Oscar 2023: as críticas sociais por trás dos filmes e da Academia

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O Oscar 2023 aconteceu no último domingo, 12 de março e foi certamente um dos eventos mais esperados por todos os cinéfilos do mundo.

Mas você está por dentro das críticas sociais por trás dos filmes e da Academia? 

Para falar sobre os filmes que concorreram às estatuetas deste ano, entrevistamos o Marcio do @umfilmemedisse, que falou sobre as problemáticas das indicações da Academia e a diversidade em filmes ganhadores do Oscar 2023.

Mas antes disso, que tal um pequeno resumo da noite e se aprofundar um pouco nos filmes que mais se destacaram na noite?

Resumo do Oscar 2023

Certamente, o evento deste ano foi mais tranquilo. Não teve um tapa no Oscar, como no ano passado.

No entanto, teve alguns momentos muito marcantes, como a apresentação surpresa da Lady Gaga, que abalou nossas estruturas.

E para além disso, tivemos “Tudo em Todo Lugar a Todo Tempo” sendo o maior vencedor da noite.

O filme levou para casa 7 estatuetas, entre elas, alguns dos prêmios principais da noite, como por exemplo: melhor filme e melhor atriz.

E você sabia que Michelle Yeoh, que venceu como melhor atriz, foi a primeira mulher asiática a ganhar nesta categoria?

Tem mais: ela é apenas a segunda mulher não branca a levar o prêmio nos 95 anos de Oscar!

A primeira foi a Halle Berry, em 2002, pelo filme “A Última Ceia”.

É de cair o queixo, né?

Os filmes que mais se destacaram no Oscar 2023

O filme que mais se destacou nos prêmios deste ano, foi, sem dúvidas, “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo“.

Como eu mencionei ali em cima, o filme ganhou 7 estatuetas.

Ele segue a história de uma imigrante chinesa que precisa lidar com diferentes versões suas de outros universos para salvar o que mais importa para ela.

Inicialmente, pode parecer um filme um pouco sem pé nem cabeça, mas quando você começa a refletir, ele lida com problemas geracionais e o medo que todos temos de escolher algo errado para nossas vidas.

Em segundo lugar, vem o filme “Nada de Novo no Front“, o filme alemão que levou 4 estatuetas.

Este é um filme que retrata soldados nas trincheiras durante a Primeira Guerra Mundial.

E mesmo que fale sobre o passado, é um tema extremamente atual, considerando a Guerra da Ucrânia, que continua até agora na Europa.

O filme é mostra a realidade suja e sem glória das guerras que o cinema não gosta de retratar.

É definitivamente um filme muito necessário, que nos faz pensar muito.

O terceiro filme ganhou 2 estatuetas, sendo uma delas a de melhor ator.

Estou falando dele mesmo: “A Baleia“.

Ele segue a história de Charlie, um professor universitário recluso que vive com obesidade severa.

Ele entrou em um caminho de completa autodestruição depois de seu grande amor falecer.

Ao perceber que sua saúde está se deteriorando cada vez mais, Charlie tenta se reconectar com sua filha distante.

A menina guarda muito rancor, já que o pai a abandonou ainda criança para viver um romance com um de seus estudantes.

Recomendo levar lencinhos na hora de assistir, beleza?

Agora que você já sabe um pouco mais sobre os destaques do Oscar, vamos para a entrevista?

Entendendo o Oscar: entrevista com especialista

Para que você entenda melhor o Oscar, fizemos algumas perguntas para o Marcio do @umfilmemedisse e ele nos deu todos os detalhes por trás das críticas sociais dos filmes indicados.

E também sobre as mudanças na Academia.

Passei Direto: Tem algum padrão entre os ganhadores da categoria de melhor filme?

Marcio (@umfilmemedisse): Apesar de a Academia do Oscar ter buscado nos últimos anos diversificar e expandir os seus integrantes, historicamente há sim um tipo de filme que é premiado na categoria de melhor filme.

Normalmente, é um estilo de filme não tão disruptivo. Inclusive, a gente pode afirmar que há um certo preconceito como determinados gêneros, como o terror e a comédia.

Filmes com muita violência também acabam sofrendo rechaço. Além deles focarem muito nas produções estadunidenses.

Por exemplo, a própria existência da categoria de Filme Internacional já é curiosa.

Isso porque parte de um pressuposto de que os filmes dos EUA são melhores e merecem participar das outras categorias.

Enquanto isso, os filmes ditos “estrangeiros” devem ficar restritos a essa disputa específica.

E, na prática, é justamente a categoria de Melhor Filme Internacional que costuma ter os melhores longas todos os anos.

A recente e avassaladora vitória de “Parasita”, no entanto, é um dos indicadores de que, sim, provavelmente estamos entrando em um novo tempo no Oscar.

Passei Direto: Os filmes indicados no Oscar 2023 tem algum background histórico?

Marcio (@umfilmemedisse): Apesar de o Oscar gostar bastante de filmes com contexto histórico, os filmes desse ano caminharam mais pra histórias do cotidiano, ainda que muitas se passem, de fato, em outros tempos.

Em “Os Banshees de Inisherin”, a gente tem como um pano de fundo distante o cenário de conflito na Irlanda.

No entanto, o foco está na vida e nas relações interpessoais dos personagens do filme, que vivem em uma ilha isolada, inclusive em relação à guerra.

Em “Elvis”, a gente tem um background histórico voltado pra questões políticas, mas num aspecto mais comportamental e de debate moral.

Ainda assim, trata-se de uma passagem menor em um filme que é muito mais voltado para contar a vida pessoal do astro do rock.

O maior exemplo de background histórico é, sem dúvidas, “Nada de Novo no Front”, que é baseado no aclamado livro homônimo de Erich Maria Remarque.

O filme fala sobre soldados alemães na Primeira Guerra Mundial, que vão à guerra embalados por um discurso nacionalista, mas a realidade cruel rapidamente os confronta.

O longa está muito focado no contraste entre os combatentes de baixa patente que estão afundados na lama e na fome.

E enquanto isso, os comandantes de alto escalão, que são os que decidem os rumos da batalha, à distância, estão no conforto dos grandes salões e perante fartos banquetes.

Um filmaço cuja versão anterior, de 1930, venceu o Oscar de Melhor Filme.

E a história é baseada na própria experiência do autor do livro, que lutou na referida guerra quando ainda era um adolescente, o que torna toda a história ainda mais potente e chocante.

Passei Direto: Entre os indicados no Oscar 2023, tem algum inesperado?

Marcio (@umfilmemedisse): Eu acho que não há uma grande surpresa esse ano.

A tendência dos outros festivais importantes que acontecem ao longo do ano, como Cannes, Veneza e Toronto foram confirmadas.

Existe uma tradicional conduta dos estúdios em lançar os filmes mais pro final do ano, porque dessa forma ele fica mais fresco na lembrança dos votantes.

Não é à toa que os indicados saem quase todas na mesma época, são as apostas dos estúdios que ficam agendadas para o fim do ano.

E aí, nesse sentido, a surpresa fica por conta da longevidade de “Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo”.

O filme foi tão relevante que, mesmo tendo sido lançado no começo do ano passado, ainda construiu a campanha mais forte e duradoura dentre todos os indicados.

Passei Direto: Você acha que o Oscar está se preocupando mais em notar atores/diretores que fazem parte de minorias?

Marcio (@umfilmemedisse): A quebra de paradigmas de “Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo” pode continuar a ser exaltada aqui.

Como citei, o filme tem um elenco majoritariamente asiático.

A Michelle Yeoh está na indústria há décadas, mas é a primeira vez que ela conseguiu uma grande protagonista em Hollywood, aos 60 anos.

E já faz mais de 20 anos que a Halle Berry se tornou a exceção por “A Última Ceia”.

O Ke Huy Quan começou a atuar ainda era criança, participando de “Os Goonies” e “Indiana Jones e o Tempo da Perdição”.

Depois disso, conseguiu pouquíssimas oportunidades em Hollywood e desistiu da carreira por acreditar que Hollywood não tinha espaço pra ele.

E realmente não tinha, a gente sabe como funcionava e ainda funciona.

E agora ele teve uma chance em “Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo”, venceu os principais prêmios da temporada e levou o Oscar de melhor ator coadjuvante.

Nos dois últimos anos, a gente teve a vitória de duas mulheres na categoria de melhor direção, que foram a Jane Campion, por “Ataque dos Cães”, e a Chloe Zao, por “Nomadland”.

Mesmo assim, a gente tem ainda apenas três mulheres vencedoras em quase 100 anos.

A Viola Davis, quando venceu o Emmy de melhor atriz em série de drama, por “How to Get Away With Murder”, e se tornou a primeira mulher negra a vencer a categoria em décadas de premiação, afirmou com muita sabedoria que não se pode vencer prêmios por papéis que simplesmente não existem.

Felizmente, a tendência dos últimos anos é de melhora, ainda que lenta.

Mas o próprio Oscar adotou uma cláusula de diversidade – que já vale pra 2024 -, em que os filmes, para concorrer na categoria de Melhor Filme, devem atender a dois quesitos de inclusão dentre quatro.

Quesitos de inclusão do Oscar:

  • Representação diversa e inclusiva em tela
  • Equipe de produção diversa e inclusiva
  • Oportunidades de formação e carreira para pessoas subrepresentadas
  • Desenvolvimento de público, que é uma categoria que versa sobre diversidade entre os executivos das produtoras.

Então, ao que parece, estamos diante de um impulsionamento real que trará representatividade efetiva, o que na prática significa oportunidades para novos talentos. E isso é muito bom.

Não queremos apenas usufruir e apreciar a sétima arte e que ela nos transforme como espectadores.

Queremos transformação também para quem a produz e sonha em produzi-la para nós.

Conclusão

Por fim, é visível em o Oscar 2023 não foi o prêmio perfeito e mais inclusivo do mundo.

No entanto, é muito bom estar vivendo num momento em que vemos a tentativa de mudança, como tivemos esse ano.

Mas e aí, assistiu “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, o filme que levou 7 das 11 categorias em que foi indicado, e se apaixonou pelo Multiverso?

O Passei Direto tem o conteúdo perfeito falando sobre o tema! Só toma cuidado para não descobrir demais e acabar tendo que enfiar tudo em um bagel…

oscar 2023 tudo em todo lugar ao mesmo tempo

E se você já acabou sua maratona do Oscar 2023, sugerimos alguns filmes nacionais que você vai amar assistir na sua casa com uma pipoquinha.

Em nossa lista, tem até o filme “Central do Brasil”, que fez a nossa querida Fernanda Montenegro ser indicada ao Oscar…(ela merecia muito ter ganhado, não aceito até hoje)

E se você quer ver mais conteúdos parecidos com esse, comenta aqui embaixo que preparamos para você!

Até a próxima, estudante.

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