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DIREITO CIVIL II
PROFA. DRA. EDNA RAQUEL HOGEMANN
SEMANA 1 AULA 2
TÍTULO – O DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Trabalhando a partir dos conceitos
Relação - é de cunho jurídico; não é pessoal; é inerente ao direito.
Transitória - deverá extinguir-se; há uma relação de tempo; não há obrigação perene.
 Há, neste aspecto, uma diferença entre o Direito Obrigacional e o Direito Real.
Credor e devedor - pessoalidade do vínculo, há um sujeito ativo e um sujeito ativo; diferentemente dos direitos reais que é erga omnes.
Prestação - atividade do devedor e, prol do credor, que pode ser positiva ou negativa.
Observações importantes
É o patrimônio do devedor que deverá responder, mesmo quando da obrigação personalíssima, quando resolve-se por perdas e danos. 
Direito das obrigações possui cunho pecuniário; sem este aspecto econômico, pode ser obrigação jurídica, mas não se insere no mundo do Direito das Obrigações. 
Obrigação de servir às forças armadas e obrigações do proprietário de cumprir certos regulamentos administrativos – sentido lato; não há o aspecto pecuniário, a figura do credor.
Vale lembrar
O dever jurídico pode ser: contratual, quando as partes, mediante acordo de vontades, estabelecem direitos e deveres recíprocos, e a lei conduz os seus efeitos; ou extracontratual, quando os direitos e obrigações surgem unicamente da lei. 
Dever jurídico positivo ou negativo, sendo que positivo será aquele que exige uma conduta do sujeito passivo; e o dever jurídico negativo, exige do sujeito passivo abster-se de uma conduta, ou seja, exige uma omissão.
Ainda, há os deveres jurídicos permanentes ou transitórios, em que permanentes seriam aqueles que não se esgotam com o cumprimento; e os transitórios, que extinguem o dever jurídico uma vez que ele é cumprido. 
A sujeição tem o significado de obediência. 
Ex. um direito potestativo (que significa a impossibilidade de uma pessoa em não cumprir um determinado comando): a existência de um prédio encravado e o direito de o proprietário desse bem obter uma passagem forçada (art. 1.285 CC), o direito de o locador despejar o locatário (arts. 59 e 60 da Lei 8.245/91). 
Portanto, nos exemplos dados (direitos potestativos), há a sujeição e não a obrigação daquele que se encontra na situação passiva. 
Ônus, por sua vez, é a necessidade de seguir uma dada conduta em benefício próprio, como, verbi gratia, o ônus da prova (art. 333, do CPC).
Aí vem a diferenciação da obrigação com as figuras já expostas (sujeição, ônus e dever jurídico), pois ela caracteriza-se e diferencia-se diante do fato de uma determinada pessoa se encontrar obrigada a realizar uma certa conduta no interesse de outra, denominada prestação (determinada no negócio jurídico).
Princípios norteadores das relações obrigacionais.
No tocante à boa fé, o art. 422 do Código Civil, dispões que, “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na con¬clusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”. O princípio da boa-fé não exige apenas uma uma “corretividade” de conduta, mas corrobora para a cobrança de uma eticidade no negócio jurídico.
No tocante à boa fé, o art. 422 do Código Civil, dispões que, “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na con¬clusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”. O princípio da boa-fé não exige apenas uma uma “corretividade” de conduta, mas corrobora para a cobrança de uma eticidade no negócio jurídico.
 O princípio da Socialidade: função social
Sobre a função social versa o art. 421 do Código Civil, “A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”.
 A função social conduz para uma idéia de sociabilidade do direito, e, apresenta-se na modernidade como um dos pilares da teoria contratualista, indo inclusive de encontro com o princípio do “pacta sunt servandä” no intuito de atenuar acentuadamente a autonomia da vontade, para observar se há “lesionamento” na relação contratual.
O Princípio da Operabilidade
“Importa na concessão de maiores poderes hermenêuticos ao magistrado, verificando no caso concreto as efetivas necessidades a exigir a tutela jurisdicional.” (GAGLIANO; PAMPLONA, 2007, p. 51). Assim, a idéia do equilíbrio unifica uma série de institutos destinados a impedir que relações obrigacionais sejam pontes para injustiça comutativa.
Um exemplo sobre esta concepção do equilíbrio encontra-se no artigo 944 do Código Civil: “se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitatativamente, a indenização”.
 Princípio da autonomia privada
Autonomia privada é mais do que autonomia da vontade. Esta se relaciona ao agir livre do sujeito, ligando-se à vontade interna, psíquica. Já a autonomia privada diz respeito ao poder de criar normas para si. O acento é posto, assim, na possibilidade de decisões individuais com força normativa.
 O contrato é um negócio jurídico, portanto, é uma declaração de vontade destinada a criar, modificar ou extinguir uma relação jurídica. É através da exteriorização da vontade que surge um vínculo obrigacional, ou seja, os efeitos do negócio jurídico (contrato) decorrem da vontade humana.
Limitações à autonomia privada: intervenção estatal
Em observância aos novos paradigmas do Direito Civil Moderno, a relação jurídica obrigacional sofreu profundas modificações no que tange ao princípio da autonomia da vontade.
Assim, surge a publicização do Direito privado, que toca na intervenção direta do Estado nas questões pertinentes ao interesse da sociedade, regulando e gerindo questões antes tidas imperiosamente do interesse privado. O Código Civil passa então por um olhar social.
Tratamento do direito obrigacional no Código Civil
O primeiro Título do Livro I da Parte Especial cuida das modalidades das obrigações, ou seja, desenha o perfil das obrigações tal qual elas podem se expressar no mundo do ser.
Trata de suas modalidades, transmissão, adimplemento, extinção e inadimplemento. Cuida ainda da teoria geral dos contratos e suas espécies, dos atos unilaterais, títulos de crédito, responsabilidade civil, preferências e privilégios creditórios.
Relembre-se que o atual Código Civil representa inovação ao unificar o Direito das Obrigações, antes dividido em obrigações civis e comerciais. Aliás, a primeira parte do Código Comercial foi expressamente revogada (art. 2.045), criando-se o chamado Direito de Empresa.
Distinção entre direitos obrigacionais e direitos reais.
Nos Direito das Obrigações, estuda-se as relações dos homens entre si. 
Nos Direitos Reais, se estuda a relação dos homens com as coisas, sempre movido por interesse econômico. Desse relacionamento econômico, com as pessoas e com as coisas, forma-se um patrimônio ao longo de nossa vida, que será transferido aos nossos herdeiros após nossa morte, de acordo com as regras do Direito das Sucessões. 
O interesse econômico está em todas essas relações.
As obrigações propter REM
A conceituação do Direito das Coisas (ou Direitos reais) traz uma série de questionamentos acerca de sua relação com o Direito Pessoal. 
A doutrina se diverge em duas concepções: a teoria clássica ou realista e a teoria moderna ou personalista.
A teoria clássica
Em síntese, para a teoria clássica ou realista, os direitos reais devem ser vistos como um poder direto e imediato sobre a coisa, enquanto os direitos pessoais traduzem uma relação entre pessoas, tendo por objeto uma prestação.
Ainda que essa prestação seja mediatamente dirigida a um bem, como ocorre nas obrigações de dar, o objeto em si dos direitos pessoais é sempre o comportamento do devedor, diferentemente do que se tem nos direitos reais, pois estes incidem imediatamente sobre a coisa
Nessa visão, os direitos reais se caracterizam pela existência de apenas dois elementos: o titular e a coisa. Para que aquele possa desfrutar desta não há necessidade de qualquer intervenção ou intermediação por parte deterceiros, ao contrário do que ocorre nos direitos pessoais, em que, ademais, existem três elementos: o sujeito ativo, o sujeito passivo e a prestação.
Teoria personalista
Por outro lado, os defensores da teoria moderna ou personalista sustentam, basicamente, que o direito real não reflete relação entre uma pessoa e uma coisa, mas, sim, relação entre uma pessoa e todas as demais.
O direito real envolve, para essa corrente de pensamento, uma relação jurídica entre seu titular, do lado ativo, e todos os demais membros da sociedade, do lado passivo, adstritos a um dever geral de abstenção, ou seja, à obrigação de não perturbar ou prejudicar o titular do direito real.
A despeito da aceitação dessa dicotomia, não chegaram os civilistas a um critério único para assinalar os traços distintivos do direito real e pessoal.
Não obstante, nosso Código Civil adotou a teoria realista.
Entretanto, existe uma categoria intermediária entre o direito real e o pessoal. 
São figuras híbridas ou ambíguas, constituindo, na aparência, um misto de obrigação e de direito real.
As obrigações “in rem”, “ob”, ou “propter rem”, para ARNOLDO WALD derivam da vinculação de alguém a certos bens, sobre os quais incidem deveres decorrentes da necessidade de manter-se a coisa.
“as obrigações reais, ou propter rem, passam a pesar sobre quem se torne titular da coisa. Logo, sabendo-se quem é o titular, sabe-se quem é o devedor”.
 Portanto, essas obrigações só existem em razão da situação jurídica do obrigado, de titular do domínio ou de detentor de determinada coisa.
Caracterizam-se pela origem e transmissibilidade automática, isto é, sem ser necessária a intenção específica do transmitente.
São obrigações propter rem : 
a do condomínio de contribuir para a conservação da coisa comum (CC, art. 624);
 a do proprietário de um imóvel no pagamento do IPTU.
Características das obrigações propter rem
1º) vinculação a um direito real;
2º) possibilidade de exoneração do devedor pelo abandono do direito real, renunciando o direito sobre a coisa;
3º) transmissibilidade por meio de negócios jurídicos, caso em que a obrigação recairá sobre o adquirente.
Natureza jurídica
Quanto à natureza jurídica dessas obrigações, se encontram na zona fronteiriça entre os direitos reais e os pessoais. Não são elas nem uma obligatio, nem um jus in re, constituindo figuras mistas, no dizer de MARIA HELENA DINIZ.
Distinção entre obrigação e responsabilidade.
Pode haver obrigação sem responsabilidade: ex. débitos prescritos.
Assim como pode haver responsabilidade sem obrigação: ex. fiador, que pagará a dívida somente em caso de inadimplemento.
A obrigação é um "dever principal", ela nasce de diversas fontes e quando cumprida extingue-se, e se o devedor não a cumpre, surge a responsabilidade pelo inadimplemento, resumindo, a responsabilidade é o dever de ressarcir os prejuizos, ou seja, o dever de indenizar. 
Para ficar claro, consultemos os arts. 186 e 927.
A obrigação é um efeito jurídico e como tal sempre possui um fato que lhe dá origem. Dos fatos jurídicos nascem as obrigações. Daí, do fato, a fonte da obrigação.
Os elementos constitutivos da obrigação são: 
subjetivo- podem ser pessoa natural, jurídica ou sociedade de fato.
 objetivo- o objeto imediato da obrigação é sempre uma prestação de dar, fazer ou não fazer. O objeto mediato é o que se descobre indagando: dar ou faze.
Há de ser: lícito - possível - determidado ou determinável (art. 104, II)
Vinculo jurídico- sujeita o devedor a determinada prestação em favor do credor.
Agora já podemos responder
Caso concreto 1
a) A que se pode associar a concepção da relação obrigacional como um processo?
Sugestão de gabarito: Ao contrato social, aos comportamentos sociais típicos, à visão organic total da obrigação e à existência de deveres de conduta durante e mesmo depois de cumprido o dever principal, resultantes do princípio da boa-fé objetiva.
 
b) Que significa esse tal direito potestativo da Dona Maria Clarisse?
Sugestão de gabarito: Prerrogativa jurídica de impor a outrem, unilateralmente, a sujeição ao seu exercício. O Direito Potestativo atua na esfera jurídica de outrem, sem que este tenha algum dever a cumprir.
c) Por que a obrigação não se confunde com sujeição ?
Sugestão de gabarito: A obrigação não se confunde com sujeição. 
A sujeição tem o significado de obediência. E obrigação é um efeito jurídico e como tal sempre possui um fato que lhe dá origem. Dos fatos jurídicos nascem as obrigações. Daí, do fato, a fonte da obrigação.
QUESTÃO OBJETIVA 1
Relacionado ao conceito de obrigação formulado pelos autores, é CORRETO dizer:
(A) é um direito subjetivo absoluto porque permite a uma pessoa exigir de outra certo comportamento;
(B) é um direito subjetivo relativo porque permite a uma pessoa exigir a prática de certa conduta de toda a comunidade (erga omnes);
(C) é um direito subjetivo absoluto porque trata das relações que se estabelecem entre as pessoas sobre uma coisa (ius in re), e todas as demais pessoas ficam sujeitas a respeitá-lo;
(D) é um direito subjetivo relativo porque é o poder de uma pessoa de exigir de outra a prática de certo comportamento em decorrência de um fato específico;
(E) é um direito subjetivo absoluto de uma pessoa impor à coletividade que respeite o seu nome, a honra e a dignidade.
 
QUESTÃO OBJETIVA 2
O direito das obrigações emprega o vocábulo obrigação no sentido técnico-jurídico de:
(A) qualquer espécie de vínculo ou de sujeição da pessoa;
(B) submissão a uma regra de conduta, cuja autoridade é reconhecida ou forçosamente se impõe;
(C) vínculo jurídico de conteúdo patrimonial, que se estabelece de pessoa a pessoa, colocando-as, uma em face da outra, como credora e devedora;
(D) qualquer dever jurídico preexistente;
( E) dever jurídico sucessivo, decorrente da violação de um dever jurídico originário.
Por hoje é só.
Não esqueça de ler o material didático para a próxima aula e de fazer os exercícios que estão na webaula.
Tchau!!!

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