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Circuitos em corrente contínua – pág. 1 EXPERIÊNCIA 04 LEIS DE KIRCHHOFF EM CIRCUITOS DE CORRENTE CONTÍNUA 1. OBJETIVOS a) Determinar a força eletromotriz e a resistência interna de uma bateria em um circuito de malha única. b) Calcular a resistência interna de um amperímetro num circuito de malha única. c) Calcular a resistência interna de um amperímetro através da condição de máxima transferência de potência. d) Medir intensidades de correntes num circuito de duas malhas e comparar com os valores obtidos pela aplicação das Leis de Kirchhoff. 2. TEORIA BÁSICA Os princípios empíricos, conhecidos como Leis de Kirchhoff, são aplicações dos princípios de conservação de carga e energia em circuitos elétricos. Lei dos nós(1° Lei de Kirchhoff): A soma algébrica das correntes, em cada nó, deve ser zero. i = 0 (1) Lei das malhas(2° Lei de Kirchhoff): A soma algébrica das forças eletromotrizes ou fems ( )em qualquer malha é igual à soma algébrica dos produtos iR na mesma malha. = iR (2) Na operacionalização dessas leis, o primeiro passo é escolher símbolos e sentidos para correntes, fems e quedas de tensão sobre resistores. O sentido da fem deve ser do (-) para o (+). O passo seguinte é arbitrar um sentido de percurso para todas as malhas, horário ou anti-horário. Então pode-se aplicar a lei das malhas da seguinte maneira: a) Se um resistor for percorrido no mesmo sentido da corrente que o atravessa, a variação do potencial é -iR, sendo +iR se percorrido no sentido contrário. b) Se uma fonte de força eletromotriz for percorrida no mesmo sentido que sua fem , a variação do potencial será +, e - se percorrida no sentido contrário. É conveniente lembrar que a lei dos nós pode ser aplicada (n-1) vezes, se a rede tiver n nós, e que a lei das malhas pode ser aplicada tantas vezes quantas forem as malhas independentes na rede. Para verificarmos a diferença entre uma bateria e uma fonte de tensão, considere o circuito de malha única (figura 1), composto de: - Uma bateria de fem e resistência interna r’; - Um amperímetro com resistência interna r; - Uma resistência de proteção Rp. O voltímetro permite medir a diferença de potencial entre os pontos A e B. Circuitos em corrente contínua – pág. 2 Figura 1 - Circuito de malha única Aplicando a 2 a Lei de Kirchhoff, partindo do ponto B, no sentido anti-horário, obtém-se: VB + ir’ - = VA (3) então: VB - VA = V = - ir’ (4) Esta equação diz que, quando temos corrente atravessando uma bateria, a diferença de potencial (tensão) entre seus terminais não se iguala ao valor da fem . Existe uma diferença entre os dois valores, representada pela queda de tensão na resistência que a própria bateria coloca no circuito. Como um segundo exemplo de aplicação da 2 a Lei de Kirchhoff, considere o circuito de malha única na figura 2 , composto de : - Uma fonte de tensão geradora de fem ; - Uma resistência externa R (no experimento, um conjunto de vários resistores em série); - Um amperímetro com resistência interna r. Figura 2 - Circuito de malha única Partindo do ponto B, no sentido horário, obtém-se: VB + - ir - iR = VB (5) amperímetro Rp i i A + B r’ V - + bater ia A r + - - voltímetro + - r i + - A i A R B V + - Circuitos em corrente contínua – pág. 3 ou - ir = iR (6) Mas V = VA - VB = iR (7) Substituindo (7) em (6) tem-se V = - i r (8) Na montagem experimental, por segurança, será incluído um resistor de proteção com resistência conhecida Rp, em série com R . A eq. (8), neste caso, toma a forma: V = - i ( r + Rp ) (9) A equação (9) será utilizada para determinar a resistência interna do amperímetro, e a fem da fonte de tensão, através do gráfico de V em função de i. No circuito de malha única, se R for a resistência ajustável, a corrente será obtida através da eq. (6), reescrita de outra forma e considerando a presença da resistência Rp conectada em série: P i R r R (10) Por conveniência, denomina-se r* = r + Rp , e a eq. (10) fica: )rR( i * (11) A potência dissipada no resistor variável depende do valor de R, sendo dada por: 2 2 2 )rR( R RiP * (12) A condição de maximização de potência transferida é que 0 dR dP , implicando em: R = r* ou R = r + Rp (13) ou seja, a potência transferida de uma fonte de tensão a uma resistência externa R (geralmente chamada carga ) será máxima na condição da eq. (13). Este princípio é de larga aplicação prática, pois estabelece um critério geral de acoplamento, para minimizar as perdas entre a fonte e a carga. A figura 3 mostra terceiro exemplo, um circuito com duas malhas, composto de duas fontes de fem 1 e 2 , três amperímetros de resistências internas r1 , r2 e r3 e três resistores R1, R2 e R3 onde serão aplicadas as duas Leis de Kirchhoff. Circuitos em corrente contínua – pág. 4 Figura 3 - Circuito de duas malhas Assim, aplicando a lei dos nós em A: i3 = i1 + i2 (14) Percorrendo a malha da esquerda no sentido anti-horário, obtém-se: 1 - i1 ( R1 + r1 ) + i2 ( R2 + r2 ) = 0 (15) e, para a malha da direita: - 2 - i2 (R2 + r2 ) - i3 (R3 + r3 ) = 0 (16) Conhecendo-se os valores de 1 e 2 e das resistências do circuito, pode-se calcular as correntes em cada ramo do circuito resolvendo o sistema de três equações e três incógnitas. Se os sentidos das correntes coincidirem com o arbitrado no circuito, as soluções do sistema terão resultados positivos; nos casos em que as correntes calculadas sejam negativas, o sentido correto é o oposto ao arbitrado. Se houver possibilidade de desprezar as resistências internas dos amperímetros, então basta colocar r1 = r2 = r3 = 0 nas equações (15) e (16), e resolver o novo sistema de equações. 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. D. Halliday,R.Resnick e J.Walker; Fundamentos de Física; Vol.3; Ed. LTC 2. Sears; Zemansky;Young e R.Fredman; Física III; Ed. Pearson,Addison Wesley. 3. P A.Tipler; Física-Eletricidade e Magnetismo,Ótica; Vol.2;4°Edição;Ed.LTC 4. Introdução ao Laboratório de Física; J.J.Piacentini, B.C.S.Grandi, M.P.Hofmann, F.R.R.de Lima, E. Zimmermann; Ed. da UFSC. + - B - + r1 1 r2 2 r3 i1 i2 i3 R1 R2 R3 A Circuitos em corrente contínua – pág. 5 4. ESQUEMAS “A” “B” “C” + A - + Rp V + i - - i K + A - Rp + - i K R + V - K K + - - + 1 2 A i3 A i2 A i1 R3 R2 R1 Circuitos em corrente contínua – pág. 6 5. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL PRIMEIRA PARTE - Medida da fem e resistência interna de uma bateria. 1. Faça a montagem do circuito conforme o esquema “A”, utilizando como fonte uma bateria, cuja fem será designada e sua resistência interna r’. Coloque um resistor de resistência conhecida Rp em série com r’ (da bateria) e r (do amperímetro). Utilize o voltímetro digital (o terminal COM equivale ao terminal (-) e o terminal V--S equivale ao terminal (+)) e o amperímetro na escala de 20 A( COM é o (-) e 20A é o (+)). Preste atenção às polaridades dos instrumentos. Peça ao professor para inspecionar as conexõeselétricas. 2. Com a chave K aberta (desconectada), meça a tensão V entre os terminais da bateria. Anote seus dados na tabela I. 3. Feche a chave K, meça o novo valor de V e o valor da corrente no amperímetro. ATENÇÃO: Faça as leituras rapidamente, para evitar a descarga da bateria. 4. Substitua a bateria (que não será mais usada) por uma fonte de tensão, cujo valor esteja próximo ao valor anteriormente fornecido pela bateria em aberto e repita os itens 2 e 3. SEGUNDA PARTE - Medida da resistência interna do amperímetro e valor da fem da fonte. 1. Faça a montagem do circuito conforme o esquema “B”, utilizando como fonte geradora de fem a mesma fonte de tensão usada na primeira parte. Utilize como amperímetro e voltímetro os mesmos instrumentos usados anteriormente. O amperímetro deverá ser utilizado na escala de 200 mA(COM é o (-) e 200mA é o (+)). Utilize como resistor R a caixa de resistências fornecida. Coloque um valor inicial de 5 Ω. Preste atenção à polaridade dos instrumentos e peça ao professor para verificar as conexões elétricas. Não ligue a chave K nesta etapa. 2. Coloque como tensão de saída da fonte um valor muito próximo a 2,00volts. Esta medida deverá ser feita com o voltímetro. Feche a chave K, leia a tensão V e a corrente i, anotando seus valores na tabela II. É importante não mudar as escalas depois de iniciadas as medidas. 3. Vá aumentando gradativamente a resistência do resistor R, utilizando valores entre 5Ω e 70Ω, lendo as respectivas tensões e correntes, e anotando na tabela II. 4. Calcule a resistência de cada um dos resistores R através da relação R = V / i. 5. Calcule a potência dissipada nos resistores R através da relação P = V i, empregando os valores medidos de i e de V. TERCEIRA PARTE - Medidas de correntes em circuitos de duas malhas 1. Monte o circuito conforme o esquema “C”. Utilize como fontes de tensão 1 e 2 as duas fontes disponíveis em sua bancada. Utilize os amperímetros fornecidos nas escalas de 20A. Não se preocupe com as polaridades dos amperímetros neste momento pois, inicialmente, vamos ignorar o verdadeiro sentido das correntes. Utilize a chave dupla para fazer os dois contatos representados por chaves simples no esquema, que devem abrir e fechar simultaneamente. Circuitos em corrente contínua – pág. 7 2. Coloque como tensão de saída das fontes um valor aproximado de 8,00 V, lidas com o voltímetro, anotando os valores na tabela III. Chame novamente o professor para inspecionar as conexões. 3. É necessário agora verificar se as polaridades dos amperímetros estão corretas. Dê um breve toque na chave K e observe se as correntes são positivas. Caso alguma seja negativa, troque a posição dos fios de entrada no amperímetro. 4. Resolvido o problema das polaridades é só fechar a chave K, ler as correntes e anotar na Tabela III. ATENÇÃO: Faça as leituras rapidamente para evitar o super aquecimento dos resistores. 5. As resistências internas dos amperímetros na escala de 20A é de 0,25Ω. 6. RELAÇÃO DO MATERIAL 01 bateria (de moto ou similar) de 12V. 02 fontes de tensão/corrente(VCC), variáveis, 0-30V/0-3A 04 multímetros digitais. 01 chave tipo faca, dupla. 01 caixa de resistências padrão (R ). 01 resistor de proteção de aprox. 14,0 (Rp). 01 resistor de aprox. 7,0 (R1 ). 01 resistor de aprox. 5,0 (R2 ). 01 resistor de aprox.3,0 (R3 ). 13 cabos para conexões elétricas. 7. QUESTIONÁRIO 1.a. Através do uso da equação (4) e os dados da tabela I, encontre o valor da fem da bateria e calcule a sua resistência interna. 1.b. Qual o valor da fem da fonte? 2. Analisando os dados da tabela I, explique a diferença entre uma bateria e uma fonte de tensão geradora de fem , quando acopladas a um circuito. 3.a. Faça o gráfico de V em função de i com os dados da tabela II. 3.b. Calcule os coeficientes angular e linear da reta obtida e, a partir deles, obtenha a fem da fonte e r do amperímetro. 3.c. Qual o significado físico da intersecção da curva com o eixo da abcissas(onde y=0)? E das ordenadas(onde x=0)? 4. Faça o gráfico de P em função de R com os dados da tabela II. No ponto de máxima transferência de potência obtenha R e, então, r do amperímetro. Compare r com o valor obtido na questão 3.b. 5. Calcule as correntes i1, i2 e i3 utilizando as Leis de Kirchhoff para o circuito, considerando as resistências internas dos amperímetros (fornecidas). Compare com os valores medidos. 6. Calcule novamente as correntes i1, i2 e i3, mas agora desprezando as resistências internas dos amperímetros. Compare com os valores medidos e comente os resultados obtidos em (5) e (6). Circuitos em corrente contínua – pág. 8 GRUPO: TURMA: ALUNOS: EXPERIÊNCIA 04 LEIS DE KIRCHHOFF EM CIRCUITOS DE CORRENTE CONTÍNUA Tabela I V ( V ) i ( A ) Bateria em aberto Bateria no circuito Fonte em aberto Fonte no circuito Tabela II Escala do Amperímetro: 200 mA V ( V ) i ( mA ) R ( ) Rteorica(Ω) P ( W ) 1 2 3 4 5 6 7 8 Tabela III fem’s das fontes Resistências fornecidas Resistências internas dos amperímetros Correntes medidas 1 = R1= r1= i1= 2 = R2= r2= i2= R3= r3= i3=
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