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Prof. Fórum: Professor (a) FABIANO GUIMARAES DA ROCHA Prof: FABIANO GUIMARAES fabianoils@hotmail.com Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão Esta disciplina, seu enfoque e conteúdo inserem-se no contexto das discussões acerca da sociedade inclusiva, destacando em especial as adequações de instituições e suas propostas às políticas públicas de inclusão vigentes e o conjunto de documentos que lhe dão substrato. Dentre estas, privilegia-se, aqui, o Decreto 5626/2005. Aula 1: Diferença, Inclusão e Identidade na sociedade contemporânea Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. Reconhecer algumas mudanças na sociedade contemporânea em relação às formas de comportamento do sujeito na vida social. 2. Identificar aspectos relacionados à identidade do sujeito contemporâneo em termos de inclusão social. 3- Identificar aspectos culturais e sociolinguísticos da surdez; 4 - Aprender noções básicas de libras. Adquirir noções instrumentais da língua de sinais não é o único objetivo deste curso. A língua de sinais é utilizada por sujeitos sinalizantes (surdos ou ouvintes que dominam a língua de sinais brasileira) em contextos específicos de interação cujo histórico aponta para preconceitos e mal-entendidos acerca das diferenças como um todo e da identidade do surdo na sociedade. Começando a trabalhar Que tal começarmos esta disciplina já com uma parte prática? Muitas vezes os ouvintes acreditam que as palavras em LIBRAS são construídas letra a letra, mas isso não é bem verdade. Entretanto, para muitas palavras, especialmente nomes de pessoas e lugares, as letras do alfabeto compõem uma palavra da mesma maneira como ocorre em qualquer língua. Datilologia (alfanumérico) No vídeo ao lado, você assiste a um surdo sinalizando as letras do alfabeto manual da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Ao final, ele também irá sinalizar os números de 0 a 9. Aproveite para rever quantas vezes quiser, pois esse é o seu primeiro contato para pessoas ouvintes compreenderem o “bê-a- bá” da realidade sinalizante. Li Bras (Linguagem Brasileira de Sinais) Neste vídeo, você viu uma série de sinais (nome, sinal, idade, casa/morar, onde) aplicados fora de contexto, somente para você conhecer as palavras usadas na apresentação pessoal.Informação Cultural (IC): Nas comunidades sinalizantes é hábito apresentar-se não somente informando o nome, mas também com um SINAL. Esse SINAL pode ser entendido como uma espécie de “batismo” dentro dessas comunidades. Cada pessoa tem um SINAL próprio que faz referência a alguma característica particular dela (somente referência física; física com a primeira letra do nome; um evento marcante etc.). Neste vídeo, você viu os sinais aplicados dentro de frases, em contextos de uso efetivo da língua. No primeiro vídeo, as palavras estavam isoladas; neste, elas são empregadas em situações práticas de comunicação em LIBRAS. Informação Linguística (IL): as frases em Libras, muitas vezes, omitem algumas palavras que são usadas; em outras palavras, são construções sintéticas, mailto:fabianoils@hotmail.com econômicas. Lembre-se: Libras não é a tradução de língua portuguesa. Quer um exemplo? Em português, dizemos “qual é o seu nome?”. Em Libras, basta usar as palavras “seu” + “nome”, e a interrogação é marcada pela expressão facial. Entendendo o cenário Faremos, nesta primeira aula, algumas considerações sobre inclusão, identidade e diferença, principalmente no âmbito dos estudos sobre surdez e língua de sinais. A crise de identidade Vamos começar, então, refletindo um pouco sobre a sociedade contemporânea e suas “novas” formas de relacionamento, construção de identidade e preservação da cultura; em especial, as influenciadas pela chamada globalização. Para tal, é necessário que se investiguem as relações entre língua, cultura e sociedade. A sociedade contemporânea reivindica uma revisão das próprias formas de se pensar a linguagem e o papel e lugar da(s) ciência(s) e política(s) que a tomam como objeto. Nesse sentido, a sociedade é convocada a enfrentar as constantes incompletudes, provocadas por um mundo globalizado, onde o global e o local se interpenetram, e as diferenças não se encaixam na “completude” (Bauman, 2005). Mundo moderno, comunicação e identidade As novas formas de relacionamento (através da internet, chat, etc.) e o intercâmbio cultural são significativamente mais velozes e dinâmicos que no passado. Além da internet, o celular é hoje um aparelho quase que indispensável à sobrevivência na sociedade urbana. Este aspecto atinge inclusive as pessoas surdas, cujo uso do celular é bastante freqüente, tendo tornado-se um excelente meio de comunicação para esse grupo social. Além disso, a própria disciplina que você está fazendo neste exato momento faz parte da evolução tecnológica que permite a comunicação a qualquer hora e em qualquer lugar, como você pode observar no vídeo ao lado. Através dessas novas relações, o local e o global passaram a se interpenetrar constantemente, dificultando sua identificação e tornando incoerente um conceito de identidade (lingüística e cultural) que seja o mesmo para qualquer indivíduo; em outras palavras, uma identidade que não seja fluida, que seja comum a todos. Mas será que somos iguais? Atualmente, a sociedade experimenta certa insatisfação em relação às promessas da modernidade, entre elas, a de igualdade, de liberdade, de paz, etc. Tais promessas não foram cumpridas, o que tem colocado em evidência a fragilidade do mundo moderno e da contemporaneidade. Língua e identidade para os surdos Esse fenômeno da crise de identidade pode ser observado em vários setores da sociedade. Em relação aos surdos e às comunidades sinalizantes não é diferente. Após vários anos de total exclusão, e subjugamento a padrões culturais inerentes a uma vida tipicamente ouvinte, os surdos – conduzidos pelas pesquisas na área da lingüística, da educação e outras – puderam reconhecer-se como seres dotados de uma língua. Suas comunidades lingüísticas apresentam peculiaridades culturais a elas inerentes. Os surdos passam então a afirmar suas identidades com base, principalmente, em características lingüísticas e culturais. Devido aos longos anos de uma experiência não favorável ao seu reconhecimento, foi necessária a criação de associações diversas, a produção de discurso de defesa e luta, entre outros, que garantissem esse espaço na sociedade. Surdez e identidade A identidade do surdo deve ser construída com base em suas capacidades, em suas peculiaridades lingüístico-culturais. Por isso, alguns estudiosos referem-se aos surdos como sujeitos sinalizantes, usuários de Libras. A questão das identidades se faz, portanto, presente e não pode ser dissociada das experiências da sociedade contemporânea que vive o conflito inerente à fluidez dessas identidades. Não podemos esquecer que cada surdo tem uma história de vida, que nem todos os surdos dominam a língua de sinais; alguns são oralizados e têm orgulho disso. Isso nos faz refletir sobre o que é ser diferente, e se há alguma coisa chamada “diferença”. Selecionamos alguns links interessantes para que você, caso queira, possa aprofundar seus conhecimentos: 1) Instituto Nacional de Educação de Surdos No site do INES, você encontra informações relevantes sobre os surdos e a língua de sinais. 2) A Vez da Voz Saiba mais sobre "diferença" e "inclusão", visitando o site dessa Organização Não-Governamental. 3) Lei 10436 Trata-se da chamada Lei de Libras, de 24 de abril de 2002. 4) Decreto 5626 Decreto que regulamenta a Língua Brasileira de Sinais, de 22 de dezembro de 2005. 5) FENEIS - Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos 6) APADA – Associação de Pais e Amigos dos Deficientes de Audição Referências Bibliográficas: BAUMAN, Z. Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005. FERNANDES, Eulália(org). Surdez e Bilingüismo. Porto Alegre: Mediação, 2005. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós – modernidade. Rio de Janeiro: DP&A,1998. LAPLANCHE, J & PONTALIS. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 2001. RAJAGOPALAN, K. & SILVA, Fábio L. A lingüística que nos faz falhar: investigação crítica. São Paulo: Parábola, 2004. RIBEIRO, Alexandre do Amaral. Quando negar é legitimar: reflexões sobre preconceito e políticas lingüísticas. Tese de http://www.ines.gov.br/ http://www.vezdavoz.com.br/ http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/LEIS/2002/L10436.htm http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm http://estacio.webaula.com.br/Cursos/tlsigt/conteudo/www.feneis.com.br http://www.apadadf.org.br/ Doutorado. Unicamp/IEL, 2006. SÁ, Nídia Regina Limeira de. Cultura, poder e educação de surdos. São Paulo: Paulinas, 2006. Acredita-se ser de grande relevância tomar a atitude política de referir-se aos surdos, pelos menos àqueles que declaram ter a LIBRAS como L1, com maior freqüência, como “sujeitos sinalizantes”. Este termo não precisaria ser restrito a pessoa surda em si, mas aqueles que por sua história de vida percebem sua identidade construída em um contexto de uso de língua de sinais. Se for um surdo sinalizante, esse sujeito não precisará ter medo de usar a sua própria língua, nem se sentirá incapaz de dominar a língua de outros grupos, mesmo que sejam essas de outra modalidade e que, por isso mesmo, apresentem desafios aparentemente instransponíveis. Esse sujeito não é um surdo deficiente; é um sujeito dotado de capacidade lingüística... Aula 2: Especificidades da língua de sinais e os parâmetros que regem a formação de sinais e o uso da LIBRAS Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. Reconhecer as características básicas da língua de sinais; 2. Identificar aspectos relacionados à gramática no que se refere à LIBRAS; 3. Descrever os parâmetros básicos de combinação para a língua de sinais. O que você entende por gramática? Quando relembramos nossos tempos de colégio, nos vêm à mente as aulas de língua portuguesa e as “chatices” (pelo menos para a maioria) das regras gramaticais. Colocação pronominal, predicativo do sujeito, oração subordinada substantiva objetiva direta etc. Isso porque entendemos (ou nos foi assim ensinado) que a gramática reduz-se à idéia de “um livro em que se expõem as normas de uso de uma determinada língua”. Mas não é bem assim... Sem maiores aprofundamentos, podemos entender gramática no contexto da capacidade lingüística: todo ser humano é dotado de capacidade lingüística. Em segundo lugar, há que se pensar em gramática como um sistema, mentalmente compartilhado entre os usuários de uma língua, cujo funcionamento e estrutura não dependem de uma educação formal para serem aprendidos. Isto equivale a dizer, por exemplo, que qualquer falante, mesmo alguém considerado analfabeto, possui uma gramática (um conjunto de regras em sua mente), a qual aprendeu no convívio com a sua comunidade lingüística. Acompanhe a história de uma criança de 3 anos que ainda não foi alfabetizada, e só teve contato com a língua portuguesa através da interação com os pais e com outros parentes. Ao final, iremos fazer uma pergunta para você responder. Vamos começar? E a língua de sinais? A língua de sinais, a exemplo de qualquer língua oral, tem uma gramática própria, constituída por um conjunto de regras presente na mente dos seus usuários. Poderemos ter a tendência a acreditar que a língua de sinais seja uma espécie de “língua oral sinalizada”. Em conseqüência disso, acabaremos acreditando que o léxico (dicionário mental), os aspectos sintáticos, semânticos, pragmáticos e quirológicos da LIBRAS constituem um emaranhado de sinais, aleatoriamente utilizados, que mais pareceriam uma língua oral mal falada. Por isso, podemos afirmar que os surdos, como qualquer ouvinte, possuem uma língua, na medida em que, dotados desta capacidade lingüística, decodificam logicamente o mundo, organizando-o em suas mentes, através dos recursos físicos e mentais dos quais dispõem. Assim, sua capacidade lingüística exterioriza-se, formando uma língua específicaque, ao invés de sinais orais e auditivos, usa sinais espaciais e visuais, valendo-se do pleno funcionamento de sua visão, de suas mãos e do restante do corpo como um todo. Basta aprender os sinais que já estamos nos comunicando? Na LIBRAS, os níveis de descrição da língua são os já conhecidos sintático, semântico, pragmático. Em função da língua de sinais usar as mãos como principal canal de manifestação, temos ainda o nível quirológico que diz respeito justamente ao aspecto manual em si. Desfazendo mitos... A língua de sinais não é uma língua universal, conforme muitos pensam. Cada país tem a sua própria língua de sinais. Além disso, há variações regionais dentro de cada país. Assim, podemos citar: a ASL (American Sign Language), a LSF (língua de sinais francesa), a Língua de Sinais Urubu Kaapor (Maranhão, Brasil) etc. Começando a começar... Uma boa descrição da língua de sinais não pode ser feita, naturalmente, a partir da mesma lógica utilizada para a descrição de línguas orais. Afinal, a modalidade lingüística é totalmente diferente. No entanto, existem parâmetros que regem o uso da língua de sinais. Costuma-se apresentar cinco parâmetros que possibilitam entender a formação dos sinais e as bases para os seus usos durante a produção discursiva. Vamos conhecer esses parâmetros? Assim, percebeu-se que um sinal é produzido a partir da combinação de elementos espaciais, visuais e motores que determinam o lugar onde as mãos devem estar na hora da produção do sinal, como as mãos devem estar configuradas, para que direção elas devem estar apontando, se devem ou não estar se movimentando e como deve ser feito este movimento. Além disso, é preciso considerar a posição do corpo e a expressão facial que acompanham a produção desse sinal para que ele seja plenamente entendido em seu contexto de produção. Selecionamos dois links para você: Selecionamos dois links para você: 1) Site sobre acessibilidade , com diversas informações importantes sobre Libras e outros assuntos relacionados. 2) Projeto de registro das línguas de sinais e suas culturas , organizado por Valerie Sutton. Nesse site, a autora busca compensar a ausência de uma tradição escrita consolidada através de um portal cooperativo para registro de literatura (entre outros) em língua de sinais. Veja as referências bibliográficas desta aula: BERNARDINO, E. L. Absurdo ou Lógica?: a produção lingüística dos surdos. Belo Horizonte: Editora Profetizando Vida, 2000. Nesta aula você viu um pouco mais sobre: a) A relação entre língua, gramática e Libras; b) Os parâmetros que regem a comunicação em língua de sinais. Na próxima aula você irá ter contato com as políticas lingüísticas e educacionais, bem como o caráter ético e prático de tais políticas na relação com a identidade do sujeito sinalizante e da comunidade a qual ele está inserido. http://www.acessobrasil.org.br/ http://www.ethnologue.com/ Não deixe de participar do fórum de discussão e de realizar os exercícios de autocorreção antes de iniciar a aula 3. Aula 3: Políticas linguísticas e educacionais Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. Reconhecer a necessidade de políticas inclusivas relacionadas à surdez; 2. Identificar aspectos relacionados ao preconceito na implementação de políticas linguísticas e educacionais; 3. Perceber como a palavra deficiente não se adequa à identidade do surdo. Nesta aula, convidamos você a conhecer e a refletir sobre a existência e sobre a necessidade de constante formulação e reformulação de políticas lingüísticas e educacionais. Discriminar, excluir indivíduos ou grupos em função de determinados usos da linguagem ou emnome da preservação de certas identidades: essas são questões que vêm emergindo em polêmicas geradas na atualidade. Tais questões trazem para o centro das discussões a vida política da linguagem e o caráter ético inerente aos estudos científicos da linguagem, suas aplicações políticas e educacionais. IInclusão ou preconceito? Parece oportuno pensar em que medida políticas (educacionais, lingüísticas...), no afã de defender minorias lingüísticas e preservar a língua, podem ser transformar em práticas sutis de preconceito. Afinal, políticas lingüísticas e políticas de línguas, expressas em leis, projetos de lei e outros tipos documentos oficiais, refletem contextos sócio-históricos e servem não apenas como dado, mas também como pano de fundo para uma discussão sobre o preconceito no contexto brasileiro. Não é raro detectar, tanto nos discursos sobre o direito à diferença quanto naqueles que procuram proteger grupos sociais, atitudes preconceituosas e certa crença de estarem os seus propositores investidos de autoridade suficiente para avaliar o grau e intensidade do problema do outro. Uma atitude que implicitamente reforça aquelas idéias contra as quais o próprio grupo parece lutar. Perspectivas de política lingüística na sociedade Essas são questões que auxiliam a estudar políticas lingüísticas sob o ponto de vista das relações entre sujeito e sociedade na pós-modernidade. Daí, uma discussão sobre a dimensão ética das políticas. É preciso perceber que as políticas também nomeiam e categorizam indivíduos a partir de determinado ponto de vista. Pretende-se, na perspectiva das políticas lingüísticas, uma ética que ultrapasse a idéia humanitária dos direitos humanos e dos direitos lingüísticos e que permita superar o dualismo do sujeito-ético como vítima e sujeito ético como piedoso (cf. Chauí, 1999). Em outras palavras, a proposição de políticas lingüísticas será eticamente efetiva se acompanhada de ações propositivas em torno do sujeito e da sociedade. Se, ao contrário, decorrer tão somente de consenso sobre a injustiça e preconceito, poderá representar apenas uma forma de “acalmar a consciência”. Muito mais uma forma de “redimir-se de pecados”, de autopunição do que de construir e de viver uma sociedade justa. Perspectivas de política lingüística na educação Em termos da atuação pedagógica, é bom pensar sobre a necessidade de se estabelecer um olhar sobre os aprendizes que ultrapasse qualquer tipo de hierarquização. Interessa reconhecer a existência de alunos, pesquisadores, sujeitos que não podem se eximir, nem serem eximidos de suas responsabilidades, nem privados de seus direitos. Nesse sentido, deixa-se de lado a lógica de “atendimento ao aluno” e se passa à lógica e à dinâmica de extração e ampliação de suas potencialidades. Nesse contexto não existiria “o surdo”, “o deficiente”. O problema está em não nos deixarmos levar uma identificação do sujeito feita a partir de uma “deficiência”. Seria negar a surdez enquanto único fator preponderante para identificar um sujeito. O sujeito surdo não é constituído única e exclusivamente de sua surdez, enquanto fato físico. Há milhões de outras facetas nesse sujeito para as quais freqüentemente não se busca olhar. Nesta aula você viu um pouco mais sobre: a) Políticas de inclusão e sua relação com preconceito; b) As questões que devem nortear a tomada de decisão na adoção de Políticas acerca da surdez. Na próxima aula você irá ter contato com a cultura em comunidades sinalizantes. Não deixe de participar do fórum de discussão e de realizar os exercícios de autocorreção antes de iniciar a aula 4. Aula 4: Cultura em comunidades sinalizantes Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. Identificar aspectos culturais relacionados ao sujeito surdo; 2. Reconhecer as diversas nuances da/na identificação cultural do sujeito surdo em sua comunidade sinalizante e na sociedade em geral. Viemos aprendendo um pouco sobre a língua de sinais brasileira e também levantando questões relativas às políticas lingüísticas e educacionais na Brasil, pensando nos sujeitos sinalizantes e nas implicações das ações de inclusão propaladas pela sociedade atual. Para que essas ações pudessem ter início, foram necessários movimentos que promoveram debates polêmicos e ações afirmativas a favor do reconhecimento do sujeito surdo como um ser diferente da maioria ouvinte da população e dotado de capacidade lingüística, de educabilidade, potencial profissional e intelectual, etc. No vídeo acima, você assiste a uma interpretação artística do Hino Nacional. Cultura surda? A sociedade passou a ser apresentada, e continua paulatinamente a ser, à língua, aos hábitos, às diferenças e semelhanças com os ouvintes, às necessidades (educativas) especiais dos sujeitos surdos. Aqueles sujeitos que até então eram vistos como deficientes auditivos limitados em suas capacidades, passam a ser reconhecidos como sujeitos (surdos) complexos, com identidade própria e com um conjunto de hábitos, transmitidos principalmente através da sua língua, ao qual tem se convencionado chamar de “cultura surda”. Embora bastante recorrente, o termo “cultura surda” ainda é alvo de muita polêmica. Para além da dificuldade habitual de se definir o que é ou não é cultura, os sujeitos surdos estão – quer queiram, quer não - inseridos em uma comunidade ouvinte e convivem com esses ouvintes, trocando experiências diariamente. Não há um país, estado, cidade ou mesmo bairro de surdos. O que se pode encontrar com facilidade são associações e instituições que constituem uma espécie de reduto das ditas “comunidades surdas”, embora essas comunidades não estejam restritas a esses ambientes, suas atividades e formas de interação. Cultura a partir da relação familiar Os sujeitos surdos são, em sua grande maioria, filhos de pais ouvintes. Situação que provoca, por maior a rejeição que tenha sofrido da família ou a falta de conhecimento sobre língua de sinais e surdez, algum tipo de interação com o que é conhecido como “cultura ouvinte”. Há também os casos em que pais surdos têm filhos ouvintes, o que pode provocar um redimensionamento de condutas e valores não no sentido de abandonar ou renegar a “cultura surda”, mas de estabelecer novas relações e interesses em relação à “cultura ouvinte”. Podem ser identificadas também famílias em que pais surdos têm filhos surdos e todos no núcleo daquela família são usuários e dominam LIBRAS como sendo sua língua materna. Percebe-se mesmo diferença no desempenho lingüístico desses surdos, pois não sofreram tanta influência da língua oral (portuguesa) no processo de aquisição da língua de sinais. Vale lembrar que muitos surdos não têm acesso às associações de surdos nem mesmo à língua de sinais e ainda aprenderam a língua de sinais com o apoio da língua portuguesa escrita ou oral. Ensinar Libras ou ensinar a falar? Muitos surdos são oralizados. Em função do método educativo utilizado durante a sua formação (durante muitos anos optou-se pelo chamado Oralismo nas escolas especializadas), alguns surdos simplesmente não compartilham os mesmos hábitos dos surdos que dominam a língua de sinais. Sua identidade é construída a partir de outra realidade lingüística e cultural e, por vezes, podem chegar mesmo a sofrer certa discriminação dentro das ditas “comunidades surdas”. Para ampliar os conhecimentos a esse respeito, é interessante fazer a leitura do Manifesto dos Surdos Oralizados. http://estacio.webaula.com.br/Cursos/tlsigt/docs/Aula_4_Manifesto_surdos_oralizados.pdf Colocando-se no lugar do outro... Bem da verdade, os sujeitos surdos sinalizantes possuem suas próprias estratégias de compartilhar hábitos, valores, a língua e suas variações em ambientes de todos os tipos, inclusive aqueles que seriam pensados como exclusivamente de ouvintes por pessoasque não têm conhecimento da “cultura surda”. Você já imaginou um sujeito surdo em uma boate ou em um show musical? A cultura surda no cotidiano Já pensou em como é a casa de uma pessoa surda? O que ela precisa fazer para saber se alguém está tocando a campainha da casa? E se o telefone estiver tocando? Será que surdos possuem um telefone? Será que dá para usar um despertador para não perder a hora para o trabalho? Quais as diferenças mais marcantes entre a “cultura surda” e a “cultura ouvinte”? O que seria considerado “falta de educação” para um também o seria para outro? Para (tentar) responder a essas perguntas, leia os artigos da Revista Espaço, também disponìveis na Biblioteca da Disciplina. Sugestão de sites para você saber mais sobre o assunto tratado nesta aula: www.surdo.org.br www.vezdavoz.com.br http://estacio.webaula.com.br/Cursos/tlsigt/docs/aULA_4_Revista_Espaco.pdf http://www.surdo.org.br/ http://www.vezdavoz.com.br/ Nesta aula você viu um pouco mais sobre: a) A relação entre cultura, ouvinte, ouvinte sinalizante, surdo oralizado e surdo sinalizante. b) Algumas particularidades relacionadas aos aspectos culturais no que concerne à cultura surda e à LIBRAS. Na próxima aula você irá ter contato com os aspectos sociolingüísticos das línguas de sinais. Não deixe de participar do fórum de discussão e de realizar os exercícios de autocorreção antes de iniciar a aula 4. Aula 5: Aspectos sociolinguísticos da língua de sinais Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. Identificar aspectos culturais relacionados ao sujeito surdo; 2. Reconhecer as diversas nuances da/na identificação cultural do sujeito surdo em sua comunidade sinalizante e na sociedade em geral. Ao analisarmos as características principais dos seres humanos, logo destacamos o fato de que o homem é dotado de faculdade da linguagem. Isto o diferencie dos demais seres em função da complexidade dessa faculdade em relação à de qualquer outro ser. Aquilo que chamamos de faculdade da linguagem diz respeito a um sistema inato que, quando ativado, possibilidade o surgimento das diferentes línguas que conhecemos Língua e linguagem Antes mesmo de falarmos pela primeira vez já possuímos, portanto, um sistema mental através do qual estruturamos nosso pensamento, nosso conhecimento de mundo. Dessa forma, cada povo desenvolve uma língua específica possibilitado pelas infinitas combinações permitidas pelas regras desse sistema inato. Isso quer dizer que se uma criança nasce no Japão, a faculdade de aprender japonês é a mesma de uma criança que nasce no Brasil. Apenas cada criança irá desenvolver a língua específica do meio em que vive. Se buscarmos perguntar às pessoas mais próximas o que elas entendem por língua, poderemos encontrar uma variedade de respostas que apontam para visões diferenciadas de língua. Cientificamente, também diversas relações são estabelecidas. Língua e sociedade Podemos, por isso, estabelecer várias perspectivas para descrever a linguagem que privilegiam alguns de seus aspectos, suas formas de manifestação etc. Podemos, por exemplo, pensar na língua como um meio de comunicação, como uma estrutura, como um valor social, entre outras formas. Nesta aula, ressaltamos os aspectos sociolinguísticos das línguas de sinais. Em outras palavras, fazemos referência às relações entre linguagem e sociedade que podem nos ajudar a entender as línguas (de sinais) como valores, produtos de um determinado grupo. Essas possíveis relações nos permitem levantar algumas questões. Saiba mais(vídeo importante, uns 50minutos) http://v3.webcasters.com.br/Login.aspx?codTransmissao=12475&LoginExterno=est@estacio.com.br&SenhaExterno=1234 http://v3.webcasters.com.br/Login.aspx?codTransmissao=12475&LoginExterno=est@estacio.com.br&SenhaExterno=1234 Saiba mais sobre as línguas de sinais. Visite www.ethnologue.com e clique em Deaf Sign Language (procure as línguas que são utilizadas no Brasil). Visite o site http://www.acessobrasil.org.br/libras/ e aprofunde o seu vocabulário. Nesta aula você viu um pouco mais sobre: a) A relação entre língua, linguagem e sociedade. b) Algumas particularidades relacionadas aos aspectos sociolinguísticos de LIBRAS. c) Algumas palavras e seus respectivos sinais. Na próxima aula você irá ter contato com outros aspectos gramáticas da LIBRAS. Não deixe de participar do fórum de discussão e de realizar os exercícios de autocorreção antes de iniciar a aula 4. http://www.ethnologue.com/ http://www.acessobrasil.org.br/libras/ Aula 6:Algumas categorias gramaticais da libras: pronomes, advérbios, adjetivos Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. Identificar aspectos gramaticais de LIBRAS relacionados aos pronomes, advérbios, adjetivos; 2. Reconhecer algumas palavras e verbos relacionados ao campo semântico alimentação. O sistema pronominal em LIBRAS: pronomes pessoais Em LIBRAS, o sujeito da ação pode apontar alternadamente para o interlocutor e para si próprio, mãos formando o número dois, para significar “nós dois”. Da mesma forma, pode-se especificar tanto a primeira quanto a segunda e terceiras pessoas em três pessoas, quatro pessoas, plural, etc. Nas frases em LIBRAS o sujeito pode ser omitido (no caso das primeira e segunda pessoas) desde que o contexto possibilite identificá-lo. No caso da terceira pessoa, essa não será apontada se, mesmo estando presente, não for intenção do usuário ressaltar a sua presença por motivos culturais como, por exemplo, isso ser ou não falta de educação. Pronomes pessoais, na sequência do vídeo: a) “eu”; b) “tu/você”; c) “ele/ela”; d) “nós”; e) “vós/vocês”; f) “eles(as)”. O sistema pronominal em LIBRAS: pronomes demonstrativos e advérbios de lugar Em termos de sinais utilizados, essas duas categorias não apresentam diferença, sendo possível diferenciá-las apenas a partir do contexto. As relações estabelecidas são as mesmas da norma padrão encontrada em boa parte das línguas orais, a saber: este/isto/aqui, esse/isso/aí, aquele/aquilo/lá. No vídeo, vemos três pronomes demonstrativos/advérbios de lugar: a) “este” (indica o lugar em relação à primeira pessoa); b) “esse” (indica o lugar em relação à segunda pessoa); c) “aquele” (indica o lugar em relação à terceira pessoa). O sistema pronominal em LIBRAS: pronomes interrogativos Os pronomes como QUE e QUEM (que + pessoa ou quem) são utilizados no início ou final da frase, dependendo do contexto. QUANDO pode ser especificado em relação ao passado ou ao futuro, dependendo da direção do movimento da mão. No vídeo temos: a) “quem”; b) “quando”; c) “onde”; d) “por que”; e) “o que”; f) “como”. O sistema pronominal em LIBRAS: pronomes possessivos Os possessivos não apresentam concordância de número (pelo menos não em relação ao objeto) e nem de gênero. Concordam sempre em relação à pessoa do discurso. Eles são: a) “meu”; b) “teu/seu”; c) “dele”; d) “nosso”; e) “vosso”; f) “deles”. Advérbios de tempo São utilizados como uma espécie de marca sintática para indicar o tempo verbal na frase. Em geral, ficam no início da frase. No vídeo temos, na sequência: a) “ontem”; b) “hoje”; c) “amanhã”; d) “agora”. Adjetivos Não há concordância em relação ao gênero ou ao número. São fundamentais para a formação de classificadores descritivos, assumindo de maneira icônica a qualidade/forma de um objeto. São posicionados na frase logo após o substantivo. No vídeo temos, na sequência: a) “magra(o)”; b) “inteligente”; c) “delicioso(a); d) “novo(a)”. Verbos relacionados No vídeo temos, na sequência: a) “comer”; b) “beber”; c) “comprar”; d) “pagar”; e) “cortar”; f) “gostar”; g) “preferir”. Frutas No vídeo temos, na sequência: a) “maçã”; b) “pêra”; c) “banana”; d) “melão”; e) “mamão”; f) “morango”; g) “uva”; h) “abacaxi”; i) “melancia”; j) “abacate”. Vocabulário relacionadoà alimentação: legumes e vegetais, carnes e massas No vídeo temos, na sequência: a) “alface”; b) “cenoura”; c) “batata”; d) “repolho”; e) “couve-flor”. No vídeo temos, na sequência: a) “peixe”; b) “frango”; c) “porco”; d) “carne bovina”; e) “pão”; f) “macarrão”; g) “nhoque”; h) “pizza”; i) “lasanha”. Saiba mais sobre as línguas de sinais. Visite www.ethnologue.com e clique em Deaf Sign Language (procure as línguas que são utilizadas no Brasil). Visite o site http://www.acessobrasil.org.br/libras/ e aprofunde o seu vocabulário. Nesta aula você viu: a) um pouco mais sobre categorias gramaticais em Libras, especialmente pronomes, adjetivos, advérbios; b) vocabulário relacionado à alimentação. Na próxima aula você irá ter contato com outros aspectos gramáticas da LIBRAS. Não deixe de participar do fórum de discussão e de realizar os exercícios de autocorreção. Até lá! http://www.ethnologue.com/ http://www.acessobrasil.org.br/libras/ Aula 7: Princípios de estruturação de uma sentença em LIBRAS Muitas pessoas usam a voz para trabalhar, como a locutora do vídeo acima, mas o conhecimento gramatical é indispensável, mesmo para quem só usa a voz. Nesta aula, vamos estudar a construção de sentenças em LIBRAS. Você verá que as frases podem seguir ou não a ordem sujeito-verbo-objeto, usada na construção de frases em língua portuguesa. Quando as sentenças não são construídas pela construção SVO, elas obedecem a uma lógica não-linear. Ao longo desta aula, explicaremos melhor esse tema e veremos alguns recursos de construção de frases em LIBRAS. Vamos lá? Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. Entender como se constrói a estrutura das frases em LIBRAS; 2. Perceber as diferenças entre a construção de sentenças na língua portuguesa e em LIBRAS; 3. Entender que a falta de uma lógica linear em LIBRAS não significa a falta de sentido, coerência e coesão nas sentenças de LIBRAS. Para estudar a construção de frases em LIBRAS, é preciso pensar que esta linguagem se estrutura a partir de recursos espaciais e visuais, ou seja, se utiliza do espaço para dar coerência e coesão as palavras que formam a sentença. Em Libras, encontramos quatro tipos de frases: Afirmativa Negativa Interrogativa Exclamativa Nesta aula, vimos como se constroem as frases na língua dos sinais e como a organização das sentenças nesta linguagem se difere da feita na língua portuguesa. Vimos ainda que a seqüência não-lógica das palavras que compõem as frases faz com que não haja uma organização linear das sentenças de LIBRAS, o que não significa que não exista sentido, coesão e coerência entre as palavras. Na próxima aula, você verá as principais diferenças entre a língua oral e a linguagem de Libras. Também vai ver um pouco sobre a estrutural verbal na língua dos sinais e como os classificadores e as expressões faciais complementam a comunicação feita em libras. Aula 8: Categorias gramaticais da libras: verbos e classificadores Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. Identificar diferenças entre a linguagem oral e a de LIBRAS; 2. Entender a construção da estrutura verbal na linguagem de LIBRAS; 3. Perceber a importância dos classificadores e da expressão facial para a linguagem de LIBRAS e de que forma aumentam a eficácia na comunicação feita nesta língua. A comunicação vai muito além das palavras. Ela também é feita de expressões faciais e linguagem corporal, por exemplo. Até mesmo os pinguins têm mecanismos para se comunicarem, como pode ser visto no vídeo. Existem inúmeras semelhanças entre a linguagem oral, que usamos no dia a dia, e a linguagem de LIBRAS. No entanto, elas não são iguais. Nesta aula, vamos ver as principais diferenças entre estas duas formas de comunicação e expressão. Além disso, vamos aprender um pouco da estrutura verbal em LIBRAS. Veremos ainda como os classificadores e as expressões faciais complementam a comunicação na linguagem das LIBRAS. Vamos lá? Estrutura de sentenças Em LIBRAS, encontramos categorias gramaticais que também estão presentes nas línguas orais. Sendo assim, na língua dos sinais, encontraremos itens lexicais que podem ser classificados como verbo, advérbio, adjetivo e pronome. A categoria artigo, no entanto, recorrente em inúmeras línguas orais, não existe em LIBRAS. Embora o conceito atribuído às categorias gramaticais de LIBRAS seja semelhante ao das línguas orais, suas formas de classificação e de funcionamento são diferentes. Portanto, a LIBRAS não pode ser estudada tendo como base a Língua Portuguesa, já que sua gramática é independente da língua oral. A ordem dos sinais na construção de uma frase em LIBRAS obedece a regras próprias, que refletem a forma de o surdo processar suas idéias tendo como parâmetro a sua percepção visual-espacial da realidade. Nesta aula, vimos as principais diferenças entre a língua chamada oral e a linguagem de LIBRAS. Vimos ainda como é a construção da estrutura verbal na linguagem dos surdos-mudos. Também estudamos como os classificadores e a expressões faciais complementam a linguagem e maximizam a compreensão entre quem está usando esta forma de comunicação. Como já vimos, a Libras é uma língua viva, diretamente ligada a elementos visuais. Na próxima aula, você irá treinar a compreensão de diálogos em Libras. Para isso, vai assistir a um vídeo com diálogos nesta linguagem. Fique atento e faça os exercícios para testar o que você aprendeu até aqui. Boa sorte! Aula 9: Compreensão de diálogos Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. Melhorar a sua capacidade de compreender diálogos em LIBRAS; 2. Aumentar o seu vocabulário de LIBRAS; 3. Ser capaz de melhorar suas expressões faciais objetivando tornar a comunicação em LIBRAS mais eficaz. No vídeo, você assistiu a um caso em que uma pessoa surda salva a vida de uma que pode escutar (o ouvinte, no momento em que vai atravessar a rua, não ouve a buzina do carro por estar ouvindo uma música alta em seu ipod). A mensagem que o vídeo quer passar é: “não é porque uma pessoa não pode escutar que ela não enxerga”. Tal mensagem nos faz pensar que, muitas vezes, quando pensamos em deficientes auditivos, associamos sua imagem a pessoas limitadas, incapazes de realizar ações que nós ouvintes realizamos. Eliminar o preconceito e entender que estas pessoas são capazes de viver em sociedade ainda é um longo caminho a percorrer. Que tal começar entendendo um pouco mais sobre sua forma de se comunicar? Veja os diálogos desta aula e teste a sua compreensão! Testando a compreensão de diálogos Leia o material disponibilizado no blog dos Surdos Usuários da Língua Portuguesa . Nesta aula, você exercitou a compreensão de diálogos em LIBRAS. Com isso, percebeu o quanto um simples diálogo para nós que podemos falar e ouvir pode se tornar difícil quando não dominamos a forma de comunicação que está sendo utilizada. Na próxima aula, você vai ver alguns exemplos de produções culturais feitas para surdos. Verá também como iniciativas envolvendo as artes para deficientes auditivos e visuais podem ter conteúdos criativos e como a propagação destas manifestações vem sendo facilitadas pelas novas tecnologias de comunicação. http://www.saci.org.br/index.php?modulo=akemi¶metro=1062 Aula 10: Literatura em língua de sinais Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. Conhecer alguns exemplos de manifestações artísticas feitas para deficientes auditivos; 2. Perceber a importância da propagação de iniciativas artísticas produzidas para surdos; 3. Entender que novas tecnologias permitiram que o público surdo e mudo tivesse maior acesso às manifestações artísticas feitas para este. Pare para pensar. Você consegue se lembrar de manifestações artísticas, literárias e culturais produzidas especialmente para deficientes auditivos?Se a sua resposta for não, não se assuste. Apesar de existirem, elas são poucas. Assim como são raras as produções culturais feitas por deficientes auditivos. O vídeo que você assistiu traz um exemplo de uma apresentação feita por dançarinos que não podem ouvir (apresentação de um grupo chinês denominado Disabled People’s Performance Art Troupe, Alemanha, 2008). Ainda há um grande caminho a percorrer para que estas manifestações ganhem visibilidade na sociedade. Apesar disso, as novas tecnologias estão, cada vez mais, ajudando na propagação destas iniciativas artísticas. Vamos ver mais? No vídeo ao lado, temos um exemplo de como novas tecnologias podem ajudar a aumentar a inclusão de surdos na sociedade. A menina, que é deficiente auditiva, recebe uma ligação do “Papai Noel” e consegue se comunicar com ele por meio de um aparelho tecnológico em que um intérprete faz a mediação entre a menina e o Papel Noel, permitindo que ela faça seus pedidos de natal. No vídeo ao lado temos um exemplo da sétima arte feita para deficientes auditivos. Trata-se de uma interpretação em LIBRAS para o filme nacional Os desafinados. Aproveite para ler também um artigo sobre inclusão. Produza um vídeo amador de no máximo dez minutos em que você trava um diálogo com um amigo em LIBRAS ou apresenta algum lugar ou atividade do seu cotidiano como se fosse um repórter. Se possível, poste seu vídeo no youtube (ou outra interface para compartilhamento de vídeo) e envie o link para seu professor. Nesta aula, você viu algumas formas de expressões e manifestações artísticas produzidas na linguagem de LIBRAS, para deficientes auditivos. Também viu como as novas tecnologias estão, cada vez mais, facilitando a propagação de iniciativas culturais, literárias e artísticas feitas para a comunidade surda. Assim, você pôde perceber como ainda são escassas as produções envolvendo as artes para este público. http://estacio.webaula.com.br/Cursos/tlsigt/docs/Leitura_complementar.pdf Este texto encontra‐se publicado na Revista Espaço (Informativo técnico‐ científico do INES) sob o n.25/26, 2006. Anotações sobre língua, cultura e identidade: um convite ao debate sobre Políticas Lingüísticas. Alexandre do Amaral Ribeiro1 Resumo Este artigo se pretende um convite à discussão sobre políticas lingüísticas e suas relações com o modo como as pessoas concebem a língua, cultura e identidade em suas vidas. A língua tem uma vida social e política a qual é comumente negligenciada por algumas crenças, em especial, quando o assunto é língua e seu papel na sociedade. Isto porque a língua é freqüentemente vista como um dom natural e por isso mesmo fora da questão ética. Neste artigo é sustentada a idéia de que tal posição não é apropriada e que discutir a língua implica, sim, discutir seu lugar na vida social e política dos indivíduos. Abstract This article intends to be an invitation to a discussion on linguistic politics and its relations to the way people conceive language, culture and identity in their lives. Language has a social and a political life which are commonly neglected by some beliefs, specially, when the subject is language and its role in the society. That’s because language is often seen as a natural gift and therefore completely outside of the ethics issue. This article sustains the idea that this point of view is inappropriate and that a language discussion implies a discussion on its place in individual’s political life. A proposta deste artigo é fomentar o debate sobre políticas lingüísticas a partir das possíveis relações entre língua, identidade e cultura. Para tal, relata situações do cotidiano dos falantes/cidadãos brasileiros, bem como resgata alguns fatos históricos que, embora pouco divulgados, podem auxiliar na compreensão do lugar da língua na vida política e social da nação. Ao final, a título de se compreender a extensão e conseqüências inerentes aos atos políticos relacionados à língua, propõe‐se uma reflexão sobre amplitude das políticas lingüísticas no país (o caso da LIBRAS) e fazem‐se alguns comentários sobre as políticas de inclusão. Apontar para tais fenômenos, neste texto, não significa discuti‐lo com profundidade, 1 Doutor em Lingüística pela Unicamp. Mestre em Letras e Especialista em Psicopedagogia Diferencial pela PUC/RJ. Professor de Pedagogia do Instituto Superior Bilíngüe do INES. Este texto encontra‐se publicado na Revista Espaço (Informativo técnico‐ científico do INES) sob o n.25/26, 2006. mas mostrar o quanto é importante admitir a vinculação língua‐identidade‐cultura‐educação‐ cidadania e suas implicações políticas. Não é raro encontrar, em conversas informais entre amigos e familiares, diferentes posicionamentos pessoais sobre a adequação ou não de determinados usos lingüísticos e sobre o quanto àqueles usos (citados nas referidas conversas) lhes são motivo de vergonha e/ou chacota. Essa situação relativamente recorrente torna‐se de grande relevância quando o assunto é “o absurdo de uma determinada pessoa ter usado certa construção lingüística considerada errada ou deselegante”. Isto acontece, em especial, ao se considerar a posição social de quem fala. Há também situações em que se observa um certo descaso para com o uso e usuários de línguas visuais – como a Libras – uma vez que para a maioria da população trata‐se – equivocadamente – de simples gestos. Assim, tampouco é raro encontrar interlocutores que juram serem “os gestos utilizados por surdos” universais. Para esses, seria óbvio que os surdos do mundo inteiro pudessem se comunicar sem problemas. Ao que parece, essas pessoas olham para o surdo – na melhor das hipóteses ‐ como um ser universalmente deficiente, de modo que se tornaria desnecessário pensar na dimensão sócio‐cultural de um bem imaterial como a língua de uma comunidade (de surdos) constituída por sujeitos sinalizantes. De fato, mitos diversos acerca da língua (sua concepção/definição e formas de uso) parecem influenciar essa tendência no comportamento das pessoas em geral. Para a maioria da população, discutir a língua é discutir seus usos “corretos e/ou incorretos” a partir das normas encontradas na Gramática Normativa. Dificilmente, tomam consciência das implicações sócio‐ culturais e identitárias inerentes à existência e aos usos lingüísticos, tampouco de sua pluralidade legítima. Uma outra dimensão que costuma lhes fugir com certa freqüência é a dimensão social e política da língua. A idéia generalizada é a de que tal discussão é sem importância, ou minimamente, sem aplicação imediata para a vida das pessoas. Haveria, nessa perspectiva, assuntos mais relevantes ‐ social e politicamente ‐ como a “fome da população”, os “altos impostos”, “a corrupção dos políticos”, etc. Para esses, a língua é algo natural (no sentido mesmo biológico e hereditário) a tal ponto que questões éticas e políticas não lhe são pertinentes. Lembre‐se aqui que a questão ética vem à tona, exclusivamente, no momento em que se reconhece a possibilidade de ação do homem. A natureza não pode ser responsabilizada pelos seus atos... Este texto encontra‐se publicado na Revista Espaço (Informativo técnico‐ científico do INES) sob o n.25/26, 2006. A relação entre língua(gem), sociedade e cultura é inegável a partir do momento em que se reconhece a existência de uma sujeito da linguagem. Nenhum enunciadoé produzido destituído de intenção, tampouco sua produção e significado podem ser entendidos em separado do contexto sócio‐histórico de sua produção. Há uma dimensão claramente social e política da linguagem. Embora não se neguem aqui seus aspectos cognitivos e biológicos, não se pode dizer que qualquer estudo sobre a língua(gem), seu funcionamento e padrões seja isento de dimensão política. Isto é verdadeiro tanto para o caso em que se olham para as contribuições de lingüistas quanto para os esforços declaradamente políticos de se controlar, preservar, regulamentar e legitimar certos usos lingüísticos. Dentre os mitos e crenças existentes sobre a língua – capazes de influenciar os pensamentos/comportamentos, anteriormente destacados, pode‐se citar a crença de que há uma forma lingüística melhor que a outra e de que no Brasil “fala‐se” apenas uma língua. Há também a crença de que a língua portuguesa é muito difícil, quase impossível de ser aprendida. Esse pensamento parece verdadeiro e recorrente para maioria da população, o que pode se detectado quando o assunto é o uso português feito por falantes/ouvintes nativos. A situação fica mais visível quando se encontram crenças inadequadas entre, não somente aqueles que são desinformados sobre a Língua de Sinais Brasileira como também entre os que parecem ter algum conhecimento sobre as condições e capacidade de surdos aprenderem português. Isto acontece, em parte, porque fatores históricos de formação do País revelam a existência de um grande esforço para dominar uma língua de além‐mar e, portanto neste sentido, estrangeira. O brasileiro não é – em termos da construção de sua identidade lingüística e em seu imaginário – um nativo de sua própria língua. Para uma boa parte da população, há a crença de que a língua portuguesa somente é bem falada em Portugal... Lá sim é que se fala bem o português (Bagno, 1999). Sobre a história da língua portuguesa no Brasil interessa, primeiramente, lembrar que aos índios, aos descendentes de imigrantes que, em suas comunidades, muitas vezes não falam senão a língua de seus antepassados e aos surdos, que constituem comunidades com peculiaridades próprias é reconhecida e assegurada, pela Constituição Federal, a nacionalidade brasileira. Assim, reconhecendo suas formas próprias de comunicação, é inadequado dizer que no Brasil se fala uma única língua ou, ainda, que apenas o português é a língua dos brasileiros, pois isso implica o esquecimento ou mesmo a exclusão de alguns brasileiros e suas formas de comunicação. Ainda hoje se falam mais de 180 línguas no Brasil. Este texto encontra‐se publicado na Revista Espaço (Informativo técnico‐ científico do INES) sob o n.25/26, 2006. Além disso, o que popularmente se acredita como sendo uma única língua não é, nem de longe uniforme/ homogêneo. A visão popular de língua, por desconhecimento e não necessariamente por má fé e/ou atitude intencionalmente preconceituosa, confunde a partir de generalizações diversas o conceito de língua. Inicialmente, parte–se da idéia de que língua é algo, só e somente só, falado ou escrito no sentido de que para haver/usar língua é preciso emitir som ou ser capaz de escrever. A questão da concepção de língua passa comumente por idéias aprendidas desde a mais tenra idade. Os cidadãos aprendem que no Brasil se fala uma única língua, que ela é muito difícil – talvez mesmo a mais difícil do mundo. Isto se procura, em geral, “provar”, por exemplo, mostrando a existência de palavras como manga e saudade, etc. Quanto à palavra manga é preciso lembrar que fenômenos como o da existência de uma “mesma palavra” que assuma significados diversos não é, de maneira alguma, privilégio da língua portuguesa. Quanto à palavra saudade, ainda que não se possa dizer que sua origem etimológica e composição semântica apontem para exatamente a mesma idéia (como não acontece tampouco na relação entre a infinidade de outras palavras de línguas diferentes quando comparadas), indica–se aqui uma pesquisa mais apurada sobre a existência, por exemplo, de palavras como “Sehnsucht” (saudade) e de verbos como “sehnen” (sentir saudade) em alemão. O que se deseja com essa indicação é um convite a uma análise mais profunda das implicações provocadas por afirmações do tipo: “a palavras saudade só existe em português”. Afinal, o que isso significa de fato? Parece acertado dizer que há implicações políticas implícitas em afirmações como essas que visam destacar determinado aspecto sócio‐cultural. Muitos acreditam ainda que por uma espécie de milagre ou concessão divina em um país de dimensões continentais como o Brasil fala–se a mesma língua. A língua dita portuguesa, no entanto, que se fala no Brasil precisou de uma série de ações sócio‐políticas para ser “padronizada” e se “firmar” conforme se conhece na atualidade. Silva (1995) ao estudar as relações entre língua e inquisição no Brasil analisa a história da língua portuguesa a partir de dados sobre a vida do Padre Manuel da Penha do Rosário, pertencente a Congregação de Nossa Senhora das Mercês. Esse padre, em sua missão de catequizar os índios no Brasil, utilizava–se de línguas indígenas, contrariando as determinações D’ El Rei de Portugal. Dessa maneira, e por isso mesmo, é convocado a comparecer diante do Santo Ofício para defender–se de acusações pelo uso de línguas indígenas ao catequizar os índios. Essas acusações foram feitas pelo Marquês de Pombal e seus aliados. O padre, no entanto, escreve um documento, respondendo às questões propostas pelo Santo Ofício. Este texto encontra‐se publicado na Revista Espaço (Informativo técnico‐ científico do INES) sob o n.25/26, 2006. Dentre os seus argumentos estavam: a ineficácia de se tentar explicar o evangelho ou ensinar algo que fosse da doutrina em português a um alunado indígena que nada conhecia da língua portuguesa. Naturalmente, para ser entendido o evangelho e a doutrina era indispensável empregar o idioma indígena. Assim se expressa Pe Manuel da Penha do Rosário: Verdade é que a maior parte dos párocos presentes, porque não sabem falar a língua oficial dos índios, ainda que dela tenham algum conhecimento e inteligência, e outros, porque só aprenderam quanto lhes bastasse para dizerem missa, e não para se exercerem em um o ministério de pregar, apenas se contentam, ou per si ou por algum rapaz, com lhes repetirem aquelas orações comuns e perguntas ordinárias dos mistérios divinos, em língua portuguesa e do mesmo modo que nas escolas, quando meninos, as decoraram materialmente. E o fazem assim tão sem proveito dos índios que, perguntados eles de mim, o que pedem no padre‐nosso e na ave‐ maria, dizem que não sabem. E se passo a inquirir o que está em a hóstia consagrada, me respondem uns que (é) Santa Maria e outros que os fígados de Cristo Senhor Nosso. Mas nem por isso deixam de se haverem com eles, em os confessionários e fora deles, em língua vulgar. E para isto procuram aprender as palavras mais necessárias, em que tudo sabe Deus que não minto... .(Rosário apud Silva, 1995:11). A coerência dos seus argumentos provou que não fazia sentido, no caso da evangelização, o uso da língua portuguesa, enquanto os índios não a compreendessem. O que o padre reivindica, na verdade, é o direito que cada indivíduo tem de ser instruído e de usar a língua de sua própria comunidade. Vale lembrar que esse documento foi escrito no augeda influência pombalina. No entanto, o padre formulou de tal forma sua defesa que não só foi absolvido como ganhou o direito de conduzir uma paróquia em uma comunidade indígena, podendo colocar em prática as suas idéias e ideais. Bastante à frente de sua época, o referido padre trazia à tona a discussão sobre políticas lingüísticas encontrada mais tarde na Declaração Universal dos Direitos Lingüísticos e, por exemplo, nas intermináveis discussões sobre o direito dos surdos sinalizantes a serem educados em língua de sinais. Na Declaração Universal dos Direitos Lingüísticos são reivindicados direitos como os de preservação manutenção da cultura e língua próprias de cada comunidade e o de ter respeitado a língua de cada comunidade ou grupo lingüístico. A visão de língua apresentada nesse documento é a de “resultado da confluência e da interação de uma multiplicidade de Este texto encontra‐se publicado na Revista Espaço (Informativo técnico‐ científico do INES) sob o n.25/26, 2006. fatores: político‐jurídicos; ideológicos e históricos; demográficos e territoriais; económicos e sociais; culturais; lingüísticos e sociolingüísticos; interlingüísticos; e, finalmente, subjetivos”. Ao contrário do que se costuma pensar, portanto, falar sobre língua implica sim encetar uma discussão sobre políticas lingüísticas, uma vez que não existe uma língua homogênea e única em nenhum país do mundo nem há uma definição única para o que seja língua. Esse bem imaterial é heterogêneo, vivo, dinâmico e, embora se possam encontrar teorias que tomem a língua como um objeto de dimensão puramente estrutural, a língua é constitutiva do ser humano – um ser social e político. As concepções de língua que vierem ou não a ser adotadas por essa ou aquela teoria terão conseqüências para a vida política e social desses falantes. Tais conceitos podem alterar as formas como as pessoas constroem suas identidades enquanto falantes de uma língua e cidadãos de um país. Não é de se menosprezar, por exemplo, a situação (indesejável) em que a LIBRAS (língua brasileira de sinais) é considerada apenas um conjunto de gestos sem status de língua. Um surdo nascido no Brasil é, salvo casos específicos da lei, um brasileiro que não tem a língua portuguesa como língua materna. Se a população e mesmo alguns estudiosos e políticos insistem que a língua portuguesa é a única língua legítima de um brasileiro, que falar da situação política, social e cultural de surdos, índios e outros grupos que podem ser brasileiros sem ter como língua materna o português? Contudo, a afirmação anterior não pretende dar a idéia de que os surdos devam simplesmente ignorar a língua oficial do seu país. Os surdos sinalizantes têm direito a língua portuguesa e precisam conhecê‐la e dominá‐la para efeitos de melhor acesso à vida política e social da sociedade em seu entorno cuja composição inclui também a sua família. Há que se pensar também que a língua brasileira de sinais não é a única língua dos surdos brasileiros. Há comunidades indígenas com alto índice de ocorrência de surdez que possuem uma língua de sinais própria. Esses surdos também são brasileiros. Por fim, não se pode discriminar os surdos oralizados que,por ventura, não tenham ou não queriam ter a língua de sinais como L1. As questões levantadas pelo estudo de políticas lingüísticas são interessantes, não somente do ponto de vista da informação sobre fatos históricos e sobre os processos de gramatização e padronização da língua nacional. São interessantes também pelo fato de permitirem discussões sobre identidade lingüística e cultural no Brasil. A partir de estudos em políticas lingüísticas são questionadas ações como as inerentes à tendência de se reduzir a diversidade e favorecer atitudes contrárias à pluralidade cultural, evitando o pluralismo lingüístico. São discussões possíveis na área de Políticas Lingüísticas aquelas sobre projetos de lei como o do Deputado Aldo Rebelo que restringia o uso de palavras estrangeiras no Brasil; as que Este texto encontra‐se publicado na Revista Espaço (Informativo técnico‐ científico do INES) sob o n.25/26, 2006. tratam das denúncias contra preconceito lingüístico; as que propõem reflexões sobre o reconhecimento de Libras como meio oficial de comunicação da comunidade de surdos, as que estudam movimentos como o “Deaf Power” e “Resistência Surda”, entre outras. Por último, é possível ainda usufruir das contribuições sobre políticas lingüísticas para se pensar as políticas de inclusão (no âmbito da educação ou não) no país. Qual o significado da inclusão em termos do lugar que a inclusão ocupa na sociedade e na educação? Ao que veio, para onde vai? Para que tipo de educação/sociedade pretende conduzir o projeto de inclusão? Pensar sobre essa questão impulsiona a formulação de algumas outras inerentes ao contexto. Uma delas refere‐se ao “risco” existente no fato de que um indivíduo precise, antes de tudo, ser reconhecido como excluído para que, então, a sociedade e a educação (em nome das novas demandas de uma sociedade dita inclusiva) venham a propor princípios e estratégias de inclusão. Inclusão que visa a incluir quem? Onde? Parece sempre útil lembrar que ao se propor a inclusão de alguém se está afirmando que essa pessoa (embora tenha o direito) não é reconhecida como fazendo parte efetiva do contexto em que se deseja incluí‐la. Dessa maneira, esforços são desempenhados para que – sem forçar a “natureza” do indivíduo e respeitando as suas diferenças, façam adequações no ambiente‐ alvo para que se possa proceder à inclusão. Movidos a partir de que tipo de crença sobre o outro e respaldados sobre que princípio e autoridade propõem‐se ações no sentido da inclusão? Essa reflexão é importante se não se quiser criar uma sociedade de “ex‐alguma coisa”: ex‐drogados, ex‐excluído. Muitos podem questionar a necessidade e pertinência ou não das reflexões, ora propostas, mas parece correto afirmar que não se deseja olhar para o indivíduo aprendente como se de repente tivesse a sociedade conseguido, por bondade, salvar a sua vida do caos. Há que se encontrar alternativas para não somente estancar a discriminação, mas para resignificar a existência e o papel de indivíduos ditos diferentes na sociedade. Tal objetivo exige, necessariamente, uma reengenharia nas formas de se conceber e comportar diante da situação de inclusão. Essa visão interessa, pois o que parece ser adequado é um “despertar” da sociedade para o fato dos aprendentes/cidadãos serem todos dotados de grande capacidade cada qual em sua especificidade (sem por isso estar impedido de desenvolver‐se em outras áreas). As especificidades/características de cada um, inclusive as lingüísticas, não podem – em nome da valorização da língua e do cidadão ‐ se tornar elementos formadores de guetos. Este texto encontra‐se publicado na Revista Espaço (Informativo técnico‐ científico do INES) sob o n.25/26, 2006. Referências Bibliográficas: BAGNO. Marcos. Preconceito Lingüístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 1999. CORTEZ, Suzana & XAVIER, Antonio Carlos (orgs). Conversas com lingüistas – virtudes e controvérsias da lingüística. São Paulo: Parábola, 2003. FERREIRA, Dina Maria Martins & RAJAGOPALAN, Kanavillil (orgs). Políticas em Linguagem: perspectivas identitárias. São Paulo: Editora Mackenzie, 2006. GUIMARÃES, Eduardo & ORLANDI, Eni P. Língua e Cidadania: o português no Brasil. Campinas/SP: Pontes, 1996. LACOSTE, Yves & RAJAGOPALAN,Kanavillil. A geopolítica do inglês. São Paulo: Parábola, 2005. RAJAGOPALAN, Kanavillil. Por uma lingüística crítica: linguagem, identidade e a questão ética. São Paulo: Parábola, 2003. RIBEIRO, Alexandre do Amaral. Língua tua manifestum te facit: considerações sobre identidade lingüística e cultural no Brasil. Dissertação de Mestrado: PUC/RJ, 2000. SILVA, José Pereira da. Pe.Manuel da Penha do Rosário: língua e inquisição no Brasil de Pombal – 1773. Rio de Janeiro: EDUERJ, 1995. UNESCO. Declaração Universal dos Direitos Lingüísticos. Disponível em: <www.linguistic‐ declaration.org/index.htm>. Acessado em: 10/04/2006. 1 Aula 3 - Carta para o Terceiro Milênio Esta Carta foi aprovada no dia 9 de setembro de 1999, em Londres, Grã- Bretanha, pela Assembléia Governativa da REHABILITATION INTERNATIONAL, estando Arthur O’Reilly na Presidência e David Henderson na Secretaria Geral. A tradução foi feita do original em inglês pelo consultor de inclusão Romeu Kazumi Sassaki. Nós entramos no Terceiro Milênio determinados a que os direitos humanos de cada pessoa em qualquer sociedade devam ser reconhecidos e protegidos. Esta Carta é proclamada para transformar esta visão em realidade. Os direitos humanos básicos são ainda rotineiramente negados a segmentos inteiros da população mundial, nos quais se encontram muitos dos 600 milhões de crianças, mulheres e homens que têm deficiência. Nós buscamos um mundo onde as oportunidades iguais para pessoas com deficiência se tornem uma conseqüência natural de políticas e leis sábias que apóiem o acesso a, e a plena inclusão, em todos os aspectos da sociedade. O progresso científico e social no século 20 aumentou a compreensão sobre o valor único e inviolável de cada vida. Contudo, a ignorância, o preconceito, a superstição e o medo ainda dominam grande parte das respostas da sociedade à deficiência. No Terceiro Milênio, nós precisamos aceitar a deficiência como uma parte comum da variada condição humana. Estatisticamente, pelo menos 10% de qualquer sociedade nascem com ou adquirem uma deficiência; e aproximadamente uma em cada quatro famílias possui uma pessoa com deficiência. Nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, nos hemisférios norte e sul do planeta, a segregação e a marginalização têm colocado pessoas com deficiência no nível mais baixo da escala sócio-econômica. No século 21, nós 2 precisamos insistir nos mesmos direitos humanos e civis tanto para pessoas com deficiência como para quaisquer outras pessoas. O século 20 demonstrou que, com inventividade e engenhosidade, é possível estender o acesso a todos os recursos da comunidade ambientes físicos, sociais e culturais, transporte, informação, tecnologia, meios de comunicação, educação, justiça, serviço público, emprego, esporte e recreação, votação e oração. No século 21, nós precisamos estender este acesso que poucos têm para muitos, eliminando todas as barreiras ambientais, eletrônicas e atitudinais que se anteponham à plena inclusão deles na vida comunitária. Com este acesso poderão advir o estímulo à participação e à liderança, o calor da amizade, as glórias da afeição compartilhada e as belezas da Terra e do Universo. A cada minuto, diariamente, mais e mais crianças e adultos estão sendo acrescentados ao número de pessoas cujas deficiências resultam do fracasso na prevenção das doenças evitáveis e do fracasso no tratamento das condições tratáveis. A imunização global e as outras estratégias de prevenção não mais são aspirações; elas são possibilidades práticas e economicamente viáveis. O que é necessário é a vontade política, principalmente de governos, para acabarmos com esta afronta à humanidade. Os avanços tecnológicos estão teoricamente colocando, sob o controle humano, a manipulação dos componentes genéticos da vida. Isto apresenta novas dimensões éticas ao diálogo internacional sobre a prevenção de deficiências. No Terceiro Milênio, nós precisamos criar políticas sensíveis que respeitem tanto a dignidade de todas as pessoas como os inerentes benefícios e harmonia derivados da ampla diversidade existente entre elas. Programas internacionais de assistência ao desenvolvimento econômico e social devem exigir padrões mínimos de acessibilidade em todos os projetos de infra-estrutura, inclusive de tecnologia e comunicações, a fim de 3 assegurarem que as pessoas com deficiência sejam plenamente incluídas na vida de suas comunidades. Todas as nações devem ter programas contínuos e de âmbito nacional para reduzir ou prevenir qualquer risco que possa causar impedimento, deficiência ou incapacidade, bem como programas de intervenção precoce para crianças e adultos que se tornarem deficientes. Todas as pessoas com deficiência devem ter acesso ao tratamento, à informação sobre técnicas de auto-ajuda e, se necessário, à provisão de tecnologias assistivas e apropriadas. Cada pessoa com deficiência e cada família que tenha uma pessoa deficiente devem receber os serviços de reabilitação necessários à otimização do seu bem-estar mental, físico e funcional, assim assegurando a capacidade dessas pessoas para administrarem sua vida com independência, como o fazem quaisquer outros cidadãos. Pessoas com deficiência devem ter um papel central no planejamento de programas de apoio à sua reabilitação; e as organizações de pessoas com deficiência devem ser empoderadas com os recursos necessários para compartilhar a responsabilidade no planejamento nacional voltado à reabilitação e à vida independente. A reabilitação baseada na comunidade deve ser amplamente promovida nos níveis nacional e internacional como uma forma viável e sustentável de prover serviços. Cada nação precisa desenvolver, com a participação de organizações de e para pessoas com deficiência, um plano abrangente que tenha metas e cronogramas claramente definidos para fins de implementação dos objetivos expressos nesta Carta. Esta Carta apela aos Países-Membros para que apóiem a promulgação de uma Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência como uma estratégia-chave para o atingimento destes objetivos. 4 No Terceiro Milênio, a meta de todas as nações precisa ser a de evoluírem para sociedades que protejam os direitos das pessoas com deficiência mediante o apoio ao pleno em poderamento e inclusão delas em todos os aspectos da vida. Por estas razões, a CARTA PARA O TERCEIRO MILÊNIO é proclamada para que toda a humanidade entre em ação, na convicção de que a implementação destes objetivos constitui uma responsabilidade primordial de cada governo e de todas as organizações nãogovernamentais e internacionais relevantes. DECRETO No 3.298, de 20 de dezembro de 1999 Regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, D E C R E T A : CAPÍTULO I Das Disposições Gerais Art. 1º A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência compreende o conjunto de orientações normativas que objetiva assegurar o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiência. Art. 2º Cabe aos órgãos e às entidades do Poder Público assegurar à pessoa portadora de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à previdência social, à assistência social, ao transporte, à edificação pública, à habitação, à cultura, ao amparo à infância e à maternidade,e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico. Art. 3º Para os efeitos deste Decreto, considera-se: I - deficiência - toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; II - deficiência permanente - aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; e III - incapacidade - uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida. Art. 4º É considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas seguintes categorias: I - deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções; II - deficiência auditiva - perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras, variando de graus e níveis na forma seguinte: a) de 25 a 40 decibéis (db) - surdez leve; b) de 41 a 55 db - surdez moderada; c) de 56 a 70 db - surdez acentuada; d) de 71 a 90 db - surdez severa; e) acima de 91 db - surdez profunda; e f) anacusia; III - deficiência visual - acuidade visual igual ou menor que 20/200 no melhor olho, após a melhor correção, ou campo visual inferior a 20º (tabela de Snellen), ou ocorrência simultânea de ambas as situações; IV - deficiência mental - funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: a) comunicação; b) cuidado pessoal; c) habilidades sociais; d) utilização da comunidade; e) saúde e segurança; f) habilidades acadêmicas; g) lazer; e h) trabalho; V - deficiência múltipla - associação de duas ou mais deficiências. CAPÍTULO II Dos Princípios Art. 5º A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, em consonância com o Programa Nacional de Direitos Humanos, obedecerá aos seguintes princípios; I - desenvolvimento de ação conjunta do Estado e da sociedade civil, de modo a assegurar a plena integração da pessoa portadora de deficiência no contexto sócio- econômico e cultural; II - estabelecimento de mecanismos e instrumentos legais e operacionais que assegurem às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciam o seu bem-estar pessoal, social e econômico; e III - respeito às pessoas portadoras de deficiência, que devem receber igualdade de oportunidades na sociedade por reconhecimento dos direitos que lhes são assegurados, sem privilégios ou paternalismos. CAPÍTULO III Das Diretrizes Art. 6º São diretrizes da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência: I - estabelecer mecanismos que acelerem e favoreçam a inclusão social da pessoa portadora de deficiência; II - adotar estratégias de articulação com órgãos e entidades públicos e privados, bem assim com organismos internacionais e estrangeiros para a implantação desta Política; III - incluir a pessoa portadora de deficiência, respeitadas as suas peculiaridades, em todas as iniciativas governamentais relacionadas à educação, à saúde, ao trabalho, à edificação pública, à previdência social, à assistência social, ao transporte, à habitação, à cultura, ao esporte e ao lazer; IV - viabilizar a participação da pessoa portadora de deficiência em todas as fases de implementação dessa Política, por intermédio de suas entidades representativas; V - ampliar as alternativas de inserção econômica da pessoa portadora de deficiência, proporcionando a ela qualificação profissional e incorporação no mercado de trabalho; e VI - garantir o efetivo atendimento das necessidades da pessoa portadora de deficiência, sem o cunho assistencialista. CAPÍTULO IV Dos Objetivos Art. 7º São objetivos da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência: I - o acesso, o ingresso e a permanência da pessoa portadora de deficiência em todos os serviços oferecidos à comunidade; II - integração das ações dos órgãos e das entidades públicos e privados nas áreas de saúde, educação, trabalho, transporte, assistência social, edificação pública, previdência social, habitação, cultura, desporto e lazer, visando à prevenção das deficiências, à eliminação de suas múltiplas causas e à inclusão social; III - desenvolvimento de programas setoriais destinados ao atendimento das necessidades especiais da pessoa portadora de deficiência; IV - formação de recursos humanos para atendimento da pessoa portadora de deficiência; e V - garantia da efetividade dos programas de prevenção, de atendimento especializado e de inclusão social. CAPÍTULO V Dos Instrumentos Art. 8o São instrumentos da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência: I - a articulação entre entidades governamentais e não-governamentais que tenham responsabilidades quanto ao atendimento da pessoa portadora de deficiência, em nível federal, estadual, do Distrito Federal e municipal; II - o fomento à formação de recursos humanos para adequado e eficiente atendimento da pessoa portadora de deficiência; III - a aplicação da legislação específica que disciplina a reserva de mercado de trabalho, em favor da pessoa portadora de deficiência, nos órgãos e nas entidades públicos e privados; IV - o fomento da tecnologia de bioengenharia voltada para a pessoa portadora de deficiência, bem como a facilitação da importação de equipamentos; e V - a fiscalização do cumprimento da legislação pertinente à pessoa portadora de deficiência. CAPÍTULO VI Dos Aspectos Institucionais Art. 9o Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal direta e indireta deverão conferir, no âmbito das respectivas competências e finalidades, tratamento prioritário e adequado aos assuntos relativos à pessoa portadora de deficiência, visando a assegurar-lhe o pleno exercício de seus direitos básicos e a efetiva inclusão social. Art. 10. Na execução deste Decreto, a Administração Pública Federal direta e indireta atuará de modo integrado e coordenado, seguindo planos e programas, com prazos e objetivos determinados, aprovados pelo Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência - CONADE. Art. 11. Ao CONADE, criado no âmbito do Ministério da Justiça como órgão superior de deliberação colegiada, compete: I - zelar pela efetiva implantação da Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência; II - acompanhar o planejamento e avaliar a execução das políticas setoriais de educação, saúde, trabalho, assistência social, transporte, cultura, turismo, desporto, lazer, política urbana e outras relativas à pessoa portadora de deficiência; III - acompanhar a elaboração e a execução da proposta orçamentária do Ministério da Justiça, sugerindo as modificações necessárias à consecução da Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência; IV - zelar pela efetivação do sistema descentralizado e participativo de defesa dos direitos da pessoa portadora de deficiência; V - acompanhar e apoiar as políticas e as
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