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Contabilidade Intermediária ICIÊNCIAS CONTÁBEIS Contabilidade Intermediária I Vila Velha (ES) 2018 Diretor Geral Nildo Ferreira Superintendente: Edvaldo Luís Biancarelli Secretário Geral: Aleçandro Moreth Coordenador Acadêmico de Educação a Distância: Edvaldo Luís Biancarelli Coordenadora do Curso de Ciências Contábeis: Giuliana Bronzoni Liberato Produção do Material Didático-Pedagógico Escola Superior Aberta do Brasil - Equipe Multidisciplinar Coordenador: Edvaldo Luís Biancarelli Membros: Felipe Silva Lopes Caliman Rayron Rickson Cutis Tavares Copyright © Todos os direitos desta obra são da Escola Superior Aberta do Brasil. www.esab.edu.br Apresentação Caro estudante, Seja bem-vindo à disciplina de Contabilidade Intermediária I. O objetivo desta disciplina é lhe inserir no campo de estudos da Con- tabilidade Intermediária I das organizações e, para isso, iremos oferecer a base necessária para que você compreenda gradativamente todo o universo que envolve a ciência contábil e aprenda de fato. Nesta disci- plina, você irá dar continuidade dos estudos iniciados na Contabilida- de Básica de temas contábeis envolvendo operações típicas aplicadas às empresas em geral. Para isso, utilizamos importantes autores de Contabilidade Interme- diária, como Chagas (2014), Gomes, Santos, & Schmidt (2011), Iudí- cibus et. al. (2010), Ribeiro ( 2013) e alguns Pronunciamentos Contá- beis CPC´s, que apresentam uma metodologia fácil, também uniforme ao longo da apresentação dos principais conceitos e contabilizações envolvendo diversas operações empresariais. Para organizar a distribuição e facilitar a leitura, dividimos a disciplina em 30 unidades. As unidades, por sua vez, estão divididas em: Estoques (unidades 1 a 7), Operações que afetam compra e venda (unidades 8 e 9), Tributos (unidades 10 a 12), Resultado da conta Mercadorias (unidade 13), Perdas Estimadas em Créditos de Liquidação Duvidosa (unidade 14), Importação e Exportação (unidades 15 e 16), Operações com Pessoal – Folha de pagamentos (unidades 17 a 25), Pró-labore (unidade 26), Ativo Imobilizado (unidade 27) e Depreciação, Amortização e Exaus- tão (unidades 28 a 29). Preparamos para você este material didático com uma linguagem clara e objetiva: os assuntos são apresentados em uma ordem sequencial que possibilita um aprendizado eficiente. Para que você obtenha um bom rendimento em seus estudos, o convidamos a participar ativamente das atividades que programamos. Esperamos que você siga em busca desse conhecimento! Objetivo Diferenciar o tratamento contábil aplicado às diversas operações que envolvem a comercialização de mercadorias e de produtos industriais; registrar as principais operações relacionadas aos estoques de mercadorias no comércio; Conhecer a estrutura da demonstração contábil no balanço patrimonial no subgrupo Ativo Imobilizado; entender as contas patrimoniais, conforme Pronunciamentos Contábeis CPC’s e de acordo com a legislação societária vigente. Habilidades e competências • Diferenciar o tratamento contábil aplicado às diversas operações que envolvem a comercialização de produtos industrializados e mercadorias. • Registrar as principais operações relacionadas aos estoques de mercadoria no comércio e aos produtos na indústria. • Identificar e calcular as principais vantagens e descontos dos empregados Ementa Estoque; Plano de contas de estoque; Métodos de avaliação de estoques (PEPS, UEPS, PMP); Apuração do custo de mercadorias vendidas; Inventário (permanente, periódico); receitas, despesas, custos de mercadorias; Apuração de impostos sobre vendas de mercadorias e serviços (ICMS, PIS, COFINS, ISSQN, IPI); Apuração do resultado; Importação; Exportação; Perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa; Folha de pagamento: vantagens e descontos; Pró-labore; Ativo Imobilizado; Depreciação, Amortização e Exaustão. Levando em consideração os Pronunciamentos Contábeis CPC’s. Sumário Introdução a Estoque...................................................13 Plano de Contas para o estoque...................................18 Inventário.....................................................................26 Método de Apuração dos custos...................................32 Estoques - Comércio.....................................................41 Resumo........................................................................45 Contabilização de Comércio com Icms.........................47 Estoques – Contabilizações de Comércio com IPI, PIS e COFINS..........................................................................51 Operações que afetam uma compra............................57 Venda e Operações que afetam uma venda..................60 Tributos que incidem sobre venda - ICMS.....................66 Resumo........................................................................71 Tributos que incidem sobre venda – IPI e ISS e sua relação com o ICMS......................................................72 Tributos que incidem sobre venda – PIS e COFINS........77 Resultado da Conta Mercadorias..................................83 Perdas Estimadas em Créditos de Liquidação Duvidosa ....................................................................................91 Importação de Mercadorias.........................................96 Resumo........................................................................99 Exportação de Mercadorias........................................101 Operações com Pessoal – Folha de pagamentos........105 Folha de pagamentos – Vantagens com salário e hora extra e Compensações...............................................110 Folha de pagamentos – Vantagens com Gratificações, Comissões e Férias......................................................115 Folha de pagamentos – Vantagens de décimo terceiro salário........................................................................121 Resumo......................................................................127 Folha de pagamentos – Vantagens do salário- maternidade, salário-família e Diárias de viagem e ajudas de Custos......................................................129 Folha de pagamentos – Vantagens com os Adicionais: Insalubridade, Periculosidade e Noturno....................132 Folha de pagamentos – Descontos INSS.....................137 Folha de pagamentos – Descontos IRRF e FGTS..........141 Folha de pagamentos – Participação dos Empregados no Vale transporte e na Alimentação..........................145 Resumo......................................................................149 Pró-labore..................................................................151 Ativo Imobilizado.......................................................154 Depreciação................................................................159 Amortização...............................................................166 Exaustão.....................................................................170 Resumo.......................................................................174 Glossário.....................................................................175 Referências.................................................................178 www.esab.edu.br 13 1 Introdução a Estoque Objetivo Conceituar a conta estoques e determinar os itens que o compõem. Os estoques compreendem bens adquiridos e podem ser conceituados como ativos na forma de materiais ou suprimentos a serem consumidos ou transformados no processo de produção ou na prestação de serviços pela empresa, ou ainda que estejam em processo de produção para venda e também nos ativos mantidos para a venda no curso normal dos negócios, conforme Pronunciamento Técnico CPC 16. Já o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) emitiu a Norma Brasileira de Contabilidade Técnica – NBC T 3.2, que trata do balanço patrimonial, em que também definiu o conceito de estoque, em seu subitem 3.2.2.10, alínea c. E descreve que estoquesão todos os valores referentes às existências de: matérias-primas, mercadorias, materiais de consumo, produtos em elaboração, produtos acabados, serviços em andamento e também a outros valores relacionados às atividades fins da empresa. Contribui com as afirmações Iudícibus et al. (2010, p. 72): “Os estoques representam um dos ativos mais importantes do capital circulante e da posição financeira, de forma que sua correta determinação no início e no fim do período contábil é essencial para uma apuração adequada do lucro líquido do exercício”. De modo geral, os estoques apresentam bens com valores expressivos na composição do patrimônio das entidades e, portanto, os critérios adotados para avaliá-los são de extrema importância para a formação do seu resultado. Esses valores englobam as mercadorias adquiridas com objetivo de utilização mediata ou imediata, todos os bens utilizados na produção de seus produtos e também os bens produzidos, seja para a finalidade de venda ou de consumo próprio no desenvolvimento de suas atividades. Os estoques, que compreendem bens adquiridos e destinados à venda, podem-se incluir, por exemplo, mercadorias compradas por um varejista www.esab.edu.br 14 para revenda ou terrenos e outros imóveis para revenda. E os estoques incluem também as matérias-primas e materiais, aguardando utilização no processo de produção, tais como: componentes, embalagens e material de consumo. Já no caso de prestador de serviços, os estoques devem incluir os custos do serviço, para o qual a entidade ainda não tenha reconhecido a respectiva receita, conforme CPC 16. Em relação à mensuração de estoque, o CPC 16 afirma que os estoques devem ser mensurados pelo valor de custo ou pelo valor realizável líquido, dos dois, o menor. O Valor realizável líquido é o preço de venda estimado no curso normal dos negócios deduzido dos custos estimados para sua conclusão e dos gastos estimados necessários para se efetivar a venda. Ou seja, é a quantia líquida que a entidade espera realizar com a venda do estoque no seu curso normal (CPC 16). Já pelo valor de custo do estoque, devem-se incluir todos os custos de aquisição e de transformação, bem como outros custos incorridos para trazer os estoques à sua condição e localização atuais. Compreende o custo de Aquisição, segundo o CPC 16: Quadro 1 - Custo Aquisição Fonte: Elaborado pela autora (2018). Custo de Aquisição Preço de Compra (+) Imposto de Importação e outros tributos (+) Impostos não recuperáveis (+) Custos de Transportes (frete), Seguro Manuseio (+) Outros custos diretamente atribuídos à requisição de produtos acabados, mateirais e serviços (-) Descontos comerciais, abatimentos e outros ítens semelhantes (-) Impostos recuperáveis www.esab.edu.br 15 Compreende o custo de transformação, segundo o CPC 16: Quadro 2 - Custos de Transformação Fonte: Elaborado pela autora (2018). E compreende outros custos, segundo o CPC 16: Quadro 3 – Outros Custos Fonte: Elaborado pela autora (2018). Cabe ressaltar que há itens que não são incluídos no custo do estoque e, portanto, são reconhecidos como despesa do período em que são incorridos. Exemplos de itens não incluídos no custo dos estoques e reconhecidos como despesa, conforme CPC 16: Quadro 4 – Exemplos Fonte: Elaborado pela autora (2018). Custo de Transformação Custos diretamente relacionados com as unidades produzidas ou com as linhas de produção Outros Custos Para colocar os estoques no seu local e na sua condição atuais Exemplos Valor anormal de desperdício: de materiais, mão de obra ou outros insumos de produção Gastos com armazenamento: a menos que sejam necessários ao processo produtivo entre uma e outra fase de produção Despesas administrativas que não contribuem para trazer o estoque ao seu local e condição atuais Despesas de comercialização: incluindo a venda e a entrega dos bens e serviços aos clientes (+) Alocação sistemática de custos indiretos de produção, fixos e variáveis, que sejam incorridos para transformar os materiais em produtos acabados www.esab.edu.br 16 Dicas Então, Um ponto importante a destacar é sobre os encargos financeiros de empréstimos obtidos, uma vez que a entidade no curso normal de suas operações realiza compra de estoques com condição para pagamento a prazo. A negociação pode efetivamente conter um elemento de financiamento, como, por exemplo, uma diferença entre o preço de aquisição em condição normal de pagamento e o valor pago; essa diferença de encargos financeiros deve ser reconhecida como despesa de juros durante o período do financiamento estoque. Os encargos financeiros, segundo o CPC 08 - Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários, traz que os encargos financeiros são a soma das despesas financeiras, dos custos de transação, prêmios, descontos, ágios, deságios e assemelhados, a qual representa a diferença entre os valores recebidos e os valores pagos (ou a pagar) a terceiros. www.esab.edu.br 17 Mas, cabe ressaltar que há uma exceção, que é o caso do ativo qualificável que em circunstâncias específicas os encargos financeiros de empréstimos obtidos são incluídos no custo do estoque, com base no CPC 20 e não são lançados para despesa, conforme regra geral. Que é, por exemplo, considerar o tempo substancial de um ativo para ficar pronto para seu uso ou venda pretendida. Em relação à divulgação, destaca-se que as demonstrações contábeis devem divulgar as políticas contábeis adotadas na mensuração dos estoques, incluindo formas e critérios de valorização utilizados, valor de qualquer redução ou reversão de estoques reconhecida no resultado do período, entre outros. Estudos Complementares Para complementarmos nossos estudos sobre as contas do estoque, indicamos a leitura do Pronunciamento Técnico CPC 16 (R1), disponível. Clicando aqui! Chegamos ao final da nossa primeira unidade, complementando nossos estudos sobre a introdução a estoques, na qual percebemos com detalhes o que é a conta estoque, o que a compõe, bem como identificamos a sua forma de mensuração. Na próxima unidade, vamos aprofundar nossos estudos sobre o elenco de contas que são sugeridas para utilização no plano de contas que prevê o subgrupo estoques, sendo normalmente utilizadas em estoques de empresas industriais. http://www.cpc.org.br/CPC/DocumentosEmitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=47 www.esab.edu.br 18 2 Plano de Contas para o estoque Objetivo Conhecer o plano de contas e as contas que compõem o estoque. Depois de conhecer os diversos conceitos de estoque e adquirir entendimento sobre a sua mensuração, agora vamos nos aprofundar sobre as contas que compõem o estoque e o plano de contas. Para isso, vamos nos embasar no Manual de Contabilidade Societária, Iudícibus et al. (2010) e Ribeiro (2013). O plano de contas constitui uma ferramenta indispensável no desenvolvimento do processo contábil e representa um conjunto de contas, diretrizes e normas, que disciplina as tarefas do setor de contabilidade, cujo objetivo é uniformizar os registros contábeis. Desse modo, dependendo do porte, o ramo de atividade da empresa e da quantidade de informações exigidas pelos usuários, o plano de contas pode conter um número de informações maiores ou menores (RIBEIRO, 2013).Cada empresa deve elaborar seu plano de contas, de acordo com as suas particularidades, bem como observar os princípios de contabilidade, as instruções contidas na Lei 6.404/76, a legislação específica do ramo de atividade exercido por cada empresa e também os normativos brasileiros de contabilidade provenientes do Conselho Federal de Contabilidade- CFC (RIBEIRO, 2013). A Lei 6.404/76, que é a Lei das Sociedades por ações, ao referir-se aos estoques, menciona-os como “os direitos que tiverem por objeto mercadoriase produtos do comércio da companhia, assim como matérias-primas, produtos em fabricação e bens do almoxarifado” (IUDÍCIBUS et al, 2010, P. 73). No entanto, quando se trata de empresas comerciais, os estoques seriam tão somente os produtos adquiridos para serem revendidos e eventualmente para uma conta de almoxarifado (IUDÍCIBUS et al, 2010). www.esab.edu.br 19 O autor acrescenta que para empresas que são prestadoras de serviços, seus estoques seriam materiais ou suprimentos a serem consumidos no processo de prestação de serviços. E elas precisam apresentar seus estoques de serviços em andamento, o que na prática, infelizmente, as empresas prestadoras de serviços costumam tratar seus custos de forma inadequada. Por outro lado, há necessidade de utilização de um elenco de contas para empresas industriais. O elenco de contas incide na relação das contas que serão utilizadas para o registro dos fatos administrativos responsáveis pela gestão do patrimônio da empresa, bem como dos atos administrativos considerados relevantes que envolvem titulação (rubrica, nome) e o código de cada conta. A estrutura é estabelecida pela Lei 6.404/76 que visa facilitar a elaboração das demonstrações contábeis (RIBEIRO, 2013). Presumindo que os estoques sejam realizados dentro de um ano, ou dentro de um ciclo normal de operações, o modelo de Plano de Contas prevê o subgrupo de ESTOQUES no Ativo Circulante. Logo, considerando o conteúdo dos estoques em empresas industriais, o subgrupo é apresentado pelas seguintes titulações de contas, conforme apresenta Iudícibus et al. (2010, p. 74): ESTOQUES Produtos acabados Mercadorias para revenda Produtos em elaboração Matéria-prima Outros materiais diretos Mão de obra direta Salário Prêmios de produção Gratificações Férias www.esab.edu.br 20 Décimo-terceiro salário INSS FGTS Benefícios a empregados Aviso prévio e indenizações Assistência médica e social Seguro de vida em grupo Seguro de acidentes do trabalho Auxílio-alimentação Assistência Social Outros encargos Outros Custos Diretos Serviços de Terceiros Outros Custos indiretos Material indireto Mao de obra indireta Salários e ordenados dos supervisores de produção Salários e ordenados dos departamentos de produção Gratificações Férias Décimo-terceiro salário INSS FGTS Benefícios a empregados Aviso prévio e indenizações Assistência médica e social Seguro de vida em grupo Seguro de acidentes do trabalho Outros encargos Honorários da diretoria de produção e encargos Ocupação Aluguéis e condomínios www.esab.edu.br 21 Depreciações e amortizações Manutenção e reparos Utilidades e serviços Energia Elétrica (luz e força) Água Transporte do pessoal Comunicações Reproduções Refeitório Outros Custos Recrutamento e Seleção Treinamento do pessoal Roupas profissionais Conduções e refeições Impostos e taxas Segurança e vigilância Ferramentas perecíveis Outras Manutenção e suprimentos gerais Mercadorias em trânsito Mercadorias entregues em consignação Importações em andamento Serviços em Execução Almoxarifado Adiantamentos a fornecedores Perda estimada para redução ao valor realizável líquido (conta credora) Perda estimada em estoques (conta credora) Ajuste a valor presente (conta credora) www.esab.edu.br 22 Cabe salientar que as contas de estoques incluem segundo Iudícibus et al. (2010): • PRODUTOS ACABADOS São aqueles já terminados e oriundos da própria produção da empresa e disponíveis para venda, podendo estar estocados na fábrica, ou em depósitos, ou em filiais, ou ainda com terceiros em consignação. E recebe os débitos pela transferência da conta produtos em elaboração e os créditos pelas vendas ou ainda pela transferência para subconta da fábrica para as filiais. •MERCADORIAS PARA REVENDA Contempla todos os produtos adquiridos de terceiros para serem revendidos e que não sofrerão qualquer processo de transformação na empresa. •PRODUTOS EM ELABORAÇÃO São todas as matérias-primas já requisitadas que estão no processo de transformação e todas as cargas de custos diretos e indiretos referentes à produção não concluída na data do Balanço. Ao finalizarem-se os produtos, creditam-se seus custos e estes são transferidos para Produtos Acabados, que também recebem os débitos oriundos das cargas de apropriação dos custos de produção. •MATÉRIAS – PRIMAS Abriga todos os materiais mais importantes e essenciais que sofrem transformações no processo produtivo. Sua composição e natureza são extremamente diversificadas e dependem de cada tipo de indústria. E normalmente, representa um valor significativo em relação total dos custos de produção. www.esab.edu.br 23 •MATERIAIS DE ACONDICIONAMENTO E EMBALAGEM Compreende todos os itens de estoque que se destinam à embalagem do produto ou a seu acondicionamento para remessa. Dependendo do tipo de indústria particularmente naquelas em que a embalagem é parte integrante do produto, esses itens do estoque são, às vezes, classificados, impropriamente, na conta de Matérias-primas. •MATERIAIS AUXILIARES Engloba os estoques de materiais utilizados no processo industrial, porém de menor importância. Esses itens podem ser apropriados diretamente ou não ao produto, sendo caracterizados por não terem uma representação expressiva no valor global do custo de produção e pela dificuldade de serem identificados fisicamente no produto. •MATERIAS DE MANUTENÇÃO E SUPRIMENTOS GERAIS São os materiais para manutenção de máquinas, equipamentos, edifícios entre outros, e para uso em consertos, manutenção, lubrificação, pintura, entre outros. •IMPORTAÇÕES EM ANDAMENTO Contempla os custos já incorridos relativos a importações em andamento e as próprias mercadorias em trânsito, quando a condição de compra é feita na modalidade FOB, no ponto de embarque, pelo exportador. •ALMOXARIFADO Sofre muita variação de uma empresa para outra, em função de suas peculiaridades e necessidades. Entretanto, engloba todos os itens de estoques de consumo geral, podendo incluir produtos de alimentação do pessoal, materiais de escritório, peças em geral e uma variedade de itens.. www.esab.edu.br 24 •ADIANTAMENTO DE FORNECEDORES São os adiantamentos efetuados pela empresa aos fornecedores, vinculados a compras específicas de materiais que serão adicionados aos estoques quando de seu efetivo recebimento. Quando há o recebimento, efetua-se a baixa nesta conta e registra-se o custo total na conta Matérias- primas, e o eventual saldo a pagar é registrado em Fornecedores (Passivo Circulante). •PERDA ESTIMADA PARA REDUÇÃO AO VALOR REALIZÁVEL LÍQUIDO É uma conta credora e é classificada como redutora do grupo de Estoques, destina-se a registrar o valor dos itens de estoques que estiverem a um custo superior ao valor realizável líquido. Essa perda estimada não é dedutível para fins fiscais (art. 13 da Lei nº 9.249/95) e deve ser reconhecida em conta específica (Despesa com Perda Estimada para Redução ao Valor Realizável Líquido). •PERDAS EM ESTOQUES Registra as perdas conhecidas em estoques e calculadas por estimativa, relativas a estoques deteriorados ou obsoletos e, mesmo, para dar cobertura a diferenças físicas, quando tais perdas não puderem ser baixadas das próprias contas, pelo fato de não estarem identificados os itens específicos e por constituírem estimativas. Essa perda estimada deve ser reconhecida em conta específica (Despesa com Perdas Estimadas em Estoques), mas não é dedutível para efeitos fiscais, exceto empresas editoras, distribuidoras ou vendedoras varejistas de livros, em condições específicas. www.esab.edu.br 25 •SERVIÇOS EM ANDAMENTO Registram-se todos os gastos com material, mão de obra e outros aplicáveis à realização do serviço. Vimos, nesta unidade, a respeito de um elenco de contas sugeridas para integrar o subgrupo estoque, bem como seus conceitos. Essas contas sãoutilizadas preferencialmente em empresas industriais e nas demais, de acordo com sua necessidade. Na próxima unidade, vamos estudar sobre o inventário, que é o processo de verificação da existência física dos estoques. www.esab.edu.br 26 3 Inventário Objetivo Conhecer os sistemas de inventário adotado pelas empresas. Depois de aprender sobre o plano de contas e conhecer as contas que compõem o estoque, chegou a hora de estudar a respeito do inventário e de sua importância. O conceito de inventário, apresentado por Marion (1997), menciona que inventário no sentido limitado, faz parte do controle de estoques, pois se refere ao processo de verificação das existências dos estoques. Por conseguinte, a verificação, a contagem física do bem, in loco, caracterizam o inventário. Assim, o inventário compreende o processo de verificação de uma correta determinação da quantidade física dos estoques na empresa na data do balanço, nos quais se incluem os estoques de matérias-primas, as mercadorias para revenda, os produtos industrializados, materiais auxiliares, materiais de consumo e ainda pode conter bens que fazem parte do ativo imobilizado da empresa. Outras contas podem ser inventariadas, como as contas a pagar e as contas a receber (GOMES, SANTOS, SCHMIDT,2011). Para tanto, a apuração quantitativa depende da existência de controles analíticos adequados e mantidos em dia, juntamente com um bom sistema de controles internos, de modo a evitar distorções significativas nas demonstrações financeiras. Por consequência, de nada adianta um bom critério de avaliação e de custos, se as quantidades estiverem erradas. Os controles quantitativos e em valor de estoques devem ser congruentes, tanto na existência física, quanto nos custos apurados. Esses aspectos são importantes tanto para fins contábeis, quanto para fins gerenciais. www.esab.edu.br 27 A realização do inventário é importante por diversas justificativas, entre elas pode-se elencar o fato de que cada um dos inventários realizados na empresa revela a situação econômica dessa em dado momento, sob o aspecto estático; quando se faz a comparação de dois inventários, este revela um aspecto dinâmico; o levantamento do inventário é o suporte para toda a atividade contábil; o resultado obtido por meio de inventários constitui o primeiro e mais importante controle da escrituração; caso o levantamento inventarial não for exato e bem executado, o resultado apurado pela escrituração também não será correto, então, será fictício; e os elementos do patrimônio devem constar no inventário com o valor que possuem no momento do levantamento (GOMES, SANTOS, SCHMIDT,2011). Essa realização do inventário deve ser registrada no Livro de Registro de Inventário. Estão obrigadas a escriturar esse livro as pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real. As pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real são obrigadas a elaborar diversos livros fiscais, dentre esses, inclui-se o Registro de Inventário, destinado ao arrolamento das mercadorias, dos produtos manufaturados, das matérias-primas, dos produtos em fabricação e dos bens em almoxarifado existentes na data do balanço patrimonial, onde é levantado ao fim de cada período de apuração do lucro real, conforme dispõem os arts. 260, I, e 261 do RIR/99. Em vista disso, as empresas tributadas com base no lucro real estão obrigadas a registrar no livro Registro de Inventário os estoques existentes ao final de cada trimestre (31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro), ou se apurarem o lucro real trimestralmente, caso tenham optado pelo pagamento mensal do Imposto de Renda por estimativa ou suspensão, em 31 de dezembro, nos termos dos arts. 220 e 221 do RIR/99. Em casos de fusão, incorporação ou cisão, também deverão ser escriturados nesse livro os estoques existentes no encerramento de período de apuração. www.esab.edu.br 28 A exceção e dispensa da escrituração do livro Registro de Inventário, está no o art. 12, § 3o, da Instrução Normativa da Secretaria da Fazenda (IN SRF) no 93/97, que trata das empresas optantes pelo pagamento mensal do imposto por estimativa que levantarem balanços ou balancetes durante o ano, para efeito de suspensão ou redução do pagamento mensal do imposto, embora devam levantar e avaliar os estoques existentes na data desses balanços ou balancetes que ficam dispensadas. As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido e as optantes pelo Simples também estão obrigadas a registrar no livro Registro de Inventário dos estoques existentes em 31 de dezembro de cada ano-calendário, segundo dispõem o art. 190, parágrafo único, II, e o art. 527, II, do RIR/99. Não existe um modelo-padrão definido para o livro Registro de Inventário, exigido para fins do Imposto de Renda, mas conforme autorizado pelo § 1º, do art. 260 do RIR/99, poderá ser utilizado o livro Registro de Inventário, modelo nº 7, de que trata o Convênio Sinief/70, estabelecido pelas legislações do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços de transporte interestadual e serviço de telecomunicações (ICMS). Contudo, para que seja viável manter uma escrituração que atenda, ao mesmo tempo, às legislações do IPI, do ICMS e do Imposto de Renda, é indispensável que sejam feitas, no Livro Modelo nº 7, as adaptações necessárias para torná-lo apto a atender aos requisitos de cada legislação, conforme dispõe o item 6 do PN CST no 5/86. Com base no Convênio ICMS nº 143/2006, que institui a Escrituração Fiscal Digital (EFD), permite a escrituração e impressão do livro Registro de Inventário, bem como demais livros fiscais. Baseado no Convênio, o arquivo deverá ser assinado digitalmente tanto pelo empresário ou representante legal da sociedade empresária, quanto pelo contabilista responsável pela escrituração. Após ser assinado, o arquivo será encaminhado para o Sped que disponibilizará para as Juntas Comerciais as informações necessárias à autenticação. Por sua vez, a Junta Comercial fará uma série de validações próprias e depois autenticará o www.esab.edu.br 29 livro entregue. Essa informação de autenticação é fornecida ao titular da escrituração por intermédio do Sped, por meio de consulta à Internet. Posteriormente ao recebimento, a escrituração contábil é armazenada em um banco de dados que irá permitir que os órgãos parceiros do Sped obtenham cópias integrais do arquivo. O titular da escrituração poderá, pela Internet, ter ciência de qual órgão teve acesso a sua escrituração. Uma vez transmitido, qualquer pessoa que tiver o arquivo poderá verificar a autenticidade da escrituração contábil da empresa, visualizar e imprimir a escrituração digital. Em relação ao prazo de escrituração do inventário, este será escriturado no arquivo digital da EFD do segundo mês subsequente ao levantamento do estoque existente em 31 de dezembro e nas demais datas estabelecidas pela legislação fiscal ou comercial. Tipos de Inventário: Para se avaliar adequadamente o estoque de determinada empresa, usam- se alternativamente, dois sistemas de inventário. O primeiro é o sistema de inventário permanente que visa manter fichas de controle de entradas e saídas de mercadorias para cada item que o compõe, identificando as quantidades, os valores unitários e o valor total. Esse sistema de inventário consiste em manter controle contínuo do estoque de mercadorias (em quantidade e valores) de maneira que, a qualquer momento, se disponha da posição atualizada dos estoques e do custo das mercadorias vendidas, ou seja, em nível de tempestividade e precisão do saldo do estoque atualizado de modo confiável. Esse sistema é essencial para as empresas que possuam um valor expressivo de estoques, além de ser muito útil para fins gerenciais. O segundo tipo é o sistema de inventário periódico que consiste em registrar todas as compras efetuadas durante o exercício numa conta cumulativa, sem apuraro custo das mercadorias vendidas, após cada uma das operações de venda. Apenas no encerramento de cada exercício www.esab.edu.br 30 ou em época que se fizer necessária, é inventariado o estoque final e apurado seu respectivo valor total. Esse varia de acordo com o método de apuração adotado pela empresa (Custo Específico, PEPS, UEPS e Média Ponderada), que será visto na próxima unidade. A partir dessa importante informação, pode ser calculado o custo das mercadorias vendidas (CMV), aplicando-se a conhecida fórmula apresentada a seguir: CMV = Ei + C + Fretes - Dev. C – Ef Onde: Ei = Estoque inicial C = Compras Fretes = Fretes sobre compras Dev. C = Devoluções sobre compras Ef = Estoque final Pode-se considerar, por exemplo, uma empresa que no início do exercício, tinha um saldo inicial de estoques no valor de R$ 30.000,00 e durante o período realizou compras de mercadorias no valor de R$ 75.500,00 (valor líquido de ICMS) e no final do período apurou um estoque final de R$ 7.500,00, avaliado a preço de custo, nessa hipótese o custo das mercadorias vendidas seria calculado de acordo com o cálculo: CMV = Ei + C + Fretes - Dev. C – Ef CMV = 30.000,00 + 75.500,00 – 7.500,00 = 98.000,00 Desse modo, temos um custo dos produtos vendidos no valor de R$ 98.000,00. Neste tipo de inventário, temos que para a apuração do custo das mercadorias vendidas e dos estoques existentes na empresa, por ocasião do encerramento do período, necessita-se, obrigatoriamente, do levantamento físico do estoque no final de cada período de apuração. Na prática, dentro do subgrupo de estoques são abertas contas específicas para registrar todas as operações mercantis, ou seja, uma para registrar as www.esab.edu.br 31 compras, outra para os fretes sobre compras, além de contas para registrar os valores dos estoques inicial e final. Em qualquer caso, o método de apuração adotado determinará o valor final do estoque e, por resultado, o custo da mercadoria comercializada no período. Nesta unidade, você conheceu os sistemas de inventário e as legislações de obrigatoriedade para os regimes de tributação. Na próxima unidade, trabalhar com os métodos de apuração do custo e os critérios para determinar o valor dos estoques. Estudos Complementares Para mais informações e conhecimento dos livros fiscais, disponível aqui: Livros Fiscais http://www.sefaz.es.gov.br/legislacaoonline/lpext.dll/InfobaseLegislacaoOnline/ricms%20-%20dec%201090-r/04%20-%20T%C3%ADtulo%20III/040-CAP%20V.htm http://www.sefaz.es.gov.br/legislacaoonline/lpext.dll/InfobaseLegislacaoOnline/ricms%20-%20dec%201090-r/04%20-%20T%C3%ADtulo%20III/040-CAP%20V.htm http://www.sefaz.es.gov.br/legislacaoonline/lpext.dll/InfobaseLegislacaoOnline/ricms%20-%20dec%201090-r/04%20-%20T%C3%ADtulo%20III/040-CAP%20V.htm www.esab.edu.br 32 4 Método de Apuração dos custos Objetivo Compreender os critérios utilizados para a valorização das mercadorias estocadas nas empresas, por meio dos métodos de apuração do custo. Vamos iniciar mais uma etapa do processo de custo. Após estudarmos sobre o inventário, vamos conhecer de forma detalhada os métodos de apuração de custo. A princípio, cabe destacar que os componentes do custo de aquisição são: o preço de compra, os impostos não recuperáveis, a exemplo do Imposto de Importação (II), as despesas aduaneiras, os custos com despachantes e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidentes sobre a operação de câmbio, os custos incorridos para colocar o produto no estabelecimento da empresa, fretes e seguro (CPC 16). Mas também há custos que não compõem o custo do produto, como tributos recuperáveis, descontos comerciais, abatimento, frete por conta do vendedor, entre outros itens de natureza semelhantes, que devem ser deduzidos na determinação do custo de aquisição (CPC 16). Uma vez conhecidos os componentes do custo de aquisição, o problema agora se prende ao fato de a empresa ter em estoque o mesmo produto, todavia, adquirido em datas diferentes, com custos unitários distintos. Logo, surge a dúvida sobre qual preço unitário deve ser atribuído a tais estoques na data de encerramento das demonstrações financeiras. Nota-se que, no Brasil, a Legislação do Imposto de Renda tem permitido, apenas, a utilização do método do preço específico do custo médio ponderado móvel ou a dos bens adquiridos mais recentemente (FIFO ou PEPS). Cabe destacar, como não era permitido para fins fiscais, o uso do LIFO ou UEPS era esporádico. A partir do CPC 16 - Estoques, sua utilização também não é contabilmente admitida. Em vista www.esab.edu.br 33 disso, a maioria das empresas, no Brasil, utilizou e continua utilizando principalmente o custo médio ponderado móvel (IUDÍCIBUS, 2010). Nesse sentido, vamos analisar as diversas possibilidades existentes, para determinar o valor dos estoques em determinada data, bem como o custo das mercadorias vendidas. Os critérios principais e os mais frequentemente empregados são: a) primeiro a entrar, primeiro a sair (Peps) ou Fifo; b) último a entrar, primeiro a sair (Ueps) ou Lifo; c) média ponderada móvel; d) custo específico ou identificado. Vamos conhecer mais dessas possibilidades de atribuição do valor unitário, baseadas no custo ou valor de aquisição, sendo: Primeiro a entrar, primeiro a sair (Peps ou Fifo) – Firt-in-firt-out PEPS significa primeiro que entra, primeiro que sai e é também conhecido pelas iniciais em inglês que significa “first in first out” – Fifo. Esse critério consiste em dar baixa pelo custo de aquisição, de modo a utilizar o custo das compras efetuadas em primeiro lugar para valorizar as quantidades vendidas e, dessa forma, obter o valor do custo das mercadorias vendidas (GOMES, SANTOS, SCHMIDT, 2011). Assim, à medida que ocorrem as vendas, dá-se baixa das primeiras compras, o que significa dizer que a ordem de saída das mercadorias (vendas) é a mesma das entradas (compras). Ou o seguinte raciocínio: vendem-se ou consomem-se as primeiras mercadorias compradas (GOMES, SANTOS, SCHMIDT, 2011). Quando a primeira entrada é zerada, usa-se a segunda, depois a terceira e assim sucessivamente. www.esab.edu.br 34 Esse critério é aceito pela legislação fiscal; entretanto, por apresentar um custo das mercadorias vendidas menor do que o apurado pela média móvel ponderada, é pouco utilizado no Brasil (GOMES, SANTOS, SCHMIDT, 2011). Exemplo: Imaginemos um estoque inicial de 20 unidades a $ 25, num total de $ 500 em determinado período, no qual ocorra a seguinte movimentação: Compra de 20 unidades por $ 30 cada uma Venda ou requisição de 10 unidades Venda ou requisição de 20 unidades Compra de 30 unidades por $ 35 cada uma Venda ou requisição de 10 unidades Fazendo com que a baixa de cada venda seja dada pelo custo mais antigo em estoque (o Primeiro a Entrar e sempre o Primeiro a Sair), e representando graficamente a movimentação como se fosse uma ficha de controle de estoques, temos a ficha de controle de estoque no critério Peps: Data Entrada Saída Saldo Quant. Valor Quant. Valor Quant. Valor Unit. $ Total $ Unit. $ Total $ Unit. $ Total $ XX/XX 20 25 500 XX/XX 20 30 600 - - - 20 25 500 20 30 600 40 1.100 XX/XX - - - 10 25 250 10 25 250 20 30 600 30 850 XX/XX - - - 10 25 250 10 30 300 10 30 300 20 550 XX/XX 30 35 1.050 - - - 10 30 300 30 35 1.050 40 1.350 XX/XX - - - 10 30 300 30 35 1.050 SOMA 50 1.650 40 1.100 30 35 1.050 www.esab.edu.br 35 Em conformidade com o método PEPS, percebemos que o custo total da primeira venda (10 unidades), foi extraído do Estoque Inicial (10 X 25,00 = 250,00). As 10 unidades que permaneceram em estoque só foram baixadas na segunda venda (20 unidades) e as outras 10 unidades foram baixadas da primeira compra, restando ainda 10 unidades que foram baixadas na terceira venda. Prova real: o resultado decorrente das vendas durante o mês foi de 40 unidades e apresenta um custo de: CMV= Ei (500) + C (1.650) – Ef (1.050) = 1.100 O custo das vendas ou dos materiais consumidos na fabricação desse período seria, portanto, de $ 1.100, e o valor do estoque final, de $ 1.050, ou seja, o primeiro baseado nas compras mais antigas e este último, nas compras mais novas. Em relação às devoluções de compras efetuadas aos fornecedores, devem ser escrituradas negativamente entre parênteses na coluna das entradas. De modo que, a soma da coluna das entradas corresponderá efetivamente ao valor das compras líquidas. Último a entrar, primeiro a sair (Ueps ou Lifo) – Last-in-firt-out Esse critério representa exatamente o oposto do sistema anterior e consiste em utilizar o custo unitário das mercadorias compradas por último para valorizar as quantidades vendidas, obtendo dessa forma o custo das mercadorias vendidas. Atribui como custo das mercadorias saídas o valor da última mercadoria entrada. Contudo, o mesmo não é permitido pela legislação fiscal, por apresentar o maior custo das mercadorias vendidas (GOMES, SANTOS, SCHMIDT, 2011). www.esab.edu.br 36 Temos a ficha de controle de estoque no critério Ueps: Em conformidade com o método UEPS, percebemos que o custo total da primeira venda (10 unidades), foi extraído da compra mais nova (10 X 30,00 = 300,00). As 10 unidades que permaneceram em estoque só foram baixadas na segunda venda (20 unidades) e as outras 10 unidades foram baixadas do estoque inicial, restando ainda 10 unidades que permanecem no estoque, pois a terceira venda extraiu as 10 unidades da última compra, que era a mais nova. Prova real: o resultado decorrente das vendas durante o mês foi de 40 unidades e apresenta um custo de: CMV = Ei (500) + C (1.650) – Ef (950) = 1.200 O custo das vendas ou dos materiais consumidos na fabricação desse período seria, portanto, de $ 1.200, e o valor do estoque final, de $ 950, ou seja, o primeiro baseado nas compras mais novas e este último, nas compras mais antigas. Neste método Data Entrada Saída Saldo Quant. Valor Quant. Valor Quant. Valor Unit. $ Total $ Unit. $ Total $ Unit. $ Total $ XX/XX 20 25 500 XX/XX 20 30 600 - - - 20 25 500 20 30 600 40 1.100 XX/XX - - - 20 25 500 10 30 300 10 30 300 30 800 XX/XX - - - 10 30 300 10 25 250 10 25 250 20 550 XX/XX 30 35 1.050 - - - 10 25 250 30 35 1.050 40 1.300 XX/XX - - - 10 25 250 - - - 10 35 350 20 35 700 SOMA 50 1.650 40 1.200 30 950 www.esab.edu.br 37 Média ponderada móvel É o método mais usado no Brasil e consiste em avaliar o estoque pelo custo médio de aquisição apurado em cada entrada de mercadoria, ponderado pelas quantidades adicionadas e pelas anteriormente existentes, ou seja, o valor médio de cada unidade em estoque altera-se pelas compras de outras unidades por um preço diferente. Dessa forma, evita a necessidade de controle de custos por lotes de compras, como nos métodos anteriores (GOMES, SANTOS, SCHMIDT, 2011). Nesse sistema, cada entrada a custo unitário de aquisição diferente do custo médio anterior implica ajuste do custo médio. Como o custo médio resulta da divisão do saldo monetário pelo saldo físico, cada saída, no entanto, que mantenha inalterado o custo médio, altera o fator de ponderação, influindo assim no cálculo do custo médio na entrada seguinte (ÍUDICIBUS, 2010). Vejamos um exemplo: aplicando aquela mesma movimentação a este último critério, logo temos a ficha de controle de estoque no critério média móvel ponderada: Prova real: o resultado decorrente das vendas durante o mês foi de 40 unidades e apresenta um custo de: CMV = Ei (500) + C (1.650) – Ef (994) = 1.156 O custo das vendas ou dos materiais consumidos na fabricação desse período seria, portanto, de $ 1.650, e o valor do estoque final, de $ 994, ou seja, tanto o custo das saídas como o estoque final terão valores www.esab.edu.br 38 médios de compras, pois há influência não só do preço, mas também das quantidades de compras. Este método guarda maior conformidade com a evolução de preços e, todavia, é bem mais realista para períodos inflacionários (CHAGAS, 2014). Custo específico ou identificado Nesse método, a empresa controla o custo específico de cada item comprado ou vendido, ou seja, valoriza cada unidade do estoque ao preço efetivamente pago, sendo adequado apenas para mercadorias de preço elevado e de pouca rotação, ou o valor, ou a própria característica da mercadoria ou material que permita. Temos por exemplo, tratores, automóveis, sabendo-se assim quanto custou cada unidade em caso de venda, para proceder à baixa do estoque por seu custo específico (GOMES, SANTOS, SCHMIDT, 2011). Comparação entre os métodos aceitos pelo Fisco No exemplo utilizado para apresentar os métodos aceitos pelo Fisco, suponhamos que as vendas tenham sido: 10 unidades a $ 40 = $ 400 20 unidades a $ 45 = $ 900 10 unidades a $ 55 = $ 550 $ 1.850 www.esab.edu.br 39 Comparando os resultados obtidos, como se todas as saídas fossem de vendas e não de requisição para consumo na produção (para melhor entendimento), temos: Peps ou Fifo $ Média Ponderada $ Vendas 1.850 1.850 (-) Custo das Vendas 1.100 1.156 Resultado 750 694 Estoque Final 1.050 994 Com este comparativo, vê-se claramente que, ao supor que duas empresas tivessem adquirido e vendido mercadorias nas mesmas condições (quantidades e preços), suas situações reais seriam as mesmas, com a mesma quantidade em estoque, porém os resultados obtidos seriam diferentes, em decorrência dos critérios de atribuição de custos utilizados, embora todos se baseassem no custo de aquisição. Contudo, no período seguinte, haverá, para cada critério, um valor de estoque inicial diferente. Portanto, no PEPS existirá um valor maior a ser baixado dos estoques, o que fará a redução do lucro no período seguinte. Com isso, tende a haver uma compensação período após período, pois quando todo o estoque tiver sido baixado, o lucro total será igual em qualquer dos critérios utilizados. Em relação ao valor a ser atribuído às devoluções, observa-se que o valor da devolução ao fornecedor será o mesmo pelo qual houver sido registrada a compra das mercadorias devolvidas; e o valor da devolução de cliente será aquele pelo qual foi registrada a respectiva saída, sendo irrelevante o preço médio (se este for o critério de avaliação de estoque adotado) vigente na data do registro da devolução. Cabe ressaltar que o lançamento da devolução implica ajuste no custo médio, em virtude da alteração nos saldos físico e monetário, mas não há necessidade de se refazer a ficha de estoque, recalculando toda a www.esab.edu.br 40 movimentação a partir da data da compra ou venda, conforme o caso na prática. Logo, o inventário deve abranger, como regra geral, todas as mercadorias de propriedade da empresa, quer estejam em seu poder, quer sob custódia de terceiros, excluídas, porém, as mercadorias de propriedade de terceiros que estejam em poder da empresa. Conclui-se, então, que a inclusão de mercadorias no inventário deve basear-se, como regra geral, no critério da propriedade e não no da posse. Chegamos ao final de mais uma unidade e você conheceu sobre os métodos de apuração de custo e como as fichas de controle de estoque auxiliam na apuração do estoque final e no custo do produto vendido. Na próxima unidade, estudará sobre os estoques no comércio. Dica Na realização do inventário, deve- se observar que a mercadoria que está em trânsito do vendedor para a empresa, ou em trânsito da empresa para o comprador. Nesses casos, as condições contratuais e o momento exato da liberação e despacho é que vão determinar a inclusão ou não da mercadoria no inventário da empresa. www.esab.edu.br41 5 Estoques - Comércio Objetivo Diferenciar o tratamento contábil aplicado às diversas operações que envolvem a comercialização de mercadorias e o valor da mercadoria. Continuando nossos estudos sobre estoques, vamos nos aprofundar na operação comercial e no valor da mercadoria. Em sentido estrito, o comércio é definido como atividade composta por compras e vendas de mercadorias ou produtos entre pessoas físicas ou jurídicas, por valores expressos em moeda (CHAGAS, 2014). Diversas são as operações que envolvem estoques de mercadorias, as quais, contabilmente, devem ser registradas em contas apropriadas, possibilitando dessa forma o controle das operações e a elaboração das demonstrações financeiras (GOMES, SANTOS, SCHMIDT, 2011). Os fatos contábeis relacionados aos estoques de mercadorias, ao serem escriturados, obedecerão aos sistemas de controle de estoques adotados pela empresa, independentemente de ser, o sistema periódico ou permanente de controle de estoques. Os registros contábeis podem ter foco tanto do ponto de vista do comprador, quanto do vendedor (GOMES, SANTOS, SCHMIDT, 2011). Podem-se destacar como principais operações relacionadas aos estoques de mercadorias no comércio sendo: as compras de mercadorias, vendas de mercadorias, importações de mercadorias, exportação de mercadorias, demonstração de mercadorias, conserto de mercadorias, operações de consignação de mercadorias, descontos financeiros, descontos incondicionais, devoluções de vendas e de compras (GOMES, SANTOS, SCHMIDT, 2011). E pode-se definir mercadoria como todo bem móvel adquirido para revenda por estabelecimento comercial ou industrial (RIBEIRO, 2013). www.esab.edu.br 42 E em uma empresa comercial, sua atividade operacional pode ser caracterizada pela compra e venda de mercadorias e quando a empresa realiza uma venda, independentemente de ser à vista ou a prazo, tem-se o surgimento de uma receita bruta e uma despesa, que aparece por meio do custo da mercadoria vendida (CMV). Principais operações com mercadorias – Compras As operações com mercadorias nas compras são representadas pela aquisição de matéria-prima, materiais auxiliares ou mercadorias para revenda. O custo de aquisição unitário da compra de determinado tipo de estoque é obtido pelo valor total das mercadorias compradas, líquido de impostos, inclusive seguros e fretes, dividido pela quantidade adquirida (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). Além disso, caso a operação esteja sujeita ao Imposto sobre as Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre a Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações (ICMS), à medida que ele seja recuperável, não deve integrar os estoques, mas uma conta do ativo denominada ICMS a recuperar. O ICMS é um imposto diferencial, isto é, pode obter um valor a recolher por meio do calculado pelo valor obtido pela diferença entre os preços de venda e de compra dos itens. Entretanto, a sistemática fiscal de recolhimento permite que o imposto sobre as compras de um período seja recuperado em função das vendas no mesmo período, mesmo que as mercadorias vendidas não sejam as mesmas que foram compradas nesse período. Assim, quando o produto é comprado, ele paga pela mercadoria mais impostos. O grande problema é que as mercadorias carregam impostos indiretos que são pagos, indistintamente, sem levar em conta a classe social, de modo que não há diferença na hora de desembolsar do caixa. www.esab.edu.br 43 Exemplo: Vamos supor que uma determinada empresa deseja vender um produto X da seguinte forma: Custo – R$ 58,00 Lucro – R$ 24,00 Considerando esses dados, a empresa deveria vender o produto X por R$ 82,00 para satisfazer sua meta de lucro. Observe que para vender tal produto há de considerar a incidência de ICMS de 18 %. Qual será o preço de venda? Preço (P) ? %ICMS 18% Custo (C) R$ 58,00 Lucro (L) R$ 24,00 Logo, deverá ser um preço tal que subtraia os 18 % de ICMS, o custo de R$ 58,00 e reste um lucro de R$ 24,00, então: P – 0,18 x P – R$ 58,00 = R$24,00 0,82 x P = R$ 24,00 + R$ 58,00 0,82 x P = R$ 82,00 P = R$ 82,00/ 0,82 P = R$ 100,00 www.esab.edu.br 44 Percebe-se, de forma mais clara, que o comprador adquire o seguinte: Logo, quando determinada empresa compra matéria-prima, embalagem ou mercadoria para revenda pelo preço de R$ 100,00, este valor é composto por uma parte que é mercadoria e vai para o estoque e a outra é crédito de ICMS que, neste momento, é ativado como crédito tributário, então, um direito. Chegamos ao final de mais uma unidade e verificamos a composição do preço dos produtos comercializados, uma vez que seu preço é composto pelo valor da mercadoria e parte de imposto. Na próxima unidade, vamos verificar como é contabilizado essas informações. www.esab.edu.br 45 Resumo Na unidade 1, você teve a oportunidade de iniciar seus estudos, conhecendo os conceitos de estoques e sua normatização. Os estoques compreendem bens adquiridos e podem ser conceituados como ativos na forma de materiais ou suprimentos a serem consumidos ou transformados no processo de produção ou na prestação de serviços pela empresa, ou ainda que estejam em processo de produção para venda e também nos ativos mantidos para a venda no curso normal dos negócios. Em relação à mensuração de estoque, o CPC 16 afirma que os estoques devem ser mensurados pelo valor de custo ou pelo valor realizável líquido, dos dois o menor. Na unidade 2 conhecemos o plano de contas, que constitui uma ferramenta indispensável no desenvolvimento do processo contábil e representa um conjunto de contas, diretrizes e normas, que disciplina as tarefas do setor de contabilidade, cujo objetivo é uniformizar os registros contábeis. E o subgrupo estoque que apresenta diversas titulações de contas. Ainda relacionado aos estoques, na unidade 3, estudamos sobre o inventário e vimos que este compreende o processo de verificação de uma correta determinação da quantidade física dos estoques na empresa na data do balanço, nos quais se incluem os estoques de matérias-primas, as mercadorias para revenda, os produtos industrializados, materiais auxiliares, entre outros. Vimos, também, dois tipos de inventário: o permanente e o periódico. Na unidade 4, avançamos mais um pouco e vimos os principais critérios para determinar o valor dos estoques em determinada data, sendo o: PEPS, UEPS, Média Ponderada móvel e Custo específico ou identificado. www.esab.edu.br 46 Por fim, estudamos, na unidade 5, o tratamento contábil aplicado às diversas operações que envolvem a comercialização de mercadorias e no valor da mercadoria. As operações com mercadorias nas compras são representadas pela aquisição de matéria-prima, materiais auxiliares ou mercadorias para revenda. O ICMS é um imposto diferencial, isto é, pode obter um valor a recolher por meio do calculado, pelo valor obtido pela diferença entre os preços de venda e de compra dos itens. www.esab.edu.br 47 6 Contabilização de Comércio com Icms Objetivo Aprender a realizar contabilidade nas operações de compras com incidência de ICMS. Na unidade 5, estudamos conceitos relacionados à composição do valor de um produto comercializado, que é composto por valores da mercadoria e do imposto. Agora, vamos aprender a realizar as contabilizações no Balanço Patrimonial. O custo de aquisição de determinado tipo de mercadorias para o estoque é obtido pelo valor das mercadorias compradas, líquidos dos impostos, inclusive seguros e fretes, divididos pela quantidade adquirida. Além disso, caso a operação esteja sujeita ao Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e sobre a prestação de Serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicações (ICMS), à medida que ele for recuperável, não deve compor os estoques, mas debitado na conta ICMS a recuperar (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). Vamos retomar o exemplo da unidade anterior, onde determinadaempresa deseja vender um produto X cujo custo valor da mercadoria é R$ 82,00 e o valor do ICMS é R$ 18,00, valor final de venda R$ 100,00. www.esab.edu.br 48 O preço de revenda é de R$ 100,00, então, o valor é composto por uma parte que é mercadoria e vai para o estoque e a outra é crédito de ICMS que, neste momento, é ativado como crédito tributário, logo, um direito. Esse crédito será reconhecido no Balanço Patrimonial do comprador pela conta ICMS a Recuperar. Salvo exceções previstas em lei que não contemplem o crédito tributário. Cabe ressaltar que a compra realizada pela empresa comercial de seus fornecedores pode ser à vista ou a prazo. Os lançamentos poderiam ser feitos em três hipóteses: Exemplo 1: compra de mercadoria com pagamento à vista; Débito: Estoque - Compra R$ 82,00 Débito: ICMS a Recuperar R$ 18,00 Crédito: Caixa R$ 100,00 Exemplo 2: compra de mercadoria com pagamento a prazo; Débito: Estoque - Compra R$ 82,00 Débito: ICMS a Recuperar R$ 18,00 Crédito: Fornecedor R$ 100,00 Exemplo 3: compra de mercadoria com 50% do pagamento à vista e 50% a prazo; Débito: Estoque - Compra R$ 82,00 Débito: ICMS a Recuperar R$ 18,00 Crédito: Fornecedor R$ 50,00 Crédito: Caixa R$ 50,00 www.esab.edu.br 49 Já a demonstração dessa situação no Balanço Patrimonial, seria: No exemplo 2, quando do pagamento do fornecedor em dinheiro na data do vencimento da duplicata, o registro contábil deverá ser: Débito: Fornecedor R$ 100,00 Crédito: Caixa R$ 100,00 Caso haja um atraso no pagamento, ou seja, pago após a data de vencimento, provavelmente será exigido pelo fornecedor o pagamento de juros. Supondo que os juros cobrados forem de R$ 20,00, o registro contábil será: Exemplo 1 Ativo Passivo Caixa - Estoque R$82,00 ICMS a Recuperar R$18,00 Patrimônio Líquido Capital Social R$100,00 Total R$100,00 Total R$100,00 Exemplo 2 Ativo Passivo Caixa R$100,00 Fornecedor R$100,00 Estoque R$82,00 ICMS a Recuperar R$18,00 Patrimônio Líquido Capital Social R$100,00 Total R$200,00 Total R$200,00 Exemplo 3 Ativo Passivo Caixa R$50,00 Fornecedor R$50,00 Estoque R$82,00 ICMS a Recuperar R$18,00 Patrimônio Líquido Capital Social R$100,00 Total R$150,00 Total R$150,00 www.esab.edu.br 50 Débito: Fornecedor R$ 100,00 Débito: Despesas com Juros (despesa financeira) R$ 20,00 Crédito: Caixa R$ 120,00 Dica Caso a operação apresentada no exemplo 1 estivesse sujeita à substituição tributária do ICMS, ou seja, o fornecedor já tivesse destacado na nota e recolhido seu ICMS normal, bem como o ICMS referente à substituição tributária, o ICMS representaria custo para empresa adquirente e o registro da compra seria o valor total da nota fiscal Débito: Estoques – compra R$ 100,00 Crédito: Caixa/ Banco R$ 100,00 Assim, chegamos ao fim de mais uma unidade, em que aprendemos sobre as contabilizações da compra com o imposto ICMS. Na próxima unidade, iremos estudar os impostos indiretos IPI, PIS e COFINS que incidem sobre as compras. www.esab.edu.br 51 7 Estoques – Contabilizações de Comércio com IPI, PIS e COFINS Objetivo Aprender sobre a incidência dos tributos incidentes sobre compra, IPI, PIS e COFINS e suas contabilizações. Na unidade anterior estudamos a incidência do imposto ICMS sobre a compra de mercadoria e, nesta unidade, estudaremos os outros tributos que incidem em uma operação com mercadorias como IPI, PIS e COFINS. Cabe ressaltar que a adoção do princípio da não cumulatividade determinada pela Constituição Federal/1988 é para o ICMS, que estudamos na unidade anterior, determinada em seu art. 155, § 2º, Inciso I, mas também para o Imposto sobre produtos industrializados – IPI e determina em seu art. 153, § 3º, inciso II, que os valores devidos em cada operação serão compensados com o montante cobrado nas operações anteriores. Desse modo, o IPI incide nas compras dos materiais que irão integrar o processo de fabricação. A Contabilização do IPI é semelhante à do ICMS (RIBEIRO, 2013). Além dessa previsão legal, há também outros dois tributos que tiveram a implementação da não cumulatividade, sendo para o Programa de Integração Social (PIS), por meio da Lei nº 10.637/02 e para a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – COFINS), por meio da Lei nº 10.833/03, são modalidades de tributos que em geral devem recolher mensalmente ao Governo Federal (RIBEIRO, 2013). Existem dois regimes de incidência dessas contribuições: Cumulativo e não cumulativo. O regime cumulativo, as entidades calculam mensalmente os valores das contribuições mediante a aplicação de alíquotas fixadas pelo governo sobre as bases de cálculos, também fixadas pelo governo e recolhem os referentes valores aos cofres públicos no mês seguinte ao da ocorrência dos respectivos fatos geradores. Já no regime não cumulativo, além das importâncias dos relativos tributos devidas por www.esab.edu.br 52 entidades em decorrência de transações realizadas com elas (RIBEIRO, 2013). Em síntese, se a empresa for contribuinte de ICMS, IPI, PIS e COFINS Não Cumulativo, na aquisição de mercadoria que apresentar incidência desses tributos, a empresa os recupera, e serão compensados quando da venda de mercadorias. O Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) é um imposto por fora, pois não está embutido no valor da operação. Logo, para apurarmos o valor do IPI temos o valor da operação vezes a alíquota de IPI, sua competência é de esfera Federal. Assim temos: Exemplo 1 Mercadoria R$ 100,00 = Valor da Operação (+) IPI (alíquota de 10%) R$ 10,00 (100 X 10%) = Total da Nota Fiscal R$ 110,00 Outro exemplo é quando uma indústria compra de outra empresa industrial. Compra mercadorias diretamente da indústria que tem o IPI incluído nos custos e o ICMS. Exemplo 2 Nas Indústrias, pelas compras de mercadoria: 12.000,00, com 10% de IPI e 17% de ICMS, à vista. A contabilização seria: Débito: Estoque - Mercadorias R$ 9.960 Débito: ICMS a Recuperar R$ 2.040 Débito: IPI a Recuperar R$ 1.200 Crédito: Caixa R$ 13.200 www.esab.edu.br 53 No entanto, caso a compra de mercadorias diretamente da indústria fosse realizada pelo comércio, não é possível tomar crédito de IPI, por ser empresa comercial, ou seja, compõe o valor do estoque. Exemplo 3 Valor da mercadoria: 12.000,00, com 10% de IPI e 17% de ICMS, à vista, na empresa comercial. Seria o cálculo: Mercadoria R$ 12.000 (-) ICMS R$ (2.040) (+) IPI R$ 1.200 = Custo da Mercadoria R$11.160 Os lançamentos, faz-se: Débito: Estoque - Mercadorias R$ 11.160 Débito: ICMS a Recuperar R$ 2.040 Crédito: Caixa R$ 13.200 Diferença entre IPI e o ICMS A diferença entre o ICMS e o IPI é basicamente a seguinte: O ICMS é um imposto por dentro, pois está embutido no valor da operação; já o IPI é um imposto por fora, pois não está embutido no valor da operação. Para melhor compreender, tomamos como base o exemplo 1. Exemplo 4: Mercadoria R$ 100,00 = Valor da Operação (+) IPI (alíquota de 10%) R$ 10,00 (100 X 10%) www.esab.edu.br 54 = Total da Nota Fiscal R$ 110,00 ICMS (alíquota de 18%) R$ 18,00 (100 X 18%) Base de cálculo de IPI = valor da operação = R$ 100,00 Base de cálculo de ICMS = valor da operação = R$ 100,00 Então, com o advento das Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, as pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real estão sujeitas ao PIS e a CONFINS não cumulativa, os quais geram créditos sobre as compras de mercadorias, matérias-primas, materiais secundários; nessa hipótese, supondo-se que a empresa seja tributada pelo lucro real, a operação apresentada no Exemplo 4 teráum crédito de PIS não cumulativo de R$ 1,65 (100 × 1,65%) e um crédito de Confins de R$ 7,60 (100 × 7,6%).Exemplo 4: Mercadoria R$ 100,00 = Valor da Operação (+) IPI (alíquota de 10%) R$ 10,00 (100 X 10%) = Total da Nota Fiscal R$ 110,00 ICMS (alíquota de 18%) R$ 18,00 (100 X 18%) PIS (alíquota de 1,65%) R$ 1,65 COFINS (alíquota de 7,6%) R$ 7,60 Logo, o registro contábil da mercadoria e dos tributos recuperáveis incidentes sobre a compra de mercadorias, na hipótese de ser à vista, o pagamento do exemplo 4, seria: Débito: Estoque - Compra R$ 72,75 Débito: ICMS a Recuperar R$ 18,00 Débito: IPI a Recuperar R$ 10,00 Débito: PIS a Recuperar R$ 1,65 Débito: COFINS a Recuperar R$ 7,60 Crédito: Caixa R$ 110,00 www.esab.edu.br 55 Caso a compra realizada pela empresa tributada pelo lucro real fosse a prazo, os registros contábeis seriam: Débito: Estoque - Compra R$ 72,75 Débito: ICMS a Recuperar R$ 18,00 Débito: IPI a Recuperar R$ 10,00 Débito: PIS a Recuperar R$ 1,65 Débito: COFINS a Recuperar R$ 7,60 Crédito: Fornecedores R$ 110,00 Já a demonstração dessa situação para compra à vista no Balanço Patrimonial, seria: Já a demonstração dessa situação para compra a prazo no Balanço Patrimonial, seria: Exemplo 4 Ativo Passivo Caixa - Estoque R$72,75 ICMS a Recuperar R$18,00 IPI a Recuperar R$10,00 PIS a Recuperar R$1,65 COFINS a Recuperar R$7,60 Patrimônio Líquido Capital Social R$110 Total R$110,00 Total R$110,00 Exemplo 4 Ativo Passivo Caixa R$110,00 Fornecedor R$110,00 Estoque R$72,75 ICMS a Recuperar R$18,00 IPI a Recuperar R$10,00 PIS a Recuperar R$1,65 COFINS a Recuperar R$7,60 Patrimônio Líquido Capital Social R$110 Total R$220,00 Total R$220,00 www.esab.edu.br 56 Nesta unidade, conhecemos outros tributos que incidem sobre as operações de mercadoria. Cabe ressaltar que é imprescindível observar o tipo de regime de tributação que a empresa está e para qual finalidade é a mercadoria, para pode realizar o registro contábil e dos créditos fiscais corretamente. Na próxima unidade, vamos estudar os fatos que alteram os valores das compras. Dica Quadro de resumo dos tributos Quadro 5 – Quadro de resumo de tributos Fonte: Elaborado pela autora (2018). www.esab.edu.br 57 8 Operações que afetam uma compra Objetivo Identificar os fatos que alteram os valores das compras e seus devidos ajustes. Continuando nossos estudos sobre compras, vamos nos aprofundar nas transações mercantis que afetam o valor da compra para a sua devida contabilização. O custo de aquisição das mercadorias que irão compor os estoques das empresas comerciais, nem sempre corresponderá ao valor pago ao fornecedor. Esse valor poderá ser maior ou menor do que o valor pago ao fornecedor, conforme item 11 do CPC 16, que apresenta que o custo de aquisição dos estoques compreende o preço de compra, os impostos de importação e outros tributos (exceto os recuperáveis junto ao fisco), bem como os custos de transporte, seguro, manuseio e outros diretamente atribuíveis à aquisição de produtos acabados, materiais e serviços. E que deve ser excluído do custo de aquisição, os descontos comerciais, abatimentos, os tributos recuperáveis, juros embutidos nas operações de compras a prazo e outros itens semelhantes devem ser deduzidos na determinação do custo de aquisição (RIBEIRO, 2013). Os fretes e seguros sobre compras representam as importâncias pagas pela empresa compradora de mercadorias para revenda, matérias auxiliares e matéria-prima diretamente ao fornecedor ou a uma terceira empresa que efetuou o transporte das mercadorias, desde o estabelecimento do fornecedor até a sede da empresa (RIBEIRO, 2013 e GOMES; SANTOS; SCHMIDT, 2011). O respectivo montante integra o valor do custo das mercadorias, rateado nas unidades adquiridas na compra. Os descontos incondicionais obtidos compreendem aqueles que as empresas ganham dos fornecedores, no momento em que efetuam compras de mercadorias. E são destacados na própria nota fiscal, e não há www.esab.edu.br 58 imposição de alguma condição por parte da empresa para poder oferecê- los aos clientes no ato da venda (RIBEIRO, 2013). Mas oferece em função de outros fatores, tais como, uma grande quantidade adquirida ou simplesmente por ser uma cliente preferencial. Como se trata de um desconto ofertado no ato da venda, aparece na nota fiscal. Em caso de devolução, o valor do desconto é proporcional à operação de devolução de mercadorias e deve aparecer na nota fiscal de devolução. As compras anuladas ou devoluções de compras é o ato de devolução total ou parcial das mercadorias adquiridas que retornam ao fornecedor, tendo em vista fatos desconhecidos no momento da compra, por exemplo, quando recebemos as mercadorias com avarias no transporte, ou simplesmente não corresponde ao pedido, ou ainda, por qualquer outro fator que não atende as expectativas do cliente (RIBEIRO, 2013). A baixa na ficha de estoques terá que ser realizada pelo preço unitário específico da entrada (custo unitário menos ICMS mais fretes). Os abatimentos sobre compras acontecem quando a empresa, tendo recebido mercadorias adquiridas de fornecedores, identifica que as referidas mercadorias não atendem as expectativas da empresa, por diversos motivos, podendo devolver total ou parcialmente as mercadorias. No entanto, havendo interesse em ficar com as mercadorias, poderia solicitar ao fornecedor que conceda um abatimento. Esse abatimento ocorre no preço de compra, não precisando devolver as mercadorias ao fornecedor, mas irá pagar um valor menor que o constante na nota fiscal de compra ao fornecedor (RIBEIRO, 2013). Os juros embutidos nas compras a prazo, devem obedecer à Lei nº 6.404/1976, em consonância com as Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS) que disciplina que nas compras a prazo decorrentes de operação de longo prazo serão ajustadas a valor presente, sendo as demais quando houver efeito relevante. Considera-se que normalmente o preço que o comprador pagará ao fornecedor é superior ao preço que pagaria se efetuasse a compra da mesma mercadoria à vista. Logo, a diferença entre o preço de compra a prazo e o preço de compra à vista é o custo do financiamento e, por esse motivo, deve ser reconhecido como despesa de juros durante o período de financiamento (RIBEIRO, 2013). www.esab.edu.br 59 Vamos exemplificar: suponha a compra de mercadorias, a prazo, no valor de R$ 1.000,00 e juros embutidos pelo fornecedor de R$ 100,00. A forma de pagamento será em 10 parcelas mensais iguais de R$ 100,00. A contabilização do fato no dia da compra: Débito: Mercadorias R$ 900,00 Débito: Ajuste a Valor Presente R$ 100,00 C: Fornecedor R$ 1.000,00 Observe que a conta “Ajuste a Valor Presente”, neste caso, representa uma despesa financeira antecipada ou a apropriar e é redutora da conta Fornecedores e no Balanço Patrimonial figurará: Passivo Circulante Fornecedores R$ 1.000,00 (-) Ajuste a Valor Presente (R$ 100,00) Saldo R$ 900,00 Para contabilizar o pagamento da primeira parcela, será preciso calcular o valor dos juros embutidos em cada parcela, conforme Pronunciamento Contábil CPC 16. Os juros são calculados em base exponencial “pro rata dia” este cálculo deve ser feito em calculadoras científicas e aqui vamos assumir que o valor dos juros embutidos na primeira parcela tenha sido R$ 10,00. A contabilização do pagamento seria: Débito: Fornecedor Crédito: Caixa R$ 100,00 Para a baixa do valor dos juros registrados na conta redutora “Ajuste a Valor Presente” para integrá-lo no resultado do exercício atual, temos: Débito: Despesas Financeiras Crédito: Ajuste a Valor Presente R$ 10,00 Nesta unidade, tivemos a oportunidade de estudar os fatos que alteram os valores de compras, percebendo os efeitos que esses ajustes podem causar. Na unidade 9, vamos estudar sobre vendas e os valores que alteram os valoresde vendas. www.esab.edu.br 60 9 Venda e Operações que afetam uma venda Objetivo Conhecer a principal fonte de receita das empresas e suas operações que afetam suas vendas. Nas unidades anteriores, estudamos sobre compras e suas operações. Nesta unidade, vamos estudar sobre as vendas e suas particularidades. As vendas de mercadorias versam a principal fonte de receita das empresas comerciais. Como ocorre com as compras, as vendas podem ser efetuadas à vista ou a prazo. Se for à vista, a empresa recebe no ato da venda o valor das mercadorias, mas se a venda for a prazo, ela passa a ter um direito a receber, no futuro, o valor das mercadorias transacionadas (RIBEIRO, 2013). Em caso de venda à vista, suponhamos que uma determinada empresa comercial tenha vendido mercadorias no valor de R$ 300,00, à vista. A contabilização desta venda seria registrada no livro diário como: Débito: Caixa (ativo) Crédito: Vendas de Mercadoria (ativo) R$ 300,00 Logo, se a empresa adota o inventário permanente, que possibilita o controle instantâneo dos estoques a cada compra e a cada venda, ou até devoluções, uma vez que é preciso saber o valor do custo das mercadorias que estão sendo vendidas ou recebidas em devolução, podendo assim baixar ou integrar novamente o respectivo custo de estoques. Vamos supor que o custo da mercadoria vendida por R$ 300,00 foi de R$ 220,00, os lançamentos a serem efetuados. O lançamento do pagamento e reconhecimento das receitas de vendas de mercadorias: Débito: Caixa (ativo) Crédito: Vendas de Mercadoria (Resultado) R$ 300,00 www.esab.edu.br 61 O lançamento da baixa do estoque pelo custo da mercadoria vendida: Débito: Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) (Resultado) Crédito: Estoque (ativo) R$ 220,00 Assim, percebe-se que na venda é necessário efetuar dois lançamentos: um para registrar o valor da receita bruta de vendas e outro para registrar a baixa de estoques, pelo valor do custo das mercadorias vendidas (RIBEIRO, 2013). Quando as vendas forem a prazo, o registro contábil será bem semelhante ao das vendas de mercadorias à vista, o que será alterado é que a conta a ser debitada não será caixa, mas sim, Clientes ou Duplicata a Receber. Logo, se determinada empresa comercial tenha vendido mercadorias no valor de R$ 300,00, a prazo, a contabilização desta venda seria registrada no livro diário como: Débito: Clientes (ativo) Crédito: Vendas de Mercadoria (Resultado) R$300,00 O lançamento da baixa do estoque pelo custo da mercadoria vendida: Débito: Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) (Resultado) Crédito: Estoque (ativo) R$ 220,00 Os fatos que alteram os valores de vendas: A receita obtida com a venda de mercadorias, nem sempre corresponde ao valor total cobrado pelo cliente, ou seja, são as deduções das vendas. No valor da venda, poderão estar embutidos tributos que devem ser repassados ao governo, juros de financiamento pela venda a prazo, entre outros. De acordo com os itens 9 e 10, do Pronunciamento Técnico CPC 30, a receita deve ser mensurada pelo valor justo da contraprestação recebida ou a receber, deduzida de quaisquer descontos comerciais e/ou bonificações concedidas ao cliente, sendo vendas canceladas, abatimentos e impostos incidentes sobre vendas (IUDÍCIBUS, 2010; RIBEIRO, 2013). Os fatos que interferem no valor das vendas são: Vendas anuladas ou devoluções de vendas São as devoluções totais ou parciais recebidas pelas empresas de seus clientes, por motivos desconhecidos no momento das vendas (RIBEIRO, 2013). www.esab.edu.br 62 Adotemos como exemplo: Foi recebido de um cliente determinado, em devolução, mercadorias no valor de R$ 6.000,00, vendidas anteriormente ao cliente. Vamos considerar que a importância tenha sido restituída ao cliente em dinheiro e que o custo das referidas mercadorias vendidas correspondeu a R$ 4.000,00. O registro no livro diário corresponde, a: Reembolso ao cliente, em decorrência da devolução: Débito: Vendas anuladas (Resultado) Crédito: Caixa (Ativo) R$ 6.000,00 E quanto ao retorno das mercadorias ao estoque da empresa: Débito: Estoque de mercadorias (Ativo) Crédito: Custo das Mercadorias Vendidas (Resultado) R$ 4.000,00 Abatimentos sobre Vendas Ocorre quando os clientes, ao receberem as mercadorias adquiridas, percebem alguma irregularidade (avarias em decorrência de transporte, o produto não corresponde ao pedido, entre outros), e eles poderão devolver total ou parcial as mercadorias ou então solicitar um abatimento no preço do custo (RIBEIRO, 2013). Nesse caso, o abatimento representa uma redução no valor da receita bruta de vendas e não há o retorno das mercadorias para a empresa, logo, não há de se falar em reintegrar ao estoque o valor do custo. Vamos supor que as vendas realizadas a determinado cliente chegaram com avarias no seu destino, e em decorrência dessas avarias a empresa concedeu um abatimento no valor de R$ 1.000,00. O Valor da venda da nota fiscal n° 22 foi de R$ 8.000,00, e a venda foi efetuada a prazo. E o custo das mercadorias vendidas correspondeu a 70% do preço da venda. O registro no livro diário corresponde, a: Débito: Abatimento sobre vendas (Resultado) Crédito: Clientes (Ativo) R$ 1.000,00 Descontos Incondicionais concedidos Ocorre independentemente de qualquer condição que possa surgir após a emissão da nota fiscal, a empresa pode oferecer descontos e destacando- os nas notas fiscais de venda. Cabe destacar que a contabilização do www.esab.edu.br 63 desconto incondicional concedidos é desnecessária, embora nada impeça que seja contabilizado (RIBEIRO, 2013). Vamos supor que as vendas realizadas a determinado cliente, conforme nota fiscal nº 23, no valor de R$ 8.000,00, tendo sido concedido desconto incondicional, destacado na própria nota fiscal, no valor de R$ 900,00. E o custo das mercadorias vendidas correspondeu a R$ 6.000,00. O registro no livro diário corresponde, a: Débito: Caixa R$ 7.200,00 Débito: Descontos Incondicionais Concedidos R$ 800,00 Crédito: Vendas de Mercadorias R$8.000,00 Fretes sobre vendas Quando o valor do frete e seguros calculados sobre vendas for devido ou pago pela empresa vendedora (fornecedor), objetivando utilizá-lo como diferencial mercadológico, ele será considerado como despesas operacionais, classificadas no grupo das Despesas com Vendas. Deve-se verificar ainda qual é o tratamento fiscal do ICMS sobre o frete, ou seja, se ele é tributado ou diferido. Logo, esses gastos não interferem no valor da receita bruta de vendas de mercadorias (RIBEIRO, 2013; GOMES, SANTOS, SCHMIDT, 2011). Assim, se o frete e o seguro estiverem incluídos na nota fiscal, significa que o próprio fornecedor está transportando a mercadoria adquirida pelo comprado. Logo, IPI e ICMS incidirão sobre o frete e o seguro. Caso contrário, se esses forem cobrados por uma empresa transportadora contratada pelo comprador, os referidos impostos não incidirão sobre o valor do frete e do seguro, apenas sobre o valor da compra. Em síntese: Operação Base de Cálculo Compras CIF Fretes e Seguros integram a base de cálculo do IPI e do ICMS Compras FOB Fretes e Seguros não integram a base de cálculo do IPI e do ICMS www.esab.edu.br 64 Juros embutidos nas vendas a prazo A Lei 6.404/1976, em consonância com as normas internacionais de contabilidade (IFRS) disciplina que as vendas a prazo classificadas no passivo não circulante, serão ajustadas ao seu valor presente e as demais quando houver efeito relevante. Considera-se que ao se contabilizar uma venda efetuada para recebimento de longo prazo, ou mesmo de curto prazo, porém com efeitos relevantes para o patrimônio, deve-se expurgar do montante da referida venda, o valor dos juros cobrados aos clientes. As taxas de juros são as usuais no mercado, ainda que o vendedor utilize, em benefício do cliente, taxas menores que as usuais. Logo, a diferença entre o preço da vendaa prazo e o preço da venda à vista é o custo do financiamento e por esse motivo deve ser reconhecido como receita de juros durante o período de financiamento, e o valor presente da contraprestação é o valor nominal diminuindo dos juros embutidos pelo vendedor. Os juros são reconhecidos como receita financeira e não como receita de vendas (RIBEIRO, 2013). Vamos exemplificar: suponha uma venda de mercadorias, a prazo, no valor de R$ 5.000,00 e juros embutidos pelo fornecedor de R$ 300,00. A forma de pagamento será em 10 parcelas mensais iguais de R$ 500,00. A contabilização do fato no dia da venda: Débito: Clientes (Ativo) R$ 5.000,00 Crédito: Ajuste a Valor Presente (Conta redutora de clientes) R$ 300,00 Crédito: Vendas de Mercadoria (Resultado) R$ 4.700,00 Observe que a conta “Ajuste a Valor Presente”, neste caso, representa uma receita financeira antecipada ou a apropriar e é redutora da conta Clientes e no Balanço Patrimonial figurará: Ativo Circulante Clientes R$ 5.000,00 (-) Ajuste a Valor Presente (R$ 300,00) Saldo R$ 4.700,00 www.esab.edu.br 65 Para contabilizar o recebimento da primeira parcela, será preciso calcular o valor dos juros embutidos em cada parcela, conforme Pronunciamento Contábil CPC 16. Os juros são calculados em base exponencial “pro rata dia” e este cálculo deve ser feito em calculadoras científicas e aqui vamos assumir que o valor dos juros embutidos na primeira parcela tenha sido R$ 30,00. A contabilização do pagamento seria: Débito: Caixa Crédito: Cliente R$ 500,00 Para a baixa do valor dos juros registrados na conta redutora “Ajuste a Valor Presente,” para integrá-lo no resultado do exercício atual, temos: Débito: Ajuste a Valor Presente Crédito: Receita Financeira R$ 30,00 Nesta unidade, tivemos a oportunidade de estudar os fatos que alteram os valores de vendas, seu reconhecimento e baixas dos custos das mercadorias vendidas, percebendo os efeitos que esses ajustes podem causar. Na unidade 10, vamos estudar sobre os tributos incidentes sobre as vendas. www.esab.edu.br 66 10 Tributos que incidem sobre venda - ICMS Objetivo Identificar os tributos incidentes sobre as vendas e realizar a contabilização do ICMS. Você estudou, na unidade 9, vários fatos que alteram os valores das vendas e seu impacto no valor final das vendas. E que a receita deve ser mensurada pelo valor justo da contraprestação recebida ou a receber, deduzida quaisquer descontos comerciais e/ ou bonificações concedidas ao cliente. Nesta unidade, vamos agora conhecer os tributos incidentes sobre vendas, e cabe ressaltar que muitos desses tributos incidem também nas compras, conforme já estudamos na unidade 7. Consideram-se tributos sobre as vendas os impostos, as taxas e as contribuições, que guardem proporcionalidade com o preço da venda efetuada ou do serviço prestado, ainda que o montante do citado tributo integre a sua própria base de cálculo (RIBEIRO, 2013). Para enfoque principal dos nossos estudos das empresas comerciais, serão estudados os tributos incidentes sobre as vendas mais comuns: ICMS, IPI, ISS, PIS e COFINS. Nesta unidade, será estudado o ICMS e os demais tributos nas unidades seguintes. O imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação – ICMS é um imposto de competência estadual, incide sobre a circulação de mercadorias e sobre a prestação de alguns serviços, exemplo, fornecimento de energia elétrica. O ICMS é considerado um imposto por dentro, pois seu valor está incluído no valor das mercadorias ou dos serviços informados na nota fiscal (RIBEIRO, 2013). Nem todas as mercadorias estão sujeitas a esse imposto e é considerado um imposto não cumulativo. Isso significa que o valor do imposto pago em uma operação é compensado no valor do imposto a pagar na operação subsequente (RIBEIRO, 2013). www.esab.edu.br 67 O valor do imposto a ser pago pelas empresas é representado pela diferença entre o imposto incidente nas vendas e o imposto pago na aquisição de mercadorias que integram o processo produtivo, ou para serem revendidas pela empresa (IUDÍCIBUS et. al, 2010). Logo, a empresa antes de repassar ao Governo do Estado a parcela do ICMS recebida do cliente (constante na nota fiscal de venda), a empresa poderá compensar, desse total, o valor do ICMS que pagou ao fornecedor (constante na nota fiscal de compra) por ocasião da compra da mercadoria que está sendo vendida (RIBEIRO, 2013). Vamos a um exemplo: Supondo que determinada empresa tenha adquirido uma quantidade X de mercadorias de determinado fornecedor, pagando R$ 100,00, com ICMS incluso no valor de R$ 18,00. Seu fornecedor, ao receber os R$ 100,00 deverá repassar R$ 18,00 ao Governo do Estado. Dessa forma, a empresa pagou ao fornecedor R$100,00, sendo R$ 82,00 correspondente ao custo das mercadorias adquiridas e R$ 18,00 correspondente ao ICMS. Agora, a empresa vende todas as X mercadorias a um cliente por R$ 150,00, com ICMS incluso no valor de R$ 27,00. Dos R$ 150,00 que recebeu (receita bruta de vendas), R$ 123 corresponde à receita líquida de vendas e R$ 27,00, ao ICMS que a empresa deveria recolher ao Governo Estadual. É isso mesmo, deveria recolher, pois sendo o ICMS um imposto não cumulativo, a empresa poderá compensar (abater) desses R$ 27,00 devidos em função da venda das X mercadorias os R$ 18,00 de ICMS que pagou pelas mesmas X mercadorias quando a comprou do seu fornecedor. Assim, recolherá ao governo apenas R$ 9,00 (R$ 27 – R$ 18,00). Podemos então tirar algumas conclusões: o ICMS da compra representa um direito para sua empresa com o Governo do Estado; o ICMS da venda representa uma obrigação da sua empresa com o Governo do Estado. Esses direitos e obrigações com o Governo do Estado podem ser apurados mensalmente, ao final do mês, em que se somam todos os valores do ICMS incidentes nas compras e os das vendas, ainda que essas mercadorias vendidas não correspondam àquelas compradas no mesmo mês. www.esab.edu.br 68 Logo, se o total do ICMS incidente nas compras for superior ao total do ICMS incidente nas vendas, a diferença representará um direito da empresa com o Governo Estadual em relação às operações realizadas naquele mês. Mas, se o valor do ICMS incidente nas vendas for superior ao valor do ICMS incidente nas compras, a diferença representará uma obrigação da empresa, devendo o valor da diferença ser recolhido ao Estado no mês seguinte. Vamos às contabilizações: desse total, o valor do ICMS que pagou ao fornecedor (constante na nota fiscal de compra) por ocasião da compra da mercadoria que está sendo vendida (RIBEIRO, 2013). Vamos a um exemplo: Supondo que determinada empresa tenha adquirido uma quantidade X de mercadorias de determinado fornecedor, pagando R$ 100,00, com ICMS incluso no valor de R$ 18,00. Seu fornecedor, ao receber os R$ 100,00 deverá repassar R$ 18,00 ao Governo do Estado. Dessa forma, a empresa pagou ao fornecedor R$100,00, sendo R$ 82,00 correspondente ao custo das mercadorias adquiridas e R$ 18,00 correspondente ao ICMS. Agora, a empresa vende todas as X mercadorias a um cliente por R$ 150,00, com ICMS incluso no valor de R$ 27,00. Dos R$ 150,00 que recebeu (receita bruta de vendas), R$ 123 corresponde à receita líquida de vendas e R$ 27,00, ao ICMS que a empresa deveria recolher ao Governo Estadual. É isso mesmo, deveria recolher, pois sendo o ICMS um imposto não cumulativo, a empresa poderá compensar (abater) desses R$ 27,00 devidos em função da venda das X mercadorias os R$ 18,00 de ICMS que pagou pelas mesmas X mercadorias quando a comprou do seu fornecedor. Assim, recolherá ao governo apenas R$ 9,00 (R$ 27 – R$ 18,00). Podemos então tirar algumas conclusões: o ICMS da compra representa um direito para sua empresa com o Governo do Estado; o ICMS da venda representa uma obrigação da sua empresa com o Governo do www.esab.edu.br 69 Estado.Esses direitos e obrigações com o Governo do Estado podem ser apurados mensalmente, ao final do mês, em que se somam todos os valores do ICMS incidentes nas compras e os das vendas, ainda que essas mercadorias vendidas não correspondam àquelas compradas no mesmo mês. Logo, se o total do ICMS incidente nas compras for superior ao total do ICMS incidente nas vendas, a diferença representará um direito da empresa com o Governo Estadual em relação às operações realizadas naquele mês. Mas, se o valor do ICMS incidente nas vendas for superior ao valor do ICMS incidente nas compras, a diferença representará uma obrigação da empresa, devendo o valor da diferença ser recolhido ao Estado no mês seguinte. Vamos às contabilizações: Na conta Compras de Mercadorias, debita-se o valor pago do fornecedor, diminuindo do ICMS. Débito: Compras de Mercadoria R$ 82,00 Débito: ICMS a Recuperar R$ 18,00 Crédito: Caixa R$ 100,00 A conta Vendas de Mercadoria é creditada pelo valor bruto de vendas, ou seja, incluindo ICMS, representa a receita bruta de vendas. Débito: Caixa Crédito: Vendas de Mercadorias R$ 150,00 Por ocasião da venda, a conta ICMS sobre vendas (conta de resultado; redutora da receita bruta de vendas) é debitada e em contrapartida é creditada ICMS a recolher (conta do Passivo Circulante). Débito: ICMS sobre Vendas Crédito: ICMS a Recolher R$ 27,00 No último dia do mês, para apurar o saldo do ICMS, efetua-se obrigatoriamente o seguinte lançamento de ajuste. Debitando-se a www.esab.edu.br 70 conta de ICMS a Recolher e creditando-se a conta ICMS a Recuperar, utilizando sempre o menor saldo entre as duas contas envolvidas. Débito: ICMS a Recolher Crédito: ICMS a Recuperar R$ 18,00 Após o lançamento de ajuste, a conta que tinha o menor saldo ficará “zerada”, e a outra refletirá o resultado do ICMS do mês, que será igual a direito (saldo devedor na conta ICMS a Recuperar) ou obrigação (saldo credor na conta ICMS a Recolher). Veja a posição das contas envolvida em seus respectivos razonetes: ICMS a Recuperar ICMS a Recolher 18 18 18 27 | Saldo 9 Logo, a empresa teria que recolher ao Governo do Estado o valor de R$ 9,00. Cabe destacar que, em relação ao ICMS nas devoluções de compras e nas devoluções de vendas, a contabilização desses eventos será feita invertendo-se os lançamentos originais como se fossem estornos (RIBEIRO, 2013). Chegamos ao final de mais uma unidade, complementando nossos estudos sobre os tributos incidentes sobre as vendas, na qual percebemos com detalhes a importância de contabilizar corretamente os tributos e sua compensação. Na próxima unidade, vamos nos aprofundar em outros tributos que incidem sobre a venda, IPI e ISS. www.esab.edu.br 71 Resumo Na unidade 6, você teve a oportunidade aprender a realizar contabilidade das operações de compras com incidência de ICMS e conhecer sua situação no Balanço Patrimonial. Na unidade 7, aprendemos sobre a incidência dos tributos incidentes sobre compra, IPI, PIS e COFINS e suas contabilizações. Vimos que existem dois regimes de incidência dessas contribuições: Cumulativo e não cumulativo. O primeiro tem os valores das contribuições mediante a aplicação de alíquotas fixadas, ou seja, não se pode compensá-los. E o segundo tem alíquotas e bases de cálculos diferentes e as entidades podem compensar do montante das contribuições devidas. Ainda relacionados às compras, na unidade 8, identificamos os fatos que alteram os valores das compras e seus devidos ajustes. O custo de aquisição das mercadorias que irão compor os estoques das empresas comerciais, nem sempre corresponderá ao valor pago ao fornecedor. Dentre os fatos que podem alterar o valor das compras foram apresentados os fretes e seguros, compras anuladas ou devoluções de compras, abatimentos sobre compras, juros embutidos nas compras a prazo. Depois de conhecer as operações de compra, seus impostos e os fatos que alteram o valor da compra, na unidade 9 vimos a principal fonte de receita das empresas e suas operações que afetam a venda. Também, dentre os fatos que afetam a venda foi abordado, vendas anuladas ou devoluções de vendas, abatimento sobre vendas, descontos incondicionais concedidos, frete sobre vendas e juros embutidos nas vendas a prazo. E, por fim, na unidade 10, começamos a estudar sobre os tributos que incidem sobre a venda, iniciando pelo ICMS e suas contabilizações. O ICMS é considerado um imposto por dentro, pois seu valor está incluído no valor das mercadorias ou dos serviços informados na nota fiscal. Nem todas as mercadorias estão sujeitas a esse imposto e é considerado um imposto não cumulativo. www.esab.edu.br 72 11 Tributos que incidem sobre venda – IPI e ISS e sua relação com o ICMS Objetivo Estudar o mecanismo de incidência e contabilização do IPI e ISS e sua relação com o ICMS. Na unidade 10, iniciamos o estudo sobre os tributos que incidem sobre venda e vimos a incidência do ICMS. Nesta unidade, vamos nos aprofundar na incidência do IPI e do ISS. O imposto sobre produtos industrializados (IPI) é um imposto de competência federal e é exigido principalmente em estabelecimentos industriais. Diferente do ICMS que é um imposto por dentro, o IPI é um imposto por fora, uma vez que seu cálculo é feito sobre o valor das mercadorias e a ele é adicionado. Seu cálculo é feito mediante a aplicação de uma alíquota sobre o valor das mercadorias. A alíquota varia em função do tipo de produto (RIBEIRO, 2013). Mesmo que o IPI seja um imposto próprio para empresas industriais, há casos em que outras empresas podem estar sujeitas ao seu pagamento, como por exemplo, uma determinada empresa comercial, que são equiparadas às empresas industriais por força da legislação, para recolhimento desse imposto, como no caso de exportações (RIBEIRO, 2013). Este imposto também é considerado imposto não cumulativo, pois o imposto pago na entrada pode ser compensado em operações subsequentes de mercadorias, matérias-primas ou produtos. A diferença nesse mecanismo de incidência do IPI é a obrigação da empresa para com o Governo Federal. E também não incide sobre todos os produtos (CHAGAS, 2014; RIBEIRO, 2013) Em relação à contabilização, o mecanismo é bem similar à contabilização do ICMS. A empresa industrial realiza compra de materiais, transforma- os em novos produtos e os vende. Desse modo, o IPI incide nas compras de mercadorias que irão integrar o processo de fabricação, cujos valores www.esab.edu.br 73 são pagos aos fornecedores, será compensado do valor do IPI incidente na hora da venda de seus produtos gerados por esses materiais. O mais comum é a sua apuração mensal (RIBEIRO, 2013). Vamos ao exemplo para melhor compreensão da contabilização do IPI. Exemplo: Vamos supor que no mês de dezembro de 2017, determinada empresa tenha comprado matéria-prima, à vista, da empresa Industrial X S. A., conforme nota fiscal nº 40, no valor de R$ 2.000,00, como IPI incidente de R$ 200,00, perfazendo o total da nota fiscal de R$ 2.200,00. Durante o mês, foram realizadas vendas de produtos, conforme nº 135 e 136, no valor de R$ 7.000,00, como IPI incidente de R$ 700,00, perfazendo o total de R$ 7.700,00. Vamos às contabilizações: Na conta Compras de Matérias-primas, debita-se o valor pago do fornecedor, diminuindo do IPI. Débito: Compras de Matérias-primas R$ 2.000,00 Débito: IPI a Recuperar R$ 200,00 Crédito: Caixa R$ 2.200,00 Já nas vendas, note que, sendo o IPI um imposto por fora, não integra a receita bruta de vendas (vendas de produtos), mas é lançado na conta IPI a recolher no Passivo Circulante. Débito: Caixa R$ 7.700,00 Crédito: Vendas de Produtos R$ 7.000,00 Crédito: IPI a recolher R$ 700,00 No último dia do mês, para apurar o saldo do ICMS, efetua-se obrigatoriamente o seguinte lançamento de ajuste. Debitando-se sempre a conta de IPI a Recolher e creditando-se a conta IPI a Recuperar, utilizandoo menor saldo entre as duas contas envolvidas. Débito: ICMS a Recolher Crédito: ICMS a Recuperar R$ 200,00 Após o lançamento de ajuste, a conta que tinha o menor saldo ficará “zerada”, e a outra refletirá o resultado do IPI do mês, que será igual a www.esab.edu.br 74 direito (saldo devedor na conta IPI a Recuperar) ou obrigação (saldo credor na conta IPI a Recolher). Veja a posição das contas envolvida em seus respectivos razonetes: Ou seja, a conta IPI a Recuperar, que possuía saldo devedor de R$ 200,00, ficou com saldo igual a zero. A conta IPI a Recolher, que tinha saldo credor de R$ 700,00, sendo debitada por R$ 200,00, ficou com saldo credor de R$ 500,00, representando assim a obrigação da empresa para com Governo Federal. Podemos então tirar algumas conclusões: o IPI da compra representa um direito para sua empresa com o Governo Federal; o IPI da venda representa uma obrigação da sua empresa com o Governo Federal. Esses direitos e obrigações com o Governo Federal podem ser apurados mensalmente, ao final do mês, em que se somam todos os valores do IPI incidentes nas compras e os das vendas, ainda que essas mercadorias vendidas não correspondam àquelas compradas no mesmo mês. Logo, se o total do IPI incidente nas compras for superior ao total do IPI incidente nas vendas, a diferença representará um direito da empresa com o Governo Federal em relação às operações realizadas naquele mês. Mas, se o valor do IPI incidente nas vendas for superior ao valor do ICMS incidente nas compras, a diferença representará uma obrigação da empresa, devendo o valor da diferença ser recolhida ao Governo Federal no mês seguinte. Informações adicionais sobre ICMS e IPI Em uma compra de mercadorias, pode haver incidência do ICMS e do IPI. Esse fato é mais comum em empresas industriais e o tratamento dado a esses impostos dependerão da operação subsequente, ou seja, se na venda dessas mercadorias houver incidência de ambos os tributos, www.esab.edu.br 75 esses deverão ser excluídos do custo de aquisição da mercadoria. No caso, que a venda de produtos com incidência somente do ICMS, o valor total da nota fiscal vai corresponder ao valor da receita bruta de vendas. Na venda de produtos fabricados na indústria e que tiver incidência do ICMS e do IPI ao mesmo tempo, o valor o ICMS estará incluso no valor dos produtos, enquanto o IPI é somado ao valor dos produtos para compor o valor total da nota fiscal (RIBEIRO, 2013). Para que a empresa tenha direito de recuperar o valor do ICMS e do IPI pago aos fornecedores no momento da compra de mercadorias, faz-se necessário que, ao serem vendidas, essas mercadorias sofram incidência desses impostos. Caso contrário, o valor do ICMS e do IPI incidente nas compras integrará o custo de aquisição dos respectivos materiais. Ressalto que é comum a empresa comprar mercadoria com incidência e revendê- las com isenção por força da legislação (RIBEIRO, 2013). No entanto, se na venda dessa mesma mercadoria houver incidência apenas do ICMS, o valor do IPI pago na compra deverá integrar o custo de aquisição da mercadoria e o ICMS será contabilizado separadamente. O ICMS incidente sobre o valor do frete das mercadorias também pode ser compensado do valor do ICMS das vendas realizadas no período. Por fim, O ICMS e o IPI são impostos não cumulativos e dependendo do destino a ser dado aos bens pela empresa, poderão ser recuperados ou não. No quadro 6, algumas destinações das aquisições de mercadorias adquiridas e sua incidência quanto ao ICMS e IPI (RIBEIRO, 2013). Quadro 6 – Destinações das aquisições de mercadorias Fonte: Elaborado pela autora (2018). Aquisição IPI ICMS Incidência do IPI na base de Cálculo do ICMS Consumo Não Recupera Não Recupera SIM Comércio Não Recupera Recupera NÃO Indústria Recupera Recupera NÃO www.esab.edu.br 76 Enfim, para que você possa saber em quais situações o ICMS e o IPI devem ou não integrar o custo de aquisição, é necessário o acompanhamento frequente das legislações desses tributos para aplicar os critérios que estiverem em vigor em cada ano. Em relação ao Imposto sobre Serviços de Qualquer natureza (ISS), que é um imposto incidente sobre a receita de serviços prestados pelas empresas, por trabalhadores autônomos e por profissionais liberais (RIBEIRO, 2013). É um imposto de competência municipal, ou seja, cada município tem a sua legislação. Seu recolhimento normalmente é mensal e ocorre no mês seguinte ao da ocorrência do fato gerador. A base de cálculo é o total das receitas de serviços prestados em cada mês. Para as receitas de serviços, temos a conta devedora do ISS (IUDÍCIBUS et. al, 2010). Vamos exemplificar: Suponhamos que o total da receita bruta auferida por serviços prestados por uma empresa, durante o mês de setembro de 2017, tenha sido de R$ 30.000,00. Considerando que a alíquota do ISS do referido município é de 5%, teremos a contabilização. Débito: ISS Crédito: ISS a Recolher (30.000 x 5%) R$ 1.500,00 Portanto, a conta ISS a Recolher é conta de obrigação e pertence ao Passivo Circulante. Essa conta representa a obrigação da empresa em recolher o respectivo tributo aos cofres do município, no mês seguinte. Chegamos ao final de mais uma unidade e vimos pontos importantes quanto à incidência e contabilização do IPI e do ICMS. E também sobre o ISS, um imposto municipal e que incide sobre serviços prestados pelas empresas. Na próxima unidade, vamos continuar na incidência de impostos sobre as vendas, estudando então o PIS e a COFINS. www.esab.edu.br 78 12 Tributos que incidem sobre venda – PIS e COFINS Objetivo Estudar o mecanismo de incidência e contabilização do PIS e da COFINS Vimos, na unidade anterior, os tributos IPI, ICMS e ISS que incidem sobre a venda e suas contabilizações. Veremos, também, nesta unidade, as contribuições PIS/PASEP e a COFINS e seus devidos regimes de incidência. O Programa de Integração Social (PIS) por meio da Lei nº 10.637/02 e para a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – COFINS), por meio da Lei nº 10.833/03, são modalidades de tributos que em geral devem recolher mensalmente ao Governo Federal (RIBEIRO, 2013). Existem dois regimes de incidência dessas contribuições: cumulativo e não cumulativo. O regime cumulativo, disciplinado pela Lei nº 9.715/1998 e Lei nº 9.718/1998, e por outros dispositivos legais posteriores que provocam alterações nessas Leis. As entidades calculam mensalmente os valores das contribuições, mediante a aplicação de alíquotas fixadas pelo governo sobre as bases de cálculos também fixadas pelo governo e recolhem os referentes valores aos cofres públicos no mês seguinte ao da ocorrência dos respectivos fatos geradores. Para fins didáticos, vamos considerar que os contribuintes das contribuições para PIS/PASEP e COFINS pelo regime cumulativo, são todas as pessoas jurídicas de direito público e privado que não estejam obrigadas ao recolhimento do imposto de renda com base no lucro real (RIBEIRO, 2013; GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). A alíquota para as contribuições para PIS/PASEP é de 0,65% e para COFINS é 3,0%. www.esab.edu.br 79 Essas contribuições têm como fato gerador o faturamento mensal da empresa, assim entendido como o total de receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação e ou classificação contábil (RIBEIRO, 2013). A legislação tributária considera faturamento a receita bruta. Devem ser excluídos da receita bruta para fins de determinação de base de cálculo das contribuições, por exemplo: vendas canceladas, descontos incondicionais concedidos, reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, entre outros (RIBEIRO, 2013). Cabe destacar que a legislação tributária prevê outras bases de cálculo e alíquotas a serem observadas por entidades sem fins lucrativos, públicas ou particulares, como folhas de pagamento (PIS/PASEP), receitas correntes, entreoutros (RIBEIRO, 2013). Vamos a um exemplo para comprendermos melhor este regime. Suponhamos que a empresa Vessa Veículos Ltda., auferiu no mês de abril de X1, receita bruta com venda de mercadorias no valor de R$ 700.000,00 e com a prestação de serviços no valor de R$ 300.000,00. Considerando que essa empresa está sujeita ao regime cumulativo de incidência das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS, solicita-se: calcular e contabilizar, em 30 de abril, as contribuições para o o PIS/ PASEP e COFINS (provisionando), pelas alíquotas de 0,65% e 3,0%, respectivamente. E a contabilização do recolhimento das contribuições em dinheiro realizada no dia 15 de maio. Vamos às contabilizações: No dia 30/04/X1, temos o débito das contas PIS/PASEP e COFINS sobre o faturamento que são contas redutoras da receita bruta de vendas e crédito PIS/PASEP e COFINS a recolher, conta credora do Passivo Circulante. www.esab.edu.br 80 Contabilização do PIS/PASEP Débito: PIS/PASEP sobre Faturamento Crédito: PIS/PASEP a Recolher (1.000.000 x 0,65%) 6.500,00 Contabilização da COFINS Débito: COFINS sobre Faturamento Crédito: COFINS a Recolher (1.000.000 x 3,0%) 30.000,00 Quanto ao recolhimento das contribuições em dinheiro no dia 15/05/ X1, temos. Débito: PIS/PASEP a Recolher 6.500,00 Débito: COFINS a Recolher 30.000,00 Crédito: Caixa 36.500,00 Já no regime não cumulativo, é disciplinado pela Lei nº 10.637/202 e Lei nº 10.833/2013, e por outros dispositivos legais posteriores que provocam alterações nessas Leis. Os procedimentos são semelhantes aos praticados no regime cumulativo, entretanto, além das alíquotas e bases de cálculos diferentes, as entidades podem compensar do montante das contribuições devidas, importâncias dos relativos tributos devido por entidades em decorrência de transações realizadas com elas (RIBEIRO, 2013). Alíquota neste regime é de 1,65% para PIS/PASEP e para COFINS é de 7,6%. E sua base de cálculo compreende o total de receitas auferidas no mês pela Pessoa Jurídica, independentemente de sua denotação ou classificação contábil (RIBEIRO, 2013). A legislação tributária considera faturamento a receita bruta. Devem ser excluídos da receita bruta, para fins de determinação de base de cálculo das contribuições, por exemplo: vendas canceladas, descontos incondicionais concedidos, reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, entre outros. Há de se observar também o reconhecimento a valor presente para os ativos de correntes de operações de longo prazo (RIBEIRO, 2013). www.esab.edu.br 81 Em relação ao direito de compensação, há o direito de descontar do montate devido, os valores pagos aos fornecedores de mercadorias e de outros bens e serviços. Para melhor entendimento, vamos exemplificar. Exemplo Suponhamos os seguintes fatos ocorridos em determinada empresa comercial, durante o mês de janeiro de X3, considerando que a empresa está sujeita ao regime não cumulativo de incidência do PIS/PASEP e da COFINS, temos: compra de mercadoria, a prazo, no valor de R$ 40.000,00, com ICMS incidente no montante de R$ 7.200,00; receitas auferidas no mês recebida em dinheiro. Vendas de mercadorias de R$ 100.000,00 e Receita de Aluguéis de R$ 20.000,00 Pede-se: Contabilize os fatos em partidas de diário e considere que a receita de vendas sofre tributação do ICMS (18%), do PIS/PASEP (1,65%) e da COFINS (7,6%) e que a receita de aluguéis sofre incidência do PIS/PASEP (1,65%) e COFINS (7,6%). E não há saldo a recuper nas contas respectivas dos tributos e faça os ajustes nas contas de PIS/PASEP, COFINS e ICMS. Vamos às contabilizações: Em 01/X3 temos o lançamento da compra, com os respectivos créditos. Débito: Estoque de Mercadorias R$ 29.100,00 Débito:ICMS a Recuperar R$ 7.200,00 Débito: PIS/PASEP a Recuperar R$ 660,00 Débito: COFINS a Recuperar R$ 3.040,00 Crédito: Fornecedores R$ 40.000,00 Em 01/X3 temos o lançamento das receitas auferidas no mês. Débito: Caixa R$ 120.000,00 Crédito: Receita de Vendas de Mercadorias R$ 100.000,00 Crédito: Receita de Aluguéis Ativos R$ 20.000,00 Reconhecer o ICMS sobre Vendas de Mercadorias. www.esab.edu.br 82 Débito:ICMS sobre Faturamento Crédito: ICMS a Recolher (100.000 x 18%) R$ 18.000,00 Reconhecer PIS/PASEP sobre as receitas. Débito: PIS/PASEP sobre Faturamento (100.000 x 1,65%) R$ 1.650,00 Débito: PIS/PASEP sobre demais Receitas (20.000 x 1,65%) R$ 330,00 Crédito: PIS/PASEP a Recolher R$ 1.980,00 Reconhecer COFINS sobre as receitas. Débito: COFINS sobre Faturamento (100.000 x 7,6%) R$ 7.600,00 Débito: COFINS sobre demais Receitas (20.000 x 7,6%) R$ 1.520,00 Crédito: COFINS a Recolher R$ 9.120,00 Temos o débito das contas PIS/PASEP e COFINS sobre o faturamento que são contas redutoras da receita bruta de vendas e crédito PIS/PASEP e Cofins a recolher, conta credora do Passivo Circulante. Considerando que não há saldo a recuperar nas contas respectivas dos tributos, vamos a uma visão geral dos saldos para facilitar as contabilizações. ICMS a Recuperar , saldo devedor de R$ 7.200 ICMS a Recolher, saldo credor de R$ 18.000 PIS/PASEP a Recuperar, saldo devedor de R$ 660 PIS/PASEP a Recolher saldo credor de R$ 1.980 COFINS a Recuperar, saldo devedor de R$ 3.040 COFINS a Recolher saldo credor de R$ 9.120 Agora, vamos aos ajustes e para ajustar os saldos dessas contas, basta debitar a conta que tem saldo credor e creditar a que tem saldo devedor, respectivas do mesmo tributo, utilizando o menos dos dois saldos. Débito: ICMS a Recolher Crédito: ICMS a Recuperar R$ 7.200,00 Débito: PIS/PASEP a Recolher Crédito: PIS/PASEP a Recuperar R$ 660,00 www.esab.edu.br 83 Débito: COFINS a Recolher Crédito: COFINS a Recuperar R$ 3.040,00 Após os lançamentos dos ajustes, as contas representativas de direitos relativas aos tributos envolvidos ficarão o seguinte: a conta de ICMS a Recuperar, PIS/PASEP a Recuperar e COFINS a Recuperar ficaram com saldo igual a zero. Já os lançamentos, após os ajustes das contas representativas de obrigações relativas aos tributos envolvidos, tem-se o seguinte: a conta de ICMS a Recolher ficou com saldo credor de R$ 10.800,00, PIS/PASEP a Recolher ficou com saldo credor de R$ 1.320,00 e COFINS a Recolher ficou com saldo credor de R$ 6.080,00. Importante destacar que, caso o saldo devedor permanecesse nas contas PIS/PASEP a Recuperar e COFINS a Recuperar, esse saldo representa um direito das empresas perante o Governo Federal, e ficaria na própria conta de direito (PIS/PASEP e COFINS a Recuperar) para ser compensado no mês seguinte. Essa informação se aplica também ao ICMS a Recuperar e ICMS a Recolher. O regime misto de incidência está previsto nas legislações do PIS/PASEP e da COFINS e estabelecem que em situações em que uma mesma pessoa jurídica pode estar sujeita à incidência não cumulativa em relação a uma parte de suas receitas e a incidência cumulativa em relação a outra parte. Neste caso, o valor dos créditos a serem compensados dos montantes dos tributos devidos serão apurados, exclusivamente, em relação às receitas tributadas pelo regime não cumulativo ou em relação aos cálculos proporcionais dos créditos, de acordo com critérios na legislação do PIS/PASEP e da COFINS (RIBEIRO, 2013). Chegamos ao final desta unidade e aprendemos mais duas contribuições que incidem sobre as vendas, o PIS e a COFINS. Assim, fechamos o conteúdo dos principais tributos que incidem sobre as vendas. Na próxima unidade, vamos estudar o resultado da conta mercadorias. www.esab.edu.br 84 13 Resultado da Conta Mercadorias Objetivo Aprender a apurar o resultado da conta Mercadorias. Na unidade 12, finalizamos a análise dos tributos incidentes sobre as vendas, agora vamos consolidar todo o conhecimento, envolvendo compras, vendas e tributos e assim apurar o resultado da conta Mercadorias. O principal movimento dos fatos administrativos que ocorremem uma empresa comercial, envolve compra e vendas de mercadorias. O resultado dessas transações influi diretamente no destino dessas empresas (RIBEIRO, 2013). Juntamente com a compra e a venda de mercadorias ocorre uma série de outros fatos administrativos, como impostos, juros salários e muitos outros. A empresa possui diversos compromissos fiscais, trabalhistas, previdenciários e outros, além de ter que remunerar o capital investido pelos proprietários. Para fazer face a esses compromissos, a empresa comercial precisa obter lucros em sua atividade principal (RIBEIRO, 2013). Vamos, então, estudar como se apura o resultado da conta Mercadorias (ativo Circulante) por um dos métodos possíveis, dando enfoque ao método da conta desdobrada, que envolve a apuração pelo inventário periódico e o inventário permanente (RIBEIRO, 2013). Por meio do inventário periódico, na contabilidade, teremos pelo menos as seguintes contas: Estoque de Mercadorias (estoque inicial); Compras ou Compras de Mercadorias; Fretes e Seguros sobre Compras; Compras Anuladas; Descontos Incondicionais Obtidos; Vendas ou Vendas de Mercadorias; Vendas Anuladas e Descontos Incondicionais Concedidos. E as contas que registram os tributos (ICMS, PIS E COFINS). Vamos exemplificar para melhor compreensão. www.esab.edu.br 85 Suponhamos que durante o exercício a empresa Politintas Ltda. tenha apresentado movimento nas contas cujos saldos finais foram: Estoque de Mercadorias 50.000 Compra de Mercadorias 170.00 Compras Anuladas 8.000 Vendas de Mercadorias 320.000 Vendas Anuladas 10.000 ICMS sobre Vendas 54.400 PIS sobre Faturamento 2.000 COFINS 6.000 Adotando o sistema de controle de inventário periódico, ou seja, sem o controle de inventário permanente dos estoques para conhecer a quantidade e o valor das mercadorias em estoque no final do exercício, faz-se necessário efetuar uma contagem física das mercadorias existentes. Para isso, vamos levar em consideração que o estoque final, conforme inventário realizado, tenha sido R$ 120.000,00. Vamos então apurar o resultado da conta Mercadorias. Para apurar será necessário utilizar duas fórmulas: 1ª fórmula CMV = EI + (C + FSC – CA- AC -DIO) - EF Sendo, CMV = Custo das Mercadorias Vendidas EI = Estoque Inicial C = Compras de Mercadorias FSC = Fretes e Seguros sobre Compras CA = Compras Anuladas AC = Abatimento sobre Compras DIO = Descontos Incondicionais Obtidos EF = Estoques Finais www.esab.edu.br 86 2ª fórmula RCM = (V – VA – AV – DIC – ICMS – PIS – COFINS) – CMV RCM = Resultado da Conta Mercadorias V = Venda de Mercadorias VA = Vendas Anuladas AV = Abatimento sobre Vendas DIC = Descontos Incondicionais Concedidos ICMS = ICMS sobre Vendas PIS = PIS/PASEP sobre Faturamento COFINS = COFINS sobre Faturamento CMV = Custo das Mercadorias Vendidas (apurado na 1ª fórmula) Agora que conhecemos as fórmulas necessárias, vamos à apuração do resultado da conta Mercadorias: * Cálculo Extra contabilmente Usando as informações da empresa Politintas Ltda., temos, CMV = EI + (C + FSC – CA- AC -DIO) - EF CMV = 50.000 + (170.000 – 8.000) – 120.000 CMV = 92.000 RCM = (V – VA – AV – DIC – ICMS – PIS – COFINS) – CMV RCM = (320.000 – 10.000 – 54.400 – 2.000 – 6.000) – 92.000 RCM = 155.600 Se o RCM for positivo, sendo R$ 155.600,00, logo, corresponde ao lucro bruto, ou seja, o lucro bruto apurado sobre as vendas. * Cálculo contabilmente Agora, vamos estudar a contabilização da apuração do resultado das Mercadorias no livro Razão, pois é uma forma mais didática para apresentar as contabilizações. Destaco que os lançamentos também podem ser feitos pelo livro Diário. www.esab.edu.br 87 Para fins didáticos, vamos reconstituir os razonetes das contas envolvidas: A contabilização da apuração do resultado da conta Mercadorias consiste na elaboração de uma série de lançamentos, por meio dos quais se transfere primeiro todos os saldos das contas que contam na fórmula do CMV para a respectiva conta CMV, nos livros Diário e Razão, simultaneamente, até apurar-se o saldo dessa conta. Da mesma forma, deverá ser utilizado para os saldos das contas que compõem a fórmula do RCM para esta respectiva conta, também simultaneamente no diário e no razonete, até se permita apurar o saldo da referida conta. Logo, se o saldo apurado for credor, corresponderá a lucro e se for devedor, corresponderá a prejuízo. E esse lucro apurado na conta de Mercadorias é o lucro bruto do exercício. Vamos agora aos procedimentos contábeis. 1-Transferência do estoque inicial para a conta CMV: Estoque de Mercadorias Compras e Mercadorias 50.000 170.000 Compras Anuladas Vendas Anuladas 8.000 10.000 Venda de Mercadorias ICMS sobre Vendas 320.000 54.400 PIS sobre Faturamento COFINS 2.000 6.000 CMV RCM www.esab.edu.br 88 Após realizarmos esses quatro lançamentos, concluímos todas as transferências exigidas pela fórmula do CMV e, tendo transferido tais valores para os razonetes, apurando da conta CMV seu respectivo saldo de R$ 92.000,00, temos: Vamos realizar as contabilizações, conforme fórmula do RCM. 5-Transferência do saldo da conta Vendas de Mercadorias para a conta RCM: 6-Transferência do saldo das contas que representam deduções ou abatimentos sobre as vendas para a conta RCM: 7-Transferência do saldo do CMV para a conta RCM: CMV 1 50.000 8.000 3 2 170.000 120.000 4 Soma 220.000 Soma 128.000 S 92.000 Vendas de Mercadoria RCM 5 320.000 320.000 320.000 5 CMV RCM 1 50.000 8.000 3 6 72.400 320.000 5 2 170.000 120.000 4 7 92.000 220.000 128.000 S 92.000 92.000 7 www.esab.edu.br 89 Depois de efetuarmos os 3 lançamentos da fórmula do RCM, temos condições de apurar o saldo da conta RCM pelo razonete. Observe que o respectivo saldo foi credor de R$ 155.600,00, que corresponde ao lucro. Esse resultado da conta Mercadorias será transferido para a conta Resultado do Exercício por ocasião da apuração do resultado líquido. No entanto, para efeito didático, visando melhor fixação desse resultado, podemos transferi-lo para a conta Lucro Bruto ou Lucro sobre Vendas (credor) e se devedor, Prejuízo sobre Vendas. Sendo: Note que após a contabilização das onze contas, do RCM, apenas duas permanecem com saldos: Estoque de Mercadorias, com saldo devedor de R$120.000,00, cujo saldo representa o estoque final existente e, a conta Lucro sobre Vendas, com saldo credor de R$ 155.600,00, representando o lucro apurado na conta Mercadorias. Vale destacar que a conta Estoque de Mercadorias é conta patrimonial, portanto, é conta do Balanço Patrimonial. Já a conta Lucro sobre Vendas é conta de Resultado e será transferida para a conta Resultado do Exercício na apuração do resultado Líquido. Agora vamos estudar o inventário periódico, que conforme vimos, na contabilidade, teremos pelo menos as seguintes contas: Estoque de Mercadorias (estoque inicial); Compras ou Compras de Mercadorias; Fretes e Seguros sobre Compras; Compras Anuladas; Descontos Incondicionais Obtidos; Vendas ou Vendas de Mercadorias; Vendas Anuladas e Descontos Incondicionais Concedidos. E as contas que registram os tributos (ICMS, PIS E COFINS). Vamos exemplificar para melhor compreensão. Suponhamos que durante o exercício a empresa Politintas Ltda. RCM 6 72.400 320.000 5 7 92.000 Soma 164.400 155.600 S RCM Lucro sobre Vendas 6 72.400 320.000 5 155.600 8 7 92.000 164.400 8 155.600 155.600 S www.esab.edu.br 90 apresente movimento nas contas a seguir e seus saldos finais foram: Observe que a conta RCM não possui saldo, pois faremos os lançamentos a partir deste momento. Neste sistema de inventário permanente, já se conhece os estoques atualizados e também o CMV. Para apurar o resultado, basta transferir o CMV para a conta RCM, o valor das vendas e de todas as contasque representam redução da conta de Vendas. * Cálculo Extra contabilmente Usando as informações da empresa Politintas Ltda., temos, RCM = (V – VA – AV – DIC – ICMS – PIS – COFINS) – CMV RCM = (500.000 – 90.000 – 3.000 – 10.000) – 300.000 RCM = 97.000 Se o RCM for positivo, sendo R$ 97.000, logo, corresponde ao lucro bruto, ou seja, o lucro bruto apurado sobre as vendas. * Cálculo contabilmente 1-Transferência do saldo da conta Vendas de Mercadorias para a conta RCM: 2-Transferência do saldo das contas que representam deduções ou abatimentos sobre as vendas para a conta RCM: Vendas de Mercadoria RCM 1 320.000 320.000 320.000 ICMS sobre Vendas PIS sobre Faturamento 90.000 90.000 2 3.000 3.000 2 COFINS RCM 10.000 10.000 2 2 103.000 320.000 1 Estoque de Mercadorias ICMS sobre Vendas 630.000 90.000 CMV Vendas de Mercadoria 300.000 500.000 RCM PIS sobre Faturamento 3.000 COFINS 10.000 www.esab.edu.br 91 3-Transferência do saldo do CMV para a conta RCM: Depois de efetuarmos os 3 lançamentos da fórmula do RCM, temos os valores necessários para apurar o saldo da conta RCM pelo razonete. Observe que o respectivo saldo foi credor de R$ 97.000,00, que corresponde ao lucro bruto. Esse resultado da conta Mercadorias será transferido para a conta Resultado do Exercício por ocasião da apuração do resultado líquido. No entanto, para efeito didático, visando melhor fixação desse resultado, podemos transferi-lo para a conta Lucro Bruto ou Lucro sobre Vendas (credor) e se devedor, Prejuízo sobre Vendas. Sendo: Note que após a contabilização e a respectiva apuração do resultado, o estoque existente, que é representado pelo Estoque de Mercadorias, permanece com o mesmo saldo devedor de R$ 630.000,00, saldo esse anterior à apuração do resultado, uma vez que por este sistema esta conta é atualizada a cada operação efetuada pela empresa, não havendo, então, necessidade de ajuste no momento da apuração do resultado. Vale destacar que as contas CMV, Vendas de Mercadorias, ICMS sobre Vendas, PIS e COFINS foram encerradas, pois tiveram seus saldos transferidos por meio de lançamentos de apuração efetuados para a conta RCM. Que por sua vez, esta conta foi encerrada, pois seu saldo (o resultado) foi transferido para a conta Lucros sobre Vendas. Nesta unidade, aprendemos a apurar o resultado da conta mercadorias e seus respectivos lançamentos. Na próxima unidade, vamos estudar as perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa. RCM 2 103.000 500.000 1 3 300.000 Soma 403.000 97.000 S RCM Lucro sobre Vendas 2 103.000 500.000 5 97.000 4 3 300.000 Soma 403.000 4 97.000 97.000 S CMV RCM 300.000 300.000 3 2 103.000 500.000 1 3 300.000 www.esab.edu.br 92 14 Perdas Estimadas em Créditos de Liquidação Duvidosa Objetivo Aprender a contabilizar e a estimar as Perdas Estimadas para Créditos de Liquidação Duvidosa (PECLD). Na unidade anterior, vimos a apuração do resultado e agora vamos compreender as Perdas Estimadas para Créditos de Liquidação Duvidosa (PECLD) por meio dos autores Gomes, Santos, & Schmidt (2011), Ribeiro (2013) e Iudícibus (2010). A Perda Estimada para Créditos de Liquidação Duvidosa (PECLD) ou perda estimada com devedores duvidosos, é a nova denominação dada à antiga Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa ou Provisão para Devedores Duvidosos. Ela é constituída no encerramento do exercício social, com base nos valores a receber no exercício seguinte derivados das vendas a prazo realizadas no exercício atual, tendo em vista a expectativa com a perda decorrente do não recebimento de parte dos créditos (direitos) por parte dos clientes (IUDÍCIBUS et. al, 2010; RIBEIRO, 2013)). Os direitos sujeitos ao reconhecimento dessa perda são aqueles derivados das vendas a prazo de mercadorias, produtos e serviços, que são contabilizados nas contas Clientes ou Duplicatas a Receber (RIBEIRO, 2013). Por isso, Perda Estimada para Créditos de Liquidação Duvidosa (PECLD) é uma conta redutora do Ativo, que representa valor provisionado no final do exercício social, em contrapartida, debita-se uma conta de despesa ou custo, para que a perda estimada ou efetiva seja devidamente reconhecida no resultado do respectivo exercício (RIBEIRO, 2013). As despesas decorrentes da constituição das perdas estimadas para créditos de liquidação duvidosa são adicionadas no LALUR para a apuração da base de cálculo do Imposto de Renda e Contribuição Social, e deduzidas no exercício em que ocorrer a efetiva perda. Ou seja, o Fisco www.esab.edu.br 93 somente reconhece perdas efetivas, conforme disciplinas contidas nos artigos 340 a 343 do RIR/99 (IUDÍCIBUS et. al, 2010). A constituição das perdas estimadas para créditos de liquidação duvidosa vai ao encontro do alinhamento das Normas Brasileiras de Contabilidade com as Normas Internacionais de Contabilidade nas NBCs TGs e também com a Lei nº 6.404/1976. Essa Lei, no seu art. 183, inciso I, letra b, estabelece que no Balanço, a conta Clientes ou Duplicatas a Receber, deve ser apresentado no Ativo Circulante ou Realizável a Longo Prazo, pelo seu valor original, ajustado ao valor provável de realização, quando este for inferior. O conceito das PECLD é compatível com a estimativa de valor recuperável de Ativos em termos de benefícios econômicos futuros, ou seja, o valor contábil de um Ativo não pode estar registrado no Balanço Patrimonial por um valor superior àquilo que a entidade espera recuperar com o uso do Ativo (IUDÍCIBUS et. al, 2010). Por isso, quando um ativo estiver registrado no Balanço por valor excedente ao seu valor de recuperação, esse ativo é caracterizado como sujeito ao reconhecimento das perdas estimadas (RIBEIRO, 2013). Em suma, a perda é reconhecida, mediante débito em conta de despesa e crédito em uma conta redutora do Ativo, o que permite que esse direito figure pelo seu valor recuperável, isto é, pelo custo ou valor original, menos a perda devidamente provisionada. Em relação à apuração da PECLD, observa-se que de acordo com as normas internacionais de contabilidade IFRS, a empresa somente poderá reconhecer perda em ativo financeiro, quando existir evidência objetiva de que esse ativo financeiro está sujeito a essa perda, conforme NBC TG 38. Vamos ao exemplo prático para melhor compreensão e para isso será definido um percentual, para facilitar os estudos: Suponhamos que a empresa Castelo Ltda. ao final do exercício de X1, possuía um saldo da conta Clientes de uma empresa X igual a R$ 100.000,00. E que após estudos fundamentados nas regras contidas na NBC TG 38, tenham indicado que o montante de perdas a ser reconhecido seja de R$ 1.500,00. www.esab.edu.br 94 Primeiro, será contabilizado a perda. A perda é reconhecida como despesa, esta conta debitada compõe o grupo de Despesa de Vendas, que juntamente com o saldo das demais contas de despesa do período, será transferido para a conta de Resultado do Exercício no momento da apuração do resultado. Em contrapartida, será creditada a conta PECLD, conta patrimonial que registra o valor do provisionamento para cobrir os possíveis não recebimentos dos créditos durante o exercício. Essa conta figurará dentro do Balanço Patrimonial, no Ativo Circulante como redutora da conta Clientes. Seu lançamento no livro diário será: Débito: Despesas com Perdas Estimadas para Créditos de Liquidação Duvidosa (PECLD) Crédito: Perdas Estimadas para Créditos de Liquidação Duvidosa (PECLD) R$ 1.500,00 Segundo, quanto à baixa dos direitos considerados incobráveis, temos duas situações. Primeiro Caso: temos que o provisionamento da Perda foi suficiente. E recomenda-se que a baixa de uma duplicata como incobrável somente seja efetuada, depois que a empresa esgotar todos os recursos necessários à sua cobrança. Esses recursospodem ser diversos, sendo: telefonemas, envio de telegramas, cartas, além de outros procedimentos, culminado com o protesto do título em cartório. Vamos exemplificar: Suponhamos que, agora, em abril de X2, depois de esgotados todos os recursos disponíveis para a cobrança, considerou-se incobrável uma duplicata no valor de R$ 500,00. Para regularizar, basta realizar o seguinte lançamento no livro diário: Débito: Perdas Estimadas para Créditos de Liquidação Duvidosa (PECLD) Crédito: Clientes R$ 500,00 Segundo Caso: temos que o provisionamento da Perda foi insuficiente. Reconhecemos a baixa na conta Clientes no valor total da duplicata considerada incobrável e da conta PECLD até o limite provisionado, e a diferença será levada a débito de uma conta de Despesa Operacional normal nesta data. Suponhamos que, agora, em maio de X2, depois de esgotados todos os recursos disponíveis para a cobrança, considerou-se incobrável uma www.esab.edu.br 95 duplicata no valor de R$ 1.000,00. As perdas estimadas, cujo saldo da conta que as registram, é de R$ 800,00, torna-se insuficiente. Para regularizar, basta realizar o seguinte lançamento no livro diário: Débito: Perdas Estimadas para Créditos de Liquidação Duvidosa (PECLD) R$ 800,00 Débito: Perdas com Clientes R$ 200,00 Crédito: Clientes R$ 1.000 Terceiro caso: quanto ao reconhecimento de novas perdas. Isso irá ocorrer no final do exercício de X2, como ocorre no final de cada exercício social, onde a empresa deverá proceder os cálculos e os levantamentos para definir o montante a ser provisionado e, consequentemente, a ser reconhecido como perda do período. Para tanto, será preciso verificar se existe ou não saldo remanescente na conta PECLD. Assim, temos então duas situações: Primeiro Caso, é quando não há saldo remanescente na conta PECLD. Logo, o procedimento será como já explicado, ou seja, reconhece-se a perda do montante levantado, e debita a conta de despesa e credita a conta redutora da conta Clientes, a PECLD. No Segundo Caso, temos que se houver saldo remanescente na conta PECLD, derivado do exercício anterior, e não utilizado totalmente, para a contabilização do novo provisionamento, pode-se adotar uma das seguintes opções: a) deve-se complementar o saldo existente pelo método de complementação, ou b) deve-se reverter o saldo remanescente e contabilizar o novo provisionamento pelo método da reversão. Vamos ver cada um dos métodos de forma exemplificada. a) Método da Complementação Este método consiste em complementar o saldo existente na conta PECLD, saldo remanescente do exercício anterior, para que se atinja o novo montante provisionado. Vamos supor que em 31/12/X3, tenhamos as seguintes informações: Total a ser provisionado R$ 2.500,00 Saldo remanescente na conta PECLD R$ 2.000,00 Valor a Complementar R$ 500,00 www.esab.edu.br 96 A contabilização no livro diário será: Débito: Despesas com Perdas Estimadas para Créditos de Liquidação Duvidosa (PECLD) Crédito: Perdas Estimadas para Créditos de Liquidação Duvidosa (PECLD) R$ 500,00 b)Método da Reversão Este método consiste em contabilizar o novo provisionamento, para isso, antes deve-se reverter o saldo existente na conta PECLD, provisionado no exercício anterior e não utilizado totalmente, para uma conta de receita ou diretamente para a conta de Resultado do Exercício. Após a reversão, o saldo da conta PECLD ficará zerado e em seguida, faz-se a contabilização do novo provisionamento. Vamos supor que em 31/12/X3, tenhamos as seguintes informações: Total a ser provisionado R$ 2.500,00 Saldo remanescente na conta PECLD R$ 1.000,00 A reversão do saldo remanescente no livro diário. Débito: Perdas Estimadas para Créditos de Liquidação Duvidosa (PECLD) Crédito: Resultado do Exercício R$ 1.000,00 Logo, a conta PECLD fica com saldo zero. E a conta Resultado do Exercício apresenta um crédito de R$ 1.000,00, receita do exercício de X3 provisionada no exercício anterior e não utilizado. Após a reversão, basta contabilizar o novo provisionamento pelo seu valor total. Débito: Despesas com Perdas Estimadas para Créditos de Liquidação Duvidosa (PECLD) Crédito: Perdas Estimadas para Créditos de Liquidação Duvidosa (PECLD) R$ 2.500,00 Assim, finalizamos mais uma unidade, e aprendemos sobre as Perdas Estimadas para Créditos de Liquidação Duvidosa (PECLD, suas contabilizações e métodos de reconhecimento. Na próxima unidade, vamos estudar sobre importação de mercadorias. www.esab.edu.br 97 15 Importação de Mercadorias Objetivo Compreender a operação de importação de mercadorias pelas empresas. Na unidade 14, estudamos sobre as Perdas Estimadas para Créditos de Liquidação Duvidosa e seus métodos. Nesta unidade, vamos estudar sobre as importações de mercadorias e como é feito todo o processo. O processo de importação de mercadorias é a operação na qual uma empresa sediada no país adquire mercadorias de empresas localizadas em outros países. As importações envolvem uma série de atividades, como a contratação de serviços de terceiros, fretes multimodais, financiamentos, peculiaridades em termos tributários, entre outros (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). Por isso, deve compor o custo das mercadorias vendidas toda despesa necessária para colocar a mercadoria no estabelecimento do comprador, e é imprescindível a utilização de uma conta transitória para abrigar todas essas despesas, até que a mercadoria esteja à disposição dos clientes na empresa. Essa conta normalmente é denominada importações em andamento (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). É normal as empresas utilizarem os serviços de despachantes aduaneiros para desembaraçar as mercadorias importadas; os custos desses honorários também devem integrar o custo da aquisição das mercadorias. Quando a empresa contrata um despachante aduaneiro, ele cobra um adiantamento da empresa que inclui normalmente os impostos incidentes sobre a operação, tais como II, IPI e ICMS, além das despesas aduaneiras inerentes ao processo de importação (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). Esse adiantamento é classificado no Ativo Circulante. Vamos exemplificar para melhor compreensão: Vamos supor que determinada empresa importe 100 unidades de mercadoria X de outro país para revenda no valor de US$ 5.000, e que o valor do dólar comercial na data da compra seja R$ 3,30 e o vencimento da duplicata em 60 dias. O registro contábil da compra será: Débito: Estoque – Importações em Andamento (US$5.000 x R$ 3,30) www.esab.edu.br 98 Crédito: Fornecedores estrangeiros R$16.500,00 Adicionalmente, vamos supor que a empresa tenha contratado frete marítimo para o transporte da mercadoria, pago à vista em dinheiro no valor de R$ 2.355,00, o registro contábil dessa operação será: Débito: Estoque – Importações em Andamento Crédito: Caixa R$ 2.355,00 Além disso, foi feito a contratação do despachante aduaneiro, e este cobra um adiantamento da empresa que inclui normalmente os impostos incidentes sobre a operação, tais como II, IPI e ICMS, além das despesas aduaneiras. Supondo que o despachante cobre um adiantamento de $ 10.000, pago à vista em cheque, o registro contábil do adiantamento concedido ao despachante será: Débito: Adiantamento concedido ao despachante aduaneiro Crédito: Bancos R$ 10.000,00 Posteriormente, há a prestação de contas pelo despachante aduaneiro. Suponha-se que seja apresentada uma fatura no valor de R$ 11.000,00, composta dos seguintes itens: *despesas aduaneiras: R$ 500,00; *imposto de importação (20%): R$ 3.400,00 ((16.500 + 500) × 20%); *IPI (10%): R$ 2.040,00 ((16.500 + 500 + 3.400) × 10%); *ICMS (17%): R$ 3.815,00 ((16.500 + 500 + 3.400 + 2.040) × 17%); *Frete rodoviário: R$ 245,00; *Honorários do despachante: R$ 1.000,00. Com base nessa hipótese, o registro contábil dessa prestação de contas, supondo-se ainda que a diferença de $ 1.000 (11.000 – 10.000) é paga à vista em cheque, será feito o registro da faturado despachante aduaneiro: Débito: Estoque – Importações em Andamento R$ 5.145,00 Débito: IPI a Recuperar R$ 2.040,00 Débito: ICMS a Recuperar R$ 3.815,00, Crédito: Adiantamento concedido ao despachante aduaneiro R$ 10.000,00 Crédito: Bancos R$ 1.000,00 Observe que o valor de R$ 5.145,00, registrado na conta de importações em andamento, refere-se a despesas aduaneiras de R$ 500, imposto de importação que não poderá ser recuperado de R$ 3.400, frete www.esab.edu.br 99 rodoviário de R$ 245 e honorários do despachante aduaneiro de R$ 1.000,00. Após o recebimento das mercadorias, o saldo da conta importações em andamento é transferido para a conta Estoque – Importações, seu registro contábil será: Débito: Estoque – Importações Crédito – Importações em andamento (16.500,00 + 5.145,00 + 2.355,00 ) R$ 24.000,00 Quando ocorre o pagamento ao fornecedor estrangeiro, vamos supor que na data do vencimento o dólar comercial estivesse cotado em R$ 3,50, o registro contábil do pagamento do fornecedor em cheque no valor de R$ 17.500,00 (5.000,00 x 3,50), será contabilizado: Débito: Fornecedores estrangeiros R$ 16.500,00 Débito: Variação Cambial Passiva R$ 1.000,00 Crédito: Bancos R$ 17.500,00 Caso o dólar comercial estivesse cotado num valor abaixo do valor do dia da compra, a variação deveria ser um crédito na conta Variação Cambial Ativa. Finalizamos a nossa unidade 15 e vimos como é feito o processo de importação das empresas e que isso ocorre quando uma empresa sediada no país adquire mercadorias de empresas localizadas em outros países. Destaco que pode haver a incidência das Contribuições PIS e COFINS sobre a importação também. Na próxima unidade, vamos estudar o processo de exportação de mercadorias. www.esab.edu.br 100 Resumo Na unidade 11, estudamos sobre a incidência sobre venda dos tributos IPI e ISS e sua relação com o ICMS. Vimos que em uma compra de mercadorias pode haver incidência do ICMS e do IPI. Esse fato é mais comum em empresas industriais e o tratamento dado a esses impostos dependerá da operação subsequente, ou seja, se na venda dessas mercadorias houver incidência de ambos os tributos, esses deverão ser excluídos do custo de aquisição da mercadoria. Na unidade 12, estudamos sobre a incidência sobre venda dos tributos PIS e COFINS. Vimos que existem dois regimes de incidência dessas contribuições: Cumulativo e não cumulativo. E que as alíquotas de incidência são diferentes, sendo que no regime cumulativo a alíquota para as contribuições PIS/PASEP é de 0,65% e para COFINS é 3,0%. No regime não cumulativo, a alíquota para as contribuições PIS/PASEP é de 1,65% e para COFINS é 7,6%. Na unidade 13, aprendemos sobre como apurar o resultado da conta Mercadorias. E que juntamente com a compra e a venda de mercadorias, ocorre uma série de outros fatos administrativos, como impostos, juros salários e muitos outros. E que a apuração do resultado da conta Mercadorias pode ser pelo método da conta desdobrada, que envolve a apuração pelo inventário periódico e o inventário permanente. A contabilização da apuração do resultado da conta Mercadorias consiste na elaboração de uma série de lançamentos, por meio dos quais se transfere primeiro todos os saldos das contas que contam na fórmula do CMV para a respectiva conta CMV, nos livros Diário e Razão simultaneamente, até apurar-se o saldo dessa conta. Da mesma forma, deverá ser utilizado para os saldos das contas que compõem a fórmula do RCM para esta respectiva conta, também simultaneamente no diário e no razonete, até que se permita apurar o saldo da referida conta. Na unidade 14, aprendemos a contabilizar e a estimar as Perdas Estimadas para Créditos de Liquidação Duvidosa (PECLD). Ela é constituída no encerramento do exercício social, com base nos valores a www.esab.edu.br 101 receber no exercício seguinte derivados das vendas a prazo realizadas no exercício atual, tendo em vista a expectativa com a perda decorrente do não recebimento de parte dos créditos (direitos) por parte dos clientes. Por fim, na unidade 16, compreendemos a operação de importação de mercadorias pelas empresas. Esse processo de importação de mercadorias é a operação na qual uma empresa sediada no país adquire mercadorias de empresas localizadas em outros países. As importações envolvem uma série de atividades, como a contratação de serviços de terceiros, fretes multimodais, financiamentos, peculiaridades em termos tributários, entre outros. www.esab.edu.br 102 16 Exportação de Mercadorias Objetivo Compreender a operação de exportação de mercadorias pelas empresas. Vimos, na unidade 15, a operação de importação de mercadorias e todas as contabilizações necessárias. Agora, vamos estudar a operação de exportação de mercadorias pelas empresas e conhecer as atividades que estão envolvidas. O processo de exportação de mercadorias é a operação na qual uma empresa sediada no país revende mercadorias para empresas localizadas em outros países. As exportações envolvem uma série de atividades, como contratação de serviços de terceiros, fretes multimodais, financiamentos, peculiaridades em termos tributários, entre outros (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). As operações de exportações de mercadorias são intermediadas por instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central a operar câmbio. Essa instituição financeira, mediante a assinatura de um contrato de câmbio, receberá o pagamento em moeda estrangeira, em moeda do país de origem, e repassará ao exportador o valor convertido em moeda nacional (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). Com isso, as exportações de mercadorias realizadas em moeda estrangeira gera a necessidade de conversão em moeda nacional, pela cotação cambial da data do embarque no caso da contratação sob condição FOB, ou na data de sua entrega ao destinatário no caso de contratação sob condição CIF. Entretanto, se houver variação cambial entre a data da emissão da nota fiscal e o embarque (FOB) ou a entrega (CIF), deverá ser emitida uma nota complementar dessa diferença e registrada como receita de vendas-exportações (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). Já os tributos, a maioria das operações de exportações é imune ou isenta de tributação. Apesar disso, caso haja incidência do imposto, este deve ser registrado no momento em que é reconhecida a receita (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). www.esab.edu.br 103 De modo geral as empresas utilizam os serviços de representantes comerciais no exterior, pagando-lhes uma comissão, essa comissão deve ser considerada como despesas de vendas. Cabe destacar que a Constituição Federal /1988 apresenta que o tratamento fiscal das exportações brasileiras segue a prática mundial e busca a desoneração dos tributos indiretos sobre as exportações. Dessa forma, a Constituição Federal de 1988 definiu que não incidem sobre as exportações brasileiras o IPI (art. 153, §3º, III), o ICMS (art. 155, §2º, X, “a”) e as Contribuições Sociais e de Intervenção no Domínio Econômico, tais como o Programa de Integração Social e o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público - PIS/PASEP e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS (art. 149, §2º, I). Além de não incidirem sobre o faturamento das exportações, o exportador mantém o direito ao crédito gerado pela incidência desses tributos sobre a aquisição dos insumos empregados nos produtos exportados. Assim, os valores correspondentes a esses tributos não devem compor o preço do produto final exportado. Vamos exemplificar para melhor compreensão: Vamos supor que determinada empresa exporta por US$ 5.000 uma quantidade de 100 unidades do produto Z, cujo custo é de R$ 6.000,00. Como o valor do dólar comercial na data da emissão da nota fiscal e entrega no Porto era de R$ 3,30 e o vencimento da duplicata era de 60 dias, no sistema de inventário permanente o registro contábil da venda será: Débito: Clientes – estrangeirosCrédito: Receita de Vendas – exterior R$ 16.500,00 Débito: CMV Crédito: Estoque R$ 6.000,00 Quando for adotado para o controle de estoques o inventário periódico, a baixa dos estoques e o registro do respectivo custo das mercadorias vendidas se darão quando do levantamento do inventário de mercadorias no final do mês, sendo o registro contábil: Débito: Clientes – estrangeiros Crédito: Receita de Vendas – exterior R$ 16.500,00 www.esab.edu.br 104 Vamos supor que a empresa utilize um representante de vendas no exterior e que o mesmo receba uma comissão de 5% sobre as vendas, o valor da apropriação das comissões a serem pagas a prazo será de R$ 825 (16.500 × 5%) e o registro contábil será: Débito: Despesa com comissões – Exterior Crédito a pagar – exterior R$ 825,00 Já na data do embarque da mercadoria, na hipótese de ocorrer variação cambial em relação à cotação da moeda estrangeira na data da emissão da nota fiscal, o registro contábil, tanto no sistema de inventário permanente, quanto no periódico, supondo que a cotação do dólar seja de R$ 3,60, quando da emissão de uma nota fiscal complementar de venda pela empresa no valor de R$ 1.500,00 (US$ 5.000 x R$ 3,60 = 18.000,00 – 16.500 = 1.500,00) o registro contábil será: Débito: Clientes – estrangeiros Crédito: Receita de Vendas – exterior R$ 1.500,00 Com isso, deve ser reajustado também o valor da comissão do representante comercial de forma análoga à da receita, ou seja, a variação ocorrida, gerando então um complemento na apropriação das despesas com comissões da ordem de $ 75 (1.500 × 5%), que será registrado contabilmente a complementação da comissão do representante comercial: Débito: Despesas com comissões – exterior Crédito: Comissões a pagar – exterior R$ 75,00 Quando ocorrer o recebimento, na data do vencimento da duplicata, supondo-se que a cotação do dólar seja de R$ 4,00, o valor da atualização monetária do crédito no valor de R$ 2.000 ((5.000 × 4,00) – 18.000) será registrado contabilmente a atualização monetária do crédito: Débito: Clientes – estrangeiros Crédito: Variação cambial ativa R$ 2.000,00 www.esab.edu.br 105 Com essa cotação do dólar, deve-se realizar a atualização monetária das comissões a pagar, nessa hipótese, será de ($5.000 x 4,00 = 20.000 – 18.000) R$ 2.000 x 5% = 100,00. A contabilização será registrada: Débito: Variação cambial passiva Crédito: Comissões a pagar – exterior R$ 100,00 Quando o valor do crédito é depositado junto à instituição financeira, será registrado contabilmente assim: Débito: Bancos Crédito: Clientes – estrangeiros R$ 20.000,00 Finalmente, será pago a comissão do representante comercial, realizado por meio de cheque, o registro contábil assim: Débito: Comissões a pagar – exterior Crédito: Bancos R$ 1.000,00 Estudos Complementar Realizar o estudo do Decreto nº 6.759/2009 que regulamenta a administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior. Link para consulta, clique aqui! Chegamos, assim, a mais uma unidade concluída e compreendemos a respeito das operações de exportação e seus elementos envolvidos. Na próxima unidade, vamos estudar a respeito das operações com pessoal e a folha de pagamentos de salários, que é onde estão relacionados os nomes dos empregados com cargo, a função e o valor bruto dos salários, entre outros. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6759.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6759.htm www.esab.edu.br 106 17 Operações com Pessoal – Folha de pagamentos Objetivo Registrar as operações referentes à folha de pagamentos. Na unidade anterior, aprendemos sobre a operação de exportação e suas não incidências de tributos. Nessa unidade, vamos aprender sobre a folha de pagamento e suas operações com base nos autores, Gomes, Santos e Schmidt, 2011 e Ribeiro, 2013, em que a empresa é obrigada a preparar a folha de pagamento da remuneração paga a todos os envolvidos a seu serviço. A folha de pagamento de salário é o documento no qual apresenta a relação dos empregados por nomes, com seu respectivo cargo, a função ou o serviço prestado, o valor bruto dos salários, os descontos, o valor do salário família e o valor líquido que cada empregado tem a receber (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011; RIBEIRO, 2013). Oficialmente, não existe um modelo padrão, mas sua emissão é obrigatória para efeito de fiscalização trabalhista e previdenciária. Desse modo, as empresas preparam mensalmente a folha de pagamento de salário, inserindo nelas as informações de seu interesse e as exigidas por lei. E também as informações do montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos (RIBEIRO, 2013). Deverá ser lançado, mensalmente, na folha de pagamento todos os créditos a que o empregado faz juz, em razão da prestação de serviços. Independente da complexidade da folha, por mais simples que seja, ela tem de apresentar pelo menos os seguintes dados (RIBEIRO, 2013): a) Valor bruto da folha (total dos salários ganhos pelos empregados); b) Contribuição de previdência retida dos empregados; c) Valor líquido que os empregados terão para receber (a – b) Além da despesa total com salários brutos dos empregados, a empresa deverá suportar encargos sociais como: INSS da parte patronal, Fundo de Garantia por tempo de serviço - FGTS, entre outros (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). www.esab.edu.br 107 Quanto à contabilização da folha de pagamentos, primeiro temos que compreender que os empregados recebem seus salários sempre no mês seguinte ao mês trabalhado. Ou seja, as empresas efetuarão o pagamento das despesas com salários relativos à folha de pagamento, sempre no mês seguinte ao da ocorrência dos seus fatos geradores (RIBEIRO, 2013). Entretanto, o princípio da competência precisa ser atendido, assim as despesas e as receitas devem ser contabilizadas no momento da ocorrência de seus fatos geradores (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011; RIBEIRO, 2013). Em vista disso, a contabilização da folha é realizada em duas etapas: 1º – No último dia do mês, após efetuar os cálculos e elaborar a folha de pagamentos de salários, a empresa efetuará a contabilização, por meio da apropriação da despesa incorridas no mês e em contrapartida, o registro de suas respectivas obrigações. 2º - no mês seguinte, são efetuados os lançamentos da liquidação da folha, o que corresponde ao pagamento do líquido dos empregados, bem como deve efetuar o recolhimento da contribuição previdenciária, FGTS e IRRF, entre outros, mediante preenchimentos das guias correspondentes. Vamos a uma exemplificação da contabilização da folha de pagamentos da empresa Comercial Venezuela Ltda. para melhor compreensão. 1ª etapa: considerando o último dia do mês de outubro/X1 1) Realiza-se a apropriação das despesas com salários, cuja conta é um débito na conta de Despesa Operacional, mas também poderá integrar o grupo das Despesas com as Vendas ou Administrativas, dependendo da área de atuação dos respectivos empregados. Ficando assim, apropriadas no mês de outubro/X1 as despesas de salários (valor da folha bruta) e o crédito a ser pago no mês seguinte, contabilizando-se então: Débito: Salários Crédito: Salários a pagar R$ 1.000,00 2) Quanto aos registros dos descontos, temos a conta dos salários a pagar que terá seu saldo reduzido de R$ 90,00, passando a representar o valor líquido que os empregados terão para receber. Em contrapartida, crédito na conta de Contribuições de previdência recolher, do Passivo www.esab.edu.br 108 Circulante, que representa a obrigação que a empresa terá que recolher, referente à contribuição dos empregados para com a Previdência Social, uma vez que esse valor foi retirado de seus salários. Débito: Salários a pagar Crédito: Contribuições de previdência recolher R$ 90,00 Na apropriação dos encargos sociais, tem-se que na própria folhade pagamentos de salários, que poderão constar os encargos patronais relativos à Previdência Social e ao FGTS. 3) A Contribuição de Previdência Patronal, que compete à empresa recolher, é composta por duas partes, uma destinada à própria Previdência Social e a outra para terceiros, por meio de um percentual, que vamos estudar mais à frente a sua composição, sobre a folha de pagamentos. Sendo o cálculo: Contribuição da previdência patronal = % de Contribuição x folha de pagamentos Contribuição da previdência patronal = 26,8% x R$ 1.000,00 = R$ 268,00 Observe que a conta debitada, Contribuições da Previdência, é conta de Despesa Operacional ou poderá figurar em Despesas com as Vendas ou Administrativas, dependendo da área de atuação do empregado. Apropriando seu encargo dentro do mês de competência. E o crédito Contribuições de Previdência a Recolher, no Passivo Circulante, já utilizada anteriormente na contribuição retirada do salário dos empregados. Sua contabilização será: Débito: Contribuições da Previdência Crédito: Contribuições de Previdência a Recolher R$ 268,00 3.1) Na apropriação do FGTS, temos que a contribuição para o FGTS também segue a mesma sistemática de ser alocada de acordo com a área de atuação do empregado e sua composição é por meio da alíquota de 8% sobre a folha de pagamento do mês, e o FGTS a Recolher, conta do Passivo Circulante, representa a obrigação que a empresa www.esab.edu.br 109 terá que depositar o referido valor, no mês seguinte, em conta corrente bancária vinculada ao nome de cada empregado. Então temos: FGTS = 8% x Folha de pagamentos FGTS = 8% x R$ 1.000,00 = R$ 80,00 Sua contabilização será: Débito: Contribuições para FGTS Crédito: FGTS a Recolher R$ 80,00 Cabe ressaltar que poderia ser utilizado em substituição às contas de despesas Contribuições de Previdência e Contribuições para FGTS, a utilização de uma só conta, de título de Encargos Sociais. 2ª etapa: Contabilização no mês seguinte ao da apropriação: 4) Quanto à liquidação da folha de pagamento no mês seguinte, será feito o pagamento do líquido aos empregados e o recolhimento das demais obrigações. Quando ocorre o pagamento dos empregados em dinheiro, temos o seguinte lançamento: Débito: Salários a pagar Crédito: Caixa R$ 910,00 5) No recolhimento das demais obrigações, conforme a folha, temos os seguintes lançamentos: Débito: Contribuições de Previdência Recolher R$ 358,00 Débito: FGTS a Recolher R$ 80,00 Crédito: Caixa R$ 438,00 Logo, seriam esses os lançamentos necessários à apropriação da folha de pagamento, dentro do mês de competência, e seu respectivo pagamento no mês seguinte. A posição dos razonetes envolvidos após esses lançamentos. Salários Salários a Pagar 1 1.000 2 90 1.000 1 4 910 Cont. Previd. a recolher Contribuições de Previdência 90 2 3 268 268 3 5 358 Contribuições para o FGTS FGTS a Recolher 3.1 80 5 80 80 3.1 Caixa 910 4 438 5 www.esab.edu.br 110 Perceba que permanecem abertas, com saldo, as contas que registram as despesas da empresa: Contribuições de Previdência, Contribuições para o FGTS e Salários. Essas contam serão encerradas somente no final do exercício, quando seus saldos forem transferidos para a conta Resultado do Exercício. Chegamos ao final de mais uma unidade e aprendemos o conceito de folha de pagamento de salários e os lançamentos próprios da contabilidade, os seus fatos geradores das contribuições, contribuições da empresa e totais recolhidos. www.esab.edu.br 111 18 Folha de pagamentos – Vantagens com salário e hora extra e Compensações Objetivo Identificar e definir as principais vantagens com salários e compensações. Vimos, na unidade anterior, a parte inicial da folha de pagamento, no qual conhecemos o rendimento bruto, a retenção para a Previdência Social e os encargos sociais mais comuns. Nesta unidade, estudaremos os principais eventos que ocorrem na folha de pagamento envolvendo os salários e as suas devidas compensações, com base nos autores Gomes, Santos e Schmidt (2011). A jornada de trabalho é o tempo em que o empregado permanece à disposição de seu empregador, cumprindo ou aguardando ordens. Mesmo que o empregado não esteja fazendo algo no local de trabalho, teremos que computar essas horas como jornada de trabalho. É que, nesse caso, o empregado ficou privado de retirar-se do local e cuidar de seus interesses particulares, logo, mesmo que não tenha serviço algum, ainda assim o empregado não pode ser prejudicado e o empregador deve contar esse horário como de trabalho efetivo (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). Em relação ao tempo da jornada de trabalho, sua previsão legal está na Constituição Federal, em seu art. 7º, XIII, e estabelece uma jornada máxima de oito horas diárias e 44 horas semanais de trabalho, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. Ou seja, são 220 horas por mês (carga máxima), essa seria a jornada máxima permitida (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). Entretanto, a duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas suplementares, mas não excedente a duas, mediante acordo por escrito entre o empregador e o empregado, ou mediante contrato ou acordo coletivo de trabalho, conforme dispõe o art. 59 da CLT (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). www.esab.edu.br 112 Pela jornada de trabalho, o empregado recebe do empregador uma remuneração, que é sinônimo de salário, de acordo com a CLT em seu art. 457, e dispõe que integram a remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber; logo, a remuneração é composta por adicionais noturnos, mais horas extras, prêmios, enfim, complementos salariais pagos com habitualidade (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011; RIBEIRO, 2013). Assim, pode-se definir salário como a parte fixa da remuneração, recebida pelo empregado em contrapartida de sua prestação de serviço ao empregador, sendo inadmissível sua redução, conforme dispõe o art. 7º, VI, da Constituição Federal/1988, exceto se disposto em convenção ou acordo coletivo. O pagamento do salário é realizado diretamente pelo empregador para o empregado, como retribuição por seu trabalho. Ele pode ser pago mensal, quinzenal, semanal ou diariamente, por peça ou tarefa. Ainda com base na CLT em seu art. 457, integram-se ao salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagem que não excedam 50% do salário e abonos pagos pelo empregador. Por qualquer que seja a modalidade de trabalho, o pagamento do salário não deve ser estipulado por período superior a um mês. No ato contratual, estabelece-se a forma de pagamento. Quando o pagamento é mensal, deve-se efetuá-lo o mais tardar até o quinto dia útil do mês subsequente ao vencido (art. 459, § 1º, da CLT). A hora extra é a remuneração paga aos empregados pela prestação de serviços extraordinários, excedentes à jornada normal de trabalho diário. Nesse caso, a empresa deve remunerar as horas extras com um acréscimo de pelo menos 50% sobre o valor da hora normal. No caso de haver horas extras ordinárias em domingos e feriados, o acréscimo será de 100% sobre a hora normal (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). O art. 59 da CLT, dispõe que a duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas suplementares. As horas extras ocorrem por excesso de atividades na empresa, e os empregados permanecem além de seu horário normal. Essas horas extras não podem ultrapassar o limite de www.esab.edu.br 113 duas por dia, mediante acordo escrito entre empregador e empregado, ou mediante contrato coletivo de trabalho. Em função disso, as horas extras habituais integram a remuneração dos empregados para todos os fins, inclusiveDescansos Semanais Remunerados (DSRs) e FGTS. Para calcular o valor das horas extras, é preciso observar o que a Convenção Coletiva de Trabalho da categoria em questão estipula a respeito da remuneração das horas extras ou extraordinárias. Em função disso, as horas extras habituais integram a remuneração dos empregados para todos os fins, inclusive Descansos Semanais Remunerados (DSRs) e FGTS. Para calcular o valor das horas extras, é preciso observar o que a Convenção Coletiva de Trabalho da categoria em questão estipula a respeito da remuneração das horas extras ou extraordinárias. Para melhor compreensão, vamos exemplificar o registro contábil das despesas com horas extras de determinada empresa, com base nos dados de sua folha de pagamento a ser paga no mês seguinte, perfazendo um valor de R$ 500,00, seria: Débito: Despesas com hora extra Crédito: Salários a Pagar R$ 500,00 Assim, podemos perceber que o registro contábil das horas extras é bastante simples. Mas vamos então aprender a realizar o cálculo dessa hora extra. Vamos supor que um funcionário de determinada empresa receba a remuneração de R$ 400,00 mensalmente e que a convenção coletiva de sua categoria, estipule para as duas primeiras horas extras a remuneração de 50% sobre o valor da hora normal e 100% as seguintes. Assim, primeiro temos que descobrir o valor da hora normal, para tanto divide-se o valor do salário mensal pelo número de horas trabalhadas no mês (220 horas), logo temos: Valor da hora normal = Salário/ 220h Valor da hora normal = R$ 400,00 / 220 = R$ 1,82 Para calcular a hora extra então: Hora Extra = Valor da hora normal x 50% Hora Extra = 1,82 x 50% = R$ 0,91 www.esab.edu.br 114 O valor então da hora extra remunerada em 50%, acima da hora normal, será a hora normal mais a hora extra, será: 1,82 + 0,91 = 2,73. De tal modo, para obter o valor das horas extras de determinado período, deve- se multiplicar o valor de uma hora extra pelo número de horas extras realizadas no período. O cálculo da hora extra remunerada a 100% acima da normal, sua apuração é da mesma forma que a da hora extra de 50%, o que altera é apenas o percentual, que passa a ser 100%. E para integrar as horas extras no repouso semanal e feriado, temos a legalidade na Lei nº 605/49, art. 7º, alínea b, com redação dada pela Lei nº 7.415/1985, diz que o cálculo do repouso semanal remunerado, as horas extraordinárias habitualmente prestadas. Vamos supor que o empregado que percebe mensalmente um salário de R$ 400,00, faça em determinado mês 80 horas extras. E para obter o valor das horas extras sobre o descanso semanal remunerado, deve-se dividir o valor de horas extras total do período, R$ 218,40 (R$ 2,73 x 80), pelo número de dias úteis do mês, por exemplo, 24 dias e em seguida, multiplica-se esse valor pela quantidade de domingos e feriados do mês, 6 dias por exemplo. Dessa forma, apura-se o valor do repouso remunerado sobre as horas extras, de R$ 54,60 (218,40 / 24 x 6). Em suma, o cálculo: Valor da hora normal = R$ 400,00 / 220 = R$ 1,82 +(50% x 1,82) = 2,73 Total das horas extras = 2,73 x 80 =218,40 Valor do Repouso remunerado sobre horas extras = 218,40/ 24 x 6 = R$ 54,60 Essas horas extras também podem ser compensadas, conforme acordo de compensação que é o instrumento escrito firmado pelo empregador e empregado, visando ao acréscimo da jornada em um dia e a consequente diminuição em outro dia da semana (art. 59, § 2º, da CLT). Para tanto, a compensação máxima por dia é de duas horas, e a jornada total não pode ultrapassar dez horas diárias. A previsão da Constituição Federal, em seu art. 7º, inciso XIII, possibilitou a compensação mediante “acordo ou convenção coletiva de trabalho” e, com isso, condicionou a validade dos acordos de compensação à assistência sindical, ou seja, www.esab.edu.br 115 esses acordos prescindem da participação da entidade de classe para que tenham validade. Já nas atividades insalubres, conforme dispõe o art. 60 da CLT, a compensação de horas (que resultaria na elevação da jornada em determinados dias da semana) deve ser antecedida de licença prévia do Ministério do Trabalho. Vimos, nessa unidade, as vantagens sobre os salários, que é a remuneração do empregado, pago pelo empregador, como contraprestação do serviço. E também sobre os excedentes da jornada de trabalho normal que são as horas extras. As horas extras poderão sofrer um acréscimo de pelo menos 50% sobre o valor da hora normal. Se for em dia de sábado e domingo, o acréscimo será de 100% sobre a hora normal. Na próxima unidade, vamos estudar as vantagens sobre as Gratificações, Comissões e Férias e suas contabilizações. www.esab.edu.br 116 19 Folha de pagamentos – Vantagens com Gratificações, Comissões e Férias Objetivo Compreender as vantagens sobre as Gratificações, Comissões e Férias e suas contabilizações. Na unidade anterior, vimos a vantagem salarial e a regulamentação da hora extra e do descanso semanal remunerado. Nessa unidade, vamos dar continuidade ao estudo das vantagens sendo das gratificações, comissões e férias, conforme o autor Gomes, Santos e Schmidt (2011) e Ribeiro (2013). Quanto às gratificações, são liberalidades do empregador que pretende reconhecer o empregado por ocasião das festas de fim de ano, ou motivo que julgar relevante. Além disso, essas gratificações poderão ter caráter de prêmio, incentivo ou outros motivos, a exemplo de o empregador conceder uma gratificação aos funcionários que não possuírem faltas ou atrasos superiores aos cinco minutos de tolerância em deter- minado período, entre outros (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). As gratificações não habituais não integram o salário normal e as horas extras, porém a Súmula 207 do STF dispõe que as gratificações habituais, inclusive as de Natal, consideram-se tacitamente convencionadas, integrando o salário. Vamos exemplificar a contabilização da despesa com gratificações a serem pagas aos empregados de determinada empresa, de acordo com os dados que constam de sua folha de pagamento a ser paga no mês seguinte no valor de R$ 350, sendo: Débito: Despesas com gratificações Crédito: Salários a pagar R$ 350,00 As comissões são registradas pela rubrica da remuneração variável dos vendedores de empresas, que paga a título de comissões sobre vendas. A comissão é a modalidade de salário na qual o empregado recebe um www.esab.edu.br 117 percentual do produto das vendas por ele intermediadas e livremente ajustadas (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). Todavia, é sempre assegurada ao funcionário a percepção de no mínimo um salário-mínimo ou salário normativo da categoria profissional. A base legal é a Lei nº 3.207/1957, que estabelece as regras para os vendedores pracistas e viajantes comissionados, a exemplo da periodicidade dos pagamentos e dos critérios para os negócios não concluídos. Tento o trabalhador, embora laborando em serviço externo, realizado horas extras e comprovando-as, tem direito ao pagamento das respectivas horas extras com base em suas comissões, conforme dispõe o Enunciado no 340 do TST. Há casos também que a forma de remuneração do trabalhador é, apenas, por meio de comissões (o que é perfeitamente legal), e lhe será garantido ao menos um salário-mínimo, caso não consiga realizar, em determinado período, vendas que gerem uma comissão superior à do salário-mínimo, conforme dispõe o art. 78 da CLT, sendo proibido ao empregador proceder ao desconto no mês subsequente. Sendo assim, a comissão é o próprio salário pago em percentual sobre as vendas. Pode ser também que ocorra de se ter a remuneração como parte fixa, e parte variável, sendo as comissões em percentual sobre vendas. Outro ponto importante é o que trata a Súmula 201 do STF, que diz que não é devida a remuneração do repouso semanal e dos feriados ao empregado remunerado mediante comissão, ainda que pracista. Para exemplificar, vamos supor que a despesa com comissão sobre vendas de determinadaempresa, com base nos dados que constam na sua folha de pagamento a ser paga no mês seguinte, no valor de R$ 450,00, será contabilizada da seguinte forma: Débito: Despesa com comissões Crédito: Salários a pagar R$ 450,00 Quanto às férias, estas correspondem aos salários equivalentes ao período de férias dos funcionários. E com base no regime de competência, essa despesa de férias não deve ser reconhecida e registrada somente por seu efetivo pagamento, mas deve ser considerada como encargo adicional, registrado mensalmente durante o período aquisitivo dos empregados, isto é, no período em que houve efetivamente a prestação dos serviços. www.esab.edu.br 118 Desse modo, a empresa pode constituir, mensalmente, uma provisão de férias, por ocasião da apropriação dos demais encargos com a folha de pagamento ou no final do ano, por ocasião do levantamento do balanço anual. (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). A previsão legal das férias anuais está nos arts. 129 a 153 da CLT. Segundo os referidos dispositivos, todo o empregado terá direito a férias anualmente, sem prejuízo da remuneração. Também define em seu art. 130 da CLT o período aquisitivo cada período de 12 meses de vigência do contrato de trabalho, ou seja, o empregado trabalha 12 meses para depois ter direito às férias (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). O número de dias de férias a que faz jus o empregado depende do número de faltas ao serviço durante o período aquisitivo, conforme a espécie de tabela de dias de férias para os empregados que faltarem injustificadamente ao serviço apresentada no art. 130 da CLT. No entanto, existem faltas que não ensejam descontos ou cômputo para as férias, a exemplo das relativas ao alistamento militar, falecimento em família, nascimento de filho entre outros, conforme dispõe o art. 131 da CLT. O que pode ser ampliado pelas Convenções coletivas (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). De acordo com o art. 133 da CLT, afastamentos no curso do período aquisitivo superiores a 30 dias com percepção de salário retiram do operário o direito às férias, conforme art. 133 da CLT. O afastamento por auxílio-doença, superior a seis meses, também retiram o direito às férias naquele período aquisitivo. Desse modo, o empregado faz jus a 2,5 dias de férias para cada mês trabalhado ou fração superior a 14 dias trabalhados efetivamente (RIBEIRO, 2013). O empregado receberá por dia de férias 1/30 do salário mensal, acrescido ainda de 1/3 desse valor. Consideremos, então, as seguintes informações: uma determinada empresa tenha apenas um empregado, o qual foi admitido no dia 3 de maio. Seu Salário mensal, perfaz o valor de R$ 9.000,00. Em 31/12, deve-se efetuar o cálculo e a apropriação do montante das férias a que esse empresado tem direito. Então temos: 1) O cálculo do número de dias de férias Período de 3/05 a 31/12 = 8 meses Quantidade de dias de férias = meses x 2,5 dias por mês Quantidade de dias de férias = 8 meses x 2,5 dias por mês = 20 dias www.esab.edu.br 119 2) Cálculo da remuneração das férias a ser apropriado: Cálculo do valor diário = salário / 30 dias Cálculo do valor diário = R$ 9.000,00 / 30 dias = R$ 300,00 por dia Cálculo dos valores das férias = Quantidade de dias de férias x Valor diário Cálculo dos valores das férias = 20 dias x R$ 300,00 = R$ 6.000,00 ( + ) 1/3 de R$ 6.000,00 = R$ 2.000,00 Total das férias = R$ 8.000,00 3) Encargos sobre férias do empregado Sobre o valor das férias, o empregado está sujeito à contribuição previdenciária e ao imposto de renda que será retido na fonte. 4) Encargo sobre férias do empregador Sobre o valor das férias o empregador recolhe a contribuição da previdência da parte patronal e o FGTS. Os cálculos: Contribuição da Previdência = 26,8 % de R$ 8.000,00 = R$ 2.144,00 FGTS = 8% de R$ 8.000,00 = R$ 640,00 Quanto a contabilização pelo livro diário em 31/12, temos: Débito: Férias Crédito: Férias a Pagar R$ 8.000,00 Débito: Contribuição da Previdência Crédito: Contribuição da Previdência sobre férias a recolher R$ 2.144,00 Débito: FGTS Crédito: FGTS sobre Férias a Recolher R$ 640,00 www.esab.edu.br 120 Quando a empresa efetuar o pagamento das férias aos seus empregados e recolher os seus respectivos encargos, no exercício seguinte, deverá também dar baixa nas contas de obrigações (Férias a Pagar, Contribuição da Previdência sobre férias a recolher e FGTS sobre Férias a Recolher), até o limite máximo dos saldos dessas obrigações. Logo, se os saldos dessas contas de obrigações forem insuficientes, as diferenças serão contabilizadas a débitos em suas despesas operacionais respectivas, no entanto, se houver saldos remanescentes nas contas das obrigações respectivamente, esses saldos serão revertidos como receitas. Temos também a apropriação mensal das férias e encargos, para tanto, vamos supor que o valor bruto da folha de pagamento da Empresa F Ltda., referente ao mês de janeiro, tenha sido igual a R$ 20.000,00, os cálculos seriam: a) Cálculo das férias a serem apropriadas: Total de Férias a apropriar = 1/12 avos do valor bruto da folha de pagamento + 1/3 do 1/12 avos do valor bruto da folha de pagamento 1/12 x R$ 20.000 = R$ 1.666,67 (+) 1/3 x R$ 1.666,67 = R$ 555,57 Total Férias a apropriar = R$ 1.666,67 + R$ 555,57 = R$ 2.222,24 b) Cálculo da contribuição de previdência a ser apropriada 26,8% de R$ 2.222,24 = R$ 595,56 c) Cálculo do FGTS sobre férias 8% sobre R$ 2.222,24 = R$ 177,78 Sua contabilização será efetuada em 31/12 no Livro Diário pelos seguintes lançamentos, estes semelhantes aos já apresentados para registro das férias e encargos em 31/12. Quanto à contabilização pelo livro diário em 31/1, temos: Débito: Férias Crédito: Férias a Pagar R$ 2.222,24 Débito: Contribuição da Previdência Crédito: Contribuição da Previdência sobre Férias a recolher R$ 595,56 Débito: FGTS Crédito: FGTS sobre Férias a Recolher R$ 177,78 www.esab.edu.br 121 Cabe ressaltar que o valor das férias a ser pago aos empregados no momento em que eles entrarem em gozo do período a que tiverem direito é pago com base no salário do referido mês, logo, havendo reajuste salarial ou outros motivos que alterem o valor do salário, será preciso atualizar os montantes acumulados nas contas Férias. Na vida prática, para que a apropriação seja efetuada por valores mais exatos, o setor responsável pelo pessoal, RH, deverá elaborar mapas com os cálculos das férias a que cada empregado teve direito no respectivo mês. Quanto ao pagamento das férias aos empregados, este deverá ser realizado até dois dias antes de o empregado iniciar o gozo de suas férias, o procedimento contábil será: Débito: Férias a pagar R$ Crédito: Contribuição da Previdência sobre Férias a Recolher R$ Crédito: Imposto de Renda Retido na Fonte a Recolher R$ Crédito: Caixa R$ E por fim, ressalto que a apropriação anual das férias e encargos são obrigatórias, entretanto, as mensais não são, embora tecnicamente necessárias. Chegamos ao final de mais uma unidade e estudamos as vantagens sobre as gratificações que é um ato não obrigatório, as comissões que é um a remuneração variável dos vendedores, mas também pode ser a única forma de remuneração do trabalho, no entanto, não pode ser menor que um salário-mínimo. E as férias que tem seu período aquisitivo a cada 12 meses de vidência do contrato de trabalho. Na próxima unidade estudaremos as vantagens sobre o décimo terceiro salário. www.esab.edu.br 122 20 Folha de pagamentos – Vantagens de décimo terceiro salário Objetivo Compreender as vantagens sobre o décimo terceiro salário. Estudamos na unidade anterior as vantagens de gratificações, comissões e férias e suas contabilizações, vantagens a mais que o salário ou que é o próprio salário, como é o caso das comissões, a depender do contrato de trabalho. Nesta unidade vamos estudar outra vantagem que perfazem os empregados, o décimo terceiro salário. Odécimo terceiro salário, também conhecido como gratificação de Natal, é um direito assegurado ao empregado, conforme descrito no art. 7º, VIII, da Constituição Federal, que esteve à disposição do empregador durante o ano o direito de receber o décimo terceiro salário (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011; RIBEIRO, 2013). Em caso de demissão ou desligamento durante o ano, o empregado fará jus ao décimo terceiro salário proporcional ao número de meses que esteve à disposição do empregador naquele ano (RIBEIRO, 2013). Quanto ao pagamento do décimo terceiro salário, este pode ocorrer em duas parcelas: a primeira poderá ser paga junto com as férias do empregado, nos meses de fevereiro a novembro ou no máximo até o dia 30 de novembro e a segunda parcela, até no máximo, dia 20 do mês de dezembro (RIBEIRO, 2013). O décimo terceiro salário e encargos podem ser contabilizados na ocasião do pagamento realizado. No entanto, tendo em vista que cada mês trabalhado o empregado faz jus a 1/12 do seu salário a título de décimo terceiro salário, em decorrência do princípio da competência, deve-se constituir a provisão do décimo terceiro salário e os encargos mensalmente, durante o período aquisitivo do direito pelo empregado, sendo o mais correto a proceder (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011; RIBEIRO, 2013). O mês integral trabalhado, também, pode ser entendido como fração igual ou superior a 15 dias de serviço, conforme redação dada pelo Decreto nº 57.155/65. www.esab.edu.br 123 Outro ponto a destacar é que as faltas legais ou justificadas não influenciam no décimo terceiro salário, de acordo com a Lei nº 4.090/62, art. 2º. No entanto, as faltas injustificadas devem ser analisadas mensalmente, de modo a verificar se o empregado trabalhou 15 dias, ou não. Retiram o direito do empregado de receber o décimo terceiro salário, os afastamentos superiores a 15 dias no mês, por motivo de auxílio doença. A legislação do imposto de renda (RIR/1999), art. 338, reconhece como dedutível os gastos com décimo terceiro salário e encargos apropriados mensalmente. Sobre o décimo terceiro salário, o empregado contribui normalmente para a Previdência Social, em que se aplica sobre o salário os percentuais de 8%, 9% ou 11%, a depender da faixa salarial, tabela esta divulgada pela Previdência Social anualmente. Também contribui com o imposto de renda que é retido na fonte. Já a empresa deve recolher a contribuição da previdência da parte patronal e o FGTS. Vamos então exemplificar a apropriação mensal do décimo terceiro salário. Para tanto, recorde que o valor do décimo terceiro salário a ser contabilizado corresponde a 1/12 da remuneração dos empresados. E que para fins didáticos, vamos calcular o valor mensal do décimo terceiro salário com base no valor bruto da folha de pagamento. Mas, na vida prática, deverá ser feito os cálculos para o direito adquirido de cada trabalhador. Assim, vamos supor que o total bruto da folha de pagamento da empresa UXZ Ltda. em janeiro tenha sido R$ 120.000. A apropriação em 31 de janeiro da parcela do décimo terceiro salário será então: Primeiro, deve-se fazer o cálculo da parcela devida aos empregados: 1/12 de R$ 120.000 = R$ 10.000,00 Segundo, deve-se fazer o cálculo da contribuição previdenciária devida pela empresa: 26,8% de R$ 10.000,00 = R$ 2.680 E por fim o cálculo do FGTS devido pela empresa: 8% de R$ 10.000,00 = R$ 800,00 Já a contabilização, deverá ser feita: Apropriação da parcela devida aos empregados www.esab.edu.br 124 Débito: Décimo Terceiro Salário Crédito: Décimo Terceiro Salário a Pagar R$ 10.000,00 Apropriação dos encargos com a Previdência, temos um Débito: Contribuição da Previdência Crédito: Contribuição da Previdência sobre o Décimo Terceiro Salário a Recolher R$ 2.680,00 Apropriação dos encargos com FGTS Débito: FGTS Crédito: FGTS sobre Décimo Terceiro Salário a Recolher R$ 800,00 Observe que as contas debitadas nos três lançamentos anteriores correspondem a despesas operacionais e integrarão o resultado do mês de janeiro. E as contas creditadas, são contas patrimoniais do Passivo Circulante, representando os encargos devidos pela empresa na folha de pagamento de janeiro. Agora, quando a empresa efetuar o pagamento aos empregados e recolher os encargos, deverá dar baixa nas contas que registram as respectivas obrigações. Contudo, se os saldos dessas contas forem insuficientes, as diferenças serão contabilizadas normalmente em contas de despesas operacionais, caso contrário, se houver excessos, serão revertidos como receitas (RIBEIRO, 2013). E se houver aumento do salário do empregado, será preciso corrigir os saldos das contas representativas das obrigações. De modo a ilustrar, vamos considerar que a empresa UXZ Ltda., no mês de abril, mantendo o mesmo quadro de empregados, tenha corrigido os respectivos salários de seus empregados em 20%, e este aumento vigorará a partir de 1º de abril. O valor bruto da folha de pagamentos de abril foi de R$ 144.000,00. Os saldos em 31 de março são: www.esab.edu.br 125 • Décimo Terceiro Salário a Pagar = R$ 30.000,00 • Contribuição da Previdência sobre o Décimo Terceiro Salário a Recolher = R$ 8.040,00 • FGTS sobre Décimo Terceiro Salário a Recolher = R$ 2.400,00 Considerando então o reajuste salarial de abril, as apropriações do Décimo Terceiro Salário a Pagar e encargos de abril serão efetuadas pelos valores devidamente atualizados. Entretanto, será preciso corrigir os saldos remanescentes em 31 março. Para corrigir o valor de cada conta devido ao aumento do salário que foi igual a 20%, basta calcular 20% dos saldos existentes em 31 março, logo: • Décimo Terceiro Salário a Pagar = R$ 6.000,00 (20% de R$ 30.000,00) • Contribuição da Previdência sobre o Décimo Terceiro Salário a Recolher = R$ 1.608,00(20% de R$ 8.040,00) • FGTS sobre Décimo Terceiro Salário a Recolher = R$ 480,00 (20% de R$ 2.400,00) Já a contabilização, deverá ser feita: Apropriação da parcela devida aos empregados Débito: Décimo Terceiro Salário Crédito: Décimo Terceiro Salário a Pagar R$ 6.000,00 Apropriação dos encargos com a previdência, temos Débito: Contribuição da Previdência Crédito: Contribuição da Previdência sobre o Décimo Terceiro Salário a Recolher R$ 1.608,00 Apropriação dos encargos com FGTS Débito: FGTS Crédito: FGTS sobre Décimo Terceiro Salário a Recolher R$ 480,00 Observe que a contabilização dos encargos com reajuste foi realizada no mês de sua ocorrência e as contas que registram suas obrigações também ficaram devidamente atualizadas. Já as contabilizações da apropriação do décimo terceiro salário e encargos relativos a abril, serão contabilizadas da www.esab.edu.br 126 mesma forma que os lançamentos do mês de janeiro e já será com seus valores devidamente atualizados. Em relação ao adiantamento por conta do décimo terceiro salário, conforme já foi dito, a primeira parcela pode ser paga ao trabalhador por ocasião de suas férias ou até o dia 30 de novembro, devendo ser contabilizada assim: Débito: Adiantamento de Décimo Terceiro Salário Crédito: Caixa ou Bancos R$ A conta de débito Adiantamento de Décimo Terceiro Salário é conta do Ativo Circulante e representa um direito que a empresa terá para compensar o valor do Décimo Terceiro Salário a ser pago em dezembro aos seus empregados. Cabe destacar que a contribuição previdenciária tanto dos empregados, quanto da parte da empresa incidente sobre o décimo terceiro salário, e é devido somente por ocasião do pagamento da segunda parcela, até 20 de dezembro, e então serão contabilizadas. Entretanto, a parcela referente ao FGTS, incidente sobre o adiantamento de décimo terceiro salário, será depositada normalmente pela empresa nas respectivas contas bancárias dos funcionários, na época desse pagamento. Como o valor foi provisionamento, a contabilização na data do pagamento deverá ficar assim: Débito: FGTS sobre Adiantamento de Décimo Terceiro Salário a Recolher Crédito: Caixa ou BancosR$ Quando então ocorre o pagamento da segunda parcela do décimo terceiro salário, a empresa deve elaborar uma folha especial no qual conste a relação dos empregados, os respectivos valores da gratificação de Natal, os adiantamentos concedidos, as retenções para a Previdência Social e Imposto de Renda Retido na Fonte, se for o caso, bem como o valor líquido a ser pago. Logo, a contabilização será realizada assim: a)Referente ao pagamento e as retenções do empregado Débito: Décimo Terceiro Salário a Pagar R$ Crédito: Caixa ou Bancos R$ Crédito: Adiantamento Décimo Terceiro Salário R$ www.esab.edu.br 127 Crédito: Contribuição da Previdência a Recolher R$ Crédito: Imposto de Renda Retido na Fonte R$ b) Referente à Parte da Contribuição da Previdência Patronal da empresa Débito: Contribuição da Previdência sobre o Décimo Terceiro Salário a Recolher Crédito: Caixa ou Bancos R$ c) Referente ao FGTS sobre décimo terceiro salário Débito: FGTS sobre Décimo Terceiro Salário a Recolher Crédito: Caixa ou Bancos R$ Assim, chegamos ao final do estudo sobre as vantagens auferidas pelo funcionário por meio do Décimo Terceiro Salário e as obrigações inerentes a cada parcela concedida. Na próxima unidade, vamos estudar as vantagens sobre o salário-maternidade, salário-família e Diárias de viagem e ajudas de custos. www.esab.edu.br 128 Resumo Na unidade 16, estudamos sobre o processo de exportação de mercadorias que é a operação na qual uma empresa sediada no país revende mercadorias para empresas localizadas em outros países. As exportações envolvem uma série de atividades, como contratação de serviços de terceiros, fretes multimodais, financiamentos, peculiaridades em termos tributários, entre outros. Na unidade 17, abordamos a folha de pagamento de salário que é o documento no qual apresenta a relação dos empregados por nomes, com seu respectivo cargo, a função ou o serviço prestado, o valor bruto dos salários, os descontos, o valor do salário família e o valor líquido que cada empregado tem a receber. Vimos que, oficialmente, não existe um modelo padrão, mas sua emissão é obrigatória para efeito de fiscalização trabalhista e previdenciária. Na unidade 18, estudamos os principais eventos que ocorrem na folha de pagamento, envolvendo os salários e as suas devidas compensações. A jornada de trabalho é o tempo em que o empregado permanece à disposição de seu empregador, cumprindo ou aguardando ordens. A remuneração, que é sinônimo de salário, de acordo com a CLT em seu art. 457, e dispõe que integram a remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. Vimos, também, que a hora extra é a remuneração paga aos empregados pela prestação de serviços extraordinários, excedentes à jornada normal de trabalho diário. Nesse caso, a empresa deve remunerar as horas extras com um acréscimo de pelo menos 50% sobre o valor da hora normal. No caso de haver horas extras ordinárias em domingos e feriados, o acréscimo será de 100% sobre a hora normal. E as possíveis compensações. Já na unidade 19, demos continuidade ao estudo das vantagens como as gratificações, comissões e férias. E estudamos que as gratificações são www.esab.edu.br 129 liberalidades do empregador que pretende reconhecer o empregado por ocasião das festas de fim de ano, ou motivo que julgar relevante. As comissões são registradas pela rubrica da remuneração variável dos vendedores de empresas, que paga a título de comissões sobre vendas. A comissão é a modalidade de salário na qual o empregado recebe um percentual do produto das vendas por ele intermediadas e livremente ajustadas. E as férias, estas correspondem aos salários equivalentes ao período de férias dos funcionários. Por fim, na unidade 20, estudamos a vantagem do décimo terceiro salário. O décimo terceiro salário, também conhecido como gratificação de Natal, é um direito assegurado ao empregado, conforme descrito no art. 7º, VIII, da Constituição Federal, que esteve à disposição do empregador durante o ano o direito de receber o décimo terceiro salário. www.esab.edu.br 130 21 Folha de pagamentos – Vantagens do salário-maternidade, salário- família e Diárias de viagem e ajudas de custos. Objetivo Compreender as vantagens de salário-maternidade, salário-família e Diárias de viagem e ajuda de custos. Na unidade 20, estudamos as vantagens do Décimo Terceiro Salário e seus encargos, bem como a quem é devido e em qual situação ocorre essa vantagem do empregado. Nesta unidade, serão compreendidas as vantagens de salário-maternidade e salário-família e Diárias de viagem e ajuda de custos, com base nos autores Gomes, Santos, & Schmidt (2011) e Ribeiro (2013). O salário-maternidade é regido pela Lei nº 8.213/91, art. 71, com redação dada pela Lei no 9.876/99, e é a remuneração recebida pela mulher, durante 120 dias, nos períodos pré e pós-parto. O salário- maternidade é assegurado pela Previdência Social, como se a mulher estivesse trabalhando, sendo esse encargo de responsabilidade da própria Previdência Social (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). Inclusive o pagamento é efetuado diretamente pelo INSS, mediante solicitação. Outro ponto importante, é que o art. 10, II, alínea b dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) ampliou a garantia de emprego, ao assegurar uma estabilidade provisória à empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, ou seja, a emprega gestante não pode ser desligada da empresa de forma arbitrária (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). A empregada deve, mediante atestado médico, notificar seu empregador da data do afastamento do emprego. Este afastamento poderá ocorrer entre o 28º dia antes do parto e a ocorrência deste, conforme dispõe o § 1º do art. 392 da CLT, tendo direito a uma licença-maternidade de 120 dias, contados do afastamento sem prejuízo do emprego e do salário, com base no art. 392 da CLT (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). www.esab.edu.br 131 Cabe ressaltar que, o período de afastamento para o parto de 120 dias não se confunde com a estabilidade da gestante, já que o afastamento de 120 dias se denomina licença à gestante nos termos do art. 7º, XVIII, da CF e a estabilidade é o período estabilitário, no qual não pode ocorrer despedida arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante é desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. Logo, em função de que o salário-maternidade é administrado diretamente pela Previdência Social, não há registro contábil na empresa. O Salário-família também são vantagens conferidas pela Previdência Social a seus segurados, exceto o doméstico, de acordo com a Lei no 8.213/91, arts. 65 e 66 e CF/88, art. 7º, inciso II. Assim, o salário- família é um benefício que a Previdência Social paga aos trabalhadores de baixa renda que possuem filhos menores até 14 anos de idade ou equiparados (RIBEIRO, 2013). São pagas mensalmente pela empresa, as cotas de salário-família, junto com o salário do empregado, que passa a ter o direito de compensar os respectivos valores com o de sua obrigação normal junto à Previdência Social, com base no art. 68 da Lei no 8.213/91. O valor da cota é fixado periodicamente pela Previdência Social (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 201; RIBEIRO, 2013). Vamos supor que o valor do salário-família de uma empresa em determinado mês seja de R$ 31,71, nesse caso o registro contábil dessa vantagem quando da apropriação da folha de pagamento será o seguinte: Débito: Contribuições de Previdência a Recolher Crédito: Salários a Pagar R$ 31,71 As diárias de viagem são valores destinados a reembolsar despesas com deslocamentos do trabalhador no desempenho normal de suas atribuições, tais como os motoristas, representantes comerciais e demais viajantes. Caso as diárias não excedam a 50% do salário percebido pelo empregado, essasnão se compreendem o salário, conforme dispõe o § 2º do art. 457 da CLT (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). E a ajuda de custo é o valor recebido pelo empregado do empregador para fazer frente a certas despesas, sobretudo as de transferência do empregado. O valor recebido possui caráter indenizatório, mas nunca salarial. E da mesma forma que as diárias de viagem, a ajuda de custo não se incluem no salário, desde que não excedam 50% do salário percebido www.esab.edu.br 132 pelo empregado, conforme dispõe o § 2º do art. 457 da CLT (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). Um ponto importante a ser destacado quanto ao fato de se incluir ou não no salário a diária de viagem é do ponto de vista das contribuições para o INSS e FGTS, pois se as mesmas forem superiores a 50% do salário recebido pelo empregado, irão compor a base de cálculo do INSS e do FGTS, caso contrário, não compõe essas bases de cálculo (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). Caso venha compor o salário por ultrapassar a 50% do salário recebido pelo empregado, o desconto incidirá sobre a totalidade das diárias de viagem e não apenas pelo que excedeu, conforme Enunciado no 101, do TST. Quanto ao registro contábil das diárias de viagem, supondo que em determinado mês seu valor seja de $ 200, ele será registrado assim: Débito: Despesas com diárias de viagem Crédito: Salários a pagar R$ 200,00 Nesta unidade, aprendemos sobre a vantagem da licença-maternidade e o tempo que compreende o período de licença e estabilidade provisória adquirida pela mulher. Também vimos o salário família que é um benefício para trabalhadores de baixa renda e, por fim, compreendemos as diárias de viagens e ajudas de custo, que não compõem o salário percebido pelo empregado, mas desde que não ultrapasse 50% de seu salário. Na próxima unidade, estudaremos as vantagens sobre os adicionais de insalubridade, periculosidade e noturno. www.esab.edu.br 133 22 Folha de pagamentos – Vantagens com os Adicionais: Insalubridade, Periculosidade e Noturno. Objetivo Compreender o adicional de Insalubridade, Periculosidade e Noturno. Na unidade anterior, vimos sobre vantagens de salário-maternidade e salário-família e Diárias de viagem e ajudas de custo. Nesta unidade 22, vamos estudar sobre os adicionais de insalubridade, periculosidade e noturno e em que condições é devido os adicionais e seus respectivos cálculos com base no autor Gomes, Santos e Schmidt (2011). O adicional de Insalubridade é regulado pela CLT, no art. 189, que considera as atividades ou operações insalubres. São insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição a seus efeitos (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). O valor do adicional de insalubridade é definido por percentuais sobre o salário-mínimo da região, conforme estão descritos no art. 192 da CLT. Este artigo assegura a percepção de adicional respectivamente, de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário-mínimo da região vigente, classificando-se nos graus máximo, médio e mínimo. Os trabalhadores que trabalham em condições de agressividade a sua integridade física, perfazem o valor do adicional em limites acima dos toleráveis. Para tanto, consideram-se agentes agressivos, geralmente, o ruído excessivo, a umidade, o calor, o odor de tinta, a graxa, entre outros. A agressividade é apurada em graus máximo, médio e mínimo. Dependendo desses graus, é feito o cálculo do adicional de insalubridade, aplicando-se os percentuais de 40%, 20% e 10% sobre o salário-mínimo nacional, conforme preceitua o Enunciado 228 do TST. Esses percentuais podem também ser definidos pelas categorias profissionais, de acordo com a convenção coletiva, que podem obter www.esab.edu.br 134 valores diferenciados, como é o caso, por exemplo, dos odontologistas que possuem insalubridade de 60%. Quanto à avalição ambiental no local de trabalho, a empresa deve definir as condições desfavoráveis, consideradas não saudáveis aos trabalhadores, logo, insalubres. Deve criar medidas com o objetivo de eliminar ou neutralizar a insalubridade, fornecer equipamentos de proteção individuais aos trabalhadores, controlando-os por meio de recibo e substituindo-os sempre que necessário. Deve, ainda, cobrar a utilização dos mecanismos protetores, punindo os infratores (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). Se a utilização de Equipamento de Proteção Individual (EPI) eliminar a ação dos agentes agressivos, o adicional deixa de ser devido. Se somente diminuir sua ação, pode reduzir também o percentual de aplicação sobre o salário-mínimo nacional, conforme art. 191 da CLT. Com relação às jornadas extras do trabalho, por prorrogações ou para compensações em atividades insalubres, só podem ocorrer após prévia licença da autoridade do Ministério do Trabalho, a qual, para esse efeito, procederá aos necessários exames locais e verificação dos métodos de trabalho nos termos, conforme disposição no art. 60 da CLT e Enunciado 349 do TST. A CLT no seu art. 405, I, acrescenta que o trabalho do menor, quando ele for perigoso ou insalubre, será proibido. Considerando que o cálculo do adicional de insalubridade é feito mediante aplicação do percentual de grau de insalubridade sobre o salário-mínimo nacional vigente, vamos supor que o valor do salário- mínimo nacional seja de R$ 937,00 e o adicional de insalubridade, de grau médio, o cálculo do adicional de insalubridade nessa hipótese será: R$ 937 x 20% = R$ 187,40 (Adicional de Insalubridade Grau Médio) O registro contábil do adicional de insalubridade será: Débito: Despesas com Adicional de Insalubridade Crédito: Salários a Pagar R$ 187,40 www.esab.edu.br 135 Quando houver horas extras, o cálculo do adicional de insalubridade é o mesmo, pois ele incide sobre o salário-mínimo vigente no período. No entanto, o valor das horas extras, terá como base de cálculo o resultado da soma do salário contratual, mais o adicional de insalubridade, de acordo com a orientação jurisprudencial da SDI-I do TST nº 47. O adicional de periculosidade é regido pela CLT em seu art. 193, e é devido aos empregados que trabalham em condições de risco acentuado, assim considerados aqueles que, por sua natureza ou método de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis, explosivos, alta tensão e produtos radioativos. O percentual deste adicional é de 30% e incide sobre o salário mensal, e não incide sobre gratificações, prêmios ou participações nos lucros, mas apenas sobre o salário básico, ratificado esse entendimento pela Súmula 191 do TST (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). Há a necessidade do fornecimento de equipamento de proteção individual pelo empregador se a função assim exigir, mas que dificilmente eliminará o direito ao respectivo adicional. Mas, se eliminada a condição de risco a sua saúde ou integridade física, desobriga-se o empregador ao pagamento do adicional de periculosidade, da mesma forma acontece com o adicional de insalubridade, nos termos do art. 194 da CLT. Logo, o cálculo do adicional de periculosidade será feito pela aplicação do percentual de grau de periculosidade sobre o salário normal do empregado. Supondo que o valor do salário normal seja de R$ 937, o cálculo do adicional de periculosidade nessa hipótese será: R$ 937,00 x 30 % = R$ 281,10 (Adicional de Periculosidade) O registro contábil do adicional de periculosidade será: Débito: Despesas com Adicional de periculosidade Crédito: Salários a Pagar R$ 281,10 Quando houver horas extras, o cálculo do adicional de periculosidade é o mesmo, pois incide somente sobre o salário normal, da mesma forma o valor das horas extras, conforme dispõe a Súmula 191 do TST, terá como base de cálculo o salário contratual, sem qualquer adicional. Já o adicional noturno é devido aos empregadosde duas espécies de jornada noturnas: a dos trabalhadores urbanos, regida pela CLT e a dos trabalhadores rurais, regida pelo Decreto nº 73.626/74. www.esab.edu.br 136 Os trabalhadores urbanos têm como horário considerado noturno o compreendido entre às vinte e duas horas de um dia e às cinco horas do dia seguinte, conforme dispõe o § 2º do art. 73 da CLT. Desse modo, terá o trabalhador direito ao adicional de 20% sobre o valor de sua hora normal, de acordo com o caput do art. 73 da CLT. Um ponto importante a destacar é que a duração da hora noturna para os trabalhadores urbanos é computada com cinquenta e dois minutos e meio e não de sessenta minutos, como seria o normal. Isso se justifica por puro entendimento do legislador no art. 73, § 1º da CLT. Em relação aos trabalhadores considerados rurais, temos uma segunda divisão, conforme dispõe o parágrafo único do art. 11 do Decreto no 73.626/74: rurais da agricultura e rurais da agropecuária. Para os trabalhadores da agricultura, o horário considerado noturno é aquele compreendido entre às vinte e uma horas de um dia e às cinco horas do dia seguinte. E os trabalhadores da pecuária, o horário noturno considerado é aquele compreendido entre às vinte horas de um dia e às quatro horas do dia seguinte. O percentual de adicional noturno para os empregados rurais é de 25%, e a duração da hora é a mesma que a normal (de sessenta minutos), inexistindo redução, como ocorre com os urbanos, conforme dispõe o caput do art. 11 do Decreto no 73.626/74. Tratando-se do cálculo do adicional noturno urbano, a hora noturna é contada de forma reduzida, a cada 52 minutos e 30 segundos (redução de 12,5%), e é paga com 20% de acréscimo sobre o valor da hora normal, sendo que sobre a hora noturna com adicional noturno incidirá ainda outro adicional de 50%, referente à hora extra (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). Portanto, o cálculo do adicional noturno, supondo um valor de R$ 1,00 por hora normal de serviço, será: Valor da hora normal x 1,20 x 60/52,5 = 1,00 x 1,20 x 60/52,5 = 1,371429 www.esab.edu.br 137 Cabe ressaltar que, caso o empregado urbano venha a realizar hora extra noturna, seu valor será calculado, de acordo com o cálculo do: Valor da hora normal x 1,20 x 60/52,5 x 1,50 = 1,00 x 1,20 x 60/52,5 x 1,50 = 2,057143 Vamos supor que um empregado urbano realize 30 horas extras, em horário noturno no período, cujo valor da hora normal é R$ 10,00, o valor de horas extras a ser pago ao empregado no período será calculado assim: Valor da hora normal x nº de horas x 2,057143 = 10,00 x 30 x 2,057143 = 617,14 Para realizar o registro contábil do adicional noturno, considerando que no mês o valor foi R$ 617,14, ele será registrado da seguinte forma: Débito: Despesas com Adicional Noturno Crédito: Salários a Pagar R$ 617,14 Assim, chegamos ao final de mais uma unidade e compreendemos como é calculado o adicional noturno tanto para trabalhadores urbanos, quanto para os rurais e seus respectivos percentuais. E também os adicionais de insalubridade e periculosidade. Na próxima unidade, estudaremos os descontos que incidem sobre a folha de pagamentos. www.esab.edu.br 138 23 Folha de pagamentos – Descontos INSS Objetivo Estudar o encargo de contribuição de previdência – INSS. Na unidade 22, estudamos sobre as vantagens de adicionais de insalubridade, periculosidade e noturno e seus percentuais incidentes, bem como suas particularidades. Nesta unidade, vamos iniciar o estudo sobre os descontos que incidem sobre a folha de pagamento, suas normatizações, cálculos e contabilizações. Vamos aqui aprender sobre o INSS, nas próximas unidades, os demais descontos que estão sujeitos à folha. A folha de pagamentos tem além das despesas com salários, outros encargos, como a contribuição previdenciária descontada de cada funcionário e a parte patronal (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011; RIBEIRO, 2013). O valor descontado de cada um dos funcionários, a título de contribuição previdenciária da folha de pagamentos, permanecerá retido pela empresa que registrará no Passivo Circulante – INSS a Recolher, para ser recolhido posteriormente, obedecendo ao prazo legalmente estabelecido (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). Com base na folha de pagamentos, a empresa deve calcular e registrar a contribuição de previdência patronal no Passivo Circulante – INSS a Recolher, para ser recolhido futuramente aos cofres da Previdência Social, juntamente com a parcela retida de seus empregados (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011; RIBEIRO, 2013). De acordo com a legislação trabalhista e Previdência, todo trabalhador assalariado, regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), está obrigado a contribuir com o INSS, para custeio da Previdência Social Oficial (RIBEIRO, 2013). De modo que a responsabilidade de arrecadar e repassar para a Previdência Social é das intermediárias arrecadadoras das contribuições previdenciárias (INSS), a empresa (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). www.esab.edu.br 139 A porcentagem (alíquota) para a contribuição de desconto de INSS pode variar de 8% a 11%, aplicada sobre o salário de contribuição e depende da faixa salarial, que é fixada periodicamente pela Previdência Social (RIBEIRO, 2013). É importante destacar que quando o salário do trabalhador for superior a 10 salários de contribuição, o trabalhador contribuirá somente com base no teto máximo da Previdência Social que é exatamente esses 10 salários de contribuição, ou seja, o que exceder a esse teto não entrará na base para o cálculo dessa contribuição (RIBEIRO, 2013). Outro desconto em folha de pagamento comum para os empregados que percebam salários acima de certo montante, é o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), que será estudado em mais detalhes em outra unidade. A empresa, que é fonte pagadora, recebe a incumbência de efetuar a retenção e repassar aos cofres públicos, obedecendo ao prazo legalmente estabelecido (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). Outro encargo que cabe ao empregado é a contribuição sindical, tendo a empresa empregadora a competência para reter e recolher o valor ao respectivo sindicato da categoria, esse recolhimento ocorre pelo menos uma vez ao ano (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). Consequentemente, as empresas também são responsáveis por parte do custeio da Previdência Social Oficial. Esse ônus é um encargo da empresa. A contribuição da previdência parte patronal tem como base os salários pagos aos empregados e é composta de duas partes: uma destinada a própria Previdência Social e a outra para terceiros (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011; RIBEIRO, 2013). As contribuições para a própria Previdência Social: • 20% - sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas, no decorrer do mês, de segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais que lhe prestem serviços; • 15% - sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços; • 2,5% - sobre o total da receita bruta com fim apenas na atividade rural; www.esab.edu.br 140 • 1%, 2% ou 3% do total das remunerações pagas devidas ou creditadas, no decorrer do mês, de segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais, para financiamento da aposentadoria especial. Logo, é uma contribuição ao seguro de acidentes de trabalho (SAT), conforme o risco de acidente do trabalho, sendo leve, médio ou grave. As contribuições para terceiros são as entidades: FNDE, Incra, Senai, Sesi, Senac, Sebrae, DPC, Faer, Senar, Sest, Senat, Sescop, entre outros. De modo a ilustrar a composição da alíquota do INSS da empresa para recolhimento da contribuição, temos: Para a própria Previdência Social 20% Para o Seguro Acidente de Trabalho 1%, 2% ou 3% Para Terceiros Salário-educação 2,5% Incra 0,20% Senai/ Senac/Senat 1,0% Sesi/ Sesc/Sest 1,5% Sebrae 0,60% Total = 26,8%, 27,8% ou 28,8% Cabe destacar que esses percentuais podem ser alterados frequentemente pela Previdência Social.Os contabilistas devem ficar atentos as possíveis mudanças. Vamos supor que a folha bruta de pagamento seja de R$ 10.000,00 e que a empresa está sujeita a um INSS cuja alíquota seja de 26,8%. O valor do INSS da empresa no período seria calculado assim: INSS Patronal = Valor bruto da folha x alíquota INSS Patronal = R$ 10.000,00 x 26,8% = R$ 2.680,00 Em relação ao registro contábil do INSS Patronal, será um: Débito: Despesas com INSS Crédito: INSS a Recolher R$ 2.680,00 Em relação ao registro do INSS descontado dos empregados e que será recolhida pela empresa, supondo um valor de R$ 800,00, deve ser registrada assim: Débito: Salários a Pagar Crédito: INSS a Recolher R$ 800,00 www.esab.edu.br 141 Finalmente, quando do recolhimento do INSS, o pagamento em dinheiro será (R$ 2.680,00 + R$ 800,00): Débito: INSS a Recolher Crédito: Caixa R$ 3.780,00 Assim, concluímos nossa unidade sobre o desconto do encargo do INSS devido pelos empregados e pelo empregador. E cabe destacar que na contribuição patronal não existe um limite, ela é devida com base no valor bruto da folha de pagamento de cada mês. Na próxima unidade, vamos dar continuidade ao estudo dos descontos da folha de pagamento, e serão vistos o FGTS e o IRRF. www.esab.edu.br 142 24 Folha de pagamentos – Descontos IRRF e FGTS Objetivo Entender os descontos de IRRF e FGTS e suas contabilizações. Na unidade 23, começamos a estudar os descontos que incidem sobre a folha de pagamento, vendo então o encargo social do INSS devido pelo empregado e pela empresa. Nesta unidade, vamos dar continuidade a este estudo dos descontos, compreendendo então os descontos de FGTS e IRRF. O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS é um direito do trabalhador que está previsto na Constituição Federal de 1988, em seu art. 7º, inciso III. O FGTS é mais um encargo que a empresa tem com base no valor bruto da folha de pagamento (RIBEIRO, 2013). O FGTS é pago, mensalmente, logo nos primeiros dias do mês seguinte ao mês trabalhado pelos empregados, onde a empresa deposita em conta bancária vinculada a importância correspondente a 8% da remuneração paga ou devida, referente ao mês anterior, em nome de cada trabalhador. A empresa gera pelo aplicativo Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (Sefip) da Caixa Econômica Federal a Guia de Recolhimento do FGTS, por meio do qual realiza o depósito bancário (RIBEIRO, 2013). Logo, o agente operador do FGTS é a Caixa Econômica Federal (CEF). Para melhor compreensão, vamos supor que a folha de pagamento de determinada empresa totalize uma remuneração no valor de R$ 15.000,00, o cálculo do FGTS será: Valor de FGTS = Valor da folha x 8% Valor de FGTS = 15,000 x 8% = R$ 1.200,00 Quanto à contabilização do FGTS na apropriação da folha de pagamento, será realizada assim: Débito: Despesa com FGTS Crédito: FGTS a Recolher R$ 1.200,00 www.esab.edu.br 143 Finalmente, quando o recolhimento do FGTS, a contabilização, supondo o pagamento em dinheiro, será: Débito: FGTS a Recolher Crédito: Caixa R$ 1.200,00 O Imposto de Renda a ser descontado na fonte sobre os rendimentos do trabalho assalariado, por parte da empresa, tem como base para seu cálculo uma tabela fixada pela legislação tributária (RIBEIRO, 2013). A alíquota (porcentagem) varia de acordo com a faixa salarial, sendo que ambas podem ser mudadas frequentemente pelo governo federal. Os rendimentos estão sujeitos à retenção na fonte mediante aplicação das alíquotas de 7,5%, 15%, 22,5% e 27,5%, exceto em casos de isenção previstos em lei (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). De acordo com o RIR/99, a tributação do Imposto de Renda sobre rendimentos do trabalho assalariado pago incide sobre: salários, honorários, vantagens extraordinárias, abonos, 13º salário, gratificações, férias, entre outros rendimentos admitidos em lei pela Receita Federal. Na tabela 1, apresentamos as faixas de rendimentos tributáveis e as respectivas alíquotas, bem como a parcela a deduzir. Tabela 1 – Tabela de Imposto de Renda Retido na Fonte Fonte: Tabela vigente para fatos geradores a partir de 1º/1/2018. Em relação às deduções, a partir de 1º-1-1992, na determinação da base de cálculo sujeita à incidência do imposto de renda na fonte, a legislação tributária pode permitir a dedução de vários valores a serem deduzidos os encargos com dependentes, as pensões alimentícias, a parcela relativa à contribuição previdenciária devida pelo trabalhador, entre outros. Base de cálculo (R Alíquota (%) Parcela a deduzir do IRPF (R$) Até 1.903,98 Isento Inexistente De 1.903,99 até 2.826,65 7,5 142,80 De 2.826,66 até 3.751,05 15 354,80 De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 636,13 Acima de 4.664,68 27,5 869,36 www.esab.edu.br 144 Para exemplificar os cálculos, vamos supor que o salário bruto de um trabalhador tenha sido de R$ 3.000,00 e que o valor da contribuição de Previdência retido tenha sido igual a R$ 330,00. A alíquota para a referida faixa salarial é 7,5% e a parcela a deduzir de R$ 142,80. Sabendo que esse trabalhador possui um dependente e que a quota permitida seja de R$ 189,59, o cálculo de IRRF será: Rendimento Bruto 3.000,00 (-) Contribuição Previdenciária (330,00) (-) Quota por dependente (189,59) = Base de Cálculo 2.480,41 IRRF (2.480,41 x 7,5%) 186,03 (-) Parcela a deduzir (142,80) (=) Imposto devido 43,23 Salário Líquido 2.437,17 A contabilização da retenção do IRRF, quando da apropriação da folha de pagamento, será: Débito: Salários a Pagar Crédito: IRRF a Recolher R$ 43,23 E quando for realizado o recolhimento do IRRF, o registro contábil, supondo que o pagamento foi em dinheiro, será assim: Débito: IRRF a Recolher Crédito: Caixa R$ 43,23 Estudo Complementar Estudar a Lei nº 8.036/90 que dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e trata dentre vários dispositivos sobre a alíquota diferenciada dos contratos de aprendizagem que terão a alíquota reduzida para 2%. Clique aqui! http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L8036consol.htm www.esab.edu.br 145 Finalizamos mais uma unidade e nela aprendemos a realizar o cálculo do INSS e do IRRF, bem como realizar as contabilizações quando da apropriação da folha de pagamento e também no momento que esses são recolhidos, por meio de exemplos para melhor aprendizagem do conteúdo. Na próxima unidade, iremos estudar sobre a participação dos empregados no Vale transporte e Alimentação. www.esab.edu.br 146 25 Folha de pagamentos – Participação dos Empregados no Vale transporte e na Alimentação Objetivo Entender a participação dos empregados no fornecimento de Vale transporte e o programa de alimentação ao trabalhador. Caro estudante, na unidade 24, estudamos sobre os descontos da folha de pagamentos referente ao IRRF e FGTS e suas contabilizações e particularidades. Nesta unidade, vamos conhecer os benefícios que o empregado pode receber da empresa por meio do vale-transporte e vale alimentação. Com base na Lei nº 7.418/1985, o empregador é obrigado a fornecer o vale transporte, para utilização efetiva do empregado com suas despesas de deslocamento de sua residência, até o local de trabalho e vice-versa (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011; RIBEIRO, 2013). O vale transporte é custeado tanto pela emprega quanto por cada trabalhador, sendo que o equivalente a 6% do valor nominal do salário fica por conta do trabalhador e o restante, por conta da empresa. Esse valor deve ser descontado de cada trabalhador no final do mês, quando for elaborada a folha de pagamento, uma vez que o vale transporte é fornecido antecipadamente. Para tanto, faz-se necessário que a empresa mantenha o controle individualizado do valor do vale transporte concedido a cada trabalhador para facilitar a compensação no final do mês (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011; RIBEIRO, 2013). A referida Lei nº 7.418/85 dispõe que o vale transporte não tem natureza salarial, nem incorpora a remuneraçãopara quaisquer efeitos, não compõe a base de cálculo do INSS e FGTS e não se configura como rendimento tributável do trabalhador. E o Decreto 95.247/87, art. 6º, III, dispõe que o vale transporte não integra a base de cálculo do décimo terceiro salário. www.esab.edu.br 147 Estará a empresa desobrigada de fornecer vale transporte, caso proporcione aos empregados, por meio próprio ou contratado, veículo adequados ao transporte coletivo. Para melhor compreensão, vamos então exemplificar a contabilização a ser realizada pela empresa. Quanto à aquisição dos vales-transportes para serem consumidos pelos funcionários no próprio mês, supondo que foi R$ 300,00, à vista, temos: Débito: Despesa com vale transporte Crédito: Caixa R$ 300,00 Quando na data da elaboração da folha de pagamento no final do mês, temos o valor referente a parcela dos funcionários, supondo que foi R$ 180,00, sendo: Débito: Salários a Pagar Crédito: Despesa com Vale transporte R$ 180,00 Perceba que no momento de aquisição dos vales-transportes, o valor do gasto é debitado em conta de Despesa Operacional – Despesas com Vale transporte, e por ocasião da apropriação das despesas e encargos com a folha de pagamento, a parte suportada pelos empregados é recuperada pela empresa, mediante débito na conta Salários a Pagar e crédito em Despesa com Vale-transporte, conta na qual foi registrada o total do gasto. O programa de alimentação ao trabalhador em nosso ordenamento jurídico foi instituído pela Lei no 6.321/76. Essa norma determinou em seu art. 3º que não se inclui no salário a parcela paga, pela empresa, nos programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho. Com isso, a participação do trabalhador fica limitada a 20% do custo direto da refeição, conforme o § 1º do art. 2º do Decreto no 5/91. A parcela que compete ao empregado constará da folha de pagamento e reduzirá os custos da empresa com a aquisição da alimentação. A contabilização do desconto de alimentação referente à parcela dos funcionários, supondo um valor de R$ 200, será: Débito: Salários a pagar Crédito: Despesa com alimentação R$ 200,00 www.esab.edu.br 148 E quando a empresa efetuar o pagamento da alimentação junto ao fornecedor deste, vamos supor que tenha sido adquirida à vista, dinheiro, no valor de R$ 2.000,00, o registro contábil deverá ser: Débito: Despesa com Alimentação Crédito: Caixa R$ 2.000,00 Assim, percebemos que essas participações têm duas fontes de contribuição, sendo, parte custeada pela empresa e parte custeada pelo empregado. Estudo Complementar O e-Social (Sistema de escrituração digital das obrigações fiscais, previdenciárias e trabalhistas) é o sistema, por meio do qual os empregadores passarão a comunicar-se ao Governo, de forma unificada, as informações relativas aos trabalhadores, como vínculos, contribuições previdenciárias, folha de pagamento, comunicações de acidente de trabalho, aviso prévio, escriturações fiscais e informações sobre o FGTS. Sua implantação será a partir de 2018, seguindo o Comitê Gestor do e-Social, que divulgou o cronograma de implantação do programa, que será implantado em cinco fases a partir do primeiro semestre de 2018. Nesta etapa, a medida é voltada para empresas com faturamento superior a R$ 78 milhões anuais, que passam ter a utilização obrigatória do programa a partir de 8 de janeiro de 2018. Esse grupo representa 13.707 mil empresas e cerca de 15 milhões de trabalhadores, o que representa aproximadamente 1/3 do total de trabalhadores do país. Para conhecer mais sobre o e-Social, leia o Decreto nº 8.373/2014, disponível aqui! http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/decreto/d8373.htm www.esab.edu.br 149 Caro aluno, chegamos ao final dessa unidade e aprendemos sobre as participações dos empregados no vale transporte e da participação dos empregados na alimentação. Vimos o quanto cada parte envolvida contribui e suas contabilizações no momento exigido pelo regime de competência. Assim, finalizamos os descontos e participações incidentes sobre a folha de pagamentos, no entanto, pode na prática a empresa está obrigada a outros descontos. Na próxima unidade, vamos estudar a remuneração paga aos titulares das empresas individuais ou aos sócios das empresas societárias, pelos seus serviços prestados à empresa, Pró-labore. www.esab.edu.br 150 Resumo Na unidade 21, compreendemos as vantagens do salário-maternidade e do salário-família e das Diárias de Viagem e Ajudas de Custos. O salário- maternidade é regido pela Lei nº 8.213/91, art. 71, com redação dada pela Lei no 9.876/99, e é a remuneração recebida pela mulher, durante 120 dias, nos períodos pré e pós-parto. As diárias de viagem são valores destinados a reembolsar despesas com deslocamentos do trabalhador no desempenho normal de suas atribuições, tais como os motoristas, representantes comerciais e demais viajantes. Caso as diárias não excedam a 50% do salário percebido pelo empregado, essas não se compreendem o salário. E a ajuda de custo é o valor recebido pelo empregado do empregador para fazer frente a certas despesas, sobretudo as de transferência do empregado. Assim, o salário-família é um benefício que a Previdência Social paga aos trabalhadores de baixa renda que possuem filhos menores até 14 anos de idade ou equiparados. Na unidade 22, abordamos o adicional de Insalubridade que é regulado pela CLT, no art. 189, que considera as atividades ou operações insalubres. São insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição a seus efeitos. O adicional de periculosidade é regido pela CLT em seu art. 193, e é devido aos empregados que trabalham em condições de risco acentuado, assim consideradas aquelas que, por sua natureza ou método de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis, explosivos, alta tensão e produtos radioativos. O percentual deste adicional é de 30% e incide sobre o salário mensal. Já o adicional noturno é devido aos empregados de duas espécies de jornada noturnas: a dos trabalhadores urbanos, regida pela CLT e a dos trabalhadores rurais, regida pelo Decreto nº 73.626/74. Na unidade 23, estudamos os descontos que incidem sobre a folha de pagamento, suas normatizações, cálculos e contabilizações. A folha de www.esab.edu.br 151 pagamentos tem além das despesas com salário, outros encargos, como a contribuição previdenciária descontada de cada funcionário e a parte patronal. Já na unidade 24, compreendemos descontos sobre a folha de pagamento de FGTS e IRRF. O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS é um direito do trabalhador que está previsto na Constituição Federal de 1988, em seu art. 7º, inciso III. O FGTS é mais um encargo que a empresa tem com base no valor bruto da folha de pagamento. O Imposto de Renda, a ser descontado na fonte sobre os rendimentos do trabalho assalariado, por parte da empresa, tem como base para seu cálculo uma tabela fixada pela legislação tributária. Por fim, na unidade 25, vimos os benefícios que o empregado pode receber da empresa, por meio do vale-transporte e vale alimentação. O vale-transporte é custeado tanto pelo empregador quanto por cada trabalhador, sendo que o equivalente a 6% do valor nominal do salário fica por conta do trabalhado e restante, por conta da empresa. O programa de alimentação ao trabalhador em nosso ordenamento jurídico foi instituído pela Lei no 6.321/76. Essa norma determinou em seu art. 3º que não se inclui no salário a parcela paga, pela empresa, nos programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho. www.esab.edu.br 152 26 Pró-labore Objetivo Conhecer a remuneração paga aos titulares ou sócios das empresas. Na unidade anterior, finalizamos o estudo sobre os descontos incidentes na folha de pagamentos eas suas respectivas contabilizações. Agora, vamos estudar a remuneração que é paga aos titulares ou sócios das empresas com base nos conceitos apresentados por Ribeiro (2013). Essa remuneração que é paga aos titulares de empresas individuais ou aos sócios das empresas societárias é o Pró-labore, em decorrência dos serviços prestados por eles à empresa (RIBEIRO, 2013). Esses serviços prestados à empresa pelos titulares e sócios, normalmente, costumam ser no cargo de direção, seja na presidência ou em outros setores administrativos de importância, percebendo sua remuneração (Pró-labore) em decorrência dos serviços prestados na investidura desses cargos (RIBEIRO, 2013). A estrutura da contabilização do pró-labore é semelhante à dos salários. Para tanto, as empresas devem elaborar mensalmente a folha de pagamento de pró-labore, no qual guarda as mesmas características da folha de pagamento de salários, devendo observar: • Contribuição de previdência retida pela empresa: sobre o pró- labore recebido pelos empresários a ser recolhido pela empresa a Previdência Social o equivalente a 11%, observando o limite máximo do salário-contribuição. Seu recolhimento deve ser feito no mês seguinte à Previdência Social por meio da GPS, procedendo da mesma forma que na retenção e contribuição à Previdência Social dos empregados. Cabe destacar que o empresário, por não ser empregado da empresa, deve-se enquadrar como contribuinte individual para se segurar à Previdência Social, assim, sujeitando-se às regras estabelecidas pela Previdência Social para essa categoria de segurados; www.esab.edu.br 153 • Encargos da empresa sobre o pró-labore: é obrigatório contribuir para a previdência, o correspondente a 20% sobre o valor bruto do pró- labore. Quanto ao FGTS, o recolhimento é facultativo. Para melhor entendimento, vamos exemplificar. Suponha que a retirada do pró-labore do sócio Alfredo Meneguetti, pelos serviços prestados na administração de Massacimento Ltda., durante o mês de setembro tenha sido de R$ 10.000,00. E que o limite máximo do salário contribuição vigente no respectivo mês seja de R$ 5.645,80 e o que o referido sócio possua dois dependentes para fins de cálculo do imposto de renda a ser retido na fonte e cada quota de dependente seja no valor de R$ 189,59, façamos os cálculos e as contabilizações: Cálculo da contribuição de previdência a ser retida do empresário: 11% de 5.645,80 = R$ 621,00 Cálculo do imposto de renda a ser retido do empresário: Apuração da base de cálculo Valor do pró-labore 10.000,00 (-) Contribuição de previdência (621,03) (-) Quotas referente a 2 dependentes (379,18) Base de Cálculo do imposto de renda 8.999,79 Cálculo do imposto de renda: 27,5% de 8.999,79 = 2.474,94 (-) parcela a deduzir (869,36) Imposto devido (1.605,58) Pró-labore Líquido a pagar (10.000 – 621,03 – 1.605,58) 7.773,39 Contabilização 1) a apropriação do pró-labore no último dia de setembro Débito: Pró-labore Crédito: Pró-labore a Pagar R$ 10.000,00 www.esab.edu.br 154 2) Retenções sobre a folha de pró-labore Débito: Pró-labore a pagar R$ 2.226,61 Crédito: Contribuição de Previdência a Recolher R$ 621,03 Crédito: IRRF a Recolher R$ 1.605,58 3) Apropriação da contribuição da previdência - encargo da empresa Débito: Contribuição de Previdência Crédito: Contribuição de Previdência a Recolher (10.000 x 20%) R$ 2.000,00 Quanto ao recolhimento do FGTS sobre o pró-labore é facultativo. No entanto, as empresas podem equipar seus diretores não empregados aos demais trabalhadores sujeitos ao regime do FGTS. Assim, a empresa depositará mensalmente o FGTS dos diretores, apropriando a despesa junto com as apropriações de IRRF e INSS. Vamos às contabilizações: 4) Apropriação do FGTS Débito: FGTS Crédito: FGTS a Recolher (10.000 x 8%) R$ 800,00 5) Pagamento do pró-labore no mês seguinte Débito: Pró-labore a Pagar Crédito: Caixa ou Bancos R$ 7.773,39 Quando houver o recolhimento das parcelas contribuições de previdência, imposto de renda e do FGTS, serão contabilizados, debitando-se as contas representativas dessas obrigações e credita-se a conta caixa ou bancos. Nesta unidade, introduzimos o tema referente à remuneração dos empresários, que é o pró-labore, bem como a realização de seus cálculos, os encargos incidentes e sua contabilização. Na próxima unidade, vamos estudar o Ativo Imobilizado que é um grupo do Ativo Não Circulante, que classifica as contas que representam os bens de uso da empresa. www.esab.edu.br 155 27 Ativo Imobilizado Objetivo Conhecer os conceitos de Ativo Imobilizado. Na unidade anterior, estudamos que a remuneração do serviço dos empresários nas empresas se dá por meio do pró-labore. Nesta unidade, vamos estudar os principais conceitos e aspectos contábeis do Ativo Imobilizado, utilizando da regulamentação da NBC TG 27, Iudícibus (2010) e Ribeiro (2013) para melhor compreensão. O Ativo Imobilizado é um grupo do Ativo Não Circulante, que classifica as contas que representam os bens de uso da empresa. Esses bens de uso são aqueles por meio dos quais a empresa desenvolve as suas atividades para atingir seus objetivos e a quantidade e espécie de bens de uso vão variar, conforme o porte e ramo das atividades desenvolvidas pela empresa. Portanto, a parcela do capital que as empresas investem no Ativo Imobilizado depende das suas necessidades em decorrência das atividades que realizam (RIBEIRO, 2013). Os bens do Imobilizado podem ser tangíveis (corpóreos, materiais), móveis (cadeiras, mesas, computador, entre outros) e imóveis (prédios, galpões, terrenos, entre outros). O imobilizado é o item tangível que é mantido para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços, para aluguel a outros, ou, ainda para fins administrativos e também se espera utilizá-lo por mais de um período, ou seja, de permanência duradoura (NBC TG 27). O Ativo Imobilizado corresponde aos direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram a ela os benefícios, os riscos e o controle desses bens (Lei 6.404/76). Logo, com essa definição de Ativo Imobilizado fica explicitado que este não precisa necessariamente pertencer à entidade do ponto de vista jurídico para ser reconhecido, mas para isso é necessário que ela exerça controle sobre determinado Ativo Imobilizado e também usufrua os www.esab.edu.br 156 benefícios e assuma os riscos proporcionados por ele em suas operações, reconhecendo, assim, em seu balanço, mesmo que não detendo sua propriedade jurídica (IUDÍCIBUS et. al, 2010). O reconhecimento do custo de um item de ativo imobilizado deve ocorrer se for provável que futuros benefícios econômicos associados ao item fluirão para a entidade e quando o custo do item puder ser mensurado confiavelmente (NBC TG 27). Nessa situação descrita, temos que as operações de Leasing financeiro mercantil, deve ser classificado como Ativo Imobilizado, desde que no ato da assinatura do contrato de arrendamento mercantil, sejam atingidas certas condições previstas no Pronunciamento Técnico CPC 06 – Operações de Arrendamento Mercantil. Temos que os principais pontos a serem considerados na contabilização do ativo imobilizado são o reconhecimento dos ativos, a determinação dos seus valores contábeis e os valores de depreciação e perdas por desvalorização a serem reconhecidas em relação aos mesmos (NBC TG 27). E as contas representativas dos bens de uso poderão englobar elementos, conforme a natureza e uso semelhantes nas operações da entidade, como por exemplo: terrenos; terrenos e edifícios; máquinas; navios; aviões; veículos a motos; móveis e utensílios; e equipamentos de escritório (NBC TG 27). O imobilizado deve ter contas para cada classe principal de ativo, para o registro de seu custo, que por sua vez, no Plano de Contas poderão ser agrupadas como segue:a)Operacional corpóreo(Tangível) – composto por contas representativas de aplicações de recursos em bens materiais que estão em uso na empresa. Esses bens são necessários para que a empresa alcance os seus objetivos (comercialização, produção ou prestação de serviços). Os mais comuns são os móveis e utensílios, mesas, veículos, entre outros. b)Operacional Recursos Naturais – composto por contas representativas de aplicações de recursos em bens materiais elementos de exploração por parte da empresa. Esses recursos podem ser minerais (jazidas de carvão, argila, ferro, entre outros). www.esab.edu.br 157 c) Imobilizado Objeto de Arrendamento Mercantil - composto por contas representativas de bens corpóreos arrendados de terceiros. d) Imobilizado em Andamento - composto por contas representativas de investimentos de recursos em bens que, por estarem inacabados e sem operar, ainda não geram riquezas para empresa. A partir do momento em que esses bens estiverem acabados ou concluídos, prontos para operar, deverão ser dadas baixas nas respectivas contas que registram os bens em andamento, transferindo seus valores para as contas apropriadas, do Imobilizado Operacional. É importante ressaltar que os bens corpóreos classificados no Ativo Imobilizado estão sujeitos à depreciação ou exaustão, que figuram como conta redutora das contas classificadas no Imobilizado. (RIBEIRO, 2013). Em relação à contabilização de bens tangíveis integrantes do Ativo Imobilizado, decorrentes de aquisições, é relativamente simples, pois na maior parte dos casos, debita-se a conta que representa o bem que está sendo adquirido e credita-se conta Caixa ou Bancos; quando se tratar de compras à vista; e Fornecedores ou Duplicatas a Pagar; quando se tratar de compras a prazo. De acordo com o item 16 da NBC TG 27, o custo de um item do ativo imobilizado compreende: (a) seu preço de aquisição, acrescido de impostos de importação e impostos não recuperáveis sobre a compra, depois de deduzidos os descontos comerciais e abatimentos; (b) quaisquer custos diretamente atribuíveis para colocar o ativo no local e condição necessárias para o mesmo ser capaz de funcionar da forma pretendida pela administração; (c) a estimativa inicial dos custos de desmontagem e remoção do item e de restauração do local (sítio) no qual este está localizado. Tais custos representam a obrigação em que a entidade incorre quando o item é adquirido ou como consequência de usá-lo durante determinado período para finalidades diferentes da produção de estoque durante esse período. www.esab.edu.br 158 Assim, a NBC TG 27 complementa que o reconhecimento dos custos no valor contábil de um item do ativo imobilizado cessa, quando o item está no local e nas condições operacionais pretendidas pela administração. Outro ponto importante da NBC TG 27, item 23, é que o custo de um item de ativo imobilizado é equivalente ao preço à vista na data do reconhecimento. Se o prazo de pagamento excede os prazos normais de crédito, a diferença entre o preço equivalente à vista e o total dos pagamentos deve ser reconhecida como despesa com juros durante o período, ou seja, ajuste a valor presente. Para exemplificar a contabilização de um Ativo Imobilizado, considere que a empresa X, comprou um terreno do Sr. Antônio Augusto Silva, medindo 700m², sem benfeitorias, situado à rua Rei Flores, no valor de R$ 200.000,00 com pagamento em cheque, sendo os lançamentos: Débito: Terreno Crédito: Bancos R$ 200.000,00 Para fins de avaliação (mensuração) dos bens imobilizados, temos o processo de mensuração de um item do ativo imobilizado que acontece no momento em que os critérios de reconhecimento são atendidos e em momento posterior ao reconhecimento (NBC TG 27). Ao final de cada exercício social, devem ser apurados os resultados e realizada a elaboração das Demonstrações Contábeis, e os bens do imobilizado podem ser avaliados pelo Método do Custo ou, quando permitido por Lei, pelo Método de Reavaliação. Assim, o NBC TG 27, no item 29, apresenta que quando a opção pelo método de reavaliação for permitida por lei, a entidade deve optar pelo método de custo do item 30 ou pelo método de reavaliação do item 31, como sua política contábil e deve aplicar essa política a uma classe inteira de ativos imobilizados. São esses métodos: Método do custo 30. Após o reconhecimento como ativo, um item do ativo imobilizado deve ser apresentado ao custo menos qualquer depreciação e perda por redução ao valor recuperável acumulados (NBC TG 01). www.esab.edu.br 159 Método da reavaliação 31. Após o reconhecimento como um ativo, o item do ativo imobilizado cujo valor justo possa ser mensurado confiavelmente pode ser apresentado, se permitido por lei, pelo seu valor reavaliado, correspondente ao seu valor justo à data da reavaliação menos qualquer depreciação e perda por redução ao valor recuperável acumulado subsequente. A reavaliação deve ser realizada com suficiente regularidade, para assegurar que o valor contábil do ativo não apresente divergência relevante em relação ao seu valor justo na data do balanço. A reavaliação de bens de uso, quando permitida por Lei, é efetuada para atualizar o valor contábil do bem a valor justo, ao qual o bem pode ser comercializado no mercado. Entretanto, enquanto não houver permissão legal e regulamentação derivada do CFC, a reavaliação de bens do Imobilizado não pode ser efetuada. Já a Lei 6.404/76, art. 183, dispõe que os direitos classificados no imobilizado, pelo custo de aquisição, terão do saldo de suas respectivas contas a dedução com depreciação, amortização ou exaustão. Quando da baixa de bens do Ativo Imobilizado, temos que eles podem ser baixados em decorrência de alienação (venda), desapropriação, perecimento, extinção, desgaste, obsolescência, exaustão, liquidação, ou ainda quando não houver mais expectativas de benefícios econômicos futuros com a sua utilização ou alienação (RIBEIRO, 2013). Além disso, na baixa de bens do Ativo Imobilizado, que são tangíveis, certamente o referido bem tenha sofrido depreciação ou exaustão, caso em que se deverá apurar o ganho ou a perda de capital. Caso o resultado for positivo (lucro) ou negativo (prejuízo), obtido por meio da baixa de bens de uso, deve-se registrar o resultado em conta classificada no grupo das Outras Receitas ou Outras Despesas. Caro aluno, chegamos ao final da unidade e aprendemos sobre o Ativo Imobilizado que são os direitos que tenham por objeto, bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da empresa ou exercidas para essa finalidade. Na próxima aula, vamos estudar a conta redutora do Ativo Imobilizado, Depreciação. www.esab.edu.br 160 28 Depreciação Objetivo Conhecer a sistemática do valor depreciável de um bem. Na unidade anterior, estudamos os conceitos de Ativo Imobilizado que são bens tangíveis, móveis e imóveis e é mantido por mais de um ano pela empresa, seja para uso na produção, no fornecimento de mercadorias, na prestação de serviços, seja para aluguel a outros, ou ainda, para fins administrativos. Nesta unidade, vamos estudar a depreciação de um Ativo Imobilizado, que é a alocação sistemática do valor depreciável de um ativo ao longo de sua vida útil. Inicialmente um ativo é reconhecido pelo seu valor atribuído ou ainda pelo seu custo, que é o montante de caixa ou equivalente de caixa pago ou o valor justo de qualquer outro recurso dado para adquirir um ativo na data da sua aquisição ou construção (NBC TG 27). O ativo possui uma vida útil, que é o período de tempo durante o qual a entidade espera utilizá-lo, ou ainda, pelo número de unidades de produção ou de unidades semelhantes que a entidade espera obter pela utilização do ativo (NBC TG 27). Neste sentido, surge o conceito de depreciação que é a alocação sistemática do valor depreciável de um ativo ao longo da sua vida útil (Item 6 da NBC TG 27). Alocar sistematicamente o valor depreciável de um bem versaem transferir periodicamente uma parcela do valor gasto na aquisição, fabricação ou construção do bem de uso para o resultado do período. Essa transferência é feita apenas contabilmente durante o tempo de vida útil econômica do bem, não implica a redução do valor original do custo do referente bem (RIBEIRO, 2013). Além disso, vimos que os bens tangíveis classificados no Ativo Imobilizado são necessários para que a empresa possa desenvolver as suas atividades e alcançar seus objetivos. E são considerados bens de www.esab.edu.br 161 consumo durável, pois não se desgastam no primeiro uso. Logo, se a empresa adquire um bem de duração inferior a um ano, este deve ser contabilizado diretamente para a despesa operacional, na data em que foi adquirido. Todavia, cada um dos bens de consumo durável que será usado pela empresa para desenvolver suas atividades normais por vários anos será depreciado ao longo do tempo de vida útil estimado para esse bem, permitindo que o valor gasto na sua aquisição ou fabricação seja distribuído proporcionalmente, objetivando compor o custo ou valor das despesas dos exercícios durante os quais esse bem foi utilizado na geração de riquezas (RIBEIRO, 2013). O valor depreciável é o custo de um ativo ou outro valor que substitua o custo, menos o seu valor residual. E o seu valor residual então será o valor estimado que a entidade obteria com a venda do ativo, após deduzir as despesas estimadas de venda, caso o ativo já tivesse a idade e a condição esperadas para o fim de sua vida útil. Logo, o valor depreciável de um ativo é determinado após a dedução de seu valor residual. (NBC TG 27). Em suma, valor residual de um ativo pode aumentar. A despesa de depreciação será zero enquanto o valor residual subsequente for igual ou superior ao seu valor contábil (NBC TG 27). Assim, o valor contábil do ativo será o valor pelo qual um ativo é reconhecido após a dedução da depreciação e da perda por redução ao valor recuperável acumulado. Entende-se por perda por redução ao valor recuperável o valor pelo qual o valor contábil de um ativo ou de uma unidade geradora de caixa excede seu valor recuperável. Esse valor recuperável é o maior valor entre o valor justo menos os custos de venda de um ativo e seu valor em uso (NBC TG 27). Com o advento da convergência das normas nacionais para os padrões das normas internacionais de contabilidade, por meio da Lei nº 11.638/2007, cujos efeitos entraram em vigor a partir de 1º de janeiro de 2008, as regras para fixação do prazo, bem como da taxa de depreciação, que até então eram definidas pelo Fisco, mudaram. Agora que prevalece para determinar as quotas de depreciação é o a prazo de vida útil econômica do bem e não a vontade do Fisco. www.esab.edu.br 162 A Lei nº 6.404/76 art. 183 §3º estabelece que as empresas deverão efetuar, periodicamente, análise sobre a recuperação dos valores registrados no Imobilizado e no Intangível, a fim de que sejam: I – registradas as perdas de valor do capital aplicado quando houver decisão de interromper os empreendimentos ou atividades a que se destinavam ou quando comprovado que não poderão produzir resultados suficientes para recuperação desse valor; II – revisados e ajustados os critérios utilizados para determinação da vida útil econômica estimada e para cálculo da depreciação, exaustão e amortização. A depreciação tem, portanto, como objetivo os bens matérias (tangíveis), integrantes do Ativo Imobilizado, como Computadores e Periféricos, Instalações, Móveis e Utensílios, Veículos, Edifícios, entre outros. Em relação aos benefícios econômicos futuros incorporados no ativo, a NBC TG 27 no item 56, dispõe que são consumidos pela entidade principalmente por meio do seu uso. Todavia, outros fatores, tais como obsolescência técnica ou comercial e desgaste normal enquanto o ativo permanece ocioso, muitas vezes dão origem à diminuição dos benefícios econômicos que poderiam ter sido obtidos do ativo. Consequentemente, todos os seguintes fatores são considerados na determinação da vida útil de um ativo: a) uso esperado do ativo que é avaliado com base na capacidade ou produção física esperadas do ativo; b) desgaste físico normal esperado, que depende de fatores operacionais tais como o número de turnos durante os quais o ativo será usado, o programa de reparos e manutenção e o cuidado e a manutenção do ativo enquanto estiver ocioso; d) obsolescência técnica ou comercial proveniente de mudanças ou melhorias na produção, ou de mudança na demanda do mercado para o produto ou serviço derivado do ativo. Reduções futuras esperadas no preço de venda de item que foi produzido, usando um ativo podem indicar expectativa de obsolescência técnica ou comercial do bem, que, por sua vez, pode refletir uma redução dos benefícios econômicos futuros incorporados no ativo. www.esab.edu.br 163 e) limites legais ou semelhantes no uso do ativo, tais como as datas de término dos contratos de arrendamento mercantil relativos ao ativo. Em relação a sua vida útil e a taxa de depreciação, temos que o tempo de vida útil de um bem é o período durante o qual seja possível a sua utilização econômica, na produção de seus rendimentos. Todavia, este tempo é determinado em função do prazo em que o bem apresenta capacidade de gerar riquezas. A taxa de depreciação corresponde a um percentual fixado em função do tempo de vida útil do bem. O resultado da aplicação da taxa sobre o valor depreciável do bem é o valor da depreciação, que se denomina quota de depreciação (RIBEIRO, 2013). Para tanto, temos a estimativa fiscal e o critério contábil para apurar a depreciação. Pela estimativa fiscal temos uma taxa de depreciação fixada pela Secretaria da Receita Federal (SRF) em função da vida útil do bem e conforme a Instrução Normativa da SRF nº 130/99, as principais taxas de depreciação de uso mais comuns são: Já pelo critério contábil temos que o valor depreciável de um ativo deve ser apropriado de forma sistemática ao longo da sua vida útil estimada. Onde, o valor residual e a vida útil de um ativo são revisados pelo menos ao final de cada exercício e, se as expectativas diferirem das estimativas anteriores, a mudança deve ser contabilizada como mudança de estimativa contábil (NBC TG 27). A depreciação é reconhecida mesmo que o valor justo do ativo exceda o seu valor contábil, desde que o valor residual do ativo não exceda o seu valor contábil. Temos também que o valor depreciável de um ativo é determinado, após a dedução de seu valor residual. E, por fim, o valor residual de um ativo pode aumentar. A despesa de depreciação será zero enquanto o valor residual subsequente for igual ou superior ao seu valor contábil. Bens Prazo Taxa Veículos 5 anos 20% a.a. Móveis e Utensílios 10 anos 10% a.a. Software 5 anos 20% a.a. Computadores e Periféricos 5 anos 20% a.a. Prédios (em uso) 25 anos 4% a.a. Máquinas e Equipamentos 10 anos 10% a.a. www.esab.edu.br 164 Métodos de depreciação O método de depreciação adotado deve refletir o padrão de consumo pela entidade dos benefícios econômicos futuros (Item 60 da NBC TG 27). Existem vários métodos de depreciação que podem ser utilizados para apropriar de forma sistemática o valor depreciável de um ativo ao longo da sua vida útil. Vamos ver os mais expressivos: Método Linear ou Método das quotas Constante A depreciação pelo método linear resulta em taxas constantes durante a vida útil estimada do ativo, caso o seu valor residual não se altere. Pela sua praticidade, esse método é um dos mais utilizados. Vamos exemplificar para melhor compreensão. Suponhamos que o tempo de vida útil de um bem X, tenha sido estimado em 10 anos, no valor de R$ 10.000,00. Neste caso, a taxa de depreciação será de 10% e o valor da depreciação anual será de R$ 1.000,00. A fórmula é: A vida útil = 10 anos ou 10% a.a. O valor de R$ 1.000,00 representa o encargo com depreciação de um ano, na prática o registro é feitomensalmente. O valor mensal www.esab.edu.br 165 da depreciação nesta hipótese será de R$ 83,33 (1.000,00/12) e será registrado mensalmente assim: Débito: Despesas com Depreciação Crédito: Depreciação Acumulada do Bem X R$ 83,33 Método da soma dos algarismos dos anos Neste método, é possível estipular as taxas variáveis crescentes e decrescentes durante o tempo de vida útil do bem, adotando-se o seguinte critério: somam-se os algarismos que formam o tempo de vida útil do bem, obtendo-se, assim, o denominador da fração que determinará a taxa de depreciação de cada ano. O método estima que o bem perca um valor maior quando mais novo é, e à medida que o tempo passa, essa perda se reduz. Vamos exemplificar: Suponha que o tempo de vida útil de um bem tenha sido estimado em 4 anos. Veja como será calculada a taxa de depreciação: 1 + 2 + 3 + 4 = 10 O Número 10, como foi dito, será o denominador da fração que determinará a taxa de depreciação de cada ano. Podendo utilizar taxas crescentes ou taxas decrescentes. Justifica-se a utilização da taxa decrescente de bens que nos primeiros anos de sua existência apresentam alta produtividade, a qual vai diminuindo com o passar do tempo. Vamos exemplificar para melhor compreensão: Vamos supor que um bem tenha sido adquirido por R$ 30.000,00 e instalado para começar a produzir no dia 19 de fevereiro de X1. Taxas Crescentes: Taxas Decrescentes: Considerando o tempo de vida útil igual 5 anos, teremos: Considerando o tempo de vida útil igual 5 anos, teremos: 1º ano = 1 1º ano = 4 10 10 2º ano = 2 2º ano = 3 10 10 3º ano = 3 3º ano = 2 10 10 4º ano = 4 4º ano = 1 10 10 www.esab.edu.br 166 Pede-se: calcular a taxa de depreciação do segundo ano, considerando o método da soma dos algarismos dos anos pela taxa crescente. 2º ano = 2 de 100% = 20% x 30.000 = R$ 6.000,00 10 E para calcular a taxa de depreciação do segundo ano, considerando o método da soma dos algarismos dos anos pela taxa decrescente. 2º ano = 3 de 100% = 30% x 30.000 = R$ 9.000,00 10 Observe que no segundo ano o valor da depreciação pelo Método Decrescente é maior do que pelo Método Crescente. Dica Passo a passo para calcular a depreciação pelo método da linha reta 1) Pegue o valor de aquisição. 2) Encontre o valor residual. Se não falar nada, é igual a zero. 3) Faça a diferença entre o valor de aquisição e o valor residual e encontrará o chamado valor depreciável. 4) Encontre a vida útil (em meses ou anos, geralmente). 5) Divida o valor depreciável pela vida útil 6) Você encontrará o valor da depreciação. www.esab.edu.br 167 Estudo Complementar Segundo a NBC TG 01, a entidade somente deve manter seu ativo, contas representativas de bens e direitos registrados por valores que não excedam seus valores de recuperação. Logo, a entidade deve avaliar ao fim de cada período, se há alguma indicação de que um ativo possa ter sofrido desvalorização. Se houver alguma indicação, a entidade deve estimar o valor recuperável do ativo e reconhecer essa desvalorização no respectivo exercício. Para conhecer mais sobre o Teste de Recuperabilidade, faça a leitura da NBC TG 01. Clique aqui! Chegamos ao final da unidade 28, e nela aprendemos a sistemática do valor depreciável de um bem do ativo imobilizado ao longo de sua vida útil. Vimos que agora prevalece para determinar as quotas de depreciação, o prazo de vida útil econômica do bem e não a vontade do fisco. Na próxima unidade, vamos estudar o conceito de amortização que é a alocação sistemática do valor amortizável de ativo intangível ao longo de sua vida. http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTG01(R3).pdf www.esab.edu.br 168 29 Amortização Objetivo Conhecer a sistemática do valor amortizável de bens imateriais. Na unidade 28, estudamos sobre a depreciação de um ativo ao longo de sua vida útil. E que o valor depreciável deve ser transferido periodicamente para o resultado do período. Nesta unidade, vamos estudar a amortização de ativo intangível ao longo de sua vida útil e que uma vez que um ativo intangível tem sua vida útil definida, ele deve ser amortizado, conforme NBC TG 04. Amortização é a alocação sistemática do valor amortizável de ativo intangível ao longo de sua vida útil (Item 8 da NBC TG 04). O Ativo intangível é um ativo não monetário identificável sem substância física. Nem todos os bens do intangível estão sujeitos à amortização. Deve ser amortizado um ativo com vida útil definida, contudo, um ativo com vida útil indefinida não deve ser amortizado. Nesse segundo caso, a entidade deverá no final de cada exercício social, submeter o bem ao teste de recuperabilidade (RIBEIRO, 2013). Cabe ressaltar que o procedimento não se aplica às empresas de pequeno e médio porte. Para essas empresas, todos os ativos intangíveis devem ser considerados como tendo vida útil finita e por esse motivo não devem ser amortizados (NBC TG 1000). Contabilmente, a amortização é um processo semelhante à depreciação, contudo aplicado aos bens imateriais. Enquanto por meio da depreciação considera-se como despesa ou custo do período uma parte do valor gasto na compra dos bens de uso da empresa, por meio da amortização, considera-se como despesa ou custo do período uma parte do capital aplicado em bens imateriais com vida útil definida, integrantes do Intangível (RIBEIRO, 2013). A vida útil de um ativo é o perío do de tempo no qual a entidade espera utilizar um ativo ou o número de unidades de produção ou de unidades semelhantes que a entidade espera obter pela utilização do ativo (NBC TG 04). www.esab.edu.br 169 No caso do ativo intangível, a entidade deve avaliar se sua vida útil é definida ou indefinida. No primeiro caso, a duração ou o volume de produção ou unidades semelhantes que formam essa vida útil (Item 88 da NBC TG 04). Assim, a entidade deve atribuir vida útil indefinida a um ativo intangível quando, com base na análise de todos os fatores relevantes, não existe um limite previsível para o período durante o qual o ativo deverá gerar fluxos de caixa líquidos positivos para a entidade (NBC TG 04). Nós vimos que a contabilização de ativo intangível baseia-se na sua vida útil. Um ativo intangível com vida útil definida deve ser amortizado (ver itens 97 a 106 da NBC TG 04), enquanto a de um ativo intangível com vida útil indefinida não deve ser amortizado (ver itens 107 a 110 da NBC TG 04). Método de Amortização O valor amortizável de ativo intangível com vida útil definida deve ser apropriado de forma sistemática ao longo da sua vida útil estimada. A amortização deve ser iniciada a partir do momento em que o ativo estiver disponível para uso, ou seja, quando se encontrar no local e nas condições necessários para que possa funcionar da maneira pretendida pela empresa. A amortização deve cessar na data em que o ativo é classificado como mantido para venda ou incluído em um grupo de ativos classificado como mantido para venda de acordo com a NBC TG 31, ou, ainda, na data em que ele é baixado, o que ocorrer primeiro. O método de amortização adotado reflete o padrão de consumo pela entidade dos benefícios econômicos futuros (NBC TG 04). Com isso, vários métodos de amortização podem ser utilizados para apropriar de forma sistemática o valor amortizável de um bem imaterial, com vida útil definida, ao longo de sua vida útil estimada. Os métodos lineares e da soma dos algarismos dos anos, entre outros, aplicam-se também aos bens imateriais com vida útil definida. Os bens imateriais com vida útil indefinida, não estão sujeitos à amortização; entretanto, deve-se aplicar o teste de recuperabilidade ao final de cada exercício para que o valor contábil seja ou não revisado (RIBEIRO, 2013). Outro ponto importante é destacar o que estabelece a Lei nº 6.404/76, art. 3º, § 3º, que dispõe que as empresas deverão efetuar, periodicamente, análise sobre a recuperação também dos bens intangíveis www.esab.edu.br170 com vida útil definida, para que sejam revisados e ajustados os critérios utilizados para determinação da vida útil econômica estimada e para o cálculo da respectiva amortização. Destaca-se também que, se não for possível determinar esse padrão com confiabilidade, deve ser utilizado o método linear (NBC TG 04). A taxa anual de amortização a ser adotada pela entidade dependerá do método de amortização aplicado ao bem imaterial com vida útil definida. Quando o método for de linha reta, a taxa será proporcional ao número de anos de amortização. A quota de amortização será determinada pela aplicação da taxa anual de amortização sobre o valor amortizável do bem. Valor amortizável é o custo de um ativo ou outro valor que substitua o custo, menos o seu valor residual, quando houver. Da mesma forma que a depreciação, a amortização também poderá ser apropriada em quotas mensais, considerando-se sempre o mês integral quando se tratar de início ou término do período de amortização. Vamos exemplificar: para calcular e contabilizar a quota de amortização da conta Marcas, pelo método linear, em 31/12/x1, considerando que a referida conta tinha um saldo igual a R$ 20.000,00, o mesmo existente em 31/12/x0 e que o tempo de vida útil foi estimado em 10 anos. O valor da quota de amortização e a contabilização será: Para o cálculo Amortização temos: www.esab.edu.br 171 A vida útil = 10 anos ou 10% a.a. Já na contabilização, temos: Débito: Amortização Crédito: Amortização Acumulada R$ 2.000,00 Temos então que a conta debitada (Amortização) corresponde à despesa ou custo do período, e a conta creditada (Amortização Acumulada) e conta patrimonial e figurará no Ativo Não Circulante, grupo Intangível, como redutora da conta Marcas e Patentes, que serviu de base para o cálculo. Quando da baixa de um bem imaterial totalmente amortizado contabilmente é efetuada debitando-se a conta Amortização Acumulada e creditando-se a conta representativa do respectivo bem. Portanto, quando os critérios de depreciação, amortização ou exaustão adotados pela empresa resultarem em quotas de depreciação, amortização ou exaustão maiores que as permitidas pelo Fisco, a empresa deverá oferecer a diferença para tributação mediante ajustes dos seus resultados no Livro Eletrônico de Escrituração e Apuração do Imposto sobre a Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido da Pessoa Jurídica Tributada pelo Lucro Real. A escrituração do e-Lalur, que abrange a apuração do IRPJ e da CSLL, é obrigatória, a partir de 2013, para as pessoas jurídicas sujeitas ao regime do lucro real. Caro aluno, finalizamos mais uma unidade e nessa podemos aprender sobre a amortização de ativo intangível e o fator que determina se o bem imaterial vai ser amortizado ou não. Na unidade seguinte, vamos conhecer outro processo semelhante à depreciação e a amortização, sendo a exaustão, que é aplicado às contas classificadas no Imobilizado, representativas de direitos cujo objetivo sejam recursos naturais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração. www.esab.edu.br 172 30 Exaustão Objetivo Conhecer a sistemática do valor exaurível de recursos minerais. Na unidade anterior, estudamos que a diminuição de valor dos elementos do ativo imobilizado será registrada periodicamente nas contas de depreciação e amortização. Agora, vamos estudar a conta de exaustão, que corresponde à perda de valor, decorrente da sua exploração, de direitos cujo objetivo seja recursos naturais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração (GOMES, SANTOS, & SCHMIDT, 2011). A exaustão é um processo semelhante à depreciação e à amortização, entretanto, aplicável às contas classificadas no Imobilizado, representativas de direitos cujo objetivo sejam recursos naturais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração. Assim, exaustão é a alocação sistemática do valor exaurível de um ativo ao longo se sua vida útil (RIBEIRO, 2013). O valor exaurível de um ativo ao longo de sua vida útil está sujeito à exaustão, o que corresponde ao valor do bem representativo de recurso mineral ou florestal diminuído do valor residual, quando for o caso. O assunto também está disciplinado pela Legislação Tributária, por meio dos artigos 330 a 334 do RIR/99, para fins de apuração tributável. Para o cálculo do montante da quota anual de exaustão de recursos minerais, em cada ano, poderá ser determinado de acordo com os princípios de depreciação, com base no custo de aquisição ou prospecção, de duas maneiras: 1ª Maneira: Em função do prazo de concessão O Governo pode conceder uma habilitação de concessão para determinada empresa, a fim de que ela possa explorar o minério desejado. O cálculo da quota de exaustão é feito sobre o valor dos gastos realizados para obter a concessão. Esses gastos vão desde análise do solo, levantamento aerofotogramétrico e medição de jazidas, até o pagamento de taxas e outros encargos (RIBEIRO, 2013). www.esab.edu.br 173 Vamos supor que o prazo de concessão de uma determinada mina de carvão seja de oito anos. Neste caso, a taxa de depreciação a ser calculada sobre os gastos efetuados pela obtenção do direito de exploração será: 2ª Maneira: Na relação entre o volume de produção do período e a possança conhecida da mina: Nesta circunstância, a taxa anual de exaustão será obtida mediante a relação entre o volume de minério extraído e a reserva potencial da mina (possança). Logo, a reserva é a capacidade estimada da jazida. Vamos supor que a capacidade estimada de determinada jazida seja de 1.000 toneladas e que no período tenha ocorrido extração correspondente a 70 toneladas. A taxa de exaustão será obtida pelo cálculo seguinte: Quantidade extraída multiplicada por 100, dividida por possança estimada. Vamos para um exemplo mais prático: Valor contábil de uma jazida de minério de ferro = R$ 200.000,00 Possança estimada da jazida = 1.000 toneladas Foram extraídas, no período, 150 toneladas Prazo de concessão = 20 anos Para calcular e contabilizar a quota de exaustão para o período pelas duas maneiras apresentadas. 1º: cálculo da quota de exaustão com base no prazo de concessão: Taxa: Logo, basta aplicar 5% sobre os R$ 200.000,00 para obter o valor da quota de exaustão do período de R$ 10.000,00. A contabilização será: Débito: Exaustão Crédito: Exaustão Acumulada R$ 10.000,00 70 X 100 = 7% a.a. 1.000 100% = 12,5% a.a. 8 anos 100% = 5% a.a. 20 www.esab.edu.br 174 Temos então, um débito na conta exaustão, que é conta de despesa ou custo do período. E na conta creditada (Exaustão Acumulada), é uma conta Patrimonial e receberá anualmente o valor das quotas de exaustão até atingir 100% do valor exaurível. 2º: Relação volume de produzido x possança estimada: Taxa: A quota da exaustão: A contabilização será: Débito: Exaustão Crédito: Exaustão Acumulada R$ 30.000,00 Um ponto importante não se aplica a exaustão de jazidas minerais inesgotáveis ou de exaustão indeterminável, como às de água mineral. No entanto, a Legislação Tributária prevê a aplicação de exaustão mineral incentivada (RIBEIRO, 2013). Em relação à exaustão de recursos florestais, tem-se que a quota de exaustão dos recursos naturais destinados a corte pode ter como base de cálculo o valor das florestas. Para o cálculo do valor da quota de exaustão de recursos florestais, poderá ser observado o seguinte critério segundo Ribeiro (2013): a) Inicialmente, será apurado o percentual que o volume dos recursos florestais utilizados ou a quantidade de árvores extraídas durante o período de apuração representa em relação ao volume ou à quantidade de árvores que no início do período de apuração compunham a floresta (relação de extração/ volume total da floresta); b) O percentual encontrado será aplicado sobre o valor contábil da floresta, registrado no Ativo, e o resultado será considerado como custo dos recursos florestais extraídos. Caro aluno, finalizamos a nossa última unidade e aprendemossobre 150 x 100 = 15% a.a. 1.000 R$ 200.000 x 15 = R$ 30.000,00 100 www.esab.edu.br 175 a exaustão de recursos minerais e os métodos utilizados para o cálculo da quota de exaustão. Reforço que o conteúdo será prosseguido na disciplina Contabilidade Intermediária II. Chegamos ao final de nossos estudos. www.esab.edu.br 176 Na unidade 26, estudamos Pró-labore, que é a remuneração paga aos titulares de empresas individuais ou aos sócios das empresas societárias, em decorrência dos serviços prestados por eles à empresa. Na unidade 27, abordamos o Ativo Imobilizado que é um grupo do Ativo Não Circulante, que classifica as contas que representam os bens de uso da empresa. Esses bens de uso são aqueles por meio dos quais a empresa desenvolve as suas atividades para atingir seus objetivos e a quantidade e espécie de bens de uso vão variar, conforme o porte e ramo das atividades desenvolvidas pela empresa. Na unidade 28, estudamos o conceito de depreciação que é a alocação sistemática do valor depreciável de um ativo ao longo da sua vida útil. O valor depreciável é o custo de um ativo ou outro valor que substitua o custo, menos o seu valor residual. E o seu valor residual então será o valor estimado que a entidade obteria com a venda do ativo, após deduzir as despesas estimadas de venda, caso o ativo já tivesse a idade e a condição esperadas para o fim de sua vida útil. Já na unidade 29, estudamos a amortização que é a alocação sistemática do valor amortizável de ativo intangível ao longo de sua vida útil. O Ativo intangível é um ativo não monetário identificável sem substância física. E vimos que nem todos os bens do intangível estão sujeitos à amortização. O valor amortizável de ativo intangível com vida útil definida deve ser apropriado de forma sistemática ao longo da sua vida útil estimada. Por fim, na unidade 30, vimos que a exaustão é um processo semelhante à depreciação e a amortização, entretanto, aplicável às contas classificadas no Imobilizado, representativas de direitos cujo objetivo sejam recursos naturais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração. Assim, exaustão é a alocação sistemática do valor exaurível de um ativo ao longo se sua vida. Resumo www.esab.edu.br 177 Glossário Ativo Circulante Representa os valores que serão transformados em dinheiro, consumidos ou vendidos em curto prazo. R Bens Coisas úteis de que dispõe uma pessoa física ou jurídica para atingir seus fins. Os bens podem ser classificados em: tangíveis, intangíveis, móveis ou imóveis. R Bens de uso Representam os bens de propriedade da empresa e que não possuem a intenção de venda, ou seja, são direcionados para o uso da empresa. R Circulante Recursos em giro na empresa, normalmente em movimentação de até 12 meses. R CIF Cost, Insurance and Freight - frete e o seguro são pagos pelo fornecedor. R Crédito Origem do recurso. R Custo Gasto com a aquisição de bens ou serviços para transformação em outro bem ou serviço. R Débito Aplicação do recurso.R www.esab.edu.br 178 EFD Escrituração Fiscal Digital R Exercício Período de tempo que gerou os lucros. R Fisco Representa o governo (federal, estadual ou municipal) que regulamenta e cobra tributos. R FOB Free On Board - o comprador assume todos os riscos e custos com o transporte da mercadoria, assim que ela é colocada a bordo do navio. R Livro Diário É um livro contábil de preenchimento obrigatório (exigido por lei) e de maior importância, onde são lançadas as operações DIÁRIAS de uma empresa. R Lucro Líquido do Exercício Diferença positiva entre o que foi gasto e o que foi recebido pela empresa. R Lucro Real É a regra geral para a apuração do Imposto de Renda (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) da pessoa jurídica. R Obrigação Dívidas, compromissos financeiros assumidos. R Não Circulante São os recursos que giram na empresa em longo prazo. R Obrigações Valores que a empresa tem a pagar para terceiros. R www.esab.edu.br 179 Passivo Circulante Compreende as obrigações que serão liquidadas em curto prazo. R Patrimônio Bens, direitos e obrigações. R Pessoa Jurídica Ser abstrato constituído legalmente por um contrato, formalizado por duas ou mais pessoas. R Receita Representa o faturamento da empresa (venda de bens ou serviços). R Resultado Lucro ou prejuízo de um determinado período. R RIR/99 Decreto nº 3.000/1999. Regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. R Sped Sistema Público de Escrituração Digital R www.esab.edu.br 180 Referências CHAGAS, G. (2014). Contabilidade Intermediária Simplificada (1ª ed.). São Pulo: Saraiva. GOMES, J. M., SANTOS, J., & SCHMIDT, P. (2011). Contabilidade Intermediária: Atualizada pela Lei nº 11.941/09 e pelas normas do CPC (2ª ed.). São Paulo: Atlas. IUDÍCIBUS et. al, S. D. (2010). Manual de Contabilidade Societária: Aplicável a todas as Sociedades de acordo com as Normas Internacionais e do CPC. Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras. FIPECAFI. (1ª ed.). São Paulo: Atlas. Lei nº 6.404/76. (s.d.). LEI No 6.404, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1976. Acesso em 18 de fevereiro de 2018, disponível em www.planalto. gov.br. NBC TG 04. (s.d.). NBC TG 04 (R4)- ATIVO INTANGÍVEL. Acesso em 19 de fevereiro de 2018, disponível em www.cfc.org.br: http:// www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTG04(R4).pdf NBC TG 27. (s.d.). NBC TG 27 (R4) – ATIVO IMOBILIZADO. Acesso em 2018, disponível em www.cfc.or.br: http://www1.cfc.org.br/ sisweb/SRE/docs/NBCTG27(R4).pdf NBG TG 16. (s.d.). NBG TG 16 - Estoque. Acesso em 08 de fevereiro de 2018, disponível em www.cfc.org.br: http://www1.cfc.org.br/sisweb/ SRE/docs/NBCTG16(R2).pdf RIBEIRO, O. M. (2013). Contabilidade Intermediária 4. ed.. São Paulo: Saraiva. http://www.planalto.gov.br. http://www.planalto.gov.br. www.cfc.org.br: http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTG04(R4).pdf www.cfc.org.br: http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTG04(R4).pdf www.cfc.or.br: http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTG27(R4).pdf www.cfc.or.br: http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTG27(R4).pdf www.cfc.org.br: http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTG16(R2).pdf www.cfc.org.br: http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTG16(R2).pdf Plano de Contas para o estoque Inventário Método de Apuração dos custos Estoques - Comércio Resumo Contabilização de Comércio com Icms Estoques – Contabilizações de Comércio com IPI, PIS e COFINS Operações que afetam uma compra Venda e Operações que afetam uma venda Tributos que incidem sobre venda - ICMS Resumo Tributos que incidem sobre venda – IPI e ISS e sua relação com o ICMS Tributos que incidem sobre venda – PIS e COFINS Resultado da Conta Mercadorias Perdas Estimadas em Créditos de Liquidação Duvidosa Importação de Mercadorias Resumo Exportação de Mercadorias Operações com Pessoal – Folha de pagamentos Folha de pagamentos – Vantagens com salário e hora extra e Compensações Folha de pagamentos – Vantagens com Gratificações, Comissões e Férias Folha de pagamentos – Vantagens de décimo terceiro salário Resumo Folha de pagamentos – Vantagens do salário-maternidade, salário-família e Diárias de viagem e ajudas de custos. Folha de pagamentos – Vantagens com os Adicionais: Insalubridade, Periculosidade e Noturno. Folha de pagamentos – Descontos INSS Folha de pagamentos – Descontos IRRF e FGTS Folha de pagamentos – Participação dos Empregados no Vale transporte e na Alimentação Resumo Pró-labore Ativo Imobilizado Depreciação Amortização Exaustão Resumo Glossário Referências Sped Marcador 40 Sped Sistema Público de Escrituração Digital