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CGU, que continua como órgão central do sistema. Até aqui, falamos sobre o Controle Interno do Poder Executivo Federal. Entretanto, o art. 70 da CF/1988 prevê que cada Poder deve possuir seu sistema de controle interno e o art. 74 pre- ceitua que os sistemas de controle interno de todos os Poderes devem agir de forma integrada. Contudo, não existem sistemas de controle interno instituídos nos Poderes Legislativo, Judiciário e no Ministério Público. Em cada uma dessas instituições há órgãos, que cuidam das matérias relativas a esse sistema (por exemplo, na Câmara há uma Secretaria de Controle Interno, subordinada à Mesa Diretora). 4. Vedações e prerrogativas As atribuições dos sistemas do Ciclo de Gestão são complexas e extremamente importan- tes, pois se trata do uso dos recursos públicos para consecução dos objetivos do Governo. O uso de dinheiros públicos requer cuidados especiais, por isso existem algumas exigências para as pessoas poderem fazer parte desse ciclo. Quem não pode fazer parte do Ciclo de Gestão? O que a legislação prevê para proteger os recursos públicos? Atenta aos perigos que envolvem a administração dos recursos públicos, a Lei 10.180/2001 estabeleceu algumas garantias e restrições aos servidores que integram o Ciclo de Gestão, para que possam exercer suas funções regularmente. 18 Estruturas de Gestão Pública Tr ib un al d e Co nt as d a Un iã o Segundo a Lei 10.180/2001, nenhum processo, documento ou informação poderá ser sonegado aos servidores dos sistemas de contabilidade e de controle interno, no exercício das atribuições inerentes às atividades de registros contábeis, de auditoria, fiscalização e avaliação de gestão. Os dirigentes dos sistemas de contabilidade e do controle interno podem contestar quais- quer atos de gestão realizados sem a devida fundamentação legal, mediante representação ao responsável. O agente público que, injustificadamente dificultar a atuação dos servidores do sistema de contabilidade e do controle interno, ficará sujeito à pena de responsabilidade administrativa, civil e penal. Vimos as garantias e prerrogativas que a lei estabelece aos integrantes dos sistemas de contabilidade e de controle interno. Agora vejamos as proibições. As primeiras vedações que iremos mencionar são as relativas aos cargos de direção. A lei prevê que é vedado aos dirigentes dos órgãos e unidades dos sistemas do Ciclo de Gestão exercerem: • atividade de direção político-partidária; • profissão liberal; • demais atividades incompatíveis com os interesses da APF, na forma que dispuser o regulamento. Quanto aos agentes do Ciclo de Gestão, a lei veda a nomeação para o exercício de cargo, inclusive em comissão, de pessoas que nos últimos cinco anos tenham sido: • Responsáveis por atos julgados irregulares por decisão definitiva do TCU, do Tribunal de Contas do Estado, do Distrito Federal ou de município, ou ainda, por conselho de contas de município; • Punidas, em decisão da qual não caiba recurso administrativo, em processo disciplinar por ato lesivo ao patrimônio público de qualquer esfera de governo; • Condenadas em processo criminal por prática de crimes contra a Administração Pública, capitulados nos Títulos II e XI da Parte Especial do Código Penal Brasileiro, na Lei 7.492/1986, e na Lei 8.429/1992. 19 Tribunal de Contas da União Aula 2 - Ciclo de G estão na Adm inistração Pública Federal A lei estende essas vedações às nomeações para cargos em comissão que impliquem gestão de dotações orçamentárias, de recursos financeiros ou de patrimônio, na Administração Direta e Indireta dos Poderes da União, bem como para as nomeações como membros de comissões de licitações. Apesar de a Lei 10.180/2001 definir vedações e prerrogativas aos integrantes dos siste- mas do Cliclo de Gestão, há ainda a necessidade de uma normatização mais específica sobre as questões relativas a recursos humanos na APF pois, de maneira geral, todos os agentes públicos, integrantes ou não do Ciclo de Gestão, estarão lidando com a coisa pública. 5. Sistema de Pessoal Passemos, então, a outro importante sistema para a realização das atividades administrati- vas a cargo do Estado: o sistema de pessoal civil da Administração Federal (Sipec). O Sipec foi criado pelo Decreto 67.326/1970, com a seguinte formação original: • Órgão Central: Departamento Administrativo do Pessoal Civil (Dasp); • Órgãos Setoriais: departamentos, divisões ou outras unidades específicas de pessoal civil dos ministérios e dos órgãos da Presidência da República, de maior hierarquia na respectiva área administrativa; • Órgãos Seccionais: departamentos, divisões ou outras unidades específicas de pessoal de Autarquias. Segundo esse mesmo Decreto, as funções básicas do Sipec são: Funções Legislação de Pessoal Recrutamento e seleção Cadastro e lotação Aperfeiçoamento Classificação e redistribuição de cargos e empregos 20 Estruturas de Gestão Pública Tr ib un al d e Co nt as d a Un iã o Atualmente, a Secretaria de Gestão de Pessoas e Relações do Trabalho no Serviço Público do MPOG é o órgão central do Sipec. O Decreto 8.818/2016 estabelece a estrutura regimental do MPOG e define as competências dessa Secretaria, que são, entre outras: • Exercer, como órgão central do Sipec, a competência normativa em matéria de pessoal civil no âmbito da Administração Direta, autárquica e fundacional; • Formular políticas e diretrizes para o aperfeiçoamento contínuo dos processos de gestão na APF, compreendendo gestão de pessoas, nos aspectos relativos a, dentre outros: a. planejamento e dimensionamento da força de trabalho; b. concurso público e planos de cargos e carreiras; c. estrutura remuneratória; d. avaliação de desempenho; e. desenvolvimento profissional; f. previdência, benefícios e auxílios do servidor; • Coordenar e monitorar a elaboração das folhas de pagamento de pessoal no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional e das empresas públicas e sociedades de economia mista que recebam dotações do Orçamento Geral da União para despesas com pessoal, por meio de controle sistêmico e administração de cadastro de pessoal; • Monitorar a qualidade da folha de pagamentos, apontando inconsistências e indícios de irregularidades para os órgãos e entidades integrantes do Sipec e para o órgão de controle interno para apuração, quando for o caso; • Avaliar os impactos de medidas e programas sobre as relações de trabalho no setor público. Tradicionalmente, o pessoal no serviço público sempre foi visto pelo lado da despesa, dos gastos gerados para o Governo. Atualmente, entretanto, os custos com recursos humanos na Administração Pública são percebidos como investimentos porque geram melhoria no serviço prestado e eficiência da máquina administrativa. Prova disso é o Decreto 5.707/2006, que institui a Política e as Diretrizes para o Desenvolvimento de Pessoal da APF. Esse normativo expressa claramente a intenção de implantar 21 Tribunal de Contas da União Aula 2 - Ciclo de G estão na Adm inistração Pública Federal a gestão por competências no âmbito da APF, conforme exemplificam as finalidades da Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal, estabelecidas no art. 1º do Decreto: I - melhoria da eficiência, eficácia e qualidade dos serviços públicos prestados ao cidadão; II - desenvolvimento permanente do servidor público; III - adequação das competências requeridas dos servidores aos objetivos das instituições, tendo como referência o plano plurianual; IV - divulgação e gerenciamento das ações de capacitação; e V - racionalização e efetividade dos gastos com capacitação. O Decreto 5.707/2006 dispõe também sobre valorização, reconhecimento e aperfeiçoa- mento dos recursos humanos, como nos dispositivos que estabelecem as diretrizes da Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal (art.