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30 SP1-Oncologia/ Emili Mariane 4° Semestre MED 4-Descrever a fisiopatologia, epidemiologia, quadro clínico e tratamento do câncer do colo de útero Epidemiologia • O câncer de colo uterino é comum no mundo todo e ocupa o terceiro lugar entre todas as doenças malignas que acometem as mulheres (Ferlay, 2010). Estimou-se que, em 2008, tenham sido identificados 529.000 novos casos em todo o mundo, tendo sido registrados 275.000 óbitos. • Em geral, as maiores incidências são encontradas nos países em desenvolvimento, que contribuem com 83% dos casos notificados anualmente. Os países com melhores indicadores econômicos apresentam taxas menores de câncer de colo uterino e contribuem com apenas 3,6% dos novos casos de câncer. Essa discrepância na incidência destaca o sucesso alcançado com os programas de rastreamento do câncer de colo uterino, que preconizam a realização regular do exame de Papanicolaou. • Nos Estados Unidos, o câncer de colo uterino é o terceiro tipo mais comum de câncer ginecológico e a décima-primeira neoplasia sólida maligna mais comum entre as mulheres*. Nos EUA, o risco de as mulheres desenvolverem esse câncer durante toda a vida é de 1 em 147. Em 2011, a American Cancer Society estimou que haverá 12.710 novos casos e 4.290 óbitos decorrentes dessa doença (Siegel, 2011). • Entre as mulheres dos Estados Unidos, as afroamericanas e as mulheres em pior condição socioeconômica apresentam as taxas de mortalidade ajustadas por idade mais altas para esse câncer, e as mulheres hispânicas e latinas, as maiores taxas de incidência (Tabela 30-1). • Acredita-se que essa tendência tenha origem principalmente em fatores financeiros e características culturais que afetam o acesso ao rastreamento e ao tratamento. A faixa etária em que o câncer de colo uterino se desenvolve em geral é menor que a de outras neoplasias ginecológicas, e a média de idade por ocasião do diagnóstico é 48 anos (National Cancer Institute, 2011). Nas mulheres entre 20 e 39 anos, o câncer de colo uterino é a segunda causa mais frequente de morte relacionada com câncer (Jemal, 2010). Fatores de risco • HPV • Além dos demográficos, os riscos comportamentais foram relacionados com o câncer de colo uterino. A maioria dos cânceres de colo uterino origina-se de células infectadas pelo HPV, que é transmitido sexualmente. Assim como ocorre na neoplasia intraepitelial do colo uterino, sexarca precoce, multiplicidade de parceiros sexuais e paridade elevada estão associadas à incidência consideravelmente maior de câncer de colo útero. • As fumantes também apresentam risco maior, embora o mecanismo subjacente não seja conhecido. 31 SP1-Oncologia/ Emili Mariane 4° Semestre MED • O maior fator de risco para câncer de colo uterino é ausência de rastreamento periódico por exame de Papanicolaou. A maioria das comunidades que adotaram esse tipo de rastreamento comprovou redução da incidência desse câncer. • Infecção pelo papilomavírus humano O HPV é o principal agente etiológico infeccioso associado ao câncer do colo uterino. As mulheres com teste positivo para os subtipos de HPV considerados de alto risco apresentam risco relativo de 189 para desenvolvimento de carcinoma de células escamosas e risco relativo de 110 para adenocarcinoma de colo em comparação com mulheres com teste negativo para HPV. • Embora outros fatores transmitidos sexualmente, incluindo o vírus do herpes simples tipo 2, possam ter papel causal concomitante, 99,7% dos cânceres de colo uterino estão associados a um subtipo oncogênico do HPV. Em uma metanálise de 243 trabalhos envolvendo mais de 30.000 mulheres em todo o mundo, 90% dos cânceres invasivos de colo uterino foram associados a um dos 12 subtipos de HPV de alto risco . • Especificamente nesse estudo, 57% dos casos de câncer invasivo do colo uterino foram atribuídos ao sorotipo 16 do HPV. O sorotipo 18 foi associado a 16% das doenças invasivas. Cada um desses sorotipos pode levar a carcinoma de células escamosas ou a adenocarcinoma de colo uterino. Entretanto, o HPV 16 está mais associado a carcinoma de células escamosas de colo uterino, e o HPV 18 é fator de risco para adenocarcinoma do colo uterino. • Ensaios recentes demonstraram que a vacinação contra os HPVs 16 e 18 reduz as infecções incidentes e persistentes com eficácia de 95 e 100%, respectivamente. • Fatores preditivos relacionados com baixas condições socioeconômicas Baixa escolaridade, idade avançada, obesidade, tabagismo e residência em bairros pobres estão relacionados independentemente com taxas menores de rastreamento para câncer de colo uterino. • Especificamente, as mulheres que residem em bairros pobres possuem acesso limitado ao rastreamento, podendo beneficiar-se de programas que aumentem a disponibilidade do exame de Papanicolaou. • Tabagismo • O tabagismo tanto ativo como passivo aumenta o risco de câncer de colo uterino. Entre as mulheres infectadas por HPV, a incidência de lesão intraepitelial escamosa de alto risco (LIEAG) ou de câncer invasivo é duas a três vezes maior em fumantes e ex fumantes. O tabagismo passivo também está associado a aumento do risco, mas em proporções menores. • Dos tipos de câncer de colo uterino, o tabagismo foi associado a uma taxa significativamente maior de carcinoma de células escamosas, mas não de adenocarcinoma. É interessante notar que o carcinoma de células escamosas e os adenocarcinomas do colo uterino compartilham a maioria dos fatores de risco, exceto o tabagismo. 32 SP1-Oncologia/ Emili Mariane 4° Semestre MED • Embora o mecanismo subjacente à associação entre tabagismo e câncer de colo uterino não esteja bem elucidado, é possível que o fumo altere a infecção por HPV. Por exemplo, a experiência com fumo, ou ever smoking,* foi associado à depuração menor do HPV de alto risco. • • Comportamento reprodutivo • A paridade e o uso de contraceptivos orais combinados (COCs) apresentam associação significativa com o câncer de colo uterino. Dados obtidos em estudos caso-controle indicam que paridade elevada aumenta o risco de desenvolvimento de câncer de colo uterino. Especificamente, mulheres com sete gestações a termo anteriores têm risco quase quadruplicado, e aquelas com uma ou duas gestações prévias têm risco duplicado, em comparação com nulíparas (Muñoz, 2002). • Além disso, o uso prolongado de COCs talvez seja um cofator. Há correlação positiva significativa entre baixa razão estradiol:progesterona e menor sobrevida global ao câncer de colo uterino em mulheres na pré-menopáusicas (Hellberg, 2005). • Estudos in vitro sugerem que os hormônios talvez produzam efeito favorável ao crescimento do câncer de colo uterino ao promoverem proliferação celular e, consequentemente, deixando as células mais vulneráveis a mutações. Além disso, o estrogênio atua como agente antiapoptótico, permitindo a proliferação de células infectadas por HPV oncogênico. • Nas mulheres positivas para DNA de HPV no colo uterino e que façam uso de COCs, os riscos de carcinoma de colo uterino aumentam até quatro vezes, em comparação com mulheres HPV positivas que nunca tenham usado COCs (Moreno, 2002). Além disso, as usuárias atuais de COC e aquelas que façam uso desses agentes há 9 anos apresentam maior risco de desenvolvimento de carcinoma de células escamosas e de adenocarcinoma de colo uterino. • Felizmente, o risco relativo nas usuárias de COC parece declinar após a suspensão do fármaco. A análise dos dados de 24 estudos epidemiológicos demonstrou que em 10 ou mais anos após a suspensão do COC o risco de câncer de colo uterino retorna ao nível daquelas que nunca usaram o fármaco (International Collaboration of Epidemiological Studies of Cervical Cancer, 2007). • Atividade sexual • Um número elevado de parceiros sexuais e a primeira relação sexual em idade precoce aumentam o risco de câncerde colo uterino. Ter mais de seis parceiros sexuais durante a vida multiplica consideravelmente o risco relativo para esse tipo de câncer. • De forma semelhante, a primeira relação sexual em idade precoce, antes dos 20 anos de idade, aumenta o risco de desenvolvimento de câncer de colo uterino, ao passo que a relação sexual após os 21 anos apenas aponta uma tendência de aumento desse risco. Além disso, abstinência da atividade sexual e uso de proteção de barreira durante o ato sexual reduzem a incidência de câncer de colo uterino. Fisiopatologia • Tumorigênese • O carcinoma de células escamosas do colo uterino surge caracteristicamente na junção escamocolunar (JEC) a partir de lesão displásica preexistente, que, na maioria das vezes, segue-se à infecção por HPV. 33 SP1-Oncologia/ Emili Mariane 4° Semestre MED Embora a maioria das mulheres elimine prontamente o HPV, aquelas com infecção persistente podem desenvolver doença cervical displásica pré-invasiva. • Em geral, a progressão de displasia para câncer invasivo requer vários anos, mas há grande variação. Por isso, suspeita- -se que a carcinogênese resulte dos efeitos da interação entre fatores ambientais, imunidade do hospedeiro e variações genômicas nas células somáticas . O HPV tem papel importante no desenvolvimento dos cânceres de colo uterino. Há evidências crescentes a sugerir também que as oncoproteínas do HPV sejam um componente essencial à proliferação contínua das células cancerosas. • Diferentemente dos sorotipos de baixo risco, os sorotipos oncogênicos do HPV podem integrar-se ao genoma humano. (Fig. 30-1). Consequentemente, com a infecção, as proteínas de replicação inicial do HPV oncogênico (E1 e E2) possibilitam que o vírus se replique no interior das células do colo uterino. Essas proteínas são expressas em altos níveis no início da infecção pelo HPV. • Elas podem causar alterações citológicas detectadas como lesões intraepiteliais escamosas de baixo grau (LIBEG) ao exame de Papanicolaou. A amplificação da replicação viral e a subsequente transformação das células normais em células tumorais podem ocorrer em seguida. Especificamente, as oncoproteínas E6 e E7 dos produtos do gene viral estão envolvidas nessa transformação (Fig. 30-2). • A proteína E7 ligase à proteína supressora tumoral do retinoblastoma (Rb), ao passo que a E6 se liga à proteína supressora tumoral p53. Em ambos os casos, a ligação leva à degradação dessas proteínas supressoras. O efeito da E6 sobre a degradação da proteína p53 foi amplamente estudado e está relacionado à proliferação e à imortalização das células do colo uterino. • Outros mecanismos de alterações genéticas e moleculares que ocorrem em células pré- -cancerosas e cancerosas do colo uterino são apresentados na Tabela 30-2. 34 SP1-Oncologia/ Emili Mariane 4° Semestre MED • Disseminação do tumor • Depois da tumorigênese, o padrão de crescimento local pode ser exofítico, se um câncer originar-se da ectocérvice, ou endofítico, caso se origine do canal endocervical (Fig. 30-3). As lesões mais baixas têm maior chance de serem identificadas clinicamente durante o exame físico. Como alternativa, o crescimento pode ser infiltrante, e, nesses casos, lesões ulceradas são comuns se o crescimento for acompanhado de necrose • Disseminação linfática • Grupos de linfonodos. O colo uterino possui uma rede abundante de vasos linfáticos, que acompanham o curso da artéria uterina (Fig. 30-4). Esses canais drenam principalmente para os linfonodos paracervicais e parametriais. Por isso, esses linfonodos são clinicamente importantes, e são retirados como parte da ressecção parametrial durante histerectomia radical. 35 SP1-Oncologia/ Emili Mariane 4° Semestre MED • Os linfáticos que drenam o colo uterino são denominados linfonodos paracervicais e estão localizados no ponto onde o ureter cruza a artéria uterina. O segmento inferior e o fundo do útero drenam para os linfonodos parametriais. • A partir dos linfonodos parametriais e paracervicais, a linfa flui subsequentemente para os linfonodos obturadores e para as cadeias interna, externa, ilíaca comum e, finalmente, para os linfonodos para- aórticos. Em contrapartida, os canais linfáticos do colo uterino posterior cursam pelos pilares retais e dos ligamentos uterossacrais até os linfonodos retais. Esses linfonodos são encontrados durante a histerectomia e removidos junto com os ligamentos uterossacrais. • O padrão de disseminação tumoral em geral segue a drenagem linfática do colo uterino. Assim, os linfáticos envolvendo os ligamentos cardinais e paramétrios anterior e posterior comumente estão envolvidos. À medida que as lesões primárias aumentam de tamanho e o acometimento linfático progride, a invasão local aumenta e, finalmente, se tornará extensiva. • Acometimento do espaço linfovascular. • À medida que o tumor invade camadas mais profundas até o estroma, penetra os capilares sanguíneos e os canais linfáticos (Fig. 30-5). Denominada invasão do espaço linfovascular (IELV), esse tipo de crescimento invasivo não está incluído no estadiamento clínico do câncer de colo uterino. Contudo, sua presença é considerada como indicador de mau prognóstico, especialmente nos cânceres de colo uterino em estádio inicial. Dessa forma, a presença de IELV normalmente implica ajuste do procedimento cirúrgico adequado e radioterapia adjuvante. • Extensão local e a distância do tumor • Com a extensão passando pelos paramétrios até a parede lateral da pelve, com frequência ocorre bloqueio ureteral que resulta em hidronefrose (Fig. 30-6). Além disso, a bexiga pode ser invadida por extensão direta do tumor pelos ligamentos uterovesicais (pilares da bexiga) (Fig. 38-18, p. 934). O reto é invadido com menor frequência porque está anatomicamente separado do colo uterino pelo fundo de saco posterior. • As metástases a distância resultam de disseminação hematogênica, e pulmões, ovários, fígado e ossos são os órgãos mais comumente afetados. • Tipos Histológicos Carcinoma de células escamosas • Os dois subtipos histológicos mais comuns de câncer de colo uterino são o carcinoma de células escamosas e o adenocarcinoma (Tabela 30-3). Desses, os tumores de células escamosas predominam, correspondendo a 75% de todos os cânceres de colo uterino, e e com origem na ectocérvice. 36 SP1-Oncologia/ Emili Mariane 4° Semestre MED • Nos últimos 30 anos, houve redução na incidência de cânceres de células escamosas e aumento na incidência de adenocarcinomas do colo uterino. Essas mudanças podem ser atribuídas a melhora no método de rastreamento de lesões escamosas iniciais do colo uterino e a aumento na prevalência de HPV (Vizcaino, 2000). • Os carcinomas de células escamosas podem ser subdivididos em carcinomas queratinizados e não queratinizados. • Os carcinomas queratinizados apresentam pérolas de queratina e ninhos de epitélio escamoso neoplásico (Fig. 30-7). • Os carcinomas não queratinizados apresentam ninhos arredondados de células escamosas neoplásicas com queratinização de células individuais, mas sem pérolas de queratina. • O carcinoma papilar de células escamosas é uma variante rara que se parece com o carcinoma de células transicionais da bexiga. Adenocarcinomas • Os adenocarcinomas são um grupo de cânceres do colo uterino formado pelos subtipos listado na Tabela 30-3. Em contraste com o carcinoma de células escamosas, os adenocarcinomas representam 20 a 25% dos cânceres de colo uterino e surgem das células colunares produtoras de muco da endocérvice. Em razão desta origem na endocérvice, os adenocarcinomas com frequência são ocultos e podem estar em estádio avançado quando se tornam clinicamente evidentes. Muitas vezes conferem ao colo uterino a forma de barril que é palpável durante o exame da pelve. • Os adenocarcinomas se apresentamcom diversos padrões histológicos compostos por vários tipos celulares. Destes, os adenocarcinomas mucinosos são os mais comuns e podem ser subdivididos nos tipos endocervical, intestinal, desvio mínimo ou viloglandular (Fig. 30-8). • O tipo endocervical mucinoso mantém semelhança com o tecido endocervical normal, e o tipo intestinal se parece com células intestinais, podendo incluir células caliciformes. • O adenocarcinoma com desvio mínimo, também conhecido como adenoma maligno, caracteriza-se por glândulas citologicamente discretas com tamanho e forma anormais. • Esses tumores contêm número aumentado de glândulas posicionadas em nível mais profundo que o das glândulas endocervicais normais. • O adenocarcinoma viloglandular é formado por papilas na superfície. A porção superficial com frequência lembra o adenoma viloso e a parte profunda é formada por glândulas ramificadas e caracterizada por ausência de desmoplasia. • O adenocarcinoma endometrioides é o segundo mais frequente e se apresenta com glândulas semelhantes às do endométrio. • O carcinoma seroso é raro e idêntico ao carcinoma seroso de ovário ou de útero. O adenocarcinoma de células claras representa menos de 5% dos adenocarcinomas do colo uterino e sua denominação é explicada por seu citoplasma claro (Jaworski, 2009). Raramente, os adenocarcinomas surgem de remanescentes mesonéfricos no colo uterino e, nesse caso, são denominados adenocarcinomas mesonéfricos. Esses tumores surgem lateralmente e são agressivos. • Prognóstico comparativo • As evidências comparando o prognóstico do carcinoma de células escamosas com o do adenocarcinoma são contraditórias. Em um estudo randomizado sobre câncer de colo uterino nos estádios IB e IIA 37 SP1-Oncologia/ Emili Mariane 4° Semestre MED realizado por Landoni e colaboradores (1997) demonstrou-se taxa menor de sobrevida global estatisticamente significativa em pacientes com adenocarcinoma, em comparação com mulheres com carcinoma de células escamosas. • Contudo, o Gynecology Oncology Group (GOG), em um estudo subsequente, revelou que a sobrevida global em mulheres com carcinoma escamoso e adenocarcinoma de colo uterino representam 75% dos cânceres de colo uterino, e os adenocarcinomas respondem por 20-25%. Os outros tipos celulares são raros. Câncer de Colo Uterino estádio IB é semelhante (Look, 1996). As evidências sugerem que as pacientes com adenocarcinoma cervical (estádios IIB a IVA) talvez tenham menor sobrevida global em comparação com aquelas com carcinoma de células escamosas em estádios similares (Eifel, 1990; Lea, 2002). No relatório anual de 2006 da International Federation of Obstetricians and Gynecologists (FIGO), no qual foram analisados mais de 11.000 casos de carcinoma escamoso e 1.613 casos de adenocarcinoma, concluiu- -se que as mulheres com adenocarcinoma tiveram menores taxas globais de sobrevida em todos os estádios da doença em comparação com aquelas com carcinoma de células escamosas (Quinn, 2006). Para concluir, as evidências sugerem que o adenocarcinoma do colo uterino é um tumor de alto risco. ■ Carcinomas mistos do colo uterino • Essas neoplasias do colo uterino são raras. Os carcinomas adenoescamosos não diferem macroscopicamente dos adenocarcinomas do colo uterino. O componente escamoso é pouco diferenciado e apresenta pouca queratinização. A denominação carcinoma de células vítreas descreve uma forma pouco diferenciada de carcinoma adenoescamoso na qual as células apresentam citoplasma com aparência de vidro moído e núcleo saliente com nucléolos arredondados. Tumores neuroendócrinos do colo uterino • Esses cânceres são raros e incluem tumores de células grandes e de células pequenas do colo uterino. Os tumores neuroendócrinos são altamente agressivos, e mesmo aqueles em estádio inicial apresentam taxa de sobrevida livre de doença relativamente baixa apesar do tratamento com histerectomia radical e quimioterapia adjuvante). • Os tumores neuroendócrinos de grandes células formam lâminas trabeculares ou sólidas e as células são 3 a 5 vezes maiores que os eritrócitos. Em contrapartida, o carcinoma neuroendócrino de células pequenas contém uma população uniforme de células pequenas com elevada proporção núcleo: citoplasma, assemelhando-se ao carcinoma pulmonar de células pequenas. Frequentemente, utilizam-se marcadores neuroendócrinos, como cromogranina, sinaptofisina e CD56, para confirmar o diagnóstico. Raramente, os tumores endócrinos e paraendócrinos estão associados a esses tumores neuroendócrinos. Outros tumores malignos • Raramente, o colo uterino é a localização de sarcomas e linfomas malignos. A maioria desses tumores se apresenta na forma de uma massa no colo uterino com sangramento. Inicialmente, a diferenciação entre sarcoma do colo uterino e sarcoma uterino primário requer exame patológico cuidadoso e localização da massa primária do tumor. Os leiomiossarcomas do colo uterino e os sarcomas estromais do colo uterino têm prognóstico reservado, assim como os sarcomas uterinos. Como são raros, as instruções acerca do tratamento dos sarcomas do colo uterino são limitadas. A maioria dos casos é 38 SP1-Oncologia/ Emili Mariane 4° Semestre MED conduzida com tratamento multimodal. Os melanomas frequentemente se apresentam como nódulos ulcerados de cor azul ou preta. Esses tumores também têm prognóstico reservado. • DIAGNÓSTICO ■ • Sintomas • Algumas mulheres diagnosticadas com câncer de colo uterino são assintomáticas. Entretanto, naquelas com sintomas, o câncer de colo uterino em estádio inicial pode produzir corrimento vaginal líquido tinto de sangue. Também é possível haver sangramento vaginal intermitente após relação sexual com penetração ou após ducha vaginal. À medida que o tumor maligno cresce, o sangramento intensifica-se e eventualmente a paciente pode dar entrada em serviço de emergência com hemorragia sem controle a partir do leito tumoral. O sangramento hemorrágico de câncer do colo uterino em geral pode ser controlado com uma combinação de solução de Mosel e tamponamento vaginal. Também é possível usar acetona tópica para obter hemostasia, especialmente nos casos refratários à solução de Monsel (Patsner, 1993). • Com a invasão parametrial e extensão para a parede lateral da pelve, o tumor pode comprimir órgãos adjacentes e produzir sintomas. Por exemplo, edema de membros inferiores e dor lombar baixa, em geral irradiando-se pela região posterior da perna, podem indicar compressão de raiz do nervo isquiático, vasos linfáticos, veias ou ureter por tumor em crescimento. Com obstrução ureteral é possível haver hidronefrose e uremia, que ocasionalmente podem ser os sintomas de apresentação. • Além disso, com a invasão do tumor para bexiga e reto, as mulheres podem se apresentar com hematúria e/ou sintomas de fístula vesicovaginal ou retovaginal. Exame físico • A maioria das mulheres com câncer de colo uterino apresenta resultados normais no exame físico geral. Entretanto, com a progressão da doença, linfadenopatia supraclavicular ou inguinal, edema de membros inferiores, ascite ou redução do murmúrio vesicular à ausculta pulmonar podem indicar metástases. Em pacientes sob suspeita de câncer de colo uterino, deve-se realizar inspeção da genitália externa e exame vaginal completo à procura de lesões concomitantes. O papilomavírus humano é um fator de risco comum para cânceres de colo uterino, vagina e vulva. No exame com espéculo, o colo uterino pode parecer macroscopicamente normal se o câncer for microinvasivo. • Quando visível, a doença tem aparência variada. As lesões podem se apresentar como tumores de crescimento exofítico ou endofítico; como massa polipoide, tecido papilar ou colo uterino em forma de barril; como ulceração cervical ou massa granular; ou como tecido necrótico. • Também é possível haver corrimento líquido, purulento ousanguinolento. Por essa razão, o câncer de colo uterino pode espelhar a aparência de diversas doenças, incluindo leiomioma cervical, pólipo cervical, leiomioma ou sarcoma uterino com prolapso, vaginite, eversão cervical, cervicite, ameaça de abortamento, placenta prévia, gravidez cervical, condiloma acuminado, úlcera herpética e cancro. Durante o toque bimanual, o ginecologista pode palpar útero dilatado em decorrência da invasão e do crescimento do tumor. Alternativamente, hematométrio e piométrio podem determinar aumento da cavidade endometrial após obstrução ou efusão de líquidos por câncer primário de colo uterino. Nesse caso, a palpação revelará útero aumentado e amolecido • Os casos de câncer de colo uterino em estádio avançado podem se apresentar com acometimento vaginal, e a extensão da doença pode ser determinada no exame retovaginal. Em tais casos, a palpação 39 SP1-Oncologia/ Emili Mariane 4° Semestre MED do septo retovaginal entre os dedos indicador e médio da mão do examinador revelará septo espessado, duro e irregular. A parede vaginal posterior proximal normalmente está invadida. Além disso, durante o toque retal, será possível palpar o envolvimento de parede lateral da pelve, paramétrio e região uterossacra. Um ou ambos os paramétrios podem estar invadidos, e os tecidos acometidos se apresentarão espessos, irregulares, firmes e menos móveis. A presença de massa fixa indica que o tumor provavelmente se estendeu para as paredes laterais da pelve. Contudo, uma lesão central pode chegar a ter 8 a 10 cm de diâmetro antes de atingir as paredes laterais. • Exame de Papanicolaou • A avaliação histológica de biópsia cervical é o primeiro instrumento usado para diagnosticar câncer de colo uterino. Embora seja bastante usado no rastreamento, o exame de Papanicolaou nem sempre detecta o câncer de colo uterino. Especificamente, o exame de Papanicolaou tem sensibilidade de apenas 55 a 80% para detecção de lesões de alto grau em um dado exame isolado (Benoit, 1984; Soost, 1991). • Assim, o poder de prevenção do exame está no rastreamento periódico seriado (Fig. 30-9). Além disso, em mulheres com câncer de colo uterino em estádio I, apenas 30 a 50% dos esfregaços citológicos isolados obtidos são lidos como positivos para câncer (Benoit, 1984). Portanto, não se recomenda o uso isolado do exame de Papanicolaou para avaliação de lesões suspeitas. É importante salientar que as lesões suspeitas devem ser submetidas a biópsias diretas com pinça de Tischler ou cureta de Kevork (Fig. 2915, p. 750). • Quando possível, as biópsias devem ser coletadas da periferia do tumor, incluindo o estroma subjacente, a fim de que, se houver invasão, seja possível diagnosticá-la. Colposcopia e biópsia cervical • Se forem obtidos resultados anormais no exame de Papanicolaou, a colposcopia é realizada. Durante esse exame, toda a zona de transformação deve ser identificada, para obtenção de biópsias cervicais e endocervicais adequadas. Pode-se utilizar espéculo endocervical para visualizar a zona de transformação caso ela tenha recuado para o canal endocervical. Nas pacientes com colposcopia insatisfatória e doença de alto grau, deve-se proceder à conização a frio. As biópsias de punção ou amostras obtidas com conização são as mais precisas para avaliar se há invasão do câncer de colo uterino. Ambos os tipos de amostra contêm estroma subjacente e permitem a diferenciação entre carcinomas invasivos e in situ. Dessas, as amostras de conização fornecem ao patologista uma amostra tecidual maior, sendo bastante úteis para o diagnóstico de câncer in situ e microinvasivo de colo uterino. ESTADIAMENTO • Estadiamento clínico O estadiamento dos cânceres de colo uterino é clínico. Entre os componentes do estadiamento estão conização a frio, exame pélvico sob anestesia, cistoscopia, proctoscopia, pielografia intravenosa (podendo ser usada tomografia computadorizada [TC]) e radiografia do tórax. A Tabela 30-4 lista essas além de outras ferramentas radiológicas e laboratoriais não incluídas no estadiamento formal, mas que podem contribuir com informações adicionais. • A presença de edema bolhoso não é suficiente para diagnosticar envolvimento da bexiga; o envolvimento da bexiga precisa ser comprovado por biópsia. O envolvimento de linfonodos não altera o estadiamento. O sistema 40 SP1-Oncologia/ Emili Mariane 4° Semestre MED de estadiamento amplamente usado para o câncer de colo uterino é aquele desenvolvido pela FIGO em colaboração com a Organização Mundial da Saúde e a International Union Against Cancer (IUCC). Tratamento • Doença primária em estádio inicial • Estádio IA • O termo câncer microinvasivo de colo uterino identifica esse subgrupo de pequenos tumores. Por definição, esses tumores não são visíveis a olho nu. Especificamente, conforme se vê na Tabela 30-6, os critérios para classificação de tumores em estádio IA limitam a profundidade de invasão a no máximo 5 mm e a disseminação lateral a no máximo 7 mm de largura (Fig. 30-12). • O câncer microinvasivo de colo uterino apresenta menor risco de envolvimento linfonodal e prognóstico excelente após tratamento. • Os tumores em estádio IA são subdivididos em IA1 e IA2. Essa subdivisão indica profundidade e largura crescentes de invasão e riscos crescentes de envolvimento linfonodal. • Estádio IA1. A invasão desses tumores não ultrapassa 3 mm de profundidade e 7 mm de largura, estando associada a menor risco de envolvimento linfonodal. • . Essas lesões podem ser tratadas de forma efetiva apenas com conização cervical (Tabela 30-7). Entretanto, deve-se dar preferência à histerectomia total extrafascial (histerectomia tipo I) por via abdominal, vaginal, laparoscópica ou robótica para mulheres que não tenham mais intenção de engravidar. • Os tipos de histerectomia estão descritos na Tabela 30-8. A presença de IELV nos cânceres microinvasivos em estádio IA1 aumenta o risco de metástase linfonodal e de recorrência do câncer em cerca de 5%. Como consequência, em nosso meio, esses casos são tradicionalmente conduzidos com histerectomia radical modificada (histerectomia tipo II) e linfadenectomia pélvica. • Pode-se considerar a possibilidade de traquelectomia radical com dissecção de linfonodos pélvicos naquelas pacientes que desejarem preservar a fertilidade (Olawaiye, 2009). • Os adenocarcinomas normalmente são diagnosticados em estádio mais avançado que os cânceres de células escamosas do colo uterino. Assim, em casos de adenocarcinoma microinvasivo, diante da escassez de dados sobre esse estádio tumoral, o médico se vê diante de um dilema singular para o manejo. Todavia, com base na avaliação dos dados do Surveillance Epidemiology and End Result (SEER) fornecidos pelo National Cancer Institute, a incidência de envolvimento linfonodal é semelhante àquela dos cânceres escamosos (Smith, 2002). Dos adenocarcinomas cervicais microinvasivos, há 36 casos tratados com preservação uterina e conização relatados na literatura (Bisseling, 2007; Ceballos, 2006; McHale, 2001; Schorge, 2000; Yahata, 2010). Desses casos, não houve recidivas após conização durante o período de acompanhamento. Estádio IA2. • As lesões cervicais com 3 a 5 mm de invasão estromal apresentam risco de 7% de metástase linfonodal e risco acima de 4% de recorrência da doença. Nesse grupo de mulheres, a segurança do tratamento conservador ainda precisa ser confirmada. Dessa forma, para esse grau de invasão, recomenda se histerectomia radical (histerectomia tipo III) e linfadenectomia pélvica. Vários trabalhos recomendaram também a realização de cerclagem concomitantemente com a traquelectomia radical para melhorar a competência cervical durante a gravidez. Esses procedimentos têm altas taxas de cura, e gestações bem- 41 SP1-Oncologia/ Emili Mariane 4° Semestre MED sucedidas foram relatadas. Com seleção cuidadosadas pacientes de acordo com idade (, 45 anos), tamanho do tumor (, 2 cm) e envolvimento linfonodal negativo, as taxas de recidiva relatadas são semelhantes àquelas da histerectomia radical • Alguns especialistas propõem traquelectomia radical às pacientes com tumores até 4 cm (estádio 1B1), mas aproximadamente um terço das pacientes com tumor nesse estádio necessitarão de histerectomia radical ou quimioterapia adjuvante em razão de fatores de risco intermediário ou alto (Abu-Rustum, 2008; Gien, 2010). Nesses casos, recomenda-se RM pré-operatória para avaliação dos paramétrios e/ou TC para avaliar se há doença extracervical. Se o tumor tiver se estendido no sentido proximal para além do orifício interno do colo uterino, a traquelectomia é contraindicada. • Alternativamente, as pacientes com carcinoma microinvasivo (estádios IA1 e IA2) podem ser tratadas apenas com braquiterapia intracavitária com excelentes resultados (Grigsby, 1991; Hamberger, 1978). As possíveis candidatas à braquiterapia vaginal incluem as idosas, e aquelas que não são candidatas a tratamento cirúrgico em razão de quadro clínico concomitante. Histerectomia • As mulheres com câncer de colo uterino nos estádios IA2 a IIA, segundo a FIGO, podem ser selecionadas para histerectomia radical com dissecção de linfonodos pélvicos e com ou sem dissecção de linfonodos para- aórticos. • A cirurgia é considerada adequada àquelas com condições físicas para tolerar um procedimento cirúrgico agressivo, para aquelas que desejam evitar os efeitos prolongados da radioterapia e/ou para aquelas que tenham contraindicações para radioterapia pélvica. As candidatas mais comuns incluem pacientes jovens que desejam preservar os ovários e preservar o funcionamento da vagina sem irradiação. Historicamente, há cinco tipos de histerectomia, conforme descrição de Piver e colaboradores (1974). Entretanto, atualmente, as técnicas de histerectomia utilizadas no dia a dia variam em função do grau de ressecção das estruturas de suporte vizinhas, sendo classificadas nos tipos I, II e III (ver Tabela 30-8). • Histerectomia simples (Tipo I). Na histerectomia tipo I, também conhecida como histerectomia extrafascial ou histerectomia simples, removem-se útero e colo uterino, mas sem excisão de paramétrio ou paracolpo. É indicada principalmente para pa- TABELA 30-7 Tratamento geral para carcinoma primário do colo uterino invasivoa Estádio do câncer Tratamento IA1c Preferencialmente histerectomia simples caso não haja mais interesse em engravidar ou Conização do colo uterino IA1c (com IELV) Histerectomia radical modificada e linfadenectomia pélvica ou Traquelectomia radical e linfadenectomia pélvica para pacientes selecionadas que queiram preservar a fertilidade IA2b,c Histerectomia radical e linfadenectomia pélvica ou Traquelectomia radical e linfadenectomia pélvica para pacientes selecionadas que queiram preservar a fertilidade IB1b Alguns IB2 IIA1 Histerectomia radical e linfadenectomia pélvica ou traquelectomia radical e linfadenectomia pélvica para pacientes selecionadas que queiram preservar a fertilidade ou Quimiorradiação IB2 volumoso IIA2 Quimiorradiação IIB a IVA Quimiorradiação ou Raramente exenteraçãod pélvica IVB Quimioterapia paliativa e/ou Radioterapia paliativa ou Cuidados de suporte (institucional) aAs recomendações de tratamento podem variar para casos específicos dependendo das circunstâncias clínicas. bAlgumas instituições realizam histerectomia radical modificada (tipo II) e linfadenectomia pélvica para as lesões em estádio IA2 e tumores IB de tamanho menor. cEm pacientes não candidatas a tratamento cirúrgico pode-se usar braquiterapia intracavitária. dPacientes com lesão em 42 SP1-Oncologia/ Emili Mariane 4° Semestre MED estádio IVA com fístula podem ser candidatas à exenteração pélvica. IELV 5 invasão do espaço linfovascular. • CLASSIFICAÇÃO NIC • A NIC (neoplasia intraepitelial cervical) é identificada mediante o exame microscópico das células cervicais em um esfregaço citológico corado pela técnica de Papanicolau. Esse sistema baseia- se em uma classificação bimodal que divide as lesões intraepiteliais escamosas em BAIXO (correspondendo à NIC I) e ALTO GRAU (correspondendo ao NIC II e NIC III). Isso é baseado nos aspectos morfológicos aliados à conduta terapêutica e ao HPV. • Na NIC 1, há boa maturação com anomalias nucleares mínimas e poucas figuras de mitose. Células indiferenciadas ficam limitadas às camadas mais profundas (terço inferior) do epitélio. As figuras de mitose estão presentes, mas não são numerosos. Alterações citopáticas devidas à infecção pelo HPV são observadas na espessura total do epitélio. • A NIC 2 é caracterizada por alterações celulares displásicas, principalmente restritas à metade inferior ou os dois terços inferiores do epitélio, com anomalias nucleares mais acentuadas que na NIC 1. Figuras de mitose são vistas em toda a metade inferior do epitélio. • Na NIC 3, diferenciação e estratificação podem estar totalmente ausentes ou estarem presentes somente no quarto superficial do epitélio com numerosas figuras de mitose. Anomalias nucleares estendem-se em toda a espessura do epitélio. As muitas figuras de mitose têm formas anormais. A colposcopia constitui uma propedêutica complementar para mulheres com resultados de citologia cervical nos programas de rastreamento. Lembrando que ele não deve ser realizado como método de rastreamento do câncer de colo de útero. • A colposcopia pode permitir: Avaliar lesões pré-invasoras e invasoras do colo uterino como propedêutica; complementar aos métodos de rastreamento; Definir a extensão das lesões. TRATAMENTO O tratamento do câncer de colo de útero combina cirurgia, quimioterapia e radioterapia. ESTAGIO Ia1: Nos tumores com até 3 mm de invasão, a probabilidade de invasão ganglionar é mínima. Dessa forma, a conização ou amputação do colo do útero é o tratamento suficiente. ESTÁGIO Ia2: Nesse estágio o tratamento de escolha ainda é a cirurgia radical, com histectomia total. ESTÁGIO Ib1 e IIa1: tumores menores que 4 cm, restritos ao colo do útero (Ib1) ou com comprometimento do terço superior da vagina (IIa1) utilizam o tratamento cirúrgico, com histerectomia total. E pacientes com alto risco de recidivas devem recebem como tratamento adjuvante a quimio e a radioterapia. ESTÁGIOS Ib2 e IIa2: Os tumores Ib2 e IIa2 são tumores volumosos localizados no colo do útero, ou no máximo no terço superior da vagina e, portanto, passíveis de tratamento cirúrgico. No entanto, apresenta um alto risco de recindiva, por isso é utilizado a radioterapia e quimio. TUMORES AVANÇADOS IIb – IV: A radioterapia concomitantemente com a quimioterapia é o tratamento de escolha. • • 43 SP1-Oncologia/ Emili Mariane 4° Semestre MED • 5-Descrever o mecanismo de infecção pelo hpv e a relação deste com o desenvolvimento das lesões neoplasias do colo de útero • O Papilomavírus Humano (HPV) é um vírus de DNA, que pertence à família Papillomaviridae e possuem uma grande diversidade de hospedeiros. O capsídeo viral é composto por duas proteínas: a maior L1 e a menor L2. O gene L1 codifica a principal proteína e é o utilizado para a produção da vacina contra HPV. • Possui um genoma comum e bem conservado entre os diversos tipos virais. Está dividido em três regiões: • Regulatória (Long Control Region ou LCR); • Precoce (Early ou E) • Tardia (Late ou L). • A LCR localiza-se entre os genes L1 e E6 e é a região responsável pela ligação de fatores de transcrição celulares e virais que regulam a transcrição e a replicação do HPV. Todos os tipos de HPV contêm pelo menos seis regiões precoces (E1-E7) e duas regiões tardias (L). • A maioria dos genes virais permanece na forma epissomal nas lesões pré-cancerosas. Nas lesões de alto grau, o genoma do HPV se integra ao genoma do hospedeiro. Essa integração provavelmentefavorece a transformação maligna. • Esse vírus apresenta mais de 100 subtipos e cerca de 20 destes podem infectar o trato genital. Dividem-se em dois grupos, de acordo com o potencial de oncogenicidade de cada um deles. Em um grupo estão os subtipos que, quando associados a outros fatores de risco, têm relação com o desenvolvimento de neoplasias intraepiteliais do colo uterino, vulva, pênis, vagina e região anal. São os de alto risco oncogênico. • Já os subtipos de baixo potencial oncogênico estão associados ao surgimento de infecções consideradas benignas como o condiloma acuminado. • Além do câncer cervical, o HPV também está associado ao surgimento de verrugas genitais, lesões pré- cancerosas do trato anogenital e câncer de cabeça e pescoço. As verrugas genitais, ou condilomas acuminados, têm sua origem atribuída aos tipos não oncogênicos do HPV. As verrugas têm altas chances de recidiva mesmo após tratamento e pode acometer tanto homens quanto mulheres, e algumas vezes são difíceis de tratá-las • Transmissão • A transmissão do vírus HPV se dá por contato, em geral por atividade sexual desprotegida. Assim, o ciclo viral inicia com a entrada do vírus nas células da camada basal, o que associa a micro traumas ou leve abrasão do epitélio. Uma vez dentro da célula, o DNA viral é levado ao núcleo para ser expresso, usando a maquinaria celular, esse DNA do vírus é replicado e se acumula nas células basais. Com a divisão da célula basal, as células filhas diferenciadas vão se deslocando até a superfície epitelial. • Fatores das células hospedeiras interagem com LCR do genoma do HPV, iniciando a transcrição das proteínas dos genes E6 e E7. Essas proteínas desregulam o ciclo celular da célula parasitada por inativação de proteínas de genes supressores de tumor, ciclinas e cdk. • Essas proteínas virais subvertem as vias regulatórias da proliferação celular, facilitando a replicação viral em células diferenciadas. A proteína E6 do HPV liga-se a p53, marcando-a para degradação. Como a p53 controla a progressão do ciclo celular, estimula a apoptose e favorece o reparo do DNA, essas funções ficam abolidas. Além disso, a E6 aumenta a expressão da telomerase, reduzindo a senescência celular, • Obs: A proteína E6 de baixo grau não se liga a p53, não afetando a estabilidade. • A proteína E7 liga-se a pRB, o que faz ela se soltar do fator de transcrição E2F, estimulando a transcrição de genes cujos produtos são necessários para as células entrarem na fase S do ciclo 44 SP1-Oncologia/ Emili Mariane 4° Semestre MED celular. Ainda, a E7 estimula a síntese de DNA e a proliferação celular. No final do processo, os genes L1 e L2 formam o capsídeo viral e termina a replicação viral. • A progressão para o câncer ocorre geralmente 10 a 20 anos depois. Algumas lesões podem evoluir mais rapidamente, não raro em 1 ou 2 anos. • Os HPV de alto grau se distingue dos de baixo grau pela estrutura e função dos genes E6 e E7 e pelo fato do HPV de alto grau geralmente se integrar ao DNA celular, enquanto os de baixo grau permanecem na forma epissomal. • O tratamento do HPV é dirigido para o diagnóstico e tratamento das próprias lesões porque não existem terapias antivirais especificas. Muitas lesões se resolvem espontaneamente, de modo que o objetivo do tratamento é a melhora ou prevenção dos sintomas ou no caso de lesões intraepiteliais escamosas de alto grau, prevenção da progressão para câncer 6-Citar formas de prevenção e detecção precoce do câncer do colo de útero Diagnóstico precoce • A estratégia de diagnóstico precoce contribui para a redução do estágio de apresentação do câncer. Nessa estratégia, é importante que a população e os profissionais estejam aptos para o reconhecimento dos sinais e sintomas suspeitos de câncer, bem como o acesso rápido e facilitado aos serviços de saúde. Rastreamento • O rastreamento do câncer é uma estratégia dirigida a um grupo populacional específico no qual o balanço entre benefícios e riscos dessa prática é mais favorável, com impacto na redução da mortalidade. Os benefícios são o melhor prognóstico da doença, com tratamento mais efetivo e menor morbidade associada. Os riscos ou malefícios incluem os resultados falso-positivos, que geram ansiedade e excesso de exames; os resultados falso-negativos, que têm como consequência a falsa tranquilidade do paciente; o sobrediagnóstico e o sobretratamento, relacionados à identificação de tumores de comportamento indolente (diagnosticados e tratados sem que representassem ameaça à vida) e os possíveis riscos dos testes para rastrear os diferentes tipos de câncer. • O rastreamento do câncer do colo do útero se baseia na história natural da doença e no reconhecimento de que o câncer invasivo evolui a partir de lesões precursoras (lesões intraepiteliais escamosas de alto grau e adenocarcinoma in situ), que podem ser detectadas e tratadas adequadamente, impedindo a progressão para o câncer. • O método principal e mais amplamente utilizado para rastreamento do câncer do colo do útero é o teste de Papanicolaou (exame citopatológico do colo do útero). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), com a cobertura de, no mínimo, 80% da população-alvo, e a garantia de diagnóstico e tratamento adequados dos casos alterados, é possível reduzir, em média, de 60 a 90% a incidência do câncer cervical invasivo. Diretrizes do rastreamento • O método de rastreamento do câncer do colo do útero no Brasil é o exame citopatológico (exame de Papanicolaou), que deve ser oferecido às mulheres na faixa etária de 25 a 64 anos e que já tiveram atividade sexual. • A priorização dessa faixa etária como população-alvo justifica-se por ser a de maior ocorrência das lesões de alto grau, passíveis de serem tratadas efetivamente para não evoluírem para o câncer. 45 SP1-Oncologia/ Emili Mariane 4° Semestre MED • Segundo a OMS, a incidência desse câncer aumenta nas mulheres entre 30 e 39 anos, e atinge seu pico na quinta ou sexta década de vida. Antes dos 25 anos prevalecem as infecções por HPV e as lesões de baixo grau, que regredirão espontaneamente na maioria dos casos e, portanto, podem ser apenas acompanhadas conforme recomendações clínicas. Após os 65 anos, por outro lado, se a mulher tiver feito os exames preventivos regularmente, com resultados normais, o risco de desenvolvimento do câncer cervical é reduzido dada sua lenta evolução. • A rotina recomendada para o rastreamento no Brasil é a repetição do exame Papanicolau a cada três anos, após dois exames normais consecutivos realizados com intervalo de um ano. A repetição em um ano após o primeiro teste tem como objetivo reduzir a possibilidade de um resultado falso-negativo na primeira rodada do rastreamento. A periodicidade de três anos tem como base a recomendação da OMS e as diretrizes da maioria dos países com programa de rastreamento organizado. Tais diretrizes justificam-se pela ausência de evidências de que o rastreamento anual seja significativamente mais efetivo do que se realizado em intervalos de três anos. • O rastreamento de mulheres portadoras do vírus HIV ou imunodeprimidas constitui uma situação especial, pois, em função da defesa imunológica reduzida e, consequentemente, da maior vulnerabilidade para as lesões precursoras do câncer do colo do útero, o exame deve ser realizado logo após o início da atividade sexual, com periodicidade anual após dois exames normais consecutivos realizados com intervalo semestral. Por outro lado, não devem ser incluídas no rastreamento mulheres sem história de atividade sexual ou submetidas à histerectomia total por outras razões que não o câncer do colo do útero. • É importante destacar que a priorização de uma faixa etária não significa a impossibilidade da oferta do exame para as mulheres mais jovens ou mais velhas. Na prática assistencial, a anamnese bem realizada e a escutaatenta para reconhecimento dos fatores de risco envolvidos e do histórico assistencial da mulher são fundamentais para a indicação do exame de rastreamento. • As mulheres diagnosticadas com lesões intraepiteliais do colo do útero no rastreamento devem ser encaminhadas à unidade secundária para confirmação diagnóstica e tratamento, segundo as diretrizes clínicas estabelecidas. • Por apresentar sinais e sintomas apenas em fases mais avançadas, o diagnóstico precoce desse tipo de câncer é de difícil realização, mas deve ser buscado por meio da investigação de sinais e sintomas mais comuns como: • Corrimento vaginal, às vezes fétido • Sangramento irregular em mulheres em idade reprodutiva. • Mulheres entre 25 e 64 anos devem fazer o exame preventivo do câncer do colo do útero a cada três anos.As alterações das células do colo do útero são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido também como Papanicolaou), e são curáveis na quase totalidade dos casos. Por isso, é importante a realização periódica deste exame. Tão importante quanto fazer o exame é saber o resultado, seguir as orientações médicas e o tratamento indicado. Prevenção • Vacine contra o HPV as meninas de 9 a 14 anos e os meninos de 11 a 14 anos. • A vacinação contra o HPV, disponível no SUS, e o exame preventivo (Papanicolaou) se complementam como ações de prevenção do câncer do colo do útero. Mesmo as mulheres vacinadas, quando 46 SP1-Oncologia/ Emili Mariane 4° Semestre MED chegarem aos 25 anos, deverão fazer um exame preventivo a cada três anos, pois a vacina não protege contra todos os subtipos do HPV. Importância do rastreamento para câncer de colo do útero • A taxa de mortalidade por câncer de colo do útero caiu significativamente com o aumento do uso do exame Papanicolaou para rastreamento, mas não mudou muito nos últimos 10 anos. • Os exames de rastreamento são a melhor chance de diagnosticar o câncer de colo do útero precocemente, quando o tratamento pode ter ser bem sucedido. O rastreamento pode prevenir a maioria dos cânceres de colo do útero, diagnosticando alterações anormais das células pré- cancerígenas, para que possam ser tratadas antes que se transformem em câncer de colo do útero. • Apesar dos benefícios do rastreamento do câncer de colo do útero, nem todas as mulheres são rastreadas. A maioria dos cânceres de colo do útero é diagnosticado em mulheres que nunca fizeram um exame de Papanicolaou ou que não o fizeram recentemente. 7-Identificar as políticas públicas de saúde relacionadas ao câncer de colo de útero • O câncer do colo do útero é o terceiro mais incidente na população feminina brasileira, excetuando-se os casos de câncer de pele não melanoma. Políticas públicas nessa área vêm sendo desenvolvidas no Brasil desde meados dos anos 80 e foram impulsionadas pelo Programa Viva Mulher, em 1996. O controle do câncer do colo do útero é uma prioridade da agenda de saúde do país e integra o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil, 2011-2022. • Em 1984 foi lançado o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher, que propunha o cuidado para além da tradicional atenção ao ciclo gravídico-puerperal. Em suas bases programáticas, é destacada a prevenção dos cânceres do colo do útero e da mama. • O Programa de Oncologia do Instituto Nacional de Câncer/Ministério da Saúde (Pro-Onco) foi criado em 1986 como estrutura técnico-administrativa da hoje extinta Campanha Nacional de Combate ao Câncer. Com a Lei Orgânica da Saúde, em 1991, o Pro-Onco foi transferido para o INCA, tornando-se Coordenação de Programas de Controle de Câncer. Suas linhas básicas de trabalho eram a informação e a educação, com foco nos quatro tipos de câncer mais incidentes, entre eles o do colo do útero e o de mama. • Em setembro de 1995, o Ministério da Saúde reconheceu a necessidade de um programa de âmbito nacional, visando ao controle do câncer do colo do útero. Uma equipe de técnicos do Ministério da Saúde, em parceria com organismos nacionais e internacionais, elaborou um estudo piloto que, mais tarde, subsidiaria o Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero. • O projeto-piloto, denominado Viva Mulher (abre em nova janela), foi implantado entre janeiro de 1997 e junho de 1998 em seis localidades (Curitiba, Brasília, Recife, Rio de Janeiro, Belém e estado de Sergipe) e atendeu 124.440 mulheres, priorizando mulheres entre 35 e 49 anos que nunca haviam feito o exame preventivo ou que estavam sem fazê-lo há mais de três anos. • Em 21 de junho de 1998, o Ministério da Saúde instituiu o Programa Nacional de Combate ao Câncer de Colo do Útero através da Portaria GM/MS nº 3040/98. A primeira fase de intensificação ocorreu https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/viva-mulher-20-anos-historia-e-memoria-do-controle-dos-canceres-do-colo-do-utero 47 SP1-Oncologia/ Emili Mariane 4° Semestre MED de agosto a setembro de 1998, com a adoção de estratégias para estruturação da rede assistencial, estabelecimento de um sistema de informações para o monitoramento das ações (SISCOLO) e dos mecanismos para mobilização e captação de mulheres, assim como definição das competências nos três níveis de governo. Nesta fase, mais de três milhões de mulheres foram mobilizadas para fazer o exame citopatológico. • A coordenação do programa foi oficialmente transferida para o INCA por meio da Portaria nº 788/99, de 23 de junho de 1999. Neste mesmo ano foi instituído o Sistema de Informação do Câncer do Colo do Útero – SISCOLO - para monitoramento e gerenciamento das ações (Portaria nº 408, de 30/08/1999). • De 1999 a 2001 as ações pela oferta de serviços foram ampliadas, resultando na realização de oito milhões de exames citopatológicos por ano. Em 2002, o fortalecimento e a qualificação da rede de atenção básica e a ampliação de centros de referência possibilitou a realização de uma segunda fase de intensificação. A exemplo do projeto piloto e da primeira fase de intesificação foi dada prioridade para a faixa etária entre 35 e 49 anos. Nesta fase, foram examinadas mais de 3,8 milhões de mulheres. • Em 2005, o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de Atenção Oncológica, que estabeleceu o controle dos cânceres do colo do útero e da mama como componente fundamental a ser previsto nos planos estaduais e municipais de saúde (Portaria GM 2439/2005)3. Neste mesmo ano, o Plano de Ação para o Controle dos Cânceres de Colo e de Mama – 2005-2007 propôs seis diretrizes estratégicas: aumento de cobertura da população-alvo, garantia da qualidade, fortalecimento do sistema de informação, desenvolvimento de capacitações, estratégia de mobilização social e desenvolvimento de pesquisas. A importância da detecção precoce dessas neoplasias foi destacada no Pacto pela Saúde em 2006 (BRASIL, 2006), por meio da inclusão de indicadores e metas a serem atingidos nos estados e municípios visando à melhoria do desempenho das ações prioritárias da agenda sanitária nacional. • Em 2010 o Ministério da Saúde, considerando a persistência da relevância epidemiológica do câncer de colo do útero no Brasil e sua magnitude social, instituiu por meio da Portaria nº 310/2010 (BRASIL, 2010), um Grupo de Trabalho com a finalidade de avaliar o Programa Nacional de Controle de Câncer de Colo do Útero. Coordenado pelo INCA, o grupo debatou os avanços e desafios em seis áreas: gestão; acesso e cobertura do rastreamento; qualidade do exame citopatológico; acesso e qualidade do tratamento; indicadores de impacto do programa do câncer do colo e novas tecnologias de controle. As conclusões e recomendações foram reunidas no Plano de ação para redução da incidência e mortalidade por câncer do colo do útero: sumário executivo (INCA, 2010b), publicado pelo INCA em 2010. • A priorização do controle do câncer do colo do útero foi reafirmadaem março de 2011, com o lançamento do Plano nacional de fortalecimento da rede de prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer pela presidente da república Dilma Roussef. Em junho desse mesmo ano, o Ministério da Saúde por meio da Portaria nº 1.473/2011 (BRASIL, 2011a) instituiu os Comitês Gestores, Grupos Executivos, Grupos Transversais e os Comitês de Mobilização Social e de Especialistas organizados por meio de Redes Temáticas de Atenção à Saúde, entre elas, a Rede de Prevenção e Qualificação do Diagnóstico e Tratamento do Câncer do Colo do Útero e Mama. As propostas do Plano foram https://www.inca.gov.br/controle-do-cancer-do-colo-do-utero/historico-das-acoes#nota3 48 SP1-Oncologia/ Emili Mariane 4° Semestre MED incorporadas no Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil, 2011-2022 (abre em nova janela) (BRASIL, 2011b) • Também em 2011, foi publicada a atualização das Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero (INCA,2016a) pelo INCA, fruto de um trabalho em conjunto com representantes do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, Criança e Adolescente Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz (IFF/Fiocruz); e do Instituto de Ginecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IG/UFRJ), além da Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia (ABPTGIC) e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Em 2013 a Portaria nº 874/2013 (BRASIL, 2013a) institui a Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer na Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) (abre em nova janela). Nesse mesmo ano a Portaria nº 3.394/2013 instituiu o Sistema de Informação de Câncer (SISCAN) (BRASIL, 2013b) uma versão em plataforma web que integra os Sistemas de Informação do Câncer do Colo do Útero (SISCOLO) e do Câncer de Mama (SISMAMA). Por meio da Portaria nº 3.388/2013 o Ministério da Saúde redefiniu a Qualificação Nacional em Citopatologia na prevenção do câncer do colo do útero (QualiCito), no âmbito da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas. A QualiCito consiste na definição de padrões de qualidade e na avaliação da qualidade do exame citopatológico do colo do útero por meio do acompanhamento, pelos gestores do SUS, do desempenho dos laboratórios públicos e privados prestadores de serviços para o SUS (BRASIL, 2013c). Em 2014, a Portaria n° 189/2014 (abre em nova janela) instituiu o Serviço de Referência para Diagnóstico e Tratamento de Lesões Precursoras do Câncer do Colo do Útero (SRC), o Serviço de Referência para Diagnóstico do Câncer de Mama (SDM) e os respectivos incentivos financeiros de custeio e de investimento para a sua implantação. Esta Portaria estabeleceu os critérios para a habilitação das unidades, além do rol mínimo de exames necessários para o diagnóstico desses dois tipos de câncer (BRASIL, 2014). Ainda em 2014, o Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), iniciou a campanha de vacinação de meninas entre 11 e 13 anos contra o vírus HPV. A vacina é a quadrivalente, que oferece proteção contra os subtipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. A vacina trará importante contribuição nas ações de prevenção deste câncer. Neste contexto, o Guia Prático sobre HPV – Perguntas e Respostas foi lançado pelo PNI (abre em nova janela), com colaboração do INCA, buscando esclarecer as principais dúvidas sobre o tema (BRASIL, 2013d). Em 2016, foi publicada a 2ª edição revista, ampliada e atualizada das Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero9 (abre em nova janela) e também a 2ª edição revista e ampliada do Manual de Gestão da Qualidade para Laboratório de Citopatologia (abre em nova janela) (INCA, 2016b). Com o objetivo de subsidiar a organização da rede para a detecção precoce do câncer do colo do útero e a integralidade da atenção no SUS, foram lançados, em 2019, os Parâmetros Técnicos para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero (abre em outra janela). A atualização dos parâmetros https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/plano_acoes_enfrent_dcnt_2011.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/plano_acoes_enfrent_dcnt_2011.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/plano_acoes_enfrent_dcnt_2011.pdf https://www.inca.gov.br/publicacoes/legislacao/portaria-874-16-maio-2013 https://www.inca.gov.br/publicacoes/legislacao/portaria-874-16-maio-2013 https://www.inca.gov.br/publicacoes/legislacao/portaria-874-16-maio-2013 https://www.inca.gov.br/publicacoes/legislacao/portaria-189-31-janeiro-2014 https://www.inca.gov.br/publicacoes/cartilhas/guia-pratico-sobre-o-hpv-perguntas-e-respostas-para-profissionais-de-saude https://www.inca.gov.br/publicacoes/cartilhas/guia-pratico-sobre-o-hpv-perguntas-e-respostas-para-profissionais-de-saude https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/diretrizes-brasileiras-para-o-rastreamento-do-cancer-do-colo-do-utero https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/diretrizes-brasileiras-para-o-rastreamento-do-cancer-do-colo-do-utero https://www.inca.gov.br/publicacoes/manuais/manual-de-gestao-da-qualidade-para-laboratorio-de-citopatologia https://www.inca.gov.br/publicacoes/manuais/manual-de-gestao-da-qualidade-para-laboratorio-de-citopatologia https://www.inca.gov.br/publicacoes/manuais/manual-de-gestao-da-qualidade-para-laboratorio-de-citopatologia https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/parametros-tecnicos-para-o-rastreamento-do-cancer-do-colo-do-utero https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/parametros-tecnicos-para-o-rastreamento-do-cancer-do-colo-do-utero 49 SP1-Oncologia/ Emili Mariane 4° Semestre MED foi feita com base em dados do Siscan para estimar a oferta de procedimentos na rede assistencial do SUS (INCA, 2021).
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