Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS Sistema Interamericano de Direitos Humanos Casos de Atuação de Defensor Público Interamericano Brasileiro Caso Família Pacheco Tineo Vs. Bolívia Roberto Tadeu (DPE-MT) Caso Canales Huapaya e Outros Vs. Peru Pendente de julgamento Antonio José Maffezoli (DPE-SP) Os 04 Casos Julgados Pela CIDH Com Atuação de Defensor Público Interamericano (Fu Mo FaPa Ar / Ar Ar Bo Ar) Sebastian Furlán e familiares vs. Argentina (1º caso) Mohamed vs. Argentina (2º caso) Família Pacheco Tineo vs. Bolívia (DPE-MT) (3º caso) Argüelles e outros vs. Argentina (4º caso) Os casos Canales Huapaya e outros vs. Peru, José Agapito Ruano Torres e familiares vs. El Salvador e Agustín Bladmiro Zegarra Marín vs. Peru ainda não foram julgados pela CIDH. Novos Casos Brasileiros (ainda não julgados) Cosme Rosa Genoveva Vs. Brasil (Favela Nova Brasília) Trabalhadores da Fazenda Brasil Verde Vs. Brasil Sistema Interamericano Caso Órgão Resumo Pontos Importantes Outros Loayza Tamayo Vs. Peru CIDH em 17/09/97 Prisão informal e tortura de professora acusada de integrar o Sendero Luminoso Garantia de HC pela CADH; vedação relativa ao “bis in idem”; obrigatoriedade das recomendações da CIDH Primeiro caso de dano ao projeto de vida “Meninos de Rua” (Villagrán Morales e Outros) Vs. Guatemala CIDH em 19/11/99 Homicídios sistemáticos de crianças e adolescentes moradores de Las Casetas, como prática higienista extraoficial do Estado Dimensão positiva do direito à vida; extensa normativa internacional dos direitos da criança e do adolescente O Brasil também possui histórico de desrespeito aos direitos de crianças e adolescentes Bámaca Velásquez Vs. Guatemala CIDH em 25/11/00 Debates sobre a imposição de regime prisional degradante, como o RDD no Brasil Dignidade da pessoa humana; proporcionalidade e razoabilidade Art. 57 das Regras Mínimas para o Tratamento de Presos nas Nações Unidas; ADIn 4162/OAB Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Olmedo Bustos e Outros Vs. Chile (“A Última Tentação de Cristo”) CIDH em 05/02/01 Vedação pela Suprema Corte de exibição do filme de Martin Scorcese por ofensa aos princípios cristãos Dupla dimensão da liberdade de expressão; condição de mero fato do DIn diante das normas internacionais de proteção dos direitos humanos; os direitos comunicativos protegem a democracia Inconvencionalidade do desacato; Caso Ellwanger (racismo contra os judeus); Marcha da Maconha; ADIn do Humor, ADPF da Lei de Imprensa; Caso Gerald Thomas (ato obsceno no teatro); DPU e DPESP denunciaram o Brasil na CADH pela manutenção do desacato na legislação 1 – Maria da Penha Maia Fernandes Vs. Brasil Comissão em 04/04/01 Enfermeira em Fortaleza/CE que ficou paraplégica em razão de violência doméstica perpetrada pelo marido, com longa demora no processo judicial criminal Necessidade de proteção dos direitos das mulheres (discriminação positiva); primeiro caso de aplicação pela Comissão da Convenção de Belém do Pará O Brasil é violador sistemático dos direitos das mulheres; edição da Lei Maria da Penha 2 – José Pereira Vs. Brasil (Relatório nº. 95/03, Caso 11.289 – Solução Amistosa) Comissão em 24/10/03 (amistosa) Dois trabalhadores foram mortos por fugirem da escravidão em fazenda no Pará Primeiro caso de solução amistosa do Brasil perante a Comissão Criação do CONATRAE (DPU atua nele), federalização permanente da competência para julgar a redução à condição análoga à de escravo; STF amplia o conceito do crime (escravismo moderno); Convenção 105/OIT; EC 81/14 3 – Jailton Neri da Fonseca Vs. Brasil (Caso 11.634) Comissão em 11/03/04 Execução sumária de adolescente por PMs do RJ, com arquivamento por falta de provas do IPM Leniência do Estado com a impunidade de seus agentes; PMs devem ser investigados pela PC; educação de servidores públicos; fundamentação judicial das prisões não em flagrante; violação do direito à audiência de custódia A audiência de custódia é tema altamente polêmico e atual no Brasil, especialmente após a implementação do projeto- piloto em SP (capital) pelo CNJ e pelo TJSP, com apoio formal da DPESP (lembrete: o MA já havia criado um sistema de audiências de custódia antes dessa iniciativa) Herrera Ulloa Vs. Costa Rica CIDH em 02/06/04 Condenação nacional do jornalista por supostas difamações (mera reprodução de periódicos europeus) de diplomata da Costa Rica, que teve que publicar em seu jornal Ofensa à liberdade de expressão (dupla dimensão); direito da sociedade de conhecer fatos públicos relevantes; ofensa ao duplo grau de jurisdição; “estoppel” na Comissão; novo debate sobre desacato e crimes contra a honra; inconvencionalidade da prisão para recorrer; excesso de linguagem judicial Novo levantamento do debate sobre a inconvencionalidade do desacato (idem Olmedo Bustos e Outros Vs. Chile – A Última Tentação de Cristo); DPU e DPESP denunciaram o Brasil na CADH pela manutenção do desacato na legislação Comunidade N’djuka Moiwana Vs. Suriname CIDH em 15/06/05 Massacre e deslocamentos internos de membros de comunidade tribal, em 1986, por forças oficiais Competência da CIDH (fatos anteriores à adesão, mas de caráter permanente); “estoppel” na Comissão; direito de propriedade das comunidades tribais (idem indígenas); denegação de acesso à justiça; projetos de vida e pós-vida; dano espiritual; “greening” Cançado Trindade foi juiz do caso e propôs as idéias de projetos de vida e pós-vida, bem como de dano espiritual Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Fermín Ramírez Vs. Guatemala CIDH em 20/06/05 Captura por populares de indivíduo suspeito de estupro de vulnerável seguido de morte, julgado com parcialidade (“emendatio libelli” para estupro + homicídio), sem devido processo legal e direito a recurso efetivo Ofensa ao devido processo legal; “emendatio libelli” parcial para viabilizar a pena de morte (incongruência entre acusação e defesa); impedimento de recorrer de forma efetiva; uso de juízo de periculosidade para viabilizar o Direito Penal do Autor Atuação da Defensoria Pública Penal da Guatemala; primeiro caso de debate sobre a congruência entre acusação e defesa; repúdio ao Direito Penal do Autor (Brasil: reincidência aceita pelo STF); Zaffaroni foi “amicus curiae” Comunidade Yatama Vs. Nicarágua CIDH em 26/06/05 Em 1990, o país dificultou a participação das comunidades indígenas em pleitos eleitorais, em desrespeito às características nacionais, implicando em forte abstenção e falta de representatividade nas eleições Teoria do impacto desproporcional; direito eleitoral; igualdade e não- discriminação; a Nicarágua nunca cumpriu a decisão da CIDH Impacto desproporcional (parte da tese de doutorado do Joaquim Barbosa sobre exigência de exame de proficiência em línguas estrangeiras / Brasil: EC 20/98 e limite do salário-maternidade, violência doméstica e APP incondicionada, aborto, definição legal de deficiência, Lei de Drogas e conceitos de traficante e usuário etc.); primeiro caso sobre direito eleitoral; primeiro caso sobre não-discriminação; 100 Regras de Brasília Sobre Acesso à Justiça (fala até de direito eleitoral e povos indígenas) Palamara Iribarne Vs. Chile CIDH em 22/11/05 Ex-militar que atuou no serviço de inteligência da Armada, após escrever livro sobre os limites éticos da atividade, foi sumariamente punido na Justiça Militar por desobediência, descumprimento de devermilitar e desacato Violação da liberdade de expressão (dupla dimensão / censura prévia e desacato); violação do direito à audiência de custódia (o fiscal naval não foi considerado juiz pela CIDH); inconvencionalidade do julgamento de civis pela Justiça Militar Novo levantamento do debate sobre a inconvencionalidade do desacato (idem Olmedo Bustos e Outros Vs. Chile – A Última Tentação de Cristo; e Herrera Ulloa Vs. Costa Rica); Justiça Militar (só deve julgar militares da ativa por crimes militares, JAMAIS civis, seja em tempo de guerra ou de paz); DPU e DPESP denunciaram o Brasil na CIDH pela manutenção do desacato na legislação 4 – Meninos Emasculados do Maranhão Vs. Brasil (Solução Amistosa) Comissão em 15/12/05 (amistosa) Entre 1991 e 2005, vários meninos foram mortos e emasculados no MA, sem providências do Estado; o Brasil propôs reconhecer sua responsabilidade e indenizar as vítimas e os familiares Vedação à “cláusula federal” (a União não pode se esquivar da responsabilidade internacional em nome do Brasil por atos de outros entes federativos); “paradiplomacia” (atuação de entes estatais diversos do MRE, como o Estado do MA por autorização do PdaR por decreto) Segunda solução amistosa do Brasil Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce 5 – Damião Ximenes Lopes Vs. Brasil CIDH em 04/07/06 Pessoa com deficiência mental foi internada em manicômio no CE e morreu em decorrência de maus-tratos, havendo laudo com dados falsos tentando isentar os agressores de responsabilidade, sem apuração pelo Brasil Interação entre sistemas regional e global (menção a documento da ONU sobre investigação de execuções arbitrárias); supervisão por ricochete (ofensa à CADH por ofensa à Convenção da Guatemala); “estoppel” na Comissão; eficácia horizontal dos direitos fundamentais (tortura por particulares) Primeiro caso de exame de direitos de pessoas com deficiência; primeira condenação do Brasil na CIDH; o processo interno só acabou em 2012 com prescrição, por desclassificação de maus-tratos seguidos de morte para maus- tratos simples (inefetividade) 6 – Simone André Diniz Vs. Brasil Comissão em 21/10/06 Mulher negra foi recusada em admissão para emprego doméstico por ser negra, sem atuação adequada do MPSP e do TJSP (inertes) Impossibilidade de atuação da CIDH (anterior à aceitação de sua competência / o caso foi solucionado na Comissão); discriminação racial; racismo institucional (o MPSP inclusive criou o GT de Igualdade Racial e busca expandir as promotorias de defesa da mulher) Primeiro caso da OEA sobre discriminação racial; atuação da OAB-SP e de ONG 7 – Gilson Nogueira de Carvalho e Outro Vs. Brasil ÚNICA ABSOLVIÇÃO!!! (“absolvição é o carvalho!”) CIDH em 28/11/06 Assassinato de advogado militante dos direitos humanos, cujo processo no júri levou anos paribia ser concluído e culminou em absolvição do único acusado (ineficiência evidente do Brasil) “Estoppel” na Comissão; possibilidade de atuação da CIDH (a morte ocorreu antes da aceitação de sua competência, mas o que se examinava era a inércia permanente do Brasil); subsidiariedade da CIDH (“unwillingness” e “inability”); dupla via de proteção dos direitos humanos (o mecanismo internacional protege tanto os direitos humanos dos ofendidos quanto a legítima atuação estatal, a despeito de sua ineficiência não dolosa) Primeiro caso de proteção dos direitos humanos de um defensor dos direitos humanos; a ineficiência brasileira não culminou em condenação, mas apenas em recomendações (criação da PNPDDH); houve parecer do LFG 8 – Escher e Outros Vs. Brasil CIDH em 06/07/09 Interceptações telefônicas ilegais da PM-PR autorizadas por juíza do PR para investigar supostos crimes de membros do MST, com divulgação dos resultados pela SSP na mídia Violação dos direitos à intimidade, à vida privada e à liberdade de associação; exame conjunto da CADH e da legislação brasileira para determinar o abuso; flexibilidade dos procedimentos perante a CIDH (desconsideração por liberalidade de descumprimento de prazo para apresentação de razões pelos interessados) Atuação do MPPR contra os abusos Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce 9 – Sétimo Garibaldi Vs. Brasil CIDH em 23/09/09 Em 1998, um integrante do MST foi assassinado por falsos policiais que pretendiam expulsar famílias que invadiram uma propriedade rural privada no PR; o MPPR não conseguiu impedir o arquivamento do IP pela juíza do caso Critérios para a aferição do excesso de prazo para a conclusão de investigações (CIDH: complexidade do caso, comportamento das partes, comportamento do juiz e efeitos jurídicos gerados sobre o ofendido / STF: número de réus, expedição de cartas precatórias, medidas liberatórias e outros processos em andamento); teoria europeia da obrigação processual (dever estatal de apuração de crimes) Similaridade ao caso Escher e Outros Vs. Brasil (mesma localidade); ineficiência das investigações estatais brasileiras; a CIDH determinou a revogação de uma lei paranaense que considerava a juíza do caso como cidadã honorária do PR González e Outras (“Campo Algodonero”) Vs. México CIDH em 16/11/09 3 mulheres, sendo duas adolescentes, foram estupradas e assassinadas em Ciudad Juarez, tendo seus corpos sido abandonados num campo de algodão; as autoridade locais nada fizeram, em razão do preconceito contra a mulher na região Violência estrutural de gênero e feminicídio; aplicação da Convenção de Belém do Pará (teoria do efeito útil: máxima efetividade das normas protetivas de direitos humanos pelo diálogo dos tratados sobre o tema); teoria européia da obrigação processual O Brasil promulgou recentemente uma lei que modificou o CP para prever o feminicídio Oscar Enrique Barreto Leiva Vs. Venezuela CIDH em 17/11/09 Barreto Leiva exerceu, em 1989, cargo em ministério estatal; intimado a testemunhar em processo criminal contra parlamentares, passou à condição de réu perante a Suprema Corte, mesmo sem ter prerrogativa de função Ofensa ao devido processo legal (contraditório, ampla defesa, conhecimento prévio da acusação, duplo grau de jurisdição, defesa efetiva etc.); denúncia da CADH pela Venezuela (consolidada em 2013) Conexão com os argumentos da AP 470/STF (duplo grau de jurisdição e embargos infringentes) Vélez Loor Vs. Panamá CIDH em 23/11/10 Por não ter documentos regulares para adentrar o Panamá, Vélez Loor foi preso e condenado por autoridade administrativa sem defesa ou processo, ficando preso por longo período até ser deportado; comprovou-se a prática de tortura na prisão Políticas migratórias voltadas à detenção irregular; caráter bifronte do direito à notificação do consulado (+ opiniões consultivas, inclusive provocadas pelo Brasil); aplicação da Convenção da ONU sobre Tortura; convergência entre CIDH e CIJ MPF, DPU, União (MJ e PF), Governo de SP e Aeroporto de Guarulhos (concessionária) realizaram acordo para acabar com o “espaço conector” e garantir assistência jurídica aos estrangeiros que irregularmente adentrem o país Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce 10 – Gomes Lund e Outros Vs. Brasil (“Caso Guerrilha do Araguaia” / ADPF 153 e ADPF 320) CIDH em 24/11/10 Torturas, homicídios e desaparecimentos forçados de integrantes da Guerrilha do Araguaia no TO, na década de 1970; o Brasil promulgoua Lei da Anistia para isentar de punição diversos militares Justiça de transição; criação da Comissão Nacional da Verdade e da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos; inconvencionalidade de leis de anistia para crimes contra os direitos humanos; teoria do duplo controle; mandado implícito de criminalização; dever de não repetição; imprescritibilidade dos crimes contra os direitos humanos; permanência do “desaparecimento forçado” (possibilidade de atuação da CIDH) Rejeição da ADPF 153 pelo STF (tese da inconstitucionalidade); PSOL move agora a ADPF 320 (tese da inconvencionalidade – duplo controle; pós-condenação do Brasil na CIDH / PGR a favor em parecer); justiça de transição (4 dimensões conforme o CS-ONU: memória e verdade; indenização das vítimas; tratamento jurídico dos crimes; e modificação das instituições oficiais para a democracia); o STJ é favorável às ações cíveis reparatórias contra o Estado (imprescritíveis) 11 – Comunidades Indígenas da Bacia do Rio Xingu Vs. Brasil (“Caso Belo Monte”) Comissão em 2011 (sem solução ainda) As obras da Usina de Belo Monte já duram mais de 30 anos; houve determinação de medidas cautelares pela Comissão, descumpridas pelo Brasil e posteriormente levantadas de forma parcial Questões ligadas aos direitos dos índios; “esverdeamento”; direitos trabalhistas, moradia digna, mínimo existencial, “etnocídio” etc.; credibilidade do Sistema Interamericano de Direitos Humanos; consulta prévia das populações indígenas (Comissão e CIDH: vinculante / STF: não vinculante) Há forte atuação do MPF (Thaís Santi – ver artigo “Anatomia de Um Etnocídio”) e da DPU (mais recentemente) López Mendoza Vs. Venezuela CIDH em 01/09/11 López Mendoza era opositor de Hugo Chaves e foi acusado de irregularidades administrativas quando exerceu funções públicas/políticas no país; foi condenado à suspensão de direitos políticos, inviabilizando-se sua participação em pleitos eleitorais A CIDH só considerou haver cerceamento de defesa e ofensa ao princípio da presunção de inocência, determinando-se a permissão de participação de Mendoza nos pleitos eleitorais; só processo criminal pode implicar em suspensão de direitos políticos; teoria da margem de apreciação (afastada pela CIDH no caso); o direito de defesa em sua plenitude e a presunção de inocência se aplicam também a processos administrativos O Brasil permite a suspensão de direitos políticos fora de processos criminais, como no caso de ações de improbidade ou mesmo em processos administrativos disciplinares (André de Carvalho Ramos diz não haver ofensa ao entendimento da CIDH, porque se trata de normas de boa governança, pelas quais se garantem o devido processo legal, o contraditório, a ampla defesa e a presunção de inocência – necessidade de análise em relação à Lei da Ficha Limpa) Atala Riffo y Niñas Vs. Chile CIDH em 24/02/12 Karen Atala Riffo, juíza da Suprema Corte, perdeu a guarda dos filhos para seu ex-marido por constituir união estável homoafetiva; embora a CIDH não tenha decidido sobre o direito de guarda em si, decidiu que a homossexualidade de Karen não poderia ser usada como fator Dano ao projeto de vida e discriminação sexual Primeiro caso de análise dos direitos à diversidade sexual; diálogo das fontes com o sistema da ONU Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce determinante da guarda Hilaire, Constantine, Benjamin e outros Vs. Trinidad e Tobago CIDH em 21/06/12 30 pessoas condenadas à morte por condutas que, conforme a lei, seriam sancionadas automaticamente com a pena de morte Vedação à pena de morte automática; grave ofensa aos direitos humanos pela permanência em “corredor da morte”; regulação internacional da pena de morte (3 fases – Brasil na 2ª); limitações internacionais à pena de morte (apenas para “crimes graves” / menores de 16 ou maiores de 70 na data dos fatos, grávidas ou com crianças pequenas, doentes ou deficientes mentais); teoria da quarta instância; julgamento pela CIDH em caso de ofensa à Carta da OEA (mesmo que o Estado não seja signatário da CADH) O caso foi julgado após a denúncia estatal da CADH, mas pelas condições da convenção, ainda era possível examinar os fatos; primeiro caso de “pena de morte automática”; baseado em caso dos EUA com atuação de defensor público do Condado Clark; vedações brasileiras à pena de morte e relação com a extradição Sebastián Claus Furlán e Familiares Vs. Argentina CIDH em 31/08/12 Menino de 14 anos sofreu grave acidente com seqüelas permanentes por acessar, para recreação, local abandonado pelo Estado outrora usado para treinamentos militares; a Argentina atribuiu 30% de responsabilidade ao menino Responsabilidade objetiva do Estado; dano ao projeto de vida; atuação de Defensor Público Interamericano; extensão dos danos aos familiares do menino (o pai teve até que largar o emprego para cuidar dele permanentemente) Primeiro caso de Defensor Público Interamericano Mohamed Vs. Argentina CIDH em 23/11/12 Homem condenado em segunda instância (absolvido na primeira), sem novo recurso, por homicídio culposo, com imposição de pena muito superior à pedida pelo MP Ofensa ao duplo grau de jurisdição e contrassenso com o direito de defesa efetiva (não poder recorrer da condenação dada em segundo grau significa que teria sido “melhor” ser condenado em primeira instância para, no recurso, debater e conseguir a absolvição) Segundo caso de Defensor Público Interamericano Artavia Murillo e Outros (“Fecundação in vitro”) Vs. Costa Rica CIDH em 28/11/12 O Judiciário declarou a inconstitucionalidade formal e material de norma do Executivo que regulamentava a fecundação in vitro Teoria do impacto desproporcional (atingiu sobremaneira as mulheres – autonomia reprodutiva); vedação ao uso do argumento da proteção dos direitos humanos para violar direitos humanos; direitos à vida privada e ao desfrute dos avanços tecnológicos; direito ao desenvolvimento da personalidade da mulher e ao planejamento familiar; ocorreu “suspensão fática” do direito à proteção familiar (vedado pela CADH) Adoção da teoria concepcionista pela CIDH; ADIn 3510/STF (constitucionalidade da Lei de Biossegurança); diálogo das Cortes (CIDH e CEDH) Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Mendoza e outros Vs. Argentina CIDH em 14/05/13 Recomendação para que a Argentina modificasse sua legislação, que impunha a pena de morte para menores de 18 anos em alguns casos; inércia da Argentina, levando à sua condenação pela CIDH Princípio da proporcionalidade, princípios regentes dos direitos da criança e do adolescente (superior interesse, proteção integral, prioridade absoluta, excepcionalidade e brevidade das sanções etc.); diálogo das fontes (CADH, Diretrizes de Riad, Convenção Americana dos Direitos da Criança etc.) Atuação da DPG da Argentina; apresentação de memoriais pelo IBCCRim Comunidades Afrodescendentes Deslocadas da Bacia do Rio Cacarica Vs. Colômbia (“Operação Gênesis”) CIDH em 20/11/13 Em 1997, uma operação militar e paramilitar contra as FARC implicou na morte de um líder comunitário e no deslocamento forçado de 3500 outras, sem apuração posterior pela Colômbia Ofensa a diversos direitos, em especial vida, integridade física e psíquica, circulação e residência + propriedade coletiva (deslocamento forçado),proteção integral de crianças e adolescentes, idosos, devido processo legal etc.; expressão “comunidades afrodescendentes” (equiparação com as comunidades indígenas) Art. 68, ADCT + Convenção 169/OIT; diferenciação da proteção brasileira a indígenas (posse permanente de terras da União) e quilombolas (propriedade coletiva); Decreto 4887/03 (critério da autoatribuição aos quilombolas); competência federal para o tratamento de assuntos relativos aos quilombolas (a União deve atuar no feito ainda que a Fundação Palmares esteja presente, além de ela ter o dever de auxiliar a DP quando esta atuar também); Lei 13043/2014 (isenção do ITR aos imóveis quilombolas) Família Pacheco Tineo Vs. Bolívia CIDH em 25/11/13 A família foge do Peru em 1995 (Ditadura Fujimori), sendo expulsa da Bolívia em 2001, ignorando-se sua condição de refugiados Asilo em sentido amplo (asilo em sentido estrito + refúgio), “best interest of the child”; princípio “non refoulement” OC 21/CIDH (direitos de crianças e adolescentes no contexto da imigração / solicitada pelo Brasil); terceiro caso de Defensor Público Interamericano e atuação do Defensor Público do MT Roberto Tadeu como DPI Liakat Ali Alibux Vs. Suriname CIDH em 30/01/14 Alibux foi ministro das finanças do Suriname e, por atos de corrupção em sentido amplo, foi processado e condenado com base em lei processual editada posteriormente aos fatos para dar cumprimento a mandado constitucional de criminalização, sem possibilidade de recurso “Estoppel” na Comissão; ofensa ao duplo grau de jurisdição (no caso de julgamento direto pelo órgão judicial máximo do país, deve haver recurso efetivo para órgão “maior”, como o plenário); desnecessidade de existência de Tribunal Constitucional (só é preciso que os órgãos do Poder Judiciário possam fazer controle de constitucionalidade) A CIDH citou o Caso Nardoni para justificar a aplicação imediata de normas processuais penais aos processos em andamento, relativamente aos atos ainda não praticados ou aos respectivos prazos de prática ainda não iniciados; duplo grau de jurisdição no Brasil e OG 32/07 do Comitê de DH da ONU (AP 470: o STF mudou seu RI para prever o julgamento pelas Turmas, agora com recurso de mérito efetivo para o plenário, respeitando a CIDH e o PDCP – caso pendente de análise no Sistema Interamericano) Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Brewer Carías Vs. Venezuela CIDH em 26/05/14 Carías, renomado jurista venezuelano e participante da assembléia nacional constituinte de 1999, foi acusado de colaborar na elaboração do Decreto Carmona, documento que serviu de base para a tentativa de golpe para derrubar Hugo Chaves entre 2001 e 2002; ele fugiu do país para evitar prisão preventiva e ficou indefeso Acatamento da preliminar de não esgotamento dos recursos internos; manejo da teoria da etapa temprana para não se examinar o mérito e as violações de direitos humanos (com 2 votos dissidentes e 33 “amici curiae” dentre juristas estrangeiros renomados contrários ao posicionamento da CIDH) Primeiro caso em que a CIDH acatou a preliminar de não esgotamento dos recursos internos; aplicação da teoria da etapa temprana; diversas críticas internacionais (retrocesso e ausência de proteção dos direitos humanos pela CIDH) Norín Catrimán e Outros (Povo Indígena Mapuche) Vs. Chile CIDH em 29/05/14 (sem necessidade de condenação) Líderes mapuche e uma ativista foram condenados por supostos atos terroristas entre 2001 e 2002 (incêndios e perigos de incêndio sem danos a pessoas), com base em legislação que criava uma “presunção terrorista” Ofensas: legalidade, presunção de inocência, igualdade, contraditório e ampla defesa; o Chile revogou a lei que criava a “presunção terrorista”; a condenação das pessoas foi pautada também em “testemunhas anônimas” (a CIDH aceita, contanto que haja medidas para contrabalançar a situação e os depoimentos anônimos não sejam o alicerce da condenação) Objeto de estudos de conhecido examinador da DPU; a CIDH não costuma aceitar “testemunhas sem rosto”, assim como não aceita “juízes sem rosto” Argüelles e Outros Vs. Argentina CIDH em 20/11/14 Na década de 1980, 20 oficiais militares foram acusados de fraudes, sendo todos presos preventivamente; o caso demorou 9 anos para ser concluído, com a condenação de todos, sendo que a lei obrigava- os a serem defendidos por um militar, sem possibilidade de escolha Violações: liberdade, igualdade, devido processo legal, direito de escolha do próprio defensor (defesa técnica – formação jurídica e desvinculação das instituições militares); periodicidade da prisão preventiva (a análise de legalidade e conveniência deve ser feita reiteradamente); validade da existência de Justiça Militar (excepcional e sem atingir civis) Quarto caso de Defensor Público Interamericano (há artigo do José Maffezoli da DPESP sobre esse caso); o projeto do novo CPP trata da periodicidade da prisão preventiva (reapreciação a cada 90 dias no máximo) Cruz Sánchez e Outros Vs. Peru CIDH em 17/04/15 No final de 1996, membros do MRTA invadiram uma festa com centenas de pessoas na embaixada japonesa no Peru; até janeiro de 1997, a maioria dos reféns foi liberada; em abril de 1997, Fujimori inicia a operação “Chávin de Huantar”, libertando os demais reféns e causando a morte de todos os membros do MRTA no local; um refém testemunhou tudo e Violação dos direitos à vida, à proteção judicial e às garantias judiciais (condenação na CIDH a apurar a autoria do assassinato de Cruz Sánchez) Caso mais recente da CIDH Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce afirmou que 3 membros do MRTA foram executados extrajudicialmente pelas forças armadas peruanas; a CIDH confirmou a execução extrajudicial apenas de Cruz Sánchez Caso Loayza Tamayo Vs. Perú Decidido em 17/09/1997 pela CIDH; Trata-se de professora universitária presa junto com um familiar em fevereiro de 1993 por supostamente pertencer ao Partido Comunista do Peru “Sendero Luminoso”, tido como um grupo terrorista; A prisão não foi formalmente comunicada a seus familiares e ela foi submetida a sessões constantes de tortura para que “confessasse” fazer parte do “Sendero Luminoso”, o que negou em todos os momentos; A legislação sobre terrorismo e crimes contra a pátria proibia o manejo de HC nesses casos; O MP deu início ao processo no Juizado Especial da Marinha, formado por “juízes sem rosto”, onde María Elena Loayza Tamayo foi absolvida em todas as instâncias, mas permaneceu presa em todos os momentos; Depois, os mesmos fatos foram reexaminados em processo criminal na jurisdição comum, onde ela foi condenada a 20 anos de prisão, bem como foi exposta na mídia como uma traidora da pátria e vestindo uniforme listrado de presidiário; Sem solução perante a Comissão; CIDH → condenação do Peru ao pagamento de indenização à vítima e aos seus familiares / violação de diversos direitos, notadamente a não submissão à tortura, a presunção de inocência, o acesso aos instrumentos de impugnação de decisões e garantia de liberdade (ex: HC), a vedação ao “bis in idem” e a competência jurisdicional adequada; Pontos importantes → 1) vedação implícita à suspensão do HC pelo art. 27, CADH (exame da “cláusula derrogatória” / a CADH explicita um rol de direitos que nunca podem ser suspensos, dentre os quais não consta expressamente a liberdade de locomoção; no entanto, o final do dispositivo veda a suspensão de todos os instrumentos processuaisque sirvam para garantir tais direitos → nesse caso, a interpretação da CIDH é a de que o direito à liberdade de locomoção, ainda que possa ser excepcionalmente suspenso, não implica jamais na impossibilidade de manejo do HC para o exame da legalidade da medida constritiva / OCs 8/87 e 9/97: o HC é uma garantia indispensável do ser humano, mesmo durante o estado de exceção); 2) amplitude da vedação ao “bis in idem” (a CADH veda o novo julgamento pelos mesmos fatos, enquanto o PIDCP e a CEDH vedam pelos mesmos “crimes”, a demonstrar a maior amplitude prática da CADH / no caso aqui debatido, é tecnicamente possível dizer que não houve violação literal ao PIDCP, mas sim à CADH – conforme as leis do Peru, o crime contra a pátria é de competência militar, enquanto o terrorismo é comum; entretanto, mesmo tendo a Justiça Militar extrapolado sua competência para dar nova definição jurídica aos fatos e examinar uma acusação de crime comum, a CIDH entendeu que a absolvição feita por juízo absolutamente incompetente não poderia ser ignorada depois pela Justiça Comum); 3) o “ne bis in idem” não é absoluto (tal qual Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce definido no TPI, a coisa julgada em favor do acusado não se aplica nas hipóteses de “unwillingness” e “inability” – no caso do Brasil, é comum a rejeição da coisa julgada material em favor do acusado quando baseada em certidão de óbito falsa / ex: Caso Almonacid Arellano e Outros Vs. Chile); 4) definição da obrigatoriedade das recomendações da Comissão (a CIDH, ultrapassando seu entendimento definido no Caso Caballero Delgado, passou a entender que as recomendações expedidas pela Comissão são obrigatórias, com base no dever de boa-fé no cumprimento dos tratados internacionais, presente no art. 31.1 da Convenção de Viena Sobre o Direito dos Tratados / André de Carvalho Ramos: a obrigatoriedade não é do primeiro informe da Comissão, mas somente do segundo, geralmente usado quando o Estado investigado não aceitou a competência da CIDH / sobre a possibilidade ou não de a Comissão modificar o segundo e último informe produzido, a OC 15/97 definiu que não está “a Comissão Interamericana autorizada a modificar as opiniões, conclusões e recomendações transmitidas a um Estado-membro, salvo em circunstâncias excepcionais, como: (a) em caso de cumprimento parcial ou total das recomendações e conclusões contidas no informe; (b) em caso da existência no informe de erros materiais sobre os fatos do caso; e (c) no caso do descobrimento de fatos que não eram conhecidos no momento da emissão do informe e que tiveram uma influência decisiva no seu conteúdo”); e 5) primeiro caso da CIDH sobre o dano ao projeto de vida (diverge dos danos emergentes, da perda de uma chance e dos lucros cessantes / trata-se do dano às expectativas de evolução pessoal e profissional da pessoa, arquitetadas ao longo de toda uma vida e para toda uma vida, cujo impedimento manifesto de sua realização gera grave dano / outro caso famoso é o Caso Atala Riffo y Niñas Vs. Chile / no REsp 1183378, o STJ tratou do direito ao projeto de vida, definindo que é possível o casamento de pessoas do mesmo sexo, impedindo- se justamente o dano ao projeto de vida; há outros casos esparsos na jurisprudência brasileira sobre o tema, especialmente dos TRFs); Caso “Meninos de Rua” (Villagrán Morales e Outros) Vs. Guatemala Julgado pela CIDH em 19/11/1999; Diversos jovens, inclusive menores de idade, moradores de um setor urbano conhecido como Las Casetas (com altos índices de criminalidade), foram sistematicamente assassinados por forças de segurança guatemaltecas, prática estatal institucionalizada (mas informal), cujo objetivo seria a redução dos índices de criminalidade; A Comissão fez diversas recomendações, as quais não foram plenamente atendidas pela Guatemala, o que levou à submissão do caso à CIDH; CIDH → violação aos seguintes direitos: vida, integridade física, vedação à tortura, proteção integral da criança e do adolescente, devido processo legal etc.; Pontos importantes → 1) dimensão positiva ou social do direito à vida (não deve o Estado apenas abster-se de desrespeitar a vida, mas também deve promovê-la ativamente); e 2) extensa normativa internacional sobre os direitos da criança e do adolescente; Caso Bámaca Velásquez Vs. Guatemala Julgado pela CIDH em 25/11/2000; Debate sobre a ofensa à dignidade da pessoa humana no caso de imposição de regimes de cumprimento de pena que sejam desproporcionais e desarrazoados, como o RDD no Brasil; Augusto Realce Augusto Realce Vedação expressa ao tratamento cruel e desumano imposto a pessoas presas, conforme o art. 57 das Regras Mínimas para o Tratamento de Presos da ONU; ADIn 4162 proposta pela OAB; Caso Olmedo Bustos e Outros Vs. Chile (“A Última Tentação de Cristo”) Julgado pela CIDH em 05/02/2001; No dia 29 de novembro de 1988, após uma petição proposta por uma junta de sete advogados que alegavam agir como representantes da Igreja Católica e de Jesus Cristo, o Conselho de Qualificação Cinematográfica do Estado do Chile proibiu — com fulcro no artigo 19, §12 da sua Constituição — a exibição do filme A Última Tentação de Cristo (The Last Temptation of Christ), dirigido por Martin Scorsese; Segundo os advogados que interpuseram a petição, o filme atentava contra os princípios cristãos e contra a honra de Jesus Cristo; No dia 11 de novembro de 1996, o Conselho de Qualificação Cinematográfica revisou a proibição da exibição da película em comento, passando a admitir que o filme A Última Tentação de Cristo fosse exibido em território chileno, desde que apenas para maiores de dezoito anos; Diante da revisão da decisão do Conselho de Qualificação Cinematográfica, os autores recorreram até a Corte Suprema do Chile, que, em 18 de junho de 1997, reformou a última decisão do Conselho Cinematográfico e restaurou a decisão inicial, proibindo toda e qualquer exibição do filme, independentemente de faixa etária; Após a censura realizada pela Corte Suprema do Chile, sob o argumento de que estaria protegendo a honra de Jesus Cristo e os princípios cristãos, o caso chegou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos; Inicialmente, o feito chegou até a secretaria da Comissão IDH através de petição da Associação de Advogados pelas Liberdades Públicas (AG), que representava os peticionários Juan Pablo Olmedo Bustos, Ciro Columbara López, Claudio Márquez Vidal, Alex Muñoz Wilson, Matías Insunza Tagle e Hernán Aguirre Fuentes; Não se chegou a uma solução perante a Comissão e, então, o caso foi enviado à CIDH; CIDH → ofensa à liberdade de expressão (veicular o filme), mas não ao direito de crença (ver o filme não é expressão do direito de crença); Pontos importantes → 1) direito à liberdade de expressão (“liberdade de imprensa” para o MPF / o caso tomou grandes proporções porque praticamente todos os países vizinhos, incluindo o Brasil, passavam o filme / precedente da CIDH: Blake Vs. Guatemala em 1998); 2) dupla dimensão da liberdade de expressão (dimensão individual – direito de se expressar; dimensão social – direito de buscar e de disseminar informações / precedente alemão: Caso Lüth, também conhecido pelo reconhecimento da eficácia horizontal dos direitos fundamentais); 3) o DIn é mero fato perante as normas que regem a atuação da CIDH (ainda que se trate de conjunto de normas constitucionais de um país, o DI desconsidera quaisquer disposições contrárias aos seus preceitos, a exemplo da responsabilização perante o TPI de qualquer Chefe de Estado / após a decisão da CIDH, o Chile mudou sua Constituição e vetou a censura prévia); 4) interação entre OC 5/CIDH e jurisprudência do STF pelo princípio do cosmopolitismo ético (após consulta da Costa Rica, a CIDH afirmou que normas internas queexijam formação universitária para o exercício do direito de liberdade de expressão são contrárias à Augusto Realce CADH / o STF, no julgamento de ACP do MPF, decidiu incidentalmente pela não recepção do DL 972/69 que exigia a formação universitária para o exercício da profissão de jornalista); e 5) direitos comunicativos (são os direitos de expressão e de recebimento/troca de informações / “direitos lingüísticos” / aspecto bi-vetorial: sedimentação da democracia e proteção das minorias / Jürgen Habermas: expoente da democracia deliberativa e da teoria do agir comunicativo); Curiosidades → 1) sobre a liberdade de expressão e a censura prévia, a CIDH já afirmou diversas vezes a inconvencionalidade do crime de desacato, previsto até hoje no art. 331 do CP brasileiro (produção de “chilling effect” na pessoa que deseja criticar, mas, por medo das represálias, aceita os abusos do Estado – trata-se de uma “autocensura”, porque a pessoa que desejava se comunicar acaba optando por não o fazer); a DPU e a DPESP denunciaram o Brasil perante a Comissão pela manutenção ilegítima do desacato no ordenamento jurídico brasileiro / 2) no Brasil, ficou famoso o Caso Ellwanger, julgado pelo STF (o discurso de ódio veiculado no livro em questão caracterizava crime de racismo e atentava contra a dignidade dos judeus e a igualdade, na forma de abuso do direito de liberdade de expressão / a expressão “discurso de ódio” também é chamada de “fighting words”) / 3) o STF, no julgamento da ADIn 4451 (ADIn do Humor), decidiu que o art. 45, II e III, da Lei nº. 9504/97 era parcialmente inconstitucional, porque vedava a partir de 01/07 do ano eleitoral as piadas sobre os candidatos (pode-se fazer um paralelo com os ataques recentes ao hebdomadário francês Charlie) / 4) o STF também julgou a ADIn 4274 sobre a “Marcha da Maconha”, definindo o direito de livre manifestação pela descriminalização do seu uso (que não se confunde com apologia ao crime) / 5) o STF, no julgamento da ADPF 130, declarou a não recepção da Lei de Imprensa, pelo seu viés antidemocrático / 6) no Caso Gerald Thomas, o STF definiu que, no contexto em que ocorrido o fato (duas da manhã num teatro em que se realizava apresentação com cenas de simulação sexual), mostrar as nádegas como forma de rebater críticas do público não configura o crime do art. 233 do CP (ato obsceno); Caso Maria da Penha Maia Fernandes Vs. Brasil Decidido em 04/04/2001 pela Comissão Interamericana; Maria da Penha, enfermeira em Fortaleza/CE, foi vítima durante toda sua vida conjugal de violência doméstica por parte de seu então marido; Em razão das agressões, ficou paraplégica; A denúncia do MP foi oferecida em 1984, mas até 1998 não havia julgamento e o acusado permanecia solto; A Comissão foi instada a se manifestar em 1998 por diversas ONGs, exigindo do Brasil uma resposta; O Brasil ignorou o chamamento da Comissão por 3 vezes; Decisão da Comissão → 1) desrespeito à Convenção Americana, à Declaração Americana e à Convenção de Belém do Pará; 2) o Brasil viola sistematicamente os direitos das mulheres; 3) diversas recomendações (especialmente a mudança da legislação, a educação em direitos de toda a sociedade sobre os direitos das mulheres e a simplificação dos procedimentos judiciais penais para evitar a morosidade do Poder Judiciário); Pontos importantes → 1) direitos das mulheres (idem Caso González e Outras Vs. México – Campo Algodonero); 2) primeiro caso de aplicação da Convenção de Belém do Pará pela Comissão (na CIDH, foi o Caso Miguel Castro Vs. Peru); e 3) Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce edição da Lei Maria da Penha (após enorme pressão sobre o Brasil); Tema pedido mais de uma vez na DPE-SP; Caso José Pereira Vs. Brasil (Relatório nº. 95/03, Caso 11.289 – Solução Amistosa) Solução amistosa celebrada perante a Comissão Interamericana em 24/10/2003; Dois trabalhadores da Fazenda Espírito Santo (no Pará) foram mortos em 1989 ao tentarem fugir, porque haviam sido reduzidos à condição análoga a de escravos; Violações → vida, liberdade, trabalho, justa remuneração, liberdade, proteção contra a escravidão, garantias judiciais etc.; Solução amistosa → entre America’s Watch, CEJIL e o Brasil / reconhecimento da responsabilidade do Brasil por falta de fiscalização, menção do caso na criação da CONATRAE em 2003, federalização da competência para julgar o crime de redução à condição análoga à de escravo, fortalecimento do MPT e do Grupo Móvel do MTE; Pontos importantes → 1) primeira solução amistosa assinada pelo Brasil perante a Comissão Interamericana (o outro caso, anterior a esse, é o Caso dos Meninos Emasculados do Maranhão, em que também houve acordo, mas não se chegou a assiná-lo perante a Comissão / o acordo de solução amistosa só foi assinado após a publicação do relatório da Comissão Interamericana responsabilizando o Brasil pelas violações, o que demonstra seu poder de pressão); 2) federalização da redução à condição análoga à de escravo (compromisso assumido pelo Brasil e reiterado pelo STF, que mudou sua posição, baseando-se no caráter federal das normas fundamentais que protegem a coletividade de trabalhadores, tratando um crime contra a liberdade pessoal como um verdadeiro crime contra a organização do trabalho); 3) EC 81/2014 (art. 243, CF: “As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º. Parágrafo Único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei”); 4) a DPU atua no CONATRAE (Conselho Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo); 5) neoescravismo ou escravidão moderna (Mazzuoli: “atualmente, o que se presencia em muitos países do Continente Americano é uma nova e mais requintada forma de escravidão e servidão. Tal pode ser chamado de neoescravismo, enquanto nova forma de comercialização de corpos humanos, caracterizando-se fundamentalmente pela falta de opção que têm grande parcela da população de encontrar trabalho digno fora de um sistema que os aprisiona com promessas de melhoria da qualidade de vida e bons salários”); 6) Convenção 105/1957/OIT (abolição do trabalho forçado / o Brasil é signatário); 7) liminar na ADI 5209 (o Ministro Lewandowski suspendeu a eficácia da portaria que cria a “lista suja do trabalho escravo”, do MTE, sob o argumento de que não há lei que lhe dê esse poder / o MPF, pela sub-PGR Ela Wiecko, interpôs agravo regimental, ainda aguardando julgamento); Caso Jailton Neri da Fonseca vs. Brasil (Caso 11.634) Examinado pela Comissão em 11/03/2004; O caso se relaciona com a ocorrência de execução do menino Jailton Neri da Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce É O QUE RESTA, VISTO NÃO TER O CARATER VINCULANTE. Augusto Realce Augusto Realce Fonseca, de 13 anos, por policiais do Estado do Rio de Janeiro em 22/11/1992, durante uma incursão da polícia na favela Ramos na cidade do Rio de Janeiro; Foi aberto inquérito policial para investigar quatro policiais; no entanto, o caso se encerrou com a absolvição declarada pelo Conselho Permanente da Justiça Militar em 1996, quando aplicou o princípio in dubio pro reo em favor dos policiais acusados, tendo em vista a dúvida quanto à autoria do crime e a impossibilidade de produção de novas provas; Comissão → Jailton foi detido sem ordem judicial,sem acusação e morto por policiais militares do RJ / violação pelo Brasil de diversos direitos humanos, tais como apresentação imediata a um juiz, proteção especial da criança e do adolescente, devido processo legal, vida, integridade física, não privação arbitrária da liberdade, não discriminação por motivos de raça/cor/etnia etc. / recomendações ao Brasil de mudança da legislação militar (nessas hipóteses, a Polícia Civil deve investigar os militares, e não eles próprios / julgamento de militares por juízes civis em casos como esse), indenização dos familiares, reeducação de servidores públicos sobre o tema etc.; Ponto importante → primeiro caso brasileiro sobre violação do direito à audiência de custódia (tema altamente debatido atualmente, também em razão da instituição do modelo, ainda em fase de testes, na cidade de São Paulo pelo TJSP e pelo CNJ); “Audiência de Custódia e a imediata apresentação do preso ao juiz: rumo à evolução civilizatória do processo penal” → clique aqui; “Audiência de Custódia: conceito, previsão normativa e finalidades” → clique aqui; “Audiência de Custódia: o que deve ser entendido por ‘sem demora’” → clique aqui; Nota Técnica do MPF (2ª CCR) favorável à audiência de custódia → clique aqui; Caso Herrera Ulloa Vs. Costa Rica Julgado em 02/06/2004 pela CIDH; No dia 12 de novembro de 1999, a Costa Rica condenou o Sr. Mauricio Herrera Ulloa, jornalista do veículo informativo La Nación, por quatro delitos de difamação em virtude dos artigos publicados pelo Sr. Ulloa nos dias 19, 20 e 21 de maio e 13 de dezembro de 1995; Os artigos retratavam uma parcial reprodução de reportagens realizadas pela imprensa da Bélgica, nas quais se atribuíam a um diplomata da Costa Rica, Félix Przedborski, atos ilícitos como a realização de negócios secretos e o recebimento de comissões; A sentença também condenou outro réu, o Sr. Fernán Vargas Rohrmoser (fatos não apreciados pela CIDH); O Judiciário do Estado costarriquense condenou o Sr. Mauricio Herrera Ulloa e seu colega à pena de multa e à obrigação de publicar a sua própria condenação no jornal onde trabalhava, o veículo de comunicação La Nación; Em virtude da sentença criminal proferida, o Sr. Ulloa teve seu nome incluso em uma lista de criminosos condenados; Ademais, o Sr. Ulloa foi condenado a pagar uma indenização por danos morais e materiais na esfera cível (nesta ação, dividiu de maneira solidária o prejuízo com o http://www.ibccrim.org.br/revista_liberdades_artigo/209-Artigos http://justificando.com/2015/03/03/na-serie-audiencia-de-custodia-conceito-previsao-normativa-e-finalidades/ http://justificando.com/2015/03/03/na-serie-audiencia-de-custodia-conceito-previsao-normativa-e-finalidades/ http://justificando.com/2015/03/18/na-serie-audiencia-de-custodia-o-que-deve-ser-entendido-por-sem-demora/ http://justificando.com/2015/03/18/na-serie-audiencia-de-custodia-o-que-deve-ser-entendido-por-sem-demora/ http://www.migalhas.com.br/arquivos/2015/3/art20150302-04.pdf Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Sr. Rohrmoser); Por fim, a sentença também ordenou que o jornal La Nación retirasse o nome do Sr. Przedborski de todos os artigos publicados; A Comissão adotou medida cautelar para suspender a eficácia da sentença condenatória, que foi descumprida e, então, o caso foi levado à CIDH; CIDH → não acatamento da exceção de não esgotamento dos recursos internos (estoppel + não havia recurso adequado para o reexame do mérito da sentença penal condenatória) / acatamento da preliminar de impossibilidade de exame dos fatos quanto a Rohrmoser (não havia pedido expresso da Comissão para que a CIDH apreciasse seu caso) / condenação da Costa Rica: violação dos direitos à liberdade de expressão, ao conhecimento público de fatos relevantes para a sociedade e ao duplo grau de jurisdição; também houve determinação de indenização; Pontos importantes → 1) princípio do estoppel ou da proibição do comportamento contraditório em âmbito internacional (a exceção de não esgotamento dos recursos internos, manejada perante a CIDH, não pode ser acatada quando não foi antes apresentada à Comissão, em razão da máxima “venire contra factum proprium”); 2) duplo grau de jurisdição e prisão para recorrer (considerou-se inconvencional e desarrazoada a exigência de recolhimento à prisão para recorrer de uma sentença penal condenatória / “prisão pedágio”: expressão de LFG, designa a prisão processual pós-sentença obrigatória para recorrer, eliminada formalmente com o advento da Lei nº. 11719/08, mas ainda muito praticada); 3) dupla dimensão do direito à liberdade de expressão (idem Caso Olmedo Bustos vs. Chile – A Última Tentação de Cristo / novidade: o Direito Penal não deve ser usado primordialmente para combater supostos excessos na liberdade de expressão quando o caso simplesmente envolver funcionários públicos; a CIDH e a Comissão entendem que os tipos penais de injúria, difamação e calúnia, ao invés de protegerem o indivíduo contra ataques exacerbados contra sua honra, são comumente usados pelo Estado para desestimular críticas à sua atuação, tal qual ocorre com o tipo penal de desacato – vale lembrar que a CIDH, no Caso Pablo Mémoli Vs. Argentina, tomou posição diametralmente oposta e foi duramente criticada pela comunidade internacional, que considera tal decisão um “ponto fora da curva” na jurisprudência interamericana); 4) mérito e recebimento da denúncia (o juiz não deve adentrar o mérito do caso já no recebimento da denúncia, etapa guardada apenas para aferir a presença de indícios de autoria e materialidade / STJ e STF: o excesso de linguagem na decisão de pronúncia, capaz de afetar o entendimento dos jurados, torna-a nula; ademais, a eloqüência acusatória do juiz quando do exame do caso antes da fase de sentença prejudica sua imparcialidade; por fim, a decisão que recebe a denúncia, exceto quando houver defesa preliminar, não exige fundamentação, justamente para que se evite a indevida incursão prévia no mérito); Caso Comunidade N’djuka Moiwana Vs. Suriname Julgado em 15/06/2005 pela CIDH; Em 29/11/1986, as Forças Armadas do Suriname atacaram uma comunidade tribal (não indígena!) e massacraram cerca de 40 pessoas, dentre eles mulheres e crianças, provocando o deslocamento interno e o exílio de muitas outras; O caso foi submetido à Comissão, cujas recomendações de tomada de providências para apurar os fatos jamais foram seguidas; CIDH → afirmação da própria competência (os fatos eram anteriores à adesão do Suriname à CADH e à competência contenciosa da CIDH, mas os deslocamentos Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce forçados perduraram após essas datas) / a preliminar de não esgotamento dos recursos internos foi afastada pelo princípio da “estoppel” (não houve alegação perante a Comissão) / o fato de os Moiwana não serem uma comunidade indígena, mas tribal, não lhes retira o direito às suas terras tradicionais, ainda que não possuíssem documento formal de propriedade / a falta de investigação dos fatos implica em denegação de acesso à justiça; Pontos importantes → 1) projeto de vida, projeto de pós-vida e dano espiritual (ideia de Cançado Trindade, juiz do caso e que a explicou em voto separado / dano espiritual é aquele produzido contra o âmago humano, conectado às relações da pessoa com o seu futuro, o de sua comunidade e com os mortos, consubstanciando- se em especialização do dano moral voltada para as crenças de além da vida que entrelaçam toda uma comunidade sob o aspecto cultural); 2) povos tradicionais e sua conexão com suas terras (a CIDH ampliou significativamente, ao longo do tempo, a sua jurisprudência sobre povos tradicionais, não mais restringindo o direito de posse e propriedade das terras aos índios, como também a outros grupos étnicos com características similares,a exemplo dos povos tribais e das comunidades quilombolas); e 3) “greening”/esverdeamento (proteção indireta do ambiente pela proteção direta, no âmbito do sistema interamericano, de direitos civis e políticos); Caso Fermín Ramírez Vs. Guatemala Julgado em 20/06/2005 pela CIDH; Fermín Ramírez foi capturado em 1997 por vizinhos na comunidade em que vivia, sob a alegação de ter sido o autor de um estupro seguido de morte de uma adolescente; O MP da Guatemala o denunciou por estupro seguido de morte, mas, sem a comunicação da defesa, ocorreu a requalificação jurídica dos fatos, permitindo-se que Fermín fosse condenado por estupro e homicídio, impondo-se a ele a pena de morte (prevista no CP da Guatemala para o homicídio em circunstâncias especiais); Todos os recursos da defesa foram esgotados sem sucesso; Então, o Instituto da Defensoria Pública Penal da Guatemala acionou a Comissão Interamericana, requerendo-lhe a tomada de medidas cautelares para o impedimento da execução de Fermín, o que foi deferido e confirmado pela CIDH em 2005; Sem solução amistosa, a CIDH foi instada a definir se Fermín teve acesso ao devido processo legal e a um recurso efetivo; Pontos importantes → 1) consideração do princípio da congruência entre acusação e defesa (violado pela Guatemala, porque a requalificação jurídica dos fatos ocorreu sem manifestação da defesa / condenação pela CIDH a novo julgamento); e 2) juízo de periculosidade (o juízo de periculosidade previsto no CP da Guatemala permite o afastamento do Direito Penal do Fato e a adoção do Direito Penal do Autor, de cunho autoritário e contrário ao pacto de São José da Costa Rica / a CIDH determinou a revogação dessa disposição, a adaptação da legislação e proibiu nova condenação de Fermín à pena de morte pelos mesmos fatos); Curiosidades → 1) Zaffaroni foi “amicus curiae” nesse julgamento (lembrete: em ADIn e similares no Brasil, pessoas físicas não podem exercer essa função; todavia, a lei permite em RE e o STF já aceitou em MS, como foi o caso do Senador Pedro Taques no MS 32033 sobre mudanças na legislação eleitoral e no Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce fundo partidário); 2) a DP da Guatemala atuou como protagonista (e a CIDH disse que o Estado não iria ressarcir seus custos, porque sua assunção é parte das obrigações assumidas pela própria DP); 3) primeiro caso de exame da congruência entre a acusação e a sentença (ponto bem examinado no Brasil por Gustavo Badaró); e 4) esse julgamento, ao rechaçar o Direito Penal do Autor, demonstra que há institutos jurídicos inaceitáveis na legislação penal brasileira, como a reincidência (ainda aceita pelo STF, conforme o RE 453000 / Zaffaroni, Salo de Carvalho, Paulo Queiroz e Juarez Cirino dos Santos são contra a reincidência / Juarez Cirino dos Santos ainda diz que a reincidência é a prova da ineficiência da suposta ressocialização da pena, o que deveria implicar em verdadeira atenuação); Caso Comunidade Yatama Vs. Nicarágua Julgado em 26/06/2005 pela CIDH; Na década de 1990, houve mudança na legislação eleitoral que alterou a forma de participação das comunidades indígenas nicaragüenses nos pleitos eleitorais; Antes da mudança, aceitava-se que não só partidos políticos, mas também associações populares (formato adotado pelos índios Yatama) participassem dos pleitos eleitorais, cujos requisitos eram menos rigorosos, sobretudo em relação à representatividade nacional (os partidos precisavam de apoio de 80% do eleitorado de cada município, enquanto que os índios Yatama só eram fortemente apoiados em regiões específicas do país); A mudança eleitoral inviabilizou a participação dos Yatama nas eleições, mesmo após terem se tornado um partido político e se aliado a um outro partido de menor representatividade; O Conselho Supremo Eleitoral, quando da análise dos requisitos legais, sequer mencionou os Yatama na decisão de indeferimento geral e, quando provocado, disse que não seria possível reexaminar suas decisões; As eleições apresentaram elevado grau de abstenções e disparidade de representatividade do eleitorado, dada a importância dos povos indígenas para a Nicarágua; O caso foi levado à Comissão, onde não se chegou a uma solução; CIDH → violação ao dever de motivação das decisões e ao direito a recorrer, bem como aos princípios da igualdade e da não-discriminação; Pontos importantes → 1) teoria do impacto desproporcional (trata-se da ideia da discriminação indireta não intencional – o Estado legisla ou atua para a generalidade da sociedade, modificando situações já consolidadas, sem a intenção de lesar ninguém; no entanto, a ação estatal, aparentemente neutra, acaba por causar prejuízos graves a uma parcela específica da sociedade, impedindo-a de gozar plenamente de certos direitos que antes não eram exageradamente restringidos / parece a configuração de responsabilidade objetiva / origem: Caso Griggs Vs. Duke Power CO. nos EUA – a Suprema Corte dos EUA condenou a Duke Power CO. por atingir desproporcionalmente seus empregados negros, que possuíam à época grau de escolaridade inferior, em virtude de questões históricas, por aplicar um teste de aptidão intelectual para permitir promoções em seus quadros / Corte Europeia de Justiça: Caso Bilka-Kaufhaus Vs. Von Hartz, sobre o impedimento de participar de fundos de pensão especiais de uma empresa para seus empregados de tempo parcial, que eram em sua quase totalidade as mulheres / exemplos brasileiros: ADIn 1946 – inconstitucionalidade de norma da EC 20/98 que limitava o pagamento do Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce salário-maternidade pelo INSS a 1200 reais, a recomendar indiretamente que as empresas não pagassem às mulheres remuneração superior a esse valor, eis que iriam arcar sozinhas com as diferenças durante a licença-maternidade; ADIn 4424 – a exigência de representação da mulher por crime de lesões corporais em situação de violência doméstica é, por questões históricas, desproporcional, com aptidão para gerar impunidade, logo, deve ser caso de APP incondicionada; debate-se a descriminalização do aborto, eis que a norma penal atinge desproporcionalmente as mulheres em comparação aos homens, mas mais particularmente as negras e pobres, estigmatizadas por questões históricas e mais sujeitas à morte pelas práticas abortivas clandestinas; tese de doutorado nos EUA do ex-ministro Joaquim Barbosa sobre as ações afirmativas e o princípio da igualdade, com foco na teoria do impacto desproporcional; debate sobre a exigência de proficiência em línguas estrangeiras para mestrado e doutorado, eis que negros e pobres têm historicamente acesso tardio ou nenhum acesso a esse tipo de educação; a Convenção da ONU sobre Portadores de Deficiência, com status constitucional, define adaptação razoável como “a modificação necessária e adequada e os ajustes que não acarretem um ônus desproporcional ou indevido, quando necessários em cada caso, a fim de assegurar que as pessoas com deficiência possam desfrutar ou exercitar, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, todos os direitos humanos e liberdades fundamentais”, conceito usado pela PGR na ADPF 182 para o STF declarar a não recepção de artigo da LOAS sobre o conceito médico de deficiência já ultrapassado pela Convenção; a atual Lei Antidrogas usa conceitos desproporcionais e dissociados da realidade para diferenciar usuários de traficantes, notadamente a quantidade de droga apreendida durante a prisão em flagrante, as condições pessoais do investigado e ao local onde ocorreu a prisão, a sugerir que negros e pobres sejam muito mais facilmente alvos do art. 33, enquanto brancos e ricos serão enquadrados no art. 28, o que só se agrava em razão da seletividade do sistema penal brasileiro); 2) primeirocaso da CIDH sobre matéria eleitoral (outro caso importante: López Mendoza Vs. Venezuela); e 3) primeiro caso da CIDH sobre igualdade e não-discriminação (seguindo a OC 16, expedida pela CIDH dois anos antes, sobre migrantes ilegais); Vale a pena também conferir as 100 Regras de Brasília Sobre Acesso à Justiça das Pessoas em Condição de Vulnerabilidade, que trata inclusive dos povos indígenas e sua participação em pleitos eleitorais; A Nicarágua nunca cumpriu a decisão da CIDH; Caso Palamara Iribarne Vs. Chile Julgado em 22/11/2005 pela CIDH; Ex-militar (1972-1992) contratado pelo serviço de inteligência da Marinha (Armada) do Chile como civil para prestar serviços de inteligência; Escreveu um livro sobre essa atividade e seus limites éticos; A Armada do Chile, sob o pretexto de “razões de segurança nacional”, determinou sumariamente o recolhimento de todos os exemplares do livro e de todos os insumos e maquinários respectivos; Palamara protestou publicamente e então foi denunciado no Juizado Naval pelos crimes de desobediência, descumprimento de dever militar e desacato; Após reclamações internas e perante a Comissão Interamericana sem sucesso, o caso foi levado à CIDH; Pontos importantes → 1) violação do direito de liberdade de expressão e de Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce pensamento (dupla dimensão individual e social / houve censura prévia / desrespeito ao direito de participação democrática na fiscalização das atividades estatais / o desacato já havia sido revogado, mas a acusação se baseou num outro tipo penal de “ameaça” que tinha como sujeitos passivos as mesmas autoridades, em violação ao decidido anteriormente pela CIDH sobre a inconvencionalidade do crime de desacato – os servidores públicos não merecem melhor proteção que os particulares); 2) violação do direito de audiência de custódia (Palamara foi apresentado ao Fiscal Naval, supostamente com função jurisdicional, o que não foi aceito pela CIDH) e 3) julgamento de civil por tribunal militar em tempo de paz (a jurisprudência da CIDH já se pacificou no sentido de ser vedado julgar civis por crimes militares em tempos de paz, especialmente perante tribunais militares, porque a jurisdição militar deve ser excepcional e guardada, em regra, apenas para os militares – Palamara trabalhava na Marinha Chilena, mas era civil para os efeitos penais – Caso Cesti Hurtado de 1999); A CIDH condenou o Chile ao pagamento de indenizações, determinou a garantia de publicação do livro (que foi publicado pela própria Armada!) e impôs a mudança da legislação para adequação aos ditames da CADH; Memorizando → civis jamais podem ser julgados por crimes militares em tempo de paz (por qualquer tribunal, inclusive!) e a jurisdição penal militar, além de também ter de obedecer ao requisito de “ultima ratio”, também só se aplica para os militares na ativa (nunca para reformados ou civis em geral); ADPF 289/2013 → o PGR quer que o STF interprete o CPM para adequá-lo ao que foi decidido pela CIDH nesse caso; O PSOL apresentou projeto de lei para reformar o CPM e adequá-lo ao decidido pela CIDH; O STM propôs que somente o juiz auditor (de direito, portanto) julgue os civis por crimes militares em tempo de paz; O ministro Celso de Mello, no HC 112936/2013, recomenda que se siga o definido pela CIDH e estabeleceu que o civil que agride militar em situação de policiamento ostensivo em favelas não comete crime militar, porque se trata de atividade típica de segurança pública (civil, portanto); A DPU e a DPESP, por intermédio de Carlos Weis e Bruno Haddad, denunciaram o Brasil na Comissão Interamericana pela manutenção do desacato no CP; Caso dos Meninos Emasculados do Maranhão Vs. Brasil (12426 e 12427) Acordo celebrado perante a Comissão Interamericana em 15/12/2005; Atuação das ONGs Justiça Global e Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente Padre Marcos Passerini; Entre 1991 e 2003, diversos meninos entre 8 e 15 anos de idade foram mortos e tiveram seus genitais mutilados; O Estado do Maranhão falhou sistematicamente na apuração do ocorrido, mantendo-se preponderantemente inerte; As ONGs peticionaram à Comissão Interamericana pedindo a tomada de providências contra o Brasil; O Brasil, após ser notificado, propôs: 1) reconhecer sua responsabilidade pelo ocorrido; e 2) indenizar os familiares das vítimas; Pontos importantes → 1) primeiro caso em que o Brasil admitiu Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce voluntariamente sua responsabilidade internacional e propôs uma solução amistosa antes da decisão final (diferentemente dos casos Damião Ximenes Lopes, Gomes Lund e Escher); 2) bom exemplo de impossibilidade de afastamento da responsabilidade internacional do Estado por atos de entes federados (trata-se da vedação à “cláusula federal”, expressa na própria Convenção); e 3) paradiplomacia (também chamada de cooperação descentralizada ou diplomacia federativa / trata-se da atuação internacional de entes diversos do MRE; no caso aqui debatido, o PdaR autorizou por decreto que o Maranhão participasse ativamente dos debates e da elaboração do acordo); Caso Damião Ximenes Lopes Vs. Brasil Julgado em 04/07/2006 pela CIDH; Nascido em 1969, Ximenes Lopes possuía uma deficiência mental que, agravando- se ao longo dos anos, exigiu sua internação quando completou 30 anos de idade, enquanto ainda residia com sua mãe no CE; Sua primeira internação ocorreu em 1995, mas na segunda internação, em 1999, morreu em decorrência dos maus-tratos sofridos pelos funcionários da Casa de Repouso Guararapes (Sobral/CE), hospital privado ligado ao SUS; O medido responsável pelo local produziu laudo para declarar a morte da vítima, aduzindo não haver lesões externas, bem como ter sido a morte decorrente de parada cardiorrespiratória; A família da vítima, em especial sua irmã Irene, buscou todos os recursos internos para a investigação e a reparação do ocorrido, mas não obteve sucesso, o que levou à provocação da Comissão Interamericana; Em 2003, a Comissão Interamericana apresentou seu relatório, concluindo pela responsabilidade do Brasil, o qual cumpriu apenas parcialmente as recomendações feitas; Em 2004, a CIDH foi provocada, proferindo sentença condenatória em 2006 (indenizações aos familiares e determinação de apuração do ocorrido, com punição dos agentes do crime); Pontos importantes → 1) menção a documento internacional da ONU para fundamentar a condenação (Manual para a Prevenção e Investigação Efetiva de Execuções Extrajudiciais, Arbitrárias e Sumárias das Nações Unidas, ao lado da Convenção Interamericana sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência – Convenção da Guatemala); 2) primeiro caso da CIDH sobre violação de direitos de pessoa com deficiência mental (que ensejou a imposição de dever de elaboração de políticas antimanicomiais); 3) mecanismo de “supervisão por ricochete” (quando o caso envolver pessoa com deficiência, a ofensa à Convenção da Guatemala pode significar uma ofensa reflexa ao Pacto de São José da Costa Rica, a permitir, então, a atuação da CIDH); 4) primeira condenação do Brasil na CIDH (ao lado de ser o primeiro a lidar com os direitos das pessoas com deficiência mental); 5) exemplo de eficácia horizontal dos direitos fundamentais aplicada à tortura cometida por particulares, ainda que por delegação do Estado (objeto de prova dissertativa do MPF em 2013, comparando-se as normas internacionais, interamericanas e da ONU, com as internas sobre tortura); e 6) análise do princípio de “estoppel” (o Estado não pode alegar perante a CIDH a ausência de esgotamento dos recursos internos pelas vítimas se, durante o procedimento perante a Comissão Interamericana, permaneceu inerte nesse ponto – proibiçãode “venire contra factum proprium”); Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Curiosidade → o processo interno de responsabilização penal dos envolvidos acabou somente em 2012, seis anos depois da decisão da CIDH, com a declaração da prescrição da pretensão punitiva, eis que desclassificado o delito de maus tratos qualificado pela morte para maus tratos simples; Caso Simone André Diniz Vs. Brasil Decidido pela Comissão Interamericana em 21/10/2006; Gisele Mota anunciou na Folha de SP que pretendia contratar empregada doméstica, mas que deveria ser “branca”; Simone Diniz candidatou-se, mas foi recusada por ser negra, o que a levou a reclamar perante a Subcomissão do Negro da Comissão de Direitos Humanos da OABSP, a qual provocou as autoridades policiais e houve a instauração de inquérito com base no crime do art. 20 da Lei 7716/89; O MPSP deixou de oferecer denúncia alegando a falta de base legal; O Brasil foi denunciado então pela OABSP e pelo Instituto do Negro Padre Batista perante a Comissão Interamericana por violação aos direitos ao devido processo legal, a acessar a justiça e pelas falhas na apuração da discriminação racial; Entendimento da Comissão → o Brasil violou a CADH, porque permitiu a instauração sistemática de um racismo institucional, eis que se trata de comportamento corriqueiro das autoridades brasileiras / houve desrespeito ao definido na Convenção Internacional para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial; A Comissão fez diversas recomendações, dentre elas a indenização de Simone Diniz, o custeio de seu curso superior, a educação dos servidores públicos no tema, a criação de promotorias e delegacias especializadas no tema etc.; Importante → primeiro caso de responsabilização de um país da OEA por racismo e exame do racismo institucional (baseado em caso anterior da Corte Europeia – Caso Nachova e Outros Vs Bulgária) e impossibilidade de submissão ao crivo da CIDH (o Brasil só aceitou sua competência contenciosa em 2008); Caso Gilson Nogueira de Carvalho e outro Vs. Brasil Julgado em 28/11/2006 pela CIDH; Carvalho era um advogado militante dos direitos humanos, que foi assassinado em 1996; Diversas entidades de direitos humanos provocaram a Comissão para detalhar o descaso do Brasil com relação à apuração do crime; Em 2000, o Brasil ainda não havia passado da fase de pronúncia no Júri; Em 2005, após sucessivas prorrogações do caso, o Brasil informou a Comissão que o único acusado foi absolvido e o MP apelou da sentença; A Comissão submeteu o caso à CIDH; CIDH → rechaçou-se a alegação de que o caso ocorreu antes do reconhecimento da competência da CIDH, pois o objeto da representação não era diretamente a morte de Carvalho, mas sim a possível omissão em caráter permanente do Brasil / afastou- se também o argumento de não esgotamento dos recursos internos, porque ele não foi alegado previamente perante a Comissão (preclusão) / todavia, entendeu-se por fim que o Brasil, a despeito da ineficiência das apurações, não ficou inerte, então não havia violação da CADH, arquivando-se a representação; Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Pontos importantes → 1) caráter subsidiário da jurisdição da CIDH (ela não atua em qualquer caso de ineficiência do Estado, mas somente naqueles em que se confirma, tal qual no TPI, que o Estado não tem condições efetivas de chegar a um resultado adequado, ou não deseja fazê-lo – “inability” e “unwillingness” / em poucas palavras, não se trata de uma “obrigação de resultado”); 2) dupla via do mecanismo internacional de proteção dos direitos humanos (o sistema interamericano protege não só a pessoa contra as violações de direitos humanos pelos Estados, como também os Estados que não violaram direitos humanos / importância da atuação da AGU nesse caso, cuja contestação foi crucial para a absolvição do Brasil); 3) primeiro caso da CIDH sobre violação de direitos humanos de defensores de direitos humanos; 4) conceito de defensor de direitos humanos (Flávia Piovesan: “são todos os indivíduos, grupos e órgãos da sociedade que promovem e protegem os direitos humanos e as liberdades fundamentais universalmente reconhecidos, conforme dispõe a Declaração dos Direitos e Responsabilidades dos Indivíduos, Grupos e Órgãos da Sociedade para Promover e Proteger os Direitos Humanos e Liberdades Individuais Universalmente Reconhecidos, adotada pela ONU em 9 de dezembro de 1998” / em 2014, a paquistanesa Malala e o indiano Kailash venceram o Nobel da Paz pela sua luta contra a repressão de crianças e adolescentes e seu direito à educação); 5) parecer do LFG (o LFG deu parecer no sentido da necessidade de condenação do Brasil, porque diversos policiais civis que poderiam estar ligados à morte de Carvalho não foram sequer investigados / a CIDH não acatou o parecer); e 6) recomendações da Comissão (o Brasil cumpriu algumas delas, a exemplo da criação da Política Nacional de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos – PNPDDH, pelo Decreto nº. 6044/2007); Caso Escher e Outros Vs. Brasil Julgado em 06/07/2009 pela CIDH; Durante o ano de 1999, o Poder Judiciário do PR, a pedido da PM-PR (sem legitimidade para tanto), autorizou a interceptação telefônica de pessoas ligadas a associações e cooperativas agrícolas conectadas ao MST, pelo suposto envolvimento na prática de crimes (jamais apontados nos relatórios da PM-PR); As interceptações telefônicas deferidas, bem como as sucessivas prorrogações e ampliações de investigados, ocorreram sem oitiva do MP-PR e por meros despachos não fundamentados da juíza da Vara de Loanda; Após a conclusão das investigações pela PM-PR, os áudios foram distribuídos para jornalistas e foram objeto de pronunciamento pelo SSP/PR; O MP-PR, finalmente de posse da investigação, requereu a decretação de nulidade de todo o procedimento, o que foi negado; Esgotados os recursos internos, provocou-se a Comissão Interamericana, que emitiu recomendações ao Brasil, nunca cumpridas (mesmo após 3 prorrogações de prazo); O caso foi levado à CIDH, que condenou o Brasil pela violação do direito à intimidade e à vida privada, e do direito à liberdade de associação; Pontos importantes → 1) a CIDH examinou a CADH e a legislação interna em conjunto (a PM-PR não tinha legitimidade para fazer investigações de crimes comuns, o MP deveria ter sido ouvido em diversos momentos, as decisões judiciais precisavam ser fundamentadas, a interceptação telefônica possui requisitos legais rígidos e que não foram cumpridos, o sigilo das investigações não pode ser quebrado com fins políticos e de desmoralização dos investigados etc.); 2) abrangência dos direitos à honra, à imagem e à vida privada (tais direitos Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce Augusto Realce abrangem não somente as violações ordinárias/cotidianas, mas também a realização de interceptações telefônicas ilegais, a divulgação ilegítima de informações à sociedade com objetivo político etc.); Curiosidade → o prazo improrrogável de dois meses para que as vítimas apresentassem suas petições e provas encerrou-se num domingo, sendo que o regulamento da CIDH não diferencia dias úteis e não úteis (diferentemente do processo brasileiro!); nesse caso, as petições, apesar de intempestivas, foram recebidas por “mera liberalidade” da CIDH, que entendeu não haver prejuízo à segurança jurídica ou aos direitos de todas as partes nesse proceder; Caso Sétimo Garibaldi Vs. Brasil Julgado em 23/09/2009 pela CIDH; Em 1998, um grupo de cerca de 20 homens encapuzados, se passando por policiais, tentaram realizar um “despejo extrajudicial” de 50
Compartilhar