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Direito do Trabalho | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 1 ¨ Conceito: É um conteúdo amplo o do Direito Trabalho, mas de uma forma simplista, vale dizer que é representado pelo conceito fundamental de TRABALHO. ® Disciplina as relações de trabalho (vínculo de trabalho). ® A posição majoritária diz que o DT é do ramo privado. Mas o que é Trabalho? Trabalho é uma expressão genérica que abrange toda e qualquer forma de PRESTAÇÃO DE SERVIÇO de uma pessoa física a outrem. ® Pode ser remunerado ou gratuito. ® Atividade = serviço= trabalho. ® Relações de trabalho é gênero. E, vale lembrar que nem toda atividade considerada como trabalho é regulada pelo Direito do Trabalho. Existem diversas formas de trabalho: 1. Voluntário; 2. Estagiário; 3. Temporário; 4. Avulso; 5. Eventual (diarista); 6. Autônomo; 7. EMPREGO; 8. Etc. Apesar de todas essas formas, apenas UMA compõe o objeto do Direito do Trabalho. Trata-se da relação de trabalho subordinado ou então, relação de emprego. ® Sendo os sujeitos dessa relação, o empregado e o empregador. ® Pessoas físicas e jurídicas. ® Através de grupos organizados (categorias) ou órgãos de representação (sindicatos). Relação de trabalho = vínculo de trabalho. Prestação de serviço: alguém presta o serviço (faz/ executa). Destinação do serviço: alguém que é destinatário do serviço, recebe (favorecido). ® A destinação do serviço pode ser ao próprio executor (unilateral) ou para terceiros (bilateral). ® Relação bilateral: há dois lados. Contratante e o contratado. Fala-se em relação obrigacional ou relação contratual. O DT possui como fundamento a proteção do trabalhador, parte economicamente mais fraca da relação jurídica. Direito do Trabalho: Noções gerais Direito do Trabalho | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 2 Na doutrina há certa divergência sobre a discussão do Direito do Trabalho, subdividindo-se em algumas teorias: 1. Teoria Subjetivista: Nessa teoria, as definições de Direito de Trabalho têm como enfoque os sujeitos da relação jurídica por ele regulada, ou seja, os trabalhadores e os empregadores. ® Adota como centro da definição o caráter protecionista das normas. ® Possui fundamento na busca constante de meios para se alcançar a melhoria da condição econômica e social do trabalho. ® O maior defensor é Cesarino Junior, desenvolveu a tese do Direito Social. De forma resumida, aqui, o Direito do Trabalho se caracteriza como um Direito de proteção aos trabalhadores, proteger a parte economicamente mais fraca (hipossuficiente) da relação jurídica. 2. Teoria Objetivista Aqui as definições de Direito do Trabalho, tem em vista a relação de emprego e o seu resultado (o trabalho subordinado), e não as pessoas que participam da relação. ® Orlando Gomes e Elson Gottschalk trazem a definição. ® O enfoque conceitual, está, portanto, na relação jurídica de dependência ou subordinação que se forma entre as pessoas que exercem certa atividade em proveito de outrem e sob suas ordens. 3. Teoria Mista Faz a combinação com a teoria subjetiva e objetiva. Consideram tanto o sujeito como o objeto da relação jurídica regulada pelo Direito do Trabalho, além da finalidade do conjunto de normas que compõem este ramo. ® A maioria dos doutrinadores são adeptos dessa teoria. ® Tem relevância os sujeitos, empregado e empregador; ® Relação jurídica (trabalho subordinado) ® Finalidade das normas, proteção da parte economicamente mais fraca. ¨ Características do Direito do Trabalho O Direito do Trabalho tem características que singularizam e diferenciam os demais ramos da ciência jurídica. ® É um direito em constante formação e evolução: sofre influência dos fatos econômicos, sociais e políticos. ® É um direito especial: para determinadas pessoas, especialmente os trabalhadores que exercem trabalho subordinado e remunerado. ® É intervencionista ® Tem cunho nitidamente universal ® Seus principais institutos são de ordem coletiva e socializante. ® É direito de transição e de transação. Direito do Trabalho | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 3 ¨ Funções do DT Refere-se ao sistema de valores que o DT pretende realizar, aos objetivos ou propósitos do ordenamento trabalhista. Função Social: Realização de valores sociais e preservação da dignidade humana e Justiça social; ® Trata-se do bem estar social relacionado aos direitos difusos e coletivos. ® Tem como objetivo o desenvolvimento social. Função Econômica: Garantia de subsistência do trabalhador e de sua família; Equilíbrio econômico da sociedade; ® Gerar riqueza (remunerado) ® Específico (destinatário) ® Fala-se na compra e venda: o contratante compra a prestação do serviço (paga o valor) e o contratado vende a prestação do serviço (recebe o valor). ® Está ligado ao patrimônio, ligado a atender as necessidades das pessoas. ® É determinado, ou seja, há beneficiários diretos. Função Tutelar: Proteção do trabalhador; Função coordenadora ou integradora: integração e coordenação de interesses sociais e econômicos; Função opressora do Estado: utiliza das leis para ofuscar e sufocar os movimentos operários e para restringir autonomia privada coletiva. ¨ Natureza jurídica: A posição majoritária considera o Direito do Trabalho um ramo do Direito Privado. ® Deriva da locação de serviços do CC. ® Os sujeitos do contrato de trabalho são dois particulares agindo no seu próprio interesse Com a Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/17): ® Amplia significativamente a autonomia individual do trabalhador e prevê que o negociado passa a prevalecer sobre o legislado. ® A irrenunciabilidade e a impossibilidade de se reconhecer o conteúdo contratual das normas foram mitigadas. Importante: Embora seja de direito privado, há a aplicação de normas de direito público. ¨ Autonomia do Direito do Trabalho No campo do Direito (no todo), a autonomia é quando surge a necessidade do desmembramento, ou então, a especialização de determinado ramo do Direito. ® Sistemas particulares de normas jurídicas. ® O Direito é um todo orgânico, do qual partem diversos ramos, surgindo assim a especialização. Direito do Trabalho | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 4 A autonomia do Direito do Trabalho consiste, na: 1. Autonomia legislativa: existem as leis (normas) trabalhistas; 2. Autonomia doutrinária: bibliografia sobre o tema; 3. Autonomia didática: é uma disciplina específica; 4. Autonomia Jurisdicional: possui uma estrutura judicial, a Justiça do Trabalho, conforme disposto no art. 92 da CF. ¨ Divisão do direito do trabalho: O Direito do Trabalho apresenta uma divisão, que leva em conta a diversidade das normas trabalhistas e a necessidade de agrupá-las. ® Possui setores específicos. ® De acordo com o tipo de relação mantida pelos sujeitos na relação jurídica trabalhista. É divido em: 1. Direito Individual do Trabalho: O objeto é o estudo das relações individuais de trabalho subordinado mantidas por seus sujeitos, ou seja, empregado e empregador. É analisado os direitos e obrigações do contrato de trabalho. 2. Direito Tutelar do Trabalho: São de normas jurídicas que impõe ao trabalhador e ao empregador deveres jurídicos públicos. ® Visa a proteção ao trabalhador. ® O intervencionismo é mais acentuado. Falam sobre a identificação e registro profissional, limitação da jornada de trabalho; período de descanso; férias; descanso semanal remunerado; proteção ao trabalho menor e medicina e segurança do trabalho. 3. Direito Coletivo do Trabalho: Tem por base as relações coletivas de trabalho. Pode ser por grupo de empregados ou grupo de empregadores Abrange as normas jurídicas derivadas da solução dosconflitos coletivos e que são fonte do próprio DT. ® Regulam, portanto, a organização de trabalhadores e de empregadores, no âmbito da profissão ou empresa; ® Convenções e acordos coletivos de trabalho; ® Conflitos coletivos e as soluções. 4. Direito Público do Trabalho: É composta pelo conjunto de normas e princípios que regulam a relação de cada um dos sujeitos da relação de emprego com o Estado. ® Abrange as à fiscalização do trabalho; ® À formação, qualificação e colocação da mão de obra; ® Fundo de amparo ao trabalhador ® Seguro-desemprego. Direito do Trabalho | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 5 Fontes do Direito do Trabalho As fontes do Direito são os modos de formação ou de revelação das normas jurídicas. Podem ser: ® Fontes materiais. ® Fontes formais. ® Equidade e princípios gerais 1. Fontes materiais do DT: Geral: São todos os elementos que inspiram a formação das normas jurídicas. é o fenômeno humano e/ ou social. No DT são os fatos verificado em uma sociedade em determinado momento histórico e que contribuirão para a formação das normas. ® Os fatos sociais, econômicos e políticos influenciam nas normas trabalhistas. ® As normas variam com a realidade. ® As normas jurídicas devem adaptar- se a realidade social. ® Servem de parâmetro para informar o legislador e também como ponto de partida de algumas soluções dadas ao caso concreto. 2. Fontes Formais do DT: São os meios de manifestação das normas jurídicas, mediante os quais se reconhece sua positividade. É forma em que ela se exterioriza. ® Trata-se do sistema jurídico, ou seja, as normas jurídicas trabalhistas. ® São as próprias normas. A fonte formal pressupõe a existência do chamado ato-regra, isto é, o ato dotado: 1. Generalidade: dirigido a todos; 2. Abstração: não incide sobre situação específica, mas sim sobre uma hipótese; 3. Impessoalidade: se destina a coletividade; 4. Imperatividade: investido de caráter coercitivo. A produção das fontes jurídicas formais, derivam de 2 teorias: 1º teoria monista: as fontes formais derivam de um único centro de produção: o Estado. Pois somente o Estado pode exercer coerção e aplicar sanção em caso de descumprimento da norma. 2º teoria Pluralista: aqui há a possibilidade de a norma jurídica emanar diversos centros de positivação. ® Plurinormativismo jurídico. ® Normas coletiva, estabelece regras, condutas e direitos diferentes e além dos previstos em lei. ® Dinamicidade na relação entre trabalhadores e empregadores. Direito do Trabalho | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 6 As fontes formais podem se subdividir em fontes de direito interno e fontes de direito internacional. 2.1 Fontes de direito interno: subdivide-se em heterônomas ou autônomas. FONTES HETERÔNOMAS: normas elaboradas por terceiros, alheios à relação jurídica regulada, sendo normalmente, o Estado. São: ® As normas de origem estatal: CF, leis (CLT e leis esparsas) e atos adm. ® As sentenças normativas da Justiça do Trabalho: peculiaridade desse ramo, pois constitui a exteriorização do poder normativo da Justiça do Trabalho previsto no §2º do art. 114 da CF (Acórdão); ® Jurisprudência: art. 8º da CLT, fonte normativa supletiva; ® Sentença arbitral: solução de conflitos coletivos de trabalho, art. 114, §1º da CF. ® Tratados e convenções internacionais ratificados no BR. FONTES AUTÔNOMAS: um aspecto peculiar e relevante no DT. Decorrem da atuação direta dos próprios destinatários da norma, pela negociação coletiva de trabalho (acordo ou convenção). ® Organização de trabalhadores e empregadores na busca de soluções para conflitos coletivos de trabalho. Por meio dos costumes ou dos instrumentos de negociação coletiva, os próprios interessados estabelecem a disciplina das suas condições de vida e de trabalho de forma democrática e dinâmica. Podendo ser: 1. Convenção coletiva de trabalho (CCT): É o fruto da negociação coletiva entre os sindicatos representativos das categorias profissionais e econômicas. Sindicato dos trabalhadores assina com o sindicato das empresas. ® Misto de contrato e lei; ® Art. 611 da CLT; ® Capazes de não só estabelecer normas e condições de trabalho, mas também de flexibilizar direitos fundamentais dos trabalhadores (Art. 7º, XXVI da CF): ® Art. 7º, VI que dispõe sobre o salário e art. 7º, XIII e XIV sobre duração de trabalho. 2. Acordo coletivo de trabalho (ACT); Também é uma negociação coletiva entre uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica e seus respectivos empregados, sem a participação do sindicato patronal. Sindicato dos trabalhadores com uma empresa ou mais empresas. ® Art. 611, §1º da CLT. ® É um âmbito mais limitado; Direito do Trabalho | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 7 ® As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva, vide art. 620 da CLT. ® Costume: pratica reiterada em determinado âmbito; 3. Regulamento interno da empresa: No âmbito interno da empresa, cria-se regras a serem adotadas nas relações jurídicas mantidas entre o empregador e seus empregados. Importante: Esse requisito é discutido na doutrina, se é ou não fonte do DT, pois o regulamento de empresa tem sido considerado somente um ato de vontade unilateral, razão pela qual adere ao contrato de trabalho como cláusula contratual, mas não constitui fonte formal. ® Súmulas 51 e 288 do TST. ® Regula condições concretas de trabalho existentes no dia a dia da empresa. ® O regulamento empresarial pode ser previsto por convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, art. 611- A, VI, CLT. Importante 2: se o regulamento da empresa for bilateral, isto é, caso haja participação dos empregados em sua produção, aí sim, se trata de fonte formal autônoma. 4. Costumes: São práticas sociais reiterada adorada em um âmbito determinado e que, como decorrência da repetição, firma um modelo de conduta geral, abstrata e aplicável a todos os trabalhadores que se encontrem na situação concreta regulada. ® São práticas sociais repetidas que alcançam caráter de obrigatoriedade implícita. 2.2 Fonte de Direito Internacional: São os tratados internacionais que tratem de matéria trabalhista e as convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT). ® Dependem de ratificação para que passem a integrar o ordenamento de cada país. 3. Equidade e Princípios gerais do Direito. Em relação à equidade, não é considerada uma fonte do direito, mas no âmbito do DT é revestida de certa peculiaridade que leva a doutrina a considerar como fonte. A equidade é a justiça do juiz, em contraposição à lei, justiça do legislador. E é tida como fonte material. ® Sua função é a adaptação da norma jurídica a uma situação do caso concreto. Situação individualizada. ® Fundamentado no disposto no art. 8º da CLT, que a considera como fonte normativa subsidiária a ser invocada em caso de lacuna. ® At. 4º da LINDB sobre princípios gerais do direito. Direito do Trabalho | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 8 ¨ Hierarquia das fontes no Direito do Trabalho. No Direito do Trabalho, entende-se que a hierarquia existente entre elas seria bastante peculiar. ® É uma hierarquia flexível e relativa. Não é absoluta como no direito comum. Não é revestida da mesma rigidez, pois a fonte superior pode ser SUPERADA pela inferior, desde que esta fosse mais favorável ao empregado. Aqui a norma mais favorável ao empregado, ou a que lhe garantisse condição mais benéfica, prevaleceria sobre as demais. Entretanto, com a Reforma Trabalhista, foram alteradas as premissas acima indicadas. ® Hipótese de hierarquia rígida de normas. ® Prevêo art. 620 da CLT: as condições estabelecidas em acordo coletivo SEMPRE prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho. ® Convenção coletiva e acordo coletivo prevalecem sobre a lei, não sendo feita qualquer exigência no sentido de que isso somente ocorra quando contenham previsão mais benéfica para o trabalhador, art. 611- A, CLT. ® Art. 619 dispõe que o contrato de trabalho que contrarie a ACT ou CCT não poderá prevalecer. Será NULO. ® Trabalhador Hiperssuficente: art. 444, paragrafo único. Também é uma exceção, pois prevalece a livre estipulação. Importante: com a Reforma trabalhista, foi relativizado a flexibilização das fontes/normas trabalhistas. ® Adota-se o critério da especialidade e não o da norma mais favorável. ® Além do que é mais favorável, também foi relativizado: o legislador restringiu a interpretação da norma autônoma (convenção e acordo coletivo de trabalho) pela Justiça do Trabalho, vide art. 8º, §3º, CLT. ® E há prevalência do negociado sobre o legislado em muitas matérias, sem que se indague qual norma mais favorável, art. 611-A, CLT. Normas Jurídicas Trabalhistas A conduta prevista na lei, é de forma abstrata, mas é a partir dela (norma) que se resolve determinado caso concreto. Fala-se na integração, interpretação e aplicação da norma. 1. Integração Em casos em que não se encontre uma norma jurídica específica que regule uma determinada relação jurídica, formando-se lacunas no sistema. Utiliza-se então a integração das normas existentes. Denomina-se Lacuna o “vazio” normativo. Direito do Trabalho | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 9 ® Lacuna normativa: ausência de norma sobre determinado caso; ® Lacuna ontológica: embora a norma seja existente, não corresponde com o fato. ® Lacuna axiológica: existe um preceito normativo, mas, se for aplicado, sua solução insatisfatória ou injusta. O juiz, ainda que a norma seja omissa, não pode escusar de decidir a questão que lhe é submetida a julgamento. Deverá integrar as lacunas da norma. ® Art. 140 do CPC: o juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento. Parágrafo único: o juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei. ® Art. 4º e 5º da LINDB. ® Os procedimentos para integração são: analogia, o costume, a equidade e os princípios gerais do direito. ® A integração preenche as lacunas e busca a plenitude do ordenamento jurídico. O art. 8º da CLT também dispõe sobre o assunto, configurando assim a fonte subsidiária. Importante: também podem ser integradas por meio da subsidiariedade, que é a autorização legal para aplicar, na solução das questões trabalhistas, o Direito comum nos casos de lacuna, vide art. 8º, §1º da CLT. ® Ponto para prestar atenção: é necessário que haja compatibilidade. ® Nem sempre a norma do direito civil, por exemplo, pode ser aplicada no DT. 2. Interpretação Toda norma requer interpretação, porque a clareza de uma norma é sempre relativa. ® Contornos imprecisos é que levam à necessidade de interpretação de todas elas. Interpretar a norma jurídica significa atribui- lhe um significado, estabelecer sua extensão e definir a possibilidade de sua aplicação a um determinado caso concreto. Sistemas interpretativos, que acabam oscilando entre um ou outro extremo: 1. Sistema exegético; 2. Sistema histórico; 3. Sistema teleológico ou finalístico; 4. Sistema da livre pesquisa científica; 5. Sistema do Direito livre. ® Se interpreta a lei ou segundo a vontade do legislador ou segundo as necessidades sociais do momento. Além dos sistemas existem também as técnicas ou métodos de interpretação que podem ser utilizados pelo intérprete na atuação do direito, que são: 1. Interpretação gramatical: sentido literal do texto; 2. Interpretação lógica: raciocínio lógico; 3. Interpretação sistemática: conexão entre os textos; Direito do Trabalho | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 10 4. Interpretação histórica: antecedentes e/ou processo de elaboração; 5. Interpretação sociológica ou teleológica: adaptar as normas com as exigências sociais. As técnicas se complementam. A regras interpretativas, como regra, devem-se invocar os princípios peculiares deste ramo, principalmente o princípio protetor. ® No caso de dúvida, adotar interpretação mais favorável ao trabalhador. ® In dubio pro operário; ® Entretanto, nem sempre é possível aplicação dessa interpretação mais favorável ao trabalhador, pois a aplicação dessa regra de forma absoluta estaria contrariando a de que nenhum interesse de classe ou particular deve prevalecer sobre o interesse público (art. 8º, CLT). 3. Aplicação A aplicação do Direito consiste em fazer incidir a norma jurídica, prevista de forma abstrata e genérica, a uma determinada situação concreta. ® Passagem do plano abstrato ao plano concreto. E quando houver conflito de normas? Fala-se das antinomias de normas. São três os critérios para a solução: 1º critério cronológico, a norma posterior prevalece sobre a anterior; 2º critério da especialidade, norma especial prevalece sobre norma geral; 3º critério hierárquico, norma superior prevalece sobre norma inferior. Aplicação no tempo (eficácia temporal) Refere-se a sua eficácia, a sua vigência, isto é, ao ciclo de existência durante o qual produz efeitos sobre as relações jurídicas. ® Entretanto, no DT, dada a premência dos fatos sociais, inicia-se a vigência normalmente na data da sua publicação; ® Lei no 13.467/2017: vacatio legis de 120 dias, vide art. 6º. ® Leva-se em conta as normas trabalhistas e as normas coletivas (acordo coletivo, convenção e sentença normativa). Começa a vigorar 45 dias depois de publicada, vide art. 1º da LINDB, na falta de indicação expressa. Normalmente as leis trabalhistas têm vigência para o futuro, sem prazo determinado. Com exceção das normas coletivas, que possui características próprias, logo, tem vigência temporária. Aplicação no espaço As normas jurídicas possuem vigência espacial, obrigando, como regra, somente no território nacional. ® Princípio da territorialidade. Direito do Trabalho | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 11 TST: prevalece a previsão de aplicação da lei trabalhista brasileira, salvo se a legislação estrangeira for mais favorável, independente do local da prestação dos serviços. 1. Técnicos estrangeiros domiciliados/ residentes no exterior e que sejam contratados para a execução de serviços especializados no BR, em caráter provisório: aplica-se as normas trabalhistas brasileiras, com as peculiaridades no Decreto-lei n. 691/69 (lei do local da prestação dos serviços. 2. Trabalhadores brasileiros que vão prestar serviço no exterior: Aplica-se a lei mais favorável ao trabalhador. Podendo ser ora a lei brasileira e ora a lei do local; aplicação concomitante de dois elementos de conexão. 3. As diretrizes fixadas pela Lei nº 7.064/82 são universais e devem ser aplicadas a todo trabalhador brasileiro contratado ou transferido para prestar serviço no exterior. Por fim, a aplicação das normas jurídicas deve ser feita pelo JUIZ. ® Partir da premissa maior (norma jurídica), passando pela premissa menor (fato), a fim de chegar a uma conclusão (sentença). ¨ Aplicabilidade (vigência) As leis trabalhistas possuem aplicabilidade imediata. É imediata porque é da sua natureza de regra imperativa e cogente, sobre a qual se apoiam todos os contratos de trabalho. Importante: a imediatidade das leis trabalhistas não significa retroatividade. ® Art. 5º, XXXVI da CF e art. 6º da LINDB: a nova norma em vigor tem efeito imediato e geral, mas deve sempre respeitar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. ® Princípio da irretroatividade: art.912 da CLT. ¨ Características das normas jurídicas: 1. São indisponíveis. ® As normas jurídicas são imperativas, ou seja, obrigatórias. ® Visa equilibrar a desigualdade clássica existente entre os sujeitos da relação de emprego. ® O trabalhador não pode abrir mão das leis trabalhistas = princípio da irrenunciabilidade. 2. Renúncia e transação. ® Renúncia: é ato jurídico unilateral, pelo qual o titular de um direito certo, assegurado pelas normas, dele se despoja, sem concessão pela parte beneficiada. Abrir mão do direito (abdicar). ® Transação: ato jurídico bilateral, é concessão recíprocas das partes (negociar o direito), resolvendo questões fáticas e jurídicas duvidosas (res dúbia) Art. 444, caput da CLT: “As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas Direito do Trabalho | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 12 em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhe sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes. ® Art. 468 da CLT: restringe a possibilidade de alteração das condições de trabalho pactuas no contrato, exigindo que decorram do mútuo consentimento das partes. Importante: as hipóteses de renúncia no DT ainda sejam limitadas para os trabalhadores considerados HIPOSSUFICIENTES, o legislador ampliou as possibilidades de renúncia para os trabalhadores considerados HIPERSUFICIENTES. 3. Flexibilização e desregulamentação ® Flexibilização é um modelo que tem por objetivo tornar menos rígido o sistema de normas trabalhistas, permitindo adoção de formas opcionais ou flexíveis de estipulação de condições de trabalho. A CF permitiu a flexibilização, estabelecendo especificamente a possibilidade, por meio de: ® Negociação coletiva; ® De redução salarial; ® De compensação de jornada de trabalho; ® Fixação de jornada diferenciada para turnos ininterruptos de revezamento. ® Art. 7º, VI, XIII e XIV. Importante: flexibilização não se confunde com desregulamentação. Desregulamentação é ausência de proteção do Estado ao trabalhador, ou seja, o Estado deixa de intervir nas relações de trabalho e passa às próprias partes a tarefa de regulamentar as condições de trabalho e os direitos e obrigações. ® Consiste no exercício pleno da autonomia privada, individual e coletiva. Já a flexibilização, é mantida a intervenção do Estado, contudo, de uma forma menos rígida. O Estado fixa normas básicas de proteção. ® Existem normas jurídicas autônomas, fruto da negociação coletiva.
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