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CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA – COFECON COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA NO BRASIL Estudo elaborado por Júlio Miragaya, economista, coordenador da Comissão de Desenvolvimento Regional do Conselho Federal de Economia e doutorando em Desenvolvimento Sustentável no CDS/UnB; Marco César Araujo Pereira, matemático, mestre em Estatística pela UnB e Carlos Henrique Rosa, economista pela UFMG. MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA NO BRASIL SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................7 2. NOTAS METODOLÓGICAS .........................................................................................9 3. ANÁLISE DO DESEMPENHO MACRORREGIONAL E ESTADUAL DO PIB ...............13 4. ANÁLISE DO “MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA” ...........................16 5. PRINCIPAIS CONCLUSÕES ......................................................................................38 6. REFERÊNCIAS ..........................................................................................................39 ANEXO I - CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS .......................................................40 ANEXO II – INFORMAÇÕES GERAIS PARA AS 218 REGIÕES ESTADUAIS .................43 5 MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA NO BRASIL APRESENTAÇÃO O Conselho Federal de Economia tem a satisfação de apresentar o Mapa da Distribuição Espacial da Renda no Brasil em sua terceira edição. Elaborado no âmbito da recém constituída Comissão de Desenvolvimento Regional (CDR), o Estudo vem se somar ao esforço empreendido pela atual gestão do Conselho no sentido de recons- trução da entidade e de sua capacidade de interação com a categoria e com o conjunto da sociedade brasileira. Certamente este objetivo inclui ampliar sua contribuição no debate das grandes questões re- lativas ao desenvolvimento nacional. A Comissão de Política Econômica, por exemplo, tem se dedi- cado ao debate da política macroeconômica do país, tendo inclusive, em setembro último, encami- nhado aos candidatos à Presidência, posicionamentos em relação aos principais tópicos da política macroeconômica. Reflexo de um longo processo histórico, a sociedade brasileira constituiu-se numa das mais desiguais do mundo. Esta desigualdade se expressa tanto em termos sociais quanto espaciais. Não obstante os avanços observados nos últimos anos em termos de redução da disparidade na distri- buição da renda entre os segmentos sociais, com significativa melhoria da renda auferida pelas ca- madas mais pobres da população, o Brasil ainda ostenta uma enorme desigualdade na distribuição da renda interclassses. Mas no plano espacial, os avanços tem sido menos significativos, apresentando o país um enorme desequilíbrio entre suas regiões, nas suas diversas escalas – macrorregional, inter e intra- estadual – demandando políticas públicas que nem sempre conseguem mitigar o problema, muitas vezes, inclusive, em decorrência de diagnósticos insuficientemente elaborados. Em suma, o presente Estudo é mais uma contribuição do Conselho Federal de Economia para que o país possa avançar na resolução de seus problemas. Waldir Pereira Gomes Presidente 7 MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA NO BRASIL 1. INTRODUÇÃO O Brasil constituiu-se, desde a segunda metade do século XX, numa das principais eco- nomias do sistema capitalista mundial. Devido às suas grandes dimensões territorial e popu- lacional, à complexidade de sua sociedade e às condições históricas e peculiares do desenvol- vimento do sistema capitalista no país, aqui se acentuou, ao longo das últimas décadas, uma das maiores desigualdades de renda, em ter- mos espaciais, do planeta. Coincidentemente, com a intensificação do processo de industrialização e urbanização do país, a questão regional começou a ser efe- tivamente discutida na década de 1950, susci- tada principalmente por Celso Furtado (1959) e Josué de Castro (1946), ao defenderem uma estratégia específica voltada para a superação do subdesenvolvimento daquela considerada “região problema” do país, a Região Nordeste. Nos anos 1950-70 a lógica do desenvol- vimento regional baseava-se na superação do atraso por meio de ajuda das regiões mais abas- tadas, pois as mais “atrasadas” não possuíam potencial para se desenvolverem. Prevalecia “a noção de que as regiões eram atrasadas por suas peculiaridades naturais, quando na verdade a questão política era preponderante na continuidade de um modelo de exclusão” (CHACON, 2007). Data desse período a criação das Superintendências de Desenvolvimento Regional do Nordeste (SUDENE), da Amazônia (SUDAM), do Sul (SUDESUL) e do Centro-Oeste (SUDECO) assim como das instituições regionais de fomento: Banco do Nordeste (BNB), Banco da Amazônia e Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). Também foram criadas companhias regionais de desenvolvimento, a exemplo da Companhia do Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF), as- sim como programas regionais, como o Pólo de Desenvolvimento do Centro-Oeste (POLOCENTRO) e o Pólo de Desenvolvimento da Região Noroeste (POLONOROESTE). Durante muito tempo, entretanto, fez-se no Brasil apenas a leitura macrorregional da de- sigualdade espacial, sendo as disparidades in- tramacrorregionais absolutamente desconside- radas pela administração pública e de certa for- ma, pela academia. Mais recentemente, as po- líticas de desenvolvimento regional do Governo FHC, expressas nos programas “Brasil em Ação” e “Avança Brasil”, limitaram-se a uma propos- ta de articulação de alguns eixos dinâmicos do território nacional aos centros de comando da economia mundial. No vácuo da ausência de políticas/ações de desenvolvimento regional, prosperou o que ficou conhecido como “Guerra Fiscal”, em que os estados e municípios dispu- tavam os investimentos privados, oferecendo uma ampla gama de subsídios e isenções fiscais (efetivamente, renúncia fiscal), e que causaram um enorme prejuízo às suas finanças. Ocorre que a atual dinâmica de alocação espacial das atividades produtivas está cada vez mais associada aos interesses das grandes corporações, com forte tendência de acentua- rem a concentração espacial da renda e da ri- queza. Espaços econômicos são constituídos e desconstituídos em ritmo cada vez mais acele- rados, demandando ações cada vez mais efeti- vas por parte do Estado para atenuarem seus efeitos nocivos. CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA – COFECON 8 O precursor de todos os estudiosos da questão regional, o alemão Christaller, já na ter- ceira década do século XX, com a sua conhecida Teoria das Localidades Centrais, afirmava que determinados centros urbanos, ao assumirem funções centrais na produção e na distribuição de bens e serviços a uma determinada região de influência (hinterland), induziam à organi- zação de um sistema hierarquizado de cidades, destacando o papel de centralidade dos núcleos urbanos. Posteriormente, Perroux (1966) desenvol- veu o conceito de região polarizada, partindo do conceito econômico de espaço, em que ele é ex- pressão da interdependência existente entre as diversas áreas, a partir da irradiação da influên- cia comercial. Mais recentemente e na mesma linha, Kayser (1996) destacou que cada região se organiza em torno de um centro, que pode ser chamado de polo (ou de nó), centro que não somente polariza a região em torno de si, como também domina e orienta a vida econômica da sua área de influência, ou seja, a cidade coman- da, por mecanismos bem conhecidos, o espaço que a cerca, articulando as relações econômicas, administrativas, sociais,demográficas e políticas. Benko (1996) aprofundou essa análise ao afirmar que na nova divisão espacial e internacional do trabalho – introduzida pela empresa multinacio- nal – as atividades de alta tecnicidade e as fun- ções direcionais são reservadas às regiões cen- trais, ao passo que as repetitivas, pouco qualifi- cadas e que requerem considerável mão de obra se veem relegadas à periferia. No Brasil, essas teorias se materializam no estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), intitulado Regiões de Influência das Cidades (REGIC), que identifi- ca os principais pólos do país e seus níveis hie- rárquicos de centralidade. Em suma, a atual dinâmica de alocação espacial das atividades produtivas está cada vez mais associada aos interesses das grandes corporações, com forte tendência de acentua- rem a concentração espacial da renda e da ri- queza. Espaços econômicos são constituídos e desconstituídos em ritmo cada vez mais acele- rados, demandando ações cada vez mais efeti- vas por parte do Estado para atenuarem seus efeitos nocivos. Atento a essa situação, logo que assumiu em 2003, o Governo Federal atribuiu à Secretaria de Políticas de Desenvolvimento Regional (SDR) do Ministério da Integração Nacional a tarefa de elaborar uma Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) que minimamente enfrentasse esse desafio. Em decorrência, contudo, da ausência de força polí- tica da Secretaria e da flagrante fragilidade me- todológica da PNDR, muito pouco se avançou na redução da desigualdade espacial da renda no país. 9 MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA NO BRASIL 2. NOTAS METODOLÓGICAS e como de baixa renda, as regiões com PIB per capita abaixo de 50% da média nacional. Deve- se lembrar, ademais, que a renda das famílias representa a porção maior na composição do PIB (em torno de 60%), percentual médio que vale para a ampla maioria das regiões. Teste fei- to entre a correlação do PIB com a renda domi- ciliar nas 218 regiões estaduais de planejamen- to mostra um elevado coeficiente de correlação linear fornecendo um R² = 0,982 (Gráfico 2), tornando a utilização dos PIB municipais to- talmente pertinentes para aferição das rendas regionais. Em relação ao grau de dinamismo, foram classificadas como dinâmicas as regiões com taxa de crescimento do PIB per capita acima de 1,5 vezes a taxa média nacional, como de médio dinamismo aquelas com taxas de crescimento entre metade e 1,5 vezes a taxa média nacional, e, estagnadas, as regiões com taxa de cresci- mento inferior a metade da taxa média nacio- nal. Deve-se ressaltar que a série disponível – 1999 a 2008 – é ainda bastante curta para que se possam tirar conclusões definitivas sobre o grau de dinamismo das diferentes regiões. Foram adotadas neste estudo para men- suração da distribuição espacial da renda no país duas variáveis principais: o tamanho da renda per capita da região e o seu ritmo de crescimento. Para identificar o tamanho da ren- da de cada região, adotou-se o Produto Interno Bruto (PIB) per capita do último ano de dado disponível em nível municipal (2008), a preços de 2009, deflacionados pelo deflator implícito nacional. Para identificar o grau de dinamismo das regiões, adotou-se a taxa de crescimento médio geométrico do PIB per capita entre o tri- ênio 1999/20011 e o ano de 2008. No Capítulo 4 os dados são apresentados na forma de carto- gramas (“mapas”). A adoção do PIB como variá- vel básica para aferição do nível da renda regio- nal implica em uma significativa vantagem, pois desde 1999 o IBGE disponibiliza anualmente o PIB para a totalidade dos municípios brasileiros, o que permite a atualização anual do quadro da distribuição espacial da renda. Já o critério adotado para a classificação das regiões quanto ao nível de renda e de di- namismo foi a posição em relação à média na- cional. O Gráfico 1 apresenta a distribuição da renda per capita segundo as Regiões Estaduais de Planejamento (REPs). Percebe-se aí que das 218 REPs apenas 45 (20,6%) têm PIB per capita acima da média nacional. Dessa forma, no caso de nível de renda, foram classificadas como de alta renda as regiões com PIB per capita acima da média nacional; como de média renda aque- las entre a média nacional e 50% de seu valor 1 Como medida de atenuação de possíveis oscilações bruscas, comuns ao considerar-se um ano isolado, adotou-se a média do triênio. CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA – COFECON 10 Gráfico 1: Distribuição do PIB per capita, segundo as REPs Gráfico 2: Correlação entre PIB e Renda Domiciliar em 2000, segundo as REPs A tipologia adotada neste estudo conside- ra também as distintas possibilidades de combi- nação entre tamanho e grau de dinamismo da renda, resultando em nove situações, conforme mostrado na Figura 1. 11 MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA NO BRASIL RENDA (PIB PER CAPITA) ALTA MÉDIA BAIXA > da média nacional de 0,5 até a média nacional < 0,5 da média nacional D I N A M I S M O (V A R IA ÇÃ O M ÉD IA A N U A L D O P IB P ER C AP IT A) A LT O > 1, 5 da m éd ia na ci on al Alta Renda e Alto Dinamismo (E) Média Renda e Alto Dinamismo (D 1 ) Baixa Renda e Alto Dinamismo (C 1 ) M ÉD IO de 0 ,5 a 1 ,5 da m éd ia na ci on al Alta Renda e Médio Dinamismo (D 2 ) Média Renda e Médio Dinamismo (C 2 ) Baixa Renda e Médio Dinamismo (B 1 ) BA IX O < 0, 5 da m éd ia na ci on al Alta Renda e Baixo Dinamismo (C3) Média Renda e Baixo Dinamismo (B 2 ) Baixa Renda e Baixo Dinamismo (A) Figura 1: Quadro resumo da Tipologia do “Mapa” Tal tipologia explicita uma importante di- ferença em relação à metodologia adotada na PNDR, que contempla quatro situações típicas especificadas (Figura 2). No Anexo I tem-se uma discussão sobre diferenças entre as duas tipologias Tipologia Sub-Regional Rendimento/hab Alto Médio Baixo Va ri aç ão d o PI B /h ab Alta Su b- re gi õe s de A LT A R EN D A Sub-Regiões DINÂMICAS Média Su b- Re gi õe s ES TA G N A D A S Su b- Re gi õe s de B A IX A R EN D A Baixa Figura 2: Tipologia da PNDR. CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA – COFECON 12 Quanto à escala espacial, os dados do “Mapa” são apresentados na escala subestadu- al, considerando as chamadas Regiões Estaduais de Planejamento (REP), regionalizações ado- tadas pelos governos estaduais, em oposição às Microrregiões Geográficas (MRG) do IBGE, essencialmente para prestigiar o planejamen- to territorial dos estados, considerando haver, inclusive, uma forte convergência entre am- bas, pois os estados, via de regra, assim como o IBGE, adotam a polarização dos centros urba- nos como critério principal para regionalização. Em alguns estados, para efeito de melhor com- parabilidade dos dados em termos nacionais, procedeu-se a agregação de regiões, formando regiões virtuais, sempre considerando como critério norteador da agregação o nível de cen- tralidade de cada pólo regional constantes da REGIC, realizado pelo IBGE em 2008. Desta for- ma, foram identificadas 218 regiões estaduais, distribuídas, conforme o Quadro 1. Deve-se destacar, por fim, que o tamanho do PIB per capita não pode simplesmente ser in- terpretado como indicador de desenvolvimento social. Algumas regiões específicas, onde o PIB per capita é elevado em decorrência, por exem- plo, de uma grande produção petrolífera ou da localização de uma usina hidrelétrica, pode apresentar um indicador de desenvolvimen- to social, como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), não tão significativo. Quadro 1 Regiões Estaduais de Planejamento, segundo as Unidades daFederais (UF) UF REPs UF REPs UF REPs UF REPs RO 10 MA 12 SE 05 SC1 08 AC 05 PI 11 BA 16 RS 10 AM 09 CE 06 MG 11 MS 09 RR 04 RN1 08 ES 04 MT 12 PA 12 PB 06 RJ 05 GO 10 AP 02 PE 05 SP 15 DF 01 TO1 06 AL 05 PR 11 Total 218 1 Houve agregação de REPs por parte dos autores. Fonte: Secretarias Estaduais de Planejamento. 13 MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA NO BRASIL 3. ANÁLISE DO DESEMPENHO MACRORREGIONAL E ESTADUAL DO PIB 3.1. ANÁLISE DO DESEMPENHO DAS MACRORREGIÕES O desempenho da economia brasileira no período em questão foi de razoável recupera- ção em relação ao pífio crescimento ocorrido nas décadas de 1980 e de 1990. Se entre 1999 e 2003 permanecíamos alternando taxas de crescimento reduzidas com outras mais signifi- cativas (1999: 0,80%, 2000: 4,30%, 2001: 1,30%, 2002: 2,70% e 2003: 1,10%), a partir de 2004, as taxas são mais consistentes, sem a ocorrência de fortes oscilações (2004: 5,70%, 2005: 3,20%, 2006: 4,00%, 2007: 6,10% e 2008: 5,20%). Dessa forma, o PIB total apresentou uma taxa média geométrica anual de 3,75% no perío- do. Ocorre que o desempenho entre as macror- regiões foi bastante distinto. O destaque absolu- to ficou com o acelerado crescimento da região Centro-Oeste, de 7,61% ao ano, seguido da re- gião Norte, com 5,09% ao ano. A região Nordeste teve crescimento médio idêntico à média nacio- nal, ao passo que as regiões Sudeste e Sul tive- ram crescimento inferior, conforme o Quadro 2. Deve-se destacar que o acelerado crescimento do PIB da região Centro-Oeste no período resul- tou num forte incremento do PIB per capita re- gional. Em 1999-2001 o PIB per capita regional era igual à média nacional e teve um crescimento tal que em 2008 o PIB per capita do Centro-Oeste superou em 27% o PIB per capita médio nacio- nal, ultrapassando o da região Sul, ficando abaixo apenas da região Sudeste. Quadro 2 Evolução do PIB e do PIB per capita no período 1999/01 a 2008, segundo as macrorregiões PIB (milhões de reais) Taxa média cresc. anual (%) PIB per capita (R$) Taxa média cresc. anual (%)1999/01 2008 1999/01 2008 Brasil 2.344.913 3.148.858 3,75 13.690 16.607 2,44 Norte 107.967 160.673 5,09 8.250 10.611 3,20 Nordeste 307.346 412.859 3,76 6.393 7.777 2,48 Sudeste 1.353.209 1.764.124 3,37 18.527 22.000 2,17 Sul 415.241 521.422 2,89 16.412 18.962 1,82 Centro-Oeste 161.150 289.780 7,61 13.680 21.158 5,60 Fonte: IBGE e cálculos dos autores. PIB e PIB per capita de 2008 a preços de 2009. 3.2. ANÁLISE DOS DESEMPENHOS DOS ESTADOS O Brasil é um dos países que apresenta maior disparidade entre suas unidades federadas em termos de distribuição da renda. Em 2008, a diferença entre a unidade de maior PIB per capi- ta – Distrito Federal – e a de menor – Piauí – era de 8,5 vezes. Da mesma forma, é muito acentu- ada a diferença em relação ao desempenho eco- nômico. Entre 1999/01 e 2008, o PIB do Estado do Tocantins cresceu acima de 12% ao ano, ao passo que o PIB de Pernambuco e do Rio Grande do Sul cresceram em torno de 2% ao ano. CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA – COFECON 14 O Quadro 3 apresenta o PIB per capita em 2008 das 27 Unidades da Federação e o IDH das UFs em 2007. Observa-se uma relação muito próxima entre os dois indicadores, embora não diretamente proporcional. Na mesma região Centro-Oeste, por exemplo, enquanto o Mato Grosso aparecia em 2008 como o 7º maior PIB per capita do país e Goiás ocupava a 12ª po- sição, em termos de IDH (2007), ocorria uma inversão de posições, com o Mato Grosso ocu- pando a 11ª posição e Goiás a 9ª. Já o Quadro 4 apresenta as taxas mé- dias geométricas anual de crescimento do PIB e do PIB per capita das 27 unidades federadas. Pode-se observar que os desempenhos mais positivos são de estados das regiões Norte e Centro-Oeste, além do Distrito Federal. O Tocantins e Roraima apresentaram excepcionais crescimentos do PIB no período em análise, su- perior a 10% ao ano. Em segundo plano, apa- recem os estados do Acre e Amapá, na Região Norte; Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal no Centro-Oeste e o Maranhão, no Nordeste. Quadro 3 PIB, PIB per capita e IDH, segundo as Unidades da Federação PIB (2008) PIB per capita (2008) IDH (2007) Rank UF (milhões de reais) Rank UF R$ Rank UF índice 01 SP 1.041.704 01 DF 47.751 01 DF 0,900 02 RJ 356.419 02 SP 25.400 02 SC 0,860 03 MG 293.419 03 RJ 22.456 03 SP 0,857 04 RS 207.194 04 SC 21.154 04 RJ 0,852 05 PR 186.185 05 ES 21.011 05 RS 0,847 06 SC 128.038 06 RS 19.087 06 PR 0,846 07 BA 126.195 07 MT 18.619 07 MS 0,830 08 DF 122.107 08 PR 17.581 08 MG 0,825 09 GO 78.178 09 MG 14.782 09 GO 0,824 10 PE 73.158 10 MS 14.736 10 ES 0,821 11 ES 72.565 11 AM 14.555 11 MT 0,808 12 CE 62.417 12 GO 13.375 12 AM 0,800 13 PA 60.776 13 RO 12.439 13 AP 0,800 14 MT 55.068 14 RR 12.302 14 RO 0,784 15 AM 48.629 15 AP 11.458 15 TO 0,784 16 MA 39.971 16 TO 10.618 16 RR 0,782 17 MS 34.423 17 AC 10.278 17 PA 0,782 18 PB 26.688 18 SE 10.156 18 AC 0,780 19 RN 26.464 19 BA 8.702 19 SE 0,770 20 SE 20.306 20 RN 8.519 20 BA 0,767 21 AL 20.228 21 PE 8.376 21 RN 0,753 22 RO 18.578 22 PA 8.301 22 PB 0,752 23 PI 17.407 23 CE 7.386 23 CE 0,749 24 TO 13.596 24 PB 7.131 24 PE 0,742 25 AP 7.026 25 AL 6.468 25 PI 0,740 26 AC 6.990 26 MA 6.339 26 MA 0,724 27 RR 5.078 27 PI 5.586 27 AL 0,722 BRA 3.148.807 BRA 16.606 BRA 0,820 Fonte: IBGE e Banco Central do Brasil (IDH). PIB e PIB per capita de 2008 a preços de 2009. 15 MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA NO BRASIL Quadro 4 Taxas médias geométricas de crescimento anual do PIB e do PIB per capita entre 1999/01 e 2008, segundo as Unidades da Federação Nº UF Taxa cresc. PIB 1999/01 a 2008 (%) Nº UF Taxa cresc. PIB pc 1999/01 a 2008 (%) 01 TO 12,14 01 TO 10,91 02 RR 10,72 02 MA 7,93 03 MA 9,31 03 RR 7,72 04 DF 9,17 04 MT 6,58 05 MT 8,65 05 DF 6,39 06 AC 8,24 06 AC 6,02 07 AP 6,82 07 GO 4,92 08 GO 6,81 08 ES 4,84 09 ES 6,14 09 RO 4,74 10 PI 5,67 10 PI 4,53 11 RO 5,63 11 AP 3,85 12 PA 5,04 12 SE 3,48 13 SE 4,82 13 SC 3,17 14 SC 4,63 14 PA 3,03 15 CE 4,33 15 PB 2,90 16 RN 4,12 16 CE 2,79 17 PB 3,91 17 RN 2,78 18 AL 3,75 18 AL 2,51 19 MS 3,51 19 SP 2,21 20 SP 3,40 20 MG 2,16 21 MG 3,40 21 MS 2,12 22 PR 3,29 22 PR 2,07 23 RJ 2,77 23 RJ 1,61 24 BA 2,69 24 BA 1,44 25 AM 2,65 25 RS 0,89 26 PE 2,04 26 PE 0,88 27 RS 1,61 27 AM 0,63 BRA 3,75 BRA 2,44 Fonte: IBGE. Quanto aos piores desempenhos, com expansão média do PIB abaixo de 3% ao ano, aparecem os estados do Rio Grande do Sul, Pernambuco, Amazonas, Bahia e Rio de Janeiro. CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA – COFECON 16 4. ANÁLISE DO “MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA” As Figuras apresentadas neste capítu- lo explicitam a profunda desigualdade espa- cial em nosso país. Observa-se, em quase to- dos os mapas uma visível divisão do Brasil em duas grandes regiões, o Centro-Sul, engloban- do as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, e o Norte-Nordeste. O presente capítulo analisará inicialmen- te os “mapas” referentes ao tamanho da ren- da per capita das regiões brasileiras em 2008. Posteriormente, analisará o grau de dinamismo dessas regiões no período 1999/01 a 2008. Em seguida, procederá ao cruzamento das duas va- riáveis. No subitem 4.4 é apresentada a disper- são das regiões em relação ao tamanho do PIB per capita e ao ritmo de crescimento e no subi- tem 4.5, são apresentadas as regiões de maior relevância de cada segmento. 4.1 TAMANHO DA RENDA PER CAPITA NAS REGIÕES BRASILEIRAS O Mapa 1 apresenta o PIB per capita mé- dio em 2008 considerando as três classes de renda adotadas na tipologia. 17 MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA NO BRASIL Pode-se observar que as regiões de alta renda, com PIB per capita acima da média na- cional, têm uma fortíssima concentração no chamado Centro-Sul do país. A partir da região metropolitana de São Paulo,centro dinâmico da economia nacional, identificam-se três verten- tes de alta renda: a) em direção ao norte paulis- ta, envolvendo o Triângulo Mineiro, o sul goiano e o Distrito Federal, alcançando as ricas regiões graníferas do Mato Grosso; b) na direção sul, envolvendo o leste paranaense, o nordeste e oeste catarinense, alcançando o centro-norte do Rio Grande do Sul; e c) em direção ao vale do Paraíba paulista e fluminense, abarcando todo o litoral do Rio de Janeiro e o litoral sul capixa- ba. No Norte-Nordeste, as áreas de alta renda limitam-se às regiões de Manaus, Salvador e de Marabá (PA). Todo o restante do Centro-Sul situa-se na condição de média renda, com exceção de duas regiões do norte de Minas Gerais e do en- torno do Distrito Federal e nordeste goiano. Já no Norte-Nordeste do país, são poucas as regi- ões de média renda, prevalecendo amplamente aquelas classificadas como de baixa renda. O Mapa 2 apresenta o mesmo dado am- pliando as classes de renda para seis. Observa-se que as regiões com PIB per capita 1,5 vezes a média nacional são em núme- ro reduzido, envolvendo as regiões polarizadas pelos principais centros industriais do país (São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Caxias do Sul, Joinville), as regiões do agronegó- cio (Rondonópolis, Sorriso), a região petrolífera do norte Fluminense e o Distrito Federal. Pode-se observar, contudo, que as regiões com renda abaixo de 25% da média nacional são numerosas, com forte concentração no Norte-Nordeste. CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA – COFECON 18 4.2 DINAMISMO DA RENDA NAS REGIÕES BRASILEIRAS O Mapa 3 apresenta a taxa de crescimen- to médio geométrico do PIB per capita entre o triênio 1999/01 e o ano de 2008 considerando três classes de renda. Observa-se que o dinamis- mo maior é verificado nas regiões de expansão da fronteira agropecuária, envolvendo pratica- mente a totalidade dos estados do Tocantins, Acre e Maranhão e a quase totalidade de Mato Grosso, Rondônia e Goiás, além de Roraima e Amapá. Já as regiões menos dinâmicas, com crescimento inferior à metade do crescimen- to médio nacional no período, concentram-se principalmente em quatro “bolsões”: a) oeste de São Paulo e leste sulmatogrossense; b) o centro sul catarinense e o leste sulriogranden- se; c) uma ampla área do Semi-Árido nordesti- no, englobando parte do médio São Francisco (Pernambuco e Bahia) e d) a quase totalida- de do Estado do Pará, com exceção da Região Metropolitana de Belém, da região de Marabá e outras de menor importância. Compõem tam- bém este grupo algumas regiões do Paraná e o norte de Minas Gerais. Já o Mapa 4 apresenta o mesmo dado ampliando para seis as classes de renda, sendo que a situação das áreas mais dinâmicas pra- ticamente não se altera. No extremo oposto são destacadas as regiões que apresentaram crescimento médio negativo no período. Nesta condição, aparecem algumas regiões no oeste paulista, no centro-norte sulmatogrossense; sul paraense e médio São Francisco baiano. 19 MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA NO BRASIL 4.3 TAMANHO E DINAMISMO DA RENDA Os Mapas 5 a 7 apresentam, em sequência, as regiões de baixa, média e alta renda confrontadas com seus respectivos graus de dinamismo. No Mapa 5, que apresenta as regiões de baixa renda segundo os distintos graus de dina- mismo, nota-se a existência, especialmente nos estados do Maranhão e Amazonas, de um gran- de número de regiões de baixa renda, porém, dinâmicas. Em oposição, o Estado do Pará apre- senta um quadro grave, de uma grande maioria de regiões que combinam a condição de baixa renda e estagnadas. O Mapa 6 apresenta as regiões de média renda segundo os distintos graus de dinamismo. Nota-se nos estados da Região Norte a existên- cia de um grande número de regiões de média renda com forte dinamismo e, em oposição, no oeste paulista e leste sul-matogrossense, diver- sas regiões de média renda estagnadas. Numa situação intermediária, a Região Sul, particular- mente o norte do Paraná e o sul do Rio Grande do Sul, apresentam regiões de média renda e médio dinamismo. Já o Mapa 7 apresenta as regiões de alta renda, segundo o grau de dinamismo. Destaque para o Mato Grosso, com uma ampla porção do centro-sul do estado ostentando o quadro mais favorável, de regiões de alta renda e dinâmicas. Não deixa de ser preocupante a situação de diversas regiões dispersas por todo o Centro- Sul, que, embora de alta renda, revelaram um quadro de estagnação no período em análise. CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA – COFECON 20 21 MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA NO BRASIL O Mapa 8, enfim, consolida o cruzamento entre tamanho da renda e grau de dinamismo, gerando as distintas situações de prioridade para seleção de regiões a serem contempladas por políticas de desenvolvimento regional (ver Figura 3). CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA – COFECON 22 Pode-se observar que os casos mais gra- ves em termos de desenvolvimento regional, que são os que combinam as condições de baixa renda com estagnação, envolvem grande parte do Estado do Pará; o médio São Francisco, no Semi-Árido (Pernambuco e Bahia) e o norte de Minas Gerais, além de outras poucas regiões dispersas pelo território nacional. As regiões que hipoteticamente prescin- dem de ações de desenvolvimento regional são as que combinam a condição de alta renda com alto dinamismo. Numa situação intermediária, podem ser elencadas as regiões que combinam alta renda com médio dinamismo, revelando tendência de se manterem como de alta renda e as regiões que combinam média renda com alto dinamis- mo, revelando tendência de ascenderem à con- dição superior de renda. 4.4 DISPERSÃO DAS REGIÕES SEGUNDO TAMANHO E DINAMISMO O Gráfico 3 apresenta a dispersão das Regiões Estaduais de Planejamento ao longo dos eixos de tamanho da renda e de seu ritmo de crescimento. Nota-se a grande concentração das regiões no intervalo de renda até a média nacional (R$ 16.607) e no intervalo de cresci- mento médio de até 5% ao ano. Gráfico 3: Dispersão das regiões segundo o tamanho e ritmo de crescimento do PIB 4.5 AS REGIÕES DE MAIOR DESTAQUE A seleção aqui apresentada mostra as re- giões brasileiras de destaque, positivo ou nega- tivo, em termos de tamanho e ritmo de cresci- mento de seu PIB per capita. Os Mapas 9 a 12 e as Tabelas 1 a 21 apre- sentam as regiões em situações de destaque, com as regiões que formam o “Brasil mais rico”; o “Brasil mais pobre”; o “Brasil com taxas chine- sas de crescimento” e o “Brasil estagnado”. 23 MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA NO BRASIL Inicialmente é apresentada a Tabela 1, com as 27 regiões metropolitanas (ou aglo- merações urbanas) das capitais estaduais e o Distrito Federal. Observa-se que o destaque absoluto fica com o Distrito Federal, aqui consi- derado de forma isolada, sem sua periferia me- tropolitana, que envolve parte dos municípios que compõem a região goiana “Entorno do DF”. Se considerarmos o conjunto, ou seja, DF mais a periferia metropolitana, seu PIB per capita cai- ria para R$ 36.798, ainda assim o mais elevado entre todas as capitais do país. 4.5.1 AS REGIÕES DAS CAPITAIS ESTADUAIS E O DF Tabela 1 PIB per capita e taxa de crescimento do PIB nas regiões das capitais estaduais Rank UF REGIÃO ESTADUAL PÓLO REGIONAL PIB pc 2008 (R$ de2009) ∆PIB 1999/01 A 2008 (%) 1 DF Brasília Brasília 47.751 9,17 2 SP São Paulo - Metropolitana São Paulo 30.298 4,27 3 ES Metropolitana - Metropolitana Vitória 28.211 6,58 4 PR Metropolitana Curitiba 23.846 4,97 5 RS RF 01 - Metropolitana Porto Alegre 22.532 2,00 6 AM Rio Negro e Solimões - Metropolitana Manaus 21.501 2,35 7 RJ MetropolitanaRio de Janeiro 20.650 3,12 8 MG Central - Metropolitana Belo Horizonte 20.294 3,40 9 SC Florianópolis - Metropolitana Florianópolis 19.135 6,02 10 BA Salvador - Metropolitana Salvador 16.523 1,79 11 MT Sul - Metropolitana Cuiabá 15.264 4,04 12 TO Palmas - Metropolitana Palmas 14.638 14,55 13 MS Campo Grande - Metropolitana Campo Grande 14.542 4,47 14 RO Porto Velho - Metropolitana Porto Velho 14.293 6,77 15 RR Boa Vista - Metropolitana Boa Vista 14.242 11,03 16 GO Metropolitana de Goiânia Goiânia 13.574 6,68 17 MA São Luís - Metropolitana São Luís 12.886 8,43 18 PE Metropolitana Recife 12.723 2,27 19 AC Baixo Acre - Metropolitana Rio Branco 12.230 5,47 20 AP Sul - Metropolitana Macapá 11.982 5,98 21 PB João Pessoa - Metropolitana João Pessoa 11.569 5,52 22 SE Aracaju - Metropolitana Aracaju 11.411 3,63 23 CE Fortaleza - Metropolitana Fortaleza 11.109 4,50 24 RN Litoral Oriental - Metropolitana Natal 10.075 3,83 25 AL Metropolitana Maceió 9.752 3,99 26 PA Metropolitana Belém 9.584 4,52 27 PI Entre-Rios - Metropolitana Teresina 8.745 5,41 Fonte: IBGE. CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA – COFECON 24 4.5.2 “O BRASIL MAIS RICO” O Mapa 9 apresenta apenas as regiões destacadamente mais ricas do país, ou seja, aquelas com PIB per capita 1,5 vezes acima da média nacional em 2008. Pode-se observar que entre as regiões mais ricas, duas delas (Campos e Cabo Frio) têm suas riquezas vinculadas à extração do petróleo; outras quatro aos seus prósperos parques in- dustriais (Metropolitana de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Vitória e região de Itajaí); duas outras vinculadas à riqueza do agronegócio (Centro MT e Sudeste MT) e, completando, a lista, o Distrito Federal, cuja riqueza está fortemente associada à renda gerada no setor público. As Tabelas 2 a 6 apresentam as dez Regiões Estaduais de Planejamento de cada macrorre- gião de maior PIB per capita em 2008. Na Região Norte (Tabela 2), destacam-se as regiões de Carajás (PA), cuja prosperidade está associada à sua imensa produção mineral e a de Manaus, maior pólo industrial da Amazônia. Entre os de- mais destaques, aparecem as outras capitais estaduais da região – Palmas, Porto Velho, Boa Vista, Rio Branco e Macapá – e importantes pó- los regionais de Rondônia e Tocantins. Chama a atenção o fato da região de Belém ser a única entre as capitais da região ausente da relação. 25 MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA NO BRASIL Tabela 2 As 10 REPs de maior PIB per capita da Região Norte REGIÃO ESTADUAL DE PLANEJAMENTO UF PÓLO PIB pc 2008 (R$) Carajás PA Marabá 24.180 Rio Negro e Solimões – Metropolitana AM Manaus 21.501 Vilhena RO Vilhena 15.638 Palmas - Metropolitana TO Palmas 14.638 Porto Velho - Metropolitana RO Porto Velho 14.293 Boa Vista - Metropolitana RR Boa Vista 14.242 Gurupi TO Gurupi 13.230 Baixo Acre - Metropolitana AC Rio Branco 12.230 Sul - Metropolitana AP Macapá 11.982 Cacoal RO Cacoal 11.764 Fonte: IBGE Na Região Nordeste (Tabela 3), entre as 10 regiões de maior PIB per capita, sobressaem as regiões metropolitanas de Salvador, Recife e São Luís, importantes pólos industriais e as regi- ões polarizadas por Barreiras (BA), Balsas (MA) e Uruçuí (PI), todas na nova de fronteira agríco- la, que formam o chamado MAPITOBA (iniciais de Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia). Deve-se destacar também as regiões de Mossoró (RN), polo petrolífero e de Paulo Afonso e N. Sª da Glória, locais de importantes hidrelétricas. Tabela 3 As 10 REPs de maior PIB per capita da Região Nordeste REGIÃO ESTADUAL DE PLANEJAMENTO UF PÓLO PIB pc 2008 (R$) Salvador - Metropolitana BA Salvador 16.523 Barreiras BA Barreiras 14.126 Paulo Afonso BA Paulo Afonso 13.511 Aracaju - Não Metrop. SE - 13.190 Mossoroense RN Mossoró 13.141 N. Senhora da Glória SE N. Sª da Glória 12.920 São Luís - Metropolitana MA São Luís 12.886 Metropolitana PE Recife 12.723 Tabuleiros do Alto Parnaíba PI Uruçuí 12.460 Balsas MA Balsas 11.786 Fonte: IBGE Na Região Sudeste (Tabela 4), destacam- se as regiões metropolitanas de São Paulo e Vitória, as regiões de alguns importantes centros industriais - Campinas, São José dos Campos, Santos e Ribeirão Preto (SP), Volta Redonda (RJ) e Uberlândia (MG) e as ricas regiões petrolíferas de Campos e Cabo Frio (RJ). Já na Região Sul (Tabela 5), além das regi- ões metropolitanas das capitais estaduais Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis, destaque para CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA – COFECON 26 as ricas regiões industriais de Itajaí, Joinville e Blumenau (SC) e Caxias do Sul (RS). Entre os 10 maiores PIB per capita da região, aparecem as regiões agrícolas de Chapecó e Caçador (SC). Tabela 4 As 10 REPs de maior PIB per capita da Região Sudeste REGIÃO ESTADUAL DE PLANEJAMENTO UF PÓLO PIB pc 2008 (R$) Campos RJ Campos 44.248 São Paulo - Metropolitana SP São Paulo 30.298 Região Metropolitana - Metropolitana ES Vitória 28.211 Santos SP Santos 25.953 Campinas SP Campinas 25.885 Cabo Frio RJ Cabo Frio 24.842 São José dos Campos SP S. José dos Campos 24.159 Volta Redonda RJ Volta Redonda 23.019 Triângulo MG Uberlândia 21.846 Ribeirão Preto SP Ribeirão Preto 21.478 Fonte: IBGE Tabela 5 As 10 REPs de maior PIB per capita da Região Sul REGIÃO ESTADUAL DE PLANEJAMENTO UF PÓLO PIB pc 2008 (R$) Metropolitana - Não Metrop. PR - 31.160 Itajaí SC Itajaí 29.482 Joinville SC Joinville 26.025 Metropolitana PR Curitiba 23.846 RF 03 RS Caxias do Sul 23.762 RF 01 - Metropolitana RS Porto Alegre 22.532 Joaçaba SC Caçador 21.719 Blumenau SC Blumenau 21.300 Chapecó SC Chapecó 20.762 Florianópolis - Metropolitana SC Florianópolis 19.135 Fonte: IBGE Por fim. na Região Centro-Oeste (Tabela 6), os maiores destaques são as ricas regiões agroindustriais - Sorriso, Rondonópolis, Tangará da Serra, Sinop e Diamantino (MT); Sudeste e Sudoeste goiano e Pantanal e Norte sulmato- grossense, além do Distrito Federal. 27 MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA NO BRASIL Tabela 6 As 10 REPs de maior PIB per capita da Região Centro-Oeste REGIÃO ESTADUAL DE PLANEJAMENTO UF PÓLO PIB pc 2008 (R$) Centro MT Sorriso 48.226 Brasília DF Brasília 47.751 Sudeste MT Rondonópolis 28.225 Região Sudeste Goiano GO Catalão 24.111 Centro-Oeste MT Diamantino 24.057 Região Sudoeste Goiano GO Rio Verde 21.919 Oeste MT Tangará da Serra 20.250 Região do Pantanal MS Corumbá 18.476 Região Norte MS Coxim 18.015 Centro-Norte MT Sinop 17.714 Fonte; IBGE 4.5.3 “O BRASIL MAIS POBRE” O Mapa 10 apresenta as regiões muito pobres do país, ou seja, aquelas com PIB per ca- pita abaixo de 25% da média nacional em 2008. Observa-se naquele mapa um número conside- rável de regiões nesta situação, quase que exclu- sivamente no Norte-Nordeste do país. E mais: as regiões mais pobres estão fortemente con- centradas nos estados do Maranhão (6) e Piauí (7), além do Ceará (3), Pará (3) e Amazonas (3). Nota-se que todas as regiões possuem PIB per capita inferior a ¼ da média nacional, sendo que em algumas delas, como a de Marajó (PA) e de Cocais (PI) correspondem a pouco mais de 15% da renda média do país. No Centro-Sul do país, os destaques negativos ficam com duas re- giões mineiras (Jequitinhonha/Mucuri e Norte) e três regiões goianas (Entorno do DF, Nordeste e Noroeste). CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA – COFECON 28 Para permitir um melhor entendimen- to da distribuição das regiões mais pobres, as Tabelas 7 a 11 apresentam as Regiões Estaduais de Planejamento do país de menor PIB per ca- pita em 2008 e as respectivas variações do PIB total. Na Região Norte (Tabela 7), são cinco re- giões paraenses e cinco amazonenses, sendo a região do Marajó a de menor PIB per capita de todo o país, com o agravante de apresentar uma taxa negativa de variação do PIB. Tabela 7 As 10 REPs de menor PIB per capita e da variação do PIB per capita,Região Norte REGIÃO ESTADUAL DE PLANEJAMENTO UF PÓLO PIB pc 2008 (R$) Marajó PA Breves 2.739 Alto Solimões AM Tabatinga 3.424 Rio Caetés PA Bragança 3.439 Baixo Amazonas AM Parintins 3.681 Alto do Rio Negro AM S. Gabriel da Cachoeira 3.913 Tapajós PA Itaituba 4.026 Região IV: Juruá AM Eirunepé 4.245 Guamá PA Castanhal 4.347 Triângulo Jutaí/ Solimões/ Juruá AM Tefé 4.486 Xingu PA Altamira 4.604 Fonte: IBGE Na Região Nordeste (Tabela 8), entre as mais pobres, prevalecem regiões do Piauí (6) e do Maranhão (3). Tabela 8 As 10 REPs de menor PIB per capita e da variação do PIB per capita, Região Nordeste REGIÃO ESTADUAL DE PLANEJAMENTO UF PÓLO PIB pc 2008 (R$) Cocais PI Piripiri 3.049 Serra da Capivara PI São Raimundo Nonato 3.175 Entre-Rios - Não Metrop. PI - 3.186 Pinheiro MA Pinheiro 3.232 Vale do Rio Canindé PI Oeiras 3.258 Codó MA Codó 3.379 Carnaubais PI Campo Maior 3.403 São Luís - Não Metrop. MA - 3.462 Vale do Sambito PI Valença do Piauí 3.496 Euclides da Cunha BA Ribeira do Pombal 3.518 Fonte: IBGE A Tabela 9 apresenta as regiões mais pobres da Região Sudeste, com predominância de regiões de Minas Gerais e do Espírito Santo. Observa-se que três regiões possuem PIB per capita abaixo de R$ 10.000,00, sendo elas a região do Jequitinhonha/Mucuri, o Norte de Minas e a de Registro, que compreende o Vale do Ribeira. 29 MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA NO BRASIL Tabela 9 As 10 REPs de menor PIB per capita e da variação do PIB per capita, Região Sudeste REGIÃO ESTADUAL DE PLANEJAMENTO UF PÓLO PIB pc 2008 (R$) Jequitinhonha/Mucurui MG Teófilo Otoni 5.420 Norte de Minas MG Montes Claros 7.115 Registro SP Registro 8.557 Mata MG Juiz de Fora 10.164 Noroeste ES Colatina 11.025 Rio Doce MG Governador Valadares 11.305 Norte ES São Mateus 11.478 Sul ES Cach. do Itapemirim 11.492 Centro Oeste de Minas MG Divinópolis 11.838 Presidente Prudente SP Presidente Prudente 13.067 Fonte: IBGE Já a Tabela 10 mostra que a Região Sul apresenta o melhor quadro entre todas as ma- crorregiões, visto que a de menor PIB per capita era a região do Sudeste paranaense, com valor superior a R$ 10.000,00. Tabela 10 As 10 REPs de menor PIB per capita e da variação do PIB per capita, Região Sul REGIÃO ESTADUAL DE PLANEJAMENTO UF PÓLO PIB pc 2008 (R$) Sudeste Paranaense PR União da Vitória 10.488 Norte Pioneiro Paranaense PR Santo Antônio da Platina 10.665 Noroeste Paranaense PR Umuarama 10.883 RF 04 RS Osório 11.127 Centro-Sul Paranaense PR Guarapuava 12.543 Sudoeste Paranaense PR Pato Branco 13.272 RF 01 - Não Metrop. RS - 13.874 Lages SC Lages 14.091 Norte Central Paranaense PR Londrina 14.458 RF 06 RS Uruguaiana 14.668 Fonte: IBGE Por fim, a Região Centro-Oeste apresenta como principal destaque negativo a região do Entorno do DF, em flagrante contraste com a se- gunda região mais rica do país (Tabela 11). CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA – COFECON 30 Tabela 11 As 10 REPs de menor PIB per capita e da variação do PIB per capita, Região Centro-Oeste REGIÃO ESTADUAL DE PLANEJAMENTO UF PÓLO PIB pc 2008 (R$) Entorno do DF - Metropolitana GO Luziânia 5.842 Nordeste Goiano GO Posse 7.647 Sul - Não Metrop. MT - 9.079 Noroeste Goiano GO Goiás 9.264 Norte MT Alta Floresta 9.752 Noroeste I MT Juína 9.949 Sul-fronteira MS Ponta Porã 10.370 Sudoeste MS Jardim 10.542 Oeste Goiano GO São Luís de Montes Belos 10.724 Cone-sul MS Naviraí 11.709 Fonte: IBGE 4.5.4 “O BRASIL COM TAXAS CHINESAS DE CRESCIMENTO” O Mapa 11 apresenta as regiões com di- namismo “chinês”, ou seja, aquelas com cresci- mento médio geométrico do PIB total acima de 10% ao ano entre 1999/01 e 2008. Observa-se que a quase totalidade dessas regiões encon- tram-se na Amazônia Legal, ou seja, a Região Norte acrescida de Mato Grosso e Maranhão. 31 MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA NO BRASIL As Tabelas 12 a 16 apresentam as regiões de maior crescimento do PIB total entre o triê- nios 1999/01 e 2008. A Tabela 12 apresenta a situação na Região Norte, com destaque nova- mente para a região de Carajás e várias regiões do Tocantins. Tabela 12 As 10 REPs de maior crescimento do PIB Total entre 1999/01 e 2008 na Região Norte REGIÃO ESTADUAL DE PLANEJAMENTO UF PÓLO ∆PIB 1999/01 a 2008 (%) PIB pc 2008 (R$ Mil) Carajás PA Marabá 15,64 24.180 Palmas - Metropolitana TO Palmas 14,55 14.638 Baixo Acre - Não Metrop. AC - 14,14 11.347 Colinas do Tocantins TO Colinas do Tocantins 13,93 10.260 Purus AC Sena Madureira 13,69 9.576 Palmas - Não Metrop. TO - 13,52 11.660 Nordeste RR Bonfim 12,18 9.413 Paraíso do Tocantins TO Paraíso do Tocantins 12,12 11.134 Dianópolis TO Dianópolis 12,10 8.290 Alto Acre AC Brasiléia 11,63 9.332 Fonte: IBGE Na Região Nordeste (Tabela 13), os des- taques também estão na região de fronteira agrícola que são as que aparecem com as maio- res taxa de crescimento do PIB. Deve-se desta- car ainda a região metropolitana de São Luís e a região de Açailândia, importante pólo gusei- ro e entroncamento da Ferrovia Carajás com a Ferrovia Norte-Sul. Tabela 13 As 10 REPs de maior crescimento do PIB Total entre 1999/01 e 2008 na Região Nordeste REGIÃO ESTADUAL DE PLANEJAMENTO UF PÓLO ∆PIB 1999/01 a 2008 (%) PIB pc 2008 (R$ Mil) Balsas MA Balsas 16,12 11.786 Tabuleiros do Alto Parnaíba PI Uruçuí 15,62 12.460 Açailândia MA Açailândia 14,58 11.004 Metropolitana - Não Metrop. PE - 12,18 8.030 Chapadinha MA Chapadinha 12,14 3.630 Santa Inês MA Santa Inês 10,16 4.349 Bacabal MA Bacabal 9,80 4.272 São Luís - Não Metrop. MA - 8,99 3.462 Chapada das Magabeiras PI Bom Jesus 8,44 4.463 São Luís - Metropolitana MA São Luís 8,43 12.886 Fonte: IBGE Já na Região Sudeste (Tabela 14), as taxas de crescimento são mais modestas, em função, inclusive, da maior dimensão do PIB per capita. Destaques absolutos para as regiões de Santos e Vitória, importantes pólos industriais e portu- ários, que já ostentam elevados PIB per capita. Chama a atenção o fato da região metropolita- na de São Paulo aparecer entre as dez de maior crescimento do Sudeste. CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA – COFECON 32 Tabela 14 As 10 REPs de maior crescimento do PIB Total entre 1999/01 e 2008 na Região Sudeste REGIÃO ESTADUAL DE PLANEJAMENTO UF PÓLO ∆PIB 1999/01 a 2008 (%) PIB pc 2008 (R$ Mil) Santos SP Santos 7,22 25.953 Região Metropolitana - Não Metrop. ES - 6,66 19.739 Região Metropolitana - Metropolitana ES Vitória 6,58 28.211 Centro - Não Metrop. MG - 6,08 16.319 Noroeste de Minas MG Paracatu 5,90 14.362 Noroeste ES Colatina 4,86 11.025 Alto Parnaíba MG Patos de Minas 4,72 17.864 Sul ES Cach. de Itapemirim 4,53 11.492 Ribeirão Preto SP Ribeirão Preto 4,50 21.478 São Paulo - Metropolitana SP São Paulo 4,27 30.298 Fonte: IBGE Na Região Sul (Tabela 15), com a notável exceção da região de Itajaí, também destacado pólo industrial e portuário e de elevado PIB per capita, as demais regiões de destaque em rela- ção ao ritmo de crescimento do PIB apresentam números mais modestos. Destaca-se também o grande número de regiões industriais catarinen- ses na relação. Tabela 15 As 10 REPs de maior crescimento do PIB Total entre 1999/01 e 2008 na Região Sul REGIÃO ESTADUAL DE PLANEJAMENTO UF PÓLO ∆PIB 1999/01 a 2008 (%) PIB pc 2008 (R$ Mil) Itajaí SC Itajaí 15,56 29.482 Florianópolis - Metropolitana SC Florianópolis 6,02 19.135 Metropolitana - Não Metrop. PR - 5,69 31.160 Metropolitana PR Curitiba 4,97 23.846 Joinville SC Joinville 4,96 26.025 Florianópolis - Não Metrop. SC - 4,27 14.948 Criciúma SC Criciúma 3,86 15.485 Centro Ocidental Paranaense PR Campo Mourão 3,26 14.751 Blumenau SC Blumenau 2,96 21.300 Chapecó SC Chapecó 2,88 20.762 Fonte: IBGE Na Região Centro-Oeste (Tabela 16), da mesma forma que no Norte e Nordeste, são as regiões da fronteira agrícola que osten- tam as mais aceleradas taxas de crescimento do PIB, com destaque paraa região polarizada por Sorriso, a de maior PIB per capita do país. Destaque também para o acelerado crescimen- to registrado no Distrito Federal. 33 MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA NO BRASIL Tabela 16 As 10 REPs de maior crescimento do PIB Total entre 1999/01 e 2008 na Região Centro-Oeste REGIÃO ESTADUAL DE PLANEJAMENTO UF PÓLO ∆PIB 1999/01 a 2008 (%) PIB pc 2008 (R$ Mil) Centro MT Sorriso 18,26 48.226 Sudeste MT Rondonópolis 12,42 28.225 Pantanal MS Corumbá 10,59 18.476 Centro-Oeste MT Diamantino 10,58 24.057 Sudeste Goiano GO Catalão 9,87 24.111 Centro-Norte MT Sinop 9,31 17.714 Brasília DF Brasília 9,17 47.751 Oeste MT Tangará da Serra 9,10 20.250 Centro Goiano GO Anápolis 8,80 14.514 Sudoeste MT Cáceres 8,43 17.457 Fonte: IBGE 4.5.4 “O BRASIL ESTAGNADO” O Mapa 12 apresenta as regiões mais es- tagnadas do país, ou seja, aquelas com cresci- mento médio geométrico do PIB total negativo entre 1999/01 e 2008. Já as Tabelas 17 a 21 apresentam as Regiões Estaduais de Planejamento no país que registraram crescimento negativo do PIB entre o triênio 1999/01 e 2008. Na Região Norte (Tabela 17), as regiões de menor crescimento do PIB situam-se principal- mente nos estados do Pará e do Amazonas. CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA – COFECON 34 Tabela 17 As 10 REPs de menor crescimento do PIB Total entre 1999/01 e 2008 na Região Norte. REGIÃO ESTADUAL DE PLANEJAMENTO UF PÓLO ∆PIB 1999/01 a 2008 (%) PIB pc 2008 (R$ Mil) Xingu PA Altamira -2,18 4.604 Araguaia PA Redenção -1,53 7.428 Marajó PA Breves -1,08 2.739 Rio Capim PA Paragominas -0,13 4.979 Rio Negro e Solimões - Não Metrop. AM - 0,53 9.796 Baixo Amazonas AM Parintins 1,81 3.681 Ouro Preto do Oeste RO Ouro Preto do Oeste 1,84 10.268 Rio Negro e Solimões - Metropolitana AM Manaus 2,35 21.501 Rio Caetés PA Bragança 2,58 3.439 Juruá AM Eirunepé 3,29 4.245 Fonte: IBGE Na região Sudeste (Tabela 19), deve-se destacar o fato de algumas das regiões estagna- das possuírem atividade industrial expressiva, casos das regiões de São José dos Campos e São José do Rio Preto (SP) e Nova Friburgo e Volta Redonda (RJ). As taxas negativas de crescimento do PIB dessas regiões devem estar associadas a fatores conjunturais que resultaram em perdas de dina- mismo de seus parques industriais no período considerado. Na Região Sul (Tabela 20), os piores de- sempenhos concentram-se no Rio Grande do Sul, envolvendo inclusive alguns importantes pólos industriais e no oeste paranaense, de grande expressão da atividade agroindustrial. Também na Região Nordeste (Tabela 18) são muitas as regiões de baixa taxa de cresci- mento do PIB, com predominância das regiões baianas. Tabela 18 As 10 REPs de menor crescimento do PIB Total entre 1999/01 e 2008 na Região Nordeste. REGIÃO ESTADUAL DE PLANEJAMENTO UF PÓLO ∆PIB 1999/01 a 2008 (%) PIBpc 2008 (R$ Mil) Mata PE Vitória de Sto Antão -0,73 5.132 Alagoinhas BA Alagoinhas -0,19 6.278 Ihéus-Itabuna BA Itabuna 0,33 6.141 João Pessoa - Não Metrop. PB - 0,65 4.601 Sertão AL Santana do Ipanema 0,97 3.549 Guarabira PB Guarabira 1,16 4.431 Litoral Norte RN João Câmara 1,53 4.484 Juazeiro BA Juazeiro 1,56 5.468 Salvador - Metropolitana BA Salvador 1,79 16.523 Centro-Sul CE Iguatu 2,12 3.838 Fonte: IBGE 35 MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA NO BRASIL Tabela 19 As 10 REPs de menor crescimento do PIB Total entre 1999/01 e 2008 na Região Sudeste. REGIÃO ESTADUAL DE PLANEJAMENTO UF PÓLO ∆PIB 1999/01 a 2008 (%) PIB pc 2008 (R$ Mil) Araçatuba SP Araçatuba -1,46 15.350 Barretos SP Barretos -1,44 19.120 Nova Friburgo RJ Nova Friburgo -0,85 14.734 Registro SP Registro -0,20 8.557 São José dos Campos SP S. José dos Campos 0,17 24.159 Central RJ Araraquara 0,53 20.664 Volta Redonda SP Volta Redonda 0,64 23.019 Marília SP Marília 0,67 14.219 Presidente Prudente SP Presidente Prudente 0,74 13.067 São José do Rio Preto SP São José do Rio Preto 1,20 15.933 Fonte: IBGE Tabela 20 As 10 REPs de menor crescimento do PIB Total entre 1999/01 e 2008 na Região Sul. REGIÃO ESTADUAL DE PLANEJAMENTO UF PÓLO ∆PIB 1999/01 a 2008 (%) PIB pc 2008 (R$ Mil) RF 02 RS Santa Cruz do Sul -0,88 18.165 RF 01 - Não Metrop. RS - -0,78 13.874 Joaçaba SC Caçador 0,59 21.719 Centro-Sul Paranaense PR Guarapuava 0,89 12.543 RF 03 RS Caxias do Sul 0,98 23.762 Oeste Paranaense PR Cascavel 1,11 17.445 RF 06 RS Uruguaiana 1,41 14.668 Norte Pioneiro Paranaense PR Sto Antônio Platina 1,59 10.665 RF 05 RS Pelotas 1,69 14.950 RF 04 RS Osório 1,86 11.127 Fonte: IBGE Por fim, na Região Centro-Oeste (Tabela 21), as regiões de baixas taxas de crescimento do PIB estão em sua quase totalidade concen- tradas no Mato Grosso do Sul. Tabela 21 As 10 REPs de menor crescimento do PIB Total entre 1999/01 e 2008 na Região Centro- Oeste REGIÃO ESTADUAL DE PLANEJAMENTO UF PÓLO ∆PIB 1999/01 a 2008 (%) PIB pc 2008 (R$ Mil) Campo Grande – Não Metrop. MS - 0,28 15.511 Norte MS Coxim 0,66 18.015 Sudoeste MS Jardim 1,66 10.542 Leste MS Nova Andradina 2,02 13.052 Bolsão MS Três Lagoas 2,11 16.002 Cone Sul MS Naviraí 2,13 11.709 Sul Fronteira MS Ponta Porã 2,21 10.370 Grande Dourados MS Dourados 3,50 15.677 Oeste Goiano GO S. Luís M. Belos 3,56 10.724 Sul – Não Metrop. MT - 3,75 9.079 Fonte: IBGE CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA – COFECON 36 4.5.5 AS DISCREPÂNCIAS INTRAESTADUAIS Se as disparidades em relação ao tama- nho e ao ritmo de crescimento do PIB e do PIB per capita ocorre de forma acentuada entre os estados, o mesmo ocorre dentro de cada unida- de federativa, em alguns casos, de forma ainda mais aguda que são apresentadas no Quadro 5. Quanto ao tamanho da renda, as maiores discrepâncias são observadas nos estados do Pará e Amazonas. No primeiro caso, a região de Carajás, polarizada por Marabá, impulsionada pela vasta produção mineral e por uma crescen- te indústria de ferro gusa, apresenta um PIB per capita em 2008 (R$ 24.180) quase 9 vezes su- perior ao encontrado na região do Marajó (R$ 2.739), a de mais baixa renda do país. No caso do Amazonas, a diferença é menor, de 6,3 vezes, entre a região de Manaus e a do Alto Solimões (pólo em Tabatinga). Também o Mato Grosso apresenta uma disparidade relevante, de 5,3 vezes, entre o ele- vado PIB per capita da região Centro, polariza- da por Sorriso (R$ 48.226) e a região Sul – Não Metropolitana, próxima à Cuiabá (R$ 9.079). Em situação oposta, outros estados apre- sentam diferenças intraestaduais bem modes- tas. Excetuando-se alguns estados da região Norte, que possuem número reduzido de re- giões estaduais, os maiores destaques ficam com os estados da região Sul. No Rio Grande do Sul, a distância que separa a região mais rica, de maior PIB per capita, a Serra Gaúcha, pola- rizada por Caxias do Sul (R$ 23.762) é apenas 2,1 vezes maior que a de menor PIB per capita, a Litorânea, polarizada por Osório (R$ 11.127). Situação semelhante ocorre em Santa Catarina, onde a distância entre o PIB per capita da região de Itajaí (R$ 29.482) é 2,1 vezes maior que o da região de Lages (R$ 14.091). Em relação às disparidades quanto ao ritmo de crescimento do PIB, o resultado não é diferente, com alguns estados apresentando diferenças substanciais de desempenho entre suas regiões, em oposição à outros, nos quais as diferenças são reduzidas. O Pará aparece novamente como desta- que neste tópico, com a região de Carajás ten- do apresentado uma excepcional taxa de cres- cimento (15,64% ao ano) enquanto a região do Xingu apresentou taxa negativa de 2,18%. Também o Mato Grosso revela uma enorme dis- tância entre o ritmo de crescimento da região Centro (polarizada por Sorriso) da ordem de 18,26% ao ano, em contraste com a região Sul - Não Metropolitana que cresceu apenas 3,75% ao ano. Já o estado do Tocantins apresentadiferen- ças bastante reduzidas entre os ritmos de cres- cimentos de suas regiões. A região de Palmas – Metropolitana foi a de maior crescimento, com expressivos 14,55% ao ano, enquanto a de me- nor expansão, a região de Araguaína, apresen- tou ritmo também acelerado e muito próximo (10,05% ao ano). 37 MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA NO BRASIL Quadro 5 Discrepâncias entre o tamanho e o ritmo de crescimento da renda dentro de cada Unidade da Federação UF PIB per capita 2008 Taxa média geométrica anual de crescimento do PIB 1999/01 a 2008 Maior (A) Menor (B) (A)/(B) Maior (C) Menor (D) (C) - (D) RO 15.638 9.953 1,57 9,79 1,84 7,95 AC 12.230 7.417 1,65 14,14 5,47 8,67 AM 21.501 3.424 6,28 10,83 0,53 10,30 RR 14.242 8.410 1,46 12,18 8,41 3,77 PA 24.180 2.739 8,83 15,64 - 2,18 17,82 AP 11.982 9.926 1,21 10,69 5,98 4,71 TO 14.638 8.203 1,78 14,55 10,05 4,50 MA 12.886 3.462 3,72 16,12 6,36 9,76 PI 12.460 3.175 3,92 15,62 3,42 12,2 CE 11.109 3.719 2,99 5,05 2,12 2,93 RN 13.141 4.098 3,21 5,36 1,53 3,83 PB 11.569 3.728 3,10 5,52 0,65 4,87 PE 12.723 4.072 3,12 12,18 - 0,73 12,91 AL 9.752 3.549 2,75 5,37 0,97 4,40 SE 13.190 5.800 2,27 8,24 3,63 4,61 BA 16.523 3.518 4,70 6,93 - 0,19 7,12 MG 21.846 5.420 4,03 6,08 1,73 4,35 ES 28.211 11.025 2,56 6,66 2,79 3,87 RJ 44.248 14.734 3,00 3,90 - 0,85 4,75 SP 30.298 8.557 3,61 7,22 - 1,46 8,68 PR 31.160 10.488 2,97 5,69 0,89 4,80 SC 29.482 14.091 2,09 15,46 0,59 14,87 RS 23.767 11.127 2,14 2,86 - 0,88 3,74 MS 18.476 10.370 1,78 10,59 0,28 10,31 MT 48.226 9.079 5,31 18,26 3,75 14,51 GO 24.111 5.842 4,13 9,87 3,56 6,31 DF 47.751 47.751 1,00 9,17 9,17 0,00 Fonte: IBGE e cálculos dos autores. CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA – COFECON 38 5. PRINCIPAIS CONCLUSÕES crescimento médio do PIB Total entre 1999/01 e 2008 acima de 10% ao ano, nada menos que 20 se localizam em áreas do Cerrado, de expan- são da fronteira agrícola, com destaque para as localizadas no Tocantins e Mato Grosso. As demais são regiões com reduzidos níveis de ati- vidade econômica (oito envolvendo os estados do Acre, Amazonas, Roraima e Amapá), além do Distrito Federal. Por fim, não obstante esforços que por- ventura tenham sido feitos pelos diversos go- vernos nos últimos 50 anos, com a implementa- ção de diversas políticas, planos e programas, os resultados não foram nada relevantes. Mesmo nos períodos onde os governos assumiram a concepção de que o Estado deveria ter uma postura indutora do desenvolvimento, os instru- mentos implantados revelaram-se insuficientes. Deve-se enfatizar que a promoção do desenvolvimento regional não se faz apenas com políticas de incentivos fiscais ou condições favoráveis de acesso ao crédito. Tão ou mais importantes são a garantia de acesso aos mer- cados consumidores (transportes e logística), disponibilidade energética e de mão de obra qualificada. Como principais conclusões deste es- tudo, podem ser elencadas pelo menos três: a primeira é de que, numa abordagem macrorre- gional, a Região Centro-Oeste efetivamente as- cendeu, em termos de PIB per capita, ao mes- mo patamar das regiões Sudeste e Sul, com a maior parte de suas regiões apresentando PIB per capita acima da média nacional. Já as regi- ões Norte e Nordeste permanecem com a qua- se totalidade de suas regiões num nível muito inferior ao PIB per capita médio do país. A segunda constatação é o crescen- te destaque de regiões cuja principal fonte de riqueza é a atividade agropecuária tecnologi- camente avançada. Estas regiões, distribuídas desde as antigas áreas agrícolas da fronteira oeste dos estados sulinos até as novas frontei- ras agrícolas do Cerrado equipararam-se, em termos de PIB per capita, ao padrão existente nos grandes centros industriais dispersos ao longo da faixa litorânea meridional do país. A terceira conclusão do Estudo é que o maior dinamismo econômico deslocou-se de- finitivamente do litoral para o interior do país. O Mapa “O Brasil com taxas chinesas de cresci- mento” revela que, das 33 regiões com taxa de 39 MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA NO BRASIL 6. REFERÊNCIAS BENKO, G. Economia, espaço, globalização na aurora do século XXI. São Paulo: HUCITEC, 1996. BNDES. Programa de Dinamização Regional – Disponível em: http://www.bndes.gov.br/programas/ regionais/pdr.asp BRASIL. MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL. Política Nacional de Desenvolvimento Regional. Brasília: SDR/MI, 2007. CASTRO, J. Geografia da Fome: a fome no Brasil. Rio de Janeiro: O Cruzeiro, 1946. CHACON, S. S. A distância entre o discurso e a prática das políticas públicas de promoção do desenvolvimento no Brasil. Disponível em http://www.cofecon.org.br/index.php?option=com_con tent&task=view&id=535&Itemid=102 CHRISTALLER, W. Central places in central Germany. Englewood Cliffs:Prentice-Hall, 1933. FURTADO, C. Formação Econômica do Brasil. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1959. IBGE. Contas Regionais. Rio de Janeiro, 2008. IBGE. Censos Demográficos. (Censo demográfico) de 2000. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2000. IBGE. Regiões de influência das cidades: 2007. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2008.IBGE. Produção Agrícola Municipal – Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov. br/cgi-bin/prtabi. IBGE. Sistema IBGE de Recuperação Automática - SIDRA. Disponível em: http:// www.sidra.gov.br/bda/tabela/listabl.asp. IPEA / IBGE / UNICAMP. Caracterização e tendências da rede urbana do Brasil. Campinas: Instituto de Economia da Unicamp, volumes 1 e 2, 1999. KAYSER, B. Tipologia dos espaços geográficos no mundo subdesenvolvido. Conferência na UFPE, 1996. PERROUX, F. Os espaços econômicos, Recife, SUDENE, 1966 (edição mimeografada) CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA – COFECON 40 ANEXO I - CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS A tipologia da PNDR, assim como a de qualquer política pública, deveria permitir uma permanente avaliação dos seus resultados. O mapa da PNDR, todavia, apresenta-se estático, impossibilitando a aferição da involução (ou evolução) da desigualdade na distribuição espa- cial da renda nacional. Conforme já explicitado nas notas meto- dológicas desse estudo, a renda das famílias re- presenta a porção maior na composição do PIB (em torno de 60%) e, de acordo com o Gráfico seguinte, a correlação do PIB com a renda domi- ciliar nas 218 regiões estaduais de planejamen- to mostra um elevado coeficiente de correlação linear, fornecendo um R² = 0,982. É importante destacar que diversos crité- rios adotados no estudo diferenciam do adota- do pela Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR). Diferentemente do “Mapa da Distribuição Espacial da Renda no Brasil”, que apura o tama- nho da renda pelos PIB per capita municipais, na PNDR o tamanho da renda é medido pelo rendimento domiciliar médio per capita, pon- derados pelo custo relativo da cesta básica da capital estadual ou da capital mais próxima. Ocorre que tais dados são fornecidos pelos cen- sos demográficos, disponíveis a cada dez anos, resultando numa enorme defasagem temporal das informações. Gráfico 2: Correlação entre PIB e Renda Domiciliar em 2000, segundo as REPs 41 MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA NO BRASIL Em relação ao grau de dinamismo, o “Mapa” classifica como dinâmicas as regiões com taxa de crescimento do PIB per capita aci- ma de 1,5 vezes a taxa média nacional, como de médio dinamismo aquelas com taxas de crescimento entre metade e 1,5 vezes a taxa média nacional, e, estagnadas, as regiões com taxa de crescimento inferior a metade da taxa média nacional. Quanto ao tamanho da renda, os extratos igualmente se referenciam na média nacional. Aqui reside uma segunda diferença básica coma metodologia adotada pela PNDR. Para a definição dos parâmetros de alto, médio e bai- xo rendimento, assim como de alto, médio e baixo dinamismo, a PNDR adota a distribuição em quartis. Dessa forma, destaca como de alta renda os 25% das microrregiões brasileiras com os rendimentos domiciliares médios mais eleva- dos; como de baixa renda os 25% com os ren- dimentos domiciliares médios mais reduzidos e como de média renda os 50% intermediários. O mesmo procedimento é adotado na classifi- cação das mais e menos dinâmicas. Tal método implica em classificar como de alta renda, ne- cessariamente, 140 das 558 MRG do País, inde- pendentemente do valor de corte, assim como classifica como de baixa renda outras 140 MRG. A adoção de tal método resulta num gra- ve equívoco. Pelo critério da PNDR, apenas 25% das MRG do país são de baixa renda, conclusão que se choca frontalmente com o quadro real brasileiro, de largo predomínio de regiões po- bres. Dessa forma, segundo a PNDR, regiões notoriamente “pobres” como o Seridó Potiguar, Uruburetama (CE), Brejo Paraibano (PB), Tomé- Açu (PA), Jalapão e Dianópolis (TO) e Senhor do Bonfim (BA), todas com PIB per capita médio in- ferior a 35% da média nacional, são classificadas como de média renda. Por este mesmo critério, determinadas regiões reconhecidamente pouco desenvolvidas, como Gurupi (TO) ou Canoinhas (SC), são classificadas como de alta renda. A tipologia adotada neste estudo conside- ra também as distintas possibilidades de com- binação entre tamanho e grau de dinamismo da renda, resultando em nove situações (ver Figura 1, Capítulo I). Tal tipologia explicita uma terceira impor- tante diferença em relação à metodologia ado- tada na PNDR. Consta do documento da PNDR que “As variáveis são estatisticamente discre- tizadas e agrupadas em classes (alta, média e baixa) de forma a possibilitar o cruzamento de- monstrado no quadro seguinte, contemplando as quatro situações típicas especificadas”, con- forme a Figura da PNDR (ver Figura 2, Capítulo I). E prossegue: “Com base na classificação do quadro acima, definem-se como prioritárias para a Política Nacional de Desenvolvimento Regional as microrregiões dos Grupos 2, 3 e 4, que devem ser territórios preferenciais para as políticas setoriais, observadas as disposições contidas neste Decreto”. Em suma, a PNDR, a partir do cruza- mento das duas variáveis selecionadas, define quatro situações “ideal típicas” para efeito de sua aplicação: a) Microrregiões de Alta Renda, que são as que combinam alto rendimento, independentes do dinamismo observado; b) Microrregiões Dinâmicas (de Menor Renda), que são as que combinam rendimentos médios e baixos, com alto dinamismo; c) Microrregiões Estagnadas, que são as que combinam rendi- CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA – COFECON 42 mento médio com médio e baixo dinamismo e d) Microrregiões de Baixa Renda, que são as que combinam rendimento baixo com médio e baixo dinamismo. Ocorre que tais cruzamentos são absolu- tamente insuficientes para retratarem a com- plexidade da desigualdade regional no Brasil. Este também foi o entendimento expresso em estudo do BNDES no âmbito do Programa de Dinamização Regional (PDR). O Programa do BNDES, tomando como base a tipologia da PNDR, amplia o número de “situações” para sete, diferenciando regiões de baixa renda di- nâmicas das estagnadas e subdividindo as regi- ões de média renda em média renda superior e média renda inferior, e ambas, em dinâmicas e estagnadas. O que ocorre é que a tipologia da PNDR ao classificar, no primeiro caso, as regiões de alta renda, independentemente do dinamismo observado, propõe um mesmo tratamento a regiões em situações absolutamente distintas, como, por exemplo, Cuiabá (MT), centro da mais dinâmica região do agronegócio brasilei- ro, e as de Pelotas-Rio Grande (RS) ou de Lages (SC), que lutam para saírem do estado de estag- nação a que foram condenadas pela decadência das atividades econômicas que lhe conferiram prosperidade no passado (indústria frigorífica e madeireira, respectivamente). Pela tipologia da PNDR, não se pode saber se a região de Cuiabá é dinâmica ou se as regiões de Pelotas-Rio Grande e de Lages acham-se estagnadas. No segundo caso, ao definir como dinâ- micas tanto as regiões de média como de baixa renda, misturam-se casos como os das relativa- mente prósperas regiões de Alta Floresta (MT) e de Unaí (MG), onde pontificam a pecuária bovina e a soja, com o ainda muito pobre su- doeste piauiense, cujo dinamismo recente pro- porcionado pela rápida expansão da cultura da soja ainda não permitiu dissociá-la do trágico quadro social típico do Semi-Árido nordestino. No terceiro caso, a tipologia mistura, na condição de estagnadas, regiões efetivamente de baixo dinamismo, como a de Ilhéus-Itabuna, outrora a mais próspera região do interior baia- no devido à riqueza proporcionada pelo cacau e retratada nos romances de Jorge Amado, mas cuja estagnação é nacionalmente notória, com regiões de médio dinamismo, como o noroeste paranaense, em pleno processo de substituição da pecuária bovina pela economia canavieira, em situação absolutamente distinta da região baiana. No quarto caso, incorre-se no mesmo equívoco, ao agrupar numa mesma condição de baixa renda, regiões absolutamente estagna- das, como o nordeste maranhense com outras de médio dinamismo, como o sul do Amazonas. 43 MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA NO BRASIL A N E X O I I – IN F O R M A Ç Õ E S G E R A IS P A R A A S R E G IÕ E S E S TA D U A IS D E P L A N E JA M E N T O U F R EG IÃ O P Ó LO Ár ea PO P D en si da de PI B 2 00 8 PI B p er ∆ P IB ∆ P IB p er C ap it a 20 08 D em og rá fi ca R $ M il C A PI TA 20 08 (2 00 8) / (1 99 9- 20 01 ) (2 00 8) / (1 99 9- 20 01 ) RO Re gi ão I: P or to V el ho – M et ro po lit an a Po rt o Ve lh o 34 .0 82 37 9. 18 6 11 ,1 3 5. 41 9. 67 3 14 .2 93 6, 77 5, 21 Re gi ão I: P or to V el ho - N ão M et ro po lit an a - 10 .9 25 25 .2 57 2, 31 27 5. 66 1 10 .9 14 6, 99 4, 31 Re gi ão II : A ri qu em es A ri qu em es 23 .2 61 18 4. 21 8 7, 92 2. 07 4. 25 5 11 .2 60 6, 97 4, 46 Re gi ão II I: Ja ru Ja ru 21 .8 53 11 7. 19 7 5, 36 1. 32 5. 29 3 11 .3 08 7, 23 6, 67 Re gi ão IV : O ur o Pr et o do O es te O ur o Pr et o do O es te 4. 93 5 66 .5 74 13 ,4 9 68 3. 56 4 10 .2 68 1, 84 3, 04 Re gi ão IX : S ão F ra nc is co d o G ua po ré Sã o M ig ue l d o G ua po ré 27 .7 28 65 .4 35 2, 36 65 1. 29 3 9. 95 3 7, 77 6, 31 Re gi ão V : J i-P ar an á Ji- Pa ra ná 12 .9 76 16 9. 46 7 13 ,0 6 1. 95 5. 35 6 11 .5 38 3, 50 3, 82 Re gi ão V I: Ca co al Ca co al 19 .0 46 16 6. 32 8 8, 73 1. 95 6. 66 3 11 .7 64 3, 75 3, 28 Re gi ão V II: V ilh en a Vi lh en a 31 .2 69 13 0. 00 3 4, 16 2. 03 2. 93 6 15 .6 38 5, 38 4, 40 Re gi ão V III : R ol im d e M ou ra Ro lim d e M ou ra 16 .5 72 12 7. 71 0 7, 71 1. 47 5. 71 9 11 .5 55 3, 99 4, 27 Re gi ão X : G ua ja rá -M ir im G ua ja rá -M ir im 34 .9 27 62 .1 91 1, 78 72 7. 73 4 11 .7 02 9, 79 8, 42 23 7. 57 6 1. 49 3. 56 6 6, 29 18 .5 78 .1 46 12 .4 39 5, 63 4, 74 A C Re gi on al B ai xo A cr e - M et ro po lit an a Ri o Br an co 9. 22 3 30 1. 39 8 32 ,6 8 3. 68 6.24 2 12 .2 30 5, 47 4, 00 Re gi on al B ai xo A cr e - N ão M et ro po lit an a - 13 .6 25 79 .3 65 5, 82 90 0. 52 1 11 .3 47 14 ,1 4 10 ,9 0 Re gi on al A lt o A cr e Br as ilé ia 14 .1 22 54 .1 96 3, 84 50 5. 78 3 9. 33 2 11 ,6 3 8, 98 Re gi on al Ju ru á Cr uz ei ro d o Su l 29 .7 81 12 6. 08 9 4, 23 93 5. 19 0 7. 41 7 11 ,2 5 8, 55 Re gi on al P ur us Se na M ad ur ei ra 40 .6 46 47 .1 14 1, 16 45 1. 15 9 9. 57 6 13 ,6 9 10 ,4 0 Re gi on al T ar au ac á - E nv ir a Ta ra ua cá 45 .1 84 71 .9 11 1, 59 51 0. 86 9 7. 10 4 11 ,1 3 8, 24 15 2. 58 1 68 0. 07 3 4, 46 6. 98 9. 76 4 10 .2 78 8, 24 6, 02 A M Re gi ão V II: R io N eg ro e S ol im õe s - M et ro po lit an a M an au s 29 .3 90 1. 87 8. 15 7 63 ,9 1 40 .3 82 .0 36 21 .5 01 2, 35 -0 ,0 3 Re gi ão V II: R io N eg ro e S ol im õe s - N ão M et ro po lit an a - 16 7. 02 8 23 0. 40 9 1, 38 2. 25 7. 14 9 9. 79 6 0, 53 -0 ,9 9 Re gi ão I: A lt o So lim õe s Ta ba ti ng a 13 1. 61 8 18 2. 61 4 1, 39 62 5. 35 3 3. 42 4 5, 16 2, 82 Re gi ão II : T ri ân gu lo Ju ta í/ S ol im õe s/ Ju ru á Te fé 21 3. 62 7 15 7. 50 6 0, 74 70 6. 51 0 4. 48 6 3, 93 5, 74 Re gi ão II I: Pu ru s Lá br ea 25 2. 98 5 12 0. 05 7 0, 47 74 5. 09 6 6. 20 6 10 ,8 3 8, 29 Re gi ão IV : J ur uá Ei ru ne pé 10 2. 71 4 11 4. 40 5 1, 11 48 5. 62 9 4. 24 5 3, 29 2, 33 Re gi ão IX : B ai xo A m az on as Pa ri nti ns 67 .0 41 19 0. 39 5 2, 84 70 0. 88 7 3. 68 1 1, 81 0, 25 CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA – COFECON 44 U F R EG IÃ O P Ó LO Ár ea PO P D en si da de PI B 2 00 8 PI B p er ∆ P IB ∆ P IB p er C ap it a 20 08 D em og rá fi ca R $ M il C A PI TA 20 08 (2 00 8) / (1 99 9- 20 01 ) (2 00 8) / (1 99 9- 20 01 ) A M Re gi ão V : M ad ei ra H um ai tá 22 1. 03 7 15 5. 14 9 0, 70 76 7. 83 4 4. 94 9 5, 32 2, 94 Re gi ão V I: A lt o do R io N eg ro Sã o G ab ri el d a Ca ch oe ir a 29 4. 50 7 83 .9 04 0, 28 32 8. 31 5 3. 91 3 6, 93 3, 67 Re gi ão V III : M éd io A m az on as It ac oa ti ar a 90 .7 98 22 8. 50 0 2, 52 1. 63 0. 23 1 7. 13 4 9, 69 6, 90 1. 57 0. 74 6 3. 34 1. 09 6 2, 13 48 .6 29 .0 40 14 .5 55 2, 65 0, 63 RR M ic ro rr eg iã o Bo a V is ta - M et ro po lit an a Bo a V is ta 5. 68 7 26 0. 93 0 45 ,8 8 3. 71 6. 18 4 14 .2 42 11 ,0 3 7, 78 M ic ro rr eg iã o Bo a V is ta - N ão M et ro po lit an a - 62 .0 68 31 .5 61 0, 51 28 9. 57 2 9. 17 5 8, 41 8, 43 M ic ro rr eg iã o Ca ra ca í Ca ra ca ra í 74 .2 82 37 .9 24 0, 51 34 1. 99 0 9. 01 8 8, 33 5, 44 M ic ro rr eg iã o N or de st e Bo nfi m 30 .7 93 37 .3 87 1, 21 35 1. 91 4 9. 41 3 12 ,1 8 9, 67 M ic ro rr eg iã o Su de st e Ro ra in óp ol is 51 .4 70 44 .9 81 0, 87 37 8. 27 8 8. 41 0 10 ,8 2 6, 30 22 4. 29 9 41 2. 78 3 1, 84 5. 07 7. 93 8 12 .3 02 10 ,7 2 7, 72 PA M et ro po lit an a Be lé m 2. 53 7 2. 13 2. 86 9 84 0, 74 20 .4 42 .0 81 9. 58 4 4, 52 2, 76 A ra gu ai a Re de nç ão 17 4. 05 2 42 7. 31 4 2, 46 3. 17 4. 14 7 7. 42 8 -1 ,5 3 -3 ,9 0 Ba ix o A m az on as Sa nt ar ém 31 5. 85 7 65 4. 45 0 2, 07 4. 39 8. 52 2 6. 72 1 3, 77 2, 58 Ca ra já s M ar ab á 44 .8 15 51 9. 62 7 11 ,6 0 12 .5 64 .4 26 24 .1 80 15 ,6 4 12 ,3 2 G ua m á Ca st an ha l 11 .4 13 52 7. 68 1 46 ,2 3 2. 29 4. 01 2 4. 34 7 3, 77 2, 19 La go d e Tu cu ru í Tu cu ru í 39 .9 38 33 9. 15 7 8, 49 3. 85 5. 87 8 11 .3 69 5, 85 2, 85 M ar aj ó Br ev es 95 .5 99 43 4. 62 9 4, 55 1. 19 0. 50 9 2. 73 9 -1 ,0 8 -3 ,4 0 Ri o Ca et és Br ag an ça 16 .5 80 44 9. 03 6 27 ,0 8 1. 54 4. 24 4 3. 43 9 2, 58 1, 09 Ri o Ca pi m Pa ra go m in as 62 .1 35 55 8. 55 1 8, 99 2. 78 1. 28 1 4. 97 9 -0 ,1 3 -2 ,0 2 Ta pa jó s It ai tu ba 18 9. 59 3 25 8. 33 2 1, 36 1. 04 0. 10 7 4. 02 6 3, 62 0, 54 To ca nti ns A ba et et ub a 35 .8 39 68 8. 53 4 19 ,2 1 5. 96 5. 61 4 8. 66 4 6, 03 3, 61 Xi ng u A lt am ir a 25 9. 33 2 33 1. 31 3 1, 28 1. 52 5. 46 7 4. 60 4 -2 ,1 8 -3 ,3 5 1. 24 7. 69 0 7. 32 1. 49 3 5, 87 60 .7 76 .2 87 8. 30 1 5, 04 3, 03 A P Su l - M et ro po lit an a M ac ap á 7. 98 5 45 4. 75 3 56 ,9 5 5. 44 8. 86 5 11 .9 82 5, 98 3, 43 Su l - N ão M et ro po lit an a - 77 .0 98 10 4. 68 7 1, 36 1. 04 3. 69 9 9. 97 0 10 ,0 8 6, 36 N or te O ia po qu e 57 .7 31 53 .7 24 0, 93 53 3. 26 5 9. 92 6 10 ,6 9 5, 17 14 2. 81 5 61 3. 16 4 4, 29 7. 02 5. 82 9 11 .4 58 6, 82 3, 85 C on ti nu aç ão A ne xo I I 45 MAPA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA RENDA NO BRASIL U F R EG IÃ O P Ó LO Ár ea PO P D en si da de PI B 2 00 8 PI B p er ∆ P IB ∆ P IB p er C ap it a 20 08 D em og rá fi ca R $ M il C A PI TA 20 08 (2 00 8) / (1 99 9- 20 01 ) (2 00 8) / (1 99 9- 20 01 ) TO Pa lm as - M et ro po lit an a Pa lm as 2. 21 9 18 4. 01 0 82 ,9 3 2. 69 3. 59 4 14 .6 38 14 ,5 5 10 ,8 6 Pa lm as - N ão M et ro po lit an a - 52 .1 30 12 8. 62 2 2, 47 1. 49 9. 69 1 11 .6 60 13 ,5 2 12 ,7 1 A ra gu aí na A ra gu aí na 36 .8 92 38 4. 96 2 10 ,4 3 3. 15 7. 76 7 8. 20 3 10 ,0 5 9, 56 Co lin as d o To ca nti ns Co lin as d o To ca nti ns 51 .5 80 19 6. 35 7 3, 81 2. 01 4. 52 7 10 .2 60 13 ,9 3 12 ,6 6 D ia nó po lis D ia nó po lis 51 .5 57 13 7. 12 2 2, 66 1. 13 6. 75 7 8. 29 0 12 ,1 0 11 ,1 1 G ur up i G ur up i 44 .8 65 15 0. 93 4 3, 36 1. 99 6. 79 1 13 .2 30 10 ,2 9 9, 71 Pa ra ís o do T oc an ti ns Pa ra ís o do T oc an ti ns 38 .3 77 98 .5 02 2, 57 1. 09 6. 77 0 11 .1 34 12 ,1 2 10 ,2 2 27 7. 62 1 1. 28 0. 50 9 4, 61 13 .5 95 .8 97 10 .6 18 12 ,1 4 10 ,9 1 M A Sã o Lu ís - M et ro po lit an a Sã o Lu ís 1. 41 0 1. 24 9. 14 1 88 5, 91 16 .0 96 .3 70 12 .8 86 8, 43 6, 52 Sã o Lu ís - N ão M et ro po lit an a - 11 .0 96 31 0. 93 5 28 ,0 2 1. 07 6. 38 1 3. 46 2 8, 99 6, 26 Sa nt a In ês Sa nt a In ês 30 .8 93 60 0. 58 0 19 ,4 4 2. 61 1. 71 9 4. 34 9 10 ,1 6 9, 21 Pr es id en te D ut ra Pr es id en te D ut ra 52 .1 94 60 7. 16 2 11 ,6 3 2. 27 9. 15 2 3. 75 4 7, 98 7, 05 Pi nh ei ro Pi nh ei ro 39 .8 35 65 5. 53 1 16 ,4 6 2. 11 8. 86 0 3. 23 2 7, 98 6, 58 Pe dr ei ra s Pe dr ei ra s 3. 11 4 13 1. 75 9 42 ,3 1 62 1. 33 8 4. 71 6 8, 10 8, 76 Im pe ra tr iz Im pe ra tr iz 50 .7 17 61 6. 81 7 12 ,1 6 3. 54 9. 95 0 5. 75 5 8, 06 7, 21 Co dó Co dó 9. 28 3 24 5. 37 1 26 ,4 3 82 9. 21 8 3. 37 9 6, 36 5, 54 Ch ap ad in ha Ch ap ad in ha 27 .9 55 50 6. 03 2 18 ,1 0 1. 83 7. 09 3 3. 63 0 12 ,1 4 10 ,2 4 Ca xi as Ca xi as 16 .9 83 45 6. 80 9 26 ,9 0 1. 86 4. 90 4 4. 08 2 8, 30 7, 02 Ba ls as Ba
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