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Prévia do material em texto

Prof. Fórum: Professor (a) FABIANO GUIMARAES DA ROCHA 
Prof: FABIANO GUIMARAES fabianoils@hotmail.com 
Tópicos em Libras: Surdez e Inclusão 
 
Esta disciplina, seu enfoque e conteúdo inserem-se no contexto das discussões acerca da sociedade inclusiva, 
destacando em especial as adequações de instituições e suas propostas às políticas públicas de inclusão vigentes e o 
conjunto de documentos que lhe dão substrato. Dentre estas, privilegia-se, aqui, o Decreto 5626/2005. 
Aula 1: Diferença, Inclusão e Identidade na sociedade contemporânea 
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 
1. Reconhecer algumas mudanças na sociedade contemporânea em relação às formas de comportamento do sujeito na vida 
social. 
2. Identificar aspectos relacionados à identidade do sujeito contemporâneo em termos de inclusão social. 
3- Identificar aspectos culturais e sociolinguísticos da surdez; 
4 - Aprender noções básicas de libras. 
Adquirir noções instrumentais da língua de sinais não é o único objetivo deste curso. A língua de sinais é utilizada por sujeitos 
sinalizantes (surdos ou ouvintes que dominam a língua de sinais brasileira) em contextos específicos de interação cujo histórico 
aponta para preconceitos e mal-entendidos acerca das diferenças como um todo e da identidade do surdo na sociedade. 
Começando a trabalhar 
Que tal começarmos esta disciplina já com uma parte prática? Muitas vezes os ouvintes acreditam que as palavras em LIBRAS são 
construídas letra a letra, mas isso não é bem verdade. Entretanto, para muitas palavras, especialmente nomes de pessoas e 
lugares, as letras do alfabeto compõem uma palavra da mesma maneira como ocorre em qualquer língua. 
Datilologia (alfanumérico) 
No vídeo ao lado, você assiste a um surdo sinalizando as letras do alfabeto manual da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Ao 
final, ele também irá sinalizar os números de 0 a 9. 
Aproveite para rever quantas vezes quiser, pois esse é o seu primeiro contato para pessoas ouvintes compreenderem o “bê-a-
bá” da realidade sinalizante. 
Li Bras (Linguagem Brasileira de Sinais) 
Neste vídeo, você viu uma série de sinais (nome, sinal, idade, casa/morar, onde) aplicados fora de contexto, somente para você 
conhecer as palavras usadas na apresentação pessoal.Informação Cultural (IC): Nas comunidades sinalizantes é hábito 
apresentar-se não somente informando o nome, mas também com um SINAL. Esse SINAL pode ser entendido como uma espécie 
de “batismo” dentro dessas comunidades. Cada pessoa tem um SINAL próprio que faz referência a alguma característica 
particular dela (somente referência física; física com a primeira letra do nome; um evento marcante etc.). 
Neste vídeo, você viu os sinais aplicados dentro de frases, em contextos de uso efetivo da língua. No primeiro vídeo, as palavras 
estavam isoladas; neste, elas são empregadas em situações práticas de comunicação em LIBRAS. Informação Linguística (IL): as 
frases em Libras, muitas vezes, omitem algumas palavras que são usadas; em outras palavras, são construções sintéticas, 
mailto:fabianoils@hotmail.com
econômicas. Lembre-se: Libras não é a tradução de língua portuguesa. Quer um exemplo? Em português, dizemos “qual é o seu 
nome?”. Em Libras, basta usar as palavras “seu” + “nome”, e a interrogação é marcada pela expressão facial. 
Entendendo o cenário 
Faremos, nesta primeira aula, algumas considerações sobre inclusão, identidade e diferença, principalmente no âmbito dos 
estudos sobre surdez e língua de sinais. 
 
 
 
 
A crise de identidade 
Vamos começar, então, refletindo um pouco sobre a sociedade contemporânea e suas “novas” formas de relacionamento, 
construção de identidade e preservação da cultura; em especial, as influenciadas pela chamada globalização. Para tal, é 
necessário que se investiguem as relações entre língua, cultura e sociedade. 
A sociedade contemporânea reivindica uma revisão das próprias formas de se pensar a linguagem e o papel e lugar da(s) 
ciência(s) e política(s) que a tomam como objeto. Nesse sentido, a sociedade é convocada a enfrentar as constantes 
incompletudes, provocadas por um mundo globalizado, onde o global e o local se interpenetram, e as diferenças não se 
encaixam na “completude” (Bauman, 2005). 
Mundo moderno, comunicação e identidade 
As novas formas de relacionamento (através da internet, chat, etc.) e o intercâmbio cultural são significativamente mais velozes 
e dinâmicos que no passado. Além da internet, o celular é hoje um aparelho quase que indispensável à sobrevivência na 
sociedade urbana. Este aspecto atinge inclusive as pessoas surdas, cujo uso do celular é bastante freqüente, tendo tornado-se 
um excelente meio de comunicação para esse grupo social. 
Além disso, a própria disciplina que você está fazendo neste exato momento faz parte da evolução tecnológica que permite a 
comunicação a qualquer hora e em qualquer lugar, como você pode observar no vídeo ao lado. 
Através dessas novas relações, o local e o global passaram a se interpenetrar constantemente, dificultando sua identificação e 
tornando incoerente um conceito de identidade (lingüística e cultural) que seja o mesmo para qualquer indivíduo; em outras 
palavras, uma identidade que não seja fluida, que seja comum a todos. 
Mas será que somos iguais? 
Atualmente, a sociedade experimenta certa insatisfação em relação às promessas da modernidade, entre elas, a de igualdade, 
de liberdade, de paz, etc. Tais promessas não foram cumpridas, o que tem colocado em evidência a fragilidade do mundo 
moderno e da contemporaneidade. 
 
 
 
Língua e identidade para os surdos 
 
Esse fenômeno da crise de identidade pode ser observado em vários setores da sociedade. Em relação aos surdos e às comunidades 
sinalizantes não é diferente. Após vários anos de total exclusão, e subjugamento a padrões culturais inerentes a uma vida tipicamente 
ouvinte, os surdos – conduzidos pelas pesquisas na área da lingüística, da educação e outras – puderam reconhecer-se como seres 
dotados de uma língua. Suas comunidades lingüísticas apresentam peculiaridades culturais a elas inerentes. 
Os surdos passam então a afirmar suas identidades com base, principalmente, em características lingüísticas e culturais. Devido 
aos longos anos de uma experiência não favorável ao seu reconhecimento, foi necessária a criação de associações diversas, a 
produção de discurso de defesa e luta, entre outros, que garantissem esse espaço na sociedade. 
 
 
 
 
 
Surdez e identidade 
 
A identidade do surdo deve ser construída com base em suas capacidades, em suas peculiaridades lingüístico-culturais. Por isso, alguns 
estudiosos referem-se aos surdos como sujeitos sinalizantes, usuários de Libras. A questão das identidades se faz, portanto, presente e 
não pode ser dissociada das experiências da sociedade contemporânea que vive o conflito inerente à fluidez dessas identidades. 
 
Não podemos esquecer que cada surdo tem uma história de vida, que nem todos os surdos dominam a língua de sinais; alguns 
são oralizados e têm orgulho disso. Isso nos faz refletir sobre o que é ser diferente, e se há alguma coisa chamada “diferença”. 
Selecionamos alguns links interessantes para que você, caso queira, possa aprofundar seus conhecimentos: 
1) Instituto Nacional de Educação de Surdos 
No site do INES, você encontra informações relevantes sobre os surdos e a língua de sinais. 
2) A Vez da Voz 
Saiba mais sobre "diferença" e "inclusão", visitando o site dessa Organização Não-Governamental. 
3) Lei 10436 
Trata-se da chamada Lei de Libras, de 24 de abril de 2002. 
4) Decreto 5626 
Decreto que regulamenta a Língua Brasileira de Sinais, de 22 de dezembro de 2005. 
5) FENEIS - Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos 
6) APADA – Associação de Pais e Amigos dos Deficientes de Audição 
Referências Bibliográficas: 
BAUMAN, Z. Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005. 
FERNANDES, Eulália(org). Surdez e Bilingüismo. Porto Alegre: Mediação, 2005. 
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós – modernidade. Rio de Janeiro: DP&A,1998. 
LAPLANCHE, J & PONTALIS. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 2001. 
RAJAGOPALAN, K. & SILVA, Fábio L. A lingüística que nos faz falhar: investigação crítica. São Paulo: Parábola, 2004. 
RIBEIRO, Alexandre do Amaral. Quando negar é legitimar: reflexões sobre preconceito e políticas lingüísticas. Tese de 
http://www.ines.gov.br/
http://www.vezdavoz.com.br/
http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/LEIS/2002/L10436.htm
http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm
http://estacio.webaula.com.br/Cursos/tlsigt/conteudo/www.feneis.com.br
http://www.apadadf.org.br/
Doutorado. Unicamp/IEL, 2006. 
SÁ, Nídia Regina Limeira de. Cultura, poder e educação de surdos. São Paulo: Paulinas, 2006. 
 
Acredita-se ser de grande relevância tomar a atitude política de referir-se aos surdos, pelos menos àqueles que declaram ter a 
LIBRAS como L1, com maior freqüência, como “sujeitos sinalizantes”. Este termo não precisaria ser restrito a pessoa surda em 
si, mas aqueles que por sua história de vida percebem sua identidade construída em um contexto de uso de língua de sinais. Se 
for um surdo sinalizante, esse sujeito não precisará ter medo de usar a sua própria língua, nem se sentirá incapaz de dominar a 
língua de outros grupos, mesmo que sejam essas de outra modalidade e que, por isso mesmo, apresentem desafios 
aparentemente instransponíveis. Esse sujeito não é um surdo deficiente; é um sujeito dotado de capacidade lingüística... 
 
 
Aula 2: Especificidades da língua de sinais e os parâmetros que regem a formação de 
sinais e o uso da LIBRAS 
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 
1. Reconhecer as características básicas da língua de sinais; 
2. Identificar aspectos relacionados à gramática no que se refere à LIBRAS; 
3. Descrever os parâmetros básicos de combinação para a língua de sinais. 
O que você entende por gramática? 
Quando relembramos nossos tempos de colégio, nos vêm à mente as aulas de língua portuguesa e as “chatices” (pelo menos para 
a maioria) das regras gramaticais. Colocação pronominal, predicativo do sujeito, oração subordinada substantiva objetiva direta 
etc. Isso porque entendemos (ou nos foi assim ensinado) que a gramática reduz-se à idéia de “um livro em que se expõem as 
normas de uso de uma determinada língua”. Mas não é bem assim... 
Sem maiores aprofundamentos, podemos entender gramática no contexto da capacidade lingüística: todo ser humano é dotado 
de capacidade lingüística. Em segundo lugar, há que se pensar em gramática como um sistema, mentalmente compartilhado 
entre os usuários de uma língua, cujo funcionamento e estrutura não dependem de uma educação formal para serem 
aprendidos. Isto equivale a dizer, por exemplo, que qualquer falante, mesmo alguém considerado analfabeto, possui uma 
gramática (um conjunto de regras em sua mente), a qual aprendeu no convívio com a sua comunidade lingüística. 
Acompanhe a história de uma criança de 3 anos que ainda não foi alfabetizada, e só teve contato com a língua portuguesa 
através da interação com os pais e com outros parentes. Ao final, iremos fazer uma pergunta para você responder. Vamos 
começar? 
 
 
 
 
 
E a língua de sinais? 
A língua de sinais, a exemplo de qualquer língua oral, tem uma gramática própria, constituída por um conjunto de regras 
presente na mente dos seus usuários. Poderemos ter a tendência a acreditar que a língua de sinais seja uma espécie de “língua 
oral sinalizada”. Em conseqüência disso, acabaremos acreditando que o léxico (dicionário mental), os 
aspectos sintáticos, semânticos, pragmáticos e quirológicos da LIBRAS constituem um emaranhado de sinais, aleatoriamente 
utilizados, que mais pareceriam uma língua oral mal falada. 
Por isso, podemos afirmar que os surdos, como qualquer ouvinte, possuem uma língua, na medida em que, dotados desta 
capacidade lingüística, decodificam logicamente o mundo, organizando-o em suas mentes, através dos recursos físicos e 
mentais dos quais dispõem. Assim, sua capacidade lingüística exterioriza-se, formando uma língua específicaque, ao invés de 
sinais orais e auditivos, usa sinais espaciais e visuais, valendo-se do pleno funcionamento de sua visão, de suas mãos e do 
restante do corpo como um todo. 
Basta aprender os sinais que já estamos nos comunicando? 
Na LIBRAS, os níveis de descrição da língua são os já conhecidos sintático, semântico, pragmático. Em função da língua de sinais 
usar as mãos como principal canal de manifestação, temos ainda o nível quirológico que diz respeito justamente ao aspecto 
manual em si. 
Desfazendo mitos... 
A língua de sinais não é uma língua universal, conforme muitos pensam. Cada país tem a sua própria língua de sinais. Além disso, 
há variações regionais dentro de cada país. Assim, podemos citar: a ASL (American Sign Language), a LSF (língua de sinais 
francesa), a Língua de Sinais Urubu Kaapor (Maranhão, Brasil) etc. 
Começando a começar... 
 
Uma boa descrição da língua de sinais não pode ser feita, naturalmente, a partir da mesma lógica utilizada para a descrição 
de línguas orais. Afinal, a modalidade lingüística é totalmente diferente. No entanto, existem parâmetros que regem o uso da 
língua de sinais. Costuma-se apresentar cinco parâmetros que possibilitam entender a formação dos sinais e as bases para os 
seus usos durante a produção discursiva. Vamos conhecer esses parâmetros? 
Assim, percebeu-se que um sinal é produzido a partir da combinação de elementos espaciais, visuais e motores que 
determinam o lugar onde as mãos devem estar na hora da produção do sinal, como as mãos devem estar configuradas, para que 
direção elas devem estar apontando, se devem ou não estar se movimentando e como deve ser feito este movimento. Além 
disso, é preciso considerar a posição do corpo e a expressão facial que acompanham a produção desse sinal para que ele seja 
plenamente entendido em seu contexto de produção. 
 
 
 
 
 
Selecionamos dois links para você: 
 
 
Selecionamos dois links para você: 
1) Site sobre acessibilidade , com diversas informações importantes sobre Libras e outros assuntos relacionados. 
2) Projeto de registro das línguas de sinais e suas culturas , organizado por Valerie Sutton. Nesse site, a autora 
busca compensar a ausência de uma tradição escrita consolidada através de um portal cooperativo para registro de 
literatura (entre outros) em língua de sinais. 
 
 
 
Veja as referências bibliográficas desta aula: 
BERNARDINO, E. L. Absurdo ou Lógica?: a produção lingüística dos surdos. Belo Horizonte: Editora Profetizando 
Vida, 2000. 
 
Nesta aula você viu um pouco mais sobre: 
a) A relação entre língua, gramática e Libras; 
b) Os parâmetros que regem a comunicação em língua de sinais. 
 
Na próxima aula você irá ter contato com as políticas lingüísticas e educacionais, bem como o caráter ético e prático de tais 
políticas na relação com a identidade do sujeito sinalizante e da comunidade a qual ele está inserido. 
http://www.acessobrasil.org.br/
http://www.ethnologue.com/
Não deixe de participar do fórum de discussão e de realizar os exercícios de autocorreção antes de iniciar a aula 3. 
 
 
Aula 3: Políticas linguísticas e educacionais 
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 
1. Reconhecer a necessidade de políticas inclusivas relacionadas à surdez; 
2. Identificar aspectos relacionados ao preconceito na implementação de políticas linguísticas e educacionais; 
3. Perceber como a palavra deficiente não se adequa à identidade do surdo. 
Nesta aula, convidamos você a conhecer e a refletir sobre a existência e sobre a necessidade de constante formulação e 
reformulação de políticas lingüísticas e educacionais. Discriminar, excluir indivíduos ou grupos em função de determinados usos 
da linguagem ou emnome da preservação de certas identidades: essas são questões que vêm emergindo em polêmicas geradas 
na atualidade. Tais questões trazem para o centro das discussões a vida política da linguagem e o caráter ético inerente aos 
estudos científicos da linguagem, suas aplicações políticas e educacionais. 
IInclusão ou preconceito? 
Parece oportuno pensar em que medida políticas (educacionais, lingüísticas...), no afã de defender minorias lingüísticas e preservar a 
língua, podem ser transformar em práticas sutis de preconceito. Afinal, políticas lingüísticas e políticas de línguas, expressas em leis, 
projetos de lei e outros tipos documentos oficiais, refletem contextos sócio-históricos e servem não apenas como dado, mas também como 
pano de fundo para uma discussão sobre o preconceito no contexto brasileiro. 
 
Não é raro detectar, tanto nos discursos sobre o direito à diferença quanto naqueles que procuram proteger grupos sociais, atitudes 
preconceituosas e certa crença de estarem os seus propositores investidos de autoridade suficiente para avaliar o grau e intensidade 
do problema do outro. Uma atitude que implicitamente reforça aquelas idéias contra as quais o próprio grupo parece lutar. 
 
 
 
 
 
Perspectivas de política lingüística na sociedade 
Essas são questões que auxiliam a estudar políticas lingüísticas sob o ponto de vista das relações entre sujeito e sociedade na 
pós-modernidade. Daí, uma discussão sobre a dimensão ética das políticas. É preciso perceber que as políticas também nomeiam 
e categorizam indivíduos a partir de determinado ponto de vista. 
Pretende-se, na perspectiva das políticas lingüísticas, uma ética que ultrapasse a idéia humanitária dos direitos humanos e dos direitos 
lingüísticos e que permita superar o dualismo do sujeito-ético como vítima e sujeito ético como piedoso (cf. Chauí, 1999). Em outras 
palavras, a proposição de políticas lingüísticas será eticamente efetiva se acompanhada de ações propositivas em torno do sujeito e da 
sociedade. Se, ao contrário, decorrer tão somente de consenso sobre a injustiça e preconceito, poderá representar apenas uma forma 
de “acalmar a consciência”. Muito mais uma forma de “redimir-se de pecados”, de autopunição do que de construir e de viver uma 
sociedade justa. 
Perspectivas de política lingüística na educação 
 
Em termos da atuação pedagógica, é bom pensar sobre a necessidade de se estabelecer um olhar sobre os aprendizes que ultrapasse 
qualquer tipo de hierarquização. Interessa reconhecer a existência de alunos, pesquisadores, sujeitos que não podem se eximir, nem 
serem eximidos de suas responsabilidades, nem privados de seus direitos. Nesse sentido, deixa-se de lado a lógica de “atendimento ao 
aluno” e se passa à lógica e à dinâmica de extração e ampliação de suas potencialidades. 
 
Nesse contexto não existiria “o surdo”, “o deficiente”. O problema está em não nos deixarmos levar uma identificação do sujeito feita 
a partir de uma “deficiência”. Seria negar a surdez enquanto único fator preponderante para identificar um sujeito. O sujeito surdo 
não é constituído única e exclusivamente de sua surdez, enquanto fato físico. Há milhões de outras facetas nesse sujeito para as quais 
freqüentemente não se busca olhar. 
 
Nesta aula você viu um pouco mais sobre: 
a) Políticas de inclusão e sua relação com preconceito; 
b) As questões que devem nortear a tomada de decisão na adoção de Políticas acerca da surdez. 
 
 
Na próxima aula você irá ter contato com a cultura em comunidades sinalizantes. 
Não deixe de participar do fórum de discussão e de realizar os exercícios de autocorreção antes de iniciar a aula 4. 
 
 
Aula 4: Cultura em comunidades sinalizantes 
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 
1. Identificar aspectos culturais relacionados ao sujeito surdo; 
2. Reconhecer as diversas nuances da/na identificação cultural do sujeito surdo em sua comunidade sinalizante e na sociedade 
em geral. 
Viemos aprendendo um pouco sobre a língua de sinais brasileira e também levantando questões relativas às políticas lingüísticas 
e educacionais na Brasil, pensando nos sujeitos sinalizantes e nas implicações das ações de inclusão propaladas pela sociedade 
atual. Para que essas ações pudessem ter início, foram necessários movimentos que promoveram debates polêmicos e ações 
afirmativas a favor do reconhecimento do sujeito surdo como um ser diferente da maioria ouvinte da população e dotado de 
capacidade lingüística, de educabilidade, potencial profissional e intelectual, etc. No vídeo acima, você assiste a uma 
interpretação artística do Hino Nacional. 
Cultura surda? 
 
A sociedade passou a ser apresentada, e continua paulatinamente a ser, à língua, aos hábitos, às diferenças e semelhanças com os 
ouvintes, às necessidades (educativas) especiais dos sujeitos surdos. Aqueles sujeitos que até então eram vistos como deficientes auditivos 
limitados em suas capacidades, passam a ser reconhecidos como sujeitos (surdos) complexos, com identidade própria e com um conjunto 
de hábitos, transmitidos principalmente através da sua língua, ao qual tem se convencionado chamar de “cultura surda”. 
Embora bastante recorrente, o termo “cultura surda” ainda é alvo de muita polêmica. Para além da dificuldade habitual de se definir 
o que é ou não é cultura, os sujeitos surdos estão – quer queiram, quer não - inseridos em uma comunidade ouvinte e convivem com 
esses ouvintes, trocando experiências diariamente. 
Não há um país, estado, cidade ou mesmo bairro de surdos. O que se pode encontrar com facilidade são associações 
e instituições que constituem uma espécie de reduto das ditas “comunidades surdas”, embora essas comunidades não 
estejam restritas a esses ambientes, suas atividades e formas de interação. 
Cultura a partir da relação familiar 
 
Os sujeitos surdos são, em sua grande maioria, filhos de pais ouvintes. Situação que provoca, por maior a rejeição que tenha sofrido da 
família ou a falta de conhecimento sobre língua de sinais e surdez, algum tipo de interação com o que é conhecido como “cultura 
ouvinte”. Há também os casos em que pais surdos têm filhos ouvintes, o que pode provocar um redimensionamento de condutas e valores 
não no sentido de abandonar ou renegar a “cultura surda”, mas de estabelecer novas relações e interesses em relação à “cultura 
ouvinte”. 
 
Podem ser identificadas também famílias em que pais surdos têm filhos surdos e todos no núcleo daquela família são usuários e dominam 
LIBRAS como sendo sua língua materna. Percebe-se mesmo diferença no desempenho lingüístico desses surdos, pois não sofreram tanta 
influência da língua oral (portuguesa) no processo de aquisição da língua de sinais. Vale lembrar que muitos surdos não têm acesso às 
associações de surdos nem mesmo à língua de sinais e ainda aprenderam a língua de sinais com o apoio da língua portuguesa escrita ou 
oral. 
 
 
Ensinar Libras ou ensinar a falar? 
Muitos surdos são oralizados. Em função do método educativo utilizado durante a sua formação (durante muitos anos optou-se 
pelo chamado Oralismo nas escolas especializadas), alguns surdos simplesmente não compartilham os mesmos hábitos dos surdos 
que dominam a língua de sinais. 
Sua identidade é construída a partir de outra realidade lingüística e cultural e, por vezes, podem chegar mesmo a 
sofrer certa discriminação dentro das ditas “comunidades surdas”. Para ampliar os conhecimentos a esse respeito, é 
interessante fazer a leitura do Manifesto dos Surdos Oralizados. 
 
http://estacio.webaula.com.br/Cursos/tlsigt/docs/Aula_4_Manifesto_surdos_oralizados.pdf
 
 
 
 
Colocando-se no lugar do outro... 
 
Bem da verdade, os sujeitos surdos sinalizantes possuem suas próprias estratégias de compartilhar hábitos, valores, a língua e suas 
variações em ambientes de todos os tipos, inclusive aqueles que seriam pensados como exclusivamente de ouvintes por pessoasque não 
têm conhecimento da “cultura surda”. 
Você já imaginou um sujeito surdo em uma boate ou em um show musical? 
 
A cultura surda no cotidiano 
Já pensou em como é a casa de uma pessoa surda? O que ela precisa fazer para saber se alguém está tocando a campainha da casa? E se o 
telefone estiver tocando? Será que surdos possuem um telefone? Será que dá para usar um despertador para não perder a hora para o 
trabalho? Quais as diferenças mais marcantes entre a “cultura surda” e a “cultura ouvinte”? O que seria considerado “falta de educação” 
para um também o seria para outro? 
Para (tentar) responder a essas perguntas, leia os artigos da Revista Espaço, também disponìveis na Biblioteca da Disciplina. 
 
Sugestão de sites para você saber mais sobre o assunto tratado nesta aula: 
www.surdo.org.br 
www.vezdavoz.com.br 
http://estacio.webaula.com.br/Cursos/tlsigt/docs/aULA_4_Revista_Espaco.pdf
http://www.surdo.org.br/
http://www.vezdavoz.com.br/
Nesta aula você viu um pouco mais sobre: 
a) A relação entre cultura, ouvinte, ouvinte sinalizante, surdo oralizado e surdo sinalizante. 
b) Algumas particularidades relacionadas aos aspectos culturais no que concerne à cultura surda e à LIBRAS. 
 
 
Na próxima aula você irá ter contato com os aspectos sociolingüísticos das línguas de sinais. Não deixe de participar do fórum de 
discussão e de realizar os exercícios de autocorreção antes de iniciar a aula 4. 
 
 
Aula 5: Aspectos sociolinguísticos da língua de sinais 
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 
1. Identificar aspectos culturais relacionados ao sujeito surdo; 
2. Reconhecer as diversas nuances da/na identificação cultural do sujeito surdo em sua comunidade sinalizante e na sociedade 
em geral. 
Ao analisarmos as características principais dos seres humanos, logo destacamos o fato de que o homem é dotado 
de faculdade da linguagem. Isto o diferencie dos demais seres em função da complexidade dessa faculdade em 
relação à de qualquer outro ser. Aquilo que chamamos de faculdade da linguagem diz respeito a um sistema inato 
que, quando ativado, possibilidade o surgimento das diferentes línguas que conhecemos 
Língua e linguagem 
 
Antes mesmo de falarmos pela primeira vez já possuímos, portanto, um sistema mental através do qual estruturamos nosso pensamento, 
nosso conhecimento de mundo. Dessa forma, cada povo desenvolve uma língua específica possibilitado pelas infinitas combinações 
permitidas pelas regras desse sistema inato. 
Isso quer dizer que se uma criança nasce no Japão, a faculdade de aprender japonês é a mesma de uma criança que nasce no Brasil. 
Apenas cada criança irá desenvolver a língua específica do meio em que vive. 
Se buscarmos perguntar às pessoas mais próximas o que elas entendem por língua, poderemos encontrar uma variedade de 
respostas que apontam para visões diferenciadas de língua. Cientificamente, também diversas relações são estabelecidas. 
Língua e sociedade 
 
Podemos, por isso, estabelecer várias perspectivas para descrever a linguagem que privilegiam alguns de seus aspectos, suas formas de 
manifestação etc. Podemos, por exemplo, pensar na língua como um meio de comunicação, como uma estrutura, como um valor social, 
entre outras formas. 
 
Nesta aula, ressaltamos os aspectos sociolinguísticos das línguas de sinais. Em outras palavras, fazemos referência às relações 
entre linguagem e sociedade que podem nos ajudar a entender as línguas (de sinais) como valores, produtos de um determinado 
grupo. Essas possíveis relações nos permitem levantar algumas questões. 
Saiba mais(vídeo importante, uns 50minutos) 
http://v3.webcasters.com.br/Login.aspx?codTransmissao=12475&LoginExterno=est@estacio.com.br&SenhaExterno=1234 
 
 
 
http://v3.webcasters.com.br/Login.aspx?codTransmissao=12475&LoginExterno=est@estacio.com.br&SenhaExterno=1234
 
 
 
Saiba mais sobre as línguas de sinais. Visite www.ethnologue.com e clique em Deaf Sign Language (procure as línguas que 
são utilizadas no Brasil). 
Visite o site http://www.acessobrasil.org.br/libras/ e aprofunde o seu vocabulário. 
Nesta aula você viu um pouco mais sobre: 
a) A relação entre língua, linguagem e sociedade. 
b) Algumas particularidades relacionadas aos aspectos sociolinguísticos de LIBRAS. 
c) Algumas palavras e seus respectivos sinais. 
Na próxima aula você irá ter contato com outros aspectos gramáticas da LIBRAS. Não deixe de participar do fórum de discussão e 
de realizar os exercícios de autocorreção antes de iniciar a aula 4. 
 
http://www.ethnologue.com/
http://www.acessobrasil.org.br/libras/
 
 
Aula 6:Algumas categorias gramaticais da libras: pronomes, advérbios, adjetivos 
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 
1. Identificar aspectos gramaticais de LIBRAS relacionados aos pronomes, advérbios, adjetivos; 
2. Reconhecer algumas palavras e verbos relacionados ao campo semântico alimentação. 
 
 
 
 
O sistema pronominal em LIBRAS: pronomes pessoais 
Em LIBRAS, o sujeito da ação pode apontar alternadamente para o interlocutor e para si próprio, mãos formando o número dois, 
para significar “nós dois”. Da mesma forma, pode-se especificar tanto a primeira quanto a segunda e terceiras pessoas em três 
pessoas, quatro pessoas, plural, etc. 
Nas frases em LIBRAS o sujeito pode ser omitido (no caso das primeira e segunda pessoas) desde que o contexto possibilite 
identificá-lo. No caso da terceira pessoa, essa não será apontada se, mesmo estando presente, não for intenção do usuário 
ressaltar a sua presença por motivos culturais como, por exemplo, isso ser ou não falta de educação. 
Pronomes pessoais, na sequência do vídeo: a) “eu”; b) “tu/você”; c) “ele/ela”; d) “nós”; e) “vós/vocês”; f) “eles(as)”. 
O sistema pronominal em LIBRAS: pronomes demonstrativos e advérbios de lugar 
Em termos de sinais utilizados, essas duas categorias não apresentam diferença, sendo possível diferenciá-las apenas a partir do 
contexto. As relações estabelecidas são as mesmas da norma padrão encontrada em boa parte das línguas orais, a saber: 
este/isto/aqui, esse/isso/aí, aquele/aquilo/lá. 
 
No vídeo, vemos três pronomes demonstrativos/advérbios de lugar: a) “este” (indica o lugar em relação à primeira 
pessoa); b) “esse” (indica o lugar em relação à segunda pessoa); c) “aquele” (indica o lugar em relação à terceira 
pessoa). 
O sistema pronominal em LIBRAS: pronomes interrogativos 
Os pronomes como QUE e QUEM (que + pessoa ou quem) são utilizados no início ou final da frase, dependendo do contexto. 
QUANDO pode ser especificado em relação ao passado ou ao futuro, dependendo da direção do movimento da mão. 
No vídeo temos: a) “quem”; b) “quando”; c) “onde”; d) “por que”; e) “o que”; f) “como”. 
O sistema pronominal em LIBRAS: pronomes possessivos 
Os possessivos não apresentam concordância de número (pelo menos não em relação ao objeto) e nem de gênero. Concordam 
sempre em relação à pessoa do discurso. Eles são: a) “meu”; b) “teu/seu”; c) “dele”; d) “nosso”; e) “vosso”; f) “deles”. 
Advérbios de tempo 
São utilizados como uma espécie de marca sintática para indicar o tempo verbal na frase. Em geral, ficam no início da frase. 
No vídeo temos, na sequência: a) “ontem”; b) “hoje”; c) “amanhã”; d) “agora”. 
Adjetivos 
Não há concordância em relação ao gênero ou ao número. São fundamentais para a formação de classificadores descritivos, 
assumindo de maneira icônica a qualidade/forma de um objeto. São posicionados na frase logo após o substantivo. 
No vídeo temos, na sequência: a) “magra(o)”; b) “inteligente”; c) “delicioso(a); d) “novo(a)”. 
Verbos relacionados 
 No vídeo temos, na sequência: a) “comer”; b) “beber”; c) “comprar”; d) “pagar”; e) “cortar”; f) “gostar”; g) “preferir”. 
Frutas 
No vídeo temos, na sequência: a) “maçã”; b) “pêra”; c) “banana”; d) “melão”; e) “mamão”; f) “morango”; g) “uva”; h) 
“abacaxi”; i) “melancia”; j) “abacate”. 
Vocabulário relacionadoà alimentação: legumes e vegetais, carnes e massas 
No vídeo temos, na sequência: a) “alface”; b) “cenoura”; c) “batata”; d) “repolho”; e) “couve-flor”. 
No vídeo temos, na sequência: a) “peixe”; b) “frango”; c) “porco”; d) “carne bovina”; e) “pão”; f) “macarrão”; g) 
“nhoque”; h) “pizza”; i) “lasanha”. 
Saiba mais sobre as línguas de sinais. Visite www.ethnologue.com e clique em Deaf Sign Language (procure as 
línguas que são utilizadas no Brasil). 
Visite o site http://www.acessobrasil.org.br/libras/ e aprofunde o seu vocabulário. 
Nesta aula você viu: 
a) um pouco mais sobre categorias gramaticais em Libras, especialmente pronomes, adjetivos, advérbios; 
b) vocabulário relacionado à alimentação. 
Na próxima aula você irá ter contato com outros aspectos gramáticas da LIBRAS. Não deixe de participar do fórum de discussão e 
de realizar os exercícios de autocorreção. Até lá! 
http://www.ethnologue.com/
http://www.acessobrasil.org.br/libras/
 
 
Aula 7: Princípios de estruturação de uma sentença em LIBRAS 
Muitas pessoas usam a voz para trabalhar, como a locutora do vídeo acima, mas o conhecimento gramatical é 
indispensável, mesmo para quem só usa a voz. Nesta aula, vamos estudar a construção de sentenças em LIBRAS. 
Você verá que as frases podem seguir ou não a ordem sujeito-verbo-objeto, usada na construção de frases em língua 
portuguesa. Quando as sentenças não são construídas pela construção SVO, elas obedecem a uma lógica não-linear. 
Ao longo desta aula, explicaremos melhor esse tema e veremos alguns recursos de construção de frases em LIBRAS. 
Vamos lá? 
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 
1. Entender como se constrói a estrutura das frases em LIBRAS; 
2. Perceber as diferenças entre a construção de sentenças na língua portuguesa e em LIBRAS; 
 
3. Entender que a falta de uma lógica linear em LIBRAS não significa a falta de sentido, coerência e coesão nas sentenças de 
LIBRAS. 
Para estudar a construção de frases em LIBRAS, é preciso pensar que esta linguagem se estrutura a partir de recursos espaciais e 
visuais, ou seja, se utiliza do espaço para dar coerência e coesão as palavras que formam a sentença. 
 
Em Libras, encontramos quatro tipos de frases: 
 Afirmativa 
 Negativa 
 Interrogativa 
 Exclamativa 
 
 
 
 
 
Nesta aula, vimos como se constroem as frases na língua dos sinais e como a organização das sentenças nesta 
linguagem se difere da feita na língua portuguesa. Vimos ainda que a seqüência não-lógica das palavras que 
compõem as frases faz com que não haja uma organização linear das sentenças de LIBRAS, o que não significa que 
não exista sentido, coesão e coerência entre as palavras. 
Na próxima aula, você verá as principais diferenças entre a língua oral e a linguagem de Libras. Também vai ver um 
pouco sobre a estrutural verbal na língua dos sinais e como os classificadores e as expressões faciais complementam 
a comunicação feita em libras. 
 
Aula 8: Categorias gramaticais da libras: verbos e classificadores 
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 
1. Identificar diferenças entre a linguagem oral e a de LIBRAS; 
2. Entender a construção da estrutura verbal na linguagem de LIBRAS; 
3. Perceber a importância dos classificadores e da expressão facial para a linguagem de LIBRAS e de que forma aumentam a 
eficácia na comunicação feita nesta língua. 
A comunicação vai muito além das palavras. Ela também é feita de expressões faciais e linguagem corporal, por 
exemplo. Até mesmo os pinguins têm mecanismos para se comunicarem, como pode ser visto no vídeo. Existem 
inúmeras semelhanças entre a linguagem oral, que usamos no dia a dia, e a linguagem de LIBRAS. No entanto, elas 
não são iguais. Nesta aula, vamos ver as principais diferenças entre estas duas formas de comunicação e expressão. 
Além disso, vamos aprender um pouco da estrutura verbal em LIBRAS. Veremos ainda como os classificadores e as 
expressões faciais complementam a comunicação na linguagem das LIBRAS. Vamos lá? 
Estrutura de sentenças 
Em LIBRAS, encontramos categorias gramaticais que também estão presentes nas línguas orais. Sendo assim, na 
língua dos sinais, encontraremos itens lexicais que podem ser classificados como verbo, advérbio, adjetivo e 
pronome. A categoria artigo, no entanto, recorrente em inúmeras línguas orais, não existe em LIBRAS. 
Embora o conceito atribuído às categorias gramaticais de LIBRAS seja semelhante ao das línguas orais, suas formas 
de classificação e de funcionamento são diferentes. Portanto, a LIBRAS não pode ser estudada tendo como base a 
Língua Portuguesa, já que sua gramática é independente da língua oral. 
A ordem dos sinais na construção de uma frase em LIBRAS obedece a regras próprias, que refletem a forma de o 
surdo processar suas idéias tendo como parâmetro a sua percepção visual-espacial da realidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nesta aula, vimos as principais diferenças entre a língua chamada oral e a linguagem de LIBRAS. Vimos ainda como é a 
construção da estrutura verbal na linguagem dos surdos-mudos. Também estudamos como os classificadores e a expressões 
faciais complementam a linguagem e maximizam a compreensão entre quem está usando esta forma de comunicação. 
 
Como já vimos, a Libras é uma língua viva, diretamente ligada a elementos visuais. Na próxima aula, você irá treinar a 
compreensão de diálogos em Libras. Para isso, vai assistir a um vídeo com diálogos nesta linguagem. Fique atento e faça os 
exercícios para testar o que você aprendeu até aqui. Boa sorte! 
 
 
Aula 9: Compreensão de diálogos 
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 
1. Melhorar a sua capacidade de compreender diálogos em LIBRAS; 
2. Aumentar o seu vocabulário de LIBRAS; 
3. Ser capaz de melhorar suas expressões faciais objetivando tornar a comunicação em LIBRAS mais eficaz. 
No vídeo, você assistiu a um caso em que uma pessoa surda salva a vida de uma que pode escutar (o ouvinte, no 
momento em que vai atravessar a rua, não ouve a buzina do carro por estar ouvindo uma música alta em seu ipod). 
A mensagem que o vídeo quer passar é: “não é porque uma pessoa não pode escutar que ela não enxerga”. Tal 
mensagem nos faz pensar que, muitas vezes, quando pensamos em deficientes auditivos, associamos sua imagem a 
pessoas limitadas, incapazes de realizar ações que nós ouvintes realizamos. Eliminar o preconceito e entender que 
estas pessoas são capazes de viver em sociedade ainda é um longo caminho a percorrer. Que tal começar 
entendendo um pouco mais sobre sua forma de se comunicar? Veja os diálogos desta aula e teste a sua 
compreensão! 
 
 
Testando a compreensão de diálogos 
 
 
 
Leia o material disponibilizado no blog dos Surdos Usuários da Língua Portuguesa . 
 
Nesta aula, você exercitou a compreensão de diálogos em LIBRAS. Com isso, percebeu o quanto um simples diálogo para nós que 
podemos falar e ouvir pode se tornar difícil quando não dominamos a forma de comunicação que está sendo utilizada. 
 
Na próxima aula, você vai ver alguns exemplos de produções culturais feitas para surdos. Verá também como iniciativas 
envolvendo as artes para deficientes auditivos e visuais podem ter conteúdos criativos e como a propagação destas 
manifestações vem sendo facilitadas pelas novas tecnologias de comunicação. 
http://www.saci.org.br/index.php?modulo=akemi&parametro=1062
 
Aula 10: Literatura em língua de sinais 
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 
1. Conhecer alguns exemplos de manifestações artísticas feitas para deficientes auditivos; 
2. Perceber a importância da propagação de iniciativas artísticas produzidas para surdos; 
3. Entender que novas tecnologias permitiram que o público surdo e mudo tivesse maior acesso às manifestações artísticas feitas 
para este. 
Pare para pensar. Você consegue se lembrar de manifestações artísticas, literárias e culturais produzidas 
especialmente para deficientes auditivos?Se a sua resposta for não, não se assuste. Apesar de existirem, elas são 
poucas. Assim como são raras as produções culturais feitas por deficientes auditivos. O vídeo que você assistiu traz 
um exemplo de uma apresentação feita por dançarinos que não podem ouvir (apresentação de um grupo chinês 
denominado Disabled People’s Performance Art Troupe, Alemanha, 2008). Ainda há um grande caminho a percorrer 
para que estas manifestações ganhem visibilidade na sociedade. Apesar disso, as novas tecnologias estão, cada vez 
mais, ajudando na propagação destas iniciativas artísticas. Vamos ver mais? 
 
 
 
 
No vídeo ao lado, temos um exemplo de como novas tecnologias podem ajudar a aumentar a inclusão de surdos na 
sociedade. A menina, que é deficiente auditiva, recebe uma ligação do “Papai Noel” e consegue se comunicar com 
ele por meio de um aparelho tecnológico em que um intérprete faz a mediação entre a menina e o Papel Noel, 
permitindo que ela faça seus pedidos de natal. 
 
 
 
 
No vídeo ao lado temos um exemplo da sétima arte feita para deficientes auditivos. Trata-se de uma interpretação 
em LIBRAS para o filme nacional Os desafinados. Aproveite para ler também um artigo sobre inclusão. 
Produza um vídeo amador de no máximo dez minutos em que você trava um diálogo com um amigo em LIBRAS ou apresenta 
algum lugar ou atividade do seu cotidiano como se fosse um repórter. Se possível, poste seu vídeo no youtube (ou outra 
interface para compartilhamento de vídeo) e envie o link para seu professor. 
 
Nesta aula, você viu algumas formas de expressões e manifestações artísticas produzidas na linguagem de LIBRAS, para 
deficientes auditivos. Também viu como as novas tecnologias estão, cada vez mais, facilitando a propagação de iniciativas 
culturais, literárias e artísticas feitas para a comunidade surda. Assim, você pôde perceber como ainda são escassas as 
produções envolvendo as artes para este público. 
http://estacio.webaula.com.br/Cursos/tlsigt/docs/Leitura_complementar.pdf
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este  texto  encontra‐se  publicado  na  Revista  Espaço  (Informativo  técnico‐
científico do INES) sob o n.25/26, 2006.     
 
Anotações sobre língua, cultura e identidade: um convite ao debate 
sobre Políticas Lingüísticas. 
Alexandre do Amaral Ribeiro1 
 
Resumo 
 
Este artigo se pretende um convite à discussão sobre políticas lingüísticas e suas relações com 
o modo como as pessoas concebem a língua, cultura e identidade em suas vidas. A língua tem 
uma vida social e política a qual é comumente negligenciada por algumas crenças, em especial, 
quando o assunto é  língua e seu papel na sociedade.  Isto porque a  língua é freqüentemente 
vista como um dom natural e por isso mesmo fora da questão ética. Neste artigo é sustentada 
a  idéia de que  tal posição não é apropriada e que discutir a  língua  implica,  sim, discutir  seu 
lugar na vida social e política dos indivíduos.  
 
Abstract 
 
This article  intends to be an  invitation to a discussion on  linguistic politics and  its relations to 
the way people conceive language, culture and identity in their lives. Language has a social and 
a political  life which are commonly neglected by some beliefs, specially, when  the subject  is 
language and its role in the society. That’s because language is often seen as a natural gift and 
therefore completely outside of the ethics issue. This article sustains the idea that this point of 
view  is  inappropriate  and  that  a  language  discussion  implies  a  discussion  on  its  place  in 
individual’s political life.      
  
A proposta deste artigo é fomentar o debate sobre políticas  lingüísticas a partir das possíveis 
relações  entre  língua,  identidade  e  cultura.  Para  tal,  relata  situações  do  cotidiano  dos 
falantes/cidadãos brasileiros, bem  como  resgata  alguns  fatos históricos que,  embora pouco 
divulgados,  podem  auxiliar  na  compreensão  do  lugar  da  língua  na  vida  política  e  social  da 
nação. Ao  final,  a  título de  se  compreender  a extensão e  conseqüências  inerentes  aos atos 
políticos  relacionados  à  língua,  propõe‐se  uma  reflexão  sobre  amplitude  das  políticas 
lingüísticas no país  (o  caso da  LIBRAS)  e  fazem‐se  alguns  comentários  sobre  as políticas de 
inclusão.  Apontar para tais fenômenos, neste texto, não significa discuti‐lo com profundidade, 
 
1 Doutor em Lingüística pela Unicamp. Mestre em Letras e Especialista em Psicopedagogia Diferencial 
pela PUC/RJ. Professor de Pedagogia do Instituto Superior Bilíngüe do INES.    
Este  texto  encontra‐se  publicado  na  Revista  Espaço  (Informativo  técnico‐
científico do INES) sob o n.25/26, 2006.     
mas mostrar o quanto é  importante admitir a vinculação  língua‐identidade‐cultura‐educação‐
cidadania e suas implicações políticas.     
 
Não  é  raro  encontrar,  em  conversas  informais  entre  amigos  e  familiares,  diferentes 
posicionamentos  pessoais  sobre  a  adequação  ou  não  de  determinados  usos  lingüísticos  e 
sobre o quanto àqueles usos  (citados nas  referidas  conversas)  lhes  são motivo de vergonha 
e/ou chacota. Essa situação relativamente recorrente torna‐se de grande relevância quando o 
assunto  é  “o  absurdo  de  uma  determinada  pessoa  ter  usado  certa  construção  lingüística 
considerada errada ou deselegante”.  Isto acontece, em especial, ao  se  considerar a posição 
social de quem fala.  
 
Há  também  situações  em  que  se  observa  um  certo  descaso  para  com  o  uso  e  usuários de 
línguas  visuais  –  como  a  Libras  –  uma  vez  que  para  a  maioria  da  população  trata‐se  – 
equivocadamente – de simples gestos. Assim,  tampouco é raro encontrar  interlocutores que 
juram serem “os gestos utilizados por surdos” universais. Para esses, seria óbvio que os surdos 
do mundo  inteiro  pudessem  se  comunicar  sem  problemas.  Ao  que  parece,  essas  pessoas 
olham para o surdo – na melhor das hipóteses  ‐ como um ser universalmente deficiente, de 
modo que se tornaria desnecessário pensar na dimensão sócio‐cultural de um bem  imaterial 
como a língua de uma comunidade (de surdos) constituída por sujeitos sinalizantes.     
 
De fato, mitos diversos acerca da  língua (sua concepção/definição e formas de uso) parecem 
influenciar  essa  tendência  no  comportamento  das  pessoas  em  geral.  Para  a  maioria  da 
população, discutir a língua é discutir seus usos “corretos e/ou incorretos” a partir das normas 
encontradas na Gramática Normativa. Dificilmente, tomam consciência das implicações sócio‐
culturais  e  identitárias  inerentes  à  existência  e  aos  usos  lingüísticos,  tampouco  de  sua 
pluralidade legítima.   
 
Uma  outra  dimensão  que  costuma  lhes    fugir  com  certa  freqüência  é  a  dimensão  social  e 
política  da  língua.  A  idéia  generalizada  é  a  de  que  tal  discussão  é  sem  importância,  ou 
minimamente,  sem  aplicação  imediata para  a  vida das pessoas. Haveria, nessa perspectiva, 
assuntos mais  relevantes  ‐  social  e  politicamente  ‐  como  a  “fome  da  população”, os  “altos 
impostos”,  “a  corrupção  dos  políticos”,  etc.  Para  esses,  a  língua  é  algo  natural  (no  sentido 
mesmo  biológico  e  hereditário)  a  tal  ponto  que  questões  éticas  e  políticas  não  lhe  são 
pertinentes. Lembre‐se aqui que a questão ética vem à tona, exclusivamente, no momento em 
que  se  reconhece  a  possibilidade  de  ação  do  homem.  A  natureza  não  pode  ser 
responsabilizada pelos seus atos... 
 
Este  texto  encontra‐se  publicado  na  Revista  Espaço  (Informativo  técnico‐
científico do INES) sob o n.25/26, 2006.     
A relação entre  língua(gem), sociedade e cultura é  inegável a partir do momento em que se 
reconhece  a  existência  de  uma  sujeito  da  linguagem.  Nenhum  enunciadoé  produzido 
destituído  de  intenção,  tampouco  sua  produção  e  significado  podem  ser  entendidos  em 
separado do contexto sócio‐histórico de sua produção. Há uma dimensão claramente social e 
política da linguagem. Embora não se neguem aqui seus aspectos cognitivos e biológicos, não 
se pode dizer que qualquer estudo  sobre  a  língua(gem),  seu  funcionamento e padrões  seja 
isento de dimensão política.  Isto  é  verdadeiro  tanto para o  caso  em que  se olham para  as 
contribuições de  lingüistas quanto para os esforços declaradamente políticos de se controlar, 
preservar, regulamentar e legitimar certos usos lingüísticos. 
 
Dentre  os  mitos  e  crenças  existentes  sobre  a  língua  –  capazes  de  influenciar  os 
pensamentos/comportamentos, anteriormente destacados, pode‐se citar a crença de que há 
uma forma  lingüística melhor que a outra e de que no Brasil “fala‐se” apenas uma  língua. Há 
também  a  crença  de  que  a  língua  portuguesa  é  muito  difícil,  quase  impossível  de  ser 
aprendida. Esse pensamento parece verdadeiro e recorrente para maioria da população, o que 
pode se detectado quando o assunto é o uso português feito por falantes/ouvintes nativos. A 
situação  fica  mais  visível  quando  se  encontram  crenças  inadequadas  entre,  não  somente 
aqueles que são desinformados sobre a Língua de Sinais Brasileira como também entre os que 
parecem  ter  algum  conhecimento  sobre  as  condições  e  capacidade  de  surdos  aprenderem 
português.      
Isto acontece, em parte, porque fatores históricos de formação do País revelam a existência de 
um  grande  esforço  para  dominar  uma  língua  de  além‐mar  e,  portanto  neste  sentido, 
estrangeira. O brasileiro não é – em termos da construção de sua  identidade  lingüística e em 
seu  imaginário  – um  nativo de  sua própria  língua.  Para uma boa parte da  população, há  a 
crença de que a  língua portuguesa somente é bem falada em Portugal... Lá sim é que se fala 
bem o português (Bagno, 1999).  
 
Sobre  a  história  da  língua  portuguesa  no  Brasil  interessa,  primeiramente,  lembrar  que  aos 
índios, aos descendentes de  imigrantes que, em  suas  comunidades, muitas vezes não  falam 
senão  a  língua  de  seus  antepassados  e  aos  surdos,  que  constituem  comunidades  com 
peculiaridades próprias é reconhecida e assegurada, pela Constituição Federal, a nacionalidade 
brasileira.   Assim,  reconhecendo  suas  formas próprias de  comunicação,  é  inadequado dizer 
que  no  Brasil  se  fala  uma  única  língua  ou,  ainda,  que  apenas  o  português  é  a  língua  dos 
brasileiros, pois isso implica o esquecimento ou mesmo a exclusão de alguns brasileiros e suas 
formas de comunicação. Ainda hoje se falam mais de 180 línguas no Brasil.     
 
Este  texto  encontra‐se  publicado  na  Revista  Espaço  (Informativo  técnico‐
científico do INES) sob o n.25/26, 2006.     
Além  disso,  o  que  popularmente  se  acredita  como  sendo  uma  única  língua  não  é,  nem  de 
longe  uniforme/  homogêneo.  A  visão  popular  de  língua,  por  desconhecimento  e  não 
necessariamente por má fé e/ou atitude  intencionalmente preconceituosa, confunde a partir 
de generalizações diversas o conceito de língua. Inicialmente, parte–se da idéia de que língua é 
algo, só e somente só,  falado ou escrito no sentido de que para haver/usar  língua é preciso 
emitir som ou ser capaz de escrever.  
A questão da concepção de língua passa comumente por idéias aprendidas desde a mais tenra 
idade. Os cidadãos aprendem que no Brasil se fala uma única  língua, que ela é muito difícil – 
talvez mesmo  a mais  difícil  do mundo.  Isto  se  procura,  em  geral,  “provar”,  por  exemplo, 
mostrando a existência de palavras como manga e saudade, etc. Quanto à palavra manga é 
preciso  lembrar que  fenômenos como o da existência de uma “mesma palavra” que assuma 
significados  diversos  não  é,  de maneira  alguma,  privilégio  da  língua  portuguesa. Quanto  à 
palavra  saudade,  ainda  que  não  se  possa  dizer  que  sua  origem  etimológica  e  composição 
semântica apontem para exatamente a mesma idéia (como não acontece tampouco na relação 
entre  a  infinidade  de  outras  palavras  de  línguas  diferentes  quando  comparadas),  indica–se 
aqui  uma  pesquisa  mais  apurada  sobre  a  existência,  por  exemplo,  de  palavras  como 
“Sehnsucht”  (saudade)  e  de  verbos  como  “sehnen”  (sentir  saudade)  em  alemão. O  que  se 
deseja  com  essa  indicação  é  um  convite  a  uma  análise  mais  profunda  das  implicações 
provocadas por afirmações do tipo: “a palavras saudade só existe em português”. Afinal, o que 
isso significa de fato?      
Parece acertado dizer que há  implicações políticas  implícitas em afirmações como essas que 
visam  destacar  determinado  aspecto  sócio‐cultural. Muitos  acreditam  ainda  que  por  uma 
espécie de milagre ou concessão divina em um país de dimensões continentais como o Brasil 
fala–se a mesma língua. A língua dita portuguesa, no entanto, que se fala no Brasil precisou de 
uma série de ações sócio‐políticas para ser “padronizada” e se “firmar” conforme se conhece 
na atualidade. 
Silva  (1995)  ao  estudar  as  relações  entre  língua  e  inquisição  no  Brasil  analisa  a  história  da 
língua  portuguesa  a  partir  de  dados  sobre  a  vida  do  Padre Manuel  da  Penha  do  Rosário, 
pertencente  a  Congregação  de  Nossa  Senhora  das Mercês.  Esse  padre,  em  sua missão  de 
catequizar os índios no Brasil, utilizava–se de línguas indígenas, contrariando as determinações 
D’ El Rei de Portugal. Dessa maneira, e por isso mesmo, é convocado a comparecer diante do 
Santo Ofício para defender–se de acusações pelo uso de  línguas  indígenas ao  catequizar os 
índios.  Essas  acusações  foram  feitas  pelo Marquês  de  Pombal  e  seus  aliados. O  padre,  no 
entanto,  escreve  um  documento,  respondendo  às  questões  propostas  pelo  Santo  Ofício. 
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científico do INES) sob o n.25/26, 2006.     
Dentre os seus argumentos estavam: a ineficácia de se tentar explicar o evangelho ou ensinar 
algo que fosse da doutrina em português a um alunado indígena que nada conhecia da língua 
portuguesa.  Naturalmente,  para  ser  entendido  o  evangelho  e  a  doutrina  era  indispensável 
empregar o idioma indígena. Assim se expressa Pe Manuel da Penha do Rosário: 
Verdade  é  que  a  maior  parte  dos  párocos  presentes,  porque  não 
sabem falar a língua oficial dos índios, ainda que dela tenham algum 
conhecimento e inteligência, e outros, porque só aprenderam quanto 
lhes bastasse para dizerem missa, e não para se exercerem em um o 
ministério de pregar, apenas  se  contentam, ou per  si ou por algum 
rapaz,  com  lhes  repetirem  aquelas  orações  comuns  e  perguntas 
ordinárias dos mistérios divinos, em  língua portuguesa e do mesmo 
modo  que  nas  escolas,  quando  meninos,  as  decoraram 
materialmente.  E  o  fazem  assim  tão  sem  proveito  dos  índios  que, 
perguntados  eles  de mim,  o  que  pedem  no  padre‐nosso  e  na  ave‐
maria, dizem que não sabem. E se passo a  inquirir o que está em a 
hóstia consagrada, me respondem uns que  (é) Santa Maria e outros 
que os fígados de Cristo Senhor Nosso. Mas nem por  isso deixam de 
se haverem com eles, em os confessionários e  fora deles, em  língua 
vulgar. E para  isto procuram aprender as palavras mais necessárias, 
em  que  tudo  sabe  Deus  que  não  minto...  .(Rosário  apud  Silva, 
1995:11).         
 A coerência dos seus argumentos provou que não fazia sentido, no caso da evangelização, o 
uso  da  língua  portuguesa,  enquanto  os  índios  não  a  compreendessem.  O  que  o  padre 
reivindica, na verdade, é o direito que cada indivíduo tem de ser instruído e de usar a língua de 
sua própria comunidade. Vale  lembrar que esse documento foi escrito no augeda  influência 
pombalina. No entanto, o padre  formulou de  tal  forma  sua defesa que não  só  foi absolvido 
como  ganhou o direito de  conduzir  uma paróquia  em  uma  comunidade  indígena, podendo 
colocar em prática as  suas  idéias e  ideais. Bastante à  frente de  sua época, o  referido padre 
trazia  à  tona  a  discussão  sobre  políticas  lingüísticas  encontrada mais  tarde  na  Declaração 
Universal dos Direitos Lingüísticos e, por exemplo, nas intermináveis discussões sobre o direito 
dos surdos sinalizantes a serem educados em língua de sinais.    
Na  Declaração  Universal  dos  Direitos  Lingüísticos  são  reivindicados  direitos  como  os  de 
preservação  manutenção  da  cultura  e  língua  próprias  de  cada  comunidade  e  o  de  ter 
respeitado a  língua de cada comunidade ou grupo  lingüístico.   A visão de  língua apresentada 
nesse documento é a de “resultado da confluência e da  interação de uma multiplicidade de 
Este  texto  encontra‐se  publicado  na  Revista  Espaço  (Informativo  técnico‐
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fatores: político‐jurídicos;  ideológicos e históricos; demográficos e  territoriais; económicos e 
sociais; culturais; lingüísticos e sociolingüísticos; interlingüísticos; e, finalmente, subjetivos”. 
Ao contrário do que se costuma pensar, portanto, falar sobre  língua  implica sim encetar uma 
discussão sobre políticas  lingüísticas, uma vez que não existe uma  língua homogênea e única 
em nenhum país do mundo nem há uma definição única para o que  seja  língua.  Esse bem 
imaterial é heterogêneo, vivo, dinâmico e, embora se possam encontrar teorias que tomem a 
língua  como  um  objeto  de  dimensão  puramente  estrutural,  a  língua  é  constitutiva  do  ser 
humano – um ser social e político. As concepções de língua que vierem ou não a ser adotadas 
por essa ou aquela teoria terão conseqüências para a vida política e social desses falantes.  
Tais  conceitos  podem  alterar  as  formas  como  as  pessoas  constroem  suas  identidades 
enquanto  falantes  de  uma  língua  e  cidadãos  de  um  país.  Não  é  de  se menosprezar,  por 
exemplo, a situação  (indesejável) em que a LIBRAS  (língua brasileira de sinais) é considerada 
apenas um conjunto de gestos sem status de língua. Um surdo nascido no Brasil é, salvo casos 
específicos da  lei, um brasileiro que não tem a  língua portuguesa como  língua materna. Se a 
população e mesmo alguns estudiosos e políticos  insistem que a  língua portuguesa é a única 
língua  legítima  de  um  brasileiro,  que  falar  da  situação  política,  social  e  cultural  de  surdos, 
índios e outros grupos que podem ser brasileiros sem ter como língua materna o português? 
Contudo, a afirmação anterior não pretende dar a idéia de que os surdos devam simplesmente 
ignorar a  língua oficial do  seu país. Os  surdos  sinalizantes  têm direito a  língua portuguesa e 
precisam  conhecê‐la  e  dominá‐la  para  efeitos  de melhor  acesso  à  vida  política  e  social  da 
sociedade  em  seu  entorno  cuja  composição  inclui  também  a  sua  família. Há que  se pensar 
também  que  a  língua  brasileira  de  sinais  não  é  a  única  língua  dos  surdos  brasileiros.  Há 
comunidades  indígenas com alto  índice de ocorrência de surdez que possuem uma  língua de 
sinais própria. Esses surdos também são brasileiros. Por fim, não se pode discriminar os surdos 
oralizados que,por ventura, não tenham ou não queriam ter a língua de sinais como L1.    
As questões levantadas pelo estudo de políticas lingüísticas são interessantes, não somente do 
ponto de vista da  informação sobre  fatos históricos e sobre os processos de gramatização e 
padronização  da  língua  nacional.  São  interessantes  também  pelo  fato  de  permitirem 
discussões  sobre  identidade  lingüística e  cultural no Brasil. A partir de estudos em políticas 
lingüísticas são questionadas ações como as inerentes à tendência de se reduzir a diversidade 
e favorecer atitudes contrárias à pluralidade cultural, evitando o pluralismo lingüístico. 
São discussões possíveis na área de Políticas Lingüísticas aquelas sobre projetos de lei como o 
do  Deputado  Aldo  Rebelo  que  restringia  o  uso  de  palavras  estrangeiras  no  Brasil;  as  que 
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tratam  das  denúncias  contra  preconceito  lingüístico;  as  que  propõem  reflexões  sobre  o 
reconhecimento de Libras como meio oficial de comunicação da comunidade de surdos, as que 
estudam movimentos como o “Deaf Power” e “Resistência Surda”, entre outras.  
Por  último,  é  possível  ainda  usufruir  das  contribuições  sobre  políticas  lingüísticas  para  se 
pensar as políticas de inclusão (no âmbito da educação ou não) no país. Qual o significado da 
inclusão em termos do lugar que a inclusão ocupa na sociedade e na educação?  
Ao que veio, para onde vai? Para que tipo de educação/sociedade pretende conduzir o projeto 
de inclusão? Pensar sobre essa questão impulsiona a formulação de algumas outras inerentes 
ao  contexto. Uma delas  refere‐se ao  “risco” existente no  fato de que um  indivíduo precise, 
antes de tudo, ser reconhecido como excluído para que, então, a sociedade e a educação (em 
nome  das  novas  demandas  de  uma  sociedade  dita  inclusiva)  venham  a  propor  princípios  e 
estratégias de inclusão. Inclusão que visa a incluir quem? Onde?  
 
Parece sempre útil lembrar que ao se propor a inclusão de alguém se está afirmando que essa 
pessoa  (embora  tenha o direito) não é reconhecida como  fazendo parte efetiva do contexto 
em que se deseja incluí‐la. Dessa maneira, esforços são desempenhados para que – sem forçar 
a “natureza” do  indivíduo e respeitando as suas diferenças, façam adequações no ambiente‐
alvo para que se possa proceder à  inclusão. Movidos a partir de que  tipo de crença sobre o 
outro  e  respaldados  sobre  que  princípio  e  autoridade  propõem‐se  ações  no  sentido  da 
inclusão?  Essa  reflexão  é  importante  se  não  se  quiser  criar  uma  sociedade  de  “ex‐alguma 
coisa”: ex‐drogados, ex‐excluído.  
 
Muitos podem questionar a necessidade e pertinência ou não das  reflexões, ora propostas, 
mas parece correto afirmar que não se deseja olhar para o  indivíduo aprendente como se de 
repente  tivesse a  sociedade  conseguido, por bondade,  salvar a  sua vida do  caos. Há que  se 
encontrar  alternativas  para  não  somente  estancar  a  discriminação, mas  para  resignificar  a 
existência  e  o  papel  de  indivíduos  ditos  diferentes  na  sociedade.    Tal  objetivo  exige, 
necessariamente,  uma  reengenharia  nas  formas  de  se  conceber  e  comportar  diante  da 
situação de inclusão.  
 
Essa visão  interessa, pois o que parece ser adequado é um “despertar” da sociedade para o 
fato dos aprendentes/cidadãos serem todos dotados de grande capacidade cada qual em sua 
especificidade  (sem  por  isso  estar  impedido  de  desenvolver‐se  em  outras  áreas).  As 
especificidades/características de cada um, inclusive as lingüísticas, não podem – em nome da 
valorização da língua e do cidadão ‐ se tornar elementos formadores de guetos. 
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científico do INES) sob o n.25/26, 2006.     
Referências Bibliográficas: 
BAGNO. Marcos. Preconceito Lingüístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 1999. 
CORTEZ,  Suzana  &  XAVIER,  Antonio  Carlos  (orgs).  Conversas  com  lingüistas  –  virtudes  e 
controvérsias da lingüística. São Paulo: Parábola, 2003.  
FERREIRA,  Dina Maria Martins  &  RAJAGOPALAN,  Kanavillil  (orgs).  Políticas  em  Linguagem: 
perspectivas identitárias. São Paulo: Editora Mackenzie, 2006.  
GUIMARÃES,  Eduardo  &  ORLANDI,  Eni  P.  Língua  e  Cidadania:  o  português  no  Brasil. 
Campinas/SP: Pontes, 1996.   
LACOSTE, Yves & RAJAGOPALAN,Kanavillil. A geopolítica do inglês. São Paulo: Parábola, 2005. 
RAJAGOPALAN, Kanavillil. Por uma lingüística crítica: linguagem, identidade e a questão ética. 
São Paulo: Parábola, 2003. 
RIBEIRO,  Alexandre  do  Amaral.  Língua  tua  manifestum  te  facit:  considerações  sobre 
identidade lingüística e cultural no Brasil. Dissertação de Mestrado: PUC/RJ, 2000. 
SILVA,  José  Pereira  da.  Pe.Manuel  da  Penha  do  Rosário:  língua  e  inquisição  no  Brasil  de 
Pombal – 1773. Rio de Janeiro: EDUERJ, 1995.  
UNESCO.  Declaração  Universal  dos  Direitos  Lingüísticos.  Disponível  em:  <www.linguistic‐
declaration.org/index.htm>. Acessado em: 10/04/2006. 
 
 
 
 
 1 
Aula 3 - Carta para o Terceiro Milênio 
 
Esta Carta foi aprovada no dia 9 de setembro de 1999, em Londres, Grã-
Bretanha, pela Assembléia Governativa da REHABILITATION INTERNATIONAL, 
estando Arthur O’Reilly na Presidência e David Henderson na Secretaria 
Geral. A tradução foi feita do original em inglês pelo consultor de inclusão 
Romeu Kazumi Sassaki. 
 
Nós entramos no Terceiro Milênio determinados a que os direitos humanos de 
cada pessoa em qualquer sociedade devam ser reconhecidos e protegidos. 
Esta Carta é proclamada para transformar esta visão em realidade. 
Os direitos humanos básicos são ainda rotineiramente negados a segmentos 
inteiros da população mundial, nos quais se encontram muitos dos 600 milhões 
de crianças, mulheres e homens que têm deficiência. Nós buscamos um 
mundo onde as oportunidades iguais para pessoas com deficiência se tornem 
uma conseqüência natural de políticas e leis sábias que apóiem o acesso a, e a 
plena inclusão, em todos os aspectos da sociedade. 
O progresso científico e social no século 20 aumentou a compreensão sobre o 
valor único e inviolável de cada vida. Contudo, a ignorância, o preconceito, a 
superstição e o medo ainda dominam grande parte das respostas da sociedade 
à deficiência. No Terceiro Milênio, nós precisamos aceitar a deficiência como 
uma parte comum da variada condição humana. Estatisticamente, pelo menos 
10% de qualquer sociedade nascem com ou adquirem uma deficiência; e 
aproximadamente uma em cada quatro famílias possui uma pessoa com 
deficiência. 
Nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, nos hemisférios norte e sul 
do planeta, a segregação e a marginalização têm colocado pessoas com 
deficiência no nível mais baixo da escala sócio-econômica. No século 21, nós 
 
 
 
 
 2 
precisamos insistir nos mesmos direitos humanos e civis tanto para pessoas 
com deficiência como para quaisquer outras pessoas. 
O século 20 demonstrou que, com inventividade e engenhosidade, é possível 
estender o acesso a todos os recursos da comunidade ambientes físicos, 
sociais e culturais, transporte, informação, tecnologia, meios de 
comunicação, educação, justiça, serviço público, emprego, esporte e 
recreação, votação e oração. No século 21, nós precisamos estender este 
acesso que poucos têm para muitos, eliminando todas as barreiras ambientais, 
eletrônicas e atitudinais que se anteponham à plena inclusão deles na vida 
comunitária. Com este acesso poderão advir o estímulo à participação e à 
liderança, o calor da amizade, as glórias da afeição compartilhada e as 
belezas da Terra e do Universo. 
A cada minuto, diariamente, mais e mais crianças e adultos estão sendo 
acrescentados ao número de pessoas cujas deficiências resultam do fracasso 
na prevenção das doenças evitáveis e do fracasso no tratamento das condições 
tratáveis. A imunização global e as outras estratégias de prevenção não mais 
são aspirações; elas são possibilidades práticas e economicamente viáveis. O 
que é necessário é a vontade política, principalmente de governos, para 
acabarmos com esta afronta à humanidade. 
Os avanços tecnológicos estão teoricamente colocando, sob o controle 
humano, a manipulação dos componentes genéticos da vida. Isto apresenta 
novas dimensões éticas ao diálogo internacional sobre a prevenção de 
deficiências. No Terceiro Milênio, nós precisamos criar políticas sensíveis que 
respeitem tanto a dignidade de todas as pessoas como os inerentes benefícios 
e harmonia derivados da ampla diversidade existente entre elas. 
Programas internacionais de assistência ao desenvolvimento econômico e 
social devem exigir padrões mínimos de acessibilidade em todos os projetos 
de infra-estrutura, inclusive de tecnologia e comunicações, a fim de 
 
 
 
 
 3 
assegurarem que as pessoas com deficiência sejam plenamente incluídas na 
vida de suas comunidades. 
Todas as nações devem ter programas contínuos e de âmbito nacional para 
reduzir ou prevenir qualquer risco que possa causar impedimento, deficiência 
ou incapacidade, bem como programas de intervenção precoce para crianças 
e adultos que se tornarem deficientes. 
Todas as pessoas com deficiência devem ter acesso ao tratamento, à 
informação sobre técnicas de auto-ajuda e, se necessário, à provisão de 
tecnologias assistivas e apropriadas. 
Cada pessoa com deficiência e cada família que tenha uma pessoa deficiente 
devem receber os serviços de reabilitação necessários à otimização do seu 
bem-estar mental, físico e funcional, assim assegurando a capacidade dessas 
pessoas para administrarem sua vida com independência, como o fazem 
quaisquer outros cidadãos. 
Pessoas com deficiência devem ter um papel central no planejamento de 
programas de apoio à sua reabilitação; e as organizações de pessoas com 
deficiência devem ser empoderadas com os recursos necessários para 
compartilhar a responsabilidade no planejamento nacional voltado à 
reabilitação e à vida independente. 
A reabilitação baseada na comunidade deve ser amplamente promovida nos 
níveis nacional e internacional como uma forma viável e sustentável de prover 
serviços. 
Cada nação precisa desenvolver, com a participação de organizações de e 
para pessoas com deficiência, um plano abrangente que tenha metas e 
cronogramas claramente definidos para fins de implementação dos objetivos 
expressos nesta Carta. 
Esta Carta apela aos Países-Membros para que apóiem a promulgação de uma 
Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência 
como uma estratégia-chave para o atingimento destes objetivos. 
 
 
 
 
 4 
No Terceiro Milênio, a meta de todas as nações precisa ser a de evoluírem 
para sociedades que protejam os direitos das pessoas com deficiência 
mediante o apoio ao pleno em poderamento e inclusão delas em todos os 
aspectos da vida. Por estas razões, a CARTA PARA O TERCEIRO MILÊNIO é 
proclamada para que toda a humanidade entre em ação, na convicção de que 
a implementação destes objetivos constitui uma responsabilidade primordial 
de cada governo e de todas as organizações nãogovernamentais e 
internacionais relevantes. 
DECRETO No 3.298, de 20 de dezembro de 1999 
 
Regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional 
para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, 
e dá outras providências. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, 
incisos IV e VI, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 7.853, de 24 de 
outubro de 1989, D E C R E T A : 
CAPÍTULO I 
Das Disposições Gerais 
Art. 1º A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência 
compreende o conjunto de orientações normativas que objetiva assegurar o pleno 
exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiência. 
Art. 2º Cabe aos órgãos e às entidades do Poder Público assegurar à pessoa portadora 
de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à 
educação, à saúde, ao trabalho, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à previdência social, à 
assistência social, ao transporte, à edificação pública, à habitação, à cultura, ao amparo à 
infância e à maternidade,e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, 
propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico. 
Art. 3º Para os efeitos deste Decreto, considera-se: 
I - deficiência - toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, 
fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro 
do padrão considerado normal para o ser humano; 
II - deficiência permanente - aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de 
tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, 
apesar de novos tratamentos; e 
III - incapacidade - uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, 
com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a 
pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao 
seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida. 
Art. 4º É considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas seguintes 
categorias: 
I - deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo 
humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma 
de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, 
triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia 
cerebral, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades 
estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções; 
II - deficiência auditiva - perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras, 
variando de graus e níveis na forma seguinte: 
a) de 25 a 40 decibéis (db) - surdez leve; 
b) de 41 a 55 db - surdez moderada; 
c) de 56 a 70 db - surdez acentuada; 
d) de 71 a 90 db - surdez severa; 
e) acima de 91 db - surdez profunda; e f) anacusia; 
III - deficiência visual - acuidade visual igual ou menor que 20/200 no melhor olho, após a 
melhor correção, ou campo visual inferior a 20º (tabela de Snellen), ou ocorrência 
simultânea de ambas as situações; 
IV - deficiência mental - funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com 
manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de 
habilidades adaptativas, tais como: 
a) comunicação; 
b) cuidado pessoal; 
c) habilidades sociais; 
d) utilização da comunidade; 
e) saúde e segurança; 
f) habilidades acadêmicas; 
g) lazer; e 
h) trabalho; 
V - deficiência múltipla - associação de duas ou mais deficiências. 
CAPÍTULO II 
Dos Princípios 
Art. 5º A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, em 
consonância com o Programa Nacional de Direitos Humanos, obedecerá aos seguintes 
princípios; 
I - desenvolvimento de ação conjunta do Estado e da sociedade civil, de modo a 
assegurar a plena integração da pessoa portadora de deficiência no contexto sócio-
econômico e cultural; 
II - estabelecimento de mecanismos e instrumentos legais e operacionais que assegurem 
às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos que, 
decorrentes da Constituição e das leis, propiciam o seu bem-estar pessoal, social e 
econômico; e 
III - respeito às pessoas portadoras de deficiência, que devem receber igualdade de 
oportunidades na sociedade por reconhecimento dos direitos que lhes são assegurados, 
sem privilégios ou paternalismos. 
CAPÍTULO III 
Das Diretrizes 
Art. 6º São diretrizes da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de 
Deficiência: 
I - estabelecer mecanismos que acelerem e favoreçam a inclusão social da pessoa 
portadora de deficiência; 
II - adotar estratégias de articulação com órgãos e entidades públicos e privados, bem 
assim com organismos internacionais e estrangeiros para a implantação desta Política; 
III - incluir a pessoa portadora de deficiência, respeitadas as suas peculiaridades, em 
todas as iniciativas governamentais relacionadas à educação, à saúde, ao trabalho, à 
edificação pública, à previdência social, à assistência social, ao transporte, à habitação, à 
cultura, ao esporte e ao lazer; 
IV - viabilizar a participação da pessoa portadora de deficiência em todas as fases de 
implementação dessa Política, por intermédio de suas entidades representativas; 
V - ampliar as alternativas de inserção econômica da pessoa portadora de deficiência, 
proporcionando a ela qualificação profissional e incorporação no mercado de trabalho; e 
VI - garantir o efetivo atendimento das necessidades da pessoa portadora de deficiência, 
sem o cunho assistencialista. 
CAPÍTULO IV 
Dos Objetivos 
Art. 7º São objetivos da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de 
Deficiência: 
I - o acesso, o ingresso e a permanência da pessoa portadora de deficiência em todos os 
serviços oferecidos à comunidade; 
II - integração das ações dos órgãos e das entidades públicos e privados nas áreas de 
saúde, educação, trabalho, transporte, assistência social, edificação pública, previdência 
social, habitação, cultura, desporto e lazer, visando à prevenção das deficiências, à 
eliminação de suas múltiplas causas e à inclusão social; 
III - desenvolvimento de programas setoriais destinados ao atendimento das 
necessidades especiais da pessoa portadora de deficiência; 
IV - formação de recursos humanos para atendimento da pessoa portadora de deficiência; 
e 
V - garantia da efetividade dos programas de prevenção, de atendimento especializado e 
de inclusão social. 
CAPÍTULO V 
Dos Instrumentos 
Art. 8o São instrumentos da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de 
Deficiência: 
I - a articulação entre entidades governamentais e não-governamentais que tenham 
responsabilidades quanto ao atendimento da pessoa portadora de deficiência, em nível 
federal, estadual, do Distrito Federal e municipal; 
II - o fomento à formação de recursos humanos para adequado e eficiente atendimento da 
pessoa portadora de deficiência; 
III - a aplicação da legislação específica que disciplina a reserva de mercado de trabalho, 
em favor da pessoa portadora de deficiência, nos órgãos e nas entidades públicos e 
privados; 
IV - o fomento da tecnologia de bioengenharia voltada para a pessoa portadora de 
deficiência, bem como a facilitação da importação de equipamentos; e 
V - a fiscalização do cumprimento da legislação pertinente à pessoa portadora de 
deficiência. 
CAPÍTULO VI 
Dos Aspectos Institucionais 
Art. 9o Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal direta e indireta 
deverão conferir, no âmbito das respectivas competências e finalidades, tratamento 
prioritário e adequado aos assuntos relativos à pessoa portadora de deficiência, visando a 
assegurar-lhe o pleno exercício de seus direitos básicos e a efetiva inclusão social. 
Art. 10. Na execução deste Decreto, a Administração Pública Federal direta e indireta 
atuará de modo integrado e coordenado, seguindo planos e programas, com prazos e 
objetivos determinados, aprovados pelo Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa 
Portadora de Deficiência - CONADE. 
Art. 11. Ao CONADE, criado no âmbito do Ministério da Justiça como órgão superior de 
deliberação colegiada, compete: 
I - zelar pela efetiva implantação da Política Nacional para Integração da Pessoa 
Portadora de Deficiência; 
II - acompanhar o planejamento e avaliar a execução das políticas setoriais de educação, 
saúde, trabalho, assistência social, transporte, cultura, turismo, desporto, lazer, política 
urbana e outras relativas à pessoa portadora de deficiência; 
III - acompanhar a elaboração e a execução da proposta orçamentária do Ministério da 
Justiça, sugerindo as modificações necessárias à consecução da Política Nacional para 
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência; 
IV - zelar pela efetivação do sistema descentralizado e participativo de defesa dos direitos 
da pessoa portadora de deficiência; 
V - acompanhar e apoiar as políticas e as

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