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THAINARA STEFANELLI CONTROLE DA DOR - na clínica odontológica, a dor é de caráter inflamatório, sendo classificada em AGUDA (curta duração) ou CRÔNICA (mais duradoura). - intervenção cirúrgica odontológica → destruição tecidual → respostas inflamatórias agudas (dor, edema e limitação da função mastigatória) - procedimento pouco invasivo = resposta inflamatória pequena, P.O com pouco desconforto = analgésico de ação periférica - procedimento mais invasivo = resposta inflamatória maior, P.O com maior desconforto, edema, hiperalgesia persistente... = analgésicos e fármacos de ação anti-inflamatória MECANISMO DA DOR INFLAMATÓRIA - os nociceptores são receptores sensoriais que somente enviam sinais que causam percepção da dor; - estes nociceptores envolvidos são polimodais (sensíveis a diferentes tipos de estímulos) e de alto limiar de excitabilidade; ou seja, um mínimo estimulo (mecânico, térmico ou químico) não vai ativa-los... tem que ser um estimulo mais intenso. PORÉM, existe a ALODINIA → quando os nociceptores estão sensíveis ao receber um estimulo que geralmente não provoca dor. E TAMBÉM tem a HIPERALGESIA → quando os nociceptores se tornam AINDA MAIS SENSIVEIS a estímulos que causam dor.(é o que nos interessa) - HIPERALGESIA = ocorre a partir da maior entrada de cálcio nos nociceptores e a estimulação da adenilato ciclase aumentando AMPc → gera estímulos nervosos → chegam ao SNC → amplificando e mantendo dor PRODUTOS DO METABOLISMO DO ÁCIDO ARAQUIDÔNICO - AUTACOIDES são a prostaglandina, leucotrienos... - eles tornam os nociceptores mais suscetíveis ao menor estímulo - ácido araquidônico = ele vem do ácido linoleico (vem da dieta) e depois ele é esterificado como componente dos fosfolipideos das membranas da célula. - QUANDO TEM LESÃO TECIDUAL... → o disparo do gatilho ocorre pela ativação da fosfolipase A2 (vai atuar nos fosfolipideos das membranas celulares e libera ácido araquidônico no citosol) → o A.Araquidonico é instável e sofre ação de outros dois sistemas enzimáticos, a CICLOXIGENASE e 5-LIPOXIGENASE, e vai produzir autacoides que são responsáveis pela hiperalgesia!!!! THAINARA STEFANELLI CONTROLE DA DOR A lesão tecidual sinaliza para células fagocitárias (macrófagos e neutrófilos) produzam mais prostaglandinas diretamente no local inflamado, estimulando a liberação de outras substancias que também possuem propriedades pró- inflamatórias; MEDIADORES QUÍMICOS: - histamina e bradicinina são as primeiras substancias que liberam a dor, ou seja, elas que liberam os nociceptores; - os nociceptores depois liberam serotonina, noradrenalina, dopamina, prostaglandinas e leucotrienos, causando hiperalgesia. A VIA CICLOXIGENASE - COX 1 = encontrada em grande quantidade nas plaquetas, rins, muscosa gástrica, como uma enzima constitutiva (sempre presente) → com essa enzima as prostaglandinas são produzidas lentamente e envolvidas na proteção da mucosa gástrica, regulação da função renal e agregação plaquetária. OU SEJA... pela ação da COX-1, as prostaglandinas são formadas em condições de normalidade, sem precisar de estímulos inflamatórios!! *** sua inibição pode causar aumento no risco de sangramentos, aumento de dano no TGI (lesões na mucosa e úlceras) - COX 2 = enzima indutiva; encontrada em pouca quantidade nos tecidos, e quando tem estimulo inflamatório sua concentração aumenta 80 vezes, podendo ser chamada de COX PRÓ- INFLAMATÓRIA... ** ela libera efeitos inflamatórios como febre, dor e inflamação... sua inibição pode aumentar riscos cardiovasculares (HAS e trombose) e edema pela retenção de sódio e H2O → Células injuriadas do local inflamado = produz prostaglandinas = aumentam permeabilidade vascular, gerando edema... e ainda potencializa a histamina e bradicinina → Células endoteliais que reveste parede do capilar sanguíneo = liberam prostaciclina → Plaquetas = liberam tromboxanas (responsável pela agregação plaquetária - a lesão tecidual também sinaliza células fagocitárias (macrófagos e neutrófilos) para que elas produzam mais prostaglandinas no local inflamado, também estimulando interleucina-1 e fator ativador de plaqueta. RESUMO Estímulo na membrana → ação da fosfolipase A2 → produção do ácido araquidônico → COX-1 já estava ali agindo, pois é um constitutiva... a COX- 2 embora presente, com o estimulo ela dobrou de tamanho, ai houve aparecimento da dor, febre.. todos eventos relacionados a inflamação. A VIA LIPOXIGENASE - são gerados os LEUCOTRIENOS (LT) = leucotrieno B4 (LTB4) → envolvido na hiperalgesia e tbm tem efeito quimiotático, ou seja, atrai neutrófilos e outras células de defesa, e tal ação pode resultar em mais lesão tecidual, que dispara outro gatilho para formar mais autacoides.... → além disso, outros leucotrienos (LTC4, LTD4, LTE4) constituem a substancia de reação lenta da anafilixia (SRS-A) → importante para escolher um anti-inflamatório. NEUTRÓFILOS = eles se acumulam no local injuriado como forma de defesa, mas conforme intensidade podem se tornar agressivos, aumentando lesão tecidual, pois produzem mais substancias pró-infamatórias (ex: leucotrienos). TIPOS DE REGIMES ANALGÉSICOS * ANALGESIA PREEMPTIVA = inicio antes do estímulo nocivo, ou seja, antes do trauma tecidual; usa fármacos que previnem hiperalgesia e pode complementar com anestésicos locais de longa duração. * ANALGESIA PREVENTIVA = inicio logo após lesão tecidual, mas antes do inicio da sensação dolorosa. Primeira dose após o procedimento ainda sob efeito da AL e depois manutenção. * ANALGESIA PERIOPERATÓRIA = inicio antes da lesão e mantido no pós imediato. THAINARA STEFANELLI CONTROLE DA DOR AINES - INIBEM A COX - substancia-padrão = AAS ácido acetilsalicílico, que possui atividade analgésica e antitérmica (500-650mg), anti-inflamatória (4-5g diários) e em pequenas doses (40-100mg) inibe agregação plaquetária, sendo utilizado para prevenção de trombo em pacientes com doenças cardiovasculares. - POTENCIA DOS AINES = varia de acordo com meia vida plasmática e dose. EXEMPLO = indometacina, foi um dos primeiros AINES, ele inibe igualmente a COX-1 e COX-2... - eficaz por agir em COX-2, mas não aceitável tbm por agir em COX-1... POOOOR ISSO que surgiu outros medicamentos pra tentar inibir só a COX-2, visto que COX-1 é fisiológica, e quando é inibida surge irritação da mucosa gastrintestinal ou alterações da função renal. Com isso, surgiram = diclofenaco, ibuprofeno e meloxicam, entre outros... pra tentar um equilíbrio. → Ainda surgiu a era dos COXIBES (celecoxibe, rofecoxibe, valdecoxibe, parecoxibe, etoricoxibe, lumiracoxibe) que inibiam seletivamente a COX- 2. Mas surgiu outro problema... → a COX-2 também é importante em outros processos fisiológicos, como regulação renal da excreção de sal através da renina, homeostasia da PA, controle da agregação plaquetária...(inibe prostaciclina) COM ISSO, surgiu a seguinte conclusão:::::: A COX-1 também está relacionada com o inicio da resposta inflamatória e a COX-2 nem sempre está envolvida somente com processos patológicos. - Logo, a era dos coxibes foram tiradas do mercado em sua maior parte...pois seu uso aumenta risco de eventos cardiovasculares. Por isso evita em pacientes com HA, doença cardíaca isquêmica ou historia de AVE. Nas outras situações pode usar com a MENOR DOSE E TEMPO POSSÍVEL. QUANDO E COMO EMPREGAR AINES - controle de dor aguda de intensidade moderada a severa no pós-operatório de intervenções odontológicas; → o regime mais eficaz com AINES é o de analgesia preventiva; - eficaz no controle da dor instalada também; DURAÇÃO DO TRATAMENTO - dor na odonto = perdura por 24 horas; - pico de intensidade = 6-8 horas do pós; - edema= ápice após 36 horas; LOGO = duração entre 48-72 horas. AINES – PRECAUÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES - AINES seletivos da COX-2 = sua ação não é superior ao dos não seletivos; - Coxibes = exclusivo para paciente que possuem risco aumentado de sangramento gastrintestinal mas sem risco simultâneo de doença cardiovascular; USANDO A MENOR DOSE E TEMPO POSSÍVEL. - não usar inibidores seletivos da COX-2 em pacientes que usam antiagregantes plaquetários (aspirina, clopidogrel...) - uso de AINES com varfarina = potencializa o efeito da varfarina e pode provocar hemorragia - AINES + anti-hipertensivos = pode elevar PA. - todos os AINES causam retenção de sódio e agua = diminuindo taxa de filtração glomerular e aumento da PA especialmente em idosos. PARACETAMOL - também é um inibidor da COX (1 e 2), mas é fraco... por isso usamos como analgésico (posteriormente será comentado) AÇÃO FARMACOLÓGICA NOME GENÉRICO Inibidores não seletivos (COX-1 /2) Aspirina, indometacina, Ibuprofeno, cetoprofeno, diclofenaco, cetorolaco, piroxicam e tenoxicam Inibidores seletivos COX2 preferenc. Nimesulida e meloxicam. Inibidores específicos COX2 Celecoxibe, cetodolaco, etericoxibe THAINARA STEFANELLI CONTROLE DA DOR Considerações sobre o ibuprofeno - contraindicado em paciente com história de gastrite ou úlcera péptica, hipertensão arterial ou doença renal; - evitar em pacientes com história de hipersensibilidade ao ácido acetilsalicílico, pelo risco de alergia cruzada. - 400mg - 600mg / 8-12horas. CORTICOESTERÓIDES - INIBEM FOSFOLIPASE A2 - corticoesteróides. - inativa fosfolipase A2 → reduz disponibilidade de ácido araquidônico → havendo menor produção de prostaglandina e leucotrienos; AÇÃO DELES = induz lipocortinas (proteínas que irão inibir a fosfolipase) // também controla a imigração de neutrófilos. → NA CLÍNICA: - prevenir hiperalgesia e controlar edema inflamatório; - DEXA e BETA são a escolha. - eles precisam de um tempo biológico para funcionarem, por isso usamos na analgesia preemptiva... → DEXAMETASONA e BETAMETASONA - 4 – 8mg, 1 hora antes da intervenção; - em crianças, solução oral “gotas” de betametasona (0,5mg/mL; 1 gota kg/peso em dose única 1 hora antes) VANTAGENS DOS CORTICOSTEROIDES - só existem problemas quando usados de forma prolongada. - quando usados em dose única pré-operatória ou tempo restrito, estão indicados. → Não possuem efeitos adversos significativos; → Não interfere em hemostasia; → Reduz síntese de leucotrienos C4, D4 e E4 (SRS- A) – em AINES, na inibição exclusiva da COX, desvia o metabolismo para a LOX, aumentando SRS-A e reações de hipersensibilidade; → seguros para usar em gestantes, lactantes, hipertensos, diabéticos, nefropatas, hepatopatas... → custo/benefício melhor PRECAUÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES - ABSOLUTAS: * doença fúngica sistêmica * herpes simples ocular * doença psicótica * tuberculose ativa * alergia → Interferem na homeostasia do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA), pois o cortisol endógeno é produzido pelo córtex adrenal constantemente; maiores níveis de cortisol por volta das 8 horas. COM ISSO, quando usar, marcar a consulta para DE MANHÃ (inicio) para somar os efeitos do corticoesteroide com do cortisol endógeno. THAINARA STEFANELLI CONTROLE DA DOR ANALGÉSICOS - DEPRIMEM ATIVIDADE DOS NOCICEPTORES - quando os nociceptores estão sensibilizados pela ação das prostaglandinas e outros autacoides, os corticoesteroides não mostram tanta eficácia. - LOGO, EM DOR INSTALADA ➔ ➔ ➔ deve usar um fármaco que deprime diretamente a atividade dos nociceptores, conseguido pro meio do bloqueio da entrada de cálcio e diminuição de AMPc. - padrão → dipirona; - o diclofenaco age prevenindo a sensibilização dos nociceptores E TAMBÉM deprimindo sua atividade após estarem sensibilizados Isso talvez possa explicar a boa eficácia do diclofenaco no controle da dor já estabelecida, especialmente quando empregado como complemento do tratamento pré-operatório com os corticosteroides USO CLÍNICO DOS ANALGÉSICOS - usamos dipirona e paracetamol. - e como alternativa pode usar ibuprofeno (em doses menores 200mg tem ação analgésica similar a da dipirona, sem praticamente exercer atividade anti- inflamatória. DIPIRONA - metamizol - administrar com cautela quando for por via IM ou IV em pacientes com PA sistólica <100mmgHg. - evitar nos 3primeiros meses e nas últimas 6 semanas da gestação; mesmo fora desses período, administrar em gestantes em casos de extrema necessidade; - analgésico não narcótico; - contraindicada em: * pacientes com hipersensibilidade aos derivados da pirazolona (risco de alergia cruzada); * portadores de doenças metabólicas (porfiria hepática ou deficiência congênita da glicose-6- fosfato-desidrogenase) - evitar em paciente com história de anemia ou leucopenia, embora o risco de agranulocitose seja de 1 caso por 1.000.000 pessoas. - 500mg a 1g, 4h/4h ou 6h/6h - crianças: solução oral “gotas” com 500mg/mL; 0,5-1 gota/kg peso PARACETAMOL - acetaminofeno - seguro para gestantes e lactantes; - pode causar danos ao fígado; - evitar uso concomitante do paracetamol com álcool etílico ou outras substancias com potencial hepatotóxico, como o estolato de eritromicina (antibiótico) - contraindicado em: * pacientes que fazem uso contínuo de varfarina, pelo risco de aumentar o efeito anticoagulante e provocar hemorragia; * pacientes com história de alergia ao medicamento ou alergia aos sulfitos (a solução de gotas contem metabissulfito de sódio) - 500-750mg, 6h/6h - crianças: solução oral “gotas” com 200mg/mL; 0,5-1gota/kg peso ANALGÉSICOS DE AÇÃO CENTRAL - composto químico psicoativo que produz efeito farmacológico semelhante ao do ópio ou substancias contidas nele. - agem sobre os receptores opioides, com efeitos semelhantes ao da morfina. Usados para dor moderada/severa. Temos como exemplo a codeína e tramadol. - codeína comercializada em associação com o paracetamol; - ambos são indicados para dor moderada a intensa, que não respondem ao tratamento com outros analgésicos; - o cloridrato de tramadol possui potência analgésica 5 a 10 vezes menor do que a morfina e seu mecanismo de ação ainda não é completamente conhecido. - Sabe-se apenas que ele pode se ligar aos receptores opioides μ e inibir a recaptação da norepinefrina e da serotonina - Seu início de ação ocorre, em geral, 1 h após a THAINARA STEFANELLI CONTROLE DA DOR administração de uma dose de 50 mg. - Não é indicado para pacientes < 16 anos, pela falta de estudos clínicos controlados. - Efeitos adversos, como náuseas e constipação intestinal, vômito, alterações de humor, sonolência e depressão respiratória, limitam a utilização da codeína e do tramadol em larga escala na clínica odontológica. - Devem ser utilizados com cautela em pacientes idosos, debilitados, com insuficiência hepática ou renal, hipertrofia prostática e portadores de depressão respiratória. → paracetamol associado à codeína = 500mg de paracetamol + 30mg de codeína, 6h/6h → tramadol = 50mg 8/8h ANÁLOGOS DA MORFINA - agonistas = morfina, heroína e codeína - agonistas parciais = nalorfina e levalorfan - antagonista = naloxona (CAI EM PROVA) DERIVADOS SINTÉTICOS - fenilpiperidinas (meperidina e fentanil) - metadona (metadona e dextropropoxifeno) - benzomorfan (pentazocina) - tramal e tramadol GERALMENTE, UTILIZAMOS OS REGIMES FARMACOLÓGICOS SEGUINTE UMA COMPLEXIDADE DE DOR.... DOR LEVE E MODERADA - analgésico (dipirona ou paracetamol) + AINES (ibuprofeno, nimesulida) se o paciente tiver limiar de dor mais baixo; DOR DE MAIOR COMPLEXIDADE - corticoesteróide (betaou dexa) + AINES (nimesulida, diclofenaco, meloxicam...) + analgésico de suporte
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