Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FSM – P7 – M13 | HELOISA 1 Medicina Legal Heloysa Ribeiro energias de ordem fisica INTRODUÇÃO Energias de ordem física são aquelas capazes de alterar o estado físico dos corpos, dentre as quais encontram-se: Temperatura, Eletricidade, Pressão atmosférica, Radioatividade, Luz, Som... TEMPERATURA: FRIO Causa jurídica: pode ser homicida, suicida ou acidental; Modalidades: local ou generalizada Generalizada • Hipotermia, geladuras (queimaduras pelo frio) e congelamento; Diagnóstico • Sinais específicos: infiltrado hemorrágico na mucosa gástrica e flictenas (bolhas) • Circunstâncias do evento: afastar outras energias que possam ter levado ao óbito (Ex.: alguém foi morto em outro local e jogado na neve) Obs: Na nossa região, esse tipo de evento é muito raro. Mas nas regiões com clima mais frio, acontece bastante por acidente. Exemplo: o carro quebra no meio de uma nevasca muito grande e o resgate demorando a chegar, deixando o indivíduo vulnerável ao frio. Localizada • Geladuras (que podem ser de 1º a 4º grau) → Pés de trincheira: congelamento de 4º dos dedos dos pés, muito comum na época das guerras Comum no nosso meio: geladura acidental TEMPERATURA: CALOR Ação Generalizada Termonoses • Insolação: fonte de calor advindo de raios solares, calor e vapor de água, geralmente em ambientes abertos (Ex.: exposição prolongada ao sol, P7 – M13 Prof: Dr. Ronivaldo de Oliveira GELADURAS 1º Grau: Acomete e epiderme. Hiperemia e edema. 2º Grau: Acomete até a derme. Edema maior e presença de flictenas (bolhas) de conteúdo cristalino. 3º Grau: Acomete até a hipoderme. Endurecimento do local, flictenas (que podem chegar a ser conteúdo sanguíneo), e escurecimento da pele (início de necrose). 4º Grau: Além da pele. Necrose tecidual. FSM – P7 – M13 | HELOISA gerando sinais como queimaduras de graus variados, edema, desidratação...) • Intermação: calor ambiental em lugares fechados (morte por desidratação) Diagnóstico • Circunstâncias do evento: ausência de outras lesões e desidratação Ação Localizada (Calor direto) Queimaduras Classificação de Hoffmann Corpo de uma criança vítima de uma carbonização parcial. Encontra-se na “posição do saltimbanco” (hiperflexão dos membros), com enegrecimento da pele, acompanhada de fissuras causadas pela retração da pele (que está desidratada). Essas fissuras causadas pela carbonização devem ser diferenciadas de uma ferida cortante. Na carbonização, geralmente, há mais de uma fissura ao longo de todo o corpo, não apresentando fundo hemorrágico. → Em relação ao atendimento hospitalar do grande queimado, como essa pele já está morta (e, portanto, não vai causar dor), pode ser feita uma técnica para melhorar a expansão torácica desse indivíduo (uma série de incisões na pele do tórax seguindo os arcos costais), pois a pele fica muito retraída e impossibilitando a expansão. Também é possível ver um edema de língua e lábios muito proeminente, causado pela grande aspiração de fuligem, que, inclusive, se acumulou sobre a língua. Decorrente dessa aspiração, também houve certo grau de edema pulmonar, evidenciado pela espuma saindo pelo nariz. QUEIMADURAS (Classif. Hoffmann) 1º Grau: Atinge apenas epiderme. Eritema simples, edema leve e descamação. 2º Grau: Atinge até a derme. 3º Grau: Acomete até o plano subcutâneo/muscular. Ferimentos secos, espessos ou esbranquiçados 4º Grau: Atinge até o plano ósseo – carbonização. → Carbonização parcial ou total (cadáver por inteiro). 3 Na autópsia, se houver fuligem nas vias respiratórias do indivíduo (sinal de Montalti), significa que ele morreu no ambiente do incêndio. Isso associado ás fissuras na pele (sem fundo hemorrágico) e ao corpo parcialmente carbonizado, fecha a hipótese de morte por carbonização parcial. A presença de petéquias viscerais (manchas de Tardieu) indica que a pessoa também passou por um processo de asfixia. Na imagem essas petéquias estão no coração. Nesse caso, houve a carbonização quase completa de vários corpos (queimaduras de 4º grau). Mas sempre é possível achar partes moles (mais internamente) para realizar o teste de DNA para diferenciação dos cadáveres. → Não se deve liberar os corpos antes de realizar as autópsias, pois é preciso fazer a diferenciação!!! Criança que sofreu uma queimadura (2º grau) por queda de líquido quente de uma panela que estava no fogão. É possível perceber que a disposição da queimadura é crânio-caudal, evidenciando que ele veio de cima para baixo. Ela chegou a ser atendida, mas veio a óbito. A maioria das pessoas com queimaduras graves morre por infecção secundária ou insuficiência renal. Se trata de um caso de suicídio. É possível perceber que as únicas áreas que não estão queimadas são as que eram recobertas por pele (debaixo das mamas e abaixo na barriga). Apresenta extensas áreas de queimadura, mas o óbito foi causado por infecção secundária. → Hoje em dia é mais difícil os grandes queimados morrerem por insuficiência renal, pois, no atendimento inicial, a reposição volêmica é uma das medidas primordiais e que deve ser conhecida por todos os profissionais. Indivíduo com marcas de PAF no crânio. Por isso é importante analisar a macro e a microscopia na necropsia, fazer o exame completo. Muitas vezes a carbonização pode ser usada para esconder evidências do crime e dificultar o reconhecimento do cadáver. FSM – P7 – M13 | HELOISA TEMPERATURA: OSCILANTE Geralmente se trata de uma exposição laboral (“infortunística” → acidentes de trabalho) Indivíduos que trabalham colocando e tirando material do congelador (Ex.: frigoríficos), gerando uma oscilação da temperatura corporal. • Diminuição da resistência orgânica ou exaltação da virulência dos germes; • Gera problemas envolvendo o aparelho respiratório (pneumonia, tuberculose...) ELETRICIDADE Eletricidade natural (ex.: raio) Geralmente de origem acidental (quase impossível alguém se suicidar ou matar alguém com um raio) • Fulminação → êxito letal (morte) Histórico de tempestades com descargas elétricas Sinais gerais de asfixia (devido à tetania dos músculos respiratórios) Sinal de Lichtenberg (lesão cutânea de aspecto arboriforme, decorrente de fenômenos vasomotores, podendo desaparecer nos casos de sobrevivência) • Fulguração → êxito não letal Mesmo sinal cutâneo Necrose muscular e insuficiência renal Sinal de Lichtenberg • Outras alterações → Queimaduras elétricas → Hemorragias musculares → Roturas cardíacas Eletricidade industrial • Eletroplessão (com ou sem êxito letal): termo formal para “eletrocutado”. Geralmente acidental, podendo também ser suicida ou homicida. → Marca elétrica de Jellinek – lesão cutânea de forma circular, elíptica ou estrelada, de consistência endurecida, bordas altas, leito deprimido, tonalidade branco-amarelada, fixa, indolor, asséptica e de fácil cicatrização. Pode apresentar-se na forma do condutor elétrico. → Queimaduras elétricas - carbonização dos tecidos pelo calor gerado pela passagem da corrente elétrica. → Lesões de saída → Sinais gerais de asfixia (devido à tetania dos músculos respiratórios) 5 → É possível ver que há uma congestão e cianose na face (sinais de asfixia, pela tetania dos músculos respiratórios causada pela descarga elétrica prolongada) → Marcas elétricas de Jellinek circuladas em vermelho, provavelmente os locais de entrada da descarga. Também é possível ver petéquias de pelee conjuntiva (olho), livores pelo corpo, a lesão de saída (dedo do pé) e congestão polivisceral. Eletroplessão por uma cerca elétrica modificada pelo dono da casa, que a ligou direto na energia elétrica (no caso, o dono da casa responderia pelo crime). → A pessoa provavelmente estava gripada, pois eliminou secreção pelo nariz durante a descarga. Também apresenta cianose e livores precoces. Na mão, várias marcas de Jellinek e no pulso uma queimadura elétrica. Uma pessoa que foi torturada com vários choques elétricos pelo corpo. PRESSÃO ATMOSFÉRICA (DIMINUIÇÃO) FSM – P7 – M13 | HELOISA Causa jurídica: pode ser homicida, suicida ou acidental; Causada por uma diminuição da pressão atmosférica, com queda da concentração de O2 no ar, levando a alterações na sua oferta para os tecidos. A ATM normal é de 760 mmHg (1.036 kg/cm2) Modalidades • Mal das montanhas (lugares de grande altitude) - Cefaleia, sensação de falta de ar, dispneia, fadiga, tontura, síncopes... • Poliglobulia das montanhas (mal crônico das montanhas/ Doença dos Monges) - Ocorre em pessoas que moram em lugares de grande altitude como mecanismo compensatório para o baixo O2; cronicamente, pode levar a problemas circulatórios Pode causar edema agudo, edema cerebral das alturas e hemorragias retinianas. PRESSÃO ATMOSFÉRICA (AUMENTO) Causa jurídica: pode ser homicida, suicida ou acidental; Causada por um aumento da pressão atmosférica, com aumento da concentração de O2, N2 e CO2 no sangue, levando a alterações na oferta de O2 para os tecidos. Modalidades • Patologias por compressão - Intoxicação pelo O2, N2 e CO2; Mal das cavernas • Patologias por descompressão - Pessoas que estavam sob uma grande pressão atmosférica e sofrem uma rápida descompressão, formando bolhas de ar na circulação e, consequentemente, gerando uma embolia pulmonar; Mal dos caixões RADIOATIVIDADE Causa jurídica: pode ser homicida, suicida ou acidental; Exposição a energias radioativas, com lesões ao organismo • Raio-X: mais frequente • Infortunística: exposição profissional Ação local • Radiodermites agudas 1º grau: depilatória e eritematosa 2º grau: pápulo-eritematosa: ulcerações muito dolorosas e recobertas por crostas seropurulentas 3º grau: ulcerosa: lesão necrótica (úlceras de Röentgen/ mãos de Röentgen) • Radiodermites crônicas Úlcero-atrófica Telangiecetasia Neoplásica (câncer Röentgeriano) SOM Causa jurídica: exposição profissional, infortunística. Exposição a sons de intensidade suficiente para causar lesões no órgão da audição • Pode ser causado tanto por uma exposição súbita e violenta quanto por uma mais crônica e prolongada • >20.000 ciclos/s e 85 decibéis (40 horas/semana) • Perda auditiva total ou parcial • Epilepsia acustogênica LUZ Causa jurídica: forma de tortura, acidental ou exposição profissional. Exposição a intensas e reiteradas descargas de luz de intensidade suficiente para causar lesões no órgão da visão - Cegueira total ou parcial AGENTES QUÍMICOS Podem atuam externamente ou internamente - Externamente: cáusticos; Internamente: venenos Vitriolagem: ação de jogar ácido em outra pessoa (antigamente usava-se muito o vitríolo, ácido sulfúrico) com a intenção de causar um dano estético, desfigurando seu rosto.
Compartilhar