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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA 1º TEN MARIO RITTER 1º TEN RODRIGO DOS SANTOS MORGADO ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES COM CORTINA ATIRANTADA Rio de Janeiro 2017 Relatório de Projeto de Final de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia de Fortificação e Construção do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a aprovação na referida disciplina. Orientadora: Profª. Maria Esther Soares Marques, D.Sc. 2 c2017 INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha Rio de Janeiro – RJ CEP: 22290-270 Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá incluí- lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar qualquer forma de arquivamento. É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que esteja ou venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações, desde que sem finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do(s) autor(es) e do(s) orientador(es). 624.1 Ritter, Mario R614e Estabilização de taludes com cortina atirantada / Mario Ritter e Rodrigo dos Santos Morgado; orientados por Maria Esther Soares Marques – Rio de Janeiro: Instituto Militar de Engenharia, 2017. 167p. : il. Projeto de Fim de Curso (PROFIC) – Instituto Militar de Engenharia, Rio de Janeiro, 2017. 1. Curso de Engenharia de Fortificação e Construção – Projeto de Fim de Curso. 2. Contenção. I. Morgado, Rodrigo dos Santos. II. Marques, Maria Esther Soares. III. Título. IV. Instituto Militar de Engenharia. 4 AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, por toda a paciência nos momentos de dificuldades. Às nossas famílias, pelo amor, incentivo e apoio incondicional. À professora Esther, pela dedicação, orientação e ensino em todas as etapas deste trabalho. A todos os demais que direta ou indiretamente contribuíram para a construção deste Projeto Final de Curso. 5 SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÕES ........................................................................................ 8 LISTA DE TABELAS .............................................................................................. 12 LISTA DE SÍMBOLOS ............................................................................................. 13 LISTA DE SIGLAS ................................................................................................... 16 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 19 2. MOVIMENTOS DE MASSA ................................................................................ 22 2.1. ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES .................................................. 22 2.1.1. TIPOS DE RUPTURA …...... ................................................................. 22 2.1.2. MECANISMOS DE RUPTURA ............................................................. 23 2.1.3. ESCOLHA DO MÉTODO DE ANÁLISE ............................................... 23 2.2. CONTENÇÕES ................................................................................................. 28 2.2.1. FASES DO PROJETO .......................................................................... 28 2.2.2. ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO ........................................................ 29 3. CORTINAS ATIRANTADAS ............................................................................... 34 3.1. CONCEITUAÇÃO ............................................................................................. 34 3.2. ETAPAS DE DIMENSIONAMENTO ................................................................. 37 3.3. ETAPAS DE EXECUÇÃO ................................................................................ 38 3.4. ANÁLISE DE ESTABILIDADE ........................................................................... 51 3.4.1. MÉTODO DE COULOMB ADAPTADO ................................................ 53 3.4.2. MÉTODO DE RODIO ........................................................................... 56 6 3.4.3. MÉTODO BRASILEIRO (NUNES; VELLOSO, 1963) ............................ 57 3.4.4. MÉTODO DE RAKE-OSTERMAYER ................................................... 61 3.5. TÉCNICAS DE DETALHAMENTO ................................................................... 64 3.5.1. PAINEL ................................................................................................. 64 3.5.1.1 AÇÕES SOLICITANTES .......................................................... 66 3.5.1.2 ARMAÇÃO ................................................................................ 70 3.5.1.3 VERIFICAÇÃO DE PUNÇÃO ................................................... 76 3.5.2. TIRANTE ............................................................................................... 78 3.5.2.1 ELEMENTOS CONSTITUINTES .............................................. 79 3.5.2.2 PERFURAÇÃO ......................................................................... 83 3.5.2.3 INSTALAÇÃO ........................................................................... 84 3.5.2.4 INJEÇÃO .................................................................................. 85 3.5.2.5 PROTENSÃO ........................................................................... 87 3.5.2.6 INCORPORAÇÃO .................................................................... 88 3.5.2.7 CORROSÃO ............................................................................. 88 3.5.3. CAPACIDADE DE CARGA ................................................................... 90 3.6. DRENAGEM ...................................................................................................... 91 3.6.1 DRENAGEM SUPERFICIAL ................................................................. 92 3.6.2 DRENAGEM SUBSUPERFICIAL .......................................................... 97 3.7. MANUTENÇÃO ................................................................................................ 99 4. DETALHAMENTO DO PROJETO .................................................................... 101 4.1. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTUDO ......................................................... 101 4.2. AVALIAÇÃO TOPOGRÁFICA DO TERRENO ............................................... 106 4.3. AVALIAÇÃO GEOMÉTRICA DOS PAINÉIS .................................................. 109 4.4. PARÂMETROS ADOTADOS .......................................................................... 111 7 4.5. MEMORIAL DE CÁLCULO .............................................................................. 112 4.5.1. MÉTODO BRASILEIRO DE ATIRANTAMENTO ................................ 112 4.5.2. ARMADURAS LONGITUDINAIS ........................................................ 117 4.5.2.1 VIGAS HORIZONTAIS CARREGADAS ................................. 122 4.5.2.2 VIGAS VERTICAIS CARREGADAS ....................................... 126 4.5.3. VERIFICAÇÃO DE PUNÇÃO ............................................................. 128 4.5.4. BULBO DE ANCORAGEM................................................................. 132 4.5.5. CAPACIDADE DE CARGA DA BASE ................................................ 133 4.5.6. GEOMETRIA FINAL DE PROJETO ................................................... 138 4.5.7. DRENAGEM ....................................................................................... 142 4.6. ANÁLISE GLOBAL DO TALUDE ..................................................................... 146 5. CONCLUSÕES ................................................................................................. 154 6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ........................................................................ 157 7. ANEXOS .......................................................................................................... 162 7.1. ANCORAGEM ................................................................................................ 162 7.2. FRETAGEM/ ARMADURA DA BASE ............................................................. 163 7.3. JUNTAS DE CONCRETAGEM ...................................................................... 164 7.4. VISTA FRONTAL/ SEÇÃO AA (PAINÉIS CENTRAIS) .................................... 165 7.5. VISTA FRONTAL/ SEÇÃO AA (PAINÉIS LATERAIS) .................................... 166 7.6. ARMADURA DE PUNÇÃO .............................................................................. 167 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIG.2.1 - Parâmetros de Pico, de Volume Constante e Residuais (Manual da GeoRio, 2014) .......................................................................................................... 25 FIG.3.1 - Cortina Atirantada (Adaptado de EIP, 20?) ............................................... 35 FIG.3.2 - Cortina Atirantada (A), Estroncada (B) e em Balanço (C) (GERSCOVICH, DANZINGER E SARAMAGO, 2016) ........................................................................ 36 FIG.3.3 - Cortina Atirantada em Seção Transversal (GERSCOVICH, DANZINGER E SARAMAGO, 2016) .................................................................................................. 36 FIG.3.4 - Método Descendente (Hunt e Nunes, 1978) ............................................ 39 FIG.3.5 - Manuseio dos Tirantes (NARESI, 2009) .................................................... 42 FIG.3.6 - Inserção dos Tirantes (NARESI, 2009) ..................................................... 43 FIG.3.7 - Vista dos Tirantes no Furo (NARESI, 2009) .............................................. 43 FIG.3.8 - Tubo de Injeção (NARESI, 2009) .............................................................. 44 FIG.3.9 – Armação do Painel (NARESI, 2009) ......................................................... 46 FIG.3.10 – Dobras (NARESI, 2009) ........................................................................ 47 FIG.3.11 - Primeira Linha de Tirantes (NARESI, 2009) ............................................ 47 FIG.3.12 - Escoramento Tubular Metálico (NARESI, 2009) ..................................... 48 FIG.3.13 - Desforma do Primeiro Nível (NARESI, 2009) .......................................... 48 FIG.3.14 - Armação em Nicho Alternado (NARESI, 2009) ...................................... 49 FIG.3.15 - Macaco de Protensão de Cordoalhas (NARESI, 2009) ........................... 50 FIG.3.16 - Métodos de Ruptura de Cortinas Atirantadas (GERSCOVICH, DANZINGER E SARAMAGO, 2016) ....................................................................... 51 FIG.3.17 - Método de Coulomb (GERSCOVICH, DANZINGER E SARAMAGO, 2016) ................................................................................................................................. 54 FIG.3.18 - Superfície de Ruptura no Pé do Talude (GERSCOVICH, DANZINGER E SARAMAGO, 2016) .................................................................................................. 58 FIG.3.19 - Diagrama de Esforços (GERSCOVICH, DANZINGER E SARAMAGO, 2016) ........................................................................................................................ 59 9 FIG.3.20 - Diagrama de Ângulos (GERSCOVICH, DANZINGER E SARAMAGO, 2016) ....................................................................................................................... 61 FIG.3.21 - Método de Ranke-Ostermayer (GERSCOVICH, DANZINGER E SARAMAGO, 2016) .................................................................................................. 63 FIG.3.22 – Polígono de Forças do Método Ranke-Ostermayer (GERSCOVICH, DANZINGER E SARAMAGO, 2016) ........................................................................ 63 FIG.3.23 - Junta Entre Painéis (GERSCOVICH, DANZINGER E SARAMAGO, 2016) ....................................................................................................................................65 FIG.3.24 - Vista Superior: Junta e Vértice (GERSCOVICH, DANZINGER E SARAMAGO, 2016) ................................................................................................. 65 FIG.3.25 - Unidade Estrutural Modelada (THOMAZ, 19-) ......................................... 69 FIG.3.26 - Aplicação de Cargas e DMF .................................................................... 70 FIG.3.27 - Distribuição de Momentos por Faixas (NBR 6118 : 2014) ....................... 72 FIG.3.28 – Perímetro Crítico C’ (NBR 6118 : 2014) ................................................. 77 FIG.3.29 – Cabeça do Tirante (Adaptado da NBR 5629 : 1996) .............................. 80 FIG.3.30 – Componentes do Tirante (Téchne, 2007) ............................................... 83 FIG.3.31 – Válvulas Manchetes nos Tirantes .......................................................... 85 FIG.3.32 – Processo de Obtenção (NARESI, 2009) ................................................ 86 FIG.3.33 – Centralizador e Tubo Corrugado de Proteção (Manual GeoRio, 2014) 89 FIG.3.34 – Proteção Anticorrosiva (Dwidag, 20?) .................................................... 90 FIG.3.35 – Canaleta com Proteção Lateral (Manual GeoRio, 2014) ........................ 93 FIG.3.36 – Características Construtivas dos Degraus (Manual GeoRio, 2014)........ 94 FIG.3.37 – Caixa de Passagem (Manual GeoRio, 2014) ......................................... 96 FIG.3.38 – Bacia de Amortecimento (Manual GeoRio, 2014)................................... 97 FIG.3.39 – Canaletas e Diâmetro de Perfuração (Manual GeoRio, 2014) ............... 98 FIG.4.1 – Deslizamento do Talude (Foto: Hudson Pontes / Agência O Globo) ..... 101 FIG.4.2 – Vista do Prédio (Google Earth, acesso em 19 jun. 2017) ...................... 102 FIG.4.3 – Vista Superior da Cortina (Google Earth, acesso em 19 jun. 2017) ..... 103 10 FIG.4.4 – Vista Superior da Cortina (Visita à Obra) ............................................... 103 FIG.4.5 – Vista Frontal da Cortina (Visita à Obra) .................................................. 104 FIG.4.6 – Vista do talude (Google Earth, acesso em 19 jun. 2017) ........................ 104 FIG.4.7 – Vista do Topo do Talude (Google Earth, acesso em 19 jun. 2017) ........ 105 FIG.4.8 – Mapa Geológico Local (CPRM, 2004) .................................................... 106 FIG.4.9 – Levantamento Topográfico Fornecido ................................................... 107 FIG.4.10 – Aferição de Distâncias (Google Earth, acesso em 19 jun. 2017) .......... 108 FIG.4.11 - Estimativa de Distâncias Superiores .................................................... 108 FIG.4.12 – Vista Frontal do Painel Central ............................................................ 109 FIG.4.13 – Vista Frontal do Painel Lateral Esquerdo ............................................ 110 FIG.4.14– Vista Frontal do Painel Lateral Direito ................................................. 110 FIG.4.15 – Cunha de Solo para θ = θcr = 60° ......................................................... 112 FIG.4.16 – Cunha de Solo para θ = θcr = 35,3° ..................................................... 115 FIG.4.17 – Faixa Vertical ....................................................................................... 119 FIG.4.18 – Faixa Horizontal .................................................................................... 119 FIG.4.19 – Faixas Verticais (Expandidas) ............................................................. 121 FIG.4.20 – Faixas Horizontais (Expandidas) ......................................................... 121 FIG.4.21 – Viga Horizontal: Carregamento, DEN (kN) e DMF (kNm) ..................... 122 FIG.4.22 – Redistribuição dos Momentos na Viga Horizontal ................................ 123 FIG.4.23 – Viga Vertical: Carregamento, DEN (kN) e DMF (kNm) ........................ 126 FIG.4.24 – Redistribuição dos Momentos na Viga Vertical ................................... 128 FIG.4.25 – Armação Longitudinal ........................................................................... 129 FIG.4.26 – Verificação da Punção .......................................................................... 129 FIG.4.27 – Análise da Capacidade de Carga ......................................................... 134 FIG.4.28 – Solicitações na Base do Painel ............................................................ 136 FIG.4.29 – Esquema dos Tirantes ......................................................................... 138 11 FIG.4.30 – Vista Superior do Talude ...................................................................... 140 FIG.4.31 – Vistas Lateral (esq.) e Superior (dir.) dos Painéis Centrais ................. 141 FIG.4.32 – Vistas Lateral (esq.) e Superior (dir.) dos Painéis Extremos ............... 141 FIG.4.33 – Vista Superior Proposta do Talude ...................................................... 142 FIG.4.34 – Barbacãs no Painel Central .................................................................. 143 FIG.4.35 – Barbacãs no Painel Lateral Esquerdo .................................................. 144 FIG.4.36 – Canaleta com Degrau no Estudo de Caso ........................................... 145 FIG.4.37 – Emprego de Drenos ............................................................................. 146 FIG.4.38 – Forças normais e de corte em uma fatia (FERRÁS, 2012) ................... 147 FIG.4.39 – Perfil do talude no SLIDE .................................................................... 148 FIG.4.40 – Pefil sem Tirante com Grid Automático para Janbu Simplificado ........ 149 FIG.4.41 – Pefil sem tirante com Grid Automático para Janbu Corrigido .............. 149 FIG.4.42 – Grid automático com ruptura circular e Janbu Simplificado .................. 150 FIG.4.43 – Grid automático com ruptura circular e Janbu Corrigido ....................... 150 FIG.4.44 – Grid manual e Janbu Simplificado ........................................................ 151 FIG.4.45 – Ruptura entre o solo e rocha com Janbu Simplificado .......................... 152 FIG.4.46 – Ruptura entre o solo e rocha com Janbu Corrigido .............................. 152 FIG.4.47 - Ruptura entre o solo e rocha com Janbu Simplificado Otimizado ......... 153 FIG.4.48 – Ruptura entre o solo e rocha com Janbu Corrigido Otimizado ............. 153 12 LISTA DE TABELAS TAB.2.1 - Fatores de Segurança Mínimos (Manual da GeoRio, 2014) .................. 26 TAB.2.2 - Escolha de Parâmetros (Manual da GeoRio, 2014) ............................... 26 TAB.2.3 - Parâmetros Analisados Para Cada Tipo de Solo (Manual da GeoRio, 2014) ....................................................................................................................... 27 TAB.2.4 - Soluções Comuns na Estabilização de Taludes (Manual da GeoRio, 2014) .................................................................................................................................. 29 TAB.3.1 - Correlações Entre Kmd, Kx, Kz e As (Adaptado da NBR 6118: 2003) ........ 74 TAB.3.2 - Coeficientes de Ancoragem (NBR 5629 : 1996) ....................................... 81 TAB.3.3 - Cargas de Ancoragem (Manual da GeoRio, 2014)................................... 82 TAB.3.4 - Classificação de Agressividade (NBR 5629 : 1996) ................................. 88 TAB.3.5 - Dimensionamento de Canaleta Longitudinal (Manual da GeoRio, 2014) . 95 TAB.4.1 - Aplicação do Método Brasileiro de Atirantamento .................................. 114 TAB.4.2 - Extrato da Tabela TAB.3.3 (Adaptado do Manual da GeoRio, 2014) ..... 116 TAB.4.3 - Classes de Agressividade e do Concreto (NBR 6118 : 2014) ................ 118 TAB.4.4 - Cobrimentos Nominais para ∆c = 10mm (NBR 6118 : 2014) ................ 118 TAB.4.5 - Tipos de Armações Longitudinais Adotados .......................................... 128 TAB.4.6 - Tensões de Aderência Nata Maciço ....................................................... 133 TAB.4.7 - Pressões Básicas de Classes de Solo Distintas (NBR 6122 : 1996) ...... 135 TAB.4.8 - Especificação de Cores e Comprimentos ............................................... 140 TAB.4.9 - Características dos métodos (Adaptado de FERRÁS, 2012) ................ 147 13 LISTA DE SÍMBOLOS γnat - Peso Específico Natural; γsat - Peso Específico Saturado; c - Coesão do Solo; C - Força de Coesão da Cunha de Solo; - Ângulo de Atrito do Solo; δ - Ângulo entre a Horizontal e a Superfície do Solo acima da Cortina Atirantada; i - Ângulo entre a Horizontal e a Cortina Atirantada; q - Sobrecarga; α - Ângulo entre as Ancoragens; θ - Ângulo entre a Horizontal e um Plano qualquer de Possível Deslizamento; Nh - Quantidade de Camadas Horizontais de Tirantes por Painel; Nv - Quantidade de Camadas Verticais de Tirantes por Painel; Nt - Quantidade Total de Tirantes por Painel; eh - Distância Horizontal entre Eixos Consecutivos de Tirantes; ev - Distância Vertical entre Eixos Consecutivos de Tirantes; θcr - Ângulo Crítico de Deslizamento; β - Ângulo entre a Ancoragem e o Plano Crítico de Ruptura ; La - Comprimento de Ancoragem dos Tirantes; W - Peso; 14 FS - Fator de Segurança; θac - Ângulo do Plano de Ancoragem; qs - Carga Superficial; qh - Carga Horizontal Linear; qv - Carga Vertical Linear; Ea - Empuxo Ativo por Metro; fck - Resistência Característica do Concreto à Compressão; fcd - Resistência de Cálculo do Concreto; fyk - Resistência Característica ao Escoamento do Aço; fyd - Resistência de Cálculo do Aço; M - Momento Fletor de Cálculo; Md - Momento Fletor Solicitante de Cálculo; kmd - Parâmetro de Dimensionamento de Armaduras Longitudinais em Vigas; kz - Parâmetro de Dimensionamento de Armaduras Longitudinais em Vigas; d - Altura Útil da Viga b - Largura da Viga - Diâmetro da Armadura; C - Cobrimento de Viga; uo - Perímetro do Contorno da Superfície de Análise; - Força Concentrada de Cálculo; αv2 - Parâmetro de Dimensionamento, Função da Resistência do Concreto; 15 ρ - Taxa de Armadura; γconc - Peso Específico do Concreto; As - Área da Seção Transversal de Aço na Armadura Longitudinal; rd2 - Tensão de Resistência à Compressão Diagonal; - Tensão Cisalhante Solicitante de Cálculo na Superfície Crítica; Asw - Área da Seção Transversal de Aço da Armadura Transversal; e s - Espaçamento entre Estribos. 16 LISTA DE SIGLAS PMZS - Prefeitura Militar da Zona Sul; CEDAE - Companhia Estadual de Águas e Esgotos; CPRM - Serviço Geológico doBrasil; CRO - Comissão Regional de Obras; PNR - Próprio Nacional Residencial; SOPE - Sociedade de Obras e Projetos de Engenharia; GEORIO - Fundação Instituto de Geotécnica; ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR - Norma Brasileira EB - Exército Brasileiro 17 RESUMO O crescimento de cidades brasileiras em regiões de encostas suscetíveis a deslizamentos tem contribuído de modo significativo para um crescimento do mercado geotécnico. Isto torna o setor cada vez mais competitivo, em meio à execução de obras com processos, variáveis e riscos de análise complexos. Neste contexto, o presente trabalho teve por objetivo estudar o emprego de cortinas atirantadas em projetos de estabilização de taludes para aplicação em um projeto real, com ênfase na avaliação das especificidades técnicas de seus elementos e do modo pelo qual eles interagem na estrutura para a garantia de segurança e vida útil à obra de contenção. Iniciou-se o estudo a partir de uma abordagem geral da avaliação dos movimentos de massa, com destaque para os principais métodos de análise de estabilidade de taludes e a conceituação dos principais tipos de estruturas de contenções existentes. A seguir, procedeu-se à descrição detalhada do emprego de cortinas atirantadas para fins de aplicação no redimensionamento de um projeto de mesma modalidade, recentemente executado pela Comissão Regional de Obras – CRO/1. Tal obra consistiu no projeto de contenção de um talude em cujo topo se encontra um conjunto de Próprios Nacionais Residenciais - PNRs, executado nos fundos de um condomínio residencial no bairro de Copacabana/RJ. Esta região havia sido afetada por um desmoronamento sem vítimas fatais ocorrido em 2010, conforme noticiado na época, tendo sido este um fator decisivo para a construção. Nesta abordagem, contou-se em especial com o auxílio do "Método Brasileiro de Atirantamento para Análise de Estabilidade"; da NBR 5629:2006, intitulada "Execução dos Tirantes Ancorados no Terreno"; e da NBR 6118:2014, intitulada "Projeto de Estruturas de Concreto". Outras fontes relevantes de consulta estão referenciadas ao fim do trabalho. Palavras-chave: Cortinas Atirantadas, Contenção, Tirantes. 18 ABSTRACT The growth of Brazilian cities in landslide susceptible regions has significantly contributed to the growth of the geotechnical market. It makes the sector increasingly competitive, amid the execution of works with complex processes, variables and risk analysis. In this context, the present task had the desire to study the use of anchored walls in slope stabilization projects for further application in a real project, with emphasis on the specificities evaluation of its elements and the way they interact in the structure in order to guarantee safety and maintain the construction lifespan. The study began with a general evaluation of the soil mass movements, with emphasis on the main methods of slope stability analysis and the conception of the main types of existing containment structures. Afterwards, a detailed description was given about the use of anchored walls for further application in the re-dimensioning project concerning the same kind of project, which was recently executed by the "Comissão Regional de Obras – CRO/1". This work consisted in the containment project of a slope on whose top is a set of Próprios Nacionais Residenciais - PNRs, executed in the back of a residential condominium in the neighborhood of Copacabana/RJ. This region had been affected by a collapse without fatalities occurred in 2010, as reported that time, which was a decisive factor for the project construction. In this approach, we especially counted with the aid of the "Brazilian Method of Stability Analysis for Stability Analysis"; of the NBR 5629: 2006, entitled "Execution of the anchored ties on the ground"; and the NBR 6118: 2014, entitled "Concrete Structural Design". Other relevant sources of research are referenced at the end of the work. Keywords: Ground Anchored Walls, Containment, Rods. 19 1. INTRODUÇÃO As contenções são obras executadas com o objetivo de garantirem estabilidade contra a ruptura de maciços, evitando-se escorregamentos devido ao peso próprio ou a carregamentos externos. Nesta categoria, a cortina atirantada é uma estrutura de contenção composta de tirantes, elementos lineares resistentes à tração dispostos entre um talude e um muro de concreto ou cortina. Em sua execução, introduzem-se armaduras ou elementos estruturais compostos com valores de rigidezes distintos em relação ao terreno de atuação. Isto gera uma interação entre os deslocamentos e os carregamentos na estrutura, de modo a se consolidar um projeto condicionado por cargas que dependem de deslocamentos. Na sua fase de dimensionamento, alia-se o trabalho conjunto dos tirantes protendidos com as propriedades de resistência do concreto armado, sob auxílio da atuação do solo na função de base para a ancoragem dos tirantes. Adicionalmente, consideram-se as propriedades geológicas do maciço, além de conceitos referentes a fundações, concreto armado e estruturas protendidas. Ou seja, justamente por integrar amplas áreas da Engenharia Civil, tal tipo de projeto de construção é em geral complexo e por isso pouco explorado em muitos dos cursos de graduação. Este fato limita o número de profissionais realmente capacitados para atuarem em projetos no ramo, sendo esta interdisciplinaridade o motivo principal para a escolha do tema deste Projeto de Fim de Curso. Dentre o leque de aplicações de cortinas atirantadas, mencionam-se seus amplos empregos em obras rodoviárias e ferroviárias, constituindo um tipo de solução recomendável frente à necessidade de grandes volumes de cortes com erguimento de muros de alturas elevadas. Elas permitem ainda que o terreno inferior seja melhor aproveitado, visto que se apresentam com ângulos de inclinação dos taludes em geral próximos a 90º. Neste contexto, destaca-se que muitos dos parâmetros importantes em obras de reforço e contenção, como qualidade e atendimento às normas técnicas, estão 20 sendo subvalorizados frente à busca pelo custo mais baixo das empresas. Ainda, os obstáculos crescentes nas grandes cidades em meio às dificuldades encontradas ao se escavar mais subsolos e executar contenções em espaços reduzidos têm gerado aumento no custo geral das obras de contenção e na pressão atuante sobre os construtores. Deste modo, torna-se fundamental o estabelecimento das regras a serem obedecidas para a execução destes projetos, capazes de regularem os estudos prévios e o adequado monitoramento a ser executado durante e após os trabalhos de execução. Para tal, no âmbito do dimensionamento de projetos de cortinas atirantadas, orienta-se em especial a partir das seguintes normas: ABNT NBR 5629:2006 - Requisitos de execução de tirantes ancorados no terreno, podendo eles serem provisórios ou permanentes; ABNT NBR 6118:2007 - Projeto de estruturas de concreto e requisitos de fabricação, encomenda e fornecimento de barras e fios de aço com uso em estruturas de concreto armado, usando-se ou não de revestimento superficial; ABNT NBR 7482:2008 - Requisitos de fabricação, encomenda e fornecimento de fios de aço com elevada resistência, em seção circular, encruados a frio por trefilação, de superfície lisa ou entalhada, destinados a armaduras de protensão; ABNT NBR 7483:2008 - Requisitos de fabricação, encomenda e fornecimento de cordoalhas de aço com elevada resistência, a três e sete fios, para armaduras de protensão; ABNT NBR 7681-1:2013 - Requisitos da calda e seus constituintes e técnicas de preparação da calda para uso em ensaios; e ABNT NBR 7681-2:2013 - Modo de determinação do índice de fluidez e da vida útil da calda de cimento para finsde injeção através do funil de Marsh. 21 Assim, esse relatório de pesquisa teve por função abordar aspectos relevantes a serem verificados no projeto de dimensionamento de estruturas de cortinas atirantadas, sob fins de aplicação em um projeto real. Para se atingir tal objetivo geral, buscaram-se os seguintes objetivos específicos: Revisão bibliográfica; Abordagem de técnicas de análise de estabilidade de taludes em solo, com foco no levantamento dos tipos mais importantes de estruturas de contenção e dos fatores determinantes para a escolha das possíveis soluções; Estudo das cortinas atirantadas em termos da inter-relação entre seus elementos constituintes, tendo por base a consulta às normas relevantes vigentes com foco na produção de um roteiro de procedimentos a serem conduzidos nos projetos de dimensionamento desta categoria; Elaboração de guias de execução e projeto para a construção de cortinas atirantadas; Recepção e análise de dados referentes a um projeto real de cortina atirantada executada pela CRO/1; Projeto de dimensionamento e execução de uma cortina atirantada, tendo por base os arquivos supracitados no item anterior; e Prescrição de cuidados especiais relativos à execução da obra, à proteção contra fatores destrutivos, drenagem e à manutenção da estrutura durante e após o processo de execução da obra. 22 2. MOVIMENTOS DE MASSA 2.1. ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES A execução inadequada de aterros e os processos de corte em maciços podem ocasionar movimentos de massa com acréscimo de carga e escorregamento de taludes, na situação em que as tensões cisalhantes venham a ultrapassar as resistências de cisalhamento dos materiais ao longo de eventuais superfícies de ruptura. Nem sempre é possível prever a forma da superfície sobre a qual ocorrerá a ruptura de uma massa de solo, mas muitas vezes seu movimento se dá sobre uma superfície de geometria previsível e bem definida. Assim, as informações que devem ser levantadas antes do início das análises de estabilidade de taludes são a topografia, a geologia/estratigrafia local, os parâmetros de solo e rochas, as condições de fluxo e infiltração e os carregamentos externos. Neste contexto, usa-se o fator de segurança - FS como um método determinístico que representa a razão entre as resistências disponível e mínima necessária para manter o equilíbrio. Considera-se ainda superfície crítica aquela com menor fator de segurança e superfície de ruptura aquela onde já houve escorregamento. 2.1.1. TIPOS DE RUPTURA A ruptura do talude pode ocorrer das formas: (Manual da GeoRio, 2014). Planar – Mecanismo de escorregamento sobre uma superfície aproximadamente plana, que ocorre em especial quando há finas camadas de solo envolvendo materiais mais resistentes, ou camadas de solos anisotrópicos espessas com planos de fraqueza reliquiares e orientações desfavoráveis à estabilidade. Circular – Mecanismo de escorregamento sobre uma superfície de formato aproximadamente em arco de circunferência, que ocorre em especial quando há camadas de solo relativamente homogêneas. A respeito do pé do talude, sua ocorrência pode ser a partir de uma ruptura passando abaixo dele, no geral em taludes com inclinação menor que 53° e camada resistente profunda em 23 comportamento não drenado; acima dele, no geral em taludes com inclinação menor que 53° e camada resistente rasa em comportamento não drenado; ou passando por ele, no comportamento drenado e nos demais casos de comportamento não drenado. Complexa – Mecanismo de escorregamento em parte circular e planar, que ocorre por exemplo em casos de camadas de solo fraco em uma matriz mais resistente. 2.1.2. MECANISMOS DE RUPTURA Consideram-se os seguintes mecanismos de ruptura de blocos de solo: Planar - Ruptura na qual uma descontinuidade principal mergulha na direção do talude, estando a primeira sob um ângulo com a horizontal inferior ao do segundo; Em cunha - Ruptura na qual duas descontinuidades planares têm linhas de interseção que mergulham na direção do talude, estando ambas sob um ângulo com a horizontal inferior ao deste; Por tombamento - Ruptura na qual lajes verticais ou colunas mergulham para “dentro”, quase verticalmente e próximas à face do talude; Circular - Ruptura com superfície de deslizamento em forma de concha, semelhante à ruptura em solos, a ocorrer em massas muito fraturadas; e Por queda de blocos soltos - Ruptura que consiste no deslizamento e/ou tombamento de blocos que se projetam ou deslizam no talude. 2.1.3. ESCOLHA DO MÉTODO DE ANÁLISE Considera-se para fins de escolha do método de análise de estabilidade que o solo é um material rígido perfeitamente plástico submetido ao equilíbrio limite, a escorregar sobre uma superfície de geometria desconhecida com a ausência de deformações e comportamento de corpo rígido. Sendo esta análise determinística, 24 despreza-se a variabilidade natural dos parâmetros pela adoção de valores médios e os métodos de análise de estabilidade normalmente aplicados são: Método das fatias - Abordagem recomendada para superfícies aproximadamente circulares ou complexas. Consiste em dividir a massa em fatias verticais, de modo que as tensões normais nas bases dependam principalmente dos pesos próprios das partes em análise. Ainda que se determine as forças relativas a cada fatia, o sistema é estaticamente indeterminado por ter mais incógnitas que equações. O método da fatia resultante será considerado simplificado quando não atender a todas as três condições de equilíbrio estático, com variação de até 60% a favor da segurança; ou rigoroso, quando atender às três condições de equilíbrio, com variação de até 6% neste sentido. Método do talude infinito com fluxo paralelo - Abordagem normalmente aplicada para camadas de solo sobre materiais mais resistentes em taludes de alturas dez vezes maiores e inclinações supostas constantes. Nesse caso, o comprimento do talude não influi na segurança. A superfície do terreno, a interface entre os dois materiais e o fluxo de água normalmente são paralelos nestas análises. Método de Mohr-Coulomb para ruptura planar - Tem por base o diagrama de forças do corpo livre em casos de rupturas planares, nas quais um bloco de solo escorrega sobre uma superfície plana. Na análise de estabilidade de taludes, aplica-se em geral o método das fatias, tanto para superfícies críticas aproximadamente circulares (com uma comparação entre os métodos simplificado e rigoroso); quanto para as compostas (com o uso do método rigoroso). A análise de estabilidade pode ser feita em termos de tensões efetivas ou tensões totais. No primeiro caso, sabe-se o valor da tensão normal efetiva atuante na superfície crítica e os parâmetros de resistência efetivos, considerando conhecida a poro pressão na superfície crítica. No segundo, sabe-se o valor da tensão normal total na superfície crítica e os parâmetros de resistência totais, de tal modo que a poro pressão não é explicitamente considerada. 25 Assim, emprega-se em geral as análises em tensões efetivas quando é possível prever a poro pressão na ruptura, e as análises em tensões totais ao se assumir umidade constante no solo, como em casos de carregamentos rápidos em solos argilosos e siltosos. Vale ressaltar que por sucção os solos finos podem assumir valores expressivos de coesão aparente com acréscimo na resistência, sendo tais valores passíveis de redução a partir do aumento do teor de umidade do solo em situações de chuva com escorregamentos. Para solos estratificados de camadas distintas, em análises de curto prazo, é comum analisar em conjunto os solos grosseiros em termos de tensões efetivas e os finos em termos de tensões totais. Para os efeitos a longo prazo, avaliam-seem geral todos os tipos de solos por tensões efetivas. Em relação ao nível de deformação a qual está submetido o solo, adotam-se as tensões do pico da curva tensão ( ) x deformação (ɛ) ou mesmo o valor no patamar de resistência após o pico, na situação de não haver mais variação de volume no solo. A figura FIG.2.1 ilustra estas faixas. FIG.2.1 Parâmetros de Pico, de Volume Constante e Residuais (Manual da GeoRio, 2014) Paralelamente, em algumas situações, pode haver alinhamento das partículas argilosas paralelamente à superfície de ruptura, o que leva a resistência a valores inferiores aos do patamar de volume constante, configurando resistência residual. Há também situações de ruptura progressiva seguida de perda apreciável de resistência pós-pico, as quais levam a fatores de segurança superestimados. Recomenda-se aplicar os procedimentos até então descritos de acordo com as tabelas TAB.2.1, TAB.2.2, TAB.2.3, que relacionam os fatores de segurança mínimos a serem adotados em projeto, os métodos de análise e as condições de deformação da massa de solo. 26 TAB.2.1 Fatores de Segurança Mínimos (Manual da GeoRio, 2014) Fatores de Segurança Mínimos - NBR 11682 Nível de segurança contra danos às vidas humanas Alto Médio Baixo Nível de segurança Alto 1,5 1,5 1,4 Médio 1,5 1,4 1,3 Baixo 1,4 1,3 1,2 Ressalta-se que os fatores de segurança da TAB.2.1 devem ser majorados em 10% em casos de grande variabilidade dos resultados, enquanto que em casos de estabilidade de placas e blocos rochosos pode-se usar fatores de segurança parciais com um método de cálculo que considere fator de segurança mínimo de 1,1. Os dados não se aplicam a casos de rastejo, voçorocas ou ravinas. TAB.2.2 Escolha de Parâmetros (Manual da GeoRio, 2014) Escolha de Parâmetros Pelas Condições de Deformação Condição Parâmetros Taludes sem escorregamento prévio, solos sem perda considerável da resistência pós pico Parâmetros de pico Taludes sem escorregamento prévio, solos com perda considerável da resistência pós pico Parâmetros de pico para obras onde se permitem deformações significativas; caso contrário, parâmetros pós-pico de volume constante Taludes rompidos em solos grosseiros ou solos finos de precedência tropical Parâmetros pós-pico de volume constante Taludes rompidos em solos argilosos de origem sedimentar Parâmetros residuais 27 TAB.2.3 Parâmetros Analisados Para Cada Tipo de Solo (Manual da GeoRio, 2014) Tipo de Solo Tipo de Problema Análise de Parâmetros Sedimentar Solos grosseiros sem fração argilosa significativa Método das tensões efetivas Parâmetros: c' e ' Condições especiais de solos argilosos saturados À longo prazo Em fluxo permanente, com carregamentos lentos sem excesso de poro pressão Carregamentos rápidos, sob análise de curto prazo Método das tensões totais Parâmetros: c = Su, = 0° Tropical residual, coluvionar ou laterítico Condições especiais de solos tropicais saturados Em fluxo permanente, com carregamentos lentos sem excesso de poro pressão Método das tensões efetivas Parâmetros: c' e ' De aspecto laterítico, com coeficiente de adensamento típico de material arenoso Com coeficiente de adensamento típico de material argiloso em fluxo transiente, ou carregamentos rápidos com excesso de poro pressão Método das tensões efetivas com estimativa de excessos de poro pressão por ensaios triaxiais, ou tensões totais com parâmetros c = Su e = 0° de ensaios não drenados Solos tropicais não saturados Método das tensões efetivas para a análise de solos não saturados com curva umidade x sucção, ou tensões totais com parâmetros totais de ensaios não drenados sob umidade natural Argiloso Compactado Condições especiais de solos argilosos compactados À longo prazo, com fluxo em regime permanente Método das tensões efetivas Parâmetros: c' e ' À curto prazo, sem fluxo e sob carregamento rápido Método das tensões totais com ensaios CU na umidade de compactação, ou método das tensões efetivas com excesso de poro pressão 28 É também comum o uso de ábacos para a análise de estabilidade, os quais podem ser adotados na análise de taludes homogêneos com inclinações superficiais constantes. Neste emprego, estima-se o ângulo de atrito e a coesão em taludes estratificados a partir da média ponderada entre os parâmetros dos solos atravessados pela superfície crítica, usando como pesos os comprimentos de contato com a mesma em cada camada de solo. Estima-se também o peso específico por uma média ponderada, considerando-se a espessura de cada camada acima da superfície crítica. 2.2. CONTENÇÕES 2.2.1. FASES DO PROJETO Em suma, as etapas do projeto de estabilidade de encosta são vistoria, diagnóstico, análise de estabilidade, escolha da solução, detalhamento do projeto, implantação da obra, monitoramento e manutenção. Ao longo da execução da obra, o engenheiro civil geotécnico ou geólogo deve efetuar uma visita de inspeção detalhada, com emissão de laudo de vistoria e se possível de um diagnóstico preliminar a ser confirmado por investigações mais detalhadas. Tendo à disposição todas as informações para efetuar a análise de estabilidade, ele decide pela melhor solução e passa então a acompanhar a implantação da obra, a fim de verificar se a situação idealizada se confirma em campo e realizar eventuais ajustes caso necessário. No estágio de manutenção ao término da obra, o executor deve elaborar o Manual do Usuário, encaminhado ao proprietário. Assim, recomenda-se a realização de visitas periódicas para a verificação de situações anômalas, limpezas semestrais no sistema de drenagem, medição de vazão dos drenos profundos sub-horizontais, verificação de cargas em ancoragens e inspeção da integridade de cabeças de ancoragens. Destacam-se alguns fatores a serem considerados na escolha da solução, os quais são economia, prazo, segurança, manutenção, aspectos ambientais, interferências, acesso e meios de transporte, estabilidade durante a construção, materiais disponíveis, vandalismo, degradação ambiental, impactos visuais, 29 disposição de materiais removidos e impedimento da utilização da área subjacente ao talude durante a obra. O projeto deve ainda conter, de acordo com a NBR 11682, a descrição e a caracterização do local, informações sobre a forma de obtenção dos dados usados no projeto, análise de estabilidade, plano de monitoramento, especificações dos materiais e procedimentos, desenhos, quantitativo de materiais e serviços e plano de manutenção. 2.2.2. ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO Aplicam-se as técnicas de contenção de taludes conforme a tabela TAB.2.4. TAB.2.4 Soluções Comuns na Estabilização de Taludes (Manual da GeoRio, 2014) Soluções de Estabilização de Taludes Retaludamento Drenagem e proteção superficial Drenagem profunda Estruturas de contenção Muro e talude de solo reforçado Solo grampeado Estruturas ancoradas ou chumbadas Cortinas, grelhas, placas e muros chumbados Muros de peso, em diversas modalidades componentes Gabião, sacos de solo cimento, concreto ciclópico, concreto armado e pedra Taludes rochosos, blocos soltos Remoção Remoção e desmonte de blocos, reconformação Contenção Chumbadores, ancoragens, contrafortes (ancorados) Proteção Barreiras de impacto, trincheira de retenção, falso túnel 30 Para esta análise, é importante mencionar que as soluções para estabilização são divididas em três categorias: remoção, proteção e contenção. As técnicas de proteção, por sua vez, não são métodos de estabilização propriamente ditos, pois não evitam movimentação das massas rochosas. Destaca-se que as drenagens são normalmente complementares às técnicas apresentadas, embora as drenagens profundasaumentem a estabilidade. Ao longo dos parágrafos a seguir, apresenta-se de modo superficial os tipos de estruturas de contenção mais empregados, de acordo com a ordem em que foram citados na tabela TAB.2.4. Afinal, sendo o objetivo desta pesquisa proceder ao desenvolvimento de estruturas de cortinas atirantadas na contenção de taludes, julga-se útil mencionar as diversas outras soluções, com a intenção de induzir comparações a partir de um olhar crítico sobre a adequação de cada uma delas às suas melhores situações de uso. No retaludamento, estabiliza-se por corte ou aterro o talude originalmente existente no local, sendo esta uma solução que depende da disponibilidade de área livre para corte e exige a avaliação do eventual impacto gerado por remoção de vegetação. Ao se executar uma proteção superficial pela aplicação de concreto projetado, é possível minimizar a infiltração de água no terreno para garantir a estabilidade do talude. A drenagem superficial, por sua vez, minimiza a entrada de água de chuva no terreno, mostrando-se indispensável em todas as obras e taludes de solo a jusante de escarpas rochosas. Em sua execução em rocha, usam-se canaletas chumbadas na rocha imediatamente acima do contato com o solo. Paralelamente, há na drenagem profunda uma alteração da direção do fluxo subterrâneo, com redução das poropressões atuantes no solo. Adota-se esta solução na estabilização de solos coluvionares de grande comprimento. Os muros ou taludes de solos reforçados constituem uma das soluções mais baratas para aterros com alturas acima de 3 metros e extensões maiores que 20 metros (Manual da GeoRio, 2014), constituindo uma categoria de obras flexíveis com boa tolerância às deformações da fundação. Entretanto, na implantação solidária ao solo, podem apresentar problemas estéticos no faceamento quando submetidas a recalques significativos. 31 A técnica de execução de solos grampeados tem por base a aplicação de revestimento, o qual representa uma solução mais cara e solicita a mobilização de esforços muito maiores que os métodos convencionais de execução de túneis com suporte rígido. Usam-se grampos, os quais se diferem das ancoragens por não apresentarem trecho livre e por serem elementos passivos ou levemente pré- tensionados, solicitados apenas quando o solo se deforma. Eles são projetados considerando-se a resistência à tração e em algumas situações ao cisalhamento, sendo normalmente constituídos por barras de aço instaladas em pré-furos preenchidos por calda de cimento. As etapas deste tipo de execução são a escavação, a instalação do grampo, a execução da face e a escavação final. Os grampos possuem menor complexidade e comprimento que em obras com estruturas ancoradas, apresentando-se como uma solução de menor custo, normalmente aplicável a encostas naturais, escavações e taludes inclinados sem cortes verticais, também usado para promover a estabilidade de rupturas pouco profundas. Por outro lado, as estruturas ancoradas são tradicionalmente aplicadas em cortes e aterros conforme os métodos descendente e ascendente, respectivamente, limitando-se os deslocamentos do terreno pela rigidez da estrutura. As ancoragens são elementos de inclusões semirrígidas empregadas para resistência à tração, com a contenção de uma massa de solo ou rocha. Seu principal elemento é o tirante, transmissor dos esforços de tração, o qual deve ser introduzido num furo realizado no terreno com posterior inserção de um material aglutinante, em geral calda de cimento, a fim de garantir aderência. Seus elementos constituintes são basicamente: a cabeça, extremidade exterior ao terreno; o trecho ancorado ou injetado, extremidade oposta à cabeça transmissora da carga de tração ao terreno; e o trecho livre, intermediário entre a cabeça e o trecho enterrado, o qual transmite as cargas de tração entre a cabeça e o trecho ancorado. Nesta categoria, ressaltam-se as cortinas ancoradas, formadas por paredes de concreto armado normalmente verticais com tirantes ancorados no terreno; as grelhas ancoradas, que atuam de modo semelhante, apesar de terem como característica distinta o paramento da estrutura, constituído por peças estruturais em 32 duas direções com conformação à superfície do terreno; as placas ancoradas, que consistem em pequenas lajes ou blocos de concreto armado sobre o qual se apoia a cabeça da ancoragem; os contrafortes ancorados ou chumbados, que servem de apoio para a fixação de um bloco de rocha; e os ancoragens isoladas, casos nos quais a cabeça do tirante é apoiada diretamente no bloco ou lasca de rocha. Destaca-se que as grelhas e placas de concreto armado e telas metálicas ancoradas adaptam-se bem a terrenos irregulares ou inclinados, sendo também indicadas para reforço de estruturas de contenção. Por sua vez, os chumbadores são elementos passivos por não serem pré- tensionados, não apresentando trechos livres. Neste método, faz-se uma perfuração no terreno, preenche-se o furo com calda de cimento e introduz-se uma barra de aço. Em suma, os chumbadores podem contribuir com suas resistências à tração e ao cisalhamento. As cargas são transmitidas por meio de todo o comprimento, de modo que a mobilização dependa das deformações verificadas no material contido. No conjunto dos muros de peso, encontram-se os muros de peso propriamente ditos, os muros de flexão em concreto armado (com ou sem contrafortes e chumbadores), os muros de alvenaria de pedras, os muros de concreto ciclópico, os muros de gabião, os muros de sacos de solo-cimento, os muros de solo reforçado e os muros de flexão em concreto armado. Alguns fatores que influenciam na escolha deste grupo são a altura, o espaço disponível, as deformações esperadas e tensões internas, as exigências estéticas e vandalismo, o solo disponível para reaterro e os custos - sendo que cada um dos tipos de muros de peso supracitados tem peculiaridades relativas a cada um desses aspectos. Nesta categoria, destacam-se os muros de concreto armado ou ciclópico e os de alvenaria de pedras. Eles possuem baixa tolerância a recalques e podem apresentar rachaduras em terrenos compressíveis, exigindo fundações adequadas. Em geral, são feitos com alturas inferiores a 3m, mas em casos de grandes alturas requerem elevadas tensões de tração nas armaduras e de compressão na seção de concreto, com aumento significativo do custo. Todavia, esta não é a solução preferida em locais com restrição de espaço, visto que em geral demanda larguras de base relativamente grandes, e por vezes escavações para implantação da base. 33 As técnicas de remoção e desmonte de blocos não fixam os blocos individualmente junto ao maciço de rocha, mas conduzem à remoção, ao desmonte ou ao uso de telas especiais limitadoras de seu deslocamento. Pode-se remover blocos soltos de pequenos portes da superfície rochosa, fragmentar blocos maiores antes da remoção por explosivos ou desmonte a frio ou pregar telas de aço em taludes rochosos, com fins de orientação de queda ou contenção. No âmbito dos taludes rochosos e blocos soltos, a técnica de proteção pela execução de falsos túneis não impede a ocorrência dos movimentos de massa, mas evita que os materiais atinjam a via. Tal estrutura suporta os esforços dinâmicos e estáticos provocados pelo movimento de massa, atuando como uma estrutura de impacto. As barreiras de impacto objetivam conter ou desacelerar massas de solo ou rochas em movimento, podendo ser classificadas dentre as modalidades de barreiras flexíveis e barreiras rígidas ou semi-rígidas. Elas são indicadas em casos de dificuldade de acesso na execução de obras convencionais de contenção, e também quando a estabilização da massa potencialmente instável no seu próprio local é economicamente inviável. A ruptura não é evitada, mas pode ser controladade modo a reduzir os riscos. Recomenda-se o uso de falsos túneis ou barreiras de impacto quando em função da grande extensão da massa instável avalia-se que estabilizar no local é inviável. Afinal, é preciso prever espaço para a deposição do material deslizado. 34 3. CORTINAS ATIRANTADAS 3.1. CONCEITUAÇÃO Os muros de arrimo representam a solução estrutural mais antiga para a contenção de taludes, em função de serem relativamente baratos e não exigirem mão de obra especializada. Em geral, é empregado na contenção de desníveis de dimensões pequenas ou médias. Contudo, o uso se torna limitado, uma vez que sua estabilidade é basicamente garantida a partir do peso próprio. Indo de encontro a esta restrição, as cortinas atirantadas constituem uma categoria de obra de infraestrutura amplamente adotada na contenção de desníveis superiores a 5m ou na eventual ausência de área para comportar toda a base do muro. Sua execução é também recomendada para cortes em terrenos com elevada quantidade de carga, além da contenção de aterros de solos que apresentem pouca resistência à estabilidade. Ao contrário dos muros de arrimo, as cortinas atirantadas constituem o método mais seguro e de maior vida útil, apresentando como vantagem a capacidade de serem projetadas independentemente da altura do talude. Em sua maioria, não exigem fundações cravadas na parte inferior e podem por isso ser construídas em qualquer altura, inclusive somente nas faixas mais instáveis do terreno, concomitantemente com partes estáveis do talude sem proteção. Em suma, esta técnica de contenção tem caráter provisório ou definitivo, com a execução de uma “cortina” de contenção. Ela consiste em um muro delgado com espessuras da ordem de 20 a 30 cm (Manual da GeoRio, 2014), cujo material constitutivo pode ser concreto armado, projetado, parede diafragma, estacas- pranchas, estacas-raiz e perfis metálicos intercalados por vigotas de madeira ou por concreto armado pré-moldado. No processo de construção, executa-se paralelamente as etapas de perfuração, aplicação, injeção e protensão de tirantes. Eles se distribuem de modo aproximadamente uniforme, sob espaçamentos de valores variáveis, em função dos esforços atuantes e da altura da contenção de projeto. https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/muro-de-arrimo-projeto-exige-estudo-do-solo_9687_10_0 35 A figura FIG.3.1 exemplifica a aplicação de cortinas atirantadas pela vista parcial do KM-83 da obra de duplicação da rodovia federal BR 040, que interliga Brasília e Rio de Janeiro. FIG.3.1 Cortina Atirantada (Adaptado de EIP, 20?) Adicionalmente, as cortinas atirantadas diferem-se das estruturas grampeadas por desempenharem um processo de estabilização com aplicação de tensões induzidas no contato solo-face. Para isto, protendem-se os tirantes, tanto a partir de seus trechos livres na parte externa do talude, quanto no trecho injetado, via injeção de calda de cimento. A face em solos grampeados, por outro lado, desempenha uma importância secundária, sendo que o processo de estabilização é garantido pelo emprego de grampos que conseguem associar pelo atrito as zonas potencialmente instáveis às zonas resistentes. Os reforços, por sua vez, não são protendidos, de modo que a mobilização é alcançada a partir de deslocamentos da massa de solo. Contudo, a execução da técnica de cortinas atirantadas é um processo normalmente caro e demorado, que requer mão de obra especializada, 36 equipamentos sofisticados de perfuração, dispositivos específicos de fixação dos cabos na cabeça da estrutura e cuidados especiais quanto à protensão apropriada para cada tipo de tirante. Questões legais e construções adjacentes também podem ser fatores limitantes para o projeto, como restrições contra a invasão do subsolo de vizinhos ou obstáculos estruturais intransponíveis, representados por túneis e metrôs. Um ponto crítico das estruturas de cortina atirantada é a barra de aço, que deve ser protegida com argamassa ou nata de cimento para que não sofra corrosão com rompimento do tirante. A carga de protensão, por sua vez, aumenta de acordo com a profundidade, sendo que cargas muito altas podem gerar rupturas, e ainda que exijam menores cuidados, os tirantes devem ser avaliados. Precisa-se observar também eventuais movimentações do maciço dadas as variações de temperatura e infiltração de água pela parte traseira, o que pode vir a gerar fissuras no concreto pela propagação de infiltrações e vazamentos. A cortina atirantada pode então ser basicamente dividida em duas partes: os painéis, normalmente constituídos de concreto armado e dispostos na vertical; e os tirantes, ancorados em profundidades que garantam a estabilidade, sem que possibilitem movimentações indesejadas ou rupturas. As figuras FIG.3.2 e FIG.3.3 retratam o exposto. FIG.3.2 Cortina Atirantada (A), Estroncada (B) e em Balanço (C) (GERSCOVICH, DANZINGER E SARAMAGO, 2016) 37 FIG.3.3 Cortina Atirantada em Seção Transversal (GERSCOVICH, DANZINGER E SARAMAGO, 2016) 3.2. ETAPAS DE DIMENSIONAMENTO O dimensionamento de cortinas atirantadas em geral abrange estas etapas: Avaliação dos parâmetros do solo: Tendo sido efetuadas as visitas ao local da obra com a realização dos ensaios pertinentes, busca-se um conhecimento prévio do perfil geológico-geotécnico local para adaptar o projeto às condições da geologia local. Tem-se: a) Levantamento topográfico com representação das curvas de nível e aferição de parâmetros espaciais, como a extensão e a cota da elevação da crista do talude em relação ao nível do mar. Dado o projeto arquitetônico, avalia-se a garantia de viabilidade do empreendimento pelas condições de contorno do local da contenção. b) Verificação de boletins de sondagens à percussão realizadas no local, com indicação dos locais dos furos de sondagem na planta topográfica. Aferem-se os dados em trechos verticais, desde o topo do talude de deslizamento até as proximidades do pé da encosta. Para tal, a norma NBR 6484 prescreve o método de 38 execução de sondagens de simples reconhecimento dos solos, trazendo em seu anexo A uma classificação quanto aos estados de compacidade dos solos granulares e a consistência de solos finos; Definição da geometria da cortina em termos de parâmetros como dimensão, altura, espessura, cota de assentamento, disposição espacial das estruturas principais no terreno, disposição de balanços laterais e recursos auxiliares de fechamento e apoio da estrutura principal; Dimensionamento dos tirantes em termos de parâmetros como disposição espacial, inclinações com a horizontal, cargas de trabalho, comprimentos de ancoragem, tensões de escoamento, diâmetros, espaçamentos relativos; Dimensionamento da armadura para a resistência aos momentos fletores atuantes na cortina e verificação da resistência do concreto à punção pelos esforços cortantes; e Dimensionamento da fundação da cortina por estimativas da resistência do solo e cargas aplicadas na fundação. 3.3. ETAPAS DE EXECUÇÃO Orienta-se o processo executivo das cortinas atirantadas de modo descendente, em casos de cortes, ou ascendentes, no caso de aterros. Por linhas gerais, tem-se a seguinte sequência de atividades a serem efetuadas: Execução de ancoragens; Escavação ou reaterro, caso haja processo descendente ou ascendente; Execução da parede em termos de forma, armadura e drenagem; e Protensão para realização de ensaios e incorporação das cargas nas ancoragens. Na execução descendente, é possível escavar o talude a ser processado de acordo com nichos alternados, sob o objetivo de aumentar a estabilidade provisória. 39 Através desta técnica, a instalação e a protensão prévia dos tirantes ocorre com minimização de deformações à medida que a escavação vai sendo realizada.A figura FIG.3.4 ilustra a técnica descrita. De modo geral, define-se iterativamente uma faixa longitudinal de corte, na qual os trabalhos da etapa correspondente serão executados. O equipamento de terraplenagem remove a fatia externa, sob a restrição de haver uma fatia de segurança interna a ser removida manualmente. Esta última é processada de maneira a facilitar a execução de um acerto manual de solo, com a formação de uma região vertical aproximadamente retilínea na qual são efetuadas as perfurações com posterior inserção dos tirantes correspondentes. FIG.3.4 Método Descendente (Hunt e Nunes, 1978) 40 Cada tirante, por sua vez, é chumbado no fundo do orifício e sofre uma pintura com tinta epóxi anticorrosiva, sendo envolvido em tubo de borracha individual. A seguir, o conjunto de tirantes é inserido em um tubo coletivo, dentro do qual é revestido com calda de cimento, sendo também oportuno aprofundar os tirantes até que os mesmos fiquem fora da zona de movimentação do terreno. Por fim, executa-se a cortina de concreto e protende-se os tirantes. Terminado o trabalho na faixa original, executa-se os mesmos procedimentos sob a faixa inferior. Assim, manipula-se as faixa de solo do talude recursivamente até que esta etapa de execução da obra se conclua. Em perfis metálicos, a inserção de tirantes ocorre após as etapas de cravamento e escoramento, sendo o atirantamento dividido em quatro etapas: perfuração, instalação dos tirantes, injeção da nata de cimento e protensão. Para fins ilustrativos, retrata-se em uma abordagem mais detalhada a execução de projetos de cortinas atirantadas orientadas em sentido descendente, tendo por referência um conjunto de imagens de uma obra desta modalidade concluída pela empresa Progeo Engenharia Ltda e executada em Juíz de Fora (MG) em 2010, estando a base do talude entre o hospital Monte Sinai e a Universidade Federal de Juíz de Fora, no estado de Minas Gerais. Destaca-se que o projeto consistiu na inserção de várias cordoalhas nos furos tendo em vista o fato de ser provisório, porém a orientação geral é o uso de apenas um tirante. Em suma, as etapas constituem-se na ordem a seguir: Estabelecimento de caminhos de acesso à obra para o início dos serviços: Quando se elaboram caminhos de acesso em serviço de baixo para cima para o início de um processo descendente de execução, é aconselhável a adoção de rampas que sigam as curvas de nível, facilitando o acesso de escavadeiras e equipamentos de perfuração ao topo do talude para o início da montagem de andaimes. 41 Preparo, roçada e limpeza: Caso necessário, executa-se desmatamento com limpeza do lixo pré- existente. Para tal, inicia-se a remoção da vegetação rasteira associada à regularização do talude com o auxílio de enxadas, atentando-se para o reforço na proteção dos operários em casos de trabalhos de rapel. Início das escavações dos eixos e aplicação da primeira linha de tirantes: Em geral, perfura-se o solo com sonda rotativa de revestimento contínuo, em cuja ponta há uma coroa com pastilha de vídia ou haste contínua com tricone. Se houver matacões, pode-se perfurar o material tanto por broca de vídea, cujas dimensões giram solidárias ao tubo, sob desempenho especialmente eficaz em matacões de rocha alterada; quanto por rotopercussão, processo este que usa ar comprimido e é limitado por um valor máximo de diâmetro da perfuração, o qual depende das características dos equipamentos disponíveis. Terminada a perfuração, injeta-se água até limpar o furo. Locação dos furos, montagem e inserção dos tirantes da primeira linha: É possível que não haja espaço suficiente na obra para a montagem de tirantes, pois eles em geral têm mais de 10m. Aconselha-se então o uso de rampas de acesso para a montagem de cavaletes que permitam o início da manipulação. Sobre a bancada improvisada, a cordoalha deve ser cortada conforme o comprimento definido em projeto, para então se executar o tratamento anticorrosivo. Caso haja pontos de ferrugem, eles devem ser lixados ou removidos com escovas de aço, para aplicar-se então a pintura anticorrosiva capaz de preencher todo o comprimento sem deixar pontos ralos, com pouca tinta, ou então escorridos, com excesso de tinta. Aplica-se até duas demãos do material, sendo oportuno frisar que o aço já possui uma pintura de fábrica anticorrosiva. Ele é então fixado na estrutura por espaçadores definidos, ligados por arame. Usa-se na estrutura do tirante um tubo de PVC, cujo trecho ancorado é geralmente coberto por anéis de borracha ou válvulas a cada 0,50 m. Nele, injeta-se calda de cimento para a formação de bulbos sob pressão controlada. Já no trecho 42 livre, usa-se uma envoltória com graxa anticorrosiva a ser embutido em tubos plásticos ou espaguetes para propiciar o deslocamento elástico na protensão. Dentre as modalidades de aço normalmente usadas na execução dos tirantes, estão: CA-50, CP-150 RB, CP-190 RB, ROCSOLO ST 75/85, Dywidag ST 85/105 e Gewi 50/55. A instalação dos tirantes deve ser feita manualmente e de modo lento e cauteloso, sob supervisão direta do encarregado da atividade para evitar danos devidos a flexões excessivas ou atritos na interface entre as paredes do revestimento e o furo. Nesta etapa, evita-se ferir a proteção anticorrosiva ou mesmo deslocar as válvulas e os espaçadores, devendo-se atentar para o adequado posicionamento da cabeça na posição prevista em projeto. Aplicado o tirante no furo perfurado, deve haver um trecho livre de cerca de um metro para a posterior protensão dos cabos. FIG.3.5 Manuseio dos Tirantes (NARESI, 2009) 43 FIG.3.6 Inserção dos Tirantes (NARESI, 2009) FIG.3.7 Vista dos Tirantes no Furo (NARESI, 2009) 44 Injeção da primeira fase de bainha, logo após a instalação dos tirantes: Esta etapa consiste em descer o obturador até a primeira manchete, localizada na parte mais inferior do furo. Através do aparelho, devidamente conectado a uma central de injeção, insere-se a calda de cimento sem que haja desenvolvimento considerável de pressão. A substância percorre então todo o furo, desde a base até a boca, sendo útil para proteger o tirante e evitar afrouxamento de tensões na superfície da parede interna. Ou seja, evita-se que o furo relaxe e se feche, a fim de que não haja contaminações nas injeções posteriores. Na prática, preenche-se o espaço anelar entre o corpo do tirante e a parede do furo ao longo de todo o comprimento da barra, impedindo que a calda de cimento correspondente às injeções consecutivas flua para a parte externa do maciço pelo espaço anelar. Contudo, o embainhamento pode ser necessário antes da retirada do revestimento. Em outros casos, ele é recomendado ainda antes da instalação do tirante no furo. FIG.3.8 Tubo de Injeção (NARESI, 2009) 45 Findada esta etapa, deve-se adotar um período de no mínimo dez a doze horas após a primeira execução da bainha para a injeção de fases, conhecida como injeção primária. Na prática, espera-se até o dia seguinte. Ao contrário da fase anterior, a aplicação do material neste procedimento ocorre sob pressão controlada e consiste na inserção de uma coluna de hastes dotadas de obturador duplo no interior do tubo de injeção, com o início da injeção a ocorrer a partir da válvula mais profunda. Deve haver no processo uma ruptura inicial da bainha, a qual pode inclusive requerer mais de uma fase de injeção de formação do bulbo em função das pressões de injeção aferidas. Isto é, caso a pressão de injeção da primeira fase seja insuficiente para fins de ancoramento do tirante, deve-se realizar preferencialmente no dia consecutivo uma segunda fase, e assim por diante, desde que sejam respeitadas a espera de dez a doze horas entre etapas consecutivas e a adequada limpezados tubos de injeção dos tirantes ao fim de cada fase. O processo ocorre até que as pressões finalmente sejam consideradas adequadas para a ancoragem, valores estes previstos em projeto e obtidos em função da resistência à compressão simples de cada bainha e da espessura correspondente. Quando o anel se rompe, há uma queda da pressão manométrica até determinado valor, dependente da resistência ou compacidade do solo ao redor. Assim, os volumes e pressões de injeção conseguem ancorar o trecho fixo do tirante ao terreno. Montagem da armação da cortina do primeiro nível de tirantes: Colocam-se barras de aço conforme o projeto de armação, com a aplicação de carga pelo conjunto macaco e bomba de protensão após a concretagem. O tirante então estabiliza a carga, conforme ele empurra a estrutura de concreto armado contra o talude e a parede de concreto reage ativamente contra o maciço. 46 FIG.3.9 Armação do Painel (NARESI, 2009) Inicia-se então a montagem das fôrmas metálicas planejadas e estruturadas, tendo em vista a busca por alta eficiência, reutilização e manutenção da qualidade do concreto armado aparente. Neste aspecto, recomenda-se a aplicação de fôrmas plastificadas e adaptadas de madeira nos pontos de passagem dos tirantes, além da instalação de tubos de PVC com folga para a garantia do funcionamento e da trabalhabilidade dos trechos livres na futura protensão, evitando-se a entrada do concreto a ser aplicado na fôrma. Uma prática comum na execução de cortinas atirantadas segundo o método descendente é o cuidado em relação às dobras necessárias, permitindo-se aproveitar melhor as partes inferiores das barras até então executadas nas etapas consecutivas. Para isso, executam-se dobras dos pés das barras no chão, de modo que as próximas concretagens possam ser restituídas para a posição vertical inicial. Isto evita a perda de aço e a utilização desnecessária do transpasse da barra, conforme preconizado na NBR 6118. A figura FIG.3.10 mostra o exposto no parágrafo anterior. 47 FIG.3.10 Dobras (NARESI, 2009) FIG.3.11 Primeira Linha de Tirantes (NARESI, 2009) 48 Escoramento das fôrmas do primeiro nível dos tirantes: Entre as etapas do fechamento das fôrmas metálicas e da concretagem, escora-se a fôrma a favor da segurança, sem o risco dela se abrir dado o peso próprio do concreto. FIG.3.12 Escoramento Tubular Metálico (NARESI, 2009) Concretagem da cortina no primeiro nível original de tirantes, com desforma após 2 dias FIG.3.13 Desforma do Primeiro Nível (NARESI, 2009) 49 Início da perfuração dos tirantes na parte inferior: Tendo em vista a necessidade de mudança do nível vertical para a continuidade de execução do projeto, conduz-se a plataforma de trabalho a níveis inferiores, a fim de tornar possível a entrada da perfuratriz sobre esteira. Ela é normalmente usada nas obras cujos projetos adotam o método descendente. Deste modo, pode-se dar início à perfuração com instalação dos tirantes e assim repetir o ciclo na parte inferior. É oportuno lembrar que os locais de aplicação dos tirantes devem receber um gabarito de PVC para montagem das formas, o que pode ser feito de modo concomitante ou não com a etapa de montagem da armação. Deste modo, o procedimento torna mais fácil alinhar os tirantes a serem instalados na perfuração. Instalação e injeção do tirante: Repetem-se os passos anteriores com a execução de nichos alternados, os quais devem ser armados. Ou seja, deve-se escavar manualmente o nicho, executar a perfuração e por fim instalar e injetar o tirante. FIG.3.14 Armação em Nicho Alternado (NARESI, 2009) 50 Fechamento das formas, escoramento e concretagem do nicho alternado: Como a concretagem ocorre no mesmo nível vertical da estrutura de contenção, deve-se deixar uma janela de concretagem para a aplicação do concreto. Afinal, após a concretagem e o início da cura, o vão é demolido para que a parede fique posicionada a prumo. Protensão da primeira linha de tirantes: A fim de que a escavação prossiga, é preciso protender a primeira linha de tirantes para que a carga de trabalho colocada contenha as paredes de concreto armado sem que haja o risco de rotação ou recalque devido ao peso próprio do material. Após as etapas de injeções e da cura do cimento, de três dias para o cimento de alta resistência inicial e sete dias para o cimento comum, pode-se instalar as cabeças das ancoragens acopladas junto aos paramentos de contenção para as protensões. Para fins de tensionamento e cravação dos tirantes, usam-se conjuntos de protensão com bomba e macaco de acionamento hidráulico cujas capacidades atingem com folga as cargas limites de ensaio. Assim, a protensão dos tirantes deve respeitar um período mínimo de cura da última fase de injeção, com compatibilidade entre as cargas de testes dos tirantes e suas composições estruturais. FIG.3.15 Macaco de Protensão de Cordoalhas (NARESI, 2009) 51 A NBR 5629 estabelece que todos os tirantes devem ser submetidos a ensaios de protensão na obra, devendo seguir procedimentos específicos para as etapas de protensão e aceitação no campo. Havendo um tirante definitivo, protege-se sua cabeça com acabamento de concreto, normalmente em formato de bloco trapezoidal. Outros cuidados especiais devem ser observados em relação à manutenção do tirante, pois caso ele seja submetido ininterruptamente a cargas de tração plenas sofrerá desgaste maior. Já os tirantes provisórios, por sua vez, podem ser desativados após a conclusão dos serviços da obra. Ressalta-se que as regras mais importantes relativas a ensaios, dimensionamentos e execuções estão preconizadas em norma e serão abordadas de modo mais aprofundado adiante. Afinal, o objetivo deste item foi apenas apresentar um panorama geral das etapas de execução de cortinas atirantadas. Por último, mas não menos importante, o projeto também precisa contemplar adequadamente a inserção de canaletas, não apenas na crista da cortina atirantada, mas também na base. Senão, seria difícil esgotar os drenos sub-horizontais e simples. Elas drenam as águas superficiais e evitam erosões nos terrenos adjacentes. Deve haver também caixas de passagem, bueiros, escadas de dissipação e outros elementos que conduzam as águas superficiais até a descarga. 3.4. ANÁLISE DE ESTABILIDADE Para a análise de estabilidade, destacam-se os seguintes modos de ruptura de cortinas atirantadas, os quais devem ser checados em projeto: FIG.3.16 Métodos de Ruptura de Cortinas Atirantadas 52 FIG.3.16 Métodos de Ruptura de Cortinas Atirantadas (cont.) (GERSCOVICH, DANZIGER E SARAMAGO, 2016) Os itens da figuras FIG.3.16 acima referem-se às seguintes situações: a) Ruptura da fundação da estrutura: Modelo mais propenso a ocorrer abaixo da fundação do painel para materiais de baixos valores de resistência, sendo adotadas então fundações profundas como medida preventiva. b) Ruptura entre o trecho ancorado e o painel: Modelo normalmente evitado ao se atentar para as adequadas execuções da etapa de dimensionamento e das ancoragens. c) Ruptura na região após o trecho ancorado: Idem ao item anterior. d) Deformação excessiva na implantação da estrutura: Apesar de não ser comum pelo fato das cortinas atirantadas serem consideravelmente rígidas, pode ocorrer em casos anteriores à incorporação das cargas no nível das ancoragens. e) Ruptura dos tirantes: Ocorre em tirantes submetidos a cargas maiores ou iguais à tensão de escoamento. f) Ruptura do painel: Tende a ocorrer por problemas no dimensionamento estrutural do painel, o qual deve ser projetado para ser capaz de resistir aos momentos em ambas as direções e à punção junto à cabeça do tirante. No projeto geotécnico, deve-se determinar,portanto: A geometria e o tipo de fundação dos painéis; As cargas, inclinações e espaçamentos dos tirantes; e Os comprimentos dos trechos livres e ancorados. 53 No dimensionamento, deve-se também calcular o valor do empuxo do solo e o modo pelo qual ele se distribui por entre as ancoragens. Tal procedimento é influenciado pela interação entre os elementos solo - ancoragens - cortina, uma vez que as deformações das ancoragens e a distribuição do empuxo influenciam as deformações da estrutura da cortina. Este fator, por sua vez, influencia o valor e a distribuição do empuxo. Dentre as diversas técnicas de dimensionamento de cortinas atirantadas, a opção de análise mais simples considera os tirantes projetados apenas para se oporem aos empuxos. Entretanto, esta abordagem é recomendada apenas para cortinas verticais e solos homogêneos sem lençol freático, com ruptura passando pelo pé do talude. 3.4.1. MÉTODO DE COULOMB ADAPTADO O método de Coulomb considera o equilíbrio limite de uma cunha de solo com seção triangular, delimitada pelo tardoz do muro e pelas superfícies de ruptura e retro aterro. Com isso, ele assume as hipóteses das superfícies de desligamento serem planas e passantes pela base da estrutura de suporte, além da existência de liberdade de movimentação da estrutura de modo a poder mobilizar completamente o atrito entre o solo arrimado e ela. A técnica, entretanto, não restringe o ponto de aplicação do empuxo, tampouco o modo pelo qual as tensões horizontais se distribuem sobre o muro. Sendo conhecida a direção do empuxo, é possível determiná-lo por construções gráficas, devendo as forças concorrerem para um mesmo ponto ou fornecerem um polígono fechado pelas condições de equilíbrio. De acordo com a ilustração do método na figura FIG.3.17, calcula-se o empuxo Ea' em termos de pressões de água, devendo-se obter as inclinações θ de diferentes cunhas com seus respectivos empuxos equilibrantes Eθ. Avalia-se então para cada uma delas o polígono de forças associado ao equilíbrio, sob a consideração dos parâmetros dos respectivos valores das resultantes de pressões de água manter Uθ atuantes no trecho ab, do peso próprio da cunha Wθ e da resultante das forças normal e de atrito no solo, mobilizadas na base. 54 A solução analítica do método foi desenvolvida por Caquot e Kerisel (1948), com obtenção do valor de Ka e da inclinação da cunha crítica θA. Na modelagem, consideram-se as tanto as inclinações α e β do retro aterro quanto a inclinação δ do empuxo de terra, todos com sentidos positivos em relação à horizontal. FIG.3.17 Método de Coulomb (GERSCOVICH, DANZINGER E SARAMAGO, 2016) Acha-se o valor de Uθ de acordo com as condições do fluxo da água do terreno, sendo Ea correspondente à cunha crítica θa, que por definição requer maior empuxo para a garantia da estabilização com Eθmax. Equacionam-se então alguns dos parâmetros mencionados: (EQ 3.1) (EQ 3.2) Na situação de análise de uma cortina atirantada vertical ou quase vertical implantada sobre solo homogêneo, sem aquífero e com superfície de ruptura 55 passando pelo pé do talude, pode-se usar o método de Coulomb adaptado para a determinação das cargas das ancoragens. Por sua vez, para ancoragens distribuídas em diferentes níveis horizontais, o somatório das cargas para uma vertical qualquer é calculado pela fórmula a seguir. Nela, Sh é o espaçamento horizontal entre ancoragens, T é o valor da carga associada a cada uma delas e Ea é o empuxo ativo por metro: (EQ 3.3) O valor de Ea, por sua vez, pode ser determinado com base no procedimento originalmente descrito, considerando-se no cálculo de Ka inclinações iguais para o empuxo e as ancoragens. Ou seja, δ = ω, sendo ω o ângulo das ancoragens. Os sentidos positivos de α, β e δ, por sua vez, seriam os indicados na mesma figura FIG.3.17, tendo por referência à horizontal. No dimensionamento das cortinas pelo método de Coulomb adaptado, adotam-se sentidos iguais para δ e ω, com uma faixa de variação convencional de ω variando entre -15° e -20°, associada a um sentido anti-horário positivo. Nesta modelagem especial, adotam-se os valores de fatores de segurança acima de 1,5 e calculam-se os valores de resistência e coesão mobilizados do solo, respectivamente indicados por 'mob e c'mob: (EQ 3.4) (EQ 3.5) Na hipótese da fundação estar assentada sobre rocha ou estaqueamento, considera-se a não existência de deslocamento entre o painel e o solo. Isto é, toda a 56 componente vertical das estacas seria suportada pelas fundações do painel, sendo o empuxo paralelo à inclinação do terreno com δ = α. As cargas nas ancoragens são então determinadas pela fórmula a seguir: (EQ 3.6) Nesta lógica, há uma significativa redução no valor das cargas das ancoragens e um aumento na solicitação sobre a fundação da cortina. Adota-se então uma distribuição constante das cargas incorporadas nas ancoragens em função da profundidade. Por fim, a partir da determinação do somatório dos valores de cargas, obtém- se a carga de trabalho Ttrabalho em cada ancoragem e o número de tirantes N por vertical. (EQ 3.7) Um aspecto a ser ressaltado é quanto ao espaçamento entre as ancoragens, devendo o projeto priorizar a eliminação de interação entre os bulbos ancorados e considerar adequadamente o dimensionamento estrutural da parede de concreto armado. Valores de espaçamentos horizontais muito elevados ocasionam momentos fletores elevados na cortina, sendo por isso recomendável o uso de Sb em torno de 3,0m. 3.4.2 MÉTODO DE RODIO Apesar de ser aparentemente semelhante à abordagem anterior, este método se diferencia por usar diagramas aparentes de empuxo (Terzaghi; Peck, 1967) adaptados. 57 Nesse contexto, sendo ka o coeficiente de empuxo ativo da teoria de Rankine, γ o peso específico do solo, H a altura da contenção, c o valor de coesão e q a sobrecarga, o empuxo ativo é dado por: (EQ 3.8) Por outro lado, sendo α a inclinação dos tirantes, o ângulo do empuxo ativo com a horizontal, e o espaçamento horizontal entre os tirantes e Fadm a carga de trabalho do tirante, a quantidade n de tirantes a ser usada é calculada por: (EQ 3.9) Para a correta aplicação do processo Rodio, deve-se considerar a influência do fator de segurança nas fórmulas acima, o qual pode ser feito pelo conceito de atrito mobilizado, analogamente ao método de Coulomb adaptado para cortinas atirantadas. Ainda, para garantir que a estrutura esteja longe da situação de ruptura, o fator de segurança empregado para o aço não deve ser confundido com os fatores de segurança referentes às incertezas sobre os valores dos parâmetros do solo e os modelos de cálculo, dentre outros parâmetros de incerteza eventuais. 3.4.3. MÉTODO BRASILEIRO (NUNES; VELLOSO, 1963) Esta abordagem considera a superfície de ruptura como um plano que passa pelo pé do talude, sendo restrita a taludes praticamente verticais e solos homogêneos. Este é o método mais usado por projetistas brasileiros. Por Taylor (1948 apud Craizer, 1981, p.17): “Pode-se concluir que a suposição de rotura plana conduz a aproximações geralmente aceitáveis se o talude é vertical, ou próximo da vertical, mas não dá aproximação satisfatória para taludes pouco inclinados." 58 No método brasileiro, são avaliadas as forças de protensão dos tirantes em relação ao equilíbrio da cunha, devendo as cargas serem inseridas de forma a se alcançar o fator de segurança preconizado pelanorma, igual a 1,5. Para fins de cálculos de dimensionamento, empregam-se os seguintes parâmetros, ilustrados nas figuras FIG.3.18 e FIG.3.19 abaixo: δ = inclinação da crista do talude com a horizontal; i = inclinação do talude com a horizontal; θ = ângulo entre a horizontal e um plano qualquer de possível deslizamento; = ângulo de atrito; H = altura da estrutura de arrimo; P = peso da cunha mais provável de deslizamento com dimensão unitária, devendo-se incluir a carga no valor de P para taludes sujeitos a sobrecarga; R = reação do maciço terroso sobre a cunha; c = coesão do material do solo; l = comprimento da linha de maior declive do plano crítico de deslizamento; c.l = força de coesão necessária para manter a cunha em equilíbrio; e = peso específico da cunha de solo analisada. FIG.3.18 Superfície de Ruptura no Pé do Talude (GERSCOVICH, DANZIGER E SARAMAGO, 2016) Das relações estabelecidas acima, chega-se ao triângulo de esforços: 59 FIG.3.19 Diagrama de esforços (GERSCOVICH, DANZIGER E SARAMAGO, 2016) Neste método, adota-se R como sendo o próprio ângulo de atrito, devendo o fator de segurança estar totalmente considerado na coesão Cd. Para um número de estabilidade empregado em taludes homogêneos sem percolação, tem-se: (EQ 3.10) Na condição crítica, obtém-se o ângulo mais provável do plano de deslizamento: í (EQ 3.11) Para taludes verticais, i = 90°. Daí, as fórmulas acima podem ser desenvolvidas pela seguinte sequência: ° (EQ 3.12) ° ° í (EQ 3.13) 60 ° ° (EQ 3.14) No caso geral com qualquer e i = 90°, o fator de segurança vale: (EQ 3.15) (EQ 3.16) (EQ 3.17) Analogamente, o FS relativo ao ângulo crítico de deslizamento é: í (EQ 3.18) Deste modo, a ideia atrelada à aplicação do método consiste em atribuir uma inclinação inicial α aos tirantes para se obter o ângulo β, igual à soma entre α e í . O processo segue com a iteração do ângulo na equação anterior, aumentado-se progressivamente seu valor até se obter um valor mínimo FSp > 1,5. Assim: (EQ 3.19) 61 FIG.3.20 Diagrama de Ângulos (GERSCOVICH, DANZIGER E SARAMAGO, 2016) Assim, relacionam-se os fatores de segurança obtidos, com obtenção do peso da cunha referente ao plano passando por θ'. Sendo o ângulo formado pelos tirantes com o plano crítico de deslizamento e um parâmetro intermediário, definido em função dos valores de FS até então calculados, tem-se: (EQ 3.20) (EQ 3.21) Por fim, a força solicitante pode ser calculada por: (EQ 3.22) 3.2.4. MÉTODO DE RANKE-OSTERMAYER O método foi a princípio desenvolvido para a aplicação em solos granulares. Entretanto, Pacheco e Danziger (2001) apresentaram generalizações da versão original com a premissa de que o modelo a ser adotado em solos granulares seria válido para solos com coesão c e atrito . 62 Com a consideração da participação das ancoragens no processo de ruptura, dimensiona-se o comprimento livre com o intuito de atingir o fator de segurança desejado. O método é então descrito para o caso de uma ancoragem, duas ancoragens e ancoragens múltiplas. Conforme Pacheco e Danziger (2001), representam-se o modelo de análise de uma linha de ancoragem na figura 3.21 e o polígono de forças, considerando-se um solo com coesão e ângulo de atrito, na figura 3.22. Os parâmetros associados são: G - Peso da cunha de solo abcd; Ea - Reação contrária ao empuxo de terra; E1 - Empuxo de terreno à direita da cunha; Q - Reação do material de fundação sobre a cunha ao longo da superfície ab, com a consideração de mobilização total do atrito; δ - Ângulo de atrito entre a cortina e o solo; C - Força de coesão, igual ao produto entre a coesão c e o comprimento ab; Aposs - Esforço equilibrante da cunha representante do valor máximo de carga no tirante, fator este desestabilizante para o equilíbrio da cunha de solo; Ah,poss - Projeção horizontal da componente Aposs, igual a: E1h - Projeção horizontal da componente E1; Eah - Projeção horizontal da componente Ea; 63 G - Peso da cunha; α - Inclinação do tirante; - Ângulo de atrito do solo; e - Ângulo entre a horizontal e a reta entre a base e o centro do tirante. FIG.3.21 Método de Ranke-Ostermayer (GERSCOVICH, DANZIGER E SARAMAGO, 2016) FIG.3.22 Polígono de Forças do Método Ranke-Ostermayer (GERSCOVICH, DANZIGER E SARAMAGO, 2016) O fator de segurança vem da divisão entre valor máximo de carga do tirante Ahposs por Ahexistente, sendo este determinado pelos espaçamentos dos tirantes e o empuxo Ea. 64 No trabalho desenvolvido por Pacheco e Danziger (2001), destacou-se a aplicabilidade do método para diversos níveis de tirantes com a aplicação dos conceitos do intercepto de coesão. Entretanto, julga-se necessário checar a posição de cada bulbo a ser posicionado, a fim de verificar se a locação projetada para os mesmos não instabilizará a superfície potencial de ruptura. Os trechos livres calculados por essa técnica, por sua vez, costumam a ser menores que os obtidos por outras técnicas consagradas. Além disso, usam-se outros métodos computacionais que adotam o equilíbrio- limite para o dimensionamento das cortinas em casos mais complexos. Entretanto, o engenheiro projetista deve conhecer as características básicas dos eventuais softwares que venha a utilizar, a fim de realizar uma comparação inicial dos resultados do programa com outras situações mais simples de cálculo mais fácil por métodos tradicionais. 3.5 TÉCNICAS DE DETALHAMENTO O foco deste item foi fornecer um embasamento técnico para o dimensionamento dos painéis de cortinas atirantadas. Na intenção de detalhar a técnica empregada como base para o projeto de redimensionamento de uma construção de cortina atirantada ao final do presente trabalho, a técnica adotada baseou-se no empenho pelo uso de alguns parâmetros geométricos afins em ambos os itens. 3.5.1. PAINEL Os painéis são em geral verticais e com espessuras entre 20cm e 40cm, obtidas em função da análise de punção e dos momentos atuantes. Por sua vez, cada um deles normalmente apresenta comprimento entre 5m e 15m, usualmente 10cm, além de juntas de dilatação entre as unidades, como mostra a figura 3.23. (GERSCOVICH, DANZINGER E SARAMAGO, 2016) 65 FIG.3.23 Junta Entre Painéis (GERSCOVICH, DANZIGER E SARAMAGO, 2016) Nas bordas dos painéis, usam-se abas não atirantadas. Os comprimentos das abas, em geral, variam até um valor máximo de aproximadamente dez vezes a espessura do painel. FIG.3.24 Vista Superior: Junta e Vértice (GERSCOVICH, DANZIGER E SARAMAGO, 2016) Os apoios dos painéis podem ser feitos por estacas ou fundações diretas. Para a escolha do modo de apoio, deve-se basicamente analisar a resistência do solo e a carga que chega às fundações da cortina. Esta última depende de alguns fatores, sendo os principais o peso do painel e as componentes verticais devido aos tirantes e ao empuxo. Pode-se também implantar estacas até o nível do terreno para o apoio dos painéis, caso elessejam executados num material de baixa capacidade de carga. Assim, outra medida a favor da segurança seria a colocação inicial de carga no 66 tirante, mesmo que seja parcial, a fim de aumentar a segurança e diminuir as deformações. Já em termos de dimensionamento, um painel de cortina atirantada deve ser estruturalmente dimensionado para resistir aos momentos e à punção na cabeça do tirante. Nesta ênfase, um parâmetro a ser verificado de antemão é o valor da carga solicitada nos tirantes, tal que o talude em análise esteja adequadamente estabilizado. Para este fim, dentre as diversas técnicas de análise, optou-se pelo emprego do método brasileiro de atirantamento. Ele busca obter o esforço dos tirantes para impedir o deslizamento do maciço de terra, a partir de uma superfície de ruptura crítica de fator de segurança admissível acima de 1,5, conforme exige a NBR 5629:2006. 3.5.1.1 AÇÕES SOLICITANTES Descreve-se a seguir a etapa completa de dimensionamento de projeto. Sistematicamente, a partir da seção de projeto adotada, pode-se definir o valor da altura total do talude Ht através da altura equivalente do solo ho. Deste modo, sendo q o valor da carga distribuída na parte superior do talude e γ o peso específico aparente do material do maciço, chega-se à altura total equivalente: (EQ 3.23) Ht = ho + h (EQ 3.24) A seguir, resume-se a sequência de projeto a ser executada na análise de estabilidade, tendo por base o uso do método brasileiro descrito em 3.2.3: a) Calcular : (EQ 3.25) 67 b) Calcular FS crítico: (EQ 3.26) c) Arbitrar a inclinação α dos tirantes e iterar até obter FS desejado ≥ 1,5: β = α + θcr (EQ 3.27) (EQ 3.28) d) Calcular λ e : (EQ 3.29) (EQ 3.30) e) Calcular a força de ancoragem solicitante: (EQ 3.31) A seguir, distribui-se os tirantes no painel, sendo o cálculo do número N de tirantes na vertical em função do espaçamento horizontal eh dado por: (EQ 3.32) O número Nt de camadas horizontais de tirantes é função da força F de ancoragem aplicada, do espaçamento horizontal eh estabelecido e da força admissível Fadm: 68 (EQ 3.33) Tendo sido definidos a altura total da cortina e a quantidade de níveis horizontais de tirantes, obtém-se o espaçamento vertical entre eles e o número total de tirantes, nesta sequência: (EQ 3.34) (EQ 3.35) Destaca-se que os conceitos de concreto armado se relacionam à estrutura do paramento de uma cortina atirantada, tendo correlação com a rigidez da parede da cortina. Esta, por sua vez, se relaciona diretamente com a espessura da parede de concreto e o espaço entre tirantes. Assim, para facilitar o entendimento, é comum dividir a superfície do paramento em faixas verticais e horizontais, representantes das áreas de influência das linhas dos tirantes. Deste modo, pode-se fazer uma analogia do comportamento da estrutura do paramento com o comportamento de vigas, seguindo um método de análise convencional que divide os painéis em faixas de influências delimitadas pelo semieixo da distância entre os eixos dos tirantes, conforme exibe a NBR 6118:2014. Isto é, a estrutura pode ser observada como um conjunto de vigas verticais ou horizontais com apoios nos tirantes, permitindo-se rotação nos pontos de apoio modelados como de 2º gênero. Para fins de dimensionamento das vigas dos tirantes em termos de armaduras longitudinais e transversais, a etapa seguinte seria adotar uma resistência característica à compressão e um tipo de tirante com força admissível (Fadm) correspondente. Sendo então definidos a quantidade total de tirantes por painel, a capacidade Fadm de carga de trabalho do tirante adotado, a área S do painel e o ângulo α de instalação dos tirantes, obtém-se uma fórmula para o 69 carregamento q distribuído atuante no painel, de acordo com a equação abaixo. Este seria o valor de carga por unidade de área da laje devido aos tirantes: (EQ. 3.36) Dado q, os carregamentos qh` e qv’ das vigas horizontal e vertical valem: (EQ. 3.37) (EQ. 3.38) Ilustra-se a distribuição dos tirantes no painel na figura FIG.3.25, considerando para fins de exemplificação a adoção de corte vertical em talude, com melhor aproveitamento da área. O caminho de modelagem empregado consistiria em adotar um sistema de vigas e lajes, no qual associado a cada conjunto retangular de quatro tirantes com espaçamentos consecutivos iguais haveria um painel em formato de laje de concreto armado correspondente. Na modelagem, cada painel seria considerado unilateral e conectado aos demais por juntas. E cada camada vertical ou horizontal de tirantes, por sua vez, seria associada a um paramento suporte. FIG.3.25 Unidade Estrutural Modelada (Autoria Própria) 70 Assim, especificamente para o exemplo citado, modelam-se vigas em balanço nas duas direções, sendo elas biapoiadas, isostáticas e submetidas aos carregamentos horizontais ou verticais correspondentes (conforme a figura FIG.3.26). Mas veja que no caso geral o número escolhido de apoios seria igual à quantidade de tirantes na direção respectiva da viga de análise considerada. Nesta etapa de análise, anotam-se os valores dos momentos fletores máximos positivos e negativos obtidos tanto nos apoios quanto nos vãos. Os valores limites aplicados nos apoios representam as solicitações nos tirantes, sendo empregados no cálculo das armaduras longitudinais pelos momentos fletores e nas armaduras transversais pelos esforços cortantes. As solicitações nos vãos, por sua vez, representam as armações correspondentes ao interior do painel. FIG.3.26 Aplicação de Cargas e DMF (Autoria Própria) 71 3.5.1.2 ARMAÇÃO O extrato modificado do item 14.7.8 da ABNT 6118:2014 explica o próximo passo a ser adotado, devendo-se adaptar a ideia original de “atuação de pilares” para “atuação de tirantes”. A hipótese adotada é de cálculo como laje cogumelo: 14.7.8 Lajes lisas e lajes-cogumelo Lajes-cogumelo são lajes apoiadas diretamente em pilares com capitéis, enquanto lajes lisas são apoiadas nos pilares sem capitéis. A análise estrutural de lajes lisas e cogumelo deve ser realizada mediante emprego de procedimento numérico adequado, por exemplo, diferenças finitas, elementos finitos ou elementos de contorno. Nos casos das lajes em concreto armado, em que os pilares estiverem dispostos em filas ortogonais, de maneira regular e com vãos pouco diferentes, o cálculo dos esforços pode ser realizado pelo processo elástico aproximado, com redistribuição, que consiste em adotar, em cada direção, pórticos múltiplos, para obtenção dos esforços solicitantes. Para cada pórtico deve ser considerada a carga total. A distribuição dos momentos, obtida em cada direção, segundo as faixas indicadas na Figura 14.9 (FIG.3.27) , deve ser feita da seguinte maneira: a) 45 % dos momentos positivos para as duas faixas internas; b) 27,5 % dos momentos positivos para cada uma das faixas externas; c) 25 % dos momentos negativos para as duas faixas internas; d) 37,5 % dos momentos negativos para cada uma das faixas externas. Devem ser cuidadosamente estudadas as ligações das lajes com os pilares, com especial atenção aos casos em que não haja simetria de forma ou de carregamento da laje em relação ao apoio. Obrigatoriamente, devem ser considerados os momentos de ligação entre laje e pilares extremos. 72 FIG.3.27 Distribuição de Momentos por Faixas (NBR 6118 : 2014) Deste modo, pode-se nas equações abaixoobter os momentos fletores de dimensionamento por metro para ambas as vigas, a partir da divisão dos valores anteriormente obtidos pelas larguras correspondentes das faixas. Verificam-se, para isto, os momentos máximos obtidos nos apoios da anterior: (EQ. 3.39) (EQ. 3.40) (EQ. 3.41) (EQ. 3.42) Dimensiona-se então as armaduras de flexão pelas fórmulas da NBR 6118:2014 abaixo, sendo: 73 fcd: a resistência de cálculo do concreto, igual a fck/1,4; fyd: a tensão de escoamento característica do aço, igual a a fyk/1,15; Md: o momento solicitante, igual a 1,4M; d: a altura útil da viga; b: a largura da viga; kz e kmd: parâmetros de projeto intermediários; e As: a área do aço. (EQ. 3.43) (EQ. 3.44) (EQ. 3.45) Esquematicamente, segue-se o mesmo procedimento para os apoios de ambas as orientações horizontal e vertical de viga do paramento, tanto para os momentos máximos positivos quanto os negativos. Para o aço CA-50, calcula-se dmin na EQ.3.43 ao se inserir o valor máximo de kmd, igual a 0,3199, conforme a tabela TAB.3.1. Este valor corresponde à situação limite de transição entre os domínios 3 e 4. O domínio 3, por sua vez, corresponde à flexão simples e à flexão composta com grande excentricidade. Considera-se que é esta a situação desejável para projeto, uma vez que nela os materiais são aproveitados de forma econômica e a ruína pode então ser avisada ao operador a partir do aparecimento de muitas fissuras, na ocorrência de escoamento na armadura. Nestas condições, as peças de concreto armado são então denominadas subarmadas. Tendo sido obtido o valor mínimo de d, arbitra-se seu valor real adotado. Ele geralmente tem dimensão inteira, múltipla de 5 ou 10cm, para fins de fácil execução. 74 Assim, chega-se à seção transversal retangular da viga a ser considerada na modelagem: uma das dimensões seria d e a outra também seria arbitrada, igual a 30 cm, por exemplo. TAB.3.1 Correlações Entre Kmd, kx, kz e As (Adaptado da NBR 6118: 2003) Adicionalmente, vale ressaltar que a espessura do painel é intrinsecamente influenciada pelas propriedades do concreto. Por exemplo, a rigidez propriamente 75 dita do material adotado é representada pelo módulo de elasticidade E. Porém, convém citar o fck como referência, tendo em vista que este é um valor mais fácil de ser mensurado e compreendido. Afinal, para se manter a rigidez de uma estrutura, são necessários valores maiores de fck para menores espessuras. Como observado anteriormente, a espessura é um parâmetro de entrada aplicado na equação de momento fletor máximo resistido por determinada estrutura de concreto armado. Sendo assim, ela influencia significativamente o momento fletor de maneira proporcional: quanto maior a espessura da parede, maior é o momento fletor. Ainda, como a área As de seção transversal de armadura de aço é obtida do momento fletor, quanto maior ele for, mais armadura será requerida para a estrutura de contenção. De acordo com GURGEL (2012), sabe-se que a espessura da parede tem baixa influência sobre os esforços internos da estrutura de contenção. Isto é, as tensões horizontais de empuxos não sofrem grandes modificações conforme se aumenta a espessura, do mesmo modo que este parâmetro não tem influência considerável sobre os esforços cortantes, ligeiramente maiores para maiores espessuras, acima de 100mm. O deslocamento horizontal no topo da estrutura da parede, por sua vez, é maior para espessuras maiores de painéis. Em determinadas ocasiões, quando se aumenta o espaçamento horizontal entre os tirantes, os deslocamentos no topo tendem a se igualarem para qualquer espessura de parede. A causa está no fato de que com o aumento de eh, a carga de protensão por metro na parede diminui, e com isso os tirantes desenvolvem uma capacidade inferior de movimentação da cortina. Portanto, os deslocamentos se tornam muito parecidos para qualquer espessura. Outro aspecto relevante é o fato da espessura da cortina influenciar na verificação do puncionamento. A verificação do fenômeno é exigida e corresponde à verificação do cisalhamento em duas superfícies críticas definidas no entorno da força concentrada na região dos tirantes. No caso da cortina não resistir aos esforços solicitantes na análise de punção, pode-se então aumentar a espessura da mesma ou o fck do concreto utilizado nos 76 cálculos, no intuito de evitar a necessidade do uso desta armadura. Contudo, caso isto não seja possível devido às restrições do projeto, os cálculos previstos para o dimensionamento da armadura da punção a ser usada devem ser feitos mediante prescrições da NBR 6118:2014, podendo ser encontrados facilmente em livros clássicos de concreto armado. Ressalta-se que as armaduras longitudinais de reforço nas proximidades dos pontos de ligação dos tirantes com a laje, atuam apenas na resistência aos esforços longitudinais de flexão, não combatendo as solicitações cortantes devidas ao efeito de punção. Eventuais armaduras circulares de fretagem, por sua vez, podem auxiliar no confinamento do concreto do painel ao ponto de ligação com o tirante. Nas ancoragens de barras de aço protendidas com aderência posterior, é necessário o emprego de armadura de fretagem para evitar a abertura de fissuras frente à tração transversal no concreto em função do carregamento parcial do concreto junto à ancoragem (CARVALHO, 2012). 3.5.1.3 VERIFICAÇÃO DE PUNÇÃO A punção ele consiste na geração de grandes tensões cisalhantes concentradas devido à atuação das ações fletoras e verticais de apoio dos pilares, sendo relevante nas estruturas de concreto devido ao seu potencial para afetar a integridade das estruturas atingidas. Deste modo, a punção tem relação com a solicitação de cargas concentradas em determinada área consideravelmente pequena de concreto, da mesma forma que a transferência de cargas atuantes dos tirantes para o painel. Por este motivo, deve-se verificar a resistência das cortinas atirantadas ao efeito de punção. Conforme a ABNT NBR: 6118, o modelo de cálculo de verificação de puncionamento corresponde à verificação do cisalhamento em duas ou mais superfícies críticas concebidas no entorno de forças concentradas. A adaptação do método aplicado a cortinas consiste na análise de superfícies críticas no entorno da placa de apoio, denotadas abaixo por C e C’. 77 FIG.3.28 Perímetro Crítico C’ (NBR 6118 : 2014) Na figura FIG.3.28, a distância d equivale à espessura útil da cortina. Isto é, a distância entre a face externa em contato direto com o meio externo e o centro da armadura de puncionamento existente na face interior do painel. As duas superfícies críticas C e C' são, respectivamente, o contorno do pilar ou da carga concentrada e o contorno da superfície crítica afastada de 2d do pilar ou da carga concentrada. Sendo ԏsd a tensão de cisalhamento solicitante de cálculo devido ao puncionamento, Fsd a força concentrada de cálculo e u o perímetro do contorno crítico em análise, o carregamento associado é calculado pela equação abaixo. Nela, a força de cálculo inserida deveria ter sido previamente multiplicada pelo fator de segurança 1,4, frente à situação do concreto submetido a combinações normais de carga. (EQ 3.46) Na verificação da tensão resistente de compressão diagonal do concreto na superfície crítica C, calcula-se a tensão solicitante em relação à área da placa de apoio, associada para fins de comparação com um valor limite. A ABNT 6118 recomenda aplicar a equação abaixo para verificação da tensão resistente na superfície: (EQ 3.47) 78 Acima, é umcoeficiente igual a 1 – fck/250, é a tensão cisalhante de cálculo e fcd é a resistência de cálculo à compressão do concreto. Assim, para , não haveria ruptura por compressão diagonal do concreto na região. Na verificação da tensão resistente na superfície crítica C', a NBR 6118 recomenda o uso da fórmula abaixo para fins de cálculo do valor da tensão resistente em elementos sem armadura de punção: ԏ ( ρ (EQ 3.48) Acima, ԏ é a tensão de cisalhamento resistente em C', ρ é a taxa geométrica de armadura de flexão aderente e cp é a tensão inicial do concreto ao nível do baricentro da armadura de protensão. Assim, para , não haveria ruptura por compressão diagonal do concreto na região. A NBR 6118 também preconiza que caso a estabilidade global da estrutura dependa da resistência da laje à punção, deve-se prever armadura de punção para equilibrar no mínimo 50% de Fsd, ainda que ԏ . Nestas condições, a armadura de flexão prevista deve ser considerada suficiente para o equilíbrio do valor de Fsd. (EQ 3.49) 3.5.2 TIRANTE Os tirantes apresentam diversas aplicações em obras geotécnicas, com fundamentos inicialmente previstos na “ NBR – 5627/77: Estruturas Ancoradas no Terreno” e posteriormente em sua revisão, a “ NBR - 5627/96: Estruturas de Tirantes Ancorados no Terreno”. Primeiramente, os tirantes devem ser definidos quanto ao tempo de uso desejado. Neste contexto, a NBR 5627 define os tipos provisório e permanente, sendo eles respectivamente empregados para tempos inferiores e superiores a dois 79 anos. De acordo com tal classificação, a norma preconiza diferentes coeficientes de segurança, proteções anticorrosivas e testes de protensão. Para a cortina atirantada, por ser uma estrutura definitiva, classifica-se o emprego respectivo como permanente. Na aplicação de tirantes como solução geotécnica, outra etapa importante do projeto é a verificação de construções e suas fundações, além de tubulações das concessionárias públicas nas áreas de implantação e efeitos dos tirantes. A NBR 5627 ressalta em seus itens 5.4.1.4 e 5.4.3.1 a importância de não se prejudicar o comportamento das estruturas vizinhas e da responsabilidade do proprietário pela autorização para poder perfurar em terrenos de terceiros, localizar interferências e definir a distância mínima de perfuração dos obstáculos. 3.5.2.1 ELEMENTOS CONSTITUINTES A NBR 5627, em sua seção 4.3.1, determina a seção de aço do tirante a partir do esforço máximo ao qual ele é submetido, considerando-se a tensão admissível para tirantes permanentes igual a: (EQ. 3.50) Em norma, salienta-se que o coeficiente de segurança vale 1,5 para tirantes provisórios. Caso eles não sejam constituídos de aço, a tensão admissível é 0,9 da resistência característica a tração. Porém, esses conceitos não são utilizados, uma vez que as cortinas são estruturas permanentes e, segundo o manual da GeoRio (2014), emprega-se apenas tirantes de monobarras de aço. Isto é, exclui-se as ancoragens constituídas de fios e as de cordoalha. O tirante é dividido nas partes principais: cabeça e trechos livre e ancorado. A cabeça é o elemento que transpassa o painel e tem a finalidade de transmitir a carga do tirante à estrutura a ser ancorada. Duas regiões da cabeça devem ser ressaltadas: a cunha de grau, cujo objetivo é alinhar os tirantes e a 80 cabeça para evitar flexão, e a placa de apoio, responsável pela transmissão da tensão para a estrutura e constituída por placas metálicas. Portanto, deve-se atentar a área desta última, devido à possibilidade de punção. A proteção contra a corrosão é um aspecto importante da cabeça do tirante, pois a ineficiência da proteção é um erro comum em cortina atirantada. Por isso, deve-se ao final da protensão realizar uma injeção para o total preenchimento dos vazios, evitando-se assim possíveis infiltrações que alcancem o elemento resistente à tração. Outro fato relevante sobre a cabeça é que a ponta do tirante deve ser cortada com serra e ficar com aproximadamente 5cm além da porca, a fim de permitir a reprotensão e a realização posterior de ensaios. FIG.3.29 Cabeça do Tirante (Adaptado da NBR 5629 : 1996) Por sua vez, o trecho livre é a região intermediária entre a cabeça e o trecho ancorado e o trecho ancorado é responsável por transmitir a carga de tração para o terreno. A NBR 5629 - seção 4.4 exibe formulações para estimativas preliminares do comprimento de ancoragem de acordo com o solo em análise. Assim, a resistência à tração de uma ancoragem pode ser estimada em solos arenosos pela EQ.3.51: (EQ. 3.51) 81 Dentre os parâmetros impostos, é a tensão efetiva no ponto médio da ancoragem, U é o perímetro médio da seção transversal da ancoragem e é o coeficiente de ancoragem, indicado na tabela TAB.3.2. TAB.3.2 Coeficientes de Ancoragem (NBR 5629 : 1996) Solo Compacidade Fofa Compacta Muito compacta Silte 0,1 0,4 1,0 Areia fina 0,2 0,6 1,5 Areia média 0,5 1,2 2,0 Areia grossa e pedregulho 1,0 2,0 3,0 Para solos argilosos, emprega-se a equação EQ.3.55 abaixo, sendo: α (EQ. 3.52) - Coeficiente redutor da resistência ao cisalhamento; - Resistência ao cisalhamento não drenado do solo argiloso; O valor de varia de acordo com o . Ou seja, para , o valor assumido é = 0,75, e para , o valor assumido é = 0,35. Em valores intermediários, adotam-se interpolações lineares. E por último, no caso de rochas, o trecho ancorado é estimado a partir da tensão de aderência rocha-argamassa, que deve ser o menor destes dois valores: da resistência à compressão simples da rocha ou da resistência à compressão simples da argamassa. Além disso, a norma estabelece classificações de solos em que o trecho ancorado do tirante não pode ser empregado. São elas: solos orgânicos moles, aterros e os solos coesivos, com do ensaio SPT e aterros sanitários. A tabela TAB.3.3 relaciona cargas de ancoragem e os diâmetros de tirante. 82 TAB.3.3 Cargas de Ancoragem (Manual da GeoRio, 2014) Tipo de aço Tipo de seção Dnom da barra (mm) Dmín por furo adequado (mm) Carga máxima de trabalho provisório (kN) Carga máx de trabalho permanente (kN) Rocsolo ST 75/85 Plena 41 125 524 450 Incotep 22D Reduzida com rosca 30 100 230 200 Incotep 22D Reduzida com rosca 40 125 410 350 Incotep 22D Reduzida com rosca 47 150 530 450 Incotep 22D Reduzida com rosca 50 150 600 510 Dywidag Plena 15 75 90 80 Dywidag* Plena 32 100 460 390 Dywidag Plena 36 125 580 500 Dywidag Plena 47 150 990 850 Gewi Plena 25 100 160 140 Gewi Plena 32 100 240 210 Gewi - Plus Plena 32 100 330 280 Gewi Plena 50 150 590 500 CA 50 A Plena 25 100 150 130 CA 50 A Plena 32 100 240 200 CA 50 A Reduzida com rosca 25 100 95 81 CA 50 A Reduzida com rosca 32 100 187 160 Rocsolo ST 75/85 Plena 22 100 146 125 Rocsolo ST 75/85 Plena 25 100 191 165 Rocsolo ST 75/85 Plena 28 100 240 200 Rocsolo ST 75/85 Plena 38 125 440 375 A figura FIG.3.30 ilustra os elementos componentes do tirante, acima descritos: 83 FIG.3.30 Componentes do Tirante (Téchne, 2007) 3.5.2.2 PERFURAÇÃO A norma não restringe o método de perfuração, apenas preconiza que qualquer técnica pode ser adotada, desde que o furo seja retilíneo e tenha inclinação e comprimentos previstos. A única ressalva é quanto ao diâmetro, o qual deve ser grande o suficiente para garantir as proteções anticorrosivas necessárias. Vale ressaltar que a forma mais comum de perfuração é através da perfuratriz rotativa ou da rotopercurssão. Enquanto a primeira usa água para o transporte dos detritos, essa mesmafunção é desempenhada pelo ar comprimido na segunda, o qual também é empregado para a utilização do martelo. A norma pode não ser muito restrita, mas preconiza alguns aspectos que devem ser considerados antes da perfuração do furo, citados nos parágrafos a seguir. A estabilidade do furo deve ser garantida pelo método de perfuração até que ocorra a injeção de aglutinante, sendo tolerado o uso de revestimento de perfuração e/ou de fluido estabilizante. Porém, esses não podem conter produtos agressivos aos elementos dos tirantes, tampouco que interfiram na cura e/ou pega do aglutinante. Outro aspecto é que o sistema de perfuração não pode deteriorar a resistência do terreno, devendo-se ressaltar os encharcamentos em solos coesivos ao se executar a limpeza dos furos através de fluxo de água. 84 A locação do furo também deve ser escolhida cuidadosamente, visando a atender os requisitos de projeto com observação da interferência de terceiros na localidade. Além de atentar a esses aspectos, dados importantes da perfuração devem ser registrados, sendo o conteúdo mínimo previsto em norma por esse boletim composto por: a) Tipo de equipamento e sistema de perfuração; b) Identificação, diâmetro e inclinação do furo; c) Diâmetro e comprimento do revestimento (quando usado); d) Tipo de fluido de estabilização (quando usado); e) Espessura e tipo de solo das camadas atravessadas; f) Datas de início e término do furo; e g) Outras observações (perda de água e/ou ar, obstáculos encontrados, etc.). Após os aspectos anteriores, deve-se realizar a limpeza do furo para a retirada dos detritos, a fim de finalizar o processo de perfuração. 3.5.2.3 INSTALAÇÃO A instalação consiste em inserir o tirante na perfuração. O procedimento é feito manualmente e deve seguir a seção 5.5 da norma NBR 5629, que preza pela verificação de alguns requisitos abaixo: a) O comprimento de perfuração deve atender no mínimo ao indicado no projeto; em nenhum caso, entretanto, o início do bulbo deve distar menos de 3m da superfície do terreno de início de perfuração; b) Os comprimentos livre e do bulbo devem estar de acordo com os de projeto; c) A proteção anticorrosiva não deve apresentar falhas no instante da instalação do tirante no furo, particularmente nos locais de emendas, os quais devem ser inspecionados e corrigidos se necessário; d) A locação deve atender aos valores das tolerâncias indicadas no projeto; 85 e) Os dispositivos de fixação da cabeça devem corresponder às necessidades estruturais, além de estarem de acordo com a inclinação do tirante em relação à estrutura a ser ancorada. 3.3.2.4 INJEÇÃO A injeção pode ser feita com calda de cimento ou outro aglutinante, conforme a seção 5.6.1 da norma 5629. Entretanto, emprega-se em geral a primeira opção, devendo ela respeitar a NBR 7681. Esta norma prevê a dosagem em massa de água/ cimento para a execução da bainha igual a 0,5 ou outro valor, desde que seja comprovado em ensaio que a resistência aos 28 dias tenha superado 25MPa. Além disso, para a execução da reinjeção, esta relação pode ser de 0,5 a 0,7. Ressalta-se que a calda deve ser preparada alguns minutos antes em uma central de preparo e bombeamento, e a norma 5629 preconiza que a calda pode ser aplicada em uma única injeção ou em fases múltiplas. Assim, justamente por ser mais usual para a situação de cortinas atirantadas, explicou-se o procedimento em fase múltipla a seguir. O tirante tem um sistema auxiliar de injeção, constituído de um tubo de PVC através do qual é feita a injeção. O PVC apresenta em geral diâmetro entre 32 a 40mm e, estando com a válvula manchete espaçada a cada 0,5m, depende do obturador duplo. A válvula manchete, por sua vez, é constituída por borracha envolvendo os furos para a injeção da calda pressurizada, conforme a figura FIG.3.31. FIG.3.31 Válvulas Manchetes nos Tirantes 86 A injeção em múltiplas etapas pode ser definida por dois estágios característicos. A primeira é a formação da camada de calda entre o corpo do tirante e a parede do furo, denominada de bainha. Ela é formada através da injeção de calda de cimento sem uso de pressão, até que a mesma verta pela boca do furo. A segunda etapa é denominada de fase primária e ocorre entre dez e doze horas após a aplicação da bainha, tempo este relativo à pega. Nesta etapa, utiliza-se o obturador duplo para aplicar calda de cimento com pressão e volume definidos em projeto, desde a manchete mais afastada até a mais próxima. A pressão faz então a válvula abrir, ou seja, levanta a borracha, de tal modo que ela desça ao fim da aplicação. A figura FIG.3.32 ilustra o procedimento para a formação de estacas, o qual é análogo para tirantes paralelos ao PVC. FIG.3.32 Processo de Obtenção (NARESI, 2009) Em suma, são necessários pressão e volume para ancorar o trecho fixo do tirante. Caso a pressão não seja alcançada, repete-se a segunda etapa com intervalos de 10 a 12 horas, até que a meta seja atingida. Deve-se ressaltar que aplicação da calda depende da inclinação da perfuração. Assim, o ideal seria dispor o tirante totalmente na horizontal. Contudo, ângulos elevados do eixo com a horizontal fariam os tirantes perderem eficiência por estarem associados a elevadas componentes verticais de tração, enquanto ângulos menores que 10° com a horizontal gerariam problemas de inserção da calda. Portanto, no Brasil, o ângulo máximo é 30°, sendo incentivada a adoção de valores acima de 10°. 87 3.5.2.5 PROTENSÃO Durante a protensão, usam-se bomba e macacos hidráulicos. Esta fase é iniciada após o prazo de cura da última injeção e o tempo mínimo, informado pela norma 5629, é igual a 7 dias para cimento comum Portland e 3 dias para cimento ARI (alta resistência inicial). Além disso, deve-se ressaltar que a NBR 5629 preconiza alguns ensaios para verificação dos tirantes recebidos, os quais são: recebimento, qualificação, básico e fluência. Nesse trabalho, foram mencionadas as finalidades dos ensaios conforme preconizado no manual da GeoRio (2014), mas deve-se consultar a 5.7.2 da norma supracitada para maiores aprofundamentos quanto à execução. O ensaio de recebimento tem a finalidade de analisar a capacidade de carga e comportamento de todos os tirantes. Realiza-se em 10% dos tirantes da obra, carregados até a carga máxima de 175% da carga de trabalho, e nos 90% restantes, com cargas até 140% do valor de trabalho. O ensaio de qualificação tem o objetivo de verificar o comportamento dos elementos constituintes do tirante num determinado terreno. Realiza-se em 1% do total da obra ou, minimamente, em 2 tirantes por tipo de tirante e terreno. O ensaio básico verifica a correta execução do tirante, observando-se principalmente a conformação do bulbo de ancoragem, a centralização do tirante no bulbo, a qualidade da injeção e a definição do comprimento livre do tirante. Realizam-se escavações após o ensaio de qualificação, com verificação dos aspectos citados anteriormente. O ensaio de fluência avalia o desempenho sob cargas de longa duração. 3.5.2.6 INCORPORAÇÃO A incorporação só pode ser feita após a obtenção de desempenhos satisfatórios nos ensaios acima propostos, devendo obedecer a desigualdade: çã (EQ 3.53) 88 A carga de incorporação é definida na norma como sendo aquela carga aplicada ao tirante durante a sua incorporação à estrutura. Por sua vez, a carga de trabalho é aquela que pode ser aplicada ao tirante, de modo que apresente segurança necessária contra o escoamento do elemento resistente à tração, contra o arrancamento do bulbo e contra deformações por fluência. Também se recomenda avaliar a protensão dos tirantes a cada 5 anos, com verificação da integridade da cabeça e suas proteções. Em algumassituações, pode-se inclusive monitorar permanentemente a carga atuante nas ancoragens pelo uso de células de carga. Contudo, isto não é feito na prática normalmente. 3.5.2.7 CORROSÃO A proteção contra a corrosão almeja evitar o comprometimento da segurança durante o período da vida útil do tirante. Existem três classes de proteção: 1, 2 e 3. Para enquadrar o tirante em uma delas, deve-se analisar as consequências da ruptura e as agressividades do terreno e da água freática. Assim, mostra-se na TAB.3.4 a tabela presente no anexo B da NBR 5929, a qual classifica os meios quanto a agressividade. TAB.3.4 Classificação de Agressividade (NBR 5629 : 1996) Unidade: mg/L Tipos de águas freáticas Grau de agressividade do meio Não agressivo Medianamente agressivo Muito agressivo Águas puras(A) Resíduo filtrável >150 150 a 50 < 50 Águas ácidas pH > 6 pH 5,5 a pH 6 pH < 5,5 Águas ácidas com CO2 dissolvido < 30 30 a 45 > 45 Águas selenitosas Teor de < 150 150 a 500 > 500 Águas magnesianas Teor de Mg++ < 100 100 a 200 > 200 Águas amoniacais Teor de NH4+ < 100 100 a 150 > 150 Águas com cloro Teor de Cl- < 200 200 a 500 > 500 (A) São as águas de montanhas, de fontes, com ação lixiviante, que dissolvem a cal livre e hidrolisam os silicatos e aluminatos do cimento. 89 A norma especifica as classes de proteção para cada região do tirante. Abaixo, foram detalhados os procedimentos mais comuns adotados, os quais mais se aproximam de uma proteção classe 1. Esta é empregada para tirantes permanentes em meios muito agressivos e medianamente agressivos, além de tirantes provisórios em meios muito agressivos. A proteção de classe 1 exige que existam duas barreiras de proteção para todo o tirante. Para a região ancorada, deve-se inicialmente realizar a limpeza e aplicar a pintura anticorrosiva. As barreiras empregadas são o cimento e um tubo, o qual pode ser corrugado ou metálico com espessura mínima de 4mm. Deve-se ressaltar que todo o espaço existente entre o tirante, o tubo e o solo deve ser preenchido com no mínimo 3cm da nata de cimento (regiões interna e externa). FIG.3.33 Centralizador e Tubo Corrugado de Proteção (Manual da GeoRio, 2014) Para o trecho livre, realizam-se também a limpeza e a proteção anticorrosiva. Pela NBR 5629, há duas maneiras possíveis de proteção, conforme os extratos da norma abaixo: a) Cada elemento é envolvido por graxa anticorrosiva e por duto plástico, devendo o conjunto ser envolvido por outro duto plástico e injetado com calda de cimento após a protensão. A transição do trecho livre à cabeça de ancoragem deve possuir dispositivos que assegurem a continuidade da proteção; b) O conjunto de elementos tracionados deve ser envolvido por um único duto plástico e graxa anticorrosiva, devendo o conjunto ser envolvido por outro duto plástico e o vazio entre os dois dutos ser preenchido com argamassa. 90 FIG.3.34 Proteção Anticorrosiva (Dywidag, 20?) Vale salientar que a carga devido a protensão deve ser transmitida para o bulbo sem a interferência do trecho livre. Para isso, aplica-se a injeção do trecho livre após à injeção do bulbo. A proteção para a cabeça do tirante é especificada na seção 5.9 da NBR 5629, referente aos serviços finais. Também se aplica à graxa anticorrosiva com revestimento de concreto ou argamassa, sob uma espessura mínima de 2,0cm. 3.5.3 CAPACIDADE DE CARGA No projeto da cortina atirantada, deve ser verificada a capacidade de carga do solo. A partir disso, pode-se empregar uma fundação direta ou usar estacas. Para um projeto, a carga nas fundações por metro linear é determinada através da equação EQ.3.57: ω δ ó (EQ. 3.54) Acima, é o ângulo dos tirantes com a horizontal, é o espaçamento horizontal entre as ancoragens e é o ângulo do empuxo com a horizontal, considerado em função de e do tipo de solo. Deve-se ressaltar que a decomposição da resultante é feita para verificar o efeito de seu componente vertical nas fundações. Caso o solo não apresente capacidade para suportar a força acima, será necessária a aplicação de estacas. O manual da GeoRio (2014) discorre sobre a utilização de estacas com pequenos diâmetros, sendo por especificação da NBR 6122 os comprimentos calculados considerando-se apenas o atrito lateral com o solo. 91 Sendo o diâmetro da estaca, o comprimento da estaca e o atrito lateral, a capacidade de carga para uma estaca isolada pode ser determinada por: (EQ. 3.55) O atrito lateral pode ser obtido da relação com o SPT na equação EQ.3.56, com representando o valor médio do índice de resistência à penetração SPT através do comprimento da estaca: (EQ. 3.56) Nas fórmulas acima, deve-se reduzir em pelo menos 2 o resultado de para a obtenção da capacidade de carga admissível. O número de estacas é então obtido através da divisão da carga total exercido pelo solo pela capacidade resistiva de cada estaca. 3.6. DRENAGEM O processo de drenagem merece destaque na análise das cortinas atirantadas, pois a atuação da água influência fortemente no processo de estabilidade do talude. Segundo Ranzini e Negro Junior (1998, p. 505), a água pode atuar de maneira direta ou indireta. A direta consiste no acúmulo de água junto ao tardoz interno e do encharcamento do terrapleno, elevando o efeito da poro pressão. Já a indireta é baseada na redução da resistência ao cisalhamento do maciço devido ao acréscimo de pressões intersticiais. O efeito direto é mais preocupante por ter uma intensidade maior, porém através de um dispositivo eficiente de drenagem pode ser diminuído consideravelmente. A drenagem pode ser dividida em duas partes: superficial e subsuperficial. A superficial tem o objetivo de diminuir os processos erosivos e infiltração da água no terreno, enquanto a subsuperficial visa a redução da poro pressão através do redirecionamento do fluxo d’água. Ambas serão analisados a seguir 92 3.6.1 DRENAGEM SUPERFICIAL A drenagem superficial visa redirecionar a água incidente sob a bacia de contribuição para os canais fluviais. Diversos dispositivos podem ser adotados para cumprir tal finalidade, variando de acordo com as condições geométricas e do tipo de material constituinte. O dimensionamento do dispositivo de drenagem é feito através da comparação da velocidade admissível com a velocidade de escoamento calculada. Os parâmetros bacia de contribuição, características geométricas, precipitação de projeto e cobertura são preponderantes para o dimensionamento hidráulico. Enumeraram-se a seguir os principais dispositivos e seus objetivos específicos, dando-se maior atenção para a construção de canaletas longitudinais, pelo fato deste tipo de solução ter sido empregada no estudo de caso adiante. Contudo, deve-se ressaltar que muitas vezes na construção de um sistema de drenagem eficiente é preciso associar dispositivos de drenagem distintos, sendo alguns deles relacionados abaixo: Canaleta transversal Inicialmente para se determinar uma canaleta transversal, fixa-se o seu tipo e a sua geometria, sendo ela sempre aberta e capaz de assumir formas retangulares, trapezoidais, meia cana ou em forma de U. São revestidas de concreto, podendo ser simples ou armado, ou metálicas. A altura H será consequência de seu dimensionamento hidráulico. Abaixo, mostra-se uma canaleta extraída do manual da GEORIO (2014). 93 FIG.3.35 - Canaleta com Proteção Lateral. (Manual da GeoRio, 2014) Dissipadores contínuos de energia podem ser usados como alternativa às escadas quando o acompanhamento da declividade natural do terreno acarretar velocidades de escoamento superiores à admissível. Canaletas longitudinais Para as canaletas longitudinais, deve-seatentar para o controle da velocidade de escoamento. As canaletas poderão ser do tipo rápida ou de degraus, os quais tem a finalidade de diminuir a velocidade através do impacto, sendo empregados quando a velocidade for superior à admissível ou quando houver uma declividade superior a 5%. Apesar de ser muito adotada na prática, os degraus não são considerados muito eficientes na dissipação de energia. É recomendado que as canaletas longitudinais sejam feitas in loco através de formas de madeira, pois empregar módulos pode gerar descalçamento e separação dos módulos devido ao fluxo da água. Além disso, sua forma será aberta e retangular, revestida de concreto armado ou metálico. É interessante que as alturas e bases das canaletas sejam iguais, porém não é obrigatório. Além disso, devido ao efeito da água e o revestimento ser feito de concreto, elas muitas vezes podem apresentar velocidades maiores a jusante que o permite para o terreno, portanto, deverá apresentar bacias de amortecimento. Deve-se ressaltar que inclinação das canaletas é de 0,5% e as dimensões dos patamares e degraus são invariantes. 94 FIG.3.36 - Características Construtivas dos Degraus (Manual da GeoRio, 2014) FIG.3.36 - Características construtivas dos degraus(cont.) (Manual da GeoRio, 2014) Para dimensionar a forma retangular, emprega-se a seguinte fórmula: (EQ. 3.57) Sendo: Q: Descarga a ser conduzida em m3/s; B: Base em m; e H: Altura em m. 95 Porém, já existem valores tabelados de base e altura em função da vazão, conforme mostrado abaixo nas tabelas TAB.3.5 de dimensionamento de canaleta longitudinal. TAB.3.5 - Dimensionamento de Caneleta Longitudinal (Manual da GeoRio, 2014) 96 Caixas de passagem As caixas de passagem têm a finalidade de mudar dimensões e geometrias dos diferentes dispositivos de drenagem, portanto seus dimensionamentos dependerão desses elementos. Além desta finalidade, também podem ser empregadas para reterem materiais sólidos e, consequentemente, evitarem entupimentos, sendo necessário apresentar um anteparo gradeado para isso. FIG.3.37 - Caixa de Passagem (Manual da GeoRio, 2014) As caixas são feitas com concreto armado e podem ser abertas ou fechadas, com tampas removíveis. As caixas com tampa são empregadas em locais que a água coletada contenha sólidos que possam obstruí-la. Bacias de amortecimento As bacias de amortecimento se localizam ao final de canaletas longitudinais, tendo a finalidade de reduzir a velocidade na passagem para outro dispositivo de drenagem. Portanto, são dissipadores de energia e executadas em concreto armado. 97 FIG.3.38 - Bacia de amortecimento (Manual da GeoRio, 2014) 3.6.2. DRENAGEM SUB-SUPERFICIAL A maior causa da instabilidade em um talude é em função da poro pressão. Baseado nisso, a drenagem subsuperficial mostra a sua importância, pois melhora as condições de estabilidade através do controle da poro pressão. Inicialmente, ressalta-se a importância do monitoramento para a drenagem subsuperficial visando dois aspectos. Primeiramente, deve-se atentar para a capacidade drenada do material, a qual pode ser prejudicada devido ao fenômeno da colmatação ou quebra de dutos. A colmatação ocorre devido à obstrução do sistema drenante por partículas arrastadas pelas forças de percolação, ou substâncias químicas ou microbiológicas que ser formam. O outro aspecto importante quanto ao monitoramento é averiguar se os DHPs fornecem cargas piezométricas para um fator de segurança apropriado para o talude. Os DHPs são tubos de PVC ou geotubos, com diâmetro de 50 ou 65 mm e ranhuras ou orifícios envoltos por um filtro de tela de nylon. 98 Deve-se atentar para a descarga da água captada pelos DHPs, uma vez que não deve provocar uma nova instabilização ou erosão. Portanto, deve-se direcionar as águas para um sistema de canaletas. FIG.3.39 - Canaletas e Diâmetro de Perfuração (Manual da GeoRio, 2014) O DHPs também podem ser usados como medida emergencial para taludes que apresentem sinais de escorregamento devido a altas poro pressões, por causa de suas rápidas execuções. Tal solução é muito usada pelos geotécnicos nas encostas, uma vez que as capas de solos são geralmente espessas em climas tropicais. Como já foi dito, é necessário atentar-se para a manutenção periódica para a garantia da capacidade drenante dos mesmos. Portanto, observações visuais são essenciais para se averiguar a colmatação e crescimento de vegetação dentro do tubo. As medidas preventivas para o combate de tais efeitos são a remoção da vegetação no interior do tubo e a introdução de mangueiras de jateamento de água sob pressão para a remoção de substancias aderidas nas paredes e orifícios do tubo. Contudo, estas técnicas são raramente realizadas. Aconselha-se também a limpeza da formação de ocre causado pela presença de ferro nos solos tropicais brasileiros. 99 3.4 MANUTENÇÃO As cortinas atirantadas requerem inspeção periódica, sobretudo para fins de verificação das condições do concreto, da drenagem e das cabeças dos tirantes. Afinal, conforme o maciço se movimenta e a temperatura oscila, há infiltração de água na parte posterior do conjunto. Por consequência, pode haver oxidação dos tirantes e fissuração do concreto, gerando-se infiltrações e vazamentos. Pode-se plotar por inspeção visual as principais patologias existentes: Corrosão na cabeça: Este fenômeno ocorre caso o capacete de concreto esteja trincado ou fissurado, sendo facilmente possível observar as marcas de corrosão nesta situação. Percolação de água através da estrutura ou das juntas: Enquanto os sistemas de drenagem superficiais requerem o desentupimento de canaletas e caixas de passagem, os sistemas de drenagem profunda demandam a lavagem dos drenos. Estando esta condição verificada, a obra tem maiores condições de apresentar um desempenho adequado e duradouro, sobretudo ao se evitar erosões que venham a causar danos aos terrenos vizinhos. Uma vez que a água deve fluir necessariamente pelos drenos, se houver observação de algum caso de percolação através da estrutura de concreto, pela cabeça ou pelas juntas, o ocorrido será indicativo de que há um grave problema em andamento. Cabos rompidos: A presença de água em solos arenosos e argilosos pode vir a exigir ajustes extras de tensão de protensão nos tirantes e recomposição das camadas de cimento protetoras dos cabos de aço. Isto é, ela pode vir a requer reprotensão e reinjeção na manutenção. Os casos de rompimento de armações compostas por feixes de fios de aço são facilmente identificados, sendo indicadores de que o capacete de concreto já caiu. 100 Como uma medida corretiva para o problema, salienta-se que há um tubo central para a injeção de calda de cimento em tirantes de fios e de cordoalha. Paralelamente, os tirantes de monobarra têm este mesmo tubo situado em posição lateral à monobarra de aço, com diversos furos de cerca de 8mm de diâmetro e espaçamentos entre 50 e 100cm. Eles atuam na função de válvula e podem ser lavados após a injeção, de modo que possam ser feitas outras injeções sequenciais após o tempo de pega da calda ter sido adequadamente transcorrido. Assim, permite-se a formação de um bulbo capaz de resistir aos esforços de protensão originalmente estipulados em projeto. Pode-se então dar início a algumas verificações básicas para identificar patologias, descritas a seguir. Elas podem ser conduzidas até mesmo pelo detentor da cortina, o qual não precisa necessariamente ser um especialista ou o projetista: Checar obstruções nas canaletas, as quais devem ser limpas se for o caso; Procurar por eventuais trincas nas canaletas, fissuras ou trincas na estrutura ou cabeça do tirante, fontes de percolaçãode água pelos tirantes, afundamentos ou trincas nas áreas adjacentes à construção, devendo-se consultar o engenheiro geotécnico se for o caso; e Checar o funcionamento das drenagens de paramento e profundas e alinhamento da estrutura, devendo-se consultar o engenheiro geotécnico se algo fora do padrão de projeto for plotado. 101 4. DETALHAMENTO DO PROJETO 4.1. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTUDO Nesta etapa, remeteu-se à descrição detalhada do emprego de cortinas atirantadas desenvolvida nos itens anteriores para fins de aplicação no dimensionamento de um projeto de mesma modalidade, recentemente executado pela CRO/1. A obra consistiu no projeto de contenção de um talude em cujo topo há um conjunto de PNRs sob responsabilidade da PMZS e do EB, situado na rua Coelho Cintra (Copacabana - RJ). Este conjunto de construções compõe a Vila Militar de Copacabana, nas proximidades do parque estadual da Chacrinha - Comando Militar do Leste. No extremo inferior do talude, junto à base, executou-se uma solução de cortina atirantada na divisa da área do EB com os fundos do prédio residencial Senador Leite e Oiticica, localizado no número 90 da rua Barata Ribeiro (Copacabana - RJ). A motivação para a criação deste projeto de contenção pela CRO/1 foi o fato da região ter sido afetada por um desmoronamento de encosta sem vítimas fatais no dia 5 de dezembro de 2010, pelos registros da Defesa Civil. Noticiado na época, o deslizamento atingiu algumas regiões do prédio, conforme a figura FIG.4.1. FIG.4.1 Deslizamento do Talude (Hudson Pontes / Agência O Globo) 102 Contudo, não se verificou a necessidade de interdição após a inspeção. A Defesa Civil, os Bombeiros e o Exército colocaram na época uma lona ao longo da encosta para evitar novos deslizamentos e impediram o acesso aos apartamentos atingidos. A causa do ocorrido foi atribuída a um vazamento de água. A Companhia Estadual de Águas e Esgotos (CEDAE) informou que não havia adutora no local e que o vazamento veio da vila pertencente ao Exército, que mantinha sistema de abastecimento próprio. As referências comparativas entre as imagens de satélite e as obtidas em visita ao local da obra permitem uma melhor referência dos entornos do local de projeto. Nesta lógica, mostra-se entre as figuras FIG.4.2 e FIG.4.6 o prédio supracitado, as construções que encimam o talude e a própria solução de contenção assentada no terreno. FIG.4.2 Vista do Prédio (Google Earth, acesso em 19 jun. 2017) 103 FIG.4.3 Vista Superior da Cortina (Google Earth, acesso em 19 jun. 2017) FIG.4.4 Vista Superior da Cortina (Visita à Obra) 104 FIG.4.5 Vista Frontal da Cortina (Visita à Obra) FIG.4.6 Vista do talude (Google Earth, acesso em 19 jun. 2017) 105 FIG.4.7 Vista do Topo do Talude (Google Earth, acesso em 19 jun. 2017) Conforme relatos de especialistas, o problema foi intensificado com a ocupação indevida de áreas na parte superior do talude. Ainda que o terreno na parte traseira ao edifício seja majoritariamente de propriedade original do Exército Brasileiro, pessoas ocupavam as residências durante anos e alegaram usocapião da área. Assim, estabeleceram-se definitivamente na região. A ocupação má orientada do talude levava a frequentes reclamações dos moradores da região da base, nas proximidades do condomínio. Eles contextualizavam o problema citado com o constante despejo de esgotos ladeira abaixo, alegando que algum dia haveria alguma catástrofe local, caso não houvesse uma correção do que foi exposto. Para solucionar o ocorrido, a CRO/1 fez uma licitação com base na divulgação de um projeto básico, sendo que em 2010 a obra foi concluída. Ela contemplou, além da técnica de cortina atirantada, a execução do grampeamento do solo com aplicação auxiliar de telas para segurar eventuais quedas de pedras na região inferior à cortina. 106 Na avaliação da geologia local, obteve-se a carta geológica do Rio de Janeiro através do site do CPRM, na coordenada SF-23. Através da comparação com outros mapas, localizou-se a região aproximada de onde ocorreu o deslizamento para se obter a sua geologia característica. A região vermelha de numeração 153 é para granitoide foliado peraluminoso tipo S. Deste modo, a foliação pode ser definida como uma estrutura planar bem definida. O tipo S é devido à fusão parcial de rochas de origem metassedimentar e normalmente caráter peraluminoso. FIG.4.8 Mapa Geológico Local (CPRM, 2004) 4.2 AVALIAÇÃO TOPOGRÁFICA LOCAL Iniciou-se a seguir a aplicação dos estudos executados neste Projeto de Fim de Curso, tendo por finalidade o desenvolvimento de um projeto de cortina atirantada que tenha por base o local descrito no item 4.1. Tendo em vista as imagens originais obtidas no anteprojeto da CRO/1, exibe- se na figura FIG.4.9 a configuração topográfica local da base do talude aos fundos do edifício em análise: 107 FIG.4.9 - Levantamento Topográfico Fornecido Inicialmente, destaca-se que alguns dados empregados foram estimados com base na observação do local, tendo em vista a falta de documentações que poderiam fornecer mais dados a respeito do talude. Por exemplo, eventuais sondagens à percussão e dados topográficos mais consistentes poderiam propiciar maior precisão de resultados. Certamente, para fins de análise global do local, faltariam dados de distâncias e angulações das superfícies em estudo em regiões superiores às desenhadas no terreno. Entretanto, conforme observado nos registros da visita no nível da cobertura do prédio na Rua Barata Ribeiro, 90, Copacabana, RJ, a altura do talude se mostrou inferior à altura do prédio. Este foi o ponto de partida para a análise global. Imagens obtidas pelo Google Earth forneceram uma estimativa da distância horizontal entre a parte central das cortinas e o início da parte planar, onde estão situados os PNRs ao topo da encosta. Com base na escala gráfica indicada abaixo, adotou-se a distância de projeto igual a 50m. 108 FIG. 4.10 - Aferição de Distâncias (Google Earth, acesso em 19 jun. 2017) O próximo passo foi lançar o valor no AutoCAD. Sob a consideração do prolongamento superior da superfície limítrofe do solo com a manutenção aproximada das mesmas inclinações das camadas de rocha e da areia argilosa, chegou-se à seguinte configuração geométrica: FIG.4.11 - Estimativa de Distâncias Superiores 109 4.3. AVALIAÇÃO GEOMÉTRICA DOS PAINÉIS Nas figuras FIG.4.12 e FIG.4.13, eventuais cotas aparentemente ausentes devem ser supostas simétricas em relação às demais referenciadas, ou obtidas por proporções diretas a olho nu. Outra observação relevante é que as estruturas e os entornos de seus locais de assentamento foram avaliadas para efeito de especificações de drenagem apenas ao final do dimensionamento. Sendo assim, destacam-se também algumas características de projeto: Abas laterais nas funções de valetas superiores e inferiores; Uso de camada inferior de concreto magro com espessura 5cm; e Extremidades dos tirantes centradas com as placas das respectivas cabeças. FIG.4.12 - Vista Frontal do Painel Central 110 FIG.4.13 - Vista Frontal do Painel Lateral Esquerdo FIG.4.14 - Vista Frontal do Painel Lateral Direito 111 4.4 PARÂMETROS ADOTADOS Os dados foram arbitrados, a maioria deles extraída do projeto real (CRO/1). Propriedades do solo a) Peso específico natural (γnat) = 18,5 kN/m³ b) Peso específico saturado (γsat) = 19 kN/m³ c) Coesão (c) = 5 kN/m² d) Ângulo de atrito ( ) = 30° * Preenchimento da cunha triangular entre o painel e o solo original com camada de areia argilosa e os mesmos valores dos parâmetros apresentados Propriedades do talude a) Ângulo δ = 12° b) Ânguloi = 90° (painel solidário ao talude) c) Sobrecarga (q) = 10 kN/m² (em especial por eventuais lançamentos de lixo) Propriedades da ancoragem a) Ângulo da horizontal com a ancoragem (α) = 13° b) Distância horizontal entre eixos consecutivos de tirantes (eh)= 2m c) Distância vertical entre eixos consecutivos de tirantes (ev)= 2m Propriedades do painel a) Altura do painel (H) = 4m b) Largura do painel (L) = 4m c) Área do painel (A) = 16m² 112 4.5 MEMORIAL DE CÁLCULO 4.5.1 MÉTODO BRASILEIRO DE ATIRANTAMENTO * Observação: Os parâmetros foram calculados com auxílio de uma planilha alternativa. Eventuais discrepâncias na comparação entre os valores inseridos nas fórmulas abaixo e os resultados dos cálculos podem ser atribuídas ao fato destes terem sido obtidos sem arredondamentos, conforme a formatação usada no Excel para fins de redução da propagação de erros. Ângulo crítico (θcr) = 60°: θcr i 2 0° 30° 2 0° (EQ.4.1) Ângulo entre a ancoragem e o plano crítico de ruptura (β) = 73°: β α θcr 13° 0° 73° (EQ.4.2) Na análise da seção transversal da cunha para θ = θcr = 60°, tem-se: FIG.4.15 - Cunha de Solo para θ = θcr = 60° 113 Comprimento da superfície superior da cunha de ruptura (l1) = 2,691m Comprimento da superfície inferior da cunha de ruptura (l2) = 5,265 Peso linear da cunha (caso θ = θcr) = 124,752 kN/m: a) Trecho acima do NA (Wsup) = 59,424 kN/m b) Trecho abaixo do NA (Winf) = 39,003 kN/m c) Efeito da sobrecarga (Wsc) = 26,325 kN/m d) Wsup + Winf + Wsc = 124,752 kN/m (EQ.4.3) Fator de segurança mínimo (FSmin) = 0,365: (EQ.4.4) Fator de segurança mínimo necessário (NBR 5629) = 1,5 Ângulo do plano de ancoragem (θac) = 35° (método brasileiro) FS 2c γH sen i cos sen i θac sen θac 2 5 1 sen 0° cos30° sen 0° θac sen θac 30° (EQ.4.5) 114 MÉTODO BRASILEIRO DE ATIRANTAMENTO A partir de = 30°, anotou-se o maior com FS > 1,5, igual a 35° Ângulo FS Ângulo FS Ângulo FS Ângulo FS 1 -0,235 11 -0,357 21 -0,780 31 7,617 2 -0,243 12 -0,377 22 -0,883 32 3,850 3 -0,251 13 -0,400 23 -1,016 33 2,596 4 -0,261 14 -0,426 24 -1,193 34 1,970 5 -0,271 15 -0,456 25 -1,443 35 1,596 6 -0,282 16 -0,490 26 -1,817 36 1,347 7 -0,294 17 -0,530 27 -2,444 37 1,171 8 -0,307 18 -0,576 28 -3,698 38 1,039 9 -0,322 19 -0,632 29 -7,465 39 0,937 10 -0,338 20 -0,698 30 #DIV/0! 40 0,816 Ângulo FS 35 1,596 35,1 1,56679 35,2 1,53863 35,3 1,51154 35,4 1,48547 35,5 1,46035 TAB.4.1 - Aplicação do Método Brasileiro de Atirantamento Lambda (λ)= ,136: (EQ.4.6) Na análise da seção transversal da cunha para θ = θcr = 35,3°, tem-se: 115 FIG.4.16 - Cunha de Solo para θ = 35,3° Comprimento da superfície superior da cunha de ruptura (l1) = 8,253m Comprimento da superfície inferior da cunha de ruptura (l2) = 9,892m Peso linear da cunha (caso θ = θcr) = 381,939 kN/m: a) Trecho acima do NA (Wsup) = 205,797 kN/m b) Trecho abaixo do NA (Winf) = 95,412 kN/m c) Efeito da sobrecarga (Wsc) = 80,729 kN/m d) Wsup + Winf + Wsc = 381,939 kN/m (EQ. 4.7) Força de ancoragem necessária (F) = 197,98 kN/m: F λ 1 λ P sen θcr cos β 13 1 13 3 1 3 sen 0° 30° cos 73° 30° 1 7 N m (EQ. 4.8) 116 Tipo de tirante adotado: TIPO DE AÇO TIPO DE SEÇÃO DIÂMETRO NOMINAL DA BARRA (mm) DIÂMETRO MÍNIMO RECOMENDADO POR FURO (mm) CARGA MÁXIMA DE TRABALHO PROVISÓRIO (TTRABALHO) (kN) CARGA MÁXIMA DE TRABALHO PERMANENTE (TTRABALHO) (kN) Dywidag Plena 32 100 460 390 TAB.4.2 - Extrato da Tabela 3.3 (Adaptado do Manual da GeoRio, 2014) Quantidade mínima de camadas horizontais de tirantes (Nh) = 1,02 (adotar 2): Nh F eh F adm 1 7 2 3 0 1 03 (EQ. 4.9) Como o dimensionamento desenvolvido neste Projeto de Fim de Curso parte de algumas aproximações, a incerteza em alguns dos dados de entrada inseridos poderia conduzir o projetista a arredondar 1,03 para 1,00. Afinal, reduzir pela metade a quantidade de tirantes adotados tornaria a obra muito mais barata. Contudo, o resultado foi arredondado para 2 por alguns motivos: o objetivo da proximidade com a geometria inicialmente prevista, que já contava com duas camadas horizontais de tirantes conforme realmente executado no projeto, as experiências obtidas na prática, nas quais é comum evitar-se colocar somente uma linha de tirantes, e também o fato de que 1,03 e 1,00 são números bem distintos quando se calcula uma quantidade mínima inteira de tirantes de sustentação de uma estrutura. Afinal, se nesta análise local a cortina fosse executada de acordo com os cálculos deste trabalho e viesse a desmoronar com a consequente ruptura do talude, parte da culpa poderia ser atribuída ao projetista. 117 Quantidade de camadas verticais de tirantes por painel (Nv) = 2 (adotar 2): Nv H ev 2 (EQ. 4.10) Quantidade total de tirantes por painel (Nt) = 4 Carga superficial (qs) = 95,00 kN/m² q N Fadmcosα S 3 0 cos 13° 1 5 00 N m (EQ. 4.11) Carga horizontal linear (qh) = 190,00 kN/m qh q ev 5 00 2 1 0 00 N m (EQ. 4.12) Carga vertical linear (qv) = 190,00 kN/m qv q eh 5 00 2 1 0 00 N m (EQ. 4.13) 4.5.2 ARMADURAS LONGITUDINAIS O painel tipo a dimensionar foi planejado com altura de 4m, comprimento de 4m e espessura de 0,30m. Em função da classe de agressividade ambiental II (moderada) atuante em laje, considerada no problema tipo, normalmente seriam descontados cobrimentos de 2,5cm em cada lado. Contudo, verifica-se na parte inferior da tabela 4.4 que o cobrimento deve ser no mínimo 4,5cm para lajes em contato com o solo, sendo uma prática comum de projeto a opção por 5cm de cobrimento em cortinas atirantadas, conforme se adotou neste projeto. Assim, descontando-se 5 cm de cada lado, a espessura útil da laje do painel passou a ser de 20cm. 118 TAB.4.3 - Classes de Agressividade do Concreto (NBR 6118 : 2014) TAB.4.4 - Cobrimentos Nominais para ∆c = 10mm (NBR 6118 : 2014) Para fins de cálculo das armaduras longitudinais, a cortina ancorada foi dividida em vigas horizontais e verticais. Em cada uma delas, considerou-se as linhas de tirantes dimensionados como apoios de 2º gênero, gerando-se assim vigas biapoiadas em balanço, dada a geometria do painel. A seguir, dimensionou-se as armaduras longitudinais conforme laje cogumelo a partir das vigas horizontais e verticais modeladas conforme as figuras FIG.4.17 e FIG.4.18, nas zonas externas e internas às linhas de tirantes preconizadas pela ABNT NBR 6118. 119 FIG.4.17 - Faixa Vertical FIG.4.18 - Faixa Horizontal Analisou-se então o esquema de carregamento adotado com a posterior construção dos diagramas de momento fletor e esforço cortante, tendo por base o software Ftool. Adotaram-se então fck = 30MPa, fcd = 30/1,4 = 21,43MPa, fyk = 50kN/cm² e fyd = 50/1,4 = 43,48/14 kN/cm². Neste ponto, ressaltam-se duas curiosidades sobre a modelagem adotada: 120 a) O painel adotado é simétrico na vertical e na horizontal, tanto em relação aos comprimentos de seus lados, quanto também às distâncias entre seus tirantes sucessivos nas duas direções. Isto faz com que as cargas distribuídas calculadas e o dimensionamento de algumas das armaduras a serem verificadas sejam as mesmas para ambas as direções. Afinal, observe que já foram obtidos qh = qv = 190,00 kN/m, por exemplo. b) A modelagem efetuadaconsistiu na adoção de vigas em balanço uniformemente carregadas com dois apoios de segundo gênero, tais que suas respectivas distâncias centrais fossem iguais ao dobro dos valores dos balanços respectivos. Isto fez com que não houvesse momentos positivos, apenas negativos e nulos. A aplicação do FTool evidencia o exposto acima. Os valores obtidos no programa foram redimensionados a fim de se tornarem mais legíveis. A próxima etapa consiste na análise de cada uma das vigas desta modelagem. Contudo, uma restrição que deveria ser especificada de imediato consiste nas dimensões a serem usadas nestes elementos, a fim de se evitar dúvidas a respeito dos cálculos a serem efetuados a seguir. Observe que para cortinas maiores e com mais camadas de tirantes, a suposta uniformidade de carregamento da estrutura leva a uma discretização análoga dos momentos fletores ao longo de cada malha quadrangular consecutiva de 4 tirantes. Assim, pode-se expandir o desenho inicialmente feito para contemplar toda a armadura a ser efetuada no painel, com a obtenção de regiões simétricas nas quais cores iguais indicam momentos redistribuídos iguais nas figuras FIG.4.19 e FIG.4.20. 121 FIG.4.19 - Faixas Verticais (Expandidas) FIG.4.20 - Faixas Horizontais (Expandidas) 122 4.5.2.1 VIGAS HORIZONTAIS CARREGADAS Para as vigas horizontais carregadas, obteve-se FIG.4.21 - Viga Horizontal: Carregamento, DEN (kN) e DMF (kNm) Momento fletor máximo negativo = - 95,00 kNm Momento fletor máximo negativo (projeto) = - 95,00 . 1,4 = - 133,00 kNm Momento fletor máximo positivo = momento fletor máximo positivo = 0 kNm Esforço cortante máximo = 190,00 kN Esforço cortante máximo (projeto) = 190,00 . 1,4 = 266,00 kNm Redistribuição de momentos, Md-,e = - 99,75kNm, Md-,i = - 33,25kN e Md+,e = Md+,i = 0: d e 37 5 ev 0 375 133 00 2 75 Nm (EQ.4.14) d i 25 ev 2 0 25 133 00 2 2 33 25 Nm (EQ.4.15) 123 d e 27 5 ev 0 Nm (EQ.4.16) d i 5 ev 2 0 Nm (EQ.4.17) FIG.4.22 - Redistribuição dos Momentos na Viga Horizontal a) Viga horizontal, armadura negativa, faixa dos apoios kmd = 0,1164: (EQ.4.18) Dadas as correspondências kmd = 0,1150 - kz = 0,9270 e kmd = 0,1200 - kz = 0,9236, conclui-se por interpolação que para kmd = 0,1164, tem-se kz = 0,9260. E ainda, kmd < kmd,max = 0,272 (fck = 30MPa), daí se usa armadura simples. Área mínima de armadura (As) = 5,19cm² í (EQ.4.19) 124 Área de armadura calculada = 12,38 cm²/m: (EQ.4.20) Adotando-se aço CA-50 com = 12,5mm, sua área de seção transversal vale 1,23cm². Daí, tem-se o número de barras de aço necessárias n = 11, com espaçamento adotado e = 8 cm: (EQ.4.21) (EQ.4.22) No dimensionamento, os diâmetros das barras foram majorados pelo fator 1,04 para fins de distribuição dos espaçamentos. A ABNT 6118 : 2014 enuncia que o espaçamento mínimo livre horizontal entre as faces das barras deve ser o maior dos 3 valores: 20mm; 1,2. máx, agregado; e o máximo dentre { barra, feixe, luva}. Na prática, com os dados deste item, o espaçamento mínimo deve ser 20mm = 2cm, daí o espaçamento 8mm é aceitável. Solução adotada: 11 12,5mm c 8 cm b) Viga horizontal, armadura negativa, faixa interna kmd = 0,0388 (EQ.4.23) 125 Dadas as correspondências kmd = 0,0350 - kz = 0,9790 e kmd = 0,0400 - kz = 0,9759, conclui-se por interpolação que para kmd = 0,0388, tem-se kz = 0,9766. E ainda, kmd < kmd,max = 0,272 (fck = 30MPa), daí usa-se armadura simples. Área mínima de armadura (As) = 5,19 cm² (análogo) Área de armadura calculada = 3,92 cm²/m: (EQ.4.24) Para o aço CA-50 com = 12,5mm, sua área de seção transversal vale 1,23cm². Daí, tem-se o número de barras de aço necessárias n = 5, com espaçamento e = 22,5 cm: (EQ.4.25) (EQ.4.26) Solução adotada: 5 12,5mm c 22,5cm c) Viga horizontal, armadura positiva, faixa dos apoios Através do diagrama de momento fletor da figura FIG.4.21, foi possível observar que os momentos obtidos para a viga são todos negativos. Logo, adota-se a armadura mínima para a armação positiva. Área mínima de armadura (As) = 5,19 cm² (análogo) Para o aço CA-50 com =10mm, a área de seção transversal vale 0,79 cm². Daí, o número n de barras de aço necessárias é 7, com espaçamento e=15 cm: 126 n cm 0 7 cm Adotar barras (EQ.4.27) e 100 1 0 1 0 1 5 cm Adotar 15 cm (EQ.4.28) Solução adotada: 7 10mm c 15,0cm d) Viga horizontal, armadura positiva, faixa interior Para os mesmos parâmetros geométricos, também foi considerada a armadura mínima para a armação positiva. Solução adotada: 7 10mm c 15,0cm (análogo) 4.5.2.2. VIGAS VERTICAIS CARREGADAS Para as vigas verticais carregadas: FIG.4.23 - Viga Vertical: Carregamento, DEN (kN) e DMF (kNm) 127 Foram obtidos: Momento fletor máximo negativo = - 95,00 kNm Momento fletor máximo negativo (projeto) = - 95,00 . 1,4 = - 133,00 kNm Momento fletor máximo positivo = momento fletor máximo positivo = 0 kNm Esforço cortante máximo = 190,00 kN Esforço cortante máximo (projeto) = 190,00 . 1,4 = 266,00 kNm Pela redistribuição de momentos, Md-,e = - 99,75kNm, Md-,i = - 33,25kN e Md+,e = Md+,i = 0: d e 37 5 ev 0 375 133 00 2 75 Nm (EQ.4.29) d i 25 ev 2 0 25 133 00 2 2 33 25 Nm (EQ.4.30) d e 27 5 ev 0 Nm (EQ.4.31) d i 5 ev 2 0 Nm (EQ.4.32) De modo semelhante ao dimensionamento das vigas horizontais, verificou-se que nas vigas verticais tem-se os mesmos valores de parâmetros geométricos e distribuições de momentos fletores de projeto, como se fosse a mesma estrutura antes verificada rotacionada de 90°. Deste modo, as soluções na horizontal e na vertical são análogas. Assim, a figura FIG.4.24 e a tabela TAB.4.5 exibem as faixas obtidas e os tipos de armaduras longitudinais adotadas, respectivamente: 128 FIG.4.24 - Redistribuição dos Momentos na Viga Vertical TAB.4.5 - Tipos de Armações Longitudinais Adotados DISTRIBUIÇÃO DE ARMADURAS Viga horizontal, Armadura negativa, Faixa dos apoios 11 12,5mm c 8 cm Viga horizontal, Armadura negativa, Faixa interna 5 12,5mm c 22,5 cm Viga horizontal, Armadura positiva, Faixa dos apoios 7 10,0mm c 15 cm Viga horizontal, Armadura positiva, Faixa interior 7 10,0mm c 15 cm Viga vertical, Armadura negativa, Faixa dos apoios 11 12,5mm c 8 cm Viga vertical, Armadura negativa, Faixa interna 5 12,5mm c 22,5 cm Viga vertical, Armadura positiva, Faixa dos apoios 7 10,0mm c 15 cm Viga vertical, Armadura positiva, Faixa interior 7 10,0mm c 15 cm As armações apresentadas na tabela TAB.4.5 foram expressas na figura FIG.4.25 a seguir: 129 FIG.4.25 - Armação Longitudinal (Autoria Própria) 4.5.3. VERIFICAÇÃO DE PUNÇÃO Verifica-se a geometria da punção na cortina conforme a figura FIG.4.25, conforme os itens a e b a seguir: FIG.4.26 - Verificação da Punção (Autoria Própria) a) Verificação da tensão resistente de compressão diagonal do concreto na superfície crítica C: 130 Neste item, verificou-se a hipótese sdc< rd2: Espessura da laje de concreto (h) = 30cm Cobrimento nominal (c) = 5,0cm, de cada lado Espessura útil da laje de concreto (d) = 20cm Perímetro do contorno C (uo) = 80cm uo d cm (EQ. 4.34) Força concentrada de cálculo ( = 532,01 kN Fsd 1 Fanc cosα 1 3 0 cos 13° 532 01 N (EQ. 4.35) Tensão cisalhante solicitante de cálculo na superfície crítica C ( 3325,06 kN/m² sdc Fsd uo d 532 01 N cm cm N m (EQ. 4.36) αv2 = 0,88: αv2 1 fc 250 1 30 250 0 (EQ. 4.37) rd2 = 5091,43 kN/m²: rd2 0 27 0 30 Pa 1 50 1 3 N m2 (EQ.4.38) Veja que < (OK) b) Verificação da tensão resistente na superfície crítica C’: Neste item, verificou-se a hipótese sdc < rd1, com fck = 30MPa: Raio do Contorno da superfície C' (R) = 0,500m 131 (EQ.4.39) Perímetro do contorno da superfície C' (u) = 3,1416m uo 2 R m (EQ.4.40) sdc = 846,718 kN/m² sdc Fsd uo d 532 01 N m 0 m N m (EQ.4.41) ρ → 0,025 (armadura mínima) ρ ρx ρ 0 025 (EQ.4.42) = 1096,462 MPa rd1 0 13 1 20 d 100 ρ fc 1 3 0 13 1 20 100 25 1000 3 1 3 Pa (EQ.4.43) Veja que sdc < rd1 (OK), logo não houve a necessidade de armação da seção do painel em estudo frente à atuação dos esforços de punção dos tirantes. Entretanto, a NBR 6118 afirma que na situação da estabilidade global da estrutura depender da resistência da laje ao efeito de punção, deve-se considerar o emprego de uma armadura de colapso progressivo capaz de equilibrar um mínimo de 50% de Fsd, independentemente da comparação realizada entre sdc e rd1. Exibe-se o dimensionamento da armadura de colapso a seguir: 132 (EQ.4.44) (EQ.4.45) Detalhou-se nos anexos a configuração de armadura para resistir a esta solicitação. 4.5.4 BULBO DE ANCORAGEM Pelos aspectos geométricos da seção do talude anteriormente apresentado, já era de se esperar que o trecho ancorado estivesse na região rochosa. Nesta situação, foi empregada a técnica de análise da ruptura do contato entre nata e maciço (COATES, 1970; LITTLEJOHN E BRUCE, 1975; HANNA, 1982; BALLIVY E MARTIN, 1983 E XANTHAKOS, 1991). Através dela, tem-se: ç (EQ.4.46) Conforme anteriormente exposto, o tirante DYWIDAG adotado tem diâmetro nominal de 32mm, diâmetro mínimo recomendado por furo de 100mm e carga máxima de trabalho permanente de 390kN. Daí, seguem as propriedades usadas na aplicação da fórmula: Carga de arrancamento (P): 390 kN Diâmetro do furo de sondagem (D): 100mm Tensão de aderência nata-maciço ( : 0,35 (adoção de "rocha fraca" na tabela TAB.4.6). Para este último parâmetro, verificou-se abaixo o material no entorno da ancoragem de acordo com a situação de rocha mais desfavorável, a qual ofereceria menor tensão de aderência na interface. Isto consequentemente exigiria um maior 133 comprimento de ancoragem a ser requerido, tendo-se em vista o não conhecimento das propriedades da rocha no interior do talude. TAB.4.6 - Tensões de Aderência Nata Maciço Comprimento de ancoragem (La) = 6,20m: P D La 3 0 N 1 75 0 1m La 0 35 Pa La 20 m (EQ.4.47) Acima, adotou-se fator de segurança igual a 1,75 (tirante permanente), conforme recomenda a norma NBR 5629. Obteve-se então comprimento de ancoragem necessário para ambos os tirantes igual a 6,20m. 4.5.5. CAPACIDADE DE CARGA DA BASE Este item teve por objetivo avaliar a eventual ruptura do solo imediatamente abaixo da cortina em função do cálculo de suas solicitações verticais, com a 134 constatação de eventuais reforços na base ou alteração da geometria inicialmente prevista para o pé da cortina. A figura FIG.4.27 descreve a avaliação efetuada, com dimensões em cm: FIG.4.27 - Análise da Capacidade de Carga Área da seção transversal do painel (Ap) = 1,53m² (obtido via AutoCAD) Peso específico do concreto (γconc) = 25 kN/m³ Ângulo das ancoragens com a horizontal (α) = 13° Espaçamento entre camadas verticais consecutivas de tirantes (ev) = 2m Componente vertical linear do peso do conjunto (Pvl): 38,25 (EQ.4.48) Componente vertical linear das forças de ancoragem (Avl): 87,73 (EQ.4.49) 135 Componente vertical linear do empuxo (Evl) → não considerado Componente vertical linear total (Evt) = 125,98 (EQ.4.50) Nos casos de recalques desprezíveis das fundações, é comum considerar o empuxo paralelo ao terrapleno superior. Usou-se a tabela TAB.4.7 para a verificação da tensão admissível pelo solo. TAB.4.7 - Pressões Básicas de Classes de Solo Distintas (NBR 6122 : 1996) O painel está em sua maior parte assentado diretamente sobre uma camada de solo de areia argilosa, estando esta depositada sobre uma camada de rocha. Tendo em vista o fato da região de areia intermediária entre a cortina e a rocha ser desprezível na faixa vertical delimitada pelos limites laterais da seção transversal da cortina, considerou-se apenas a rocha na análise dos dados da tabela TAB.4.7. Contudo, na tabela TAB.4.7 há 3 tipos de rochas. Tendo por base a análise geológica desenvolvida no item 4.1 e a comparação das possíveis opções 136 disponíveis na tabela com o padrão observado na visita ao terreno, o mesmo foi enquadrado como classe de solo 1. Neste contexto, adotou-se para o local de estudo a presença de rocha de matriz constituída de granito, com expectativa de uma pequena faixa de alterações de rocha formada pelo solo residual logo acima do granito, na superfície. Sendo assim, considerou-se uma tensão de cálculo admissível igual a um terço do valor exibido na tabela, isto é, 1000 kN/m². Sob a consideração dos parâmetros das excentricidades resultantes da tensão no solo (qs) e da solicitação vertical de cálculo (Fv), calculou-se o momento das resultantes destas forças (M) em relação à linha vertical no extremo direito do conjunto, tendo sido efetuado também um equilíbrio vertical de forças. Na situação de equilíbrio, pode-se assumir que a resultante da cargas distribuídas no solo se localiza no terço central da base da sapata, conforme a ilustra a representação abaixo (dimensões em metros). FIG.4.28 - Solicitações na Base do Painel Na situação limite de equilíbrio, a carga solicitada é a máxima possível e o sistema requer uma largura mínima necessária correspondente de base (B). Assim: 137 Fv qs 2 B qs B 2Fv qs B Fv (EQ.4.51) Fv .0,150= qsB 2 B 3 qs B 0 Fv (EQ.4.52) Carga vertical máxima mobilizável pelas forças verticais calculadas (qs) = 560,61 kN/m: qs Fv 12 N m (EQ.4.53) Base máxima necessária dadas as forças verticais calculadas (B) = 0,45m: (EQ.4.54) Verifique que pelo fato da base ter sido dimensionada com comprimento igual a 90cm, esta dimensão está a favor da segurança. Por outro lado, como 560,61 kN/m < 1000,00 kN/m, então o solo possui capacidade de carga necessária para conseguir equilibrar a cortina. Logo, não se aconselharia a execução de estacas, tanto pelo resultado acima, quanto pelo fato de haver rocha nas proximidades da aresta inferior do painel, o que encareceria demais o projeto. 4.5.6. GEOMETRIA FINAL DE PROJETO Especificou-se a seguir a configuração espacial do projeto, com destaque especial para o cálculo das dimensões dos tirantes e a visão superior da construção,indicadora da distribuição dos painéis ao longo do terreno. O esquema apresentado na figura FIG.4.29 ilustra a técnica empregada para obtenção dos comprimentos dos tirantes, de acordo com suas divisões em trechos 138 cujas colorações indicam motivações distintas para fins de atendimento de características do dimensionamento adotado ou de recomendações usuais de projeto. FIG.4.29 - Esquema dos Tirantes Inicialmente, tendo sido obtido um ângulo de ancoragem igual a 35,3°, seria intuitivo colocar os bulbos logo após a linha amarela correspondente a θac na seção transversal da região de assentamento do painel. Ou seja, considerar os trechos não ancorados como sendo apenas aqueles referenciados nas linhas em rosa. Contudo, a NBR 5629 preconiza que a posição do começo do bulbo esteja a uma distância de no mínimo 3 metros da superfície do começo da perfuração. O comprimento em rosa do trecho superior tem 3,28m, mas o trecho de cor equivalente no tirante inferior tem apenas 1,09m. Logo, tal recomendação não foi inicialmente satisfeita, devendo-se preferencialmente considerar um trecho de continuação da região não ancorada deste tirante, cujo comprimento seja igual a 1,91m. Ou seja, totalizando-se 3m. Tendo-se à disposição uma camada de rocha imediatamente abaixo de uma camada de baixa espessura, considerada areia argilosa por hipótese, é intuitivo 139 inserir o bulbo na região rochosa, no intuito de se obter maior resistência de ancoragem. Sendo assim, prolongou-se a linha do trecho não ancorado do tirante superior ao longo do trecho de cor laranja, a fim de que se atingisse ao menos interface entre as superfícies. Tal procedimento não precisou ser efetuado para o tirante inferior, pois seus trechos de cores rosa e azul, juntos, já haviam atingido a superfície limítrofe entre os dois materiais. Outra recomendação corrente é posicionar o bulbo de modo que ele diste da superfície crítica ao menos 0,15 vezes a altura da contenção, distância esta igual a 0,6m, dada a altura de 4m da cortina. Veja que os trechos laranja de 2,06m e azul de 1,90 aplicados aos tirantes superior e inferior, respectivamente, já atendem naturalmente a esta recomendação. Contudo, a verificação dos traçados dos trechos não ancorados, de acordo com a NBR 5629 (ABNT 2006) indica que o recobrimento de terra, em geral, deve ser de no mínimo 5 metros sobre o centro do trecho de ancoragem. Para a implementação deste procedimento no projeto, verificou-se que caso o bulbo fosse inserido imediatamente após as linhas laranja e azul nos tirantes respectivos superior e inferior, apenas no segundo caso ele teria seu centro distando mais de 5m da superfície, sob uma faixa de altura de valor igual a 5,52m. Portanto, a linha do tirante superior precisou ser aumentada outra vez, com o desenho do trecho linear vermelho para que o bulbo pudesse ser inserido logo após o mesmo. Verifique no desenho que dada a configuração "roxo + laranja + vermelho" no trecho não ancorado, a inserção de um bulbo de 6,20m faz exatamente com que seu centro diste 5m do topo da faixa de solo. Afinal, a linha vermelha foi feita para garantir isto. Chegou-se assim na configuração final da geometria de projeto da seção transversal, sendo seus trechos compostos por linhas de colorações distintas discriminadas a seguir: Tirante superior: região não ancorada (roxo + laranja + vermelho) + bulbo Tirante inferior: região não ancorada (roxo + azul) + bulbo 140 TAB.4.8 - Especificação de Cores e Comprimentos Comprimentos dos tirantes Cor Tirante Superior Tirante Inferior Roxo 3,28 1,09 Laranja 2,07 0,00 Azul 0,00 1,91 Vermelho 0,67 0,00 Bulbo 6,20 6,20 Total 12,22 9,20 Anteriormente, foi comentado que o projeto seria constituído de cinco painéis com dimensões previamente detalhadas no início desta seção. Tendo sido todos os seus parâmetros aprovados em função das restrições de projeto e dimensionamento verificadas ao longo deste relatório, adotou-se de fato as configurações previstas. Verificou-se a vista superior dos fundos dos edifícios da rua Barata Ribeiro, exibida no arquivo fornecido pela CRO/1 e contendo os detalhes dos entornos do local de assentamento dos painéis da cortina. Na figura FIG.4.30, destacam-se a tela de alta resistência a ser executada na base do talude e os mecanismos de drenagem nos entornos da estrutura em azul, representante da cortina inicialmente prevista pelo projetista da Comissão. FIG.4.30 - Vista Superior do Talude 141 A estrutura originalmente planejada foi redesenhada para conter os paineis previstos no relatório. Primeiro, foi feito um reconhecimento da vista superior dos paineis tipo da cortinanas figuras FIG.4.31 e FIG.4.32. FIG.4.31 - Vistas Lateral (esq.) e Superior (dir.) dos Painéis Centrais FIG.4.32 - Vistas Lateral (esq.) e Superior (dir.) dos Painéis Extremos 142 Os desenhos das figuras FIG.4.31 e FIG.4.32 foram então dispostos pela região, de modo a se propor uma nova conformação para os painéis dimensionados. Verifique que as linhas de painéis das FIG.4.33 e FIG.4.30 são distintas. . FIG.4.33 - Vista Superior Proposta do Talude 4.5.7. DRENAGEM Os desenhos geométricos originais dos painéis foram todos refeitos, dando origem à figura FIG.4.33 abaixo. Verifique que os trechos de valetas superiores agregados aos painéis se mostraram praticamente coincidentes com a valeta originalmente planejada pela Comissão. Afinal, a dimensão de 40 cm de espessura do trecho livre de escoamento da água foi estrategicamente arbitrada em função da largura da valeta do desenho anterior. Assim, seria possível interligar todos os subtrechos de valeta superior dos painéis propostos nesta pesquisa, a fim de criar uma estrutura única de escoamento na parte superior adjacente da cortina. Destaca-se ainda a necessidade de "encurvamento" adequado das regiões extremantes da valeta, a fim de facilitar o escoamento da água na interface das mesmas com os trechos em descida via escadaria. Um eventual refinamento deste desenho poderia justificar através de cálculos de drenagem como proceder em 143 termos de melhoria nas condições de dissipação da energia de escoamento da água nestes trechos de mudança de inclinação horizontal e declividade. Neste sistema, a valeta de pé conduziria o escoamento para longe da cortina, afastando a água da estrutura e encaminhando-a para o sistema de águas pluviais da região. No projeto, obedeceu-se as recomendações do manual da GEORIO (2014) para a contenção executada em concreto armado, na qual se diz que os furos de drenagem (barbacãs) devem ser feitos na face do muro. Além disso, os furos devem apresentar diâmetros de 7,5cm e estar espaçados de 1,5m na horizontal e 1,0m na vertical, estando a linha inferior com aproximados 30cm acima da base do muro. Nas figuras FIG.4.34 e FIG.4.35 abaixo, mostram-se os espaçamentos baseados nos distanciamentos descritos, de tal forma a se evitar tanto eventuais coincidências dos furos com as regiões de cabeças de tirantes, quanto interceptações das geratrizes inferiores dos furos de baixo, próximos da superfície de escoamento da valeta. Neste caso, adotou-se distanciamento vertical de 10 cm entre as duas superfícies: geratrizes inferiores e superfície de escoamento. FIG.4.34 - Barbacãs no Painel Central 144 FIG.4.35 - Barbacãs no Painel Lateral Esquerdo A análise para o painel lateral direito é análoga ao ilustrado no painel esquerdo. Logo seu desenho não foi necessário, sendo apenas uma estrutura simétrica em relação ao seu eixo central vertical. No projeto, colocou-se os furos apenas na vista frontal das cortinas, pois o dimensionamento não costuma ser simples devido à heterogeneidade do solo. Por exemplo, em solos heterogêneos com rochas, os drenos devem ser projetadosde modo a interceptarem a maior quantidade de veios permeáveis possíveis, demonstrando-se assim a importância de verificar as características hidrogeológicas do maciço. Tendo em vista a limitação de informações a respeito do talude, as especificações de drenagem foram apenas até esta etapa de especificação dos painéis, tendo a análise global dos caminhos de percurso dos escoamentos ao redor da cortina atirantada já tendo sido efetuada neste relatório. Por fim, verificações posteriores seriam úteis para avaliação dos painéis extremos com vistas frontais de seções reduzidas (esquerda e direita). Uma vez que 145 os mesmos não foram o foco da análise, seus processos de dimensionamento não foram detalhados neste relatório. Contudo, já é necessário frisar que como as geometrias dos mesmos são diferentes das seções dimensionadas, não basta apenas reproduzir as mesmas soluções para estes painéis extremantes. Por outro lado, comparativamente à solução já implementada pela CRO/1, evidencia-se que a aplicação da canaleta longitudinal pode ser verificada no estudo de caso. FIG.4.36 - Canaleta com Degrau no Estudo de Caso Em uma região urbana, o processo de infiltração não será apenas devido as chuvas, pode ocorrer a ruptura/vazamento de encanamentos/tubulações e consequentemente acarretar infiltrações como supostamente ocorreu na região da Rua Barata Ribeiro, 90, Copacabana, RJ. Portanto, ao realizar um projeto, deve-se levar em consideração a existência desses dispositivos hidráulicos. O presente trabalho não aprofunda no estudo de trincheiras drenantes. O principal alvo serão os drenos horizontais profundos, pois foram aplicados ao estudo de caso como se pode verificar na figura FIG.4.37 abaixo. 146 FIG.4.37 - Emprego de Drenos 4.6. ANÁLISE GLOBAL DO TALUDE Analisar taludes é um processo complexo e de grande responsabilidade, uma vez que se trata de um procedimento envolvendo grandes massas, as quais podem gerar muitas vítimas. Corroborando com tal afirmativa, costuma-se ser necessário vários ensaios para caracterizar os solos de maneira apropriada e a sua heterogeneidade dificulta obtenção de modelos apropriados. Deve-se ressaltar que uma série de fatores podem deflagrar o rompimento de taludes, sendo os principais: alteração da geometria do talude, variação do nível freático, agentes erosivos deteriorando as características do solo, ocupação urbana e sismos. Tais fatores podem conduzir a casos de instabilidade e, consequentemente, deslizamentos devido ao aumento das solicitações e diminuição da resistência do solo. Ao implementar um projeto, o fator de segurança deve ser 1,5 para ser classificado como estável. Sendo a análise dos fatores de segurança feitas por métodos de equilíbrio limite ou por métodos de elementos finitos. A partir do conceito do equilíbrio limite, desenvolveram-se diversos métodos de analises, dentre os quais citam-se: Fellenius, Bishop simplificado. Jambu simplificado, Spencer, Morgenstein- Price e Jambu Simplificado. 147 Segundo Krahn (2003), a diferença em tais métodos baseia-se nas equações estáticas satisfeitas, nas forças entre fatias consideradas para o cálculo (normais e de corte), e na distribuição das forças de interação. Abaixo, mostra-se as forças existentes em uma fatia e as obedecidas pelos métodos: FIG.4.38 - Forças normais e de corte em uma fatia (FERRÁS, 2012) TAB.4.9 - Características dos métodos (Adaptado de FERRÁS, 2012) A classificação de rigoroso é dada para os métodos que obedecem todas as equações da estática. Portanto, dos métodos acima, apenas Morgenstern-Price e Janbu Rigoroso podem ter essa classificação. Inicialmente, analisou-se a estabilidade local dos tirantes através da utilização do método brasileiro. Agora, analisa-se a global através do Janbu Simplificado e o Rigoroso, tais métodos foram selecionados por se adequarem a uma superfície qualquer e possibilitarem a comparação entre os fatores de segurança obtido por um método não rigoroso e um rigoroso. 148 O software Slide da RocScience foi utilizado para determinar o fator de segurança pelos métodos mencionados anteriormente. A partir dos desenhos feitos no AutoCAD, obteve-se as coordenadas de todos os pontos e aplicou-se ao Slide. FIG.4.39 - Perfil do talude no SLIDE Para o solo coluvionar indicado em amarelo, adotaram-se as seguintes características: Peso específico natural (γnat) = 18,5 kN/m³; Peso específico saturado (γsat) = 19 kN/m³; Coesão (c) = 5 kN/m²; e Ângulo de atrito ( ) = 30°. A rocha foi indicada em marrom e adotou-se as seguintes características: Peso específico natural (γnat) = 26 kN/m³; Coesão (c) = 340 kN/m²; e Ângulo de atrito ( ) = 0°. A sobrecarga de 10KN/m2 foi inserida para simular os efeitos de lixos ou outros resíduos que possam ser acumulados no decorrem do tempo. Enquanto que as cargas de 15KN/m2 representam as edificações acima do talude. A partir da figura FIG.4.39, determinou-se a malha automaticamente através do programa com uma malha de 200x200 e obteve-se o fator de segurança para o rompimento circular. 149 FIG.4.40 - Pefil sem Tirante com Grid Automático para Janbu Simplificado FIG.4.41 - Perfil sem Tirante com Grid Automático para Janbu Rigoroso Como o esperado o FS de segurança apresentado foi abaixo de 1 e, portanto, o talude já estaria rompido caso fosse executado um aterro vertical sem cortina. Porém, tal situação era esperada, devido à existência de um trecho vertical no talude 150 na região onde entrarão os tirantes. O solo não apresenta coesão e ângulo de atrito para sustentar um trecho a 90°. Verificou-se que o fator de segurança ficava menor conforme descia o desenho do grid. Portanto, mostrou-se a necessidade de verificar através de grids manuais o resultado obtido através do grid automático. Com a implementação de um tirante de 390KN, verificou-se, inicialmente, o fator de segurança para uma ruptura circular. FIG.4.42 - Grid Automático com Ruptura Circular e Janbu Simplificado FIG.4.43 - Grid automático com ruptura circular e Janbu Corrigido Além do grid gerado automaticamente, também se verificou o comportamento para o grid manual. Porém, tal procedimento foi feito apenas para o Janbu Simplificado, pois o comportamento do FS no Janbu Corrigido já ficou claro através do grid automático. 151 FIG.4.44 - Grid manual e Janbu Simplificado Constatou-se que não ocorreu variação no FS encontrado anteriormente. Porém, deve-se analisar a possibilidade de uma superfície não circular, além disso, é importante analisar a possível ruptura na interface entre o solo coluvionar e a rocha. Na etapa anterior, verifica-se a ruptura com uma superfície circular, porém, torna-se necessário averiguar a ruptura na interface entre solo coluvionar e rocha. Tal possibilidade existe devido aos escorregamentos por translação ocorrerem, geralmente, em situações em que existe pouca profundidade e um paralelismo a um estrato mais resistente. A superfície de deslizamento desenvolvida terá a forma plana ou poligonal. Baseado nisso, redefiniu-se a ruptura para a interface do solo e rocha como pode-se observar na figura FIG.4.49 152 FIG.4.45 - Ruptura entre o solo e rocha com Janbu Simplificado FIG.4.46 - Ruptura entre o solo e rocha com Janbu Corrigido Verifica-se que a ruptura entre o solo e rocha fornece um FS maior. Entretanto, ainda resta verificar a possibilidade da ruptura não circular no solo coluvionar. Tal resultado pode-se ser gerado através da otimização com o limite definido acima. 153 FIG.4.47 - Ruptura entre o solo e rocha com Janbu Simplificado Otimizado FIG.4.48 - Ruptura entre o solo e rocha com Janbu Corrigido Otimizado Portanto, gerou-se FS menores que a superfície de rupturacircular e em locais bem próximos. Além disso, com os resultados obtidos, pode-se falar que o Janbu Simplificado apresentou valores mais conservadores quando comparado ao corrigido. 154 5. CONCLUSÕES Este trabalho teve a função de atuar como um guia de dimensionamento e execução de cortinas atirantadas, a fim de preparar o leitor para o entendimento do desenvolvimento de um projeto de aplicação real desta estrutura de contenção. Algumas dificuldades surgiram ao longo de seu desenvolvimento, a partir do momento em que a parte teórica havia sido concluída e sua aplicação prática havia se iniciado. Sobre a frase anterior, entende-se que a obtenção dos dados do local da obra foi difícil de ser conseguida, tendo em vista a demora para que os devidos documentos descritivos do local pudessem ser encontrados, e também ao fato de alguns ensaios que normalmente são importantes, como sondagens à percussão executadas no terreno, não terem sido fornecidos. Ainda assim, com base tanto em uma análise profunda de todos os parâmetros disponibilizados e relacionados ao local, quanto no bom senso para suposições de propriedades desconhecidas, buscou-se executar um projeto completo e com todos os detalhamentos relevantes possíveis. Afinal, sabe-se que o presente projeto não vai ser de fato executado. Contudo, este trabalho teve apenas fins didáticos, para propiciar o entendimento do processo e da complexidade deste tipo de projeto. O ponto de partida para o dimensionamento do painel teve por base uma planilha Excel desenvolvida pelos autores, a fim de facilitar a automatização das informações pela técnica de referenciação de dados, conforme se alteravam parâmetros como diâmetros de bitolas, tipos de tirantes adotados, ângulos do projeto geométrico ou parâmetros do solo. Sabe-se que pelo fato do projeto ser todo integrado, uma modificação qualquer poderia influenciar no cálculo de muitas outras propriedades, de tal forma que um erro de dimensionamento, ao ser revisto e corrigido, levaria ao dispêndio de um tempo elevado para a compatibilização dos cálculos subsequentes de projeto. Portanto, uma sugestão para trabalhos futuros em projetos de fim de curso sobre o tema de cortinas atirantadas seria o aperfeiçoamento da planilha de cálculo. De fato, ter à disposição uma planilha automatizada, que calcule todo o possível em 155 um projeto desta categoria e seja elaborada sem que o operador tenha dúvidas a respeito de eventuais erros de formatação, facilitaria o trabalho e encurtaria em grande parte o tempo despendido para o desenvolvimento do projeto. Entretanto, deve-se ressaltar que o uso de tal tabela não isentaria os possíveis operadores da responsabilidade ao executá-la. Outra sugestão desafiadora seria um estudo mais aprofundado a respeito da implementação de planilhas de custos descritivas dos diversos materiais, ressaltando a importância da parte orçamentária, e procedimentos a serem efetuados na implementação de uma cortina atirantada. Afinal, não basta apenas dimensionar um conjunto de painéis e tirantes, ou mesmo avaliar parâmetros de resistência de solo, caso não haja um estudo de viabilidade econômica de execução do que foi previsto com uma referenciação detalhada de custos para cada item previsto em projeto. Através deste, pode-se inclusive avaliar diversas solicitações adotadas por projetistas com base em seus custos previstos, comparando-as com eventuais propostas de empenho de gastos de uma empresa qualquer com orçamento limitado. No mais, a cortina empregada tinha dimensões individuais relativamente pequenas, tendo em vista sua execução conforme painéis mais simples capazes de representarem como um todo tal tipo de contenção adotada na obra. Sendo assim, no dimensionamento associado, lidou-se em geral com solicitações mais simples e armaduras não tão robustas - comparadas com as soluções normalmente adotadas em cortinas de elevadas dimensões. Destaca-se neste trabalho a verificação da estabilidade local dos taludes executada através do método brasileiro, além da análise da estabilidade global com o uso do software Slide da RocScience. Calcularam-se os fatores de segurança através dos métodos de Janbu Simplificado e Corrigido para superfícies de ruptura circular e não circular para o talude antes da instalação dos tirantes e após a construção da contenção. Assim, obteve-se o menor fator de segurança para uma ruptura não circular e em todas os casos propostos, o Janbu Simplificado se mostrou mais conservador que o Janbu Corrigido. 156 Relativamente ao dimensionamento estrutural, uma alternativa interessante e capaz de fornecer maior precisão frente aos cálculos dos painéis como lajes cogumelos seria um estudo mais aprofundado de diversos softwares de cálculo. Por exemplo, o software CYPECAD atua em cálculos e projetos estruturais em concreto armado, pré-moldado, protendido e misto de concreto-aço. O software de engenharia estrutural SAFE, por sua vez, também faz avaliações parecidas. 157 6. 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JUNTAS DE CONCRETAGEM (Adaptado do Manual da GeoRio, 2014) 165 ANEXO 04: VISTA FRONTAL/ SEÇÃO AA (PAINÉIS CENTRAIS) (Adaptado do Manual da GeoRio, 2014) 166 ANEXO 05: VISTA FRONTAL/ SEÇÃO AA (PAINÉIS LATERAIS) (Adaptado do Manual da GeoRio, 2014) 167 ANEXO 06. ARMADURA DE PUNÇÃO (Adaptado do Manual da GeoRio, 2014)