Text Material Preview
Prof. Dr. Klaus H. Rateitschak In memorian W853p Wolf, Herbert F. Periodontia / Herbert F. Wolf, Edith M. [Rateitschak-Plüss], Klaus H. Rateitschak ; tradução Ludmila C. Fruchi. – 3. ed., rev. e ampl. – Porto Alegre : Artmed, 2006. 532 p. ; 28 cm. – (Coleção Artmed de Atlas Coloridos de Odontologia) ISBN 978-85-363-0553-0 1. Odontologia – Periodontia. I. [Rateitschak-Plüss], Edith M. II. Rateitschak, Klaus H. III. Título. CDU 616.314.17 Catalogação na publicação: Júlia Angst Coelho – CRB Provisório 05/05 10 Estruturas periodontais Col, concavidade interpapilar Papila interdental vestibular Epitélio juncional Gengiva livre Gengiva inserida Junção mucogengival Mucosa de revestimento alveolar Cemento radicular Ligamento periodontal Compacta óssea Osso trasecular Lamina cribriformis = córtex ósseo alveolar Página ao lado: Fotomicrografia por microscopia eletrônica de transmissão (MET): formação radicular (criança de aproximadamente 6 anos) Formação das superfícies delimi- tantes entre a dentina, o cemento e o ligamento periodontal durante a rizogênese. Mineralização incial do cementóide depositado diretamente na denti- na; fibras colágenas de fixação; ce- mentoblastos semelhantes a fi- broblastos, que estão envolvidos na formação do cemento acelular de fibras extrínsecas. AA Dentina BB Cementóide CC Fibras colágenas DD Cementoblasto (semelhante ao fibroblasto): forma o cemento acelular de fibras extrínsecas Cortesia de D. D. Bossardt e H. E. Schroeder. 7 Biologia estrutural Biologia estrutural é um conceito genérico, que, além da macromorfologia e da histologia clássicas, abrange a função e os processos bioquímicos das células e das estruturas intercelulares. É indispensável possuir conhecimentos básicos sobre a biologia estrutural normal dos tecidos periodontais e a sua dinâmica (homeostase via mediadores, turnover) para a compreensão das alterações patobiológicas, uma vez que estas nada mais são que “desvios” das estruturas normais ou do equilíbrio funcional (Schroeder, 1992). O termo “periodonto” abrange quatro tecidos diferentes, duros ou moles: gengiva, cemento radicular, cór- tex ósseo alveolar e a estrutura que interliga esses dois últimos, ligamento periodontal. Cada um desses tecidos pode, ainda, ser subdividido de acordo com sua estrutura, função e localização. 11 Gengiva saudável A margem gengival é paralela à li- nha cemento-esmalte. As papilas vestibulares afilam-se em direção ao ponto de contato interdental. Em alguns pontos, é possível ver uma depressão entre a gengiva marginal livre e a inserida. Direita: A radiografia mostra sep- tos interdentários normais. Na imagem radiográfica original, a crista alveolar encontra-se a apro- ximadamente 1,5 mm do limite cemento-esmalte, em direção api- cal. 12 Variações de consistência da gengiva saudável Esquerda: Gengiva consistente, fi- brosa = fenótipo espesso. Direita: Gengiva delicada, pouco pontilhada = fenótipo fino. As pro- tuberâncias alveolares (contorno das raízes) são visíveis. Para o tratamento e a reparação tecidual, a gengiva consistente possui características mais favorá- veis (irrigação sanguínea e mar- gem gengival mais estável). 13 Gengiva pigmentada saudável Pigmentação regular da mucosa inserida (gengiva) de uma jovem negra de 16 anos. Direita: A pigmentação resulta da atividade dos melanócitos que es- tão no estrato basal do epitélio; no corte histológico, eles são identifi- cados como manchas castanhas. A gengiva constitui a mucosa gengival e é, ao mesmo tem- po, a estrutura mais periférica do periodonto. Ela parte da junção mucogengival (JMG) e recobre as áreas marginais do rebordo alveolar. No palato, a JMG inexiste, já que a gengiva é integrante da mucosa inserida, queratinizada, que constitui a mucosa palatina. A gengiva estende-se até os colos dentais, envolve os den- tes e, por meio de um anel epitelial (epitélio juncional), forma a junção epitelial dentogengival (p. 10), o que asse- gura a continuidade do revestimento epitelial da superfície da cavidade oral. Faz-se distinção entre a gengiva marginal livre, com cerca de 1,5 mm de largura, a gengiva inserida, cuja largura é muito variável, e a gengiva interdental. A gengiva saudável é de cor rosa-claro – indivíduos negros ou de pele escura (mas, em raros casos, também brancos) podem apresentar pigmentação castanha, de tonalidade va- riável –, fixa e apresenta diversas consistências. Sua super- fície é queratinizada e pode ter uma textura pontilhada, se- melhante à de casca de laranja (Schroeder, 1992). De forma geral, a gengiva pode ser consistente, espessa e fortemente pontilhada (fenótipo espesso) ou delicada, fina e quase lisa (fenótipo fino; Müller e Eger, 1996; Müller e cols., 2000). 8 Biologia estrutural – gengiva Gengiva 14 Largura da gengiva • Na maxila, a faixa da gengiva vestibular na região dos incisivos é larga e, na região dos caninos e primeiros pré-molares, estreita. No lado palatino, não há delimi- tação entre a gengiva marginal e a mucosa do palato. • Na mandíbula, a faixa da gengi- va lingual é estreita na região dos incisivos e larga na região dos molares. Por vestibular, a gengiva é es- treita na região dos caninos e dos primeiros pré-molares (se- tas) e larga na região dos incisi- vos laterais. 1155 VVaarriiaabbiilliiddaaddee ddaa llaarrgguurraa ddaa ggeennggiivvaa Os valores médios de largura da gengiva variam consideravelmen- te de um caso para outro. Em três pacientes da mesma idade, obser- va-se uma variação de largura da gengiva de 1 a 10 mm na região dos incisivos inferiores. Direita: Após aplicação de solução iodada de Schiller ou lugol, a mu- cosa alveolar, que contém glicogê- nio, mostra reação positiva para o iodo, ao contrário da gengiva. 1166 CCooll –– ccoonnccaavviiddaaddee iinntteerrppaappiillaarr A col é formada pela união dos epi- télios juncionais de dentes vizi- nhos. A morfologia dental, a largu- ra das coroas e o posicionamento dos dentes determinam a exten- são apicoincisal das áreas de con- tato interdentais (áreas hachura- das) e, conseqüentemente, a lar- gura (2 a 7 mm; colunas verme- lhas) e a profundidade (1 a 2 mm) da col. II Incisivo PP Pré-molar MM Molar Largura da gengiva A largura da faixa de gengiva inserida aumenta com a ida- de (Ainamo e cols., 1981), variando de um indivíduo para outro e, também, conforme o segmento dental em uma mesma pessoa. O conceito de que seja necessário um mí- nimo de gengiva inserida (cerca de 2 mm) para a manuten- ção da saúde do periodonto (Lang e Löe, 1972) é, hoje, considerado ultrapassado. Nas intervenções cirúrgicas, en- tretanto, uma faixa gengival larga pode ser vantajosa, tan- to sob o aspecto terapêutico como o estético. Col – concavidade interpapilar Abaixo do ponto ou área de contato interdental, em direção apical, a gengiva interdental apresenta uma depressão. Es- sa concavidade (col) situa-se entre a papila vestibular e a lingual, não é visível clinicamente e, conforme a extensão da área de contato, varia em largura e profundidade. O re- vestimento epitelial da col é constituído pelos epitélios marginais dos dentes vizinhos (epitélio não-queratinizado; Cohen, 1959, 1962; Schroeder, 1992). Na ausência de ponto de contato, o recobrimento de gengi- va queratinizada é contínuo de vestibular para lingual e não há concavidade interpapilar. Largura da gengiva, col 9 M P I Palato Vestibular (sup.) Vestibular (inf.) Lingual Epitélio juncional – junção epitelial dentogengival – sulco A gengiva marginal adere à superfície dos dentes por meio da junção epitelial dentogengival, que é produzida e renova- da constantemente pelo epitélio juncional (Schroeder, 1992). Epitélio juncional O epitélio juncional (EJ) pode ter até 2 mm de espessura e envolve o colo dental formando um anel. Na área mais pro- funda, em direção apical, possui apenas poucas camadas ce- lulares; na área mais próxima do sulco gengival – em direção incisal – apresenta 15 a 30 camadas celulares. No fundo do sulco gengival, tem aproximadamente0,15 mm de largura. O epitélio juncional é constituído de duas camadas: o es- trato basal (com atividade mitótica) e o estrato suprabasal (células-filha). Ele não sofre diferenciação e não se quera- tiniza. As células do estrato basal unem-se ao tecido con- juntivo pelos hemidesmossomas e pela lâmina basal exter- na (ver Junção epitelial). A interface do epitélio juncional saudável com o tecido conjuntivo não é endentada. A velo- cidade de renovação (turnover) do epitélio juncional, de 4 a 6 dias, é altíssima (epitélio oral: 6 a 12 dias, cf. Skou- gaard, 1965; até 40 dias, cf. Williams e cols., 1997). Junção epitelial A junção epitelial é formada pelo epitélio juncional, sendo formado pela lâmina basal interna (LBI) e por hemides- mossomos. Essa junção proporciona a adesão da gengiva à superfície dental, seja esta de esmalte, cemento ou dentina. A lâmina basal e os hemidesmossomos da junção epitelial são análogos aos da interface epitélio/tecido conjuntivo. As células aderidas à superfície dental migram em direção à coroa, de modo que os seus pontos de adesão hemides- mossomais são degradados e renovados continuamente. Entre a lâmina basal e a superfície dental, é freqüente a presença de uma cutícula dental de 0,5 a 1 μm de espessu- ra. Essa cutícula é, provavelmente, um precipitado sérico ou um produto das células do epitélio juncional. Sulco gengival O sulco gengival tem cerca de 0,5 mm de profundidade. O fundo desse estreito sulco é formado pelas células da área mais coronal do epitélio juncional, as quais se esfoliam su- cessivamente, em grande velocidade. O sulco é delimitado por tecido dental de um lado e, de outro, por epitélio oral sulcular (EOS) (Schroeder, 1992). 10 Biologia estrutural Estruturas de adesão epiteliais 17 Epitélio juncional / Gengiva: corte vestibulolingual A gengiva constitui-se de três teci- dos: • Epitélio juncional • Epitélio oral • Lâmina própria (tecido conjun- tivo) O epitélio juncional desempenha um papel-chave na manutenção da saúde do periodonto: ele pro- duz a junção epitelial, estabele- cendo, assim, a união com a su- perfície dental; é muito permeá- vel, constituindo uma via de difu- são para produtos metabólicos da placa bacteriana (toxinas, quimio- taxinas, antígenos, etc.) e, em contrapartida, para substâncias e elementos de defesa do próprio organismo (exsudato sérico, anti- corpos, etc.). Mesmo na ausência clínica de inflamação, ocorre a mi- gração de granulócitos polimorfo- nucleares (PMN) ao longo do epi- télio juncional em direção ao sulco gengival (p. 56). As setas verme- lhas indicam a movimentação das células-filha do estrato basal para o sulco gengival. As áreas dos cír- culos A a C estão representadas em detalhes a seguir. Estrutura do epitélio juncional (EJ) Comprimento: 1 a 2 mm (p. 490) Largura (lado maior): 0,15 mm A Sulco gengival (SG) Dimensões histológicas – Largura: 0,15 mm – Profundidade: 0 a 0,5 mm Dimensões clínicas – Profundidade: 0,5 a 3 mm (varia conforme penetração da sonda no epitélio juncio- nal; Fig. 378) B Junção epitelial – Lâmina basal interna (LBI) Espessura: 35 a 140 nm (1 nm = 10-9 m) – Hemidesmossomos C Limite apical do epitélio juncional A B C Estruturas de adesão epiteliais 11 1 Epitélio juncional 2 Epitélio oral sulcular 3 Tecido conjuntivo 4 Sulco gengival 18 Sulco gengival, epitélio juncional As células do epitélio juncional (11) orientam-se paralelamente à su- perfície dental e, abaixo do fundo do sulco gengival (44), limitam-se de forma nítida ao epitélio oral sul- cular (22) (linha pontilhada), que, sob o aspecto histoquímico, é mais basófilo e escuro. Todas as células-filha que se formam no es- trato basal (de 1 a 2 mm de com- primento) do epitélio juncional são eliminadas pelo fundo do sul- co, cuja largura é de apenas 100 a 150 μm (seta vermelha). Observe os granulócitos polimorfonuclea- res (círculos) que saem do plexo venoso do tecido conjuntivo sube- pitelial (33), sem alterá-lo. Esquerda: Imagem aumentada de célula da extremidade do epitélio juncional (ver seta clara na ima- gem maior), a qual ainda está ade- rida à superfície do esmalte com hemidesmossomos e a lâmina ba- sal interna. Cortesia de H. E. Schroeder. 32 3100 μm 1μm IBL HD 100 nm IBL LD LL IBL B B B B B B EBL 19 Lâmina interna basal e hemidesmossomos Toda a célula do epitélio juncional em contato com a superfície den- tal forma hemidesmossomos (HHDD), por meio dos quais a célula se adere à lâmina basal interna (LLBBII) e à superfície dental. No lado esquerdo da imagem, apresen- tam-se restos de cristais de es- malte. As setas longas apontam os espaços intercelulares entre três células do epitélio juncional (•). Esquerda: A lâmina basal constitui- se de duas camadas: a lâmina lúci- da (LLLL) e a lâmina densa (LLDD). 20 Extremidade apical do epitélio juncional O epitélio juncional de indivíduos jovens e saudáveis acaba no limite esmalte-cemento. As células-filha das células basais cubóides (BB) mi- gram em direção ao sulco (setas vermelhas). Ao tocar a superfície dental, desenvolvem o mecanis- mo de adesão acima descrito. Na margem apical do epitélio juncio- nal (seta), a lâmina basal interna (LLBBII) transforma-se na lâmina ba- sal externa (LLBBEE). 1 μm 4 Fibras gengivais e periodontais As estruturas de tecido conjuntivo fibroso mantêm a união entre dente (cemento) e alvéolo, dente e gengiva, bem co- mo entre um dente e outro. Fazem parte dessas estruturas: • Os feixes de fibras gengivais • Os feixes de fibras periodontais Feixes de fibras gengivais Na porção supra-alveolar, encontram-se feixes de fibras colágenas orientados em inúmeras direções. Esses feixes conferem à gengiva estabilidade de forma, fixação à super- fície dental na área abaixo do epitélio juncional e resistên- cia a forças de cisalhamento, assim como estabilizam a po- sição dos dentes no arco (Fig. 22). Em um sentido mais amplo, os feixes periosteogengivais também podem ser considerados fibras gengivais. Eles fixam a gengiva “inse- rida” no rebordo alveolar. Feixes de fibras periodontais, ligamento periodontal O ligamento periodontal (LPD) situa-se entre a superfície radicular e o córtex ósseo alveolar. É constituído por fibras de tecido conjuntivo, células, vasos, nervos e fluido teci- dual. Em 1 mm2 da superfície do cemento, estão inseridos, em média, 28.000 feixes fibrosos! Os elementos fundamentais dos feixes de fibras são fibri- las colágenas de 40 a 70 nm de espessura. Cada fibra colá- gena é formada por diversas fibrilas paralelas, e os feixes fibrosos resultam da união de numerosas fibras colágenas. Esses feixes fibrosos inserem-se, por um lado, no córtex ósseo alveolar e, por outro, no cemento radicular (fibras de Sharpey; Feneis, 1952). As células são fibroblastos fusifor- mes ou achatados, com núcleo oval e muitos prolongamen- tos citoplasmáticos de diferentes comprimentos. Os fibro- blastos são responsáveis pela formação e destruição do co- lágeno. Além deles, encontram-se cementoblastos e osteo- blastos voltados para os tecidos duros. Os osteoclastos só estão presentes nas fases de reabsorção óssea ativa. No ter- ço próximo ao cemento, observam-se restos epiteliais de Malassez, ordenados em forma de feixes. O tecido periodontal é fortemente vascularizado (p. 18) e inervado (p. 19). 12 Biologia estrutural Elementos de sustentação de tecido conjuntivo 21 Feixes de fibras gengivais e periodontais (ver legenda da Fig. 22) Na porção supra-alveolar da gen- giva livre e, em parte, da inserida, predominam no tecido conjuntivo os feixes de fibras colágenas (AA). Esses feixes partem do cemento radicular em direção à gengiva. Outros têm orientação relativa- mente horizontal e apresentam ar- quitetura algo complexa no inte- rior da gengiva e entre os dentes (Fig. 22). Além das fibras coláge- nas, encontram-se também fibras reticulares (argirófilas) em peque- na quantidade. Em adultos, o ligamento periodon- tal (BB) tem cerca de 0,15 a 0,2 mm de largura. Em torno de 60% desse espaço é preenchido por feixes defibras colágenas, que partem do córtex ósseo alveolar (CC) em dire- ção ao cemento. Direita: Gengiva marginal. Tecido conjuntivo fibroso (AA, azul), epité- lio juncional e epitélio oral (casta- nho-avermelhado). Histologia: N. P. Lang. A Fibras gengivais B Fibras periodontais C Osso alveolar X Sulco gengival e epitélio juncional Y Inserção de tecido conjuntivo X+Y Espaço biológico (EB) (p. 490) A 1 1 5 1 6 13 B C 2 8 Estruturas de fixação fibrosas 13 Orientação dos feixes de fibras gengivais (ver Fig. 21) 1 Dentogengival – coronal – horizontal – apical 2 Alveologengival 3 Interpapilar 4 Transgengival 5 Circular/semicircular 6 Dentoperiostal 7 Transeptal 8 Periosteogengival 9 Intercircular 10 Intergengival Orientação dos feixes de fibras periodontais 1111 Oblíqua 1122 Horizontal 1133 Diagonal 1144 Inter-radicular 1155 Apical Fibras gengivais 22 Aparelho fibroso em corte horizontal Orientação dos principais feixes fibrosos (gengivais) supra-alveo- lares. A figura mostra claramente o en- trelaçamento fibroso entre os den- tes e entre os dentes e a gengiva. 23 Feixes de fibras: corte mesiodistal Nos espaços interdentais, as fibras transeptais (77) unem um dente a outro, estabilizando o arco dental no sentido mesiodistal. (Imagem: N. P. Lang). Esquerda: O elemento fundamen- tal dos feixes fibrosos são as fibri- las colágenas (cortes transversais e longitudinais) produzidas por fi- broblastos, com estrias a cada 64 nm (luz azul, comprimento de onda = 400 nm); MET: H. E. Schroeder. Fibras periodontais 24 Aparelho fibroso em corte mesiodistal A fixação dos dentes no osso al- veolar é conferida pelas fibras den- toalveolares do ligamento perio- dontal = LPD. A maioria das fibras diagonais en- tre o osso e o cemento (1133) absor- ve as cargas oclusais. Os outros fei- xes fibrosos (1111, 1122, 1144, 1155) con- trapõem-se à ação de forças de in- clinação e rotação. 25 Ligamento periodontal – vis- ta aproximada Os feixes de fibras colágenas (1133) estão entrelaçados entre si. Junto ao osso, encontram-se osteoblas- tos (OOBB) e, junto ao cemento, con- forme o seu tipo, fibroblastos (FFIIBB) ou cementoblastos (CCBB). Esquerda: O corte histológico (Azan, 50 ×) mostra o ligamento periodontal fibroso (1133) entre o cemento radicular (CC) o córtex ós- seo alveolar (AA); DD, dentina. Histologia: N. P. Lang. D C CB FIB OB A Tipos de cemento O cemento radicular é constituinte tanto dos dentes como do periodonto. Faz-se distinção entre (Bosshardt e Schroe- der, 1991, 1992; Bosshardt e Selvig, 1997): 1 Cemento acelular afibrilar (CAA); 2 Cemento acelular de fibras extrínsecas (CAFE); 3 Cemento celular de fibras intrínsecas (CCFI); 4 Cemento celular de fibras mistas (CCFM). O CAFE e o CCFM são os mais importantes. Células cementogênicas Na formação do cemento, estão envolvidos fibroblastos e cementoblastos. O cemento acelular de fibras extrínsecas é produzido por fibroblastos periodontais. O cemento celu- lar de fibras intrínsecas, parte do cemento celular de fibras mistas e, eventualmente, o cemento acelular afibrilar são produzidos por cementoblastos. Os cementócitos provêm dos cementoblastos que, durante a cementogênese, perma- necem inclusos no cemento. Por essa razão, estão presen- tes no cemento celular de fibras mistas e, freqüentemente, no cemento celular de fibras intrínsecas. (Formação do cemento, ver Cicatrização, p. 206.) Cemento acelular de fibras extrínsecas (CAFE) O CAFE é responsável, principalmente, pela fixação da es- trutura dental no alvéolo. Encontra-se no terço cervical de todos os dentes decíduos e permanentes. O CAFE é consti- tuído por feixes fibrosos em alta densidade (fibras de Shar- pey) que se irradiam para o seu interior e permanecem inclu- sos em porções calcificadas, semi-esféricas, do cemento. Durante a formação da raiz, ocorre o entrelaçamento das estruturas colágenas do cemento e da dentina antes da sua mineralização. Assim se explica a forte união de ambos os tecidos entre si. Nas técnicas de tratamento regenerativas, é a formação desse tipo de cemento que se deseja obter. Cemento celular de fibras mistas (CCFM) O CCFM também é importante para a fixação da estrutura dental no alvéolo. No entanto, isso vale somente para as porções acelulares com fibras extrínsecas (CAFE) do ce- mento misto, nas quais se inserem as fibras de Sharpey produzidas por fibroblastos, contribuindo para a fixação do dente. O CCFM é estratificado no sentido vertical, e, em parte, no horizontal (em relação à superfície da raiz). As áreas produzidas por cementoblastos possuem uma grande quantidade de cementócitos (Fig. 30, à esquerda). O CCFM também se une à dentina durante a formação do dente mediante o entrelaçamento de fibras colágenas. O CCFM se desenvolve mais rapidamente do que o CAFE. 14 Biologia estrutural Cemento radicular 26 Tipos de cemento – estrutu- ra, localização e formação 11 CCeemmeennttoo aacceelluullaarr aaffiibbrriillaarr (CAA; vermelho): forma-se na margem cervical do esmalte após conclusão da fase de maturação pré-eruptiva do mesmo e, eventualmente, também durante a erupção. É produzido, provavelmente, por cementoblastos. 22 CCeemmeennttoo aacceelluullaarr ddee ffiibbrraass eexx-- ttrríínnsseeccaass (CAFE; verde): forma- se nas fases pré e pós-eruptivas. É produzido por fibroblastos. Nas proximidades do ápice radi- cular, integra cemento celular de fibras mistas. 33 CCeemmeennttoo cceelluullaarr ddee ffiibbrraass iinnttrríínn-- sseeccaass (CCFI; azul): forma-se nas fases pré e pós- eruptivas. É produzido por ce- mentoblastos e não contém fi- bras extrínsecas de Sharpey. 44 CCeemmeennttoo cceelluullaarr ddee ffiibbrraass mmiiss-- ttaass (CCFM; laranja/verde): é produzido por cementoblastos e fibroblastos, constituindo-se em um misto de cemento celu- lar de fibras intrínsecas e ce- mento acelular de fibras extrín- secas. D D/C C 1 2 3 4 Ver página 15, figura 29 (à esquerda). Estrutura radicular 15 27 Cemento acelular afibrilar (CAA) O CAA encontra-se somente na região cervical, no limite ce- mento-esmalte. Justapõe-se ao esmalte e, eventualmente, às áreas radiculares próximas ao colo, na forma de ilhas. O CAA origina-se durante a erupção dental, quando o epitélio redu- zido do esmalte é parcialmente degradado, e a superfície do esmalte entra em contato com o tecido conjuntivo. 28 Cemento acelular de fi- bras extrínsecas (CAFE) O CAFE, localizado no terço su- perior radicular (CC) mostra uma estrutura fibrosa predominan- temente horizontal (fibras azuis). Quando o dente sofre mudanças de posicionamento durante a gênese do cemento, a orientação das fibras se altera, formando ângulos. Esquerda e p.14: Entrelaçamen- to do cemento (CC) à dentina (DD) e ao ligamento periodontal (LLPPDD). 29 Cemento celular de fibras intrínsecas (CCFI) O CCFI faz parte, normalmente, do cemento celular de fibras mistas (CCFM). Encontra-se no terço médio, na região apical e nas áreas de furca da raiz, con- tendo cementócitos. O CCFI é também um tecido de reparação – como mostra a fi- gura –, podendo preencher reabsorções radiculares e fen- das de fratura. 30 Cemento celular de fibras mistas (CCFM) O CCFM encontra-se nas proxi- midades do ápice radicular, nas faces internas das raízes de den- tes multirradiculares e nas áreas de furca. É um misto de cemen- to acelular de fibras exógenas (CC22) e cemento celular de fibras endógenas (CC44). Esquerda: Cementócitos medu- siformes nas proximidades do ápice de um dente multirradicu- lar. Modif. de D. D. Bosshardt e H. E. Schroeder. DLPDC D/C C LPD LPDC2C4D D/C LLeeggeennddaa DD Dentina DD//CC Dentina/Cemento CC Cemento CC22 CAFE CC44 CCFM LLPPDD Ligamento periodontal Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Biologia Estrutural Gengiva Estruturas de adesão epiteliais Elementos de sustentação de tecido conjuntivo Cemento radicular