Grátis
202 pág.

Denunciar
Pré-visualização | Página 15 de 50
T. M. (Org.); CODO, Wanderley (Org.); ANDREY, Alberto A.; NAFFAH NETO, Alfredo; CIAMPA, Antônio da C.; ...[et al.]. Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 2004. 51 TÓPICO 4 A PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO FIGURA 16 – PROCESSO GRUPAL E PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA FONTE: Disponível em: <http://psicologiaereflexao.wordpress.com/2011/03/07/identidade- processo-grupal-e-psicologia-socio-historica/>. Acesso em: 26 mar. 2012. Para encerrar esta unidade, conheceremos a chamada nova Psicologia Social, que surge enquanto crítica à Psicologia Social Cognitiva ou Psicologia Social Norte-americana, que conhecemos no tópico anterior. Conhecida como Psicologia Sócio-histórica, ela propõe uma Psicologia Social distinta, com um objeto de estudo e um método de análise diferenciado, assim como prega um compromisso social até então inexistente. Essas e outras questões serão abordadas a seguir. 52 UNIDADE 1 | PSICOLOGIA SOCIAL: ORIGEM E DEFINIÇÃO 2 A CONSTRUÇÃO DE UMA NOVA PSICOLOGIA SOCIAL FIGURA 17 – DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO FONTE: Disponível em: <http://insightsdapsicologia.blogspot.com/2010/12/desenvolvimento- psicologico-segundo.html>. Acesso em: 26 mar. 2012. É fato que por muito tempo teve-se a hegemonia da Psicologia social cognitiva em todo o mundo, no entanto, a partir dos anos de 1960 são colocados em xeque muitos dos seus pressupostos, o que foi chamado de “crise de relevância da Psicologia Social”. Vilela (2007) propõe-se a refletir sobre algumas questões, destacando duas, e que são centrais para compreendermos melhor esse momento específico: a que se refere essa crise? O que seria a tão falada relevância da Psicologia Social? Segundo o mesmo autor, as críticas se dirigem tanto à metodologia da Psicologia Social quanto às formas de teorização até então utilizadas. Em relação a esses dois aspectos, questiona-se o método experimental, sobretudo pela artificialidade da situação experimental que, na maioria das vezes, não dá conta de simular as inúmeras variáveis que acabam estando presentes no dia a dia dos sujeitos pesquisados. Sobretudo em Psicologia Social, questiona-se o método experimental no sentido de, a partir dele, poderem ser feitas generalizações confiáveis. Em relação à relevância social, é afrontado o modelo estadunidense, que defende a chamada neutralidade e o afastamento da realidade social. Esse modelo ficou claro na Psicologia social cognitiva que acabou “virando as costas” para os problemas sociais que se colocavam nesse período e pouco comprometida com a transformação social. O problema principal, nesse caso, seria a relevância social, a aplicabilidade da Psicologia às questões sociais emergentes. A partir dessa crítica, tem-se uma mudança de rumo e, pela primeira vez, passam a ser objeto de estudo não apenas determinados espaços físicos (clínica, indústria, escola), mas situações concretas de vida (relações de gênero, o jovem em conflito com a lei, a saúde do trabalhador etc.). TÓPICO 4 | A PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA 53 Para Rosa e Andriani (2008), durante muito tempo a Psicologia Social esteve marcada por um caráter e uma tradição pragmáticos. Seus trabalhos se resumiam ao estudo das atitudes, sua mensuração e suas alterações, bem como a aspectos ligados ao funcionamento grupal. A crítica a essa tradição pragmática de base americana consistia principalmente no seu caráter ideológico e reprodutor de interesses da classe dominante, assim como ao embasamento positivista que, em nome da objetividade, acabou fazendo uma compreensão reduzida do ser humano, perdendo a dimensão da sua totalidade. Segundo Bock, Furtado e Teixeira (2002), as principais críticas em relação à Psicologia Social de base americana ou Psicologia Social Cognitiva podem ser resumidas nos seguintes pontos: l É uma Psicologia Social que se apoia no método descritivo (a descrever aquilo que é observável) e, nesse sentido, volta-se a organizar e dar nome aos processos observáveis dos encontros sociais. l É uma Psicologia Social que tem seu desenvolvimento diretamente ligado aos objetivos da sociedade norte-americana do pós-guerra, que necessitava de conhecimentos e instrumentos que garantissem o aumento da produtividade na intenção de recuperar a nação (comunicação persuasiva, mudança de atitudes, dinâmica grupal são exemplos de temas nesse período). Buscou-se, sobretudo, fórmulas de ajustamento e adequação de comportamentos individuais ao contexto social. l É uma Psicologia Social que parte de uma noção reduzida do social. Esse é considerado basicamente a relação entre as pessoas, a interação social, e não como um conjunto de produções humanas que ao mesmo tempo que vão construindo a realidade social constroem também o indivíduo. Esse será o alicerce rumo à construção de uma nova Psicologia Social. Com uma posição bem mais crítica em relação à realidade social e com o intuito de contribuir para a transformação da sociedade vem sendo desenvolvida uma nova Psicologia Social, buscando a superação dos limites apontados até então pela Psicologia Social Americana e se atendo a construir conhecimentos sobre a natureza social do fenômeno psíquico. O comportamento humano deixa de ser o objeto de estudo para ser uma das expressões do mundo psíquico e uma fonte de dados importantes para a compreensão da subjetividade já que se encontra no nível empírico e pode ser observado. Entretanto, essa nova Psicologia Social pretende ir além do que é observável, buscando compreender o homem nos seus mais diversos aspectos e em constante movimento. Essa tendência na Psicologia Social é conhecida como Psicologia Sócio-histórica. 54 UNIDADE 1 | PSICOLOGIA SOCIAL: ORIGEM E DEFINIÇÃO ESTUDOS FU TUROS Os principais conceitos da Psicologia Sócio-histórica serão apresentados na Unidade 3. São conceitos que servem para apreender o ser humano a partir desta perspectiva de análise. FIGURA 18 – A PSICOLOGIA E O MUNDO FONTE: Disponível em: <http://www.pedagogiaaopedaletra.com/posts/a-psicologia-e-o- mundo/>. Acesso em: 26 mar. 2012. A Psicologia, como já deve ter ficado claro diante do que foi colocado até então, apresenta-se em constante movimento, isto é, a todo momento surgem novos conhecimentos na área e, mais do que isso, novas abordagens vão sendo construídas. Uma das abordagens mais recentes na Psicologia e que se torna referência para a Psicologia do Desenvolvimento, para a Educação e, nosso foco nesse momento, para a Psicologia Social, é a Psicologia Sócio-histórica. Para Bock, Furtado e Teixeira (2002), a Psicologia Sócio-histórica é uma vertente teórica da Psicologia, que nasce no início do século XX na ex-União Soviética, embalada pela Revolução de 1917 e pela teoria marxista. Dentro dessa perspectiva, destaca-se o nome de Vygotsky (1896-1934) e seus principais seguidores: Luria (1902-1977) e Leontiev (1903-1979). Vygotsky, por volta de 1924, mostra-se insatisfeito com as correntes psicológicas soviéticas e aponta uma crise mundial da Psicologia. Na tentativa de compreender o que é o homem e como se constrói sua subjetividade, permeado 3 A PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA TÓPICO 4 | A PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA 55 pela dualidade objetividade versus subjetividade, mundo interno versus mundo externo, a compreensão das funções superiores por intermédio da psicologia animal e a concepção de desenvolvimento humano natural, essas funções seriam resultado de um processo de maturação. Essas e outras questões passam a ser superadas com a chamada teoria histórico-cultural de Vygotsky. Vygotsky e seus seguidores buscaram construir uma Psicologia que superasse as tradições positivistas, estudando o homem e seu mundo psíquico como uma construção histórica e social da humanidade. ESTUDOS FU TUROS Na Unidade 2,