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Mirian Montezino – Estruturas das Demonstrações Contábeis – Ciências Contábeis – 2021/5º 1.1 Demonstrações Contábeis (ou financeiras) Conceito: Segundo, Fagundes, Lirio, Ciupak e La- varda (2008) a análise das demonstrações contá- beis é de suma importância e deve ser explanada e empregada para gestão de negócios de forma simplificada, seu papel é atender os mais diversos usuários da contabilidade e demais interessados na situação econômica e financeira de um empreendi- mento. No início do Capítulo 1 da Estrutura Conceitual do CPC, algo fundamental: “OB2. O objetivo do rela- tório contábil-financeiro de propósito geral é for- necer informações contábil-financeiras acerca da entidade que reporta essa informação (reporting entity) que sejam úteis a investidores existentes e em potencial, a credores por empréstimos e a ou- tros credores, quando da tomada de decisão li- gada ao fornecimento de recursos para a enti- dade. Essas decisões envolvem comprar, vender ou manter participações em instrumentos patrimoniais e em instrumentos de dívida, e a oferecer ou dispo- nibilizar empréstimos ou outras formas de crédito.” Não é à toa que a OCPC 07 – Evidenciação na Divulgação dos Relatórios Contábil-Financeiros de Propósito Geral determina que todas as informa- ções que sejam úteis para tomadas de decisão de credores e investidores sejam divulgadas, e so- mente estas. Jamais deve-se divulgar informação que não ajude os usuários; se não úteis, passam a confundir, a desviar a atenção e a agir contra o objetivo das demonstrações contábeis. As pequenas e médias empresas devem observar a NBCTG 1.000, ao fim de cada exercício social fica ao profissional contábil a responsabilidade de ela- borar várias demonstrações financeiras: Balanço Patrimonial (BP); Demonstração de Lucros ou Prejuízos (DLPA); Demonstração do Resultado Exercício (DRE); Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC); Demonstrações das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL); E se caso a companhia for aberta, a Demonstração do Valor Adicionado (DVA). 1.2 Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acu- mulados (DLPA): 1.3 Objetivo: A DLPA têm por objetivo demonstrar as alterações ocorridas na conta de lucros ou prejuízos acumula- dos, demonstrando os elementos que provocaram modificações para mais ou para menos no saldo conta lucros ou prejuízos acumulados. No entanto, no encerramento do exercício social, a companhia apura o resultado econômico na De- monstração do Resultado do Exercício – DRE e transfere para a conta lucros acumulados do Patri- mônio Líquido e de acordo com o artigo nº 186 da Lei nº6.404/76, será distribuído para a constituição de Reservas de Lucros, distribuição para Dividen- dos e incorporação ao Capital Social. O lucro líquido remanescente que não foi destinado a constituição de reservas de lucros, deverá (obri- gação) ser distribuído como dividendo complemen- tar, de tal forma, que no encerramento do exercício social a conta Lucros Acumulados tenha seu saldo zerado. Não é permitido encerramento após as des- tinações com saldo credor na conta Lucros Acumula- dos. Segundo, CPC2, estabelece que a obrigação dessa conta não conter saldo positivo, aplica-se unica- mente às sociedades por ações e não as demais, e para balanços do exercício social terminado a partir de 31.12.2008, assim os saldos precisam ser destinados totalmente por proposta da administra- ção. Ou seja, a DLPA evidenciará a distribuição do re- sultado exercício. Obrigatoriedade: Demons- tração Sociedade por Ações e Grande porte ME E EPP PME’S SEM FINS LUCRATI- VOS DLPA Obrigató- ria Facultativa Obrigató- ria se subs- tituir Facultativa Mirian Montezino – Estruturas das Demonstrações Contábeis – Ciências Contábeis – 2021/5º Estrutura da Demonstração de Lucros ou Prejuí- zos Acumulados (DLPA) 1.3 Análise da Estrutura da DLPA 1.3.1 Saldo Inicial do Período É o saldo da conta lucros ou prejuízos acumulados, constante no BP anterior. 1.3.2 Ajustes de Exercícios Anteriores A legislação estabelece que o lucro líquido do exercício não deve ser influenciado por valores ori- undos de outros exercícios, embasado no princípio da competência e a convenção de consistência. Serão considerados apenas os decorrentes de efei- tos da a) mudança de critério contábil ou da b) re- tificação de erro imputável. a) Mudança de Critério Contábil: avaliação de estoque (passando de PEPS para MPM), regime de contabilidade (caixa versus com- petência, avaliação e investimentos (método de custo para equivalência patrimonial). b) Retificação de erro de exercício anterior: Erro no cálculo do valor da depreciação, erro no cálculo do imposto de renda ou fa- lha na interpretação da legislação. Contabilização Avaliação de Estoque D – LPA C – Estoques Mudança de Regime Contábil D – LPA C- Caixa Erro de Depreciação D – Depreciação Acumulada C – Lucros ou prejuízos acumulados Erro no valor do imposto de renda D – Provisão para imposto de renda C – Lucros ou prejuízos acumulados 1.3.3 Reversão de Reservas São reservas constituídas em exercícios anteriores para uma determinada finalidade e que não fo- ram utilizadas, ou como, no caso da reserva de lu- cros a realizar, foram realizadas, portanto, serão revertidas a crédito na conta lucros ou prejuízos acumulados. IMPORTANTE: Caso caia na prova uma questão teórica afirmando que as Reservas de Capital podem ser rever- tidas para a conta Lucros ou Prejuízos Acumulados, está errada, pois só podem ser revertidas as reservas que fo- ram constituídas a partir da destinação de Lucros Acumu- lados, como é o caso apenas das Reservas de Lucros. Contabilização: D – Reserva de Lucros a Realizar C – LPA 1.3.4 Destinação do Lucro durante o exercício. São registrados os valores dos lucros, destinados ou transferidos no decorrer do exercício social, al- gumas possibilidades: Parcelas transferidas para reservas; Dividendos antecipados; Parcelas dos lucros incorporados ao capital. Contabilização (Exemplo): aumento de capital D – LPA C – Capital social 1.3.5 Lucro ou prejuízo do exercício Corresponde ao lucro ou prejuízo final constante na DRE, esse valor é transferido para lucros ou prejuí- zos acumulados de forma que a conta de apuração de resultado – ARE fica zerada, o saldo da conta transitória pode ser credor (lucros) ou devedor (prejuízo). a) Resultado credor (Lucros) D – Resultado do Exercício C – LPA b) Resultado devedor (prejuízo) D – LPA C – Resultado do Exercício Reserva de Capital Mirian Montezino – Estruturas das Demonstrações Contábeis – Ciências Contábeis – 2021/5º São constituídas de valores recebidos pela cia e que não transitam pelo resultado. Exemplo: incen- tivos fiscais, ágio, subvenções. 1.3.6 Destinações do Lucro do Exercício Englobam a formação ou reforços das chamadas reservas de lucros, podendo haver transferências de parcelas de lucro para constituição de reservas. D – Lucros C – Reservas de Lucros 1.3.6.1 Reserva Legal Seu objetivo é manter a integralidade do capital social, podendo apenas ser usado para compensar prejuízos ou aumentar o capital, somente depois de utilizado todo o saldo das demais reservas. Características: É obrigatório Deve ser formado antes de todas as outras desti- nações; Limite Obrigatório: Base de Cálculo de 5% sob o Lucro Líquido até atingir 20% do capital social. Limite Facultativo: quando o saldo da reserva + saldo das reservas de capital exceder 30% do ca- pital social a companhia poderá deixar de destinar parcela de lucro à formação dessa reserva. Contabilização: D – Lucros C – Reserva Legal 1.3.6.2 Reservas Estatutárias São reservas definidas no Estatuto, caso houver tor- nam-se obrigatórias. É necessário que seja indicado pelo estatuto: Finalidade Critériosde destinação Limite máximo de valor A mesma não pode restringir o pagamento de dividendo obrigatório e o seu saldo não pode ultrapassar o capital social. Contabilização: D – Lucros acumulados C – Reservas Estatutárias 1.3.6.3 Reservas para Contingências Objetivo: é compensar uma perda específica que é provável de acontecer em um exercício futuro, cujo valor possa ser estimado, mas, não é obriga- tório. Não havendo mais motivos ou materializada a perda, a mesma deve ser revertida no exercício em que deixar de existir. A mesma evita distribuir dividendos altos num perí- odo em que as perspectivas de diminuição do lucro são grandes. Contabilização: Pela constituição de reserva: D – Lucros C – Reservas para contingências Pela reversão da reserva: D – Reservas para contingências C – Lucros ou prejuízos acumulados. 1.3.6.4 Reserva de incentivos fiscais Possibilita às companhias que destinem a parcela do lucro líquido relativa a benefícios fiscais a uma reserva, que poderá ser excluída da base de cál- culo do dividendo obrigatório. Contabilização: D – Lucros C – Reserva de Incentivos fiscais 1.3.6.5 Retenção de Lucros ou Reserva de bens para a expansão ou Reserva para Investimentos ou Reserva Orçamentaria Objetivo: Atender uma necessidade prevista no orçamento anual. Execução de projetos de investimento; Visa evitar a distribuição de dividendos acima do obrigatório, pois, poderá comprometer o cresci- mento da empresa. Duração: de até 5 (cinco) exercícios, salvo no caso de execução, por prazo maior, de projeto de inves- timento. Mirian Montezino – Estruturas das Demonstrações Contábeis – Ciências Contábeis – 2021/5º Características: não pode restringir a distribuição de di- videndos e o seu limite não pode ultrapassar o capital so- cial. Contabilização: D – Lucros acumulados C – Reserva de retenção de lucros (investimentos) 1.3.6.6 Reserva de Lucro a Realizar Objetivo: é evitar que a companhia seja obrigada a pagar dividendos maior (postergar) > que o lu- cro realizado $$. Ou seja, são valores ganhos, porém, ainda não con- cretizados em $$ dinheiro (vendas a prazo, por exemplo). Como o lucro líquido compõe a base de cálculo do dividendo obrigatório, essa reserva só poderá ser usada posteriormente, para o pagamento do divi- dendo obrigatório. Contabilização Constituição: D- Lucros C- Reserva de Lucros a Realizar Realização financeira dos lucros a realizar (rever- são) D – Reserva de Lucros a Realizar C – Lucros ou prejuízos acumulados 1.3.3.7 Dividendos Conceito: são parcelas do lucro líquido do exercí- cio que a companhia distribui aos seus acionistas. Somente haverá o pagamento de dividendos, ha- vendo lucro líquido ou possuindo reservas de lucros. Eles devem ser contabilizados no próprio exercício, o que significa, que até a aprovação na Assembleia deve permanecer nas contas abaixo: D – Lucros ou Prejuízos acumulados (LPA) C – Dividendos propostos Quando ocorrer a aprovação da Assembleia, os mesmos deverão ser transferidos para: D – Dividendos propostos C – Dividendos propostos E quando concretizado o pagamento: D – Dividendos a pagar C – Banco conta movimento Medida da parcela: Cabe ao Estatuto da companhia determinar e, na omissão deste a Lei das Sociedades Anônimas de- termina que METADE do lucro líquido ajustado do exercício seja distribuída aos acionistas. A inclusão de dividendo obrigatório no Estatuto, deve respeitar o valor mínimo de 25% do lucro lí- quido ajustado. Lucro Líquido (-) Reservas Legal (-) Reservas de Contingências (-) Lucros a Realizar (+) Parcelas anteriores de: (+) Reservas de Contingências (+) Lucros a realizar (=) Lucro Ajustado IMPORTANTE: A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados deverá indicar o mon- tante do dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na demonstração das mutações do patrimônio líquido, se elabo- rada e publicada pela companhia. A Demonstração do Resultado do Exercício discriminará o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capi- tal social. Art. 189. Do resultado do exercício serão dedu- zidos, antes de qualquer participação, os preju- ízos acumulados e a provisão para o Imposto so- bre a Renda. Parágrafo único. O prejuízo do exercício será obrigatoriamente absorvido pelos lucros acu- mulados, pelas reservas de lucros e pela re- serva legal, nessa ordem. Reserva de Lucros: formadas pela destinação de lucros apurados e que não foram distribuí- dos aos sócios.
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