Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Michele Mallmann – T14 embriologia APARELHO FARÍNGEO Embriologia inicial semelhante aos peixes, por isso também é denominado aparelho branquial Branquial = guelra (trocas de gases sangue / água) Arcos faríngeos, bolsas, sulcos faríngeos, membranas faríngeas formação da cabeça e pescoço Arcos: • Estrutura externa, visualizada tipograficamente a inspeção do embrião • Começam a se desenvolver no início da 4ª semana • Células da crista neural migram para a futura região da cabeça e pescoço • São separados por fissuras, os sulcos faríngeos • Os arcos e os sulcos são numerados em uma sequência cefalocaudal • Ao final da 4ª semana, 4 pares de arcos faríngeos são visíveis; o 5° e 6° arcos são rudimentares e não visíveis na superfície do embrião • Durante a 5ª semana o 2 arco vai aumentar e recobrir o 3° e 4° arcos, formando uma depressão ectodérmica, o seio cervical • Ao final da 7ª semana, os sulcos faríngeos e o seio cervical desaparecem, dando ao pescoço um contorno liso 1° arco: • Forma a saliência maxilar: origina a maxila, o osso zigomático e porção do osso temporal • Forma a saliência mandibular: forma a mandíbula • Deficiência no 1° arco causaria deformação na maxila e mandíbula 2° arco: • Contribui na formação do osso hioide • Os arcos faríngeos sustentam as paredes laterais da faringe primitiva • Boca primitiva: estomodeu • É separada da faringe primitiva pela membrana bucofaríngea Conteúdo dos arcos faríngeos: • Arco aórtico: uma artéria que provém do tronco arterioso do coração primitivo e corre em torno da faringe até entrar na aorta dorsal • Bastão cartilaginoso: forma o esqueleto do arco. - Um componente muscular: forma os músculos da cabeça e pescoço • Nervo: supre a mucosa e os músculos do arco Bolsas: • Estruturas internas, associadas as cavidades formadas pelos arcos DERIVADOS MUSCULARES 1º arco músculo da mastigação 2º arco músculo do ouvido interno e da deglutição 3º arco músculo estilofaríngeo 4º arco músculos faríngeos 6 arcoº músculos intrínsecos da laringe DERIVADOS DAS CARTILAGENS 1ª extremidade dorsal da cartilagem do primeiro arco forma dois ossículos da orelha média (martelo e bigorna) Porção média da cartilagem do 1º arco são formados os ligamentos Porção ventral da cartilagem do 1º arco forma os primórdios da mandíbula Extremidade dorsal da cartilagem do 2º arco forma o estribo e o processo estiloide do osso temporal A extremidade ventral da cartilagem do 2º arco forma a ossificação da parte do osso hioide A cartilagem do 3º arco forma a parte do osso hioide Cartilagem do 4º ao 6º arcos formam as cartilagens laríngeas Parede timpânica: formada pelo ectoderma e endoderma Bolsas faríngeas: • A faringe primitiva deriva do intestino anterior (endoderma) 1 Michele Mallmann – T14 • Encontra-se cefalicamente com a boca primitiva (estomodeu) • Estreita-se caudalmente onde se liga ao esôfago • O endoderma da faringe estende-se lateralmente semelhante a balões – forma as bolsas faríngeas (4 pares) 1ª bolsa faríngea: • Recesso tubotimpânico • Membrana timpânica • Cavidade timpânica • Tuba faringotimpânica 2ª bolsa faríngea: • Seio tonsilar • Criptas tonsilares (nódulos linfáticos) 3ª bolsa faríngea (porção dorsal): • Paratireoides inferiores 3ª bolsa faríngea (porção ventral): • Timo: órgão que completa o seu desenvolvimento após o nascimento • Período pré-natal: órgão grande que pode ficar no mediastino superior até a base do pescoço • Pós-natal/início da puberdade: involução e infiltração gordurosa no córtex da glândula • Função imunológica 4ª bolsa faríngea (porção dorsal): • Paratireoides superiores 4ª bolsa faríngea (porção ventral): • Corpo ultimofaríngeo (células parafoliculares da tireoide = produzem calcitonina) • Paratireoides: regulam o metabolismo do cálcio SULCOS FARÍNGEOS: • º par: meato acústico externo. • Outros pares: seio cervical. MEMBRANAS FARÍNGEAS: • 1º par: membrana timpânica. TAKE HOME MASSAGE A formação do aparelho faríngeo compreende os arcos faríngeos, bolsas, sulcos e membranas faríngeas Importante papel das CCN na formação das estruturas dos arcos 1° AF – saliência maxilar (maxila, zigomático e parte do temporal); saliência mandibular (mandíbula) 2° AF – contribui na formação do hioide Ao final da 4ª semana, 4 pares de AF são visíveis, e ao final da 7 semana os sulcos e seio cervical desaparecem AF são compostos de: • Arco aórtico • Bastão cartilaginoso • Componente muscular • Nervo As estruturas da face são derivadas dos arcos e diversas estruturas internas serão derivadas das bolsas faríngeas Os sulcos e membranas faríngeas também dão origem a estruturas importantes do sistema auditivo 1 Michele Mallmann – T14 embriologia ANOMALIAS DA CABEÇA E PESCOÇO Originam-se durante a transformação do aparelho faríngeo em estruturas adultas A maioria representa remanescentes que deveriam desaparecer Fossetas e cistos auriculares congênitos • Remanescentes do 1º sulco faríngeo • Pregas ectodérmicas sequestradas durante a formação do pavilhão auricular Seios branquiais externos: • Remanescentes de sulcos faríngeo Seios branquiais internos: • Remanescentes de bolsas faríngeas Fístula branquial: • Persistência do 2º sulco e 2ª bolsa faríngeos. Cistos branquiais: • Remanescentes do seio cervical ou do 2º sulco faríngeo • Originado do 1º arco • Ocorre geralmente em mulheres na meia idade. • Apresentação clínica: assintomática (achado acidental), palpação de caroço ou massa inflamada na região da paratireoide e canal auditivo, drenagem de fluido espontânea (muco ou pus) Originado do 2º arco: • Localização: da parede faríngea até a pele, passando lateralmente e inferior às carótidas internas e externas. Comumente encontrado no ângulo da mandíbula Originado do 3º arco: • Localização: posterior à carótida interna, entre o nervo hipoglosso e o glossofaríngeo Síndrome do 1º arco: • Anomalias dos olhos / orelhas / mandíbula / palato • Migração insuficiente de células da crista neural durante a 4ª semana Síndrome de Treacher-Collins: disostose mandibulofacial • Autossômica dominante – gene TCOF1 (localizado no cromossomo 5) • Hipoplasia malar / subdesenvolvimento dos ossos zigomáticos • Fendas palpebrais oblíquas para baixo • Malformação orelha externa Sequência de Pierre-Robin: • Hipoplasia de mandíbula (micrognatia). • Deslocamento posterior da língua. • Obstrução ao fechamento palatino = fendas palatinas. • Defeitos de olhos e orelhas. Aplasia tímica e de paratireoides - Del22q (Sd. De DiGeorge / velocardiofacial): • Hipoparatireoidismo congênito. • Suscetibilidade a infecções. • Anomalias da boca / orelha / nariz. • Hipoplasia de tireoide. • Anomalias cardíacas. • Distúrbios psiquiátricos • Não há diferenciação da 3ª e 4ª bolsas faríngeas. • Desenvolvimento anormal do 1º arco. TIREOIDE • É a primeira glândula endócrina a se desenvolver no embrião • Inicia 24 dias após a fertilização a partir de um espessamento endodérmico da faringe que forma uma saliência – o primórdio da tireoide • A tireoide em desenvolvimento desce pelo pescoço • Por um curto período, a tireoide fica conectada à língua por um tubo estreito – o ducto tireoglosso • A tireoide logo fica maciça e se divide em dois lobos unidos pelo istmo da tireoide • O istmo pode se estender para cima formando um lobo piramidal em 50% das pessoas • Folículos tireoidianos começam a se formar na 11ª semana e já há, nessa fase, concentração de iodo e síntese de hormônios 1 Michele Mallmann – T14 • Variações do timo e paratireoides: Anomalias da tireoide: • Hipotireoidismocongênito: distúrbio de desenvolvimento embrionário da tireoide • Cistos e seios do ducto tireoglosso • Tireoide ectópica: posicionamento anormal da glândula LINGUA • No final da 4ª semana, uma elevação triangular mediana aparece no assoalho da faringe primitiva • Brotos linguais distais: primeiro par de arcos faríngeos • 2/3 anteriores da língua (parte oral) • Fusão indicada por um sulco mediano na língua • Cópula: segundo par de arcos faríngeos • Saliência hipofaríngea: 3º e 4º pares de arcos faríngeos. • 1/3 posterior da língua (parte faríngea) • A linha de fusão das partes anterior e posterior da língua é indicada por um sulco em forma de ‘’V’’ – o sulco terminal • Corpúsculos gustativos: por volta de 10-13 semanas • Inervação completa derivada dos arcos faríngeos Glândulas salivares: • Brotos epiteliais que se formam na cavidade oral primitiva • Parótidas: início da 6ª semana • Submandibulares: fim da 6ª semana • Sublinguais: 8ª semana Anomalias da língua: • Anquiloglossia (língua presa): freio curto e estendido até a ponta da língua; alonga-se com o tempo ou corrige-se cirurgicamente • Macroglossia: língua excessivamente grande • Microglossia: língua anormalmente pequena (associada com migrognatia) TAKE MASSAGE HOME Alterações teciduais durante o desenvolvimento do aparelho faríngeo estão relacionadas a diversas malformações na cabeça e pescoço Devido a migração dos tecidos primordiais de algumas estruturas anatômicas, várias malformações estão associadas a ectopias, cistos e ductos patentes A localização dos cistos geralmente determina sua origem embriológica As síndromes de 1° arco resultam em severas malformações na face e orelha A tireoide é a primeira glândula endócrina a se desenvolver no embrião Ela “desce” pelo pescoço, até sua posição anatômica final. Alterações neste posicionamento determinam a ocorrência de remanescentes ectópicos A língua inicia sua formação no final da quarta semana, sendo formada por segmentos do 1°, 2°, 3° e 4° AF Os corpúsculos gustativos se formam entre a 10ª e a 13ª semana As glândulas salivares são formadas a partir de brotos epiteliais que se originam da cavidade oral primitiva, sendo formadas entra a 6ª e 8ª semana DESENVOLVIMENTO DA FACE Os primórdios da face começam a aparecer no início da 4ª sem. em torno do estomodeu (boca primitiva) • O desenvolvimento da face depende da influência indutora dos centros organizadores do prosencéfalo (cérebro anterior) e do rombencéfalo (cérebro posterior) • Os cinco primórdios da face aparecem como saliências em torno do estomodeu: uma saliência frontonasal, o par de saliências maxilares e o par de saliências mandibulares Saliência frontonasal (SFN): • Circunda a parte ventrolateral do encefálo anterior • O prosencéfalo origina as vesículas ópticas formadoras dos olhos • parte frontal = testa • parte nasal = limite rostral do estomodeu • O desenvolvimento facial ocorre entre a 4ª e a 8ª semanas • As proporções faciais se desenvolvem durante o período fetal • A mandíbula e o lábio inferior são as primeiras estruturas a se formar 1 Michele Mallmann – T14 1º arco faríngeo: • Ao final da 4ª sem.: espessamentos ovalados bilaterais do ectoderma = placóides nasais • O mesênquima dos placóides se proliferam formando as saliências nasais mediais e laterais • As saliências maxilares se proliferam e crescem medialmente • Cada saliência nasal lateral é separada da saliência maxilar por uma fenda denominada sulco nasolacrimal • Ao final da 5ª semana, os primórdios dos pavilhões auriculares começam a se desenvolver • Inicialmente, as orelhas externas ficam na região do pescoço • À medida que a mandíbula se desenvolve, as orelhas ascendem para o lado da cabeça ao nível dos olhos • Ao final da 6ª semana, funde-se a saliência maxilar com a saliência nasal lateral, estabelecendo a continuidade entre o lado do nariz e a região da bochecha • Entre a 7ª e a 10ª semanas, as saliências nasais mediais fundem-se e formam o septo nasal • Quando as saliências nasais mediais se fundem, formam um segmento intermaxilar, que dá origem: ao filtro do lábio superior, a parte pré- maxilar da maxila e à gengiva associada (sulco labiogengival) e ao palato primário RESUMINDO SFN: forma a testa e parte do nariz (dorso e ápice) Saliências nasais laterais: formam os lados (asas) do nariz Saliências nasais mediais: formam o septo nasal e o segmento intermaxilar Saliências maxilares: formam as regiões superiores da bochecha e a maior parte do lábio superior Saliências mandibulares: originam o queixo, lábio inferior e as regiões inferiores das bochechas DESENVOLVIMENTO DAS CAVIDADES NASAIS À medida que a face se desenvolve, os placóides nasais tornam-se deprimidos, formando fossetas nasais – sacos nasais primitivos Inicialmente, os sacos nasais estão separados da cavidade oral pela membrana oronasal – que se rompe ao final da 6ª semana As regiões de continuidade entre as cavidades nasal e oral são as coanas primitivas, situadas posteriormente ao palato primário Após o desenvolvimento do palato secundário, as coanas se localizam na junção da cavidade nasal com a faringe As conchas superior, média e inferior surgem como elevações das paredes laterais das cavidades nasais. Concomitantemente, o epitélio ectodérmico do teto de cada cavidade nasal se especializa para formar o epitélio olfatório Células especializadas = nervos olfatórios que crescem para os bulbos olfatórios do encéfalo Seios paranasais: • Desenvolvem-se no pós-natal, exceto os seios maxilares que já aparecem no final da vida fetal • São extensões pneumatizadas (cheias de ar) dos ossos adjacentes • São importantes na alteração do tamanho e forma da face durante a infância e por acrescentar ressonância à voz durante a adolescência Fendas faciais: • Vários tipos podem ocorrer, embora sejam muito raras • Fendas oblíquas (orbitofaciais • Fendas laterais / transversais (da boca em direção à orelha) Desenvolvimento do palato (palatogênese): • Ocorre entre a 5ª e a 12ª semanas • Período crítico = fim da 6ª semana – início da 9ª seman Palato primário: • Processo palatino mediano • No início da 6ª semana, derivado do segmento intermaxilar (fusão das saliências nasais medianas) Palato secundário: • Primórdio das porções dura e mole do palato 1 Michele Mallmann – T14 • Começa seu desenvolvimento no início da 6ª semana, derivado do segmento intermaxilar (fusão das saliências nasais medianas) • Origina-se de projeções mesenquimais das saliências maxilares – os processos palatinos laterais • Na 7ª e 8ª semanas, os processos laterais se alongam e ascendem para uma posição superior à língua • Os processos gradativamente aproximam-se um do outro, fundindo-se no plano mediano • Eles também se fundem com o septo nasal e o palato primário Essa fusão inicia de anterior para posterior, estando completa na 12ª semana Gradativamente, desenvolve-se osso no palato primário, formando a parte pré-maxilar da maxila, que aloja os dentes incisivos O osso avança para os processos palatinos laterais formando o palato duro As partes posteriores não são ossificadas, fundindo-se para formar o palato mole, incluindo sua projeção cônica mole – a úvula A rafe palatina mediana indica a linha de fusão dos processos palatinos laterais Fendas orais (labial/palato anterior/palato posterior): Fendas anteriores: • Incluem as fendas labiais com ou sem fendas na porção alveolar da maxila • Resultam de uma deficiência do mesênquima das saliências maxilares e do segmento intermaxilar Fendas posteriores • Incluem as fendas do palato secundário ou posterior (mole e duro). • Causadas pelo desenvolvimento defeituoso dosprocessos palatinos laterais (palato secundário) Fendas que envolvem o lábio superior, com ou sem fenda palatina: 60-80% sexo masculino. Fenda labial unilateral: • Falta de fusão da saliência maxilar do lado afetado com o segmento intermaxilar • Isso resulta em um sulco labial persistente • Pode-se formar uma faixa de tecido – Banda de Simonart Fenda labial bilateral: • Falta da união das massas mesenquimais das saliências maxilares com o segmento intermaxilar • Os defeitos podem ser distintos e apresentar graus variáveis em cada lado • O segmento intermaxilar fica suspenso e pode ser deformante ao músculo orbicular dos lábios Fenda mediana do lábio superior: • Defeito extremamente raro • Deficiência na formação do segmento intermaxilar Fenda mediana do lábio inferior: • Fusão incompleta das saliências mandibulares Fendas palatinas, com ou sem fenda labial: • Mais comum no sexo feminino (os processos palatinos fundem-se uma semana mais tarde nas meninas) Falta de fusão das massas mesenquimais dos processos palatinos laterais entre si, com o septo nasal e/ou com o processo palatino medial • Úvula bífida ou fendida • Fendas do palato anterior (primário) = anteriores à fossa incisiva • Fendas do palato posterior (secundário) = posteriores à fossa incisiva • Herança multifatorial: fatores genéticos (múltiplos genes), síndromes e fatores ambientais (teratógenos)
Compartilhar