 foi	 percebido	 e	 fez	 pensar,	
representar	algo	em	seu	lugar	(de	ser	signo).
Esse	processo	triádico,	em	que	se	tem	o	signo,	o	elemento	designado	e	a	
pessoa	a	quem	ele	se	destina	como	signo,	se	chama	semiose: que para Peirce é “o 
processo	no	qual	o	 signo	 tem	um	efeito	 cognitivo	 sobre	o	 intérprete”	 (NÖTH,	
1998,	p.	128).	Se	a	semiótica	é	a	ciência	que	tem	por	tarefa	estudar	todos	os	tipos	
possíveis	de	ações	sígnicas,	a	semiose	é	o	seu	objeto	de	estudo.
Se	 no	 projeto	 de	 produtos	 para	 o	 mercado	 estamos	 mergulhados	 em	
processos	 de	 desenvolvimento	 de	 conceitos	 que	 planejam	 causar	 algum	 efeito	
cognitivo	no	público-alvo	de	uma	marca,	fica	evidente	o	valor	da	semiótica	para	os	
profissionais	desta	área.	E	quanto	a	entender	os	processos	de	significação	(de	semiose)	
dos	consumidores	frente	aos	valores	comercializados	é	definidor	do	sucesso.	
Dentro	da	teoria	de	Charles	S.	Peirce	essas	três	categorias	são	chamadas,	
no	 âmbito	 fenomenológico,	 de	 faculdades.	 Sendo	 a	 primeira	 condicionada	 à	
capacidade	de	ver	(de	sentir);	conduzindo	à	segunda	faculdade,	que	implica	um	
TÓPICO 2 — CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
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esforço,	ou	seja,	quando	se	atenta	para	(ensejando	particularidades);	chegando	
então	na	terceira	faculdade,	que	faz	com	que	tal	aspecto	incidental	(do	sentir	da	
primeira)	e	consciente	(das	relações	da	segunda)	possa	ser	generalizado,	cabendo	
poder	chegar	a	um	conceito	(de	nominar	o	fenômeno	sentido,	por	exemplo).
Interessante	perceber	que	as	faculdades	que	devemos	entender	para	dar	
conta das categorias e principalmente para compreendermos a semiótica como 
uma	metodologia	dos	processos	cognitivos	que	vivemos	cotidianamente,	são	três:
A	primeira	é	a	rara	faculdade	de	sentir	o	que	está	diante	da	gente.	Tal	como	
se	apresenta,	sem	qualquer	interpretação.	Veja	se	consegues	exercitar	tal	faculdade	
observado	uma	cena,	um	objeto,	um	evento,	uma	música	e	descrevendo-a	como	
ela	é,	sem	atribuir	nenhum	valor.
A	segunda	faculdade	é	mais	como	um	compromisso.	Um	comportamento	
que	deve	ser	treinado,	uma	postura	frente	ao	fenômeno	observado	de	detetive,	de	
busca	de	aspectos	específicos	ao	fenômeno	em	observação	que	só	pode	estar	nele	
e	em	nenhum	outro	similar.	Buscando	o	que	o	faz	único,	detectando	os	elementos	
desta	 unicidade	 sob	 todos	 os	 seus	 disfarces.	 Esta	 faculdade	 nos	 pede	 tempo,	
quanto	mais	tivermos	mais	vamos	construir	relações	possíveis.
A	terceira	faculdade	é	a	de	generalizar,	como	um	matemático	devemos	
buscar	 definir	 fórmulas	 que	 sejam	 capazes	 de	 da	 conta	 dos	 elementos	 que	
fazem	 do	 fenômeno,	 agora	 único,	 ser	 pensado	 de	 forma	 generalizada.	 Esta	
fórmula	abstrata,	garantirá	a	compreensão	do	fenômeno	purificando-o	de	todos	
os	 elementos	 estranhos	 e	 irrelevantes,	 nos	 dando	 bases	 para	 construção	 de	
conceitos.	Esta	 faculdade,	se	bem	trabalhada,	nos	coloca	como	construtores	de	
novos	conhecimentos.
Com	 base	 nestas	 faculdades	 e	 nas	 categorias,	 Peirce	 classifica	 o	 signo	
como Representâmen;	objeto	e	interpretante.
5 CATEGORIAS DO SIGNO
A	 variação	 e	 a	 quantidade	 dos	 signos	 são	 tão	 grandes	 que,	 Charles	 S	
Peirce	organizou-os	em	categorias,	 classificando-os	a	partir	das	 faculdades	em	
uma tríade composta pelo representâmen – aquilo que funciona como signo; pelo 
objeto	–	o	que	é	referido	pelo	signo;	e	pelo	interpretante–	no	efeito	do	signo	de	
quem	o	interpreta.
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UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
FIGURA 4 – TRICOTOMIA DO SIGNO EM PEIRCE
FONTE: O autor
A	ideia	central	é	que	dentro	das	faculdades	já	discutidas,	o	signo	é	composto	
pelas	três	categorias	simultaneamente,	mas	de	forma	didática	(pragmatista)	Peirce	
apresenta	cada	uma	delas	numa	sequência.	Dentro	disso,	a	primeira	categoria	é	a	
capacidade	de	 ser	 signo,	ou	 seja,	 a	 capacidade	de	 funcionar	 como	signo	–	de	 ser	
representativa: o representâmen.	É	através	dele	que	o	 signo	 tem	sentido	 (seja	por	
semelhança,	 por	 alguma	 relação	 ou	 por	 convenção).	 O	 objeto	 é	 a	 coisa	 externa	
do	signo	(o	fenômeno	que	toca	os	sentidos)	enquanto	o	interpretante dá conta do 
processo	interpretativo	(e	não	deve	ser	confundido	com	o	ser	humano).
 Estas nomenclaturas são importantes para o entendimento da semiótica 
peirciana. Uma dica legal é pegar uma folha A4 e montar este triângulo bem no centro dela 
– e a partir desta parte, ir completando com as novas nomenclaturas que surgirem.
ATENCAO
6 TRICOTOMIA DO SIGNO
A	noção	 tricotômica	fica	declarada	na	figura	anterior,	onde	para	que	o	
signo	exista	é	preciso	ter	os	três	pontos	–	representâmen,	objeto e interpretante,	
porém,	 Peirce	 (2005)	 organizou	um	 raciocínio	 em	 sua	 teoria	 que	 em	 cada	um	
destes	 pontos,	 existem	outros	 três	 pontos	 –	 cada	ponto	 é	 tricotômico,	 ou	 seja,	
que no representâmen	existem	três	categorias	internas	a	ele;	da	mesma	forma	no	
objeto e no interpretante.	
Parece	confuso!	Mas	vamos	por	partes.
TÓPICO 2 — CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
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Se	até	agora	foram	apresentadas	as	faculdades:	primeiridade,	secundidade	
e	 terceiridade;	 que	 pelas	 categorias	 seriam,	 respectivamente:	 representâmen,	
objeto e interpretante.	E	que	na	primeira	estarão	relacionadas	às	capacidades	e	
às	qualidades	iniciais	de	 já	serem	representativas	–	ou	seja,	de	serem	signo;	na	
segunda	estarão	relacionadas	às	condições	de	sentido,	como	sugestões	possíveis	
de	 representar	 –	de	 ser	 signo;	 e	na	 terceira	 a	 capacidade	de	 afirmar,	de	 como	
convenção	garantir	a	representação	–	de	ser	signo.	
Perceba que o conteúdo parece repetitivo. E é isso mesmo, por isso a dica 
anterior é boa, pois a repetição vai construindo o entendimento.
IMPORTANT
E
6.1 REPRESENTÂMEN
A	capacidade	de	ser	signo	é	a	primeiridade	dele.	Ela	terá	as	três	faculdades	
também,	 condicionadas	 aos	 fatores	 que	 dão	 capacidade	 de	 ser	 signo:	 suas	
qualidades,	suas	propriedades	que	lhe	são	singulares,	e	suas	características	que	o	
legitimam	–	em	caráter	de	lei.	Assim,	temos:
FIGURA 5 – TRICOTOMIA DO REPRESENTÂMEN
FONTE: O autor
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UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
Qualissigno	 é	 a	 qualidade	 que	 já	 é	 signo.	 Diz	 respeito	 aos	 elementos	
menos	 particulares,	 como	 cores,	 texturas,	 formas,	 entre	 outras.	 Para	 assumir	
esta	capacidade	é	preciso	expor	os	sentidos	aos	fenômenos	sem	nenhum	juízo,	
somente	sentir	os	fenômenos	pelos	fenômenos.
O qualissigno	está	nas	qualidades.	Como	descreve	Santaella	(2002,	p.	12):
uma	cor,	qualquer	cor,	um	azul-claro,	sem	considerar	onde	essa	cor	está	
corporificada,	sem	considerar	se	é	uma	cor	existente	e	sem	considerar	
seu	 contexto.	 Tomemos	 apenas	 a	 cor,	 nela	mesma,	 só	 cor,	 pura	 cor.	
Quantos	 artistas	 não	 fizeram	 obras	 para	 nos	 embriagar	 apenas	 com	
uma cor? Por que e como uma simples cor pode funcionar como signo? 
Ora,	uma	simples	cor,	como	o	“azul-claro”,	imediatamente	produz	uma	
cadeia	associativa	que	nos	faz	lembrar	céu,	roupa	de	bebê	etc.;	por	isso	
mesmo,	esse	tom	de	azul	costuma	ser	chamado	de	azul-celeste	ou	azul-
bebê.	A	mera	cor	não	é	o	céu,	não	é	roupa	de	bebê,	mas	lembra,	sugere	
isso.	 Esse	poder	de	 sugestão	que	 a	mera	 qualidade	 apresenta	 lhe	dá	
a	 capacidade	para	 funcionar	 como	signo,	pois	quando	o	azul	 lembra	
o	 céu,	 essa	qualidade	da	 cor	passa	 a	 funcionar	 como	quase-signo	de	
céu.	O	mesmo	tipo	de	situação,	também	se	cria	com	quaisquer	outras	
qualidades,	como	o	cheiro,	o	som,	os	volumes,	as	texturas	etc.
Nos	 projetos	 de	 design	 de	 moda,	 os	 qualissignos predominantes estão 
nas	formas	e	elementos	puros:	cores,	tons,	manchas,	brilhos,	contornos,	formas,	
texturas,	movimentos,	ritmos,	contrastes,	entre	outros,	sendo	que	a	combinação	
destes	não	vem	de	conexão	alguma	extraída	da	experiência	externa.	Podem	ser	
entendidos	 como	 formas	não	objetivas,	por	não	 representarem	nenhum	objeto	
identificável	 –	 ficam	 no	 campo	 das	 abstrações:	 a	 cor	 pela	 cor,	 a	 textura	 pela	
textura,	a	forma	pela	forma.
Exemplos	 práticos	 para	 qualissigno	 são	 encontrados	 nas	 experiências	
estéticas	modernistas,	caso	da	obra	Delicate	Tension	no	85,	de	Wassily	Kandinsky:
FIGURA 6 – REPRESENTAÇÃO EM TONS DE CINZA DA OBRA: DELICATE TENSION Nº 85, 
DE WASSILY KANDINSKY 
FONTE: <https://i.pinimg.com/originals/42/23/ec/4223ec9ee31a88ee6b462a6279186996.jpg>. 
Acesso em: 14 abr. 2020.
TÓPICO 2 — CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
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Em	 obras	 como	 essa,	 as	 qualidades	 sensíveis	 se	 fazem	 presentes,	
permitindo	visões	de	 formas	nunca	vistas	em	experiências	externas.	Cores	 (no	
caso	da	imagem	gradações	de	cinzas),	formas,	linhas,	planos	nos	oferecem	uma	
experiência	totalmente	nova	–	nada	de	semelhante	existe	e	por	isso	então	tudo	
pode se assemelhar – aqui está o “frescor” da primeiridade do representâmen da 
possibilidade	de	ser	signo	–	do	qualissigno.
Acesse o link que está como fonte da figura acima, ou pesquise na internet 
pelo nome da obra para poder ver a imagem colorida.
DICAS
A	partir	do	momento	que	os	fenômenos	sentidos	fazem	pensar,	ganham	
juízo	de	valor	(mesmo	que	bem	inicial),	estamos	na	secundidade	–	no	sinssigno 
em	que	o	aspecto	de	ser	signo	já	o	particulariza,	já	o	individualiza.	Para	assumir	
esta	capacidade	é	preciso	assumir	a	observação	do	modo	particular	como	o	signo	
se	forma	–	observando	características	existenciais,	que	no	fenômeno	observado	é	
irreptível,	é	único.
A	noção	de	que	se	está	na	experiência	de	sinssigno	quando,	abandonada	
a	 abstração	 do	 qualissigno,	 é	 possível,	 de	 um	 modo	 ou	 de	 outro,	 de	 alguma	
maneira	 identificar	 representações	 reconhecíveis	 fora	 do	 objeto	 experenciado.	
No	campo	da	moda,	o	desenho	de	moda	terá	elementos	gráficos	–	cores,	linhas,	
texturas,	formas	que	combinadas	nos	permitem	ver	representado	um	corpo,	um	
tecido.	Nos	desenhos	do	estilista	Christian	Lacroix	é	possível	ter	a	secundidade	
do representâmen	 declarada,	 à	medida	 que	 as	 linhas	 se	 organizam	 para	 dar	 a	
sugestão	de	braços,	de	rosto,	de	volume,	de	movimento.	Da	mesma	forma	que	a	
representação	do	vestido,	se	dá	pela	singularidade	das	manchas	cromáticas	e	das	
texturas	do	conjunto	de	linhas	do	desenho.	
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UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
FIGURA 7 – REPRESENTAÇÃO EM TONS DE CINZA DE UM DESENHO DO ESTILISTA 
CHRISTIAN LACROIX
ONTE: <https://i.pinimg.com/474x/eb/55/89/eb55892fd2817193da0de8ac5a00ec53.jpg>. Aces-
so em: 14 abr. 2020.
Havendo	a	capacidade	de	observar	as	particularidades	do	fenômeno	pode	
ser	 possível,	 a	 partir	 destas	 particularidades	 abstrair	 o	 geral	 deste	 particular,	
colocando-o	em	uma	classe	geral,	potencializando	o	fenômeno	à	uma	convenção,	
uma	regra,	uma	norma.	Esta	seria	a	terceiridade	–	o	legissigno. 
O legissigno	é	uma	convenção	que	representa	algo	em	seu	 lugar,	é	uma	
lei	que	é	signo.	Não	é	algo	singular,	mas	alguma	coisa	que	se	tem	acordado	ser	
significante.	São	predominantes	nas	 formas	que	só	podem	ser	entendidas	com	
a	ajuda	de	alguma	convenção	cultural.	Um	exemplo	 interessante	aqui	está	nas	
representações	gráficas	de	moda	–	é	preciso	entender	as	convenções	para	saber	
o	que	é	um	desenho	estilizado	ou	croqui;	um	desenho	técnico;	uma	ilustração	de	
moda;	um	desenho	de	figurino.	Cada	uma	dessas	representações	gráficas,	 tem	
suas	convenções	que	as	legitimam	dentro	de	determinado	conceito.
OBJETO
Dependendo do representâmen,	 ou	 seja,	 da	 propriedade	 do	 signo	 será	
diferente	a	maneira	como	o	signo	se	faz

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