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CITOPATOLOGIA E 
URINÁLISE
PROF.A DRA. MARIANA APARECIDA LOPES ORTIZ
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-reitor: 
Prof. Me. Ney Stival
Gestão Educacional:
Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Gabriela de Castro Pereira
Letícia Toniete Izeppe Bisconcim 
Luana Ramos Rocha
Produção Audiovisual:
Heber Acuña Berger 
Leonardo Mateus Gusmão Lopes
Márcio Alexandre Júnior Lara
Pedro Paulo Liasch
Gestão de Produção: 
Kamila Ayumi Costa Yoshimura
Fotos: 
Shutterstock
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de 
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios 
não vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande 
responsabilidade sobre as escolhas que 
fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida 
acadêmica e profissional, refletindo diretamente 
em nossa vida pessoal e em nossas relações 
com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade 
é exigente e busca por tecnologia, informação 
e conhecimento advindos de profissionais que 
possuam novas habilidades para liderança e 
sobrevivência no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a 
Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, 
capaz de formar cidadãos integrantes de uma 
sociedade justa, preparados para o mercado de 
trabalho, como planejadores e líderes atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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U N I D A D E
01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................................................5
1 - ANATOMIA, HISTOLOGIA E CITOLOGIA DO TRATO GENITAL FEMININO .......................................................6
1.1. ANATOMIA ............................................................................................................................................................6
1.2. HISTOLOGIA ........................................................................................................................................................6
1.3. CITOLOGIA NORMAL ...........................................................................................................................................8
1.3.1.CÉLULAS DO EPITÉLIO ESCAMOSO ................................................................................................................8
1.3.2. CÉLULAS ENDOCERVICAIS ............................................................................................................................ 10
1.3.3. CÉLULAS ENDOMETRIAIS .............................................................................................................................. 11
2 - TÉCNICAS DE COLETA, FIXAÇÃO, COLORAÇÃO E RASTREAMENTO ............................................................ 12
2.1. COLETA ................................................................................................................................................................ 12
CITOLOGIA CÉRVICO-VAGINAL NORMAL
E CITOLOGIA HORMONAL
PROF.A DRA. MARIANA APARECIDA LOPES ORTIZ
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
CITOPATOLOGIA 
E URINÁLISE
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3 - CITOLOGIA HORMONAL ..................................................................................................................................... 15
3.1. PADRÕES CITOLÓGICOS ................................................................................................................................... 15
3.2. ÍNDICES CITOLÓGICOS ..................................................................................................................................... 18
3.3 . PADRÕES CITOLÓGICOS NAS DIFERENTES FASES DA VIDA ...................................................................... 19
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................. 20
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INTRODUÇÃO
Durante as quatro unidades, abordaremos o diagnóstico citológico cérvico-vaginal, o 
diagnóstico do líquido seminal e do líquido cefalorraquidiano e finalizaremos com a avaliação 
da urina. 
Para iniciar a primeira unidade, é preciso saber a definição de citologia: trata-se da 
comparação de imagens observadas ao microscópio com a imagem normal, ou a discordância, 
em casos patológicos. Quando se fala em citologia, é preciso citar George Papanicolaou (1883-
1962) – que é considerado o pai da citologia preventiva e diagnóstica –, pois ele foi o primeiro 
que utilizou a comparação de imagens normais com as amostras de pacientes, para chegar 
diagnósticos. 
Dessa forma, a citopatologia cérvico-vaginal é baseada no acompanhamento da evolução 
e da atividade gonadal e placentária, na detecção precoce de alterações inflamatórias e pré-câncer, 
além de acompanhar casos de câncer já tratados. 
Iniciaremos a unidade I conhecendo um pouco sobre a citologia cérvico-vaginal normal, 
a atividade e influência hormonal nessa região, e sobre as principais alterações benignas que 
acontecem nessa região e são identificadas através da citologia.
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1 - ANATOMIA, HISTOLOGIA E CITOLOGIA DO TRATO 
GENITAL FEMININO
1.1. Anatomia 
Para a realização do exame de Papanicolaou, também conhecido popularmente como 
exame preventivo, é necessário que se conheça o local adequado para a coleta do material que 
será avaliado, assim como os elementos normais presentes nos raspados. 
O trato genital feminino, objeto de estudo dessa unidade, é constituído pela vulva 
(localizada externamente), pela vagina pelo útero, pelas tubas uterinas e pelos ovários – localizados 
no interior da cavidade pélvica (Figura 1). 
Figura 1 - Trato genital feminino. Fonte: Mundo Educação (2019).
O útero é um órgão muscular que se divide em duas partes, o colo e o corpo. O colo 
é a porção inferior, que pode ser subdivida em ectocérvice – porção projetada para o canal 
vaginal e que apresenta o orifício cervical – e a endocérvice – canal interno do colo. Já a região 
correspondente ao corpo do útero é a região que fica acima do colo do útero e se estende até a 
região de entrada das tubas uterinas. 
A vagina apresenta uma estrutura tubular, que se inicia no vestíbulo vulvar e se comunica 
com a parte externa do colo do útero. Tem aproximadamente 8 cm de comprimento. 
Já a vulva é a porção externa do trato genital, e se estende deste o monte pubiano até a 
região do períneo, compreendendo os pequenos e grandes lábios, clitóris, prepúcio, vestíbulo, 
meato uretral, glândulas parauretrais o hímen e o introito vaginal. 
1.2. Histologia 
Como já exposto anteriormente, o colo do útero pode ser dividido em duas porções, a 
ectocérvice (externa) e a endocérvice (interna). Essas duas regiões possuem diferentes tecidos. 
A ectocérvice é revestida pelo epitélio pavimentoso escamoso estratificado não 
queratinizado, o qual também é encontrado na vagina. Esse epitélio é constituído por várias 
camadas de células, que incluem células basais, parabasais, intermediárias e superficiais (Figura 
2) (particularidades dessas células serão abordadas adiante). 
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A camada basal é constituída por uma única camada de células pequenas, já a camada parabasal 
pode apresentar diversas camadas de células,as quais quando se diferenciam e maturam formam 
a camada de células intermediárias, cuja espessura e quantidade irá variar com os estímulos 
hormonais. E por último encontram-se a camada superficial, que é a região mais diferenciada e 
madura do epitélio. 
Figura 2 - Epitélio escamoso estratificado não queratinizado. Representação esquemática do epitélio e das células 
que o constituem. Fonte: Consolaro e Maria-Engler (2012).
Já a endocérvice é constituída de um epitélio simples, que é o epitélio endocervival – 
constituído de uma única camada de células colunares, que são produtoras de muco e revestem 
as estruturas glandulares. Essas estruturas glandulares são na verdade invaginações do tortuosas 
do próprio epitélio, e não glândulas verdadeiras. 
A junção escamocolunar (JEC) é a região onde o epitélio ectocervical se encontra com o 
epitélio endocervical. A sua localização exata varia, dependendo de fatores como idade, estímulo 
hormonal, gestação e ação outros agentes. Inicialmente, ela se encontra na região do orifício 
do colo do útero, porém, com a puberdade e a mudança de tamanho do colo uterino, ocorre 
uma eversão do epitélio endocervical, o que origina um epitélio ectópico, ou seja, o epitélio 
endocervical passa a ocupar o espaço ectocervical.
Esse epitélio não apresenta a mesma resistência ao meio ácido vaginal, o que dá origem a 
um processo conhecido como metaplasia escamosa, ou seja, a substituição do epitélio endocervical 
ectópico por um epitélio escamoso metaplásico mais resistente. Essa região compreendida pelas 
células metaplásicas é conhecida como zona de transformação e apresenta uma importância 
muito grande no exame citológico, uma vez que é nela que se iniciam a maior parte das lesões 
precursoras de câncer de colo uterino. 
Com o passar dos anos, e especialmente após a menopausa, o colo uterino diminui de 
tamanho o que faz com que a JEC mude de lugar, passando agora para dentro do canal endocervical 
(Figura 3). 
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Figura 3 - Desenho esquemático da localização da zona de transformação em diferentes faixas de idade. A – Na 
ectocérvice, durante a puberdade; B – Na região do orifício externo, durante a menacma; C – No canal endocervi-
cal, após a menopausa. Fonte: Koss & Gompel (2006).
Já a parede vaginal é constituída por três camadas, sendo uma mucosa – de epitélio 
pavimentoso estratificado (já descrito nos parágrafos anteriores) –, uma camada muscular 
intermediária – de músculo lisa –, e uma camada adventícia externa –, de tecido conjuntivo 
denso. O epitélio vaginal responde às mudanças hormonais correspondentes ao ciclo menstrual, 
dessa forma, o esfregaço vaginal pode ser utilizado para avaliar a ação e os níveis hormonais 
durante o ciclo menstrual. 
1.3. Citologia normal
O princípio básico da citologia é identificar alterações na morfologia celular, que incluem 
citoplasma e núcleo, quando essas células são coradas pelo método de Papanicolaou. Dessa 
forma, antes de identificar as possíveis alterações nas células é imprescindível que se conheça a 
morfologia e as características estruturais de uma célula normal. 
1.3.1. Células do epitélio escamoso 
Como citado anteriormente, o epitélio escamoso é constituído de células basais, parabasais, 
intermediárias e superficiais, sendo que a maturação está relacionada às alterações morfológicas 
dessas células.
A camada mais profunda desse epitélio corresponde às células basais, que caracterizam-
se por serem basófilas (coram-se em tons de azul na coloração de Papanicolaou), pequenas, 
redondas e com núcleo volumoso e central. São células que dificilmente sofrem descamação 
(com exceção em situações em que acontece uma diminuição brusca da atividade hormonal) e 
sofrem mitose, garantindo, assim, a renovação do epitélio. 
As células parabasais são maiores que as basais e apresentam citoplasma um pouco mais 
abundante. Também apresentam as bordas delimitadas e citoplasma basófilo, porém também 
podem apresentar-se azul-esverdeadas, cinzas e mais raramente laranjas. Essas células são 
verificas normalmente em esfregaços atróficos, ou seja, quando o epitélio apresenta pouca ou 
nenhuma maturação, especialmente na infância e pós menopausa (Figura 4). 
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Figura 4 - Células parabasais. Fonte: Bittencurt (2019).
As células intermediárias apresentam formato poligonal e apresentam citoplasma 
abundante e normalmente cianofílico. Apresentam núcleo redondo ou ovalado, cromatina 
finamente granulada. O citoplasma é rico em glicogênio, o qual é metabolizado pelos lactobacilos 
presentes na microbiota vagina normal, levando à produção de ácido láctico e consequente 
acidificação do pH vaginal (Figura 5). 
Figura 5 - Células intermediárias. Fonte: Atlas de Citologia Clínica (2019).
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As células superficiais são as células mais diferenciadas e maduras do epitélio escamoso. 
Essas células apresentam citoplasma abundante, poligonal, de aspecto delicado e coloração 
geralmente eosinofílica (coloração rosa de acordo com a coloração de Papanicolaou). O núcleo 
apresenta-se denso, pequeno e picnótico (Figura 6). 
Figura 6 - Células superficiais. Fonte: Pathologika (2019).
1.3.2. Células endocervicais
As células endocervicais são células que apresentam citoplasma denso e cianofílico, 
núcleo elíptico ou esférico. Ela pode ser vista no esfregaço em duas disposições, em “favo de mel” 
(Figura 7), quando são vistas de cima, ou em “paliçada” (Figura 8), quando vistas de lado. 
Figura 7 - Células endocervicais em favo de mel. Fonte: Atlas de citopatologia (2019).
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Figura 8 - Células endocervicais do tipo paliçada. Fonte: Atlas digital IARC (2019).
1.3.3. Células endometriais
As células endometriais descamam durante a menstruação, e coletas de amostras nesse 
período (ou próximo a ele) possibilitam a visualização dessas células nos esfregaços, podendo 
aparecer, então, até o décimo segundo dia do ciclo. Como será visto adiante nessa unidade, a coleta 
nesse período não é a mais indicada, dessa forma, essas células normalmente não aparecem no 
esfregaço cérvico-vaginal. A visualização dessas células após esse período é considerada anormal 
e merece atenção maior quando aparecem em esfregaços de mulheres na pós-menopausa. 
As células endometriais são pequenas e descamam em grupamentos densos, apresentam 
pouca definição e são menores que as células endocervicais. O núcleo é arredondado ou oval, 
pequeno, excêntrico e hipercromático (Figura 9). 
Figura 9 - Células endometriais. Fonte: Pathologika (2019).
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2 - TÉCNICAS DE COLETA, FIXAÇÃO, COLORAÇÃO E 
RASTREAMENTO 
Para que o exame citológico consiga cumprir seus objetivos com sucesso, é necessário que 
todas as etapas envolvidas no exame sejam realizadas da forma mais correta possível. Diversas 
etapas estão envolvidas nesse processo, que começa com o preparo e orientações para a paciente, 
a coleta do material, a confecção e fixação do esfregaço, transporte o material, identificação, 
processamento, avaliação microscópica, conclusão e confecção do laudo. O controle de qualidade 
interno e externo é de fundamental importância nas etapas que envolvem o diagnóstico, para o 
que o resultado seja o mais representativo da realidade possível. 
2.1. Coleta 
Antes da realização da coleta do material para avaliação citológica, a paciente deve 
receber algumas orientações que incluem: evitar relações sexuais e duchas vaginais 24 horas antes 
da coleta, evitar o uso de cremes ou pomadas vaginais nas 48 horas que antecedem à coleta, e 
durante a idade reprodutiva, a coleta deve serrealizada preferencialmente no meio do ciclo. 
Como o objetivo principal do exame citológico é a detecção de processos inflamatórios e/
ou lesões pré-câncer, o esfregaço ideal deve apresentar células do epitélio escamoso da ectocérvice, 
células do epitélio glandular da endocérvice e deve incluir células da zona de transformação. 
Caso seja realizada a avaliação hormonal, a coleta também deve ser realizada na parede lateral 
da vagina. A coleta pode ser do tipo esfoliativa, em que são coletadas células que descamam 
espontaneamente, porém, o método mais utilizado é a citologia abrasiva, em que há a remoção de 
células da ectocérvice, endocérvice na vagina, que é realizada com o auxílio de espátula de Ayre 
e escova endocervical. 
Para a coleta ectocervical posiciona-se o braço mais alongado da espátula de Ayre no 
orifício externo do colo e realiza-se uma rotação de 360o. Para a coleta endocervical, a escova 
deve ser introduzida no orifício endocervical e o material é colhido girando-a 360o (Figura 10). O 
material coletado deve ser colocado imediatamente em uma lâmina, onde normalmente utiliza-
se sentidos diferentes para os diferentes materiais, como pode ser visualizado na Figura 11. 
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Figura 10 - Esquema representativo da coleta cérvico-vaginal. A – posicionamento do braço alongado da espátula 
de Ayre no orifício externo do colo e rotação. B – Introdução de escova no canal endocervical e rotação. C – raspa-
gem do fundo de saco com espátula. D – Raspagem do terço superior da vagina com a extremidade arredondada 
da espátula de Ayre. Fonte: Consolaro; Maria-Engler (2012).
Figura 11 - As amostras obtidas das regiões ectocervical e endocervical devem ser distribuídas em sentidos opos-
tos, conforme pode ser visualizado no esquema acima. Fonte: Consolaro e Maria-Engler (2012).
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Para compreender melhor como funciona a coleta do exame conhecido como 
Papanicolaou, o vídeo intitulado: Instruções práticas para a coleta de papanicolaou 
- hospital do câncer de Barretos, possui informações bastante claras e didáticas. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_1yS5lzNmSc>. Acesso em: 
06 fev. 2019.
As lâminas devem ser devidamente identificadas, e os esfregaços devem ser fixados 
imediatamente, afim de preservar a morfologia celular, as afinidades tintoriais, facilitar a 
permeabilidade dos corantes e evitar o ressecamento. Os fixadores mais utilizados são o álcool 
etílico e a solução alcoólica de polietilenoglicol. É muito importante que a fixação aconteça com 
o esfregaço ainda molhado, e em até 10 segundos. 
A coloração é realizada no laboratório, e tem por objetivo facilitar o reconhecimento 
dos componentes celulares. Podem ser usadas diferentes colorações, sendo a mais comum a de 
Papanicolaou. Essa coloração é composta por corantes de núcleo e corantes de citoplasma, além 
de soluções desidratantes e hidratantes. A utilização de todas essas substâncias tem por objetivo 
definir detalhes do núcleo, garantir transparência celular e diferenciar os vários elementos que 
podem estar presentes no esfregaço. 
É importante ressaltar que atualmente há uma alternativa para aumentar a sensibilidade 
do diagnóstico citológico, que é a citologia em base líquida. Essa técnica apresenta vantagens 
em relação à citologia convencional e vem sendo cada vez mais utilizada nos laboratórios, mas 
especialmente em exames particulares e de convênios. 
Diversos artigos científicos tratam das diferenças entre a citologia convencional 
e a citologia em base líquida. As principais diferenças entre essas duas 
técnicas podem ser encontradas no texto de Heise e Lima (2016): Citopatologia 
convencional e citologia em meio líquido: uma revisão integrativa. Revista Saúde 
e Desenvolvimento. Vol. 10, nº 5. 2016. Disponível em: <https://www.uninter.com/
revistasaude/index.php/saudeDesenvolvimento/article/view/627>. Acesso em: 
06 Fev. 2019. 
 
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3 - CITOLOGIA HORMONAL 
A citologia hormonal foi uma das primeiras aplicações diagnósticas da citologia clínica. 
Foram observadas modificações no epitélio vaginal, de acordo com as mudanças hormonais que 
acontecem no ciclo menstrual. Essas observações abriram portas para a evolução e consolidação 
do diagnóstico citológico de lesões inflamatórias e principalmente pré-câncer. 
Para a realização da avaliação citológica hormonal, é importante que a coleta seja realizada 
no terço superior da parede vaginal lateral, pois essa região é mais sensível aos hormônios. Deve-
se evitar regiões muito próximas à cérvice e o fundo de saco, uma vez que esse último pode 
conter células que descamaram do colo uterino espontaneamente. Fenômenos inflamatórios, 
tratamentos hormonais, irradiações ou cirurgias recentes tiram a validade da avaliação hormonal. 
Para entender a mudança dos padrões celulares, é importante relembrar um pouco dos 
hormônios envolvidos com o ciclo menstrual normal. O hormônio liberador de gonadotrofinas 
(GnRH), liberado pelo hipotálamo, estimula a hipófise anterior a secretar os hormônios folículo 
estimulante (FSH) e luteinizante (LH), os quais estimulam a produção dos dois hormônios 
ováricos, estrógeno e progesterona. Esses dois últimos hormônios são os responsáveis pelo 
desenvolvimento sexual feminino e pelas alterações do ciclo menstrual. 
O estrógeno é o hormônio responsável pela maturação das células do epitélio, ou seja, 
quanto maior a quantidade de estrógeno que estiver sendo liberada, maior quantidade de células 
maduras, como as superficiais. O estrógeno confere ainda maior resistência a traumas e infecções, 
proliferação da mucosa da endocérvice e endométrio e proliferação de células específicas do 
corpo. Já a progesterona atua preparando o útero para a gravidez e as mamas para a lactação. 
Com base na ação desses hormônios, o ciclo endometrial se divide grosseiramente em 
três fases: menstrual (1o ao 5o dia); estrogênica ou proliferativa (6o ao 14o dia) e progestacional 
ou secretora (15o ao 28o dia). 
O ciclo se inicia com a menstruação, sendo o primeiro dia do ciclo o primeiro dia da 
menstruação. Essa fase ocorre quando não houve fecundação e o corpo lúteo involui, fazendo 
com que a secreção de estrógeno e progesterona diminua, favorecendo assim a menstruação. 
Assim que o endométrio se reepiteliza, o sangramento para. 
A partir do sexto dia se inicia a fase estrogênica, o aumento da quantidade de estrógeno 
contribui para o restabelecimento do endométrio através da estimulação da proliferação das 
células endometriais. O pico de estrógeno acontece próximo ao 14 dia do ciclo, quando acontecerá 
então a ovulação. 
A partir do 16 dia, os índices de progesterona produzidos pelo corpo lúteo são maiores do 
que os de estrógeno. A função da progesterona é aumentar a capacidade secretora do endométrio 
para que este esteja preparado para receber o óvulo, caso tenha acontecido a fecundação. Se a 
fecundação não aconteceu, ocorre a involução do corpo lúteo e um novo ciclo se inicia. 
3.1. Padrões citológicos 
As alterações dos hormônios ováricos presentes durante o ciclo menstrual normal fazem 
com que ocorram diferenças nas células visualizadas nos esfregaços (Figura 12). Como visto 
anteriormente, o estrógeno está relacionado com a proliferação, diferenciação e maturação das 
células do epitélio, dessa forma, quanto maior a quantidade de estrógeno, maior a quantidade de 
células superficiais. Já a progesterona promove a proliferação do epitélio vaginal, mas impede a 
maturação, favorecendo assim o aparecimento de células intermediárias. 
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Figura 12 - Alterações durante o ciclo menstrual normal. Fonte: MSD Manuals (2019).
Com basenessas alterações, o epitélio vaginal pode apresentar quatro padrões distintos, 
como podemos visualizar abaixo: 
• Hipertrófico: Um epitélio do tipo hipertrófico é aquele onde o hormônio predominante 
é o estrógeno, ou seja, haverá no esfregaço apenas células escamosas do tipo superficial e 
intermediário, porém a maioria delas (mais de 50%) serão superficiais (Figura 13). 
Figura 13 - Epitélio hipertrófico. Fonte: Consolaro; Maria-Engler (2012).
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• Normotrófico: Esse padrão acontece quando o hormônio predominante é a progesterona, 
ou existe um equilíbrio entre progesterona e estrógeno. Dessa forma, no esfregaço ainda aparecem 
apenas células superficiais e intermediárias, porém existe um equilíbrio na quantidade dessas 
células ou as células intermediárias estão em predomínio (Figura 14).
Figura 14 - Padrão normotrófico. Fonte: Pathologika (2019).
• Hipotrófico: nesse padrão citológico, existe o predomínio de células do tipo 
intermediário, porém já podem ser visualizadas células parabasais. As células superficiais também 
podem estar presentes, porém como ele ocorre em situações em que há a diminuição dos níveis 
de estrógeno, a quantidade de células superficiais será proporcionalmente oposta à quantidade de 
células parabasais, ou seja, quanto mais células parabasais estiverem presentes, menos superficiais 
serão visualizadas (Figura 15). 
Figura 15 - Padrão hipotrófico. Fonte: Consolaro; Maria-Engler (2012).
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• Atrófico: nesse caso, há ausência ou diminuição muito acentuada de estrógeno e outros 
hormônios relacionados, ou seja, o nível de maturação das células do epitélio estará muito 
diminuído. Existe predomínio de células parabasais em relação às células intermediárias, sendo 
que as células superficiais tendem a desaparecer (Figura 16). 
Figura 16 - Padrão atrófico. Fonte: Consolaro; Maria-Engler (2012).
3.2. Índices citológicos
Alguns índices podem ser utilizados para auxiliar a avaliação hormonal. Esses índices 
expressam a quantidade de tipos específicos de células, o que pode ajudar na visualização de 
possíveis problemas hormonais, contribuindo, assim, para a escolha de tratamentos ou condutas 
médicas. 
• Índice de cariopicnose: é a porcentagem de células que apresentam núcleo picnótico no 
esfregaço. O valor máximo desse índice acontece durante o período de ovulação, podendo chegar 
a 85% das células. 
Levando em consideração os quatro padrões citológicos acima, quais deles estarão 
presentes nas fases do ciclo menstrual de uma mulher em idade fértil que não 
esteja grávida e que não faça uso de nenhum medicamento hormonal? Todos os 
padrões aparecem? O ciclo menstrual normal é uma alternância entre os padrões 
normotrófico e hipertrófico. Os padrões hipotrófico e atrófico não aparecem, uma 
vez que em uma mulher em idade fértil que não apresente nenhuma patologia a 
produção de estrógeno e progesterona é normal. 
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• Índice de eosinofilia: refere-se à porcentagem de células maduras que apresentam 
coloração eosinofílica. De modo geral, o maior índice de eosinofilia coincide com o maior índice 
de cariopicnose. 
• Índice de maturação: O índice de maturação é entre todos o índice mais utilizado e 
mais relevante. Ele avalia a porcentagem de células parasabasais, intermediárias e superficiais 
(P/I/S). Por exemplo, em um esfregaço do tipo atrófico, o índice de maturação pode ser 100/00/00, 
ou seja, 100% das células presentes no esfregaço são do tipo parabasal. Caso seja visualizado 
um índice 00/20/80, isso mostra que o esfregaço apresenta padrão hipertrófico, com maioria de 
células superficiais.
3.3 . Padrões citológicos nas diferentes fases da vida 
Logo após o nascimento, o padrão citológico do bebê (até a quarta semana de vida 
aproximadamente) é um reflexo do que estava acontecendo no corpo da mãe, ou seja, o hormônio 
em predomínio na gestante naquele momento influencia no tipo de célula visualizada. Na gravidez, 
especialmente após o quarto mês de gestação, quando a placenta passa a ser responsável pela 
secreção hormonal, ocorre um predomínio de progesterona, sendo assim, em um bebê recém-
nascido, haverá predomínio de células intermediárias ricas em glicogênio. 
Após esse período inicial, já ocorre uma brusca mudança, uma vez que não há a produção 
dos hormônios pelo bebê, sendo assim, após o primeiro mês o epitélio passa a apresentar um 
padrão atrófico, que é caracterizado pela presença de grande quantidade de células parabasais e 
pequena quantidade de células intermediárias. Células superficiais normalmente são ausentes, 
devido a falta de estrógeno, o qual é responsável pela maturação e diferenciação das células. 
Assim que a menina entra na puberdade, inicia-se a produção dos hormônios 
gonadotróficos, até que a menina tenha sua primeira menstruação. Nesse período vai ocorrendo 
uma mudança gradual no epitélio, onde este começa a sofrer maturação, passando de um epitélio 
atrófico para hipotrófico, até que com a menstruação e a presença de quantidades normais de 
estrógeno e progesterona a menina passa a apresentar um ciclo sexual normal, intercalando entre 
períodos de padrão hipertrófico e normotrófico. 
Já na gestação, nos três primeiros meses, o corpo lúteo ainda é responsável pela secreção 
de estrógeno e progesterona, estimulado pelo hCG. Após o primeiro trimestre, a placenta passa 
a ser a responsável pela produção hormonal, e como já dito anteriormente, ocorre predomínio 
na produção de progesterona, ou seja, esfregaço composto majoritariamente por células 
intermediárias, e células intermediárias ricas em glicogênio, conhecidas como células naviculares. 
Após o parto (normalmente por um período de até 6 meses), o epitélio adquire caráter atrófico, 
uma vez que ocorre supressão da secreção de FSH e LH. 
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Assim que a mulher entra na menopausa também acontecem alterações dos padrões 
citológicos. Quando vai acontecendo a diminuição dos hormônios esteroides, a maturação 
das células vai diminuindo, e inicialmente encontra-se predomínio de células intermediárias 
com presença de células superficiais. Mais tarde tem início um padrão hipotrófico, com o 
aparecimento de células do tipo parabasal. Até que, quando a menopausa já está consolidada, 
não existe maturação do epitélio e o que predomina é um epitélio do tipo atrófico com maioria 
de células parabasais. 
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível a partir dessa unidade conhecer quais as características normais da citologia 
cérvico-vaginal. Visualizando, então, as células presentes em cada região, suas características 
morfológicas e estruturais. Além disso, foi possível conhecer a primeira aplicação da citologia 
cérvico-vaginal, que é a citologia hormonal. Alterações hormonais fazem com que células 
diferentes sejam observadas no esfregaço, sendo esse exame então um importante aliado na 
avaliação da função hormonal da mulher. 
Na próxima unidade, os conceitos vistos nessa unidade serão essenciais, pois conheceremos 
as principais alterações que podem acontecer nas células superficiais, intermediárias, parabasais 
e endocervicais. 
A educação, a integração cultural e a busca pela excelência através do esporte 
são ideais a serem alcançados. O Olimpismo tem como princípios a amizade, a 
compreensão mútua, a igualdade, a solidariedade e o “fair play” (jogo limpo). Mais 
que uma filosofia esportiva, o Olimpismo é uma filosofia de vida. A ideia é que a 
prática destes valores ultrapasse as fronteiras das arenas esportivas e influencie 
a vida de todos (COB, 2018).
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U N I D A D E
02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................23
1 - PROCESSOS REACIONAIS/BENIGNOS ............................................................................................................ 24
1.1 PROCESSOS DE PROTEÇÃO ............................................................................................................................... 24
1.1.1 HIPERDIFERENCIAÇÃO .................................................................................................................................... 24
1.1.2 METAPLASIA ESCAMOSA ............................................................................................................................... 25
1.2 PROCESSO DE REPARAÇÃO ............................................................................................................................. 26
1.3 PROCESSOS DESTRUTIVOS .............................................................................................................................. 27
1.3.1 VAGINOSE BACTERIANA (VB) ......................................................................................................................... 28
1.3.2 ACTINOMYCES SP ........................................................................................................................................... 29
1.3.3 LEPTOTHRIX SP .............................................................................................................................................. 30
PROCESSOS REACIONAIS BENIGNOS E 
LESÕES PRÉ-CÂNCER
PROF.A DRA. MARIANA APARECIDA LOPES ORTIZ
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
CITOPATOLOGIA 
E URINÁLISE
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1.3.4 FUSOBACTERIUM SP ...................................................................................................................................... 31
1.3.5 CERVICITE POR CHLAMYDIA TRACHOMATIS ............................................................................................ 31
1.3.6 CANDIDÍASE VULVOVAGINAL (CVV) ............................................................................................................ 32
1.3.7. VAGINITE E CERVICITE POR TRICHOMONAS VAGINALIS ........................................................................ 33
1.3.8 HERPES-VÍRUS ............................................................................................................................................... 34
1.3.8 PAPILLOMAVIRUS HUMANO (HPV) ............................................................................................................. 35
2 - SISTEMA DE BETHESDA .................................................................................................................................... 36
3 - LESÕES PRÉ-CÂNCER E ALTERAÇÕES ASSOCIADAS ................................................................................... 37
3.1 CRITÉRIOS CITOLÓGICOS DE MALIGNIDADE ................................................................................................. 39
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................... 39
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INTRODUÇÃO
Nessa unidade, continuamos abordando a citologia cérvico-vaginal, mas dessa vez 
falando sobre as alterações. Serão abordadas as alterações benignas e reacionais, que incluem 
os processos de adaptação e processos inflamatórios. Também serão abordados os principais 
agentes infecciosos que podem ser visualizados e diagnosticados no esfregaço cérvico-vaginal. 
Por último, trataremos daquela que é a principal função do diagnóstico citológico, que é a 
identificação de lesões pré-câncer. Lembrando que, o diagnóstico precoce é de fundamental 
importância para que o tratamento seja bem-sucedido. 
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1 - PROCESSOS REACIONAIS/BENIGNOS
Tanto o epitélio escamoso, quanto o endocervical enfrentam diversas condições de 
estresse, as quais colocam em risco sua estrutura e funcionamento. Diante disso, as células são 
capazes de sofrer mudanças reacionais que irão garantir sua sobrevivência. Essas células podem 
sofrer adaptações que as modifiquem em tamanho, número e tipo. Além disso, essas modificações 
podem acontecer isoladamente ou em combinação. 
Os processos reacionais podem ser divididos em: processos de proteção; processos de 
reparação e processos destrutivos. 
1.1 Processos de proteção
1.1.1 Hiperdiferenciação 
Entre os mecanismos de proteção utilizados pelo epitélio, podemos citar a 
hiperdiferenciação. Esse mecanismo é utilizado quando o epitélio sofre um estímulo crônico 
grave. Entre os possíveis processos que envolvem a hiperdiferenciação, inclui-se: acantose, 
hiperqueratose e paraqueratose. 
• Acantose: é caracterizada pelo aumento do número de células, ou seja, o epitélio 
aumenta seu poder de proteção aumentando sua espessura. 
• Hiperqueratose: consiste em espessamento do estrato córneo do epitélio associado a 
uma queratinização da camada superficial. Citologicamente, são observadas escamas anucleadas 
maduras (Figura 1). 
Figura 1 - Hiperqueratose. Escanas anucleadas. É possível observar a sombra dos núcleos que desapareceram (se-
tas). Fonte: Atlas de Citologia BVSMS (2019).
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• Paraqueratose: também trata de uma queratinização do epitélio, porém esta é 
caracterizada pela permanência dos núcleos. Pode ser dividida em típica ou atípica, dependendo 
da aparência dos núcleos. Na paraqueratose típica, os núcleos apresentam-se pequenos, 
condensados e hipercromáticos. Já na queratose atípica, também conhecida como disqueratose, 
os núcleos apresentam margens irregulares, cromatina grosseira e irregularmente distribuída, o 
que é um reflexo da intensa atividade proliferativa que acontece (Figura 2). 
Figura 2 - Paraqueratose. Pequeno conjunto de células escamosas, com citoplasma denso, orangeofílico e com 
núcleos típicos. Fonte: Atlas de Ctopatologia Ginecológica BVSMS (2019).
1.1.2 Metaplasia escamosa 
A metaplasia consiste em fenômeno adaptativo que resulta na substituição de um epitélio 
adulto e diferenciado menos resistente por um epitélio adulto e diferenciado mais resistente. 
No caso da metaplasia escamosa, ocorre a substituição gradual do epitélio endocervical (menos 
resistente a possíveis agressões) pelo epitélio escamoso (mais resistente). 
Diversos estímulos podem levar à metaplasia escamosa, que incluem irritação crônica 
(física ou química), inflamações persistentes, uso de contraceptivos orais, acidez vaginal. 
O processo de metaplasia se inicia com a hiperplasia de células de reserva endocervicais. 
Nesse momento passam a existir algumas camadas de novas células de reserva imaturas. Essas 
células diferenciam-se, então, em um epitélio metaplásico imaturo, que na grande maioria das 
mulheres irá se converter em epitélio metaplásico maduro, tornando-se, assim, muito semelhante 
ao epitélio escamoso original.
Na minoria das mulheres o epitélio metaplásico atípico pode se desenvolver em um 
epitélio atípico displásico, o que acontece quando certos tipos de Papillomavirus humano (HPV) 
oncogênicos infectam essas células metaplásicas imaturas e as transformam. Essa transformação 
pode regredir para o estado de uma célula normal, persistir como displasia ou evoluir para uma 
neoplasia cervical. 
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Citologicamente, as células metaplásicas são caracterizadas por serem arredondadas, com 
citoplasma densamente corado, as vezes vacuolizado e com a periferia mais corada. Os núcleos 
apresentam tamanho médio, são normalmente centrais e com cromatina granular e fina (Figura 
3). 
Figura 3 - Células metaplásicas. É possível observar citoplasma escasso, às vezes vacuolizado e/ou com hipercora-
bilidade periférica,com núcleo de tamanho médio, central. Fonte: Atlas de citopatologia (2019).
1.2 Processo de reparação 
A destruição pontual de regiões do epitélio desencadeia processos de reparação. Entre 
as causas de destruição tecidual encontram-se os processos inflamatórios severos, biópsias, 
cauterização ou radioterapia. 
Citologicamente, esses processos são caracterizados por grupamentos celulares com 
citoplasma denso, do tipo fumaça, núcleos variáveis, multinucleação e nucléolos visíveis (Figura 
4). 
Figura 4 - Reparo. Fonte: Atlas de Ctiopatologia Ginecológica BVSMS (2019).
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1.3 Processos destrutivos
O trato genital feminino possui diversas defesas contra possíveis agentes infecciosos. 
Entre essas defesas podemos citar: a síntese de muco protetor, o pH vaginal ácido, a microbiota 
normal vaginal, as células fagocitárias e a reação inflamatória. A reação inflamatória, apesar de 
contribuir para o combate a possíveis agentes infecciosos, também acaba causando alguns danos 
ao epitélio, e por isso, é considerada como um processo destrutivo. 
Entre as principais causas da inflamação cérvico-vaginal, incluem-se agentes físicos, 
químicos e vivos (biológicos). Quando o agente infeccioso é visualizado no esfregaço, o processo 
inflamatório é chamado de específico. Quando o agente infeccioso não é detectado no esfregaço, 
trata-se de uma inflamação inespecífica. 
Dessa forma, o diagnóstico citológico no processo inflamatório permite avaliar a 
intensidade da reação inflamatória, acompanhar sua evolução e muitas vezes identificar o agente 
causador. 
Como o processo inflamatório será identificado no esfregaço? Poderão ser observadas 
alterações no esfregaço de forma geral, como a presença de exsudato inflamatório, composto por 
leucócitos, além da visualização de detritos celulares, característicos de necrose celular (Figura 5). 
Figura 5 - Fundo de esfregaço inflamatório. Frequentes leucócitos (PMN). Fonte: Master Med (2019).
Além disso, também poderão ser observadas alterações que afetem o núcleo e o citoplasma 
das células. Entre as alterações nucleares mais comuns, destaca-se: aumento nuclear, conhecido 
como cariomegalia; bi ou multinucleação; cariólise (DNA disperso), picnose (DNA concentrado) 
e cariorrexe (DNA fragmentado) (Figura 6). 
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Figura 6. Alterações nucleares. Do lado esquerdo é possível observar cariorrexe e do lado direito é possível obser-
var multinucleação. Fonte: Atlas de Citopatologia Ginecológica BVSMS (2019).
Entre as alterações citoplasmáticas as mais comuns são: halos perinucleares; 
pseudoeosinofilia; metacromasia e apagamento de bordas citoplasmáticas (Figura 7). 
Figura 7 - Alterações citoplasmáticas. Do lado esquerdo é possível observar pseudoeosinofilia e do lado direito é 
possível observar halos perinucleares. Fonte: Pathology (2019).
1.3.1 Vaginose bacteriana (VB)
A VB é uma das principais responsáveis por corrimento vaginal, possuindo altos índices 
em mulheres em idade fértil; é considerada uma síndrome, devido ao acúmulo de alterações, 
que se originam de um alto crescimento da microbiota anaeróbia obrigatória ou facultativa do 
meio vaginal e diminuição expressiva da quantidade de Lactobacillus sp. e Lactobacillus sp., que 
conferem ao meio vaginal um pH baixo, que, normalmente, alterna entre 3,8 e 4,5, o que garante 
uma proteção contra possível infecções microbianas. 
A baixa quantidade desses microrganismos causa elevação do pH vaginal, contribuindo 
para a instalação de microrganismos patogênicos. O microrganismo mais associado ao 
corrimento vaginal de mulheres possuidoras de VB é Gardnerella vaginalis, podendo também 
estar relacionada com a presença de Mobiluncus sp., Bacteroides sp. e Mycoplasma hominis.
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Esta bactéria é um bacilo imóvel, que não possui capsula e na coloração de Gram pode apresentar-
se tanto como Gram positivo ou negativo, a presença dessa bactéria é caracterizada pelo aumento 
do pH vaginal (acima de 4,5), acompanhada de secreção densa de cor branca acinzentada, tendo 
um odor fétido, que lembra o cheiro de peixe podre, por conta da volatilização de aminas, como 
a putrescina e a cadaverina. Essa bactéria pode causar ardor ao urinar e coceira na parte de fora 
da vagina, mas algumas mulheres podem não apresentar os sintomas. 
A VB normalmente acomete mulheres na idade fértil, e em gestantes também se mostra 
comum. Na gestação, a presença de VB é de grande importância, uma vez que está associada 
a risco maior de abortamento tardio, infecção da cavidade amniótica, ruptura prematura de 
membranas, trabalho de parto prematuro, prematuridade e recém-nascido de baixo peso. 
O esfregaço é caracterizado por ausência ou escassez de Lactobacillus, a maioria dos casos 
não apresentam leucócitos, e as células mantem uma aparência normal, com citoplasma fino e 
transparente. As bactérias encontram-se como poeira entre as células e também recobrindo-as, 
obscurecendo a membrana e deixando os limites celulares imprecisos (Figura 8). Essas células 
recebem o nome de células alvo ou clue cells.
Figura 8 - Vaginose bacteriana. Presença de “clue cells”, sugestivas de Gardnerella vaginallis. Fonte: Atlas de Cito-
patologia Ginecológica BVSMS (2019).
1.3.2 Actinomyces sp
Caracterizam-se por serem bacilos ramificados Gram positivos, e não fazem parte da 
microbiota normal cérvico-vaginal. Podem ser habitantes normais da cavidade oral, orofaringe 
e trato gastrointestinal. Normalmente não cruzam barreiras mucosas, porém, podem causar 
infecções ascendentes em mulheres que fazem uso do dispositivo intrauterino (DIU), uma vez 
que tem grandes índices de evolução para doença inflamatória pélvica (DIP). 
No esfregaço serão observados os bacilos em grandes agregados, que lembram um ouriço 
do mar, além da infiltração de grande quantidade de polimorfonucleares (PMN) (Figura 9).
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Figura 9 - Actinomyces. Agregados bacterianos característicos, conhecidos como “ouriço do mar”. Fonte: Atlas de 
Citopatologia Ginecológica BVSMS (2019).
1.3.3 Leptothrix sp
São bacilos Gram negativos, anaeróbios, que podem fazer parte da microbiota normal da 
boca e também vagina e trato intestinal. Se assemelham a fios de cabelo (Figura 10), isoladamente 
não causam infecção significativa, mas é comum a associação com Trichomonas vaginalis e alguns 
fungos. 
Figura 10 - Leptothrix app. Bacilos longos, que se assemelham a fios de cabelo. Fonte: Pathology outlines (2019).
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1.3.4 Fusobacterium sp
Também são bacilos Gram negativos, anaeróbios, que são verificados na boca, mas podem 
também ser encontrados na vagina e trato gastrointestinal. São bacilos longos e finos, porém 
menores que Leptothrix. Dificilmente levam a um quadro infeccioso. 
1.3.5 Cervicite por Chlamydia trachomatis 
Trata-se de uma das doenças sexualmente transmissíveis mais comuns. São bactérias que 
possuem a característica peculiar de serem parasitas intracelulares obrigatórios. Normalmente, 
a infecção ocorre por minúsculas escoriações, infectando células endocervicais e metaplásicas, 
sendo a JEC e a endocérvice as mais atingidas. O ciclo de desenvolvimento de C. 
trachomatis acontece dentro da célula, o que dificulta o acesso do sistema imunológico. Ela se 
apresenta em duas formas, os corpos elementares, que são menores e extracelulares e representam 
a forma infecciosa do microrganismo, e os corpos reticulados, que são maiores e não infecciosos. 
O ciclo se inicia com a ligação dos corpos elementares à célula hospedeira, seguida por entrada na 
célula por endocitose. Dentro das células,os corpos elementares se mantêm dentro de vacúolos 
citoplasmáticos, onde aumentam de tamanho e se transformam em corpos reticulares, os quais 
se multiplicam ativamente por fissão binária, até se transformarem novamente em corpos 
elementares e serem liberados da célula, através da lise, e, assim, infectarem novas células (Figura 
11). 
Figura 11 - Ciclo de desenvolvimento de Chlamydia trachomatis. Fonte: Medicina Net (2019).
No esfregaço citológico serão observadas as inclusões citoplasmáticas, onde vacúolos 
com inclusões eosinofílicas representam os corpos reticulares. As células infectadas podem ainda 
apresentar aumento nuclear e multinucleação (Figura 12). 
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Figura 12 - Chlamydia trachomatis. Vacúolos citoplasmáticos com inclusões eosinofílicas. Fonte: Mundo educação 
(2019).
1.3.6 Candidíase vulvovaginal (CVV) 
A CVV é caracterizada pelo crescimento anormal de leveduras no trato genital. Essas 
leveduras são comensais, ou seja, habitam normalmente a mucosa vaginal, e quando alguns fatores 
tornam o local favorável para o seu desenvolvimento essas leveduras tornam-se patogênicas. 
As leveduras mais relacionadas com esse quadro são do gênero Candida, em especial, Candida 
albicans. 
A infecção é caracterizada por prurido, ardor dispareunia (dor durante relação sexual) 
e corrimento vaginal, que normalmente é branco, espesso e inodoro. Com frequência, vulva e 
vagina apresentam-se edemaciadas e hiperemiadas. Esses sintomas se intensificam quando a 
acidez vaginal aumenta, como no período pré-menstrual, por exemplo. 
Como C. albicans é um fungo dimórfico, ou seja, apresenta-se na forma leveduriforme 
quando se encontra em estado saprofítico (colonização assintomática) e na forma filamentosa 
quando se encontra em estado patogênico, essas duas formas podem ser visualizadas no esfregaço 
citológico. Como a presença do fungo, nem sempre indica uma condição patológica, alterações 
inflamatórias podem ou não estar presentes (Figura 13). 
Mulheres grávidas e mulheres na menopausa apresentam maiores chances de 
apresentar algumas dessas infecções, como a CVV. Alterações metabólicas, 
hormonais e imunológicas favorecem a infecção por esses microrganismos 
considerados oportunistas.
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Figura 13 - Candida spp. À esquerda observam-se formas de pseudohifas e à direita formas leveduriformes. Fonte: 
Atlas de Citopatologia Ginecológica BVSMS (2019).
1.3.7. Vaginite e cervicite por Trichomonas vaginalis 
Trichomonas vaginalis é um protozoário exclusivamente humano, flagelado e que possui 
alta mobilidade. É o causador da tricomoníase, que atinge homens e mulheres, e é transmissível 
sexualmente, mas também pode ser transmitida através de secreções, roupas íntimas, toalhas e 
outros objetos contaminados. Por apresentar-se muitas vezes de forma assintomática, seus índices 
são bastante altos em todo o mundo. Apesar de muitas vezes ser assintomática, sua presença está 
associada a partos prematuros, pneumonia neonatal, doença inflamatória pélvica (DIP) e até com 
maior facilidade na transmissão do vírus da imunodeficiência adquirida (HIV). Os sintomas 
da infecção incluem corrimento vaginal abundante e fétido, prurido e sinais de irritação vulvar 
(edema e hiperemia). 
Figura 14 - Trichomonas vaginalis. Há vários Trichomonas vaginalis com núcleos elípticos e fracamente corados 
em roxo pela hematoxilina. Há ainda células escamosas com alterações inflamatórias, como pseudoeosinofilia e 
halos perinucleares. Fonte: Atlas de Citopatologia Ginecológica BVSMS (2019).
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1.3.8 Herpes-vírus
Os herpes-vírus são vírus de DNA, relativamente grandes, com capsídio e envelope. 
Podem ser de dois tipos, HSV-1 e HSV-2. Os herpes vírus apresentam como característica a 
capacidade de causar infecções líticas, persistentes ou latentes, com afinidade pelos neurônios. 
HSV-1 acomete principalmente lábios e face, sendo que grande parte da população 
mundial já entrou em contato com esse vírus até mesmo na infância, sem apresentar sintomas. Já 
HSV-2 acomete majoritariamente a região genital, sendo transmitido por contato sexual, quando 
o parceiro está infectado, e muito raramente por contato orogenital. O vírus manifesta-se na 
forma de vesículas (pequenas bolhas), sendo que a contaminação é grande quando essas vesículas 
estão presentes. 
 A infecção pelo herpes-vírus pode ser do tipo produtiva, ou seja, quando o vírus está 
em alta taxa de replicação nas células epiteliais, que é normalmente a fase em que as lesões 
aparecem na pele. E também pode se uma infecção latente, quando o vírus migra e permanece 
nas terminações nervosas, sem sinais clínicos. Normalmente, os herpes-vírus intercalam entre 
essas duas formas de infecção. A infecção normalmente inicia com o vírus penetrando células 
causando uma infecção localizada, que pode passar despercebida ou produzir as vesículas. Após 
isso, o vírus se dissemina para outras células e para o neurônio, onde não se replica (latência). EM 
casos de estresse intenso, diminuição da imunidade, entre outras situações específicas, ele retorna 
de forma retrógrada para o local inicial da infecção, o que caracteriza a infecção produtiva. 
Nos esfregaços serão observadas alterações inflamatórias como: leucocitose, apagamento 
de bordas, halos perinucleares, entre outras. Além disso, T. vaginalis aparecem ovais ou 
arredondados, com núcleo excêntrico, borrado e pouco definido (Figura 14). 
Figura 15 - Herpes-vírus. São observadas células gigantes multinucleadas. Ainda é possível observar a marginação 
da cromatina do núcleo. Fonte: Atlas de Citopatologia Ginecológica BVSMS (2019).
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1.3.8 Papillomavirus humano (HPV) 
O HPV vem sendo estudado desde a antiguidade, mas foi em 1949 que foi detectado em 
verrugas humanas. O seu potencial carcinogênico foi descoberto em 1950, e em 1963 Crawford 
& Crawford, desvendaram sua estrutura viral. Foram realizadas diversas pesquisas por Harald 
zur Hausen, mas somente em 1970 foi possível caracterizar o HPV como causador dos cânceres 
de colo uterino. E em 1980 os HPVs 16 e 18 foram identificados graças ao rápido avanço das 
pesquisas. O HPV é conhecido também como condiloma acuminado, verruga genital ou crista 
de galo. Eles são pequenos vírus icosaédricos de DNA, não envelopados, que pertencem à família 
Papoviridae e ao gênero Papillomavirus, e apresentam uma biologia molecular complexa (LETO 
et al., 2011).
No seu genoma, o HPV apresenta uma dupla hélice de DNA circular, com aproximadamente 
8 mil pares de base. Apresentam uma região reguladora, LCR, que está ligada a expressão gênica 
e replicação viral que ocorre no núcleo da célula. Segundo Rosa et al., (2009, p. 954) a região 
precoce, E, codifica as proteínas envolvidas na replicação do DNA viral e transformação celular 
das quais se destacam E1, E2, E6 e E7. E apresenta também a região tardia, L, onde as proteínas 
do capsídeo são codificadas e ocorrem as etapas finais da replicação viral.
Estima-se que 50% da população sexualmente ativa entre em contato com o HPV, e que 
80% das mulheres terão esse contato até os 50 anos. Recentes estudos demonstram que existem 
mais de 200 tipos diferentes de HPV, dentre eles 100 tipos estão totalmente sequenciados e 120 
tipos parcialmente sequenciados. Aproximadamente 18 tipos são considerados de alto risco 
oncogênico, os mais encontrados são os tipos HPV 16 e 18. Os HPV 6 e 11 são os tipos mais 
encontrados que causam lesões benignas e são considerados de baixo risco oncogênicos. 
A JEC parece ser o principal local de infecção pelo HPV, o que provavelmente se deve 
à constante diferenciação. O vírus penetra através de microabrasõespresentes na região e a 
replicação está intimamente ligada à maturação e diferenciação do epitélio escamoso, ou seja, 
quanto menos diferenciada e menos madura é a célula, maior a replicação viral. Além disso pode 
estar presente a infecção não produtiva, onde o vírus permanece em latência.
Podem existir dois tipos de infecção, a clássica, onde não há integração do DNA viral ao 
genoma da célula e é visualizado apenas o efeito citopático do vírus (coilocitose) (Figura 16). E a 
infecção atípica, onde estimulado por fatores co-carcinogênicos, o DNA viral se integra ao DNA 
da célula hospedeira, e são, então, observadas sínteses proteicas anormais, mitoses desordenadas 
e perda de diferenciação. 
Figura 16 - Coilocitose. Células com área clara ao redor do núcleo. Podendo ter ou não bi nucleação. Fonte: Atlas 
de Citopatologia Ginecológica BVSMS (2019).
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Entre os fatores que podem favorecer a carcinogênese associada ao HPV se destacam 
fatores hormonais, fatores mutagênicos e imunodepressores, deficiências nutricionais (ácido 
fólico e vitamina C) e fatores epidemiológicos. Além disso, o tipo de HPV também é muito 
importante, uma vez que alguns tipos específicos são mais associados à carcinogênese como já 
mencionado anteriormente. 
As infecções pelos HPV de alto risco variam desde lesões pré-neoplásicas até carcinomas 
invasivos. E nesses casos, a coilocitose é bem menos evidente e existe acentuada desorganização 
do tecido. 
2 - SISTEMA DE BETHESDA
O sistema de Bethesda é um sistema consistente, reprodutível e de fácil utilização, que foi 
criado para melhorar a comunicação entre citopatologistas e ginecologistas, oferecer um sistema 
unificado de laudo e facilitar as pesquisas de caráter biológico e epidemiológico na área. 
Estruturalmente, ele fornece informações sobre a qualidade do esfregaço, avaliação geral 
do diagnóstico e o diagnóstico detalhado. Esse sistema uniformizou as formas de classificação 
das lesões pré-câncer e é o mais utilizado para a elaboração de laudos citológicos. 
O diagnóstico do HPV, atualmente, está muito associado à técnicas de biologia 
molecular, que identificam o material genético do vírus. Informações a respeito 
dessas técnicas e da associação com a citologia oncótica., podem ser visualizadas 
no texto de BRINGHENTI, M.E.Z. et al.: Prevenção do câncer cervical: associação 
da citologia oncótica a novas técnicas de biologia molecular na detecção do 
papillomavirus humano (HPV). Jornal brasileiro de Doenças Sexualmente 
Transmissíveis. Vol 22, nº 3, 2010, p. 135-140. Disponível em: <http://www.dst.uff.
br/revista22-3-2010/Prevencao%20do%20Cancer%20Cervical.pdf>. 
Felizmente, hoje em dia, já existem vacinas para prevenir a infecção pelo HPV, 
porém os tratamentos ou métodos preventivos normalmente geram bastante 
resistência, especialmente nos homens. Mais informações sobre a ação da 
vacina nos homens são dadas no vídeo intitulado: Vacina contra HPV para 
homens | Drauzio Comenta #26. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=zYK7rEgH_ls&feature=youtu.be>. 
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3 - LESÕES PRÉ-CÂNCER E ALTERAÇÕES ASSOCIADAS 
Uma das alterações que são visualizadas como lesões pré-câncer é a displasia. Ela é 
caracterizada como uma organização anormal ou diferenciação desordenada, que apresenta 
queratinização prematura das células, aumento anormal do núcleo e associação com graus 
variados de maturação do citoplasma. A displasia pode ser classificada em leve, moderada e 
severa, o que é baseado na espessura do epitélio ocupado por células normais e o grau de atipia 
das células. Dessa forma, utiliza-se o conceito de neoplasia intraeptelial cervical (NIC), que é 
subdividida em três grupo segundo o potencial de invasão (NIC I, NIC II, NIC III). 
O sistema de Bethesda, citado anteriormente, padronizou a nomenclatura e determinou 
as seguintes classificações: 
• Lesões intraepiteliais escamosas de baixo grau (LSIL): LSIL abrange displasia leve, 
o que se enquadra em NIC I, e é caracterizada por lesões bem diferenciadas, que acontecem 
em células maduras. Apresenta células de citoplasma com contorno bem definido e abundante, 
isoladas, aumento nuclear maior ou igual a três vezes. É comum observar binucleação ou 
multinucleação, e a figura patognomônica (cuja visualização deste confirma o diagnóstico) é o 
coilócito (Figura 17). Geralmente 10 a 15% das LSIL progridem para câncer invasivo. 
Figura 17 - Lesão intraepitelial de baixo grau (LSIL). Figura patognomônica, coillócito. Fonte: Pathology outlines 
(2019).
• Lesões intraepiteliais de alto grau (HSIL): abrange displasia moderada a severa, ou 
seja, NIC II e NIC III. Já é caracterizada por lesões de menor diferenciação e atingem células 
imaturas, como as parabasais e mataplásicas. Citologicamente são observadas variações na 
forma e tamanho do núcleo e contorno da membrana nuclear bastante irregular (Figura 18). O 
fenômeno conhecido como “fila indiana” também pode acontecer. 
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Figura 18 - Lesão intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL). Observa-se citoplasma escasso e mal delimitado, 
núcleos volumosos, com variação de tamanho, cromatina finamente granular. Fonte: Atlas de Citopatologia Gine-
cológica BVSMS (2019).
Células escamosas atípicas (ASC): Podem ser divididas em células escamosas atípicas de 
significado indeterminado (ASC – US) e células escamosas atípicas que não permitem excluir 
uma lesão de alto grau (ASC – H). Essa classificação é utilizada quando ainda não se pode chegar 
ao diagnóstico de uma lesão intraepitelial, por não apresentarem alterações quantitativas ou 
qualitativas para tal, mas que apresentam anormalidades sugestivas de lesões (Figura 19). 
Figura 19 - À esquerda é possível observar ASC-US, onde uma das células exibe núcleo discretamente aumentado 
de volume (seta). E à direita é possível observar ASC-H, com células com discreto aumento nuclear e borda leve-
mente irregular, cromatina finamente granular e às vezes parece degenerada. Fonte: Atlas de Citopatologia Gineco-
lógica BVSMS (2019).
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3.1 Critérios citológicos de malignidade
Entre as alterações citológicas que podem estar presentes na malignidade, as nucleares são 
as mais comuns. Entre as possíveis alterações podemos citar: aumento da relação núcleo citoplasma, 
multinucleação, alterações nucleolares, pleomorfismo celular, vacuolização citoplasmática, 
etc. Além das alterações celulares propriamente ditas, alguns critérios indiretos podem ser 
relacionados com malignidade, como presença de hemácias, leucócitos, células endometriais 
(fora do período menstrual), desvio a direita (indicando maior atividade estrogênica). 
É importante salientar que não existe um critério de malignidade único e absoluto para ser 
usado para o diagnóstico de câncer. Todavia, a ocorrência simultânea de algumas dessas alterações 
morfológicas pode indicar significativamente a probabilidade de o câncer estar presente. 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
Nessa unidade foi possível conhecer as principais modificações celulares que acontecem 
em decorrência de processos inflamatórios e infecciosos, uma das principais indicações da 
citologia cérvico-vaginal. Além disso, foi possível ver as principais lesões pré-câncer e como 
elas aparecem no esfregaço citológico. Identificar essas lesões prematuramente, logo no início, 
é fundamental para que os tratamentos ou acompanhamentos necessários sejam realizados, 
evitando assim a progressão dessas lesões para um câncer. 
Na próxima unidade, daremos início ao estudo de alguns líquidos biológicos bastante 
comuns na rotina laboratorial: líquido seminal e líquido cefalorraquidiano. 
Essas lesões pré-câncerpodem demorar muitos anos para se tornar um câncer de 
colo de útero. Muitas vezes as mulheres entram em contato com o vírus HPV ainda 
jovens (próximo dos 20 anos) e só irão desenvolver um câncer perto dos 40 ou 50 
anos. O quadro clínico de um câncer é muito variável, sendo que muitas mulheres 
não apresentam nenhum sintoma, enquanto outras podem ter sangramento após 
uma relação sexual, sangramento intermitente ou secreção vaginal de odor forte. 
Em casos mais avançados, quando há invasão de células neoplásicas, pode haver 
dor abdominal associada a queixas urinárias e intestinais. 
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03
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 42
1 - LÍQUIDO SEMINAL ............................................................................................................................................. 43
1.1APARELHO REPRODUTOR MASCULINO E ESPERMATOGÊNESE .................................................................. 43
1.2 COLETA DO SÊMEN ........................................................................................................................................... 45
1.3EXAME MACROSCÓPICO INICIAL .................................................................................................................... 46
1.3.1 LIQUEFAÇÃO .................................................................................................................................................... 46
1.3.2 VISCOSIDADE .................................................................................................................................................. 47
1.3.3 ASPECTO/COR ................................................................................................................................................ 47
1.3.4VOLUME ............................................................................................................................................................. 47
1.3.5 PH...................................................................................................................................................................... 48
LÍQUIDO SEMINAL E LÍQUIDO 
CEFALORRAQUIDIANO
PROF.A DRA. MARIANA APARECIDA LOPES ORTIZ
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
CITOPATOLOGIA 
E URINÁLISE
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1.4 AVALIAÇÃO MICROSCÓPICA ............................................................................................................................. 48
1.4.1 MOTILIDADE...................................................................................................................................................... 48
1.4.2 VITALIDADE ..................................................................................................................................................... 48
1.4.3 CONTAGEM DE ESPERMATOZOIDES ........................................................................................................... 49
1.4.3 CONTAGEM DE CÉLULAS NÃO ESPERMÁTICAS ..........................................................................................50
1.4.3.1 CONTAGEM DE CÉLULAS REDONDAS ........................................................................................................50
1.4.3.2 CONTAGEM DE HEMÁCIAS ........................................................................................................................ 50
1.5 PACIENTE VASECTOMIZADO ........................................................................................................................... 52
2 - LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO ...................................................................................................................... 52
2.1 COLETA ................................................................................................................................................................ 53
2.2 ASPECTO/COR ................................................................................................................................................... 54
2.3 AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA ........................................................................................................................ 55
2.4 AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA ................................................................................................................................. 57
2.5 AVALIAÇÃO CITOLÓGICA .................................................................................................................................. 57
3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................................. 58
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INTRODUÇÃO
Nessa unidade, damos continuidade ao estudo de células, com a análise de dois líquidos 
biológicos, o líquido seminal, o líquido cefalorraquidiano (LCR). 
A análise do líquido seminal é muito utilizada, e é uma das primeiras investigações nos 
casos de infertilidade. É um exame de fácil realização, mas que é preciso ter muita atenção com 
os tempos de realização para que os resultados não sejam errôneos.
A análise do LCR também deve ser realizada o mais rápido possível, uma vez que quando 
existe a suspeita de alguma doença neurológica, especialmente as meningites, o diagnóstico 
rápido é fundamental para que o tratamento ideal seja feito e as chances de sequela ou morte do 
paciente sejam minimizadas. 
Serão abordadas, então, características gerais dessas amostras biológicas e aspectos gerais 
dos exames laboratoriais.
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1 - LÍQUIDO SEMINAL 
A análise do sêmen é uma das primeiras investigações em casos de infertilidade, além de 
ser útil para acompanhar o estado pós vasectomia. 
1.1 Aparelho reprodutor masculino e espermatogênese 
Para compreendermos as variáveis envolvidas na análise do sêmen, primeiramente iremos 
relembrar os órgãos do aparelho reprodutor masculino, suas principais funções e como acontece 
a espermatogênese (produção dos espermatozoides). 
De acordo com a função, podemos classificar os órgãos do aparelho reprodutor masculino 
da seguinte forma: 
• Órgãos de produção de espermatozoides: testículos; 
• Órgãos de maturação, armazenamento e condução de espermatozoides: epidídimo 
e canais deferentes; 
• Órgãos destinados à mistura dos espermatozoides com as secreções condutoras e 
nutritivas a fim de formar o sêmen: próstata e vesículas seminais; 
• Órgãos de eliminação dos espermatozoides: pênis, uretra e glândulas acessórias. 
A produção de espermatozoides é um processo de maturação hormônio dependente, que 
inicia na puberdade masculina (por volta dos 13 anos de idade) e prolonga-se por toda a vida. As 
células envolvidas na produção dos espermatozoides podem ser divididas em epitélio germinativo, 
o qual compreende as células propriamente ditas (espermatogônias, espermatócitos primários e 
secundários, espermátides e espermatozoides) e as células de Sertoli, que ficam ao redor das 
células germinativas, com a função de nutri-las, devido à grande quantidade de glicogênio. 
As espermatogônias são as células mais imaturas dentro do epitélio germinativo. Elas 
ficam localizadas próximas à lâmina basal e proliferam-se continuamente por mitose. Algumas 
dessas células param a multiplicação e iniciam o processo de diferenciação, dando origem então 
aos espermatócitos primários. 
Os espermatócitos primários (diploides) darão início à primeira divisão meiótica (meiose 
I), produzindo, então, os espermatócitos secundários, que agora são haploides. Os espermatócitos 
secundários sofrem a segunda divisão (meiose II), dando origem a quatro espermátides (haploides). 
Por fim, em um processo conhecido por espermiogênese,as espermátides se diferenciam em 
espermatozoides. Nessa transformação, as espermátides perdem citoplasma, ocorre, assim, a 
condensação do núcleo e formação do flagelo e da peça intermediária. 
Os espermatozoides são divididos em três partes, que incluem cabeça, corpo e cauda. 
A cabeça contém um núcleo haploide condensado e uma faixa bastante estreita de citoplasma, 
além de possuir um revestimento conhecido como acrossoma. O acrossoma contém muitas 
enzimas hidrolíticas, que irão auxiliar a penetração do espermatozoide no óvulo. O corpo é a 
parte intermediária, que dá suporte às atividades metabólicas dos espermatozoides. 
Ele possui mitocôndrias responsáveis pela obtenção de energia. Por fim, a cauda, ou 
flagelo a região responsável por impulsionar o espermatozoide nos seus movimentos. 
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Em relação ao controle hormonal, o hormônio folículo estimulante (FSH) age nas células 
de Sertoli, induzindo a síntese de proteínas, e retendo a testosterona nos túbulos seminíferos. 
Além disso, estimula a meiose nos espermatócitos primários. Já o hormônio luteinizante (LH), 
interagem com as células de Leydig, facilitando a conversão do colesterol em testosterona. 
Os testículos das crianças permanecem inativos até a estimulação que acontece na 
puberdade, por volta dos 13 anos, pelos hormônios gonadotróficos da hipófise. Dessa forma, o 
FSH age estimulando a proliferação das espermatogônias e o LH age estimulando a secreção de 
testosterona pelas células de Leydig. 
Na Figura 1 é possível observar uma representação esquemática do processo de 
espermatogênese e na Figura 2 a estrutura de um espermatozoide. 
Figura 1 - Representação esquemática da espermatogênese. Fonte: Só Biologia (2019).
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Figura 2 - Representação esquemática da estrutura de um espermatozoide. Fonte: Infoescola (2019).
O sêmen não é composto apenas de espermatozoides, na verdade, os espermatozoides 
representam uma porcentagem muito pequena do líquido seminal. Este líquido é composto por 
diferentes substâncias produzidas por diferentes órgãos: 
• Glândulas acessórias (1%): possui ação lubrificante. Além disso, está implicada na lise 
do coágulo seminal. 
• Próstata (30%): secreção levemente ácida (pH 6,5), contendo substância essencial 
para a vitalidade e capacitação dos espermatozoides. Essa secreção é rica em fosfatase ácida e 
enzimas proteolíticas que atuam sobre a secreção das vesículas seminais, inibindo a coagulação e 
auxiliando a liquefação. 
• Epidídimo e canal deferente (9%): é a secreção que contém os espermatozoides. 
• Vesículas seminais (60%): secreção alcalina, rica em frutose e prostaglandinas. 
1.2 Coleta do sêmen 
A análise do sêmen, ou espermograma, inicia com a coleta da amostra. Para que o resultado 
seja representativo e possa ser, então, comparado com valores de referência já estabelecidos para a 
normalidade, é importante que alguns critérios e recomendações sejam seguidos. 
A coleta, normalmente, é realizada no laboratório, a fim de limitar a exposição da amostra 
a variações de temperatura e principalmente controlar o tempo entre a coleta e o início da análise. 
O homem deve estar em abstinência sexual por no mínimo 3 e no máximo 7 dias, a fim de 
manter uma quantidade de espermatozoides e volume de amostra compatível com os valores 
de referência. Qualquer perda de amostra que possa ter acontecido durante a coleta deve ser 
relatada. 
A amostra deve ser obtida por masturbação e ejaculada dentro de um frasco (vidro ou 
plástico) de boca larga, limpo e estéril. Até que haja a liquefação da amostra, o recipiente é deixado 
em temperatura de 37oC. 
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Todas as etapas e itens avaliados em um espermograma são comentados e 
explicados de forma bastante didática no vídeo: Espermograma, saiba tudo sobre 
esse exame. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=IXkKe5AuHCw> 
Acesso em: 10 jan. 2019.
É importante destacar que as amostras de sêmen podem conter agentes 
infecciosos perigosos e devem, portanto, ser tratadas como um risco biológico. 
Normas de biossegurança e boas práticas de laboratório são fundamentais para 
a segurança laboratorial. 
1.3 Exame macroscópico inicial 
Nessa etapa do exame, serão verificados os seguintes aspectos: liquefação, viscosidade, 
aparência (cor), volume e pH. 
1.3.1 Liquefação 
A análise do sêmen deve iniciar após a liquefação, o que normalmente acontece dentro 
de 15 minutos a temperatura ambiente, e raramente leva mais de 60 minutos. Caso a liquefação 
demore mais de 60 minutos, isso deve ser registrado. A análise normalmente se inicia 30 minutos 
após a ejaculação, caso nesse tempo não tenha acontecido a liquefação, aguarde mais 30 minutos. 
É importante que a análise comece em até uma hora, para evitar alterações na qualidade do 
sêmen. 
A liquefação vai acontecendo aos poucos, e alguns minutos após a ejaculação, o sêmen 
em temperatura ambiente pode apresentar uma aparência heterogênea, com alguns grumos e 
outras regiões mais líquidas, até atingir a liquefação completa. 
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Logo após a ejaculação o sêmen adquire uma consistência semissólida, coagulado. 
Essa coagulação, acontece por ação de substâncias produzidas pela vesícula 
seminal, e segundo diversos autores tem por função proteger os espermatozoides 
da acidez vaginal. Dentro de alguns minutos (entre 5 e 60 normalmente), ele 
se liquefaz devido à ação de enzimas proteolíticas produzidas pela próstata, 
garantindo assim mobilidade para os espermatozoides. Amostras de sêmen 
que não se coagulam podem indicar disfunções vesiculares e em contrapartida, 
amostras que não liquefazem podem indicar disfunções prostáticas. 
1.3.2 Viscosidade 
Após a liquefação, a viscosidade da amostra pode ser avaliada, com o auxílio de uma 
pipeta de plástico (Pasteur). Uma amostra normal faz com que a amostra saia da pipeta em 
pequenas gotas. Caso a viscosidade esteja excessiva, ocorrerá a formação de um fio com mais 
de 2 cm de comprimento. Alternativamente, pode ser utilizado um bastão de vidro na amostra e 
observado o comprimento do fio que se forma após a retirada deste. 
1.3.3 Aspecto/cor
Em relação à aparência, uma amostra normal de sêmen deve apresentar-se homogênea, 
e com coloração próxima a um cinza opalescente. A cor pode variar dependendo da quantidade 
de espermatozoides, sendo um pouco mais amarelada quando a quantidade for maior, e menos 
opaca quanto a quantidade for menor. Colorações amareladas também podem aparecer em casos 
de infecções, icterícia ou após o uso de alguns medicamentos; colorações avermelhadas podem 
estar relacionadas à presença de hemácias. 
1.3.4 Volume
Em relação ao volume, é considerado normal, quantidades entre 1,5 e 5,0mL. Volumes 
inferiores a 1,5mL, também conhecido como hipospermia, podem ser reflexo de ausência de 
abstinência sexual, insuficiência prostática ou vesicular ou até mesmo baixos índices séricos de 
testosterona. Já volumes maiores que 5mL, conhecido como hiperespermia, podem representar 
excesso de abstinência sexual, condições infecciosas e pode ser um dos primeiros sinais de 
tumores na próstata ou vesículas seminais. Pode acontecer também um fenômeno conhecido 
como aspermia, que seria a ausência de sêmen, que está relacionada à agenesia das glândulas 
vesiculares e ductos deferentes. 
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1.3.5 pH
O pH do sêmen é um reflexo da junção do pH das diferentes secreções que o compõe. O 
pH normal fica em torno de 7,2 a 7,8. Valores muito básicos indicam deficiência prostática. Além 
disso, o contato com o ar pode fazer com que o pH aumente. Valoresde pH ácidos podem indicar 
deficiência vesicular. 
1.4 Avaliação microscópica
1.4.1 Motilidade
A motilidade dos espermatozoides deve ser avaliada o quando antes, preferencialmente 
aos 30 minutos, logo após a liquefação e em no máximo uma hora após a ejaculação. A motilidade 
é uma das principais características a serem avaliadas para a fertilidade masculina.
Para essa avaliação, deve-se misturar bem a amostra e retirar uma pequena alíquota 
(aproximadamente 50 µL), colocar em uma lâmina limpa e cobrir com uma lamínula. 
A lâmina deve ser examinada em aumento de 400x, e deve se avaliar aproximadamente 
200 espermatozoides e classifica-los nas seguintes categorias: 
• Motilidade progressiva (PR): espermatozoides que se movimentam ativamente, 
independente da velocidade e saem do lugar. 
• Motilidade não progressiva (NP): todos os espermatozoides que se movimentem, mas 
não saem do lugar. 
• Imobilidade (IM): sem movimento.
Anteriormente, eram utilizadas outras categorias para a avaliação de motilidade 
(a=motilidade progressiva rápida; b=motilidade progressiva lenta; c=motilidade não progressiva; 
d=imóvel), o que ainda é adotado por alguns laboratórios. Nessa classificação, os valores aceitáveis 
eram de: ao menos 25% dos espermatozoides na categoria a; ou a+b igual ou superior a 50%. 
1.4.2 Vitalidade 
A avaliação da vitalidade, ou seja, porcentagem de espermatozoides vivos e mortos pode 
ser utilizada em qualquer amostra, mas tem especial importância naquelas em que a quantidade 
de espermatozoides com motilidade progressiva seja inferior a 40%. A porcentagem de células 
vivas deve exceder a quantidade de células móveis, uma vez que espermatozoides imóveis não 
estão necessariamente mortos. A vitalidade também deve ser realizada o mais rápido possível, 
para evitar que o tempo e as alterações de temperatura alterem a quantidade de espermatozoides 
vivos. 
O principal método de avaliação de vitalidade é o método da eosina/nigrosina. A nigrosina 
é usada para aumentar o contraste entre o fundo do esfregaço e os espermatozoides. Nessa técnica, 
os espermatozoides com cabeça vermelha ou rosa-escuro são considerados mortos, uma vez que 
alterações estruturais permitiram a entrada do corante nas suas cabeças.
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Já espermatozoides com a cabeça branca, ou que apresentam apenas algumas manchas e o resto 
da cabeça não é corada são considerados vivos (Figura 3). 
Considera-se aceitável que ao menos 58% dos espermatozoides estejam vivos. Números 
muito altos de espermatozoides mortos (necrospermia) podem estar relacionados a deficiências 
no suprimento nutricional dos espermatozoides.
Figura 3 - Espermatozoides corados pela eosina/nigrosina. Aqueles que apresentam cabeça branca são os vivos e os 
que apresentam cabeça rosa/vermelha são considerados mortos. Fonte: Hernandez (2013).
1.4.3 Contagem de espermatozoides 
A contagem de espermatozoides pode ser determinada de diferentes formas, porém uma 
das mais utilizadas é a contagem em câmara de Neubauer, utilizando-se amostra de sêmen diluído 
1:20 ou 1:200. Utiliza-se como líquido diluidor uma solução de bicarbonato de sódio + formalina, 
que irá fazer com os espermatozoides fiquem fixos na lâmina, o que facilita a contagem. Devem 
ser contados apenas espermatozoides inteiros (com cabeça e cauda) (Figura 4). 
Figura 4 - Espermatozoides em lâmina para contagem. Fonte: PNCQ (2019).
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Considera-se normal (normozoospermia) valores de espermatozoides acima de 20 
milhões/mL, (ou 15 milhões/mL por outros autores) e valores abaixo desses são considerados 
oligozoospermia. Quando nenhum espermatozoide é encontrado recebe o nome de azoospermia. 
Pequenas quantidades de espermatozoides podem estar relacionadas à varicocele, infecções, 
alterações hormonais, alterações cromossômicas ou até abstinência sexual insuficiente. 
1.4.3 Contagem de células não espermáticas
1.4.3.1 Contagem de células redondas 
Quando se fala em células redondas, estão incluídas células jovens e leucócitos. Em 
microscopia normal sem o uso de corantes, não é possível diferenciá-los, por isso usa-se essa 
classificação geral (Figura 5). Caso o número de células redondas ultrapasse a normalidade pode 
ser realizado o esfregaço para a contagem diferencial (Figura 6). A contagem também é realizada 
em câmara de Neubauer, da mesma forma que os espermatozoides. 
Números aumentados de leucócitos podem indicar processos infecciosos ou inflamatórios, 
e devem ser investigados, uma vez que infecções do trato genital podem contribuir com quadros 
de infertilidade. São considerados valores normais
Para a contagem em câmara de Neubauer, diferentes regiões da câmara e diferentes 
diluições da amostra podem ser utilizadas, o que influencia diretamente na forma 
como serão realizados os cálculos de quantidade final de espermatozoides. Por 
exemplo: Caso sejam utilizados os quatro grandes quadrantes laterais da câmara 
de Neubauer, a soma de todos os espermatozoides contados deve ser multiplicada 
por 2500 e pela diluição. Ou seja, caso a diluição tenha sido de 1:20 e tenham sido 
contados um total de 500 espermatozoides (somando os quatro quadrantes), a 
conta seria a seguinte: 500 x 2500 x 20 (diluição) = 25.000.000 espermatozoides/
ml. 
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Figura 5 - Contagem de células redondas. Fonte: PNCQ (2019).
Algumas células jovens podem estar presentes normalmente no sêmen, sendo normal até 
1% de espermatócitos e até 3% de espermátides. A quantidade de células jovens é proporcional 
à diminuição da qualidade dos espermatozoides. E o aumento dessas células é comum em 
varicocele, processos traumáticos, seminomas, processos infecciosos agudos e crônicos. 
Figura 6 - Amostra corada para diferenciação de leucócitos. Fonte: PNCQ (2019).
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Figura 7 - Representação esquemática dos principais defeitos dos espermatozoides. Fonte: Wix (2019).
1.5 Paciente vasectomizado 
Todas as avaliações descritas anteriormente são realizadas quando a indicação do 
espermograma é para buscar possíveis alterações que possam atrapalhar a fertilidade. Quando 
a indicação do exame é para validar uma vasectomia realizada, o exame baseia-se apenas na 
detecção (ou não) de espermatozoides. 
O ideal é que sejam realizadas coletas mensais, que se iniciam dois meses após a 
cirurgia, e terminam apenas quando duas amostras mensais consecutivas não apresentarem 
espermatozoides. 
2 - LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO 
O exame do líquido cefalorraquidiano (LCR), ou líquor, é amplamente utilizado para 
diagnóstico de doenças neurológicas, que incluem hemorragias, neoplasias e possíveis infecções. 
Entre as funções do LCR no organismo humano, ele é responsável pelo aporte de nutrientes, 
excreção de metabólitos e proteção mecânica do Sistema Nervoso Central (SNC). 
Diversos fatores podem influenciar na fertilidade masculina. Deformidades 
anatômicas, alterações hormonais, infecções, entre outros. Maiores informações 
sobre assunto podem ser encontradas no texto de SANTOS, T.R.M. et al.: 
Considerações sobre a infertilidade masculina. Cadernos de Graduação – Ciências 
Biológicas e da Saúde. Aracaju. Vol.1, nº 16, 2013, p. 21-26. Disponível em: <https://
periodicos.set.edu.br/index.php/cadernobiologicas/article/view/254/280>.
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2.1 Coleta 
A coleta do LCR só pode ser realizada por profissional especializado, e ela normalmente é 
realizada por função lombar (especialmente entre L3 e L4, L4 e L5 ou L5 e S1) (Figura 8). 
Figura 8 - Representações esquemáticas da coleta de líquido cefalorraquidiano. Fonte: Haes (2019).
Para acoleta do LCR, são utilizados três frascos estéreis, sem anticoagulante, que serão 
encaminhados para: análises bioquímicas/sorológicas, análise citológica e análise microbiológica. 
Caso a coleta tenha sido realizada em apenas um frasco, primeiro deve ser retirada amostra 
para o exame microbiológico, em seguida para o citológico e por último para os bioquímicos/
sorológicos. 
As amostras de LCR devem ser encaminhadas para o laboratório o mais rápido possível 
após a coleta, sendo que as amostras que se destinam à citologia e à bioquímica devem ser 
mantidas sobre refrigeração, já a amostra que se destina à cultura microbiológica deve ser 
armazenada em temperatura ambiente (pois caso o número de microrganismos seja escasso, ou 
sejam microrganismos muito fastidiosos, o crescimento pode ser dificultado/inibido pela baixa 
temperatura). 
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2.2 Aspecto/cor
O LCR normal tem aspecto límpido, transparente, comparável à água filtrada (Figura 9). 
Já o LCR patológico, tem aspecto que pode variar de levemente opalescente à turvo, hemorrágico 
e purulento. 
Figura 9 - Líquido cefalorraquidiano normal. Observe o aspecto límpido semelhante à água filtrada. Fonte: Biome-
dicina padrão (2019).
A cor normal do LCR é incolor, podendo ser amarela no recém-nascido. Em casos de 
hemorragia pré-existente ou acidente de punção pode apresentar coloração vermelha, também 
chamada de eritrocrômica. E quando existe passagem de bilirrubina do sangue para o LCR, o 
que pode acontecer em casos de icterícia ou hemorragia intensa, ele adquire coloração amarela, 
também conhecida como xantocrômica (Figura 10). 
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Figura 10. Cores do líquido cefalorraquidiano. A – normal/límpido; B – xantocrômico; C – Eritrocrômico. Fonte: 
Errante (2016).
2.3 Avaliação microbiológica 
A avaliação microbiológica não será muito aprofundada aqui pois ela deve ser abordada 
em outras disciplinas com mais detalhes. Esta consiste em realizar a bacterioscopia, onde as 
características morfológicas e tintoriais do possível agente etiológico serão visualizadas. Essa 
etapa é extremamente importante, uma vez que tem resultado rápido e pode ajudar a optar pela 
terapêutica mais adequada. 
Para a cultura, devem ser utilizados meios de cultura específicos, uma vez que a maioria 
das bactérias relacionadas com os casos de meningite são bastante exigentes e fastidiosas. Um 
dos meios mais utilizados é o ágar chocolate, que é bastante rico e favorece o crescimento das 
principais bactérias causadoras de meningite. Caso a suspeita seja de uma infecção seja por fungos, 
ou outras bactérias como Mycobacterium tuberculosis, outros meios deverão ser utilizados. Além 
disso, normalmente utiliza-se a incubação em tensão de 5% de CO2. 
Entre os principais microrganismos envolvidos nas infecções do sistema nervoso central 
encontram-se: Neisseria meningitides, Haemophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae, 
Mycobacterium tuberculosis, Cryptococcus spp., entre outros. 
Nas Figuras 11, 12 e 13, é possível visualizar as características morfotintoriais das principais 
bactérias causadoras de meningites. É possível observar que cada um dos microrganismos tem 
diferentes formas e afinidades tintoriais, o que já auxilia no diagnóstico presuntivo e consequente 
início do tratamento com o antimicrobiano mais adequado. 
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Figura 11 - Neisseria meningitides – diplococos Gram negativos. Fonte: Rosenstein (2001).
Figura 12 - Streptococcus pneumoniae – cocos Gram positivos. Fonte: Allposters (2019).
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Figura 13 - Hemophilus influenzae – bacilos Gram negativos. Fonte: CDC (2019).
2.4 Avaliação bioquímica 
Uma das avaliações bioquímicas consiste na dosagem de glicose, que corresponde a dois 
terços da glicose sanguínea. Valores diminuídos de glicose no LCR podem indicar infecções 
microbianas, uma vez que ela será consumida por tais agentes. Além disso, em infecções 
bacterianas os valores de lactato tendem a estar aumentados, devido ao metabolismo bacteriano.
A dosagem de proteínas, especialmente no início de uma meningite, se mostrará elevada 
(>40 mg/100mL), especialmente como uma resposta à infecção, tendendo a diminuir com o 
passar do tempo. 
Uma outra dosagem importante é a de cloretos, a qual servirá de base para avaliação do 
equilíbrio acidobásico. Os valores de cloretos estarão especialmente baixos em processos crônicos 
e na neurotuberculose. 
As dosagens bioquímicas no LCR são realizadas no sobrenadante, após centrifugação da 
amostra. 
2.5 Avaliação citológica 
A avaliação citológica irá avaliar a presença de leucócitos, hemácias, células tumorais, 
leveduras e fungos. Normalmente o LCR não contem esses elementos, e após contagem global é 
considerado normal uma contagem de leucócitos e hemácias que não ultrapasse 5 células por mL. 
Caso na contagem seja visualizado excesso de leucócitos, existe a necessidade da realização 
de contagem diferencial, uma vez que o tipo de célula em predomínio pode direcionar qual é o 
tipo de infecção. Mas vale ressaltar que o diagnóstico citológico sozinho não é confirmatório, e 
deve ser usado em conjunto com outras avaliações. 
Quando existe predomínio de neutrófilos, suspeita-se de meningite bacteriana, 
meningoencefalite viral ou micótica inicial e tuberculosa inicial. Se o número de linfócitos 
estiver aumentado suspeita-se de meningite viral, tuberculosa, fúngica, sifilítica, entre outras. 
Se o número de eosinófilos estiver aumentado suspeita-se de parasitas, como cisticerco, algumas 
micoses e reações alérgicas. Já se houver predomínio de blastos (células jovens) pode sugerir uma 
possível infiltração de células neoplásicas devido a um linfoma ou leucemia. 
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3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nessa unidade, foi possível conhecer os principais aspectos que envolvem a análise do 
líquido seminal e do líquido cefalorraquidiano. 
Apesar de serem análises relativamente simples de serem realizadas, ambas precisam ser 
realizadas o quanto antes essas amostras cheguem ao laboratório. 
A amostra de sêmen, caso dique muito tempo exposta antes da análise pode apresentar 
resultados falsos, uma vez que os espermatozoides perdem mobilidade e vitalidade conforme o 
tempo vai passando. 
Já as amostras de LCR devem ser analisadas rapidamente pois a demora nos resultados 
pode ser determinante para que o paciente tenha o diagnóstico correto e inicie o tratamento, 
reduzindo as chances de sequelas graves e até de morte. As análises de LCR são mais realizadas 
em laboratórios que sirvam de apoio a hospitais e clínicas de emergência, devido à gravidade das 
doenças envolvidas. 
Na próxima unidade, fecharemos a disciplina com a análise de um dos principais líquidos 
biológicos utilizados para diagnóstico desde a antiguidade, a urina.
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04
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 61
1 - FUNÇÃO RENAL ................................................................................................................................................... 62
1.1 ANATOMIA RENAL .............................................................................................................................................. 62
1.2 FISIOLOGIA RENAL ............................................................................................................................................ 63
1.2.1 FLUXO SANGUÍNEO RENAL ............................................................................................................................63
1.2.2 FILTRAÇÃO GLOMERULAR ............................................................................................................................ 64
1.2.3 FUNÇÃO TUBULAR ......................................................................................................................................... 64
2 - TESTES PARA AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL .............................................................................................. 65
2.1 URINÁLISE .......................................................................................................................................................... 65
2.2 UREIA ................................................................................................................................................................. 65
URINÁLISE
PROF.A DRA. MARIANA APARECIDA LOPES ORTIZ
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
CITOPATOLOGIA 
E URINÁLISE
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2.3 CREATININA ....................................................................................................................................................... 65
2.4 DEPURAÇÃO DE CREATININA .......................................................................................................................... 65
3 - URINÁLISE ......................................................................................................................................................... 66
3.1 COLETA DA AMOSTRA ........................................................................................................................................ 66
3.2 EXAME FÍSICO DA URINA ................................................................................................................................. 67
3.2.1 COR .................................................................................................................................................................... 67
3.2.2 ASPECTO.......................................................................................................................................................... 69
3.2.3 DENSIDADE .................................................................................................................................................... 69
3.4 EXAME MICROSCÓPICO .................................................................................................................................. 73
3.4.1 HEMÁCIAS ........................................................................................................................................................ 73
3.4.2 LEUCÓCITOS ................................................................................................................................................... 74
3.4.3 CÉLULAS EPITELIAIS ..................................................................................................................................... 74
3.4.4 CILINDROS ...................................................................................................................................................... 76
3.4.5 CRISTAIS ......................................................................................................................................................... 78
3.4.6 MUCO .............................................................................................................................................................. 79
3.4.7 BACTÉRIAS ...................................................................................................................................................... 79
3.4.8 OUTROS ELEMENTOS ................................................................................................................................... 79
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................................................80
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INTRODUÇÃO 
Para finalizar a disciplina de Citopatologia e Urinálise, nessa unidade, abordaremos um 
dos líquidos biológicos mais utilizados para o diagnóstico de doenças e disfunções, a urina. 
A urina é considerada o início da medicina laboratorial, e antigamente, muitas vezes era 
o único parâmetro utilizado para o diagnóstico; apresenta diversas características que a tornam 
uma amostra ideal, como o fato de ser de fácil obtenção, a coleta na maioria das vezes não é 
dolorosa ou incômoda, e nela são encontradas informações sobre diversas funções metabólicas. 
Sua análise é um método barato, e que pode servir para o descobrir principalmente distúrbios 
renais, mas também distúrbios metabólicos e hepáticos. 
Assim, nessa unidade, abordaremos as principais características relativas à função renal, e 
detalharemos a urinálise, principal exame utilizado para avaliar a função renal e de outros órgãos. 
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1 - FUNÇÃO RENAL
Para conseguirmos entender as avaliações realizadas na urinálise, precisamos inicialmente 
relembrar a estrutura, função e fisiologia dos rins. De forma geral, os rins apresentam como 
funções: 
• Eliminar resíduos metabólicos e substâncias químicas: entre esses resíduos e substâncias 
podemos citar ureia, creatinina, ácido úrico, bilirrubina, medicamentos, toxinas, entre outros; 
• Reter nutrientes e substâncias que serão reutilizadas pelo organismo: proteínas, 
aminoácidos, água, glicose, cálcio, entre outros;
• Regular o equilíbrio ácido básico e hidroeletrolítico; 
• Regular a pressão arterial; 
• Sintetizar hormônios: destacam-se eritropoetina, renina, 1,25-hidrooxicolecalciferol, 
prostaglandinas. 
1.1 Anatomia renal 
Os rins são órgãos que apresentam um formato parecido com um grão de feijão e que 
apresentam peso aproximado de 150g em um homem adulto. Após um corte longitudinal é 
possível verificar duas regiões, uma camada externa (córtex) e uma camada interna (medula) 
(Figura 1). 
Figura 1 - Estrutura do rim. Fonte: Anatomia do corpo (2019).
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O néfron é a unidade básica do funcionamento dos rins, sendo que cada rim apresenta 
aproximadamente um milhão de néfrons, os quais são os responsáveis pelos processos que 
envolvem a fisiologia dos rins. Cada néfron é composto pelas seguintes unidades básicas: 
glomérulo, túbulos contorcidos proximais (TCP), alça de Henle (AH), túbulos contorcidos distais 
(TCD) e tubo coletor (TC) (Figura 2).
Figura 2 - Estrutura do néfron. Fonte: Info Escola (2019).
No córtex são encontrados os glomérulos, os tubos contorcidos proximais e distais. Já 
na medula encontram-se as alças de Henle e os tubos coletores. Esses últimos drenam o líquido 
através das pirâmides da pelve renal para os cálices, seguida, a urina é drenada para o ureter e dos 
ureteres chega até a bexiga. A estrutura 
1.2 Fisiologia renal 
O processo de formação da urina envolve quatro processos: fluxo sanguíneo renal, 
filtração glomerular, reabsorção tubular e secreção tubular. 
1.2.1 Fluxo sanguíneo renal 
O sangue chega aos rins através da artéria renal, e pelas arteríolas aferentes atinge os 
néfrons para ser filtrado nos glomérulos. A saída do glomérulo acontece através pelas arteríolas 
eferentes. A variação entre o tamanho das arteríolas aferentes e eferentes é o que gera a pressão 
hidrostática necessária para que a filtração glomerular aconteça. 
Depois de sair pelas arteríolas eferentes, o sangue circula através dos capilares peritubulares 
e nos vasos retos, passando muito perto dos túbulos proximais e distais, o que faz com que seja 
possível a troca de substâncias, seja para reabsorção ou secreção. 
Já os vasos retos são adjacentes às alças de Henle, local de ocorrência da maioria das 
trocas de água e sais entre o sangue e a medula renal. 
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1.2.2 Filtração glomerular 
A primeira etapa de filtração do sangue inicia nos glomérulos. Grosseiramente falando, 
os glomérulos funcionam como uma peneira, onde substâncias com peso molecular maior que 
60.000 ficam retidas e as menores conseguem passar. Como dito anteriormente, a diferença de 
pressão entre as arteríolas aferentes e eferentes favorece a filtração glomerular. Além disso, a 
membrana dos glomérulos é carregada negativamente, ou seja, irá repelir moléculas que também 
tem carga negativa, como as proteínas. 
O sistema renina-angiotensina-aldosterona também contribui para a filtração glomerular. 
Ele é ativado quando ocorrem alterações na pressão sanguínea e nos níveis plasmáticos de sódio. 
Quando os níveis de sódio plasmáticos estão baixos, ocorre a redução da retenção de água, 
diminuindo assim o volume sanguíneo e consequentemente a pressão sanguínea. 
O filtrado glomerular é quase idêntico ao plasma, com a diferença de conter quantidade 
diminuída de proteínas. A sua composição vai mudando conforme os mecanismos de reabsorção 
e secreção acontecem.
1.2.3 Função tubular 
Os túbulos são responsáveis tanto pela reabsorção de substâncias que foram filtradas no 
glomérulo, ou seja, passaram pela membrana semipermeável, quanto pela secreção de substâncias 
que não passaram pelo filtrado. 
O túbulo contorcido proximal recebe o filtrado glomerular, que contém muitas 
substâncias essenciais ao organismo, além de metabólitos e resíduos tóxicos. Dessa forma, os 
TCP são responsáveis pela reabsorção de: cerca de 25% da água, sódio e cloretos filtrados; toda 
glicose filtrada até o limiar de reabsorção; quase todos os aminoácidos, vitaminas e proteínas; 
quantidades variáveis de íons diversos (cálcio, magnésio, potássio); 98 a 100% do ácido úrico. 
A água, ureia e cloretos são reabsorvidos de forma passiva, já as outras substâncias são 
reabsorvidas ativamente, ou seja, com gasto de energia. 
Nos TCP também são secretados íons hidrogênio, histamina e medicamentos como a 
penicilina. E principalmente na alça de Henle e no TC, acontecerá a regulação do equilíbrio 
acidobásico, com a secreção de íons hidrogênio e de água. 
O limiar renal é a concentração plasmática de uma substância no qual o transporte 
ativo para reabsorção tubular para. Dessa forma, quando a concentração de 
uma substância atinge níveis anormalmente altos no plasma, a capacidade de 
reabsorção dos túbulos é ultrapassada e essa substância aparece na urina. O limiar 
da glicose, por exemplo, é de 160 a 180 mg/dL, ou seja, quando as concentrações 
de glicose sanguínea ultrapassam esses valores, ela passa a ser eliminada na 
urina, podendo servir de indícios de Diabetes. 
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2 - TESTES PARA AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL 
Diversos testes podem ser utilizados para avaliação da função renal, sendo que cada um 
apresenta um objetivo específico. Os principais testes serão citados aqui com breves descrições, a 
urinálise será abordada com mais detalhes. 
2.1 Urinálise 
É um exame de rotina, não invasivo, também conhecido como parcial de urina, ou urina 
I. Ele fornece diversas informações gerais a respeito do funcionamento dos rins e o trato urinário 
inferior. 
2.2 Ureia 
A ureia é o principal composto nitrogenado (não proteico) encontrado no sangue. Nos 
rins ela é filtrada pelos glomérulos, e sobre reabsorção passiva nos túbulos (até 70%). A dosagem 
de ureia no sangue pode dar muitas informações a respeito do funcionamento renal, sendo que 
valores aumentados, chamado de azotemia, podem estar relacionados, entre outros fatores, a 
doenças como insuficiência renal aguda ou crônica, glomerulonefrite, ou até obstruções do trato 
urinário. 
2.3 Creatinina
A creatinina é excretada pelos rins, em velocidade constante, em valores proporcionais à 
massa muscular da pessoa, uma vez que ela é formada nos músculos a partir da creatina – filtrada 
pelos glomérulos, e normalmente não reabsorvida nos túbulos. Valores altos de creatinina no 
sangue estão sempre associados com uma função renal anormal, especialmente na filtração 
glomerular. 
2.4 Depuração de creatinina 
A depuração, ou clearance, corresponde ao volume de plasma que é filtrado nos glomérulos 
por minuto, considerando que a substância é totalmente excretada e não é reabsorvida. Sendo 
assim, essa dosagem é utilizada para avaliar a filtração glomerular. Essa dosagem apresenta 
diversas vantagens, uma vez que a creatinina tem produção constante, não sofre influência da 
dieta, é filtrada e não reabsorvida. 
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Uma abordagem simples a respeito da insuficiência renal e do exame de creatinina 
pode ser vista no vídeo: Saiba de seus rins estão doentes. Disponível em: <https://
youtu.be/jOIcaY8-Vcc>. Acesso em 10 jan. 2019.
3 - URINÁLISE 
3.1 Coleta da amostra
A coleta da amostra é uma das etapas mais importantes para que os resultados da urinálise 
sejam fieis e confiáveis. 
O recipiente para a coleta deve ser limpo, seco e de boca larga. Lembrando que os frascos 
devem ser corretamente identificados com o nome do paciente, data e hora da coleta. 
Para a coleta da amostra o paciente deve ser instruído que deve realizar a higienização 
da região genital, e desprezar o primeiro e último jato de urina, coletando o jato médio. Esse 
procedimento é importante, pois o primeiro jato de urina normalmente é contaminado com 
muitas células e algumas bactérias da microbiota. Normalmente é utilizada a coleta da primeira 
urina da manhã, uma vez que ela é mais concentrada e pode refletir melhor o funcionamento dos 
rins. Em pacientes hospitalizados ou com dificuldades para realizar a micção espontânea, podem 
ser utilizados cateteres que cheguem até a bexiga, passando pela uretra. 
Para a coleta em recém-nascidos e crianças com pouca idade, são utilizados coletores 
de plástico, com adesivos, que se fixam à região genital da criança. Para minimizar as chances 
de contaminação, o coletor, caso a criança não tenha urinado, deve ser trocado a cada trinta 
minutos, e realizada nova higiene local. 
Caso a indicação do exame seja para a coleta de urina de 24 horas, ela consiste na coleta de 
toda a urina eliminada nesse período, pois ela tem o intuito de analisar o volume e a concentração 
de determinados analitos. A urina que for sendo coletada durante o dia, deve ser mantida sob 
refrigeração para preservar as características da amostra.
Caso a necessidade seja de uma amostra que represente exatamente o que está acontecendo 
na bexiga, sem que haja contaminação pelas vias urinárias, a coleta é ideal é a punção suprapúbica. 
Ela é colhida com através de uma agulha que atinge a bexiga, sendo uma técnica totalmente estéril. 
Ou seja, caso sejam visualizados microrganismos, eles realmente estavam dentro da bexiga. 
A amostra de urina deve ser entregue ao laboratório o mais rápido possível e deve ser 
analisada dentro de no máximo uma ou duas horas. Caso não seja possível analisar nesse prazo, a 
amostra deve ser armazenada sob refrigeração. Caso a mesma amostra de urina for ser utilizada 
para a cultura microbiológica, ela deve ser refrigerada até o momento do cultivo. 
Quando houver necessidade de uso de um conservante, ele deve ser capaz de inibir o 
crescimento microbiano, preservar os elementos urinários e não interferir nos testes químicos. 
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A urina não preservada pode apresentar diversas alterações que estão resumidos no 
Quadro 1. 
Analito Alteração Causa
Cor Modificada/escurecida Oxidação ou redução de metabólitos
Aspecto Turva
Crescimento bacteriano e 
precipitação de material 
amorfo
Odor Aumentado
Multiplicação bacteriana ou 
metabolização da ureia para 
amônia
pH Aumentado
Metabolizaçãoda ureia 
para amônia por bactérias 
produtoras de uréase/ perda 
de CO2
Glicose Reduzida Glicólise e consumo bacteriano
Cetonas Reduzidas Volatilização e metabolismo bacteriano
Bilirrubina Reduzida Foto-oxidação 
Urobilinogênio Reduzido Oxidação 
Nitritos Aumentados Multiplicação de bactérias redutoras de nitrato
Eritrócitos, leucócitos 
e cilindros Reduzidos Desintegração
Bactérias Aumentadas Multiplicação 
Quadro 1 - Alterações na urina não preservada. Fonte: o autor.
3.2 Exame físico da urina
O exame físico da urina inclui a determinação da cor, aspecto e gravidade específica ou 
densidade. 
3.2.1 Cor
Normalmente, a urina tem cor amarela, que acontece devido a excreção de três pigmentos, 
urocromo (amarelo), uroeritirina (vermelho) e urobilina (laranja). A intensidade da cor está 
relacionada diretamente com a concentração da amostra, quanto maior a ingestão de líquidos 
mais clara é a urina, quanto menor a ingestão de líquidos mais escura é a cor da urina. 
A coloração da urina também pode ser influenciada por substâncias ingeridas, como 
corantes alimentares ou medicamentos. Além disso, outras colorações diferentes do amarelo 
podem indicar algumas patologias. Uma descrição das principais alterações de cor pode ser 
visualizada no Quadro 2. 
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Cor Causa Correlação Clínico/Laboratorial
Incolor Ingestão recente de fluídos
Comumente observada com amostras 
aleatórias
Amarela pálida
Poliúria ou diabetes 
insípidus
Diabetes mellitus
Amostra aleatória diluída
Volume de 24 horas elevado
Elevada gravidade específica e resultado 
positivo para glicose
Consumo recente de fluídos
Amarela escura Amostra concentrada
Pode ser normal após exercício extenuante ou na 
primeira amostra da manhã
Desidratação pela febre ou queimadura
Âmbar/Laranja
Bilirrubina
Acriflavone
Fenazopiridina 
(Pyridium)
Nitrofurantoína
Espuma amarela, quando agitada, e resultado 
positivo para bilirrubina
Teste negativo para bile e possível 
fluorescência verde
Drogas comumente usadas para infecções 
urinárias
Pode ter espuma laranja e pigmento laranja 
denso que podem interferir com as leituras 
das tiras reagentes
Amarela-verde Bilirrubina oxidada
Espuma colorida na urina ácida e resultados 
falso-negativos para bilirrubina
Verde Infecção por Pseudomonas Urocultura positiva
Azul-verde Amitriptilina/Metocarbamol
Medicamentos
Rosa/Vermelha
Eritrócitos
Hemoglobina
Mioglobina
Porfirinas
Beterraba
Rifampicina
Contaminação menstrual
Urina turva com resultados positivos da 
análise química de hemoglobina e eritrócitos 
visíveis microscopicamente
Urina límpida com resultados positivos de 
hemoglobina, hemólise intravascular
Lesão muscular
Negativo para hemoglobina
Detectada sob luz ultravioleta
Alimentos
Medicamentos
Amostra turva com eritrócitos, muco e 
coágulos
Marrom/Preta
Hemoglobina oxidada/
metemoglobina
Derivados do fenol/
Argirol/Metildopa ou 
levodopa/Metronidazol
Visto em urinas ácidas um tempo após a 
coleta; resultado positivo da análise química 
para hemoglobina
Medicamentos/antissépticos
Quadro 2 - Alterações de cor na urina e possíveis correlações clínico-laboratoriais. Fonte: o autor.
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3.2.2 Aspecto
A urina recém emitida deve apresentar-se clara e transparente. Com o passar do tempo 
ela começa a ficar turva, devido a presença de muco e precipitação de cristais. Em situações 
anormais, a urina pode estar turva devido a presença de leucócitos, bactérias, hemácia, cilindros, 
cristais, entre outras substâncias. No Quadro 3 é possível observar situações patológicas de 
turvação da urina e no Quadro 4 situações não patológicas. 
Eritrócitos
Leucócitos
Bactérias
Fungos
Células epiteliais não escamosas
Cristais anormais
Linfa
Lipídeos
Quadro 3 - Causas patológicas de turvação na urina. Fonte: o autor.
Células epiteliais escamosas
Muco
Fosfatos, carbonatos e uratos amorfos
Sêmen, espermatozoides
Contaminação fecal
Meio de contraste radiográfico
Cremes vaginais
Talco
Quadro 4. Causas não patológicas de turvação na urina. Fonte: o autor.
3.2.3 Densidade 
A densidade normal da urina varia de 1,010 a 1,030 e ela indica a concentração de sólidos 
que estão solubilizados na urina; é um bom marcador para avaliar a concentração da urina e 
consequentemente o estado de hidratação do paciente. A densidade pode ser dosada através das 
tiras reativas (método químico – que será descrito mais a frente) ou através de um densitômetro 
ou refratômetro. 
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Figura 3 - Exame químico da urina. Fonte: MD Saúde (2019).
 Os parâmetros avaliados pelo exame químico serão descritos abaixo: 
• pH:
A avaliação do pH irá mostrar a capacidade dos rins em manter a concentração dos íons 
hidrogênio. O pH normal da urina recém eliminada é em torno de 6,0. A determinação do pH 
também é útil para identificação de cristais que serão visualizados no exame microscópico do 
sedimento urinário, pois alguns cristais normalmente são encontrados em urina ácida e alguns 
em urinas alcalinas.
Urinas muito ácidas podem indicar: dieta rica em proteínas e algumas frutas, Diabetes 
mellitus, doenças respiratórias e o uso de alguns medicamentos. Urinas alcalinas podem indicar 
alcalose metabólica, vômitos excessivos ou uma dieta rica em verduras. 
• Proteínas: 
As proteínas estão presentes na urina, porém em quantidades pequenas, o equivalente 
a 150 mg/24 horas ou 10 mg/dL. Essa pequena quantidade de proteínas que é normalmente 
eliminada na urina corresponde basicamente à proteína Tamm-Horsfall. Proteínas com peso 
menor que 60.000 daltons são filtradas pelos glomérulos, mas são quase totalmente reabsorvidas 
pelos túbulos. A albumina possui 67.000 daltons de peso molecular, e parte dela chega até o 
filtrado glomerular, sendo depois, a maior parte reabsorvida nos túbulos. 
Dessa forma, para que as proteínas aparecem aumentadas na urina, pode estar havendo 
aumento da permeabilidade da membrana do glomérulo ou diminuição da reabsorção tubular. 
A eliminação de quantidades aumentadas de proteínas na urina recebe o nome de 
proteinúria. A identificação química, normalmente se dá através da identificação de albumina 
na urina, uma vez que ela é a proteína que mais é eliminada na urina nesses casos. A proteinúria 
pode ser classificada como: 
∘ Proteinúria pré-renal: a eliminação de proteínas em excesso não apresenta relação com 
os rins. Ela pode estar relacionada à produção excessiva de proteínas de baixo peso molecular, que 
passarão pelo glomérulo, como por exemplo a proteínas de Bence Jones, no mieloma múltiplo; ou 
devido ao aumento da pressão hidrostática, que força a passagem de substâncias pela membrana 
do glomérulo, o que pode estar acontecendo em pessoas com hipertensão arterial ou insuficiência 
cardíaca congestiva, por exemplo. 
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∘ Proteinúria glomerular: decorrente de doenças glomerulares, como glomerulonefrite e 
síndrome nefrótica. Nesse caso, quanto maior a lesão renal, maior será a perda de proteínas. 
∘ Proteinúria tubular: em doenças como pielonefrite, necrose tubular, em casos de 
intoxicação por metais pesados, entre outros, ocorre lesão dos túbulos, fazendo com que eles não 
sejam capazes de reabsorver completamente as proteínas filtradas. 
∘ Proteinúria pós-renal: é o tipo de proteinúria decorrente de problemas nas vias urinárias 
baixas, como em infecções/inflamações de bexiga (cistite) ou uretrites. Nesses casos ocorre 
aumento da mobilização de proteínas devido ao exsudato inflamatório. 
Resultados falso-positivos podem ser observados em urinas muito alcalinas (pH acima 
de 9,0), contaminação da amostra com detergentes, e alcaloides em geral. Já resultados falso-
negativos,estão relacionados com proteinúria de Bence-Jones, presença de outras proteínas que 
não sejam albumina, grande concentração de sais.
 
• Glicose: 
A glicose, como já relatado é uma substância que é filtrada pelos glomérulos e é reabsorvida 
totalmente pelos túbulos até atingir o limiar renal. A glicosúria, que é o aparecimento de glicose 
na urina, acontecerá em casos onde a glicose sanguínea ultrapassa o limiar. 
Essa dosagem passa a ser então especialmente útil para monitorar paciente diabéticos. 
Além disso, a glicosúria também pode acontecer em casos de lesões renais que comprometam 
a reabsorção tubular, com o uso de alguns medicamentos, como os corticoides, entre outras 
situações. 
É importante ressaltar que resultados falso-positivos podem acontecer na presença de 
altas concentrações de vitamina C (ácido ascórbico), aspirina, corpos cetônicos, ou até quando 
existe falha na conservação da urina, favorecendo o consumo da glicose por bactérias. 
• Corpos cetônicos:
São produtos do metabolismo de lipídios, e compreendem ácido acetoacético, ácido 
betahidroxibutírico e a acetona. A cetonúria está muito relacionada com o diabetes, onde muitas 
vezes existe lipólise. Também pode acontecer em inanição, dietas, após exercícios físicos intensos, 
entre outros. 
Entre as possíveis interferências, resultados falso-positivos podem aparecer com o uso 
de determinados medicamentos, como L-dopa e fenolftaleína; já resultados falso-negativos 
acontecem devido à má conservação da urina, uma vez que os corpos cetônicos são substâncias 
voláteis. 
• Bilirrubina 
A bilirrubina normalmente aparecerá na urina quando sua concentração plasmática 
ultrapassar o limiar renal, e não for mais reabsorvida. Nesse caso estamos falando de bilirrubina 
direta, que foi conjugada e tornou-se hidrossolúvel, sendo capaz de chegar até os rins. Esse 
aumento pode ser então decorrente de hepatites, colestases e cirrose. A presença de bilirrubina 
na urina, ou bilirrubinúria, confere à urina uma cor amarela intensa ou âmbar. 
Entre as interferências, resultados falso-positivos podem acontecer devido a utilização 
de outras substâncias coradas; já os resultados falso-negativos também são decorrentes da 
má conservação da urina, uma vez que a bilirrubina é fotossensível, sendo degradada com a 
exposição à luz. Além disso, a presença de quantidades elevadas de ácido ascórbico e bactérias 
que decomponham a bilirrubina também podem causar resultados falso-negativos. 
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• Urobilinogênio
O urobilinogênio também está relacionado com a bilirrubina. Ele é um pigmento biliar 
formado pela ação de bactérias sobre a bilirrubina direta. Uma parte desse pigmento chega nos 
rins é filtrado pelos glomérulos e eliminado na urina, com concentrações próximas a 1,0 mg/
dL. Em distúrbios que aumentem a quantidade de bilirrubina, como doenças hemolíticas, entre 
outras, são responsáveis por aumento da eliminação de urobilinogênio. 
Entre as possíveis interferências, também podemos citar como falso-positivos o uso de 
substâncias coloridas; e falsos-negativos podem acontecer com altas concentrações de ácido 
ascórbico, bactérias e principalmente a má conservação, uma vez que o urobilinogênio, assim 
como a bilirrubina é degradado pela luz. 
• Sangue
O sangue pode aparecer na urina de duas formas: na forma de hemácias íntegras, o que 
recebe o nome de hematúria ou de hemoglobina, que recebe o nome de hemoglobinúria. 
A hematúria pode estar relacionada com cálculos renais, glomerulonefrite, tumores, 
traumatismos, pielonefrite, entre outras situações, que façam com que hemácias íntegras sejam 
liberadas no trato urinário. Já a hemoglobinúria está relacionada com situações de lise de 
hemácias, seja no trato urinário ou não. 
A diferenciação entre a presença de hemácias íntegras ou não acontecerá no exame 
microscópico do sedimento urinário, que será abordado adiante. 
Entre as interferências, contaminação menstrual, detergente oxidantes nos frascos de 
coleta e peroxidases (vegetais ou microbianas) podem causar resultados falso-positivos. Níveis 
elevados de ácido ascórbico e infecções graves do trato urinário podem levar a resultados falso-
negativos. 
• Nitrito 
A pesquisa de nitrito tem por função principal a detecção precoce de infecções do trato 
urinário. Diversas bactérias, especialmente as Gram negativas, tem capacidade de reduzir nitrato 
em nitrito. Dessa forma, resultados de nitrito positivos, podem indicar a presença de tais bactérias. 
Como interferências, amostras malconservadas podem apresentar resultados falso-
positivos, uma vez que bactérias contaminantes da amostra podem proliferar. Já resultados falso-
negativos podem acontecer quando uma infecção é causada por leveduras ou bactérias Gram 
positivas, os quais normalmente não transformam nitrato em nitrito. Ou em urinas com pH 
abaixo de 6,0, ou ainda com o consumo de grandes quantidades de ácido ascórbico. 
• Leucócitos 
A pesquisa de leucócito é extremamente útil para diagnosticar infecções e processos 
inflamatórios no trato urinário. Assim como a pesquisa de hemácias, os leucócitos, caso presentes, 
poderão ser vistos no exame microscópico do sedimento urinário. Porém, o exame químico é 
capaz até de identificar leucócitos que possam ter sido degradados. 
Resultados falso-positivos podem acontecer devido a contaminação com agentes 
oxidantes fortes e falso-negativos na presença de grandes quantidades de glicose e proteínas na 
amostra. 
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3.4 Exame microscópico 
O exame microscópico do sedimento urinário é realizado com a finalidade de detectar 
e identificar os elementos insolúveis que possam estar presentes na urina. Ele é realizado após a 
centrifugação da amostra de urina, utilizando o sedimento. 
3.4.1 Hemácias
As hemácias normalmente não atravessam nos néfrons íntegros, então como já dito 
anteriormente, elas aparecerão na urina em casos de lesões, traumatismos, infecções, entre 
outras situações. No exame microscópico elas aparecerão como discos incolores (Figura 4). É 
considerado normal o aparecimento de até 1000 hemácias/mL de urina. 
Figura 4 - Hemácias no exame microscópico. Elas aparecem como pequenos discos incolores, como pode ser visto 
nas setas. Fonte: Biomedicina Padrão (2019).
A forma como as hemácias são vistas no exame microscópicos também é muito 
importante para o diagnóstico de diversas doenças renais. Maiores informações 
e detalhes sore esse assunto podem ser encontrados no texto de MEHL, L.S., 
GREGÓRIO, P.C., MACIEL, R.A.P.: A importância do diagnóstico de dimorfismo 
eritrocitário na hematúria. Anais do EVINCI-UniBrasil, Vol. 1, nº 4, p. 120-131, 
2016. Disponível em: <http://portaldeperiodicos.unibrasil.com.br/index.php/
anaisevinci/article/viewFile/860/836>. 
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3.4.2 Leucócitos 
Como já descrito anteriormente, os leucócitos estarão presentes em processos inflamatórios 
e infecciosos. Os leucócitos aparecem no exame microscópico como células arredondadas, 
maiores que as hemácias, que possuem grânulos citoplasmáticos e núcleos lobulados (Figura 5). 
Os valores de referência podem variar entre alguns laboratórios, mas normalmente aceita-se que 
sejam visualizados até 7.000 ou 10.000 leucócitos/mL de urina. 
Figura 5 - Leucócitos no exame microscópico de sedimento urinário. Fonte: Atlas de Urinálise (2019).
3.4.3 Células epiteliais 
Alguns tipos de células epiteliais podem aparecer normalmente no sedimento urinário. 
Três tipos de células podem ser encontrados, sendo elas, epiteliais escamosas, epiteliais 
transicionais e células dos túbulos renais. 
As células epiteliais escamosas são as mais frequentes, sendo sua presença pouco 
significativa. São células provenientes da vagina ou uretra, e muitas vezes aparecemna urina 
por contaminação de uma coleta malfeita, onde não houve boa higienização prévia ou não foi 
desprezado o primeiro jato de urina. Elas apresentam formato retangular ou arredondado e 
núcleo central (Figura 6), é considerado normal o aparecimento de até 10.000 células/mL. 
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Figura 6 - Células epiteliais escamosas em exame de sedimento urinário. Fonte: Atlas de Urinálise (2019).
As células epiteliais transicionais, também chamadas de caudadas, são originárias da 
pelve renal, do cálice, do ureter e da bexiga. São menores, esféricas, caudadas ou poliédricas, com 
núcleo central (Figura 7). Quantidades pequenas dessas células podem ser encontradas na urina 
em condições normais. Podem estar aumentadas em casos de cauterização ou cicatrização. 
Figura 7 - Células epiteliais transicionais em exame de sedimento urinário. Fonte: Aprendendo Saúde (2019).
As células do epitélio renal também podem estar presentes em quantidades pequenas 
no sedimento urinário normal, decorrente da descamação de células velhas. Quantidades 
aumentadas, normalmente indicam doença renal ativa ou lesão tubular. Elas se apresentam como 
células arredondadas, com núcleo redondo e excêntrico (Figura 8). 
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Figura 8 - Células do epitélio renal em exame de sedimento urinário. Fonte: Aprendendo Saúde (2019).
3.4.4 Cilindros 
Os cilindros são os únicos elementos exclusivamente renais encontrados no sedimento 
urinário. Eles formam-se na luz do TCD, possibilitando assim, uma visão microscópica do 
que acontece no interior dos néfrons. Dessa forma, os cilindros tomam forma daquilo que está 
presente no filtrado no momento da sua formação, podendo ser hemácias, leucócitos, células, 
bactérias, entre outros elementos (Figuras 9 e 10). 
O componente básico dos cilindros é a glicoproteínas de Tamm-Horsfall, que é secretada 
pelas células tubulares. Algumas situações fisiológicas podem favorecer o aparecimento de 
cilindros no sedimento urinário, como exercícios físicos intensos, aumento da acidez urinária, 
entre outros, porém, de forma geral os cilindros não devem aparecer na urina. 
O Quadro 5 mostra os principais tipos de cilindros e as situações em que eles podem ser 
encontrados na urina. 
O Quadro 5 mostra os principais tipos de cilindros e as situações em que eles podem ser 
encontrados na urina. 
Tipo de cilindro Características Origem e significado clínico
Hialinos Incolores e pouco refringentes
Os mais frequentes, constituídos principalmente 
por proteína de Tamm-Horsfall. Elevado em 
exercício físico intenso, desidratação e estresse 
emocional. Em número elevado glomerulonefrite, 
pielonefrite, doença renal crônica.
Hemáticos
Refringentes, cor amarelo-
marrom. Podem conter hemácias 
integras
Indicam sangramento proveniente do interior do 
néfron. Sua presença relaciona-se principalmente 
com glomerulonefrite.
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Leucocitários Refringentes, contém grânulos e núcleos multilobulados. 
Significa infecção ou inflamação no interior 
dos néfrons. Aparecem na pielonefrite, 
glomerulonefrite.
Epiteliais Contém células tubulares com núcleo redondo. 
Formados de células epiteliais tubulares sem muita 
matriz proteica. Em presença de lesão tubular, 
as células tubulares onde as fibrilas da proteína 
Tamm-Horsfall se prendem soltam-se com o 
cilindro. Pielonefrite e glomerulonefrite.
Granulosos Possuem grânulos. 
Aparecem após estresse e exercício físico vigoroso. 
Nos processos patológicos, os grânulos podem 
representar desintegração de cilindros celulares ou 
leucocitários devido à estase urinária.
Céreos
Refringentes, com textura 
rígida, largo, com fendas laterais, 
amarelados e opacos. 
Indicam extrema estase urinária devido a processo 
tubular grave. Resultante da degeneração proteica 
em túbulos que permaneceram longo tempo 
sem funcionar. A água vai sendo reabsorvida e o 
cilindro transforma-se numa massa desidratada, 
como cera.
Gorduroso Refringentes, contendo gotículas gordurosas marrom-amareladas. 
Formados pela agregação de gotículas lipídicas 
livres à matriz protéica. Encontrados juntamente 
com corpos adiposos ovais na síndrome nefrótica.
Quadro 5 - Tipos de cilindros, características, origem e significado clínico. Fonte: o autor.
Figura 9 - Cilindro hemático a direita, e cilindro leucocitário a esquerda. Fonte: Atlas de Urinálise (2019).
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Figura 10 - Cilindros em exame de sedimento urinário. A - Hialino; B – Hialino com gordura; C – Hialino/Gra-
nular; D – Celular; E – Celular/Granular; F – Granular; G – Celular fino; H – Celular/céreo; I – Céreo. Fonte: 
Biomedicina Padrão (2019).
3.4.5 Cristais 
Os cristais são elementos bastante comuns na urina. Sua identificação é muito importante, 
para avaliar se representam ou não anormalidades. Eles são formados pela precipitação de sais 
da urina, quando submetidos a alterações de pH, temperatura ou concentração, fazendo com que 
não sejam mais solúveis. 
A determinação do pH urinário é muito importante, pois auxilia na identificação das 
substâncias que estão precipitadas. 
Entre os cristais normais de urina ácida, destacam-se: uratos, oxalato de cálcio, ácido 
úrico. Entre os cristais normais de urina alcalina encontram-se: fosfatos, biurato de amônio, 
carbonato de cálcio. 
Já entre os cristais anormais, podemos citar os de origem medicamentosa e os de origem 
metabólica (cistina, tirosina, leucina, colesterol e bilirrubina). É importante ressaltar que os 
cristais anormais, ou patológicos são em sua maioria cristais de urina ácida. O Quadro 6 mostra 
as situações em que esses cristais anormais podem estar presentes, e na Figura 11 é possível ver 
alguns cristais em exames microscópicos do sedimento urinário. 
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Cristal Correlação clínico-laboratorial
Medicamentosos Sulfadiazina, sulfametoxasol, ampicilina, aspirina, contraste radiológico, etc. É importan-
te que sejam identificados. Caso não seja possível, relatar a presença de substância não 
identificada e sugerir que seja um medicamento.
Cistina Urina ácida. Indicam um defeito metabólico no transporte tubular de aminoácidos. Pa-
cientes apresentam tendência para a formação de cálculos.
Tirosina Quando presentes podem indicar doença hepática grave.
Leucina Urina ácida. Podem indicar doenças hepáticas e defeitos do metabolismo de aminoácidos.
Colesterol Sua presença pode ser indicativa de síndrome nefrótica
Bilirrubina Doenças hepáticas onde o nível de bilirrubina plasmática está alto.
Quadro 6 - Cristais anormais e principais correlações clínico laboratoriais. Fonte: o autor.
Figura 11. Cristais na urina. Da esquerda para a direita, cristais de ácido úrico, cristal de fosfato triplo e cristal de 
bilirrubina. Fonte: Lacvet UFRGS (2019).
3.4.6 Muco 
É o material proteico produzido por células do sistema urogenital, e não é considerado 
clinicamente significativo. No microscópio são visualizados como estruturas filamentosas com 
baixo índice de refração. 
3.4.7 Bactérias 
A urina normal não deve apresentar bactérias. A presença dessas pode indicar 
contaminação com material da própria microbiota, ou uma infecção. Após a visualização de 
bactérias, a bacterioscopia através da coloração de Gram pode ser realizada para classificar essa 
bactéria de acordo com as suas afinidades morfotintoriais. 
3.4.8 Outros elementos 
Outros elementos podem ser visualizados na urina, como leveduras, parasitas, 
espermatozoides, e até alguns artefatos que podem ser encontrados devido condições inadequadas 
de coleta, como pelos, tecidos, etc. 
O encontro de espermatozoides em urinasde mulheres não deve ser relatado, uma 
vez que é algo antiético. Já em urinas masculinas, depende do procedimento padrão de cada 
laboratório, mas pode ser importante relatar, visto que em algumas situações pode indicar 
distúrbios ejaculatórios. 
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4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Encerramos aqui o conteúdo teórico da disciplina de Citopatologia e Urinálise, com o 
estudo de um dos exames mais realizados em todos os laboratórios de análises clínicas, que é a 
urinálise. Foi possível entender quais são as fases que compõem esse exame tão simples, mas tão 
rico em resultados, e que pode auxiliar no diagnóstico de diversas patologias. Os temas e assuntos 
abordados nessa disciplina servirão de base para outras disciplinas clínicas e principalmente para 
o estágio em Análises Clínicas. 
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REFERÊNCIAS
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