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RESUMO DO CAPÍTULO 8 DA OBRA DE LENIO STRECK - CRISES DO ESTADO

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CRISES DO ESTADO
No decorrer da história, o Estado Moderno passou por um processo de
transformações, podendo dizer inclusive, que ocorreram crises interconectadas.
A primeira crise atinge suas características conceituais básicas, especificamente
a sua soberania, sendo chamada de Crise Conceitual. Seguindo, a segunda crise
tem como foco suas materializações, ou seja, o Estado do Bem-Estar Social e
recebe o nome de Crise Estrutural. A terceira crise, por sua vez, é quanto a
racionalização do poder, em outras palavras, o Estado Constitucional,
denominada de Crise Institucional. Ademais, recebe o nome de Crise Funcional
as questões ligadas aos direitos humanos e seus vínculos com a democracia e a
cidadania, fatos estes que conduziram o Estado a uma nova dimensão, que é
chamada de Crise Política.
Quanto à Crise Conceitual, o Estado sofreu inflexões às suas características
fundamentais, em especial a ideia de soberania e direitos humanos. No que diz
respeito à soberania, pode-se dizer que ela foi a característica fundamental do
Estado Moderno. Na Idade Média, onde existiu a monarquia a soberania era
representada pela figura do rei que detinha o poder soberano em suas mãos, mas
com o passar dos anos a soberania deixa de pertencer exclusivamente ao
monarca e atribui-se também à burguesia que, posteriormente, no século XIX
aparece como emanação do poder político, onde finalmente aparece a figura do
Estado dotado de personalidade jurídica e como titular da soberania. Assim,
historicamente a soberania foi um poder absoluto, indivisível, inalienável,
imprescritível e incontrastável, onde a aplicação das normas era imposta
coercitivamente dentro da sociedade. Entretanto, essa imagem inabalável da
soberania começou a sofrer abalos quando se incorporou a figura das relações
internacionais, uma vez seus homólogos eram tratados de forma igualada nas
suas relações, de modo a passar por revisão em seu conceito da palavra ligado
ao poder superior. Ademais, verifica-se portanto que nos tempos atuais, a
questão da soberania não remete a mesma ideia do passado, haja vista que
vivemos em um Estado democrático, onde por exemplo, existem limites
procedimentais e garantias.
Por sua vez, a questão dos direitos humanos, que também foi um dos problemas
da Crise Conceitual, começou a aparecer aos poucos, devido às condições da
época e estava ligado diretamente à questão da soberania. Assim, existem
gerações dos direitos humanos, sendo a primeira ligada aos direitos civis e
políticos, a segunda geração foi atrelada ao conteúdo econômico, social e
cultural, e a terceira geração remete-se às questões ligadas à paz, ao
desenvolvimento, ao meio ambiente, etc.
Quanto à Crise Estrutural, essa atingiu o Estado Contemporâneo sob a égide do
Estado de Bem-Estar colocando seu próprio modelo sob análise, ou seja, foi o
desenvolvimento do projeto liberal que acabou transformando-se em Estado do
Bem-Estar Social no decorrer do século XX. Esse momento, traz forte
referência às lutas dos movimentos operários pela conquista de uma regulação
para a questão social, em outras palavras, eles reivindicavam pelo direito à
previdência, assistência social, transporte, salubridade pública, moradia, etc.
Com isso, impulsionou a passagem do Estado Mínimo (apenas assegurava o
livre desenvolvimento das relações sociais mercantis) para o Estado
Intervencionista, que assumiu tarefas até então exclusivas à iniciativa privada.
De outro lado, estava a crise de um modelo, que exigia a institucionalização de
um modelo, seja o liberalismo ou até uma reformulação, que eram advindas de
seus opositores ou até do próprio desenvolvimento contraditório marcado na
época. A crise financeira, em especial, foi a que mais ganhou impacto e para
superá-la cogitou-se em aumentar a carga fiscal ou reduzir os custos da ação
estatal.
Quanto à Crise Constitucional ou Institucional, ela ocorreu no Estado
Contemporâneo e teve como aspectos principais, a figura do constitucionalismo.
Essa crise afetou o poder normativo das Constituições, tidas como pactos
fundantes da comunidade político-jurídica. Neste momento estruturam-se
medidas de vigilância e de punições excepcionais, voltadas para a neutralização
pura e simples das classes ditas perigosas, que eram os grupos marginalizados
próprios da globalização.
Quanto à Crise Funcional, também parte do Estado Contemporâneo, refere-se a
perda de exclusividade do desempenho de funções estatais dos órgãos
incumbidos e atribuídos a eles tarefas inerentes. Existem duas divisões para essa
crise, a interna e externa, a primeira é a vivida dentro do próprio Estado entre as
três funções, a segunda trata-se da relação entre as funções e um fator externo.
Ou seja, além da mudança no perfil clássico das funções estatais há também a
fragilização do Estado quando este perde força frente a outros setores, afetando
sua capacidade de decidir vinculativamente a respeito da lei, sua execução e
resolução de conflitos.
Por fim, existe a Crise Política que também ocorreu no Estado Contemporâneo é
marcada pelo aspecto da democracia representativa, que necessitou ser
repensada por vários motivos, entre eles: o número crescente de pessoas na
política, dificuldades técnicas trazidas pelo tipo e conteúdo dos temas postos em
discussão ou ainda pelo volume quantitativo de questões postas à solução.
Devido a esses motivos a democracia foi posta como “fantoche” da política,
tendo apenas aspecto formal e necessitou transformá-la, incorporando
instrumentos de participação popular direta no seu interior e inclusive
modificando seu caráter intrínseco. Assim foi criado modelos democráticos
alternativos a fim de dar conta desse processo de mudanças.

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