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1 Terapêutica Veterinária | Medicina Veterinária | @focusmedvet_ Introdução Desidratação Terapia de reposição Água corporal total • Representa 60% do pc • 2/3 FIC (40% do PC) • 1/3 FEC (20% do PC) -> 3/4 FI (15% do PC) e ¼ Plasma (5% do PC) ACT = Água corporal total; FIC = fluido intracelular; FEC = Fluido extracelular; FI = Fluído intersticial; PC= peso corporal Liquido corporal - Inclui água e eletrólitos - Os eletrólitos são capazes de se dividir em íons eletricamente carregados quando dissolvidos em solução • Sódio, potássio, cálcio, magnésio, cloreto, bicarbonato, fosfato. Equilíbrio hidroeletrolítico - Vias de entrada e saída • Ingestão direta de água, alimentos... a falta disso gera desequilíbrio • As via de saída principal (sensível) de água e eletrólitos é a urina. Comprometimento na via de saída gera desequilíbrio • As fazes, respiração, suor... são chamadas de vias insensíveis. - Distribuição da água corporal – regulada pelas forças osmóticas dos solutos, que se encontra na média de 295mOsm/kg (280-310mOsm/kg) - As variações nas concentrações séricas de sódio (NA+), cátion de maior concentração no líquido extracelular, provocam desvios da osmolaridade. - Diversas alterações de ordem clínica e cirúrgica interferem com o equilíbrio hidroeletrolítico. - Desidratação Isotônica - Perdas proporcionais de água e eletrólitos. A osmolaridade continua igual - Não há migração de líquidos entre FIC e FEC, pois a osmolaridade permanece constante (295mOsm/kg) - Concentração sérica de Na+ normal (145 a 157mEq/l) 2 Terapêutica Veterinária | Medicina Veterinária | @focusmedvet_ Detecção da desidratação Causas: perdas por vômito, diarreia e sequestro de líquido extracelular em lesões, em infecções dos tecidos moles, peritonites, choque hipovolêmico e hemorragia. - Se mensurar a concentração sérica de sódio ela vai se apresentar normal - É a mais comum Hipotônica - Perda de eletrólitos (soluto) superior a de água. • Hipoosmolar, o soluto dá osmolaridade - FEC hipoosmolar em relação ao FIC (↓ 280mOsm/kg) - Deslocamento do líquido EC para o interior da célula IC -> osmose - Concentração sérica de NA+ baixa (↓ 143mE/l) - Causas: insuficiência adrenocortical, uso inadequado de diuréticos e reposição de perdas isotônicas com glicose 5% ou água. O paciente pode perder por problemas renais Hipertônica - Perda de água superior a de eletrólitos. - FEC hiperosmolar em relação ao FIC (↑ 310mOsm/kg) - Deslocamento do líquido IC para o meio extracelular - Concentração sérica de NA+ alta (↑157mEq/l) - Causas: Baixa ingestão de água, aumento das perdas insensíveis (sudoração excessiva, febre, taquipneia, salivação excessiva, estresse), diabetes insípido, administração de soluções hipertônicas, patologias renais. • Os equinos podem ficar desidratados por aumento das perdas insensíveis 1. Anamnese - Queixa de se alimentar, sem disposição de beber água e se alimentar, queixas de vômito e diarreia, hemorragia - A pele de animal hidratado tem turgor cutâneo saudável. O turgor volta para a posição normal - Avaliar a mucosa através do Tempo de preenchimento capilar (TCP), brilho, coloração • Circulação periférica comprometida indica volemia. Isotônico EC IC 300 mOsm 300 mOsm Hipotônico EC IC 240 mOsm 300 mOsm Hipertônico EC IC 380 mOsm 300 mOsm 3 Terapêutica Veterinária | Medicina Veterinária | @focusmedvet_ 2. Exame clínico - Estimativa do grau de desidratação: baseado na identificação do conjunto de sintomas presentes (critério subjetivo). 3. Exames laboratoriais • Urinálise (densidade da urina) Estimativa do grau de desidratação por meio da sintomatologia clínica – PEQUENOS ANIMAIS Grau de desidratação estimado em função do peso corporal total Sinais clínicos mais evidentes no exame físico < 5% (muito leve) Não detectável. A anamnese pode sugerir desidratação (vômitos/diarreia/sudorese acentuada) 5% (leve) Perda sutil da elasticidade da pele. Mucosas levemente ressecadas 6-8% (leve) Turgor cutâneo diminuído. Mucosas secas. Discreta retração do globo ocular (enoftalmia). Mantém estação, sede e apetite 8-10% (moderado) Turgor cutâneo acentuadamente diminuído. Mucosas secas, pegajosas e avermelhadas. Enoftalmia. Tempo de preenchimento capilar (TPC) aumentado. Apatia, decúbito esternal preferência. Anorexia 10-12% (severa) A pele levantada permanece no lugar. Mucosas secas, pegajosas e vermelhas. Enoftalmia acentuada. Tempo de preenchimento capilar (TPC) acentuadamente prolongado. Oligúria. Pulso rápido e fraco. Taquicardia. Extremidades frias, depressão mental. Decúbito permanente > 12% (choque hipovolêmico) A pele levantada permanece no lugar. Mucosas secas e de cor esbranquiçada ou azulada. Enoftalmia muito acentuada. Tempo de preenchimento capilar (TPC) acentuadamente prolongado. Taqui ou bradicardia. Arritmia. Pulso filiforme. Extremidades frias. Hipotermia. Estupor e coma. Morte eminente 4 Terapêutica Veterinária | Medicina Veterinária | @focusmedvet_ Fluidoterapia – Objetivos - Repor deficiência hídricas - Repor eletrólitos essenciais - Repor nutrientes - Servir como um veículo de infusão - Manter acesso venoso para situações de emergência - Manter a diurese, garantindo boa perfusão renal • Tomar cuidado com paciente renal para não ficar hiper hidratado. - Expandir o volume intravascular rapidamente correção da hipovolemia Categorias Fluidoterapia de reposição • Indicada para pacientes desidratados sem sinais clínicos de choque Fluidoterapia de manutenção • Indicado para pacientes cujo déficit hídrico tenha sido reposto, porém não se encontram aptos a manter o aporte adequado de água e eletrólitos Fluidoterapia de emergência • Indicada para pacientes que apresentem hipotensão severa e sinais clínicos de choque; objetivo provocar expansão do volume plasmático. Tipos de fluido - Fluidos de reposição - Soluções cristaloides com características semelhantes ao FEC Solução isotônica de NaCl a 0,9% • Concentração de Na semelhante ao FEC, porém de CI maior, ausência de outros eletrólitos do FEC; pH 5,0; uso como acidificante e para correção do déficit do volume extracelular Solução isotônica de ringer-lactato • Composição semelhante ao FEC, contém NA, Ca, Cl, K e lactado (percursos do bicarbonato) é. A solução mais utilizada por ser versátil e não induzir ou agravar alterações eletrolíticas; pH 6,5; uso como alcalinizante e para reposição hidroeletrolítico; precaução em animais com hepatopatias e não administrar em hipercalcêmicos. Correção de desidratação 5 Terapêutica Veterinária | Medicina Veterinária | @focusmedvet_ Fluidoterapia – Vias de ADM Solução isotônica de Ringer • Similar ao ringer-lactato exceto por não conter lactato e conter maior concentração de Cl e Ca; pH 5,5; possui a mesma finalidade do NaCl a 0,9%, porém é mais completo. Solução de glicose a 5% • Quase isotônica, não contém eletrólitos repõe apenas água pura; não atua eficientemente como repositora de energia (200kcal); pH 4,0; indicada para diluir eletrólitos e compensar perdas por evaporação. • Não serve para repor energia, apenas para repor água porque a quantidade de glicose na solução é extremamente pequena. • Pode usar como via de acesso, misturar com medicação, menos dar para diabéticos Solução hipotônica de NaCL a 0,45% • Tem concentração de Na menor que a do FEC; pH 5,0; indicada para correção da desidratação hipernatrêmica (paciente com muito soluto -> perdeu muita água) Soluções comerciais - Não disponíveis no Brasil Soluções preparadas - Solução ringer-lactato + KCL (2mEq/L) - Solução ringer-lactato + KCL (2mEq/L) + glicose (50% - Partes iguais das soluções de ringer-lactato + glicose a 5% + KCL (2mEq/L) - Uma parte de solução NaCl 0,9%+ duas partes de solução de glicose 5% + KCL (2mEq/L) Soluções cristaloides - Soluções cristaloides isotônicas administradas rapidamente e em grandes volumes (2 a 3 vezes maiores do que os usuais) Ex: ringer-lactato. - Soluções cristaloides em concentração hipertônicas. Ex: NaCl a 7,5% (velocidade de infusão máxima de 1ml/kg/min; contra indicada na hipernatremia). Soluções coloidais - Substâncias de alto peso molecular, que ficam restritas ao compartimento plasmático. Ex: plasma e coloides sintéticos (dextranos e polímeros de gelatina). Metabolização lenta e custo elevado. Via intravenosa - Via preferida - Hidratação rápida 6 Terapêutica Veterinária | Medicina Veterinária | @focusmedvet_ - Admite soluções isotônicas e não isotônicas (qualquer solução) - Viabiliza administração de grandes volumes - Exige controle da velocidade de administração (respeito ao limiar renal). • Respeitar a capacidade do rim de metabolizar e excretar -> se ultrapassar o limiar renal o paciente tem retenção de liquido -> edema e efusões. Subcutânea - Técnica rápida e fácil - Absorção mais lenta - Só admite soluções isotônicas e não irritantes - Recomendada apenas em desidratação leves (até 7%) Intraperitoneal - Admite soluções isotônicas e não irritantes (vitaminas do complexo B) - Viabiliza grandes quantidades de fluidos e não há necessidade de controle da velocidade de administração - Risco de peritonite - Em alterações circulatórias graves e hipovolemia (emergência) é desaconselhável. - No peritônio -. Colocar o fluido no espaço peritoneal Intra-óssea - Mais utilizada em neonatos e filhotes • Osso cartilaginoso - Requer experiência - Admite soluções isotônicas e não isotônicas - Possui alta absorção – vai diretamente para a circulação sanguínea - Risco de osteomielite - É igual a intravenosa - Pontos comuns • Crista do úmero, crista ilíaca e da tíbia. Oral - Útil no fornecimento de preparados de densidade altamente colorífica (hipertônico) - Não deve ser usada se houver vômitos ou diarreia presentes - Desvantagens em animais cujas perdas líquidas tenham sido súbitas e extensas. 7 Terapêutica Veterinária | Medicina Veterinária | @focusmedvet_ Fluidoterapia – Volume de administração Volume de reposição -> correção da desidratação. • Usando estimativas clínicas (grau) da desidratação Peso corporal 9kg) x desidratação = kg de déficit líquido (litro) 100 Volume de manutenção -> quantidade de fluido normalmente necessária para as reações do metabolismo basal durante 24h • Varia com a espécie animal, faixa etária e condição fisiológica. • Paciente precisa ou não? Não se dá quando o animal que não tem acesso a água ou alimento Adultos: 44-66ml/kg/dia. Jovens: 50-70ml//kg/dia Neonatos: 150/kg/dia 50ml/kg de volume de manutenção “dá certo” para todos os animais. Inclui adulto, jovens, animais silvestres, grandes animais... Perdas contínuas -> quantidade de fluido que continua sendo perdida ao longo do dia do tratamento iniciado • Adicionado ao volume de fluido diário e mantido até a interrupção dos sinais clínicos do distúrbio que está levando à depleção. • Exemplo: vômitos, diarreia -> perda de líquido • Administrar quando o paciente continua perdendo Vômito: 40ml/kg Diarreia: 50ml/kg Diarreias e vômito: 60ml/kg Cálculo do déficit de desidratação + exigências de manutenção diária e distribuição dessa carga de fluído por 24h Exemplo: Cão 10kg, adulto, 8% desidratação, com vômitos - Volume de reposição: 10x8/100 = 0,8 litros = 800 ml para repor o que ele perdeu - Volume de manutenção: 10x50ml = 500 ml - Volume de perdas contínuas: 10 x 40ml = 400ml - Total = 1.700/24h (800+500+400) 8 Terapêutica Veterinária | Medicina Veterinária | @focusmedvet_ Cálculo da velocidade de administração de fluido em ml/hora do volume de gotejamento intravenoso Gotas/minuto = volume total de infusão x gotas/ml Tempo total de infusão - Na Fluidoterapia de emergência, na primeira hora, os fluidos de reposição podem ser administrados na velocidade de 60 a 90ml/kg/hora (cães) e 40 a 60ml/kg/h (gatos), e em sequência, 10ml/kg/hora (limiar renal) como velocidade de manutenção. (o limiar renal serve para qualquer animal) Exemplo: Cão 10kg, adulto, 8% desidratação, com vômitos Volume de adm: 1.700/24h = 70ml/h Limiar renal: 10ml/kg/hora -> 10 x 10 = 100ml Velocidade de administração intravenosa: - Equipo macrogotas (10gt/1ml): 70 x 10gt = 700 = 11gt/min 60 min 1 ml 60 Para ver a gota caindo por segundo 11gt ------------ 60s 1gt --------------- x x= 5,45 = 1 gt/6s no equipo Usando o limiar renal -Na 1° hora: 100ml/h (limiar renal): 100ml x 10gt = 1000 = 16gt/min 60 min 1 ml 60 16 gt ---------- 60 sg 1gt ---------------- x x = 3,75 = 1gt/5sg Posteriormente: 70ml/h = 1gt/6sg 9 Terapêutica Veterinária | Medicina Veterinária | @focusmedvet_ Grandes animais Volume de reposição Peso corporal (kg) x desidratação = kg de déficit líquido (litro) 100 Volume de manutenção Bovinos • Adultos (50ml/kg/dia) • Jovens (100ml/kg/dia) • Neonatos (150ml/kg/dia) • Fêmeas em lactação, acrescentar 1 litro de água pro litro de leite produzido Equinos: • Adultos (30-60ml/kg/dia) • Jovens (70-80ml/kg/dia) Volume de perdas contínuas - Em grandes animais; através de diarreia, sudoração, refluxo gástrico ou micção (equinos), diarreia, poliúria ou sequestros de fluidos 9bovinos) - Equinos adultos: perda por diarreia pode variar de 15 a 18L/24h • Difícil de ser mensurado. Normalmente não adicionado - Em casos de cólica, associar 1 litro de plasma ou expansor para cada 09 litros de ringer lactato, compensando o sequestro de proteínas e eletrólitos do plasma para a luz intestinal. Exemplo: Bezerro 50kg, 12% desidratação, com diarreia Volume de reposição: 50x12/100 = 6 litros = 6000 ml Volume de manutenção: 50x100 = 5000ml Total = 11litros/24h = 450ml/h Velocidade de administração intravenosa: Equipo macrogotas: gotas/min = 450ml x 10gt = 4500 = 75gt/min 60 min 1 ml 60 75gt ----------- 60s 1gt -------------- x x= 0,8 = 1gt/0,8s 450ml/h x 4h = 1.800 ml (IV) 11.000ml – 1.800ml = 9.200ml (PO) / 4 tomadas 10 Terapêutica Veterinária | Medicina Veterinária | @focusmedvet_ Monitoramento da fluidoterapia - Exame físico várias vezes ao dia - Indicação de sucesso: normalidade do turgor cutâneo, umedecimento das mucosas, reforço do pulso, aumento da perfusão, melhora do hematócrito diminuído e estado de alerta - Super hidratação: corrimento nasal ou ocular seroso, quemose, edema subcutâneo, edema pulmonar, taquipneia ou estertores, vômitos ou diarreia, peso corpóreo aumentado subitamente, hematócrito diminuído e PT diminuída.
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