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Sistema Nervoso Autônomo Homeostase – equilíbrio dinâmico entre as subdivisões autonômicas As ações simpáticas e parassimpáticas com frequência se opõem Descanso e digestão: a atividade parassimpática predomina Luta ou Fuga: a atividade simpática predomina SISTEMA NERVOSO AUTONOMO: PARASSIMPÁTICO AGONISTAS COLINÉRGICOS Duas famílias de receptores colinérgicos, designados muscarínicos e nicotínicos, podem ser diferenciadas entre si com base em suas diferentes afinidades para fármacos que mimetizam a ação da ACh (fármacos colinomiméticos). Os receptores muscarínicos pertencem à classe dos receptores acoplados à proteína G (receptores metabotrópicos). Esses receptores, além de se ligarem à ACh, reconhecem a muscarina, um alcaloide que está presente em certos cogumelos venenosos. Porém, os receptores muscarínicos apresentam baixa afinidade pela nicotina. Há cinco subclasses de receptores muscarínicos. Contudo, somente os receptores M1, M2 e M3 foram caracterizados funcionalmente. Os receptores nicotínicos, além de ligarem a ACh, reconhecem a nicotina, mas têm baixa afinidade pela muscarina. O receptor nicotínico funciona como um canal iônico disparado pelo ligante. A ligação de duas moléculas de Ach provoca uma alteração conformacional que permite a entrada de íons sódio, resultando na despolarização da célula efetora. A nicotina em concentração baixa estimula o receptor; em concentração alta, o bloqueia. AGONISTAS COLINÉRGICOS DE AÇÃO DIRETA Os agonistas colinérgicos mimetizam os efeitos da ACh ligando-se diretamente aos colinoceptores (muscarínicos ou nicotínicos). Estes fármacos podem ser classificados em dois grupos: 1) ésteres da colina endógenos, que incluem a ACh e ésteres sintéticos de colina, como o carbacol e o betanecol; 2) alcaloides de ocorrência natural, como a nicotina e a pilocarpina. Todos os fármacos colinérgicos de ação direta têm efeitos mais prolongados do que a ACh. Betanecol éster carbamila não substituído, relacionado estruturalmente com a Ach. Ele não tem ações nicotínicas, mas apresenta forte atividade muscarínica. Suas principais ações são na musculatura lisa da bexiga urinária e no TGI. Estimula diretamente os receptores muscarínicos, aumentando a motilidade e o tônus intestinal. Ele também estimula o músculo detrusor da bexiga e relaxa os músculos trígono e o esfíncter. Esses efeitos provocam a micção. Utilizado no tratamento urológico, o betanecol é usado para estimular a bexiga atônica. EFEITOS ADVERSOS: diarreia, diaforese, miose, naúsea, urgência urinaria Pilocarpina O alcaloide pilocarpina é uma amina terciária e resiste à hidrólise pela AChE. A pilocarpina apresenta atividade muscarínica e é usada primariamente em oftalmologia. Aplicada localmente no olho, a pilocarpina produz rápida miose e contração do músculo ciliar. Quando o olho está em miose, ocorre espasmo de acomodação. A visão se torna fixa para uma distância particular, tornando impossível a focalização. A pilocarpina é usada no tratamento do glaucoma. AGONISTAS COLINÉRGICOS DE AÇÃO INDIRETA: ANTICOLINESTERÁSICOS (REVERSÍVEIS) Os inibidores da AChE (fármacos anticolinesterásicos, ou inibidores da colinesterase) promovem ações colinérgicas indiretamente, prevenindo a degradação da ACh. Isso resulta em acúmulo de ACh na fenda sináptica. AGONISTAS COLINÉRGICOS DE AÇÃO INDIRETA: ANTICOLINESTERÁSICOS (IRREVERSÍVEIS) Inúmeros compostos organofosforados sintéticos apresentam a propriedade de ligar-se covalentemente à AChE. O resultado é um aumento de longa duração nos níveis de ACh em todos os locais onde ela é liberada. Vários desses fármacos são extremamente tóxicos e foram desenvolvidos como agentes “contranervos” com fins militares. ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS Termo geral para os fármacos que se ligam aos colinoceptores (muscarínicos ou nicotínicos) e previnem os efeitos da acetilcolina (ACh) ou outros agonistas colinérgicos. Os fármacos deste grupo clinicamente mais úteis são os bloqueadores seletivos dos receptores muscarínicos. Comumente denominados de fármacos anticolinérgicos, os fármacos antimuscarínicos (p. ex., atropina e escopolamina) bloqueiam os receptores muscarínicos, causando inibição das funções muscarínicas. ATROPINA alcaloide amina terciária da beladona com alta afinidade pelos receptores muscarínicos. Liga-se competitivamente à ACh e impede sua ligação a esses receptores. Olho: A atropina bloqueia toda a atividade muscarínica no olho, resultando em midríase persistente (dilatação da pupila). Trato gastrintestinal (TGI): A atropina pode ser usada como antiespasmódico para reduzir a atividade do TGI. Secreções: A atropina bloqueia os receptores muscarínicos nas glândulas salivares, produzindo xerostomia (secura da boca). EFEITOS ADVERSOS: visão borrada, confusão, midríase, constipação, retenção urinária BLOQUEADORES GAGLIONARES E NEUROMUSCULARES BLOQUEADORES GANGLIONARES Os bloqueadores ganglionares atuam especificamente nos receptores nicotínicos dos gânglios autônomos parassimpático e simpático. Assim, esses fármacos bloqueiam completamente os impulsos do sistema nervoso autônomo (SNA) nos receptores nicotínicos. Nicotina Um componente da fumaça do cigarro, a nicotina é um veneno com várias ações indesejadas. Ela não tem benefícios terapêuticos e é prejudicial à saúde. Dependendo da dose, a nicotina despolariza os gânglios autônomos, resultando primeiro em estimulação e depois em paralisia de todos os gânglios. O efeito estimulante é complexo e resulta do aumento da liberação do neurotransmissor devido ao seu efeito nos gânglios simpáticos e parassimpáticos. BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES Os BNMs bloqueiam a transmissão colinérgica entre o terminal nervoso motor e o receptor nicotínico no músculo esquelético. Eles possuem alguma similaridade química com ACh e atuam como antagonistas (tipo não despolarizante) ou como agonistas (tipo despolarizante) nos receptores da placa motora da junção neuromuscular. Os BNMs são úteis clinicamente durante cirurgias para facilitar a intubação endotraqueal e oferecer relaxamento muscular completo em doses anestésicas baixas, permitindo recuperação mais rápida da anestesia e diminuindo a depressão respiratória pós- cirúrgica. O primeiro fármaco conhecido capaz de bloquear a JNM foi o curare, usado pelos caçadores nativos da América do Sul na região amazônica para paralisar a caça. Antagonistas (tipo não despolarizante): competitivos, os efeitos advêm da inibição competitiva da acetilcolina ao receptor nicotínico juncional, impedindo a despolarização da placa motora. Agonistas (tipo despolarizante): aqueles que produzem seus efeitos a partir da despolarização sustentada da placa motora. Bloqueadores não despolarizantes (competitivos) O primeiro fármaco conhecido capaz de bloquear a JNM foi o curare. Na sequência se deu o desenvolvimento da tubocurarina, mas ela foi substituída por outros fármacos com menos efeitos adversos, como cisatracúrio, pancurônio, rocurônio e vecurônio. Os fármacos BNMs aumentaram significativamente a segurança da anestesia, pois passou a ser necessário menos anestésico para obter relaxamento muscular, permitindo ao paciente se recuperar mais rápida e completamente após a cirurgia. Os BNMs não devem ser usados como substitutos de anestesia inadequadamente profunda. Nem todos os músculos são igualmente sensíveis aos bloqueadores competitivos. Os músculos pequenos de contração rápida da face e dos olhos são mais suscetíveis e são paralisados primeiro, seguidos de dedos, pernas, músculos do pescoço e do tronco. Em seguida, são atingidos os músculos intercostais e, finalmente, o diafragma. Os músculos se recuperam na ordem inversa. Em geral, os fármacos são seguros, com efeitos adversos mínimos. Fármacos despolarizantes Os fármacos bloqueadores despolarizantes atuam por despolarização da membrana plasmática da fibra muscular, similarmenteà ação da ACh. Entretanto, resistentes esses à acetilcolinesterase fármacos são mais pela degradação (AChE) e, assim, despolarizam as fibras musculares de modo mais persistente. A succinilcolina é o único relaxante muscular despolarizante usado atualmente. Devido ao rápido início, a succinilcolina é útil quando é necessária intubação endotraqueal rápida durante a indução da anestesia. Ela também é usada durante tratamento com choque eletroconvulsivo. A succinilcolina é injetada por via IV. Efeitos Adversos: hipertermia, apneia e hiperpotassemia SISTEMA NERVOSO AUTONOMO: SIMPÁTICO Agonistas Adrenérgicos Os neurônios adrenérgicos liberam norepinefrina como neurotransmissor primário. Esses neurônios são encontrados no sistema nervoso central (SNC) e também no sistema nervoso simpático, onde servem de ligação entre os gânglios e os órgãos efetores. Os fármacos adrenérgicos atuam em receptores adrenérgicos localizados no neurônio na pré sinapse ou no órgão efetor pós-sináptico. Receptores adrenérgicos (adrenoceptores) No sistema nervoso simpático, várias classes de adrenoceptores podem ser diferenciadas farmacologicamente. Duas famílias de receptores, designadas α e β, são classificadas com base nas suas respostas aos agonistas adrenérgicos epinefrina, norepinefrina e isoproterenol. Cada um desses receptores principais tem um número específico de subtipos de receptores identificados. Adrenoceptores α Os adrenoceptores α apresentam respostas fracas ao agonista sintético isoproterenol, mas respondem às catecolaminas naturais epinefrina e norepinefrina. Os adrenoceptores α são subdivididos em dois grupos, α1 e α2, com base nas suas afinidades por agonistas e α-bloqueadores. Receptores α1: Estes receptores estão presentes na membrana pós-sináptica dos órgãos efetores e intermedeiam vários dos efeitos clássicos – originalmente designados como α-adrenérgicos –, envolvendo contração de músculo liso. A ativação ativação desses receptores aumenta a produção de DAG e IP3, levando ao aumento intracelular de íons cálcio. Receptores α2: Estes receptores estão localizados primariamente nas terminações de nervos simpáticos pré-sinápticos e controlam a liberação de norepinefrina. Adrenoceptores β: As respostas dos receptores β diferem dos receptores α e são caracterizadas por uma intensa resposta ao isoproterenol, com pouca sensibilidade para epinefrina e norepinefrina. Os adrenoceptores β podem ser subdivididos em três principais subgrupos, β1, β2, e β3, com base nas suas afinidades por agonistas e antagonistas adrenérgicos. Os receptores β1 tem afinidade praticamente igual por epinefrina e norepinefrina. Os receptores β2 têm maior afinidade por epinefrina do que por norepinefrina. Os receptores β3 estão envolvidos na lipólise e também em efeitos no músculo detrusor da bexiga. AGONISTAS ADRENÉRGICOS DE AÇÃO DIRETA Os agonistas de ação direta se ligam aos receptores nos órgãos efetores sem interagir com o neurônio présináptico. Como grupo, esses fármacos são bastante usados clinicamente. EPINEFRINA Sistema cardiovascular: As principais ações da epinefrina são no sistema cardiovascular. - Reforça a contratilidade do miocárdio (ação β1); - Aumenta a frequência de contração (ação β1); - O débito cardíaco aumenta. Esses efeitos aumentam a demanda de oxigênio pelo miocárdio. - Ativa receptores β1 nos rins, promovendo a liberação de renina. A renina é uma enzima envolvida na produção de angiotensina II, um vasoconstritor potente. - Contrai as arteríolas da pele, das mucosas e das vísceras (efeito α); Sistema respiratório: Causa poderosa broncodilatação por ação direta na musculatura lisa bronquial (ação β2). - Inibe a liberação de mediadores da alergia, como a histamina dos mastócitos. Salbutamol e terbutalina: São fármacos β2-agonistas de ação curta usados primariamente como broncodilatadores e administrados em um dispositivo inalador de dosagem controlada. O salbutamol é o β2-agonista de ação curta de escolha no manejo dos sintomas agudos de asma. Salmeterol e formoterol: São β-agonistas de longa ação seletivos para β2. Uma dose única por um inalador dosável provê broncodilatação por 12 horas; o salbutamol, por exemplo, provê menos de 3 horas. AGONISTAS ADRENÉRGICOS DE AÇÃO INDIRETA Agonistas adrenérgicos de ação indireta causam a liberação, inibem a captação ou inibem a degradação da epinefrina ou da norepinefrina. Eles potencializam os efeitos da epinefrina ou da norepinefrina endógenas, mas não atuam diretamente nos receptores pós-sinápticos. Anfetamina: A acentuada ação estimulante central da anfetamina com frequência é considerada sua única ação pelos adictos. Contudo, o fármaco pode também aumentar significativamente a pressão arterial por ação α1-agonista nos vasos, bem como por efeitos estimulantes β1 no coração. Cocaína: A cocaína é a única entre os anestésicos locais que tem a propriedade de bloquear o transportador de Dopamina dependente de sódio-cloreto (Na+/Cl-) necessário para a captação celular de Dopamina pelo neurônio adrenérgico. Em consequência, a Dopamina se acumula na fenda sináptica, resultando em aumento da atividade simpática e potenciação das ações da Dopamina. AGONISTAS ADRENÉRGICOS DE AÇÃO MISTA A efedrina e a pseudoefedrina são adrenérgicos de ação mista. Elas não só liberam a norepinefrina armazenada nos terminais nervosos, como também estimulam diretamente os receptores α e β. Dessa forma, produzem vários efeitos adrenérgicos que são similares aos da epinefrina, embora menos potentes. EFEITOS ADVERSOS AGONISTAS ADRENERGICOS: arritmia, insônia, cefaleia, náuseas, tremores, hiperatividade. ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS ligam-se aos adrenoceptores, mas não iniciam os usuais efeitos intracelulares mediados pelos receptores. Esses fármacos atuam ligando-se reversível ou irreversivelmente aos adrenoceptores, evitando, assim, sua ativação. BLOQUEADORES α-ADRENÉRGICOS: Fármacos que bloqueiam os adrenoceptores α afetam profundamente a pressão arterial. Como o controle simpático normal dos vasos ocorre em grande parte por ações agonistas nos receptores αadrenérgicos, o bloqueio desses receptores reduz o tônus simpático dos vasos sanguíneos, resultando em menor resistência vascular periférica. PRAZOSINA, TERAZOSINA, DOXAZOSINA, TANSULOSINA E ALFUZOSINA Prazosina, terazosina e doxazosina são bloqueadores competitivos seletivos de receptores α1. Súteis no tratamento da hipertensão. Entre esses fármacos, a doxazosina é o de ação mais longa. Todos esses fármacos diminuem a resistência vascular periférica e a pressão arterial, causando relaxamento dos músculos lisos arteriais e venosos. EFEITOS ADVERSOS: hipertensão ortostática, vertigens, disfunção sexual BLOQUEADORES β-ADRENÉRGICOS : Todos os β-bloqueadores disponíveis para a clínica são antagonistas competitivos. Os β-bloqueadores não seletivos atuam em receptores β1 e β2, ao passo que os β-antagonistas cardiosseletivos bloqueiam principalmente receptores β1.
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