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Aula 10 - Direito das Coisas Parte I

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CURSOS ON-LINE – DIREITO CIVIL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 
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11
AULA 10 
 
 
DIREITO DAS COISAS 
 
= PRIMEIRA PARTE = 
 
 
 
POSSE E PROPRIEDADE 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Meus Amigos e Alunos. Iniciamos hoje uma nova etapa em nossos 
estudos. Até agora estávamos falando sobre o Direito das Obrigações. Hoje 
vamos ingressar no Direito das Coisas. Este tema também é muito extenso. 
Por isso vamos desmembrá-lo em duas aulas. Hoje veremos somente a Posse 
e a Propriedade. Na próxima aula estudaremos os Direitos Reais sobre coisa 
alheia. 
Vamos iniciar a aula de hoje fazendo uma breve introdução 
Na verdade existe uma grande dualidade no Direito Civil. A divisão do 
Direito em: Obrigacionais (ou Pessoais) e Reais (chamado agora de Direito das 
Coisas). Assim, para o atual Código Civil: 
 
A) DIREITO PESSOAL (ou obrigacional) ⎯ relação entre pessoas, 
abrangendo tanto o sujeito ativo como o passivo e a prestação que o segundo 
deve ao primeiro (o exemplo clássico é o contrato). 
B) DIREITO DAS COISAS ⎯ relação entre o homem e a coisa que se 
estabelece diretamente (o exemplo clássico é a propriedade), contendo três 
elementos: a) sujeito ativo; b) coisa; c) relação (ou poder) do sujeito ativo 
sobre a coisa (domínio). 
Costumo dar em aula o seguinte “quadrinho” para distinguir bem essa 
divisão do Direito. 
 
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22
DIREITO PESSOAL DIREITO DAS COISAS 
1. Dualidade de Sujeitos: 
 a) Ativo (credor) 
 b) Passivo (devedor) 
2. Objeto → sempre uma prestação do 
devedor. 
1. Violados os direitos pessoais, 
pode a parte ingressar com uma 
ação, mas somente contra a 
outra parte. 
Exemplo: um contrato qualquer. 
1. Apenas um Sujeito: 
a) Ativo 
 
2. Objeto → sempre uma coisa 
(corpórea ou incorpórea). 
3. Violados os direitos reais, pode a 
parte ingressar com ação contra 
quem detiver a coisa, 
indistintamente. 
 Exemplo: a propriedade 
 
Desta forma, podemos conceituar o Direito das Coisas como sendo um 
conjunto de normas que regem as relações jurídicas concernentes aos bens 
materiais ou imateriais suscetíveis de apropriação pelo homem. Prevê a 
aquisição, o exercício, a conservação e a perda de poder dos homens sobre os 
bens suscetíveis de apropriação, sejam eles corpóreos ou incorpóreos (entre os 
bens incorpóreos ou imateriais incluem-se os direitos autorais e a propriedade 
industrial → marcas e patentes). 
O Direito das Coisas é um vínculo que liga uma coisa a uma pessoa. É 
um direito absoluto por ser oponível a todos (erga omnes). O titular do direito 
real tem o poder de reivindicar a coisa onde quer que ela se encontre. 
Feita esta introdução, vamos apresentar uma Classificação Geral do 
Direito das Coisas para situar bem todos os pontos que veremos nesta e na 
próxima aula. 
CLASSIFICAÇÃO 
 
Anteriormente Direito das Coisas e Direitos Reais eram expressões 
tratadas como sinônimas (até porque real vem de res; e res em latim significa 
coisa). Em face do novo Código Civil houve uma alteração. Atualmente, o Direito 
das Coisas passou a designar o gênero e Direitos Reais a espécie, conforme 
veremos logo a seguir. 
Confiram então como ficou o quadro completo do Direito das Coisas 
segundo o atual Código Civil e a doutrina mais moderna sobre o assunto. 
Lembrando que vamos fornecer abaixo esse quadro de maneira genérica. A 
seguir vamos analisar item por item deste quadro como sempre temos feito 
durante nosso curso. 
 
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33
DIREITO DAS COISAS 
I) POSSE 
II) DIREITOS REAIS 
A) Sobre Coisa Própria → Propriedade 
 
B) Sobre Coisa Alheia 
 
1. DE GOZO (ou fruição) 
a) Enfiteuse 
b) Superfície 
c) Servidão Predial 
d) Usufruto (englobando o Uso e a Habitação) 
 
 2. DE GARANTIA 
a) Penhor 
b) Hipoteca 
c) Anticrese 
d) Alienação Fiduciária 
 
 3. AQUISIÇÃO 
 ⎯ Promessa irrevogável (ou irretratável) de compra e venda 
 
Observação – Notem que a posse também está classificada como direito 
das coisas, por ser um vínculo que liga uma coisa a uma pessoa e pela sua 
oponibilidade a terceiros. Ela se encaixa no conceito de Direito das Coisas que 
falamos acima. Aplica-se a regra de que o acessório (posse) segue o principal 
(propriedade). No entanto há quem entenda posse como um direito 
obrigacional especial. E outros autores a reputam, não como um direito, mas 
como um fato. Lembrando que esta é apenas uma visão doutrinária. Para efeito 
de concurso (que é o que nos interessa), a posse faz parte do Direito das Coisas 
(mas, observem bem no quadro acima, que ela não é um Direito Real). 
 
OBRIGAÇÕES REAIS PROPTER REM 
 Outra observação importante diz respeito às obrigações propter 
rem (ou obrigações reais, ou seja, em razão da coisa). Situam-se em uma zona 
intermediária entre o direito real e o direito obrigacional. Surgem como 
obrigações pessoais de um devedor, mas por ser ele titular de um direito real. 
Elas acabam aderindo mais à coisa do que ao seu eventual titular. Em outras 
palavras: elas recaem sobre uma pessoa (daí direito pessoal), mas por força de 
um direito real (como por exemplo, a propriedade). Exemplos: obrigação de um 
proprietário de não prejudicar a segurança, sossego e saúde dos vizinhos; a do 
condômino de contribuir para a conservação da coisa comum ou de não alterar a 
fachada externa do edifício; adquirente de imóvel hipotecado de pagar o débito 
que o onera, dívida por imposto predial, despesas de condomínio, hipoteca, etc. 
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Melhor exemplificando: a obrigação de pagar o IPTU é pessoal; mas ela só 
existe por causa do direito de propriedade. Uma pessoa está devendo 03 anos 
de IPTU e vende seu imóvel. Quem a Prefeitura irá acionar? A pessoa que 
realmente deve? Ou seja, a pessoa que era a proprietária do imóvel e não 
pagou o imposto? Ou o novo proprietário? Resposta: A Prefeitura irá acionar o 
atual proprietário! É evidente que este poderá acionar o anterior de forma 
regressiva. Mas a Prefeitura aciona o atual proprietário, pois quando ele 
comprou o bem, assumiu as suas dívidas, inclusive as anteriores (art. 1.345 
CC). Portanto, costumamos dizer que as obrigações propter rem são híbridas: 
parte de direito obrigacional, parte de direito real. 
Como dissemos anteriormente, vamos analisar item por item do quadro 
geral apresentado. E vamos fazer isso com calma, em duas aulas. Hoje veremos 
a Posse e a Propriedade. 
Iniciemos pela Posse. 
 
DA POSSE 
(arts. 1.196/1.227 CC) 
 
CONCEITOS 
Existem duas grandes escolas que procuram delimitar o conceito de 
posse. Lógico que isto é teoria pura. Se o aluno não entender perfeitamente o 
alcance de cada teoria não há muita importância. Lembre-se estamos fazendo 
um curso dirigido para Concurso Público e não um curso para Mestre ou Doutor 
em Direito. Portanto o que o aluno precisa saber é que existem duas teorias 
sobre o tema. E que o Brasil adotou uma dessas teorias, que nós veremos 
adiante. 
I - Teoria Subjetiva (Friedrich Karl von Savigny) 
Poder direto ou imediato que tem a pessoa de dispor fisicamente de um 
bem com a intenção de tê-lo para si e de defendê-lo com a intervenção ou 
agressão de quem quer que seja. Esta teoria possui dois elementos: 
1) Corpus ⎯ elemento material ⎯ poder físico ou de disponibilidade sobre 
a coisa. 
2) Animus domini ⎯ intenção de ter a coisa para si; de exercer sobre ela 
o direito de propriedade. 
Observação – Para essa teoria, o locatário, o comodatário, o depositário 
não seriam possuidores, pois não poderiam ter “a intenção de ter a coisa para 
si”. Portanto, não gozariam de proteção direta, não podendo ingressar com as 
chamadas ações possessórias. 
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II - Teoria Objetiva (Rudolf von Ihering) 
Para constituir a posse basta dispor fisicamente da coisa ou mera 
possibilidade de exercer esse contato. Dispensa-se a intenção de ser dono da 
coisa. Possui então apenas um elemento: 
Corpus ⎯ trata-se do elemento material; único elemento visível e 
suscetível de comprovação; é a atitude externa do possuidor em relação à 
coisa, agindo como se ele fosse dono desta coisa. 
TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO CIVIL 
Nosso Código Civil adotou a Teoria Objetiva de Ihering. Desta forma o 
locatário e o comodatário, para o nosso direito, são possuidores e como tais 
podem utilizar as ações possessórias, até mesmo contra o próprio proprietário 
em determinadas situações. 
O art. 1.196 do CC define a posse como sendo o exercício 
pleno ou não de alguns dos poderes inerentes à propriedade. 
Portanto posse não depende necessariamente de propriedade. 
Uma pessoa pode ter a posse sem ser proprietário!! Ser proprietário é 
ter o "domínio" da coisa. Guardem essa palavra: domínio. Vamos falar 
muito sobre ela durante esta fase de nosso curso. Lembrem-se que ela estará 
sempre ligada à propriedade. Já ter a posse de algo é apenas ter a disposição 
da coisa, utilizando-se dela e tirando-lhe os frutos. 
Atualmente a doutrina vem trazendo novas teorias que dão ênfase ao 
caráter econômico e à função social da posse. Vamos falar sobre isso mais 
adiante, posto que é uma tendência do direito moderno. 
FÂMULO DE POSSE ⎯ DETENÇÃO (art. 1.198 CC) 
Fâmulo é o servidor, é o empregado. Não deve ser confundido com o 
possuidor. Como não é uma expressão usada no dia-a-dia, tem muita incidência 
nos Concursos. 
O fâmulo de posse detém a coisa apenas em virtude de uma situação de 
dependência econômica ou de um vínculo de subordinação. A lei ressalva não 
ser possuidor aquele que, achando-se em relação de dependência para com 
outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens e 
instruções suas. O exemplo clássico que costuma cair nas provas é o do 
“caseiro” de um sítio. Tecnicamente o caseiro não é possuidor. Ele detém a 
coisa em virtude de um contrato de trabalho, de uma relação de dependência ou 
subordinação para com o proprietário do sítio. Na verdade ele é o detentor da 
coisa; em outras palavras: é o fâmulo de posse. 
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O detentor exerce sobre o bem, não uma posse própria, mas uma posse 
de outrem, em nome de outrem. Como não tem posse, não lhe assiste o direito 
de invocar, em nome próprio, as ações possessórias. Nem o eventual direito de 
usucapião. Vou dar agora um exemplo completo: Eu sou dono de um automóvel 
(sou o proprietário). Eu empresto esse veículo a meu amigo (ele tem a posse; é 
o possuidor). Meu amigo vai almoçar com o carro e o deixa em um 
estacionamento; o manobrista deste estacionamento não tem posse; ele é 
apenas o detentor do veículo (ou seja, é o fâmulo de posse). Outros exemplos: 
o zelador de um prédio que pode morar um uma edícula do próprio edifício, a 
bibliotecária, os funcionários públicos e os empregados de uma foram geral que 
zelam a propriedade em nome do dono, são todos detentores. 
CONCLUINDO – para o Direito Civil, deter não é o mesmo que 
possuir. 
 O art. 1.208, 1ª parte do CC acrescenta que não induzem posse os atos de 
mera permissão ou tolerância. Estes representam uma indulgência pela prática 
do ato, mas não cedem direito algum. Apenas retiram eventual ilicitude da 
conduta de terceiro. Assim, a simples tolerância do proprietário não gera posse, 
porém o ato do terceiro, por si só (ex: acampar em um sítio, devidamente 
autorizado) não pode ser considerado como ilícito. 
Elementos da Posse 
Para se adquirir a posse, exigem-se os elementos necessários para os atos 
jurídicos em geral, quais sejam: 
• Sujeito capaz (pessoa natural ou jurídica) 
• Objeto lícito e possível (no caso uma coisa corpórea ou incorpórea) 
• Forma ⎯ neste caso a forma é livre 
• Relação dominante entre o sujeito e o objeto 
Objeto da Posse 
Podem ser objeto de posse todas as coisas que puderem ser objeto de 
propriedade. Incluem-se os bens, entre outros: corpóreos e incorpóreos; móveis 
e imóveis; principais e acessórios, etc. 
Classificação 
A posse pode ser classificada em: 
• Direta (ou imediata) ⎯ quando é exercida por quem detém 
materialmente a coisa; trata-se do poder físico imediato. Exemplos: posse 
exercida pelo próprio proprietário, posse exercida pelo locatário (neste caso 
há uma concessão do locador), pelo comodatário, etc. Quando a posse 
direta é exercida pelo proprietário fala-se em jus possidendi; quando é 
exercida por outra pessoa fala-se em jus possessionis. 
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• Indireta (ou mediata) ⎯ quando a posse é exercida através de outra 
pessoa. Exemplo: proprietário que tem a posse através do inquilino; nesse 
caso há duas posses paralelas e reais: a do possuidor indireto (que é o 
proprietário; o que cede o uso do bem) e a do possuidor direto (do 
locatário, inquilino, que o recebe, em virtude do contrato). Desta forma o 
locatário tem a posse direta e o locador a posse indireta; o depositário tem 
a posse direta e o depositante a posse indireta; o usufrutuário tem a posse 
direta e o nu proprietário tem a posse indireta, etc. Tanto o possuidor 
direto quanto o indireto podem invocar a proteção possessória contra 
terceiros (ações possessórias). Como regra o possuidor direto (locatário, 
depositário, etc.) não podem adquirir a propriedade por usucapião. 
• Justa ⎯ é a que não é violenta, clandestina ou precária; ela é adquirida 
de forma legítima, sem vício jurídico externo. 
• Injusta ⎯ é a posse adquirida com vícios, por meio de violência, 
clandestinidade ou precariedade. São assim suas espécies: 
a) Violenta ⎯ é a obtida através de esbulho, for força física ou 
violência moral. 
b) Clandestina ⎯ é a obtida sub-repticiamente, às escondidas, às 
ocultas. 
c) Precária ⎯ é a obtida com abuso de confiança, não restituindo a 
coisa ao final do contrato (ex: locatário que, alugando um carro, não o 
devolve ao final do contrato). 
Observações 
 
a) A posse, mesmo que injusta, ainda é posse e pode ser 
defendida por ações, não contra aquele de quem se tirou, mas contra 
terceiros. 
b) Na Posse injusta presume-se (presunção juris tantum – 
relativa – que admite prova em contrário) continuar com os mesmos 
vícios nas mãos dos sucessores do adquirente. 
 
 
• De boa-fé ⎯ quando o possuidor ignora os vícios ou os obstáculos que 
lhe impedem a aquisição da coisa ou do direito possuído. A pessoa tem a 
convicção de estar agindo de acordo com a lei. Os vícios são: a violência, a 
clandestinidade e a precariedade. Neste caso o possuidor tem a convicção 
de que a coisa lhe pertence; é um critério subjetivo. Ocorre em geral com 
quem tem justo título, isto é, um documento referente ao objeto 
possuído. Exemplo: contrato de compra e venda, locação, comodato 
doação, etc. O justo título pode ser até um compromisso de compra e 
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venda não registrado. Nosso direito estabelece presunção (relativa) de boa-
fé em favor de quem tenha justo título. 
 
• De má-fé ⎯ quando a posse é viciada porque foi obtida através de 
violência, clandestinidade ou precariedade. O possuidor tem ciência do 
vício. Neste caso, o possuidor não tem o justo título (um documento). No 
entanto, ainda que de má-fé o possuidor não perde o direito de ajuizar a 
ação possessória competente para proteger-se de um ataque a sua posse 
de terceiros. 
 
• Posse nova ⎯ é a que conta com menos de ano e dia. É importante, em 
termos processuais (direito processual), pois se uma invasão ocorreu há 
menos de um ano e um dia poderá o prejudicadoingressar com a ação de 
reintegração de posse pelo rito especial, pleiteando liminar para 
desocupação. 
 
• Posse velha ⎯ é a que conta com mais de ano e dia. Esse prazo é 
importante porque, se a pessoa estiver a mais de um ano e dia na posse, 
pode obter liminar contra quem o estiver incomodando, tendo o direito de 
ser mantido sumariamente na posse. 
 
• Posse ad interdicta ⎯ é a que pode ser defendida pelas ações 
possessórias, mas impede a aquisição da propriedade por usucapião. O 
locatário pode defender a posse de uma turbação ou esbulho, mas não tem 
direito de usucapião contra o proprietário. Ele pode ser inquilino durante 
10, 20, 30, 50 anos. Mas não terá direito a usucapião, por causa do 
contrato firmado. O mesmo ocorre no comodato (empréstimo gratuito de 
bem infungível). Por isso é importante firmar um contrato escrito: uma das 
razões é que ele prova que realmente existe o contrato e impede eventual 
usucapião. 
• Posse ad usucapionem ⎯ é a que se prolonga por determinado lapso 
temporal previsto na lei, admitindo-se a aquisição do domínio pela 
usucapião, desde que obedecidos os requisitos legais. 
Aquisição da Posse 
Pelo artigo 1.204 do CC adquire-se a posse desde o momento em que se 
torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes 
à propriedade. A posse pode ser adquirida de forma: a) originária – apresenta-
se sem os vícios que a maculavam em mãos do antecessor; b) derivada – 
recebe com os mesmos vícios anteriores. 
1 – Aquisição Originária 
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99
a) Apreensão da coisa ⎯ apreensão significa apossamento, pelo 
deslocamento da coisa para o domínio do possuidor, ou pelo uso da coisa se 
esta for imóvel. Consiste na apropriação unilateral da coisa. Aplica-se: 
- nas coisas de ninguém (res nullius) e nas coisas abandonadas (res 
derelictae). 
- nos bens retirados de outrem sem a sua permissão. Mesmo havendo 
violência ou clandestinidade, é posse (embora injusta). Isso porque se 
o primitivo possuidor omitir-se, não reagindo em defesa da posse ou 
não a defendendo por meio das ações, os vícios que a comprometiam 
acabam desaparecendo com o tempo. 
b) Exercício de direito ⎯ significa estar se utilizando o direito, 
usufruindo dele. Exemplo: quem possui uma linha telefônica em sua residência, 
tem, na verdade, um "direito de uso" da mesma. Outro exemplo é o da servidão 
de aqueduto passada por terreno alheio adquire o agente a sua posse se o dono 
do prédio serviente permanece inerte (veremos isso na aula seguinte). 
 
2 – Aquisição Derivada 
a) Tradição ⎯ entende-se por tradição a entrega da coisa, pressupondo 
um acordo de vontades. Basta que haja a intenção do tradens (o que opera a 
tradição; entrega a coisa) e do accipiens (o que recebe a coisa). A tradição pode 
ser real (entrega efetiva e material da coisa), simbólica (representada por ato 
que traduz a alienação – ex: entrega das chaves do carro, do apartamento, etc.) 
e ficta (constituto possessório – veremos isso abaixo). 
 
b) Constituto Possessório ou cláusula constituti (art. 1.267, parágrafo 
único do CC) ⎯ é o ato pelo qual aquele que possuía em nome próprio passa a 
possuir em nome de outrem. Exemplos: A, proprietário, aliena o seu imóvel, 
mas continua residindo nele como inquilino (ou como comodatário); Z titular de 
uma linha telefônica, a aliena, mas continua usando-a por locação. Pelo 
constituto possessório a posse se desdobra em duas faces: o possuidor antigo, 
que tinha a posse plena como proprietário, se converte em possuidor direto, 
enquanto o novo proprietário se investe na posse indireta, em virtude do 
contrato. A cláusula constituti não se presume, deve estar expressa no contrato. 
Aplica-se tanto aos bens móveis quanto aos imóveis. 
 
c) Acessão Temporal ⎯ a posse pode ser continuada pela soma do 
tempo do atual possuidor com o de seus antecessores. O adquirente da posse 
de uma coisa pode somar a posse anterior visando, por exemplo, a usucapião. 
 
Pessoas que podem adquirir a posse 
A posse pode ser adquirida (art. 1.205 CC): 
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a) pela própria pessoa que pretende, desde que capaz; se ela não tiver 
capacidade deverá ser representada ou assistida. 
b) por seu representante ou procurador (mandatário), com poderes 
especiais. 
c) por terceiro, sem mandato, dependendo de ratificação (gestor de 
negócios). 
EFEITOS DA POSSE 
Os efeitos da posse são as conseqüências jurídicas por ela produzidas, em 
virtude de lei ou de norma jurídica. A posse possui diversos efeitos. Embora haja 
certa discrepância entre os autores apontamos como efeitos de ser possuidor 
de um bem: 
 
A) FACULDADE DE INVOCAR OS INTERDITOS ⎯ interditos são as 
ações possessórias. O possuidor tem a faculdade de propor ações possessórias 
objetivando mantê-lo na posse ou ser-lhe restituída a posse. Permite-se que o 
possuidor possa demandar proteção possessória e, cumulativamente, pleitear 
a condenação do réu em perdas e danos. Pode-se requerer a cominação de pena 
para o caso de nova turbação ou esbulho. Se ocorreu o perecimento 
(deterioração, destruição, perda, etc.) do bem, somente resta ao possuidor o 
caminho da indenização. Mas se o réu se sentir ofendido em sua posse, pode 
formular, na própria contestação os pedidos que tiver contra o autor. As três 
primeiras ações que falaremos a seguir (Interdito Proibitório, Manutenção de 
Posse e Reintegração de Posse) são genuinamente ações possessórias e são 
analisadas pelo Direito Civil. Já as demais ações são ligadas também à 
propriedade, mas analisadas pelo Direito Processual Civil. Embora não pertença 
à nossa matéria, propriamente dita, costumamos falar delas também para que o 
aluno tenha uma visão completa das ações. Vamos a elas: 
a) Interdito Proibitório ⎯ é a ação que visa uma proteção 
preventiva da posse, ante a ameaça de eventual turbação ou de 
esbulho. Exemplo: imaginem que um grupo de pessoas acampe ao 
longo de sua fazenda, armando barracas. É possível que o grupo queira 
invadir a sua fazenda. Ingressa-se com esta ação para se impedir 
eventual incômodo (alguém do grupo mate um animal de sua 
propriedade) ou invada a propriedade ou que ocorra algum tipo de 
violência. Para se propor esta ação o autor deve ter um receio fundado 
e justo de que a violência virá. Geralmente, comina-se pena pecuniária 
(uma multa) em caso de transgressão da ordem judicial. Deve ser 
pedida pelo autor e fixada pelo Juiz em um montante razoável. 
b) Manutenção da Posse ⎯ esta ação é usada quando houver 
turbação, ou seja, algum ato que embaraça, incomoda, molesta o livre 
exercício da posse. Exemplos: rompimento de cercas; abertura de 
"picadas"; penetrar no terreno para extrair lenha; fulano põe seu gado 
a pastar nas terras do vizinho, etc. Lembrem-se: na turbação ainda não 
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houve a perda da posse. Na ação pode-se pleitear indenização por 
eventuais danos e, para o caso de reincidência, cominação de pena 
(multa judicial). Deve-se provar a existência da posse e a turbação 
propriamente dita, requerendo-se ao Juiz o mandado de manutenção. 
Quando a turbação é nova (menos de ano e dia), pode ser requerida e 
concedida pelo Juiz a manutenção liminar, sem que haja audiência 
prévia. 
c) Reintegração de Posse ⎯ esta ação é usada quando houver 
esbulho, que é o ato pelo qual o possuidor é despojado da posse, 
injustamente, por violência, clandestinidade, etc. Esbulho é a privação, 
a subtração da posse. Exemplos: estranho que invade a casa deixada 
pelo inquilino; pessoa sai de viagem e quando retorna invadiram sua 
chácara, etc. Observem que nestas hipóteses houve a perda da posse 
e a ação serve para recuperar essa posse. 
É interessante atentarmos para as seguintes observações:Obs. 1 – Cabe medida liminar provisória no esbulho e na turbação, 
se o fato datar de menos de um ano e um dia. Nesse caso a ação 
também é chamada de ação de força nova espoliativa, iniciando-se 
pela expedição do mandado liminar, a fim de reintegrar o possuidor de 
imediato. Se o esbulho datar de mais de um ano e um dia tem-se a 
ação de força velha espoliativa, na qual o Juiz fará citar o réu para que 
ofereça sua defesa. É lícito ao autor da possessória pedir, além da 
proteção específica da posse, também indenização por perdas e 
danos e cominação de pena (multa judicial) em caso de nova turbação 
ou esbulho, além do desfazimento de eventual obra ilegal. 
Obs. 2 – Admite-se a fungibilidade (substituição) das ações 
possessórias acima mencionadas, ou seja, se você eventualmente 
ingressar com a ação errada, o Juiz pode receber como sendo a 
correta. Trata-se de uma exceção. A regra é que se você entrar com a 
ação errada e o Juiz perceber, você já perdeu a ação. O Juiz extingue 
este processo sem apreciar o mérito. No entanto nas ações 
possessórias pode haver esta fungibilidade pelo Juiz. Exemplo: 
algumas pessoas estão “cortando caminho”, por dentro de sua posse 
para pescar no rio. Portanto está ocorrendo turbação. No entanto você 
ingressa com ação de reintegração de posse. Neste caso o Juiz pode 
conhecer do pedido e julgá-lo como tendo sido proposta a ação 
correta, desde que os requisitos da ação que deveria ser proposta 
estejam demonstrados. 
Obs. 3 – Alguns autores costumam dizer que estas ações são 
dúplices. Exemplo: Se A propõe ação em face de B, este pode se 
defender, alegando que A é o autor esbulho, revertendo a situação, 
sem que haja reconvenção. Se o réu esbulhador se defender alegando 
ser dono da coisa esbulhada, seu argumento não será levado em 
conta, porque não lhe assiste, ainda que sob alegação de propriedade, 
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1122
molestar posse alheia. Se achar que é proprietário, deve ingressar com 
ação própria (ação reivindicatória, conforme veremos mais adiante, 
quando analisarmos a propriedade). 
Obs. 4 - O requisito básico para a propositura das ações 
possessórias, como é óbvio, é a prova da existência da posse. Quem 
não teve posse não pode ingressar com ação. 
Feitas estas observações, continuamos a apresentar as demais ações: 
d) Nunciação de Obra Nova (ou embargo de obra nova) ⎯ é a 
ação que visa impedir a continuação de obras (considerado em seu 
sentido amplo) no terreno vizinho que lhe prejudique ou que esteja em 
desacordo com os regulamentos administrativos. Exemplo: pessoa que 
desvia curso de rio, ou o represa; vizinho que abre janela a menos de 
metro e meio, etc. Como o objetivo do autor é o de embargar da obra 
(ou seja, impedir a sua construção), se ela já estiver pronta ou em fase 
de conclusão, não caberá esta ação. 
e) Ação de Dano Infecto ⎯ é uma medida judicial preventiva, 
baseada no receio de que o vizinho, em demolição ou por vício de 
construção, lhe cause prejuízos. Visa obter do vizinho uma caução por 
futuros e eventuais danos. 
f) Embargos de Terceiro ⎯ é o remédio jurídico para a defesa da 
posse para quem for turbado ou esbulhado na posse por ato de 
apreensão judicial, em casos como de penhora, arrecadação. Exemplo: 
“A” emprestou a “B” seu computador; como “B” estava devendo 
dinheiro a “C”, este ingressou com uma ação judicial contra ele e o Juiz 
determinou a penhora de bens de “B”. O oficial de justiça penhorou 
diversos bens de “B” inclusive o computador de “A”. Assim, “A” tem o 
direito de entrar com embargos de terceiro. A jurisprudência também 
admite a possibilidade da mulher casada defender sua meação por 
meio desta ação. 
g) Imissão de Posse ⎯ esta ação era regulada pelo Código de 
Processo Civil de 1.939. O Código atual não trata desta ação. Mas 
mesmo assim entende-se que ela ainda pode ser ajuizada sempre que 
houver uma pretensão à imissão na posse de algum bem. Quem nunca 
teve posse não pode ingressar com os interditos, mas poderá fazer uso 
desta ação. Assim, se uma pessoa adquire um imóvel e obtém a 
escritura pública definitiva, mas não recebe a posse, uma vez que o 
vendedor não a entrega, não pode ingressar com ação possessória, 
mas sim com ação de imissão na posse. Exemplo: Uma pessoa estava 
financiando uma casa e morava nela. Após algum tempo, parou de 
pagar as prestações. O imóvel foi vendido em um leilão e você o 
comprou. A pessoa que estava financiando não quer sair do imóvel. O 
que fazer? Entende-se que você não poderia ingressar com 
reintegração de posse, pois você nunca teve posse. Portanto a ação 
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1133
mais correta ser a Imissão de Posse. Não confundir essa ação com a 
imissão da posse ou na posse, prevista nos arts. 625 e 879, I do CPC. 
Obs. – Reforçando: a doutrina aponta que somente as três primeiras ações 
(interdito proibitório, manutenção e reintegração) podem ser chamadas de 
possessórias. Nas demais se discute direitos de vizinhança, efeitos do estado da 
posse, etc. 
 
B) FACULDADE DA LEGÍTIMA DEFESA DA POSSE E DO DESFORÇO 
IMEDIATO – (também chamada de autotutela, autodefesa, ou defesa direta – 
art. 1.210, §1º CC) ⎯ nestes casos sentimos a presença de resquícios de justiça 
privada, ou seja, a justiça feita pelas próprias mãos. O Direito, de uma forma 
geral, impede a autotutela. Para isso existe o Poder Judiciário (com todos os 
seus problemas, reconhecemos, mas é assim que deve funcionar um Estado 
Democrático e de Direito). No entanto, em determinadas situações ela é 
admitida, prevista pela lei, como nos exemplos: 
a) Na legítima defesa o possuidor molestado pode reagir contra o 
agressor, incontinenti, empregando meios estritamente necessários 
para manter-se na posse. Exemplo: pessoa está sendo turbada por 
terceiros. Ao invés de ingressar com a ação de manutenção de posse 
(às vezes pode não dar tempo, pois ela está na iminência de sofrer 
uma violência) se utiliza da força própria para repelir o incômodo. 
b) No desforço imediato (ou incontinenti) o possuidor pode 
recuperar a posse perdida, empregando meios moderados, agindo 
pessoalmente ou sendo ajudado por amigos ou serviçais. Exemplo: 
pessoa viajou por um fim de semana e quando voltou percebeu que 
sua casa foi invadida por “moradores de rua”. Houve um esbulho. Ao 
invés de ingressar com ação de reintegração de posse ela pode 
recuperar pela sua própria força. 
Cuidado – Os atos de defesa ou de desforço são exceção no Direito e 
devem ser usados em situação especiais. Não podem ir além do indispensável 
à manutenção ou restituição da posse. Os meios empregados devem ser 
proporcionais à agressão. O excesso na defesa da posse pode acarretar a 
indenização pelos danos causados. Vamos dar agora um pequeno gráfico do que 
foi falado até o momento sobre a defesa da posse (letras A e B dos efeitos da 
Posse). 
 
DEFESA DA POSSE 
A) Judicial 
a) interdito proibitório 
b) manutenção de posse 
c) reintegração de posse 
d) nunciação de obra nova 
e) dano infecto 
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1144
f) embargos de terceiro 
 
 B) Direta, Pessoal 
a) legítima defesa da posse para manter-se (na turbação) 
b) desforço imediato para restituir-se (no esbulho) 
 
C) PERCEPÇÃO DOS FRUTOS ⎯ art. 1.214 CC ⎯ (é interessante rever 
este ponto também na aula referente aos bens – acessórios). 
a) Possuidor de boa-fé – tem direito aos frutos percebidos 
tempestivamente. Pode usar a coisa e dela fruir, retirando todas as 
vantagens. A boa-fé deve existir no momento da percepção. No 
momento em que cessar a boa-fé (a pessoa toma ciência dos vícios que 
maculam sua posse) ela não tem mais direitos aos frutos pendentes e 
se colhê-los antecipadamente deve restituí-los, deduzidas as despesas de 
produção e custeio. 
b) Possuidorde má-fé – responde por todos os prejuízos que causou 
pelos frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, 
deixou de perceber; tem, porém, direito às despesas de produção. 
 
D) INDENIZAÇÃO DE BENFEITORIAS ⎯ (sobre o tema reveja também 
a aula referente aos bens – acessórios). 
a) Possuidor de boa-fé – tem direito de ser indenizado pelas 
benfeitorias necessárias e úteis. Quanto às voluptuárias, pode levantá-
las, desde que não danifique a coisa. Se ele não for indenizado, tem o 
direito de retenção pelo valor das mesmas, isto é, pode reter (segurar, 
não devolver) o bem até que seja indenizado pelas benfeitorias 
realizadas (art. 1.219 CC). 
b) Possuidor de má-fé – tem direito à indenização somente pelas 
benfeitorias necessárias, sendo que ele não terá direito de retenção 
quanto a elas e também não poderá levantar as voluptuárias (art. 1.220 
CC). 
 
Obs. – A Lei nº 8.245/91 (locações) assim dispõe sobre os direitos do 
locatário (que é um possuidor de boa-fé por excelência): Art. 35. Salvo expressa 
disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas 
pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as 
úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do 
direito de retenção. Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não serão 
indenizáveis, podendo ser levantadas pelo locatário, finda a locação, 
desde que sua retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel. 
 
E) Direito de indenização dos prejuízos, após ser manutenido ou 
reintegrado. 
 
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1155
F) Faculdade de ser mantido sumariamente, se a posse for velha ⎯ 
(mais de ano e dia). São as liminares, que já foram analisadas acima. 
Acrescente-se que elas somente serão concedidas se forem constatados o 
periculum in mora (perigo que oferece a decisão tardia) e fumus boni juris 
(fumaça do bom direito). Ou seja, o Juiz deve estar convencido de que, ao 
menos aparentemente, o possuidor turbado ou esbulhado está com a razão. 
 
G) O possuidor, em alguns casos, pode adquirir a propriedade por 
usucapião (reveja, acima, classificação da posse – ad interdicta e ad 
usucapionem). 
 
RESUMO 
I) Possuidor de Boa-fé 
a) direito aos frutos percebidos. 
b) direito de ser indenizado pelas benfeitorias necessárias e úteis. 
c) direito de retenção, com garantia do pagamento das benfeitorias 
acima. 
d) “jus tollendi”, ou seja, a possibilidade de se levantar as benfeitorias 
voluptuárias. 
 
II) Possuidor de Má-fé 
a) dever de indenizar os frutos colhidos. 
b) responsabilidade pela perda da coisa. 
c) direito de ser indenizado apenas pelas benfeitorias necessárias. 
d) não há direito de retenção. 
e) não há direito de levantar benfeitorias úteis ou voluptuárias. 
 
PERDA DA POSSE (art. 1.223 e 1.224 CC) – Perde-se a posse nas seguintes 
hipóteses: 
• Abandono da coisa (res derelictae) ⎯ é a renúncia da posse, intenção 
de largar voluntariamente o que está em sua posse. 
• Tradição ⎯ trata-se da entrega da coisa; envolve a intenção definitiva 
de transferir a coisa a outrem. 
• Perda ⎯ ex: objeto que cai em um rio profundo, ou em alto-mar, etc. 
• Destruição ⎯ inutilização total decorrente de evento natural ou caso 
fortuito ⎯ inundações, incêndios, etc. Perecendo o objeto extingue-se o 
direito. 
• Colocação do bem fora do comércio (coisa inaproveitável ou 
inalienável). 
• Posse de outrem, ainda que contra a vontade do possuidor, se este não 
for manutenido ou reintegrado em tempo competente. 
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1166
• Constituto Possessório (ou cláusula constituti) – já analisado acima no 
item aquisição derivada da posse. 
COMPOSSE (ou compossessão) 
Composse é a situação pela qual duas ou mais pessoas exercem, 
simultaneamente, poderes possessórios sobre a mesma coisa (art. 1.199 CC). 
Trata-se de posse em comum, por duas ou mais pessoas, sobre a mesma coisa. 
Pode ser decorrente de contrato (ato inter vivos) ou herança (causa mortis). 
Neste caso, podem usar livremente a coisa, conforme seu destino, e sobre ela 
exercer seus direitos compatíveis com a indivisão. 
Qualquer dos compossuidores pode valer-se das ações possessórias ou 
mesmo da legítima defesa da posse para impedir que o outro compossuidor 
exerça uma posse exclusiva sobre qualquer fração da comunhão. Em relação a 
terceiros, como se fossem um único sujeito, qualquer deles poderá usar os 
remédios possessórios que se fizerem necessários, tal como acontece no 
condomínio. São exemplos de composse: entre cônjuges casados pelo regime 
da comunhão universal de bens ou entre conviventes havendo união estável; 
entre herdeiros antes da partilha do acervo; entre consócios, nas coisas 
comuns, salvo se se tratar de pessoa jurídica, etc. 
Requisitos 
• Pluralidade de sujeitos. 
• Coisa indivisa. 
Espécies 
• Composse pro indiviso ⎯ as pessoas têm a parte ideal do bem (ex: 
três pessoas possuem um apartamento; como não está determinada a parte de 
cada uma, elas têm a terça parte ideal de tudo). Todos possuem tudo, na sua 
quota-parte. 
• Composse pro diviso ⎯ embora não haja uma divisão de direito, já 
existe uma divisão de fato, de forma que cada compossuidor sabe onde inicia e 
onde termina a sua parte da coisa (ex: três pessoas possuem uma fazenda; 
embora não esteja no nome de nenhum dos três, cada qual exerce a posse na 
sua parte delimitada). 
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1177
DA PROPRIEDADE 
(arts. 1.228/1.360 CC) 
 
CONCEITO 
Propriedade (do latim – proprietas, derivado de proprius, o que pertence 
a uma pessoa) é o direito que a pessoa física ou jurídica tem de usar, gozar, 
dispor de um bem ou reavê-lo de quem injustamente o possua ou detenha (art. 
1.228, caput CC). Trata-se do mais completo dos direitos subjetivos sendo o 
centro do direito das coisas, garantido pela Constituição Federal (artigo 5º, 
XXII). 
O atual Código Civil reafirma a função social da propriedade 
acolhida no art. 5º XXIII da Constituição Federal e no Estatuto da 
Cidade (Lei nº 10.257/01). 
ELEMENTOS 
• Direito de Usar (jus utendi) ⎯ consiste na faculdade que o dono 
tem de servir-se da coisa e utilizá-la da maneira que entender mais 
conveniente, sem modificação em sua substância, não podendo causar 
danos a terceiros (ex: morar em uma casa). 
• Direito de Gozar (jus fruendi) ⎯ consiste na retirada dos frutos 
(naturais ou civis) e a utilização dos produtos da coisa (ex: locação). 
• Direito de Dispor (jus abutendi ou disponendi) ⎯ consiste no poder 
de se desfazer da coisa a título oneroso (venda) ou gratuito (doação), 
abrangendo o poder de consumi-la ou gravá-la de ônus (como 
veremos na próxima aula: penhor, hipoteca, servidão, etc). 
• Direito de Reivindicar (rei vindicatio) ⎯ abrange o poder de mover 
ação para obter o bem de quem injustamente o detenha ou possua 
(ação reivindicatória). 
RESTRIÇÕES AO DIREITO DE PROPRIEDADE 
O direito de propriedade não é absoluto. Encontra limites no direito dos 
outros, que deve ser respeitado. E, cada vez mais, vão surgindo medidas 
restritivas ao direito de propriedade, impostas pelo Estado em prol da 
supremacia do interesse público. Assim, o direito de propriedade esbarra na sua 
função social, no interesse público, no princípio da justiça e do bem comum. 
Limitações ao Direito de Propriedade 
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1188
1 – Constitucionais 
• O espaço aéreo e o subsolo pertencem ao proprietário do solo, até a 
altura e profundidade que lhes seja útil, dentro das limitações legais. O 
dono do solo será, também, o dono do subsolo, para construção de 
passagens, garagens subterrâneas, porões, adegas, etc. No entanto 
esta regra pode sofrer algumas limitações.Pelo artigo 176 da C.F. os 
recursos minerais e hidráulicos constituirão propriedade distinta da do 
solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, ficando sob o 
domínio da União. A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o 
aproveitamento dos potenciais somente poderão ser efetuados 
mediante autorização ou concessão da União. Todavia a própria 
Constituição garante ao dono do solo a participação nos resultados da 
lavra. 
• Desapropriação por necessidade ou utilidade pública e por interesse 
social (artigo 5º, inciso XIV e artigo 184 da Constituição Federal), 
mediante prévia e justa indenização em dinheiro. 
• Requisição – uso da propriedade alheia em caso de perigo iminente 
(artigo 5º, inciso XXV da Constituição Federal) ou em circunstâncias 
especiais, assegurando-se ao proprietário o pagamento de indenização. 
• Confisco de terras onde se cultivem ilegalmente plantas psicotrópicas 
– artigo 243 C.F. 
• Constituição: arts. 216, I a V, §§1º a 5º; 23, III e IV e 24, VII – 
colocam sob proteção especial do poder público os documentos, obras e 
os locais de valor histórico ou artístico, os monumentos e as paisagens 
naturais notáveis, bem como as jazidas arqueológicas – o proprietário 
tem o uso e gozo da coisa, mas não tem a disponibilidade, uma vez que 
sua alienação depende de autorização do Departamento do Patrimônio 
Histórico e Artístico Nacional. 
• Proteção do Bem Ambiental, segundo prevê o artigo 225 da 
Constituição Federal. O próprio Código Civil (art. 1.228, §1º) prescreve 
que o direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as 
finalidades econômicas e sociais, de modo que sejam preservadas a 
flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio 
histórico e artístico, bem como seja evitada a poluição do ar e das 
águas. 
 
2 – Administrativas 
• Coisas tombadas (Decreto nº 25/1937). 
• Ocupação de terrenos vizinhos às jazidas (servidão compulsória). 
• Restrição sobre floresta (Código Florestal) – certas árvores, devido à 
sua beleza e raridade podem ficar imunes ao corte. 
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1199
• Restrições sobre alinhamento, altura, etc. de construções, por razões 
estéticas, urbanísticas e higiênicas; pode haver obrigação de murar 
terrenos, calçar passeios, etc. 
• Zona de proteção dos aeroportos – proibição de construir acima de 
certa altura, dentro do setor de aproximação de aviões. 
3 – Militares 
• Requisição de móveis e imóveis necessários às Forças Armadas 
(Decreto-Lei nº 5.451/1943) e à defesa do povo. 
• Transações de imóveis particulares situados nas faixas de até 150 km 
ao longo das fronteiras. 
4 – Civil 
• O direito de vizinhança, que impede que o vizinho seja prejudicado 
quanto à segurança, ao sossego, saúde (veremos, ainda hoje os Direitos de 
Vizinhança); direito de passagem forçada para imóvel encravado (veremos a 
Servidão Predial na próxima aula), etc. 
 Todas essas restrições acabam traçando um novo perfil do direito de 
propriedade em vigor, deixando de apresentar características de direito absoluto 
e ilimitado para se transformar gradativamente em um direito de finalidade 
social. 
CLASSIFICAÇÃO 
A propriedade classifica-se em: 
1 – Plena (ou alodial) ⎯ quando o proprietário tem o direito de uso, gozo 
e disposição plena enfeixados em suas mãos, sem que terceiros tenham 
qualquer direito sobre àquele bem. Todos os elementos da propriedade vistos 
acima estão reunidos nas mãos do seu titular. 
2 – Limitada (ou restrita) ⎯ quando a propriedade tem sobre ela algum 
ônus (ex: hipoteca, servidão, usufruto, etc.), ou quando for resolúvel (se 
extinguirá com um acontecimento futuro). O proprietário abriu mão de um ou 
alguns dos poderes da propriedade em favor de outra pessoa. Exemplo: se o 
proprietário fez um usufruto em favor de um filho, em tese não poderá mais 
usar e fruir o bem, pois abriu mão desses direitos; constituiu-se assim, um 
direito real sobre coisa alheia – ele mantém a propriedade, mas não poderá 
mais usá-la. 
Na verdade, o direito de propriedade é composto de duas partes 
destacáveis: 
• nua propriedade ⎯ corresponde à titularidade, ao fato de ser 
proprietário e ter o bem em seu nome. Costuma-se dizer que a nua 
propriedade é aquela despida dos atributos do uso e da fruição, 
tendo direito à essência, à substância da coisa. A pessoa recebe o 
nome de nu proprietário, senhorio direto ou proprietário direto. 
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2200
• domínio útil ⎯ corresponde ao direito de usar, gozar e dispor da 
coisa. Dependendo do direito que tem, recebe nome diferente: 
enfiteuta, usufrutuário, etc. 
Desta forma, uma pessoa pode ser o titular, o proprietário, ter o bem 
registrado em seu nome e outra pessoa pode ter direitos de usar, gozar e até 
dispor daquele bem, em virtude de um contrato (ex: usufruto, servidão, 
habitação; pode este terceiro ter direito real de garantia sobre àquele bem, 
como hipoteca, penhor e anticrese). 
Assim, se o domínio útil e a nua propriedade pertencem à 
mesma pessoa, temos a propriedade plena. Caso contrário, temos a 
limitada. 
Cuidado para não confundir os termos!!! Vejamos “quem é quem” na 
posse e na propriedade, em um contrato de locação: 
Na posse 
• Locatário é o Possuidor direto ⎯ detenção material da coisa 
• Locador é o Possuidor indireto ⎯ posse exercida através de outrem 
Na propriedade 
• Locador é o Proprietário direto ⎯ tem a titularidade do bem, porém 
nem sempre tem a posse. 
Assim, o locador é o proprietário direto, mas também o possuidor 
indireto. E o locatário é o possuidor direto. 
PROTEÇÃO À PROPRIEDADE 
A proteção da propriedade é obtida através da Ação Reivindicatória (art. 
95 do CPC), para retomada da coisa, quando terceira pessoa a detenha, 
dizendo-se dono. É diferente da Ação Reintegração que vimos na posse. Na 
Reivindicação o autor deve provar o seu domínio, oferecendo uma prova da 
propriedade, com a respectiva transcrição e descrevendo o imóvel com suas 
confrontações (é o registro do imóvel), bem como demonstrar que a coisa 
reivindicada esteja na posse injusta do réu. 
A ação reivindicatória é imprescritível, embora se trate de ação real. O 
domínio é perpétuo e somente se extingue nos casos expressos pela lei (ex: 
usucapião da outra pessoa, desapropriação, etc.) e pelo não-uso. No entanto, se 
a coisa for usucapida, não pode mais ser proposta ação reivindicatória pelo 
antigo proprietário. 
O efeito da ação reivindicatória é fazer com que o possuidor restitua o 
bem com todos os seus acessórios. Se impossível essa devolução por ter 
perecido a coisa, o proprietário terá direito de receber o valor da coisa se o 
possuidor estiver de má-fé. 
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2211
Outros meios judiciais de proteção: 
Ação Negatória – o proprietário que, apesar de conservar o bem em seu 
poder, sofre turbação no exercício de seu direito, poderá propor ação negatória 
para defender seu domínio, sendo freqüentemente empregada para solucionar 
conflito de vizinhança. 
Ação Declaratória – usada para dissipar dúvidas a respeito do domínio. 
Ação de Dano Infecto – medida preventiva baseada no receio de que o 
vizinho, em demolição ou vício de construção, lhe cause prejuízos; obtém do 
vizinho caução por eventuais futuros danos. 
CARACTERES DA PROPRIEDADE 
• Absoluto ⎯ é o mais completo dos direitos reais; o seu titular pode 
utilizar o bem como quiser, sujeitando-se apenas às limitações legais 
impostas (interesse público) ou coexistência do direito de 
propriedade de outros titulares (art. 1.231 CC). Podemos dizer que o 
direito de propriedade tem natureza absoluta se comparado com os 
direitos pessoais puros. Entretanto, relativiza-se quanto aos direitos 
da personalidade, aos direitos difusos e coletivos e os interesses da 
coletividade.Este caráter absoluto vem perdendo gradativamente a 
força. Vejam atrás a quantidade de limitações ao Direito de 
Propriedade. Principalmente tendo-se em vista sua finalidade social 
• Exclusivo ⎯ esta característica significa que uma mesma coisa não 
pode pertencer com exclusividade (portanto, ressalvado o 
condomínio) e simultaneamente a duas ou mais pessoas. 
• Perpétuo ⎯ o direito de propriedade subsiste independente de seu 
exercício, enquanto não ocorrer alguma causa extintiva (legal ou 
voluntária). 
• Elástico ⎯ a propriedade pode ser distendida ou contraída no seu 
exercício, conforme lhe adicionem ou subtraiam poderes 
destacáveis. Veremos isso melhor adiante. 
OBJETO DA PROPRIEDADE 
Podemos dizer que pode ser objeto de propriedade tudo aquilo que não 
for excluído pela lei. Assim, todas as coisas móveis e imóveis, corpóreas e 
incorpóreas, etc., desde que tenham valor econômico individualmente 
determinado e sejam aproveitáveis pelo homem, podem ser objeto do domínio. 
A grande divisão que existe na propriedade é a sua classificação em 
Imóveis e Móveis. Por isso vamos destacá-las em itens separados, para poder 
melhor analisar suas peculiaridades, especialmente em relação à sua aquisição e 
extinção. 
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2222
A) DA PROPRIEDADE IMÓVEL 
AQUISIÇÃO 
Aquisição da propriedade é a incorporação dos direitos de dono em um 
titular. A aquisição da propriedade imóvel se dá (conforme os arts. 1.227, 
1.238 a 1.259 e 1.784 do CC que iremos analisar um por um): 
a) Originária ⎯ quando não houver transmissão de uma pessoa para 
outra; o indivíduo faz seu o bem sem que este lhe tenha sido 
transmitido por alguém. Subdivide-se em: 
• Acessão. 
• Usucapião. 
b) Derivada ⎯ quando houver transmissibilidade do domínio; a 
propriedade passa de uma pessoa para outra: 
• Ato causa mortis ⎯ testamento – herança. 
• Ato inter vivos ⎯ negócio jurídico (ex: contrato de compra e 
venda) seguido de registro. 
1 - Acessão 
Acessão (art. 1.248 CC) é o modo originário de aquisição em virtude do 
qual fica pertencendo ao proprietário tudo quando se une ou se incorpora ao seu 
bem. Há um aumento do valor ou do volume do objeto, devido a forças 
externas. São suas espécies: 
• Ilhas formadas por força natural ⎯ acúmulo paulatino de areia, 
cascalho e materiais levados pela correnteza, ou de rebaixamento de 
águas, deixando a descoberto e a seco uma parte do fundo ou do 
leito. Interessam ao direito civil somente as ilhas formadas em rios 
não-navegáveis ou particulares, por pertencerem ao domínio 
particular (evidente que as ilhas formadas em rios públicos, são 
consideradas ilhas públicas e pertencem ao Estado). Traça-se uma 
linha mediana e imaginária no leito do rio dividindo-o em duas 
partes. Até o meio do leito a ilha pertence ao proprietário fronteiro 
da margem esquerda e a outra metade ao proprietário da margem 
direita. 
• Aluvião ⎯ acréscimo paulatino de terras às margens do rio, 
mediante lentos e imperceptíveis depósitos naturais ou desvios das 
águas. Esses acréscimos pertencem aos donos dos terrenos 
marginais, seguindo a regra de que o acessório segue o principal. A 
doutrina costuma chamar este fato de aluvião própria. 
Já as partes descobertas pelo afastamento parcial das águas 
dormentes, como lagos e tanques, são chamadas de aluvião 
imprópria. Não se consideram como aluvião os aterros artificiais ou 
acréscimos de terra feitos pelo proprietário ribeirinho, sem prejuízo 
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2233
de terceiros (se houver prejuízo há obrigação de ressarcimento). 
Aluvião é obra da natureza e não do trabalho humano. 
• Avulsão ⎯ repentino deslocamento de uma porção de terra “avulsa” 
por força natural violenta, desprendendo de um prédio e juntando-se 
a outro. O dono do imóvel desfalcado perderá a parte deslocada; 
mas lhe será lícito exigir indenização dentro do prazo de um ano 
(prazo decadencial). Se o dono do imóvel acrescido não quiser 
pagar, deverá permitir a remoção da parte acrescida (art. 1.251 
CC). 
• Álveo abandonado ⎯ (ou abandono de álveo) ⎯ álveo é o leito do 
rio. Secando ou desviando (fenômeno natural), tem-se o abandono 
de álveo; dá-se a mesma solução da formação de ilhas. 
• Acessões artificiais ou físicas ou industriais ⎯ derivam de um 
comportamento ativo do homem, como plantações, construções, etc. 
Possui caráter oneroso e se submete à regra de que tudo aquilo que 
se incorpora ao bem em razão de uma ação qualquer, cai sob o 
domínio de seu proprietário (presunção juris tantum do art. 1.253 
CC). 
Em todas estas hipóteses, o proprietário do principal passa a 
ser também o do acessório (acrescido). 
2 - Usucapião 
A palavra usucapião vem do latim (capio = tomar; usu = pelo uso; tomar 
pelo uso, adquirir pelo uso). É usada no gênero feminino ou masculino. No 
entanto a Constituição e o Código Civil vem usando o termo como uma palavra 
feminina: é a usucapião. 
A primeira manifestação se deu na Lei das XII tábuas: 02 anos para 
imóveis e 01 ano para os móveis e a mulheres. Vejam que absurdo: a mulher 
também poderia ser usucapida!! E maior absurdo ainda era o prazo para 
usucapião da mulher → um ano. 
Usucapião também é chamada (impropriamente) de prescrição 
aquisitiva. Particularmente não gosto deste termo. Mas já vi cair em concurso. É 
uma situação de domínio pela posse prolongada. Permite que uma determinada 
situação de fato, que, sem ser molestada, se alongou por um certo intervalo de 
tempo previsto em lei, se transforme em uma situação jurídica. Garante a 
estabilidade e segurança da propriedade, fixando um prazo, além do qual não se 
podem mais levantar dúvidas a respeito de ausência ou vícios do título de posse. 
A usucapião é um modo de aquisição da propriedade (e de outros direitos 
reais, como as servidões prediais, que veremos na próxima aula), independente 
da vontade do titular anterior. Ocorre quando alguém detém a posse de uma 
coisa com ânimo de dono, por um tempo determinado, sem interrupção e sem 
oposição, desde que não seja posse clandestina, violenta ou precária. 
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2244
Dentro dessas condições o possuidor requer ao Juiz (através de advogado) 
que lhe reconheça a propriedade. A sentença proferida (natureza declaratória) 
valerá como título e será registrada no Registro de Imóveis. 
Não podem ser usucapidas as coisas fora do comércio, como o ar, a luz 
solar, os bens públicos, os imóveis com cláusula de inalienabilidade, etc. (reveja 
estes itens na aula referente aos Bens). 
O possuidor pode, para fim de contar o tempo exigido, acrescentar à sua 
posse a do seu antecessor, contanto que ambas tenham as mesmas 
características (art. 1.243 CC). 
Sem posse não há usucapião, pois este vem a ser a aquisição do 
domínio pela posse prolongada. 
A posse deverá ser exercida com animus domini (intenção de dono) e 
deverá ser: 
• Mansa e Pacífica ⎯ exercida sem contestação de quem tenha 
legítimo interesse (ou seja, do proprietário). 
• Contínua ⎯ sem intervalos, porém admite a sucessão (art. 1.243 
CC); o possuidor pode (não é obrigado, pois às vezes pode não 
interessar) acrescentar à sua posse a do seu antecessor para o fim 
de contar o tempo exigido, desde que ambas sejam uniformes. 
• Justa ⎯ sem os vícios da violência, clandestinidade ou 
precariedade. Se a situação de fato for adquirida por meio de atos 
violentos ou clandestinos, não induzirá posse, enquanto não cessar a 
violência ou a clandestinidade; se for adquirida a título precário tal 
situação jamais se convalescerá. 
 
Três são as modalidades de usucapião: 
 
1 – EXTRAORDINÁRIA (ART. 1.238 CC) 
• exige-se, inicialmente que a posse seja pacífica, ininterrupta, com 
animus domini e sem oposição por no mínimo 15 anos. 
• o prazo pode cair para 10 anosse o possuidor houver estabelecido no 
imóvel sua moradia habitual ou houver realizado obras ou serviços de 
caráter produtivo. 
• não é necessário provar boa-fé ou justo título. 
• após preencher estes requisitos deve-se ingressar com uma ação e obter 
do Poder Judiciário uma sentença judicial (ela é declaratória do direito, 
servindo de título para registro no Cartório de Registro Imobiliário). No 
entanto estes processos costumam ser muito demorados. 
 
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2255
2 – ORDINÁRIA (ART. 1.242 CC) 
• posse mansa, pacífica e ininterrupta com animus domini por 10 anos. 
• o prazo cai para 05 anos se o imóvel foi adquirido onerosamente, 
desde que os possuidores nele estabelecerem sua moradia ou fizerem 
investimentos de interesse social e econômico (produtividade) – posse-
trabalho. 
• justo título, ainda que contenha alguma irregularidade (ex: compromisso 
de compra e venda não registrado). 
• boa-fé ⎯ ignorância dos defeitos no título; crença de que a coisa 
realmente lhe pertence. 
• sentença judicial. 
 
3 – CONSTITUCIONAL 
A Constituição de 1.988 (reforçada posteriormente pelo Código Civil e o 
Estatuto da Cidade), criou outras duas espécies de usucapião, não exigindo, em 
qualquer das espécies, o justo título ou boa-fé (há uma presunção juris et de 
jure de boa-fé): 
a) Área Rural - pro labore (arts. 191 CF e 1.239 CC). Requisitos: 
- área do imóvel não pode ser superior a 50 hectares. 
- posse - 5 anos ininterruptos sem oposição, com animus domini. 
- destinado para sua moradia ou de sua família. 
- pessoa não ser proprietária de outro imóvel, seja na área rural ou 
urbana. 
- deve tornar a propriedade produtiva por força de seu trabalho ou 
de sua família. 
- imóveis públicos – proibição 
 
b) Área Urbana – pro moradia ou pro misero (arts. 183 CF e 1.240 
CC). Requisitos: 
- área do imóvel não pode ser superior a 250 m2. 
- posse – 5 anos ininterruptos sem oposição. 
- destinado para sua moradia ou de sua família. 
- a pessoa não ser proprietária de outro imóvel (seja na área rural 
ou urbana). 
- este instrumento só pode ser usado uma vez (o difícil é fiscalizar 
isso). 
- imóveis públicos – proibição 
 
Observações Importantes: 
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2266
1 – Quanto à usucapião, é importante saber que o prazo de sua aquisição 
pode ser interrompido ou suspenso pelas mesmas causas que suspendem ou 
interrompem a prescrição em geral (se tiver dúvida, reveja a matéria na aula 
Fatos e Atos Jurídicos). A sentença é declaratória, constituindo título hábil para 
o Registro. O domínio é conferido ao homem e à mulher, ou a ambos, 
independentemente do estado civil. 
2 – A Lei 10.257/01 (Estatuto da Cidade) dispõe que as áreas urbanas 
com mais de 250 m2, ocupadas por população da baixa renda para sua 
moradia, por 05 anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível 
identificar os terrenos ocupados de cada possuidor, são susceptíveis de 
usucapião coletivo, desde que os possuidores não sejam proprietários de 
outro imóvel, urbano ou rural. Na sentença o Juiz atribuirá igual fração ideal de 
terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão do terreno que cada 
um ocupe. São partes legítimas para a propositura dessa ação: a) o possuidor, 
isoladamente ou em litisconsórcio; b) possuidores, em composse; c) associação 
de moradores da comunidade, regularmente constituída (substituto processual). 
O autor terá os benefícios da justiça gratuita, sendo obrigatória a intervenção do 
Ministério Público. O rito do processo é o sumário. 
 Já sabemos disso, já vimos em diversas oportunidades, mas 
sempre convém reforçar: “os bens públicos não podem ser objeto de 
usucapião”. 
3 – Registro ⎯ Transcrição (art. 1.227 CC) 
Os contratos constitutivos ou translativos de direitos reais sobre imóveis 
têm de ser feitos por escritura pública. Os contratos criam os direitos e 
obrigações, mas a transmissão da propriedade imóvel só se opera com o 
registro de transferência. 
Transcrição é o registro da escritura feito no Registro de Imóveis. Vale a 
partir da data da “prenotação”, que é um apontamento protocolado que assinala 
a entrada em cartório de um documento. Na verdade somente o registro 
transfere o domínio de imóvel; transfere a propriedade. 
Devem ser registrados os títulos translativos da propriedade por ato inter 
vivos (compra e venda, troca, dação em pagamento, doação, etc.) bem como 
causa mortis (herança, legado, etc. – será visto na Aula sobre Sucessões). 
Também são registradas as sentenças homologatórias de divisão de bens 
(separação, divórcio, nulidade ou anulação de casamento, quando nas partilhas 
houver imóveis ou direitos reais, etc.), bem como as arrematações e 
adjudicações em hasta pública, usucapião, etc. 
O art. 1.245, §1º, do CC determina que “enquanto não se registrar o título 
translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel”. 
Um contrato não é hábil para transferir o domínio de bem 
imóvel, sendo necessário, além do acordo de vontades, o registro do 
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2277
título, que é uma presunção (juris tantum) da aquisição da 
propriedade imobiliária. 
Efeitos do Registro do Título: 
a) Publicidade – pelo registro torna-se conhecido o direito de propriedade. 
b) Legalidade – só se efetua o registro se não houver irregularidades nos 
documentos. 
c) Força Probante – fé pública do registro; presume-se pertencer à pessoa 
que transcreveu. 
d) Continuidade – se o imóvel não estiver registrado no nome do alienante, 
não poderá ser transcrito em nome do adquirente. 
e) Obrigatoriedade – indispensável para a aquisição da propriedade imóvel. 
f) Retificação – o registro não é imutável; pode ser modificado ou anulado 
se não exprimir a realidade dos fatos ou a jurídica. 
4 - Direito Hereditário 
Direito hereditário é a forma de transmissão derivada da propriedade 
que se dá por ato causa mortis em que o herdeiro (legítimo ou testamentário) 
ocupa o lugar do de cujus em todos os seus direitos e obrigações. Segundo o 
art. 1.784 CC, com a abertura da sucessão, a herança se transmite, desde logo, 
aos herdeiros. Os herdeiros são considerados, num primeiro momento, 
condôminos dos bens herdados. Realizado o inventário e a partilha é expedido o 
formal de partilha, que será transcrito no Registro de Imóveis. Só depois disso 
cada herdeiro adquire a propriedade individual dos imóveis da herança, 
deixando de ser condômino. 
Obs: veremos melhor este tema na aula sobre Direito das Sucessões. 
PERDA DA PROPRIEDADE IMÓVEL 
Dá-se a perda da propriedade imóvel por (art. 1.275 CC): 
• alienação ⎯ é a transmissão de um direito, de um patrimônio a outro 
(ex: compra e venda, doação, dação em pagamento, permuta, cessão de 
direitos, etc.). Necessita de transcrição no Registro Imobiliário. 
• renúncia ⎯ ato unilateral pelo qual o proprietário declara, 
expressamente, o seu intuito de abrir mão de seu direito sobre a coisa. 
Necessita também de transcrição no Registro de Imóvel (ex: renúncia de 
herança). 
• abandono ⎯ o imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a 
intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, pode ser ocupado 
por outra pessoa e esta poderá adquirir-lhe a propriedade por usucapião. 
No entanto se o bem não se encontrar na posse de outrem, será 
arrecadado como bem vago e depois de três anos passar para à 
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2288
propriedade do Município ou à do Distrito Federal. Se for na zona rural 
passará para a propriedade da União onde quer que se encontre (art. 
1.276 CC). 
• perecimento ⎯ é a perda do objeto (ex: terras alagadas por inundação, 
avanço do mar, terremoto, etc.). 
• confisco ⎯ culturailegal de plantas psicotrópicas acarreta o confisco da 
propriedade (e não expropriação), visto que o artigo 243 da Constituição 
prevê que nenhuma indenização será cabível ao proprietário. 
• desapropriação ⎯ procedimento através do qual o Poder Público, por 
ato unilateral, despoja alguém de um bem, fundado em necessidade 
pública, utilidade pública ou interesse social, adquirindo-o mediante 
indenização prévia e justa, pagável em dinheiro ou, se o sujeito passivo 
concordar, em títulos da dívida pública. Ressalva-se à União o direito de 
desapropriar imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, 
quando objetivar a realização de reforma agrária. É modo involuntário de 
perda do domínio. É um instituto de direito público cujos efeitos 
pertencem ao direito civil. 
A Lei 10.257/01 determina que depois de decorridos 05 (cinco) 
anos de cobrança de IPTU progressivo, sem que o proprietário tenha cumprido a 
obrigação de parcelamento, edificação ou utilização, o Município poderá 
proceder à desapropriação do imóvel, com pagamento em títulos da dívida 
pública (resgatados no prazo de até 10 anos), em prestações anuais, iguais e 
sucessivas, assegurados o valor real da indenização e juros legais de 6% ao 
ano. 
Observações: 
1 – Os bens dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios 
são suscetíveis de desapropriação pela União. Os bens dos Municípios podem ser 
desapropriados pelos Estados. 
2 – Poderá haver imissão provisória na posse, ou seja, 
transferência de posse do imóvel para o expropriante, já no início da demanda, 
por concessão do Juiz, se o Poder Público declarar urgência e depositar em 
juízo, em favor do proprietário o quantum estabelecido. 
 3 – A administração pública tem a obrigação de utilizar o imóvel 
para atender à finalidade pela qual se deu a desapropriação. Se desviar da 
destinação declarada dá-se a retrocessão (proporciona ao ex-proprietário 
perdas e danos, quando o expropriante não lhe oferecer o bem pelo mesmo 
preço da desapropriação e quando desistir de aplicá-lo a uma finalidade 
pública). Os bens expropriados, uma vez incorporados ao Poder Público não 
podem ser objeto de reivindicação; qualquer ação julgada procedente resolve-se 
em perdas e danos. 
• usucapião ⎯ já analisado – se por um lado uma pessoa ganha o 
direito de propriedade pela usucapião, por outro lado alguém também 
a perde. 
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2299
• acessão ⎯ na modalidade avulsão, também já analisado acima. 
Observação – o simples não-uso não determina a perda da propriedade, 
se ainda não foi usucapido por outrem, ainda que se passem mais de vinte anos. 
Requisição (art. 1.228, § 3º, 2ª parte CC) ⎯ permite que a autoridade 
competente use a propriedade particular até onde o bem público exigir, em caso 
de perigo iminente (ex: guerra), garantindo ao proprietário direito à indenização 
posterior, se houver dano. 
Posse pro-labore ou posse-trabalho (art. 1.228, §§ 4ºe 5º CC) ⎯ o 
proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir 
em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de 05 (cinco) 
anos, de considerável número de pessoas, e estas houverem realizado, em 
conjunto ou separadamente, obras ou serviços considerados pelo Juiz de 
interesse social e econômico relevante. O juiz deve fixar a justa indenização, 
valendo a sentença como título aquisitivo. 
B) DA PROPRIEDADE MÓVEL 
Formas de aquisição e perda da propriedade 
Aquisição da propriedade é a incorporação dos direitos de dono em um 
titular. Se de um lado uma pessoa adquire a propriedade de uma coisa móvel, 
por outro lado outra a perde, concomitantemente. Assim a aquisição e a perda 
são analisadas em um só momento. São modos aquisitivos e extintivos 
(vamos analisar os dois temas de uma só vez, pois eles coincidem): 
1. Originário 
a) Ocupação 
b) Usucapião 
2. Derivado 
a) Especificação 
b) Confusão 
c) Comistão 
d) Adjunção 
e) Tradição 
f) Sucessão hereditária 
A) Ocupação 
É o assenhoramento de coisa móvel (inclui os semoventes – animais) sem 
dono, por ainda não ter sido apropriada (res nullius – coisa de ninguém) ou por 
ter sido abandonada (res derelictae), não sendo essa apropriação proibida pela 
lei. Não se confunde a coisa sem dono ou abandonada com a coisa perdida. Esta 
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3300
deve ser restituída ao dono ou entregue às autoridades. A ocupação apresenta-
se de três formas: 
• Ocupação propriamente dita ⎯ tem por objeto seres vivos e coisas 
inanimadas (ex: caça, pesca, obedecendo a regulamentos 
administrativos e leis especiais). 
• Descoberta (coisas perdidas – res perdita – arts. 1.233 a 1.237 CC) ⎯ 
achado de coisa móvel perdida pelo dono. Não se torna proprietário. 
Deve restituí-la a seu dono. Não o conhecendo deverá entregá-la às 
autoridades competentes. O único direito que assiste ao descobridor é o 
de receber uma recompensa chamada achádego, acrescida da 
indenização com a conservação e transporte da coisa. Tal recompensa 
não poderá ser inferior a 5% do valor da coisa. No entanto o proprietário 
ao invés de pagar a importância pode optar em abandonar a coisa, 
hipótese em que o descobridor poderá adquirir a propriedade da coisa. O 
Código Penal considera crime a apropriação de coisa achada e não 
entregue ao dono ou à autoridade competente no prazo de 15 dias. 
• Tesouro (coisa achada – arts. 1.264 a 1.266 CC) ⎯ é o depósito antigo 
de moedas ou coisas preciosas, enterrado ou oculto, de cujo dono não 
haja memória. Regras: 
- proprietário acha em seu imóvel ⎯ pertence ao proprietário, 
exclusivamente. 
- pessoa achou em terreno alheio e intencionalmente o procurava sem 
a permissão do proprietário ⎯ pertence ao dono do terreno. 
- pessoa acha casualmente em terreno alheio ⎯ divide-se em partes 
iguais, entre o dono do prédio e a pessoa que o achou. 
B) Usucapião 
É modo também de aquisição originária de bens móveis. O fundamento é 
o mesmo que inspira ao dos bens imóveis. A diferença está no prazo. Pode o 
possuidor, para efeito de usucapião, unir a sua posse à do seu antecessor, 
desde que ambas sejam contínuas e pacíficas. 
1 – Extraordinária (art. 1.261 CC) 
a) posse ininterrupta (contínua) e sem oposição (pacífica). 
b) sem justo título e sem boa-fé. 
 c) prazo – 05 (cinco) anos. 
2 – Ordinária (art. 1.260 CC) 
a) posse ininterrupta (contínua) e sem oposição (pacífica). 
b) com justo título, boa-fé e animus domini. 
 c) prazo – 03 (três) anos. 
C) Especificação (arts. 1.269 a 1.271 CC) 
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É a transformação da coisa móvel em espécie nova, em virtude do 
trabalho ou da indústria do especificador, desde que não seja possível reduzi-la 
à sua forma primitiva. Exemplo clássico: lapidação de uma pedra preciosa; 
transforma-se uma coisa em outra coisa. Outros exemplos: escultura em relação 
a um bloco de pedra; pintura em relação à tela, etc. Se toda a matéria-prima for 
de outrem, a coisa nova pertencerá ao especificador se ele estiver de boa-fé; se 
estiver de má-fé, perderá a coisa nova em favor do dono do material. 
D) Confusão, Comistão e Adjunção (arts. 1.272 a 1.274 CC) 
Ocorrem quando coisas pertencentes a pessoas diversas se mesclam de 
tal forma que é impossível separá-las. 
• Confusão ⎯ mistura entre coisas líquidas (não confundir com confusão 
de dívidas, quando credor e devedor são a mesma pessoa ⎯ direito 
pessoal e não real). Exemplo: misturar suco de laranja com vodca (só 
façam isso depois de passarem no concurso), água e vinho; álcool e 
gasolina, etc. 
• Comistão ⎯ mistura de coisas sólidas ou secas. Exemplo: areia, cal e 
cimento, formando uma só massa. 
• Adjunção ⎯ justaposição de uma coisa sobre outra. Exemplo: tinta em 
relação à parede. 
Se a misturafor involuntária e impossível de separá-las, ocorre o 
condomínio necessário (ou forçado). Entretanto, se uma das coisas puder ser 
considerada principal em relação às outras, o domínio da espécie nova será 
atribuído ao dono da coisa principal, tendo este, contudo, a obrigação de 
indenizar os outros. 
E) Tradição 
Tradição (traditio rei) consiste na entrega da coisa móvel ao adquirente, 
com a intenção de lhe transferir o domínio. Como vimos, um contrato de compra 
e venda, por si só, não é apto para transferir o domínio de coisas móveis (o 
contrato somente cria a obrigação). Desta forma somente com a tradição é que 
a declaração de vontade se torna efetiva, transformando a obrigação em direito 
real. A tradição pode ser classificada em: 
• Real ⎯ entrega efetiva e material da coisa. 
• Simbólica ⎯ traduzida por ato representativo que traduz a alienação. 
Exemplo: entrega de chaves do carro. 
• Ficta ⎯ quando ocorre o constituto possessório (já vimos o conceito 
deste instituto). Exemplo: uma pessoa vende uma coisa (telefone), 
perdendo sua propriedade, mas continua possuindo essa coisa em 
virtude de um contrato de locação ou comodato; não é necessário 
entregar aquilo de que ele já tinha a posse. 
Fala-se, ainda em: 
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3322
- traditio longa manu – quando a coisa é posta à disposição do 
adquirente, por ser impossível a entrega manual (ex: máquinas de 
grande porte, porção de terras, etc.). 
- traditio brevi manu – quando o adquirente já era o possuidor da 
coisa (ex: locatário que compra o bem). 
F) Sucessão Hereditária ⎯ veremos mais adiante em aula referente ao 
Direito das Sucessões. 
 
Perde-se a propriedade, além das hipóteses acima, também pelo: 
• Perecimento ⎯ se a coisa móvel perecer (ex: incêndio; anel que caiu no 
mar, etc.). 
• Abandono ⎯ se seu dono a abandonar (res derelictae). 
PROPRIEDADE EM CONDOMÍNIO 
Condomínio (ou compropriedade) significa domínio ou propriedade em 
comum. Um mesmo bem pertence a várias pessoas, cabendo a cada uma igual 
direito sobre o todo. Temos o condomínio quando a mesma coisa pertence a 
mais de uma pessoa, cabendo a cada uma delas igual direito, idealmente sobre 
o todo e cada uma de suas partes. Todos os condôminos têm direitos 
qualitativamente iguais sobre a totalidade do bem, sofrendo limitações na 
proporção quantitativa. 
Classificação 
1 – Quanto à origem 
a) convencional (ou voluntário) – resulta de acordo de vontades dos consortes. 
Exemplo: duas pessoas compram um barco “em sociedade”. 
b) incidente (ou eventual) – resulta de causas alheias à vontade dos 
condôminos. Exemplo: doação de um objeto a duas pessoas; herança 
deixada a duas ou mais pessoas, etc. 
c) necessário (ou forçado) – deriva de imposição da lei. Exemplo: condomínio 
por meação de paredes, cercas, muros, etc. 
 
2 – Quanto ao objeto 
a) universal – compreende a totalidade do bem, inclusive frutos e rendimentos. 
b) particular – compreende certas e determinadas coisas ou efeitos. 
 
3 – Quanto à forma 
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3333
a) pro diviso – a comunhão existe juridicamente, mas não de fato, já que cada 
comproprietário tem uma parte certa e determinada do bem (condomínio em 
edifícios). 
b) pro indiviso – a comunhão perdura de fato e de direito; o bem se mantém 
indiviso. 
 
A) CONDOMÍNIO CONVENCIONAL 
Regras gerais: 
1) Cada condômino exerce seu direito de propriedade sobre a coisa toda, 
delimitado, naturalmente, por igual direito dos demais condôminos. 
2) Pertence a todos a utilidade econômica da coisa. 
3) O direito de cada condômino, em face de terceiros, abrange a 
totalidade dos poderes referentes ao direito de propriedade. Assim o 
condômino, mesmo minoritário pode mover ação de despejo contra um 
inquilino, mesmo ante a omissão ou a declarada oposição dos 
demais. O condômino só pode reivindicar o imóvel contra terceiro e 
não contra os demais condôminos. 
4) Cada condômino tem seu direito delimitado pelos outros, na medida de 
suas quotas. 
5) As quotas-parte ideais são apenas elementos aferidos do valor 
econômico pertencente a cada condômino, para que possa dispor da 
coisa. 
Direitos dos condôminos (art. 1.314 CC): 
• usar livremente da coisa conforme sua destinação e sobre ela exercer 
todos os direitos compatíveis com a indivisão. 
• reivindicá-la de terceiros e defender a posse. 
• vender a respectiva parte indivisa, respeitando o direito de preferência 
dos demais consortes. A venda feita pelo condômino a um estranho, com 
preterição dos demais só será definitiva após o decurso do prazo de 
decadência de 180 dias (contado a partir do momento em que cada 
condômino teve conhecimento da venda). 
• gravar (ex: hipotecar) a parte indivisa. Não pode gravar em sua totalidade 
sem a anuência dos demais comproprietários; no entanto pode dar em 
garantia real a parte que tiver. 
• a qualquer tempo requerer a divisão da coisa. 
Deveres dos condôminos (arts. 1.314, parágrafo único e 1.315 CC): 
• concorrer, na proporção de sua quota, para as despesas de conservação 
ou divisão da coisa. 
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3344
• suportar, na proporção de sua quota parte, os ônus a que a coisa está 
sujeita (ex: hipoteca, servidão, etc.). 
• não alterar a coisa comum sem o consentimento dos outros. 
Divisão do condomínio - Extinção 
Há casos em que o condomínio perdura indefinidamente, como nos casos 
de condomínio forçado, em que a lei não permite divisão ou esta é impossível, 
como no caso de paredes, tapumes divisórios, etc. 
Em se tratando de condomínio ordinário, é transitório o estado de 
comunhão e a qualquer condômino assiste o direito de exigir a divisão da coisa 
comum (costuma-se dizer que “o condomínio constitui uma sementeira de 
discórdias”). 
A divisão é o meio adequado para se extinguir o condomínio. A divisão 
pode ser: 
a) Amigável ⎯ por escritura pública, desde que todos os condôminos 
sejam absolutamente capazes. 
b) Judicial ⎯ por sentença do Juiz, quando não houver acordo ou um dos 
condôminos for incapaz. O objetivo é a obtenção da autonomia de cada 
quinhão, de modo a constituir um todo independente, perfeitamente 
individualizado, livre de ingerência dos demais condôminos. A ação divisória é 
imprescritível, pois a qualquer tempo pode ser promovida a divisão (art. 1.320 
CC). 
Venda de coisa comum 
Ninguém é obrigado a permanecer em condomínio contra a vontade. 
Sendo o bem divisível, é feita a divisão conforme vimos acima. No entanto, se o 
bem for indivisível, apresenta o Código Civil duas soluções: 
1 – Adjudicação a um único condômino, indenizando-se os demais. Uma 
única pessoa compra o bem, pagando o preço proporcional aos demais 
condôminos. 
2 – Venda da coisa comum, se não houver acordo quanto à adjudicação. 
Essa venda será feita em hasta pública. Há uma preferência dos demais 
condôminos em relação a estranhos. O direito de solicitar a venda é 
imprescritível e basta a vontade de um dos consortes para que se ordene a 
venda. O preço obtido será repartido entre os condôminos na proporção de seus 
quinhões. 
Compáscuo 
A expressão empregada é para significar comunhão de pastagens. Por 
incrível que pareça, já vi cair em um concurso tal termo. Dá uma idéia (não 
obrigatória) de reciprocidade: “assim como em meu campo se apascenta o 
rebanho do meu vizinho, também no terreno deste tenho o direito de colocar o 
meu gado”. 
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PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 
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Condomínio por meação de paredes, cercas, muros e valas 
As paredes, cercas, muros e valas que dividem propriedade, pertencem, 
em condomínio, aos proprietários confrontantes. É espécie de condomínio 
forçado ou necessário. 
Assim, cada proprietário tem o

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