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OFTALMOPATIA DIABÉTICA Estudo das principais alterações oftálmicas no DM e suas repercussões. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O MANIFESTAÇÕES OCULARES DO DIABETES ESTRABISMO RECENTE: Paralisia de músculos extraoculares (Diplopia) Paciente chega ao PS com queixa de diplopia súbita, associado a queda palpebral. • Comum no diabetes e na HAS • Diplopia súbita • Isquemia de um dos nervos oculomotores (III, IV e VI): Faz diagnóstico diferencial de aneurisma comunicante anterior, mas no caso do aneurisma a queixa vem associada a dor. • Poupa a pupila no DM: Ou seja, sem alteração da psicomotricidade pupilar. • Recuperação: 3 meses e geralmente completa • Abordagem: Encaminha ao oftalmologista e corrige as alterações glicêmicas. O oftalmo vai olhar se precisa de corticoterapia ou não. RETINOPATIA DIABÉTICA INTRODUÇÃO • Principal causa de cegueira em indivíduos entre 20-47 anos (idade reprodutiva) • Atinge cerca de 7% da população do Brasil: 2 mi! • Ocorre em quase 100% dos DM 1 em 20 anos e 60% dos DM2 após o mesmo período • 12% dos novos casos de cegueira • Tempo de evolução é considerado o principal fator de risco relacionado à prevalência de RD: Seguido do controle glicêmico. • Início: No DM1 pode aparecer após 3-5 anos de doença, mas raramente surge antes da puberdade, enquanto no DM2 alguns pacientes já apresentam retinopatia quando são diagnosticados. • Cerca de 5% dos pacientes diabéticos ficarão cegos: Independente dos cuidados médicos. PONTOS IMPORTANTES • Prevalência x Diagnóstico precoce: Quanto mais cedo diagnostica, melhor o prognóstico e menor é a prevalência! • Tempo de doença e controle da glicemia: o Diagnóstico precoce e adequado: Risco cai pra menos de 5%! o Redução da glicada em 1%: Diminuição no risco cai em 35% e progressão de 39%! • Controle da PA: Redução de 10 mmHg da PA diminui em 13% o risco de evolução de qualquer complicação microvascular. • Perfil lipídico: Melhora • Avaliação da retina inclui glicemia de jejum e HbA1c • Nefropatia diabética é um excelente preditor de RD: Como também é uma microangiopatia, presença e gravidade de uma reflete na outra. FISIOPATOLOGIA/PATOGÊNESE • A hiperglicemia causa perda de pericitos (células de reserva) • Formação de microaneurismas: Resultados da perda dos periquitos e falta de adesão endotelial, favorecendo o desenvolvimento de edema. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O • Expansão de zonas avasculares entre os capilares: Modificam o aporte sanguíneo, causando hipóxia crônica e, em última análise, proliferação vascular. • A neovascularização causa perda de visão grave: Pois os vasos novos podem atingir a íris, levando à um glaucoma neovascular e perda de visão grave. EVOLUÇÃO NATURAL DA DOENÇA: Diabético sem RD → Retinopatia Não Proliferativa (RDNP) leve → RDNP moderada → RDNP grave → RD proliferaticva FATORES DE RISCO • Duração da diabetes • Controle glicêmico • Hipertensão arterial e nefropatia • Gestação: Alta chance de desenvolver e principal- mente de acentuar (faz pantofotocoagulação prévia para evitar os desfechos). A paciente que não era DM e tem DM gestacional não há desenvol- vimento de RD, porque o quadro se instalou agora. • Dislipidemia: Tendência a edema macular e exsudatos duros. • Tabagismo • Cirurgia intra-ocular: Principalmente catarata. • Obesidade • Anemia CLASSIFICAÇÃO DA RETINOPATIA DIABÉTICA • RD não proliferativa • RD proliferativa • Maculopatia diabética RD NÃO PROLIFERATIVA/ RETINOPATIA DE FUNDO • Forma mais frequente de retinopatia diabética: Encontrada em 90% dos casos! DIAGNÓSTICO → História + Exame Oftalmológico • Anamnese: História de DM, principalmente tipo 1, de longa duração. • Exame: Fundoscopia com lesões típicas! LESÕES TÍPICAS À FUNDOSCOPIA • Parede vascular frágil: → Microaneurismas: São vistos na fundoscopia como pequenos pontos vermelhos, o sinal mais precoce de RD! Se locali- zam próximo à áreas de má perfusão e são secundários à perda dos pericitos. • Hemorragia intrarretiniana: Decorrentes da rotura de vasos adjacentes à obstrução (microaneuris- mas). Podem ser superficiais (em chama de vela) ou profundas (puntiformes). • Exsudatos duros: Resultado do extravasamento de material proteináceo e lipídico em alguns pontos. • Manchas algodonosas: São pontos de isquemia retiniana (da camada de fibras nervosas), secundá- ria à oclusão de arteríolas oculares. • Loops venosos, ensalsichamento venoso: Altera- ção de calibre nos vasos, sendo um importante fator preditivo de progressão da doença para RD proliferativa! • Anormalidades microvasculares intraretinianas (IRMAs): São um sinal de má perfusão, localização intrarretianas, se manifesta pela presenta de leitos capilares modificados, shunts arteriovenulares. • Edema macular: Principal causa de BAV, podem surgir em qualquer estágio da RD, são sinais de dano nos capilares retinianos, com extravasamen- to de proteína, plasma e lipídios • Neovasos: Presença de novos vasos próximo ao nervo óptivo ou dentro de 4 diâmetros de papila em torno das 4 arcadas. É um sinal que significa retinopatia proliferativa! • Tecido proliferativo fibrovascular: É um achado associado a neovascularização, pode ser responsá- vel por um descolamento de retina tracional • Veias em rosário: Resultado da fragilidade venular. CLASSIFICAÇÃO • RD não proliferativa leve: Presença de microaneu- rismas e/ou exsudatos duros e/ou hemorragias em chama de vela (pequenas). V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O • RD não proliferativa moderada: Presença de exsutados algodonosos, hemorragias numerosas, veias em rosário em um quadrante. • RD não proliferativa grave (pré-proliferativa): Múltiplas lesões isquêmicas na retina, mais de 20 hemorragias intrarretinianas em cada quadrante, veias em rosário em pelo menos um quadrante. o 50% de chance de evoluir p/ proliferativa o Veias em formato ômega CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EDEMA MACULAR EXAMES COMPLEMENTARES • Glicemia de jejum e HbA1c • Angiofluoresceinografia: Exame fundamental! Diferencia aneurisma de hemorragia, se existem áreas de isquemia e se os vasos vazam pouco ou muito (neovasos). • TC de coerência óptica: Faz uma imagem transver- sal bem parecida com um corte histológico, consegue dizer a espessura para avaliar edema intrarretiniano, além de observar tração vítreoma- cular. • Ultrassonografia: Indicada em pacientes que não conseguimos fazer a fundoscopia. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O TRATAMENTO EDUCAÇÃO DO PACIENTE • Acompanhamento multiprofissional regular • Mudança de hábitos de vida • Mostrou benefícios na prevenção e controle CONTROLE DA GLICEMIA • DCCT: Preconiza as metas de HbA1c < 7% e trata- mento intensivo da nefropatia como forma de retardar as complicações e progressão da doença. FOTOCOAGULAÇÃO COM LASER • Utiliza luz com nível de energia que coagula o tecido retiniano • Uso na RDNP: Na presença de edema de mácula! Faz-se uma fotocoagulação focal ou em grid. • Uso na RD Proliferativa: Panfotocagulação, poupando apenas a mácula, cerca de 1500 pontos em 2-3 sessões. Na coexistência com edema de mácula, corrigir primeiro o edema. TRATAMENTOS MAIS MODERNOS... ANTIANGIOGÊNICOS E ESTERÓIDES INTRAVÍTREOS • Utilizado principalmente no tratamento adjuvan- te: Geralmente em associação com a fotocoag. • Anticorposmonoclonais anti-VEGF: Eylea (afliber- cepte), Lucentis (Ranibizumabe) e Avastin (Bevacizumabe). VITRECTOMIA • Remoção cirúrgica do vítreo • Indicações: Hemorragia vítrea de longa duração (> 6 meses), descolamento de retina tracional e em membrana epirretiniana. CRIOTERAPIA • Indicações: Mesmas da fotocoagulação. • Quando fazer? Em pacientes que tenham opacida- des como catarata ou hemorragia vítrea intensa. MONITORAMENTO A LONGO PRAZO • A frequência é determinada pelo grau da RD: o RDNP leve: Semestral (5% progride). o RDNP moderada: Quadrimestral (27% progride para RD Proliferativa). o RDNP grave: Trimestral (>50% progridem se não tiverem acompanhamento em um ano). • Gestantes: Acompanhamento trimestral! • DM tipo 1: 5 anos após o quadro sistêmico ou com o surgimento da puberdade. • DM tipo 2: No momento do diagnóstico, anual sem retinopatia.
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