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VERSÃO. REVISÃO 2020-2021 (C) TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. USO EXCLUSIVO DOS ALUNOS DO CURSO. MÓDULO III – LIBIDO, PULSÕES E SEXUALIDADE Índice 1. Uma teoria para a sexualidade 6 1.1. O entendimento da libido 8 1.2. As fases de desenvolvimento da libido 10 1.2.1. Fase oral 12 1.2.2. Fase anal 15 1.2.3. Fase fálica 17 1.2.4. Período de latência 21 1.2.5. Fase genital 24 1.3. Desdobramentos das fixações libidinais 27 2. As diferentes formas de organização psíquica 33 2.1. As neuroses 34 2.1.1. Fobia 41 2.1.2. Obsessão-compulsão 45 2.1.3. Histeria 48 2.2. As psicoses 52 2.2.1. Esquizofrenia 58 2.2.2. Paranoia 61 2.2.3. Melancolia (maníaco-depressivo) 63 2.3. As perversões 67 2.3.1. Fetichismo 70 2.3.2. Sadismo 73 2.3.3. Masoquismo 75 Resumo 79 Referências bibliográficas 83 MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 2 http://psicanaliseclinica.com/ IMPORTANTE Estamos constantemente revisando e melhorando nosso material. Você está recebendo esta que é a nova versão da apostila do Módulo 3. Nossos materiais são revisados e melhorados com certa frequência. Recomendamos que, após concluir o Curso, você revise os módulos já estudados: servirá para você aprofundar seu aprendizado e para verificar novas versões de nossos materiais. Este material pertence ao Curso de Formação em Psicanálise Clínica (www.psicanaliseclinica.com). Sua divulgação paga ou gratuita não é permitida sem prévia autorização do nosso Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica (CNPJ 28.447.037/0001-81). Informe-nos qualquer uso não autorizado, pelo e-mail contato@psicanaliseclinica.com. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 3 http://www.psicanaliseclinica.com/ mailto:contato@psicanaliseclinica.com http://psicanaliseclinica.com/ Introdução Este é a apostila base referente ao módulo III da parte teórica do Curso. Nesse módulo, vamos aprofundar conceitos sobre Desejo, Libido e Sexualidade, segundo Freud. Esta é uma temática central na obra de Freud, a sexualidade. Portanto, as fases de desenvolvimento psicossexual (e da libido), a repercussão e o impacto dessas etapas na vida do indivíduo, são alguns dos conceitos e ideias que poderão ser encontrados nesse Módulo. A manifestação da sexualidade foi muito combatida. Para Freud, a dimensão do desejo humano, da libido, do simbólico e da autoestima estão relacionados ao desenvolvimento psicossexual. Portanto, a sexualidade em Freud não é meramente a sexualidade genital, mas, sim, é a base da formação da personalidade e da subjetividade. Para fins de realização de prova, a leitura da apostila de cada módulo é suficiente. Na fase final do Curso (Supervisão), isto é, após você concluir os 12 módulos teóricos, você terá encontros ao vivo por vídeo-conferência (transmissões ao vivo por vídeo), em que serão debatidos estudos de casos, a dinâmica da clínica psicanalítica e suas técnicas, bem como serão revisados alguns conceitos teóricos essenciais à melhor interpretação dos casos. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 4 http://psicanaliseclinica.com/ Dedique-se ao máximo às leituras e demais materiais. Embora a formação on-line possibilite uma autonomia de tempo e andamento para a compreensão dos conteúdos, a qualidade da absorção e entendimento das temáticas, fundamentais à formação e prática profissional, dependem muito mais do comprometimento e seriedade com a qual você irá se dedicar. Aproveite bem os materiais e bons estudos! MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 5 http://psicanaliseclinica.com/ 1. Uma teoria para a sexualidade Certamente é possível associar Freud à temática da sexualidade, afinal, foi seu olhar sobre o desenvolvimento sexual que proporcionou, além de uma ruptura dos paradigmas da época, a possibilidade de desenvolver sua teoria baseado na evolução e constituição da sexualidade nas fases iniciais da vida. Contrapondo o conceito ligado ao senso comum da época, Freud ressalta dois pontos importantes para a temática. ● Em primeiro lugar, em suas investigações sobre a história da sexualidade, constata que sua origem está em um período anterior àquele atribuído e reconhecido socialmente (adolescência); ● Em segundo lugar, que o conceito de sexualidade, vai além de sua definição relativa ao sexo, como costumeiramente se pensava. “A opinião popular tem ideias muito definidas sobre a natureza e as características do instinto sexual. Entende-se geralmente que ele está ausente na infância, que começa na puberdade, em ligação com o processo de desenvolvimento da maturidade, e que será revelado nas manifestações de uma irresistível atração exercida por um sexo sobre outro; enquanto a sua finalidade se presume ser a união sexual ou, tem todo caso, as ações que conduzem nessa direção” (FREUD, 1905, p. 135) MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 6 http://psicanaliseclinica.com/ É em “Três ensaios sobre a sexualidade (1905)” que Freud subverte, discute e propõe um novo entendimento àquilo que é entendido como sexual. Essa é uma característica típica da obra freudiana, pois é o que irá sustentar a dinâmica evolutiva da psique desde os primórdios da vida, que recebeu o nome de desenvolvimento psicossexual. Para muitos estudiosos, duas das grandes contribuições Freudianas são: ● o conceito de “inconsciente” e ● a tendência a explicar fatos psíquicos e sociais a partir da sexualidade. A temática da sexualidade vai ser abordada por Freud até o fim de sua vida. Isso vai lhe custar, inclusive, o rompimento da relação com nomes como Jung e Adler, por não aceitarem a conceituação de seu mestre. INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) Em algumas de nossas apostilas, indicaremos artigos relacionados aos assuntos do módulo. A leitura desses artigos é opcional para fins de prova, mas recomendamos que você busque sempre essas (e outras) fontes para se aprofundar nos temas abordados. ● Artigo: Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (resumo do livro) ● Artigo: Breve história de teorias sobre sexualidade MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 7 https://www.psicanaliseclinica.com/livro-tres-ensaios-sobre-a-teoria-da-sexualidade/ https://www.psicanaliseclinica.com/historia-sexualidade/ http://psicanaliseclinica.com/ 1.1. O entendimento da libido Para a compreensão sobre a teoria da sexualidade segundo Freud, é preciso explorar alguns conceitos relativos à temática e que dão sustentação ao desenvolvimento e entendimento da dinâmica psicossexual; estamos falando do conceito de libido. Proveniente do latim cujo significado é desejo/prazer, libido é a manifestação dinâmica, na vida psíquica, da pulsão sexual. Ou seja, uma força instintiva e impulsiva que é “sexualizada” (recebe um investimento energético) que movimenta o indivíduo no sentido de um objetivo e na direção da satisfação (prazer) (VALENTE, 2002). Vale lembrar aqui, que Freud, em um primeiro momento do seu desenvolvimento teórico, coloca que a pulsão teria dois correspondentes, umapulsão de auto-conservação (do ego) e uma pulsão sexual. Um exemplo simples para compreender esse pensamento está no fato de o bebê, em um movimento pulsional de auto-conservação, buscar o seio materno como fonte de alimento, na tentativa de satisfazer sua fome; contudo, mesmo satisfeito, o bebê ainda continua “mamando”, movido pela pulsão sexual, na busca por satisfação libidinal que vai além da mera sobrevivência. Desse modo, e pensando nas fases de desenvolvimento da libido, é possível compreender que a libido irá se fixar em determinados órgãos (zonas erógenas), na tentativa de encontrar satisfação (prazer). MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 8 http://psicanaliseclinica.com/ É assim quando, por exemplo, o bebê tem a boca como sendo a zona erógena (sexualizada, portanto, imbuída de energia sexual), e busca a satisfação/prazer, motivada por um estímulo tensional (fome, por exemplo). Desse modo, Freud propõe uma organização das fases de desenvolvimento da libido, e que contemplam a evolução da sexualidade, com origem na infância, e sugere diferentes fases para estruturar esse desenvolvimento psicossexual: fase oral, fase anal, fase fálica, período de latência, fase genital. Em cada fase, a libido obtém mais satisfação em uma zona erógena diferente. INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) ● Artigo: O que é Libido para Freud? ● Artigo: Pulsão sexual e Libido ● Artigo: Resumo sobre libido e sexualidade MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 9 https://www.psicanaliseclinica.com/libido-para-freud/ https://www.psicanaliseclinica.com/pulsao-sexual/ https://www.psicanaliseclinica.com/libido-sexualidade-resumo/ http://psicanaliseclinica.com/ 1.2. As fases de desenvolvimento da libido Em um esforço de organizar e explicar sua teoria, Freud organiza o entendimento do desenvolvimento psicossexual em cinco etapas ou fases que, apesar de bem definidas, não são estanques. Significa que essas fases podem demorar mais tempo ou menos tempo, e uma fase pode se misturar a outra. Ou seja, apesar de se organizarem dentro de uma estrutura cronologicamente evolutiva, as fases não são necessariamente lineares podendo haver avanços ou retrocessos; de qualquer modo, cada fase é capaz de deixar marcas permanentes. A essas marcas visíveis ao longo das etapas psicossexuais, Freud deu o nome de pontos de fixação. Ou seja, ao longo do desenvolvimento dessas fases, e por meio das experiências subjetivas vividas, certos conflitos podem se instalar, impedindo o curso “normal” dessas etapas. Desse modo, são gerados “pontos” nodais que vão se fixar em determinado estágio e que serão retomados quando um período de crise (representação emocional) aparecer ao longo da vida da pessoa. Veremos exemplos ao longo das explicações de cada estágio de desenvolvimento. Ou seja, as fases de desenvolvimento sexual ocorreria na infância e fase pré-adolescente, mas a fixação por uma dessas fases em detrimento de outras apareceria em qualquer momento da vida, com o indivíduo regredindo a uma dessas fases. ZIMERMAN (1999) explica e ilustra a dinâmica desse mecanismo, uma vez que MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 10 http://psicanaliseclinica.com/ “(...) diferentes momentos evolutivos deixam impressos no psiquismo aquilo que Freud denominou de pontos de fixação, em direção aos quais eventualmente qualquer sujeito pode fazer um movimento de regressão. Os “pontos de fixação” formariam-se a partir de uma exagerada gratificação ou frustração de uma determinada “zona erógena”. No primeiro caso, o sujeito, diante de angústias insuportáveis, tenta regredir para um tempo e um espaço que lhe foi tão protetor e gratificante; no caso de uma excessiva frustração que foi a determinante do ponto de fixação, a regressão dá-se, muitas vezes, sabemos hoje, como uma tentativa de resgatar alguns ‘buracos negros’ existenciais” (ZIMERMAN, 1999, p. 92). Sendo assim, cada movimento de regressão (advindo dos pontos de fixação) apresentarão diferentes referências e comportamentos em função das diversas fases de desenvolvimento psicossexual, como veremos a seguir. INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) ● Artigo: Libido, Desejo e Motivação MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 11 https://www.psicanaliseclinica.com/motivacao-e-fases-da-vida-segundo-freud/ http://psicanaliseclinica.com/ 1.2.1. Fase oral A primeira fase do desenvolvimento psicossexual, a fase oral vai desde o nascimento até próximo aos dois anos de idade. Como o próprio nome diz, é a boca o órgão que recebe o investimento libidinal (zona erógena), que está vinculado ao prazer, sobretudo pela amamentação e o uso da chupeta (VALENTE, 2002). É interessante notar que “a finalidade da libido oral, além da gratificação pulsional, também visa a ‘incorporação’, a qual, por sua vez, está a serviço da ‘identificação’.” (ZIMERMAN, 1999, p. 92). Ou seja, é possível compreender que essas experiências corporais (aqui representadas pela boca) vão ganhando registros subjetivos na mente, que serão responsáveis pela formação da psique do bebê. É, em si, uma fase auto-erótica. A boca é um meio de alimentação, proteção, “conhecimento” (aprendizado em relação ao mundo externo) e também de prazer, é uma forma com que o bebê revive, em partes, a proteção que vivenciava no útero. E, embora nessa fase a boca ganhe uma notória relevância no âmbito do desenvolvimento, todos os outros sentidos são fundamentais para a comunicação com o mundo externo. Desse modo, é nessa fase que o bebê busca, em seu ato oral, introjetar objetos, “colocá-los para dentro”, na tentativa de buscar uma identificação, uma vez que nessa fase o bebê mostra-se totalmente dependente. Cabe ressaltar ainda que essa etapa pode, ainda, ser dividida em dois momentos, a sucção e a oral canibalística. Representativamente, esse primeiro momento recebe o nome de fase oral passivo-receptiva, ou seja, o bebê recebe os conteúdos (como o leite MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 12 http://psicanaliseclinica.com/ materno) e, portanto, busca a incorporação desses objetos tanto fisicamente, como psiquicamente; já o segundo momento, recebe a alcunha de fase oral ativo-incorporativa, ou seja, o bebê já é capaz de agarrar objetos espontaneamente, sobretudo com o nascimento dos dentes. É ainda neste momento que a agressividade se mostra evidente, num sentido de lançar um domínio sobre o objeto, ou seja, um posicionamento mais ativo. Para o bebê, não há uma distinção clara entre si e o externo, entre ter e destruir. Nessa fase, a fixação, proveniente das experiências subjetivas nessa faixa etária, remeterá a comportamentos que envolvam essa zona erógena como meio de satisfação, por exemplo, hábitos de falar demais e/ou ser um bom orador, fumar e/ou beber em excesso, mascar chicletes, entre outras atividades que envolvam a boca como sendoalvo de prazer/satisfação. Do ponto de vista simbólico, como correspondente da vida adulta, e por se tratar de uma fase regredida (zero a dois anos), é possível verificar características de personalidades que expressem grande dependência, ansiedade de desamparo, baixa tolerância à frustração, entre outros. Ou seja, nesta visão, um indivíduo adulto que possua os hábitos e formas de simbolização que elencamos nos dois parágrafos acima pode ter um ponto de fixação na fase oral. Como vimos na citação de Zimerman, essa regressão pode ser motivada por algo gratificante ou “traumático” daquela fase em que a boca era a zona erógena por excelência (do 0 até perto dos 2 anos idade), que o indivíduo adulto inconsciente precisa reviver. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 13 http://psicanaliseclinica.com/ Associe assim: Fase Idade aprox. Zona erógena Sinais adultos de regressão Oral 0 a 2 anos Boca Hábitos ligados à boca (falar, comer, beber, fumar), dependência, medo do desamparo, baixa tolerância à frustração INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) ● Artigo: Fase Oral e outras fases do desenvolvimento psicossexual MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 14 https://www.psicanaliseclinica.com/desenvolvimento-psicossexual/ http://psicanaliseclinica.com/ 1.2.2. Fase anal Com uma predominância libidinal, embora também não sejam exclusivos dessa zona erógena, os esfíncteres (de micção e evacuação) apresentam-se altamente investidos de libido e irão dar nome a essa nova fase que contempla o segundo e terceiros anos de vida. Importantes funções são desempenhadas ao longo dessa fase, como traz Zimerman (1999), entre elas, “(...) a aquisição da linguagem; engatinhar e andar; curiosidade e exploração do mundo exterior; progressivo aprendizado do controle esfincteriano; controle da motricidade e prazer com a atividade muscular; ensaios de individuação e separação (por exemplo, comer sozinho, sem a ajuda de outros); o desenvolvimento da linguagem e comunicação verbal, com a simbolização da palavra; os brinquedos e brincadeiras; a aquisição da condição de dizer “não”; etc.” (ZIMERMAN, 1999, p. 93). Sendo assim, a criança passa a ter a importante experiência de manipular os conteúdos excretores (urina e fezes), aprendendo a reter, expelir, controlar e, portanto, essa vivência subjetiva explore seu prazer auto-erótico. É o primeiro momento da vida em que demonstra controle de si, com uma gradual diferenciação entre si e o mundo exterior. Essa fase também se divide em outras duas: fase anal expulsiva e fase anal retentiva. ● Na fase anal expulsiva, a criança começa a compreender, pela sensação de prazer, sua função excretora que, além disso, também representa uma maneira de “atingir” aos pais, daí a caracterização de um entendimento sádico-anal (imposição aos outros); MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 15 http://psicanaliseclinica.com/ ● Na fase anal retentiva, com a descoberta da capacidade de retenção, o controle e a manipulação também seriam aprendidos, configurando um caráter masoquista (imposição a si). Aliás, é justamente na fase anal que essas experiências de sadismo e masoquismo passam a ganhar significância, gerando indivíduos, quando fixados nessa fase, ambivalentes (sentimentos de amor e ódio ao mesmo tempo), altamente competidores, que tem a necessidade de controle e/ou manipulação das pessoas/coisas, e, também, por caracterizar a formação de neuróticos obsessivo-compulsivos (tema melhor tratado nos próximos módulo de nosso Curso). Associe assim: Fase Idade aprox. Zona erógena Sinais adultos de regressão Oral 0 a 2 anos Boca Hábitos ligados à boca (falar, comer, beber, fumar), dependência, medo do desamparo, baixa tolerância à frustração Anal 2 a 3 anos Esfíncteres que controlam fezes e urina Ambivalência (amor/ódio), competitividade excessiva, desejo de controle e manipulação, desejo de acumulação de posses, neuroses obsessivo-compulsivas. INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) ● Artigo: Fase Anal segundo Freud e a Psicanálise MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 16 https://www.psicanaliseclinica.com/fase-anal/ http://psicanaliseclinica.com/ 1.2.3. Fase fálica Com duração do terceiro até o quinto ou sexto ano de vida, essa fase concentra-se no falo (sendo o falo, na antiguidade greco-romana, a representação simbólica do poder, concentrada no órgão anatômico pênis) (ZIMERMAN, 1999, p.94), a instituição simbólica dos genitais como sendo a zona erógena investida de libido. É interessante salientar que, para Freud, até certa idade as crianças de ambos os sexos supõem a existência de genitais masculinos em todas as pessoas. Daí a representação “fálica” na descrição dessa fase do desenvolvimento psicossexual. Posteriormente, alguns autores vão rejeitar essa uniformização de nomenclatura, mesmo reconhecendo haver uma mesma região erotizada em meninas e meninos. Nessa fase fálica, é muito comum perceber a curiosidade das crianças com relação às zonas genitais, às suas próprias e às dos outros que as rodeiam. Não é à toa que se percebe a inúmera quantidade de “por quês?” relativos a essas e outras questões, na tentativa de encontrar alguma explicação para essas novas percepções. Fantasias dos meninos como “tenho pênis então sou igual meu pai”... “por que minha mãe não tem”... “ela tinha e perdeu”... “será que posso perder o meu?”... (que servirão de base para compreensão da angústia de castração, como veremos mais à frente). Outro importante acontecimento dessa fase refere-se ao ato masturbatório. O encontro com essa nova experiência genital promove MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 17 http://psicanaliseclinica.com/ sensações táteis prazerosas, daí a manipulação e exibição dos órgãos genitais, sem, é claro, a malícia sugerida pelos adultos. Da mesma maneira, a fantasia imaginária da criança é alimentada por estímulos externos que fazem alusão à relação dos pais, barulhos noturnos, cenas de televisão etc., quando não são, literalmente, expostas ao coito dos pais propriamente dito. Portanto, essa “cena primária” (conceito cunhado por Freud) acaba por produzir fantasias que, se não forem bem elaboradas e/ou conduzidas, podem suscitar a formação de psicopatologias mais contundentes como a perversão (discutido com mais detalhes no próximo capítulo). E é justamente nessa fase de grandes vivências e experiências com as figuras parentais (pai e mãe) que se consolida o famoso conceito “Complexo de Édipo”. Em linhas gerais, esse complexo “designa o conjunto de desejos amorosos e hostis que a criança experimenta com relação aos seus pais” (ZIMERMAN, 1999, p.94). Ou seja, ao longo do desenvolvimento psicossexual, o filho tende a buscar nas figuras parentais referências para seus sentimentos. Desse modo, pensando em um desenvolvimento “normal”, o filho tende a se identificar com a figura paterna, e, em outro movimento, percebe a mãecomo figura amorosa (objeto de desejo). Assim, o filho quer ser como o pai, e deseja “possuir” a mãe. Esse sentimento, dentro da dinâmica familiar, fará com o que a criança olhe para o pai como um rival, atacando-o, uma vez que ele deseja a mãe só para si. Importante perceber que Freud irá projetar o mesmo fenômeno para a vida social, por meio de mecanismos sociais de controle (moral, leis, escola, cultura, religião etc.). MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 18 http://psicanaliseclinica.com/ É importante ressaltar que o conceito psicanalítico do Complexo de Édipo, tema central na estruturação da neurose, é um organizador da personalidade sob quatro aspectos fundamentais: 1. Permite o estabelecimento de uma relação triangular, inclusão do pai na díade mãe-filho, pode possibilitar o entendimento da criança na renúncia à onipotência e possessividade; compreender a diferença dos sexos e, ainda, entender que os pais são figuras autônomas e possui seus próprios espaços. 2. A criança, ao se perceber “fora” da relação pai-mãe, é acometida por sentimentos de grande intensidade, relacionadas ao abandono, traição, ódio, vingança, medo, culpa entre tantos outros. É nesse contexto que pode se estabelecer a angústia de castração e, com isso, a dissolução do complexo de Édipo. Podemos compreender essa fantasia de castração, como sendo “uma resposta ao enigma que a diferença anatômica dos sexos (presença ou ausência de pênis) coloca para a criança” (LAPLANCHE e PONTALIS, 1996). Enquanto no menino essa angústia é vivida como a possibilidade da perda do falo, na menina é vivida como uma ausência que é sentida como um dano sofrido e, daí, a necessidade de compensação, negação e reparação. 3. Possibilidade da formação das identificações, ou seja, a busca por sentimento da própria identidade; já que a criança vai se exteriorizando em relação à mãe e não pode “derrotar” o pai, passa a assumir a existência de normas e a necessidade de buscar seu próprio MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 19 http://psicanaliseclinica.com/ desenvolvimento, que serão características da fase seguinte (latência) e de um Complexo de Édipo bem resolvido. 4. A resolução do complexo edípico possibilita o ingresso na genitalidade adulta, que será retomada posteriormente na adolescência. Do contrário, caso essa passagem não se estabeleça de maneira adequada, haverá uma fixação nas fases anteriores (pré-edípicas: oral e anal), desencadeando distintos distúrbios psicopatológicos. Sendo assim, pensar a resolução do conflito edipiano, além de possibilitar a continuidade do desenvolvimento psicossexual na direção da genitalidade adulta, permite-nos compreender que a criança, de fato, introjetou adequadamente as figuras de pai e mãe (identificação e desejo) e compreendeu que seus pais possuem uma relação autônoma. A criança percebe que sua energia libidinal vinculada ao desejo sexual deverá ser dirigida a outra pessoa (após o período de latência), e não mais à mãe, tirando, portanto, o pai da posição de rival. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 20 http://psicanaliseclinica.com/ Associe assim: Fase Idade aprox. Zona erógena Sinais adultos de regressão Oral 0 a 2 anos Boca Hábitos ligados à boca (falar, comer, beber, fumar), dependência, medo do desamparo, baixa tolerância à frustração. Anal 2 a 3 anos Esfíncteres que controlam fezes e urina Ambivalência (amor/ódio), competitividade excessiva, desejo de controle e manipulação, desejo de acumulação de posses, neuroses obsessivo-compulsivas. Fálica 3 a 5 ou 6 anos Falo / Fase de reconhecimento dos órgãos genitais Fixar-se nas fases oral ou anal é um sinal de uma fase fálica (e um Complexo de Édipo) mal resolvida. Transtornos referentes às duas fases anteriores são sinais de uma fase fálica mal resolvida, além de transtornos específicos da fase fálica, como o narcisismo. 1.2.4. Período de latência Esse período é marcado por um hiato (intervalo) na evolução da sexualidade. Com início, em geral, após os seis anos de idade, a criança entra em um momento de “amnésia relativa” em relação às experiências subjetivas vividas anteriormente. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 21 http://psicanaliseclinica.com/ Ou seja, há uma espécie de repressão da sexualidade infantil até então experimentada. Outro importante ponto desse período estaria no desenvolvimento das estruturas egóicas, graças às vivências que estão por vir. Nesse momento, portanto, a criança dirige sua libido ao desenvolvimento social, ou seja, o ingresso no período escolar formal, a experiência com outras crianças, a prática de atividades físicas, como o esporte, possibilita a formação e o amadurecimento do caráter, uma vez que é exposta a aspirações morais e sociais (ZIMERMAN, 1999). MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 22 http://psicanaliseclinica.com/ Associe assim: Fase Idade aprox. Zona erógena Sinais adultos de regressão Oral 0 a 2 anos Boca Hábitos ligados à boca (falar, comer, beber, fumar), dependência, medo do desamparo, baixa tolerância à frustração. Anal 2 a 3 anos Esfíncteres que controlam fezes e urina Ambivalência (amor/ódio), competitividade excessiva, desejo de controle e manipulação, desejo de acumulação de posses, neuroses obsessivo-compulsivas. Fálica 3 a 5 ou 6 anos Falo / Fase de reconhecimento dos órgãos genitais Fixar-se nas fases oral ou anal é um sinal de uma fase fálica (e um Complexo de Édipo) mal resolvida. Transtornos referentes às duas fases anteriores são sinais de uma fase fálica mal resolvida, além de transtornos específicos da fase fálica, como o narcisismo. Latência De 6 anos até puberdade Hiato, sem zona erógena específica Como ocorre uma repressão das sensações erógenas, em favor do desenvolvimento do ego e da construção das relações sociais, não se costuma falar em regressão a esta fase. INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) ● Artigo: Período de Latência no desenvolvimento sexual MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 23 https://www.psicanaliseclinica.com/fase-latencia/ http://psicanaliseclinica.com/ 1.2.5. Fase genital Esse período é marcado, inicialmente, pela puberdade e adolescência. Nesse sentido, podemos pensar nesse momento como uma nova fase de transformação. Ocorre, portanto, a maturação fisiológica do aparelho sexual, além de mudanças anatômicas e fisiológicas. É, por assim dizer, um “adoecimento” (do latim dolescere – crescer com dores), um momento de crise, de redescoberta: a necessidade de afirmação enquanto indivíduo, na busca por uma identidade individual, grupal e social (ZIMERMAN, 1999). Não é à toa que esse período é marcado por constantes atos de afrontamento, rebeldias, incompreensões, medos, dúvidas. Vale ainda ressaltar que o complexo edipiano é revivido nessa fase, ou seja, questões relacionadas à busca por resolver esse conflito edípico faz com que os jovens encarem os sentimentos de abandono, traição, desejos incestuosos,ódio, vingança contra os pais, na tentativa de constituir sua identidade. Portanto, é preciso, para que se tenha um amadurecimento saudável, abandonar as projeções eróticas para com a mãe, e buscar uma identificação com o pai (o mesmo para as meninas, porém invertendo-se o aspecto da mãe e do pai). Assim, pode-se ingressar na vida genital adulta, tornando-se um indivíduo capaz de relacionar-se integralmente com outras pessoas (VALENTE, 2002). MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 24 http://psicanaliseclinica.com/ Associe assim: Fase Idade aprox. Zona erógena Sinais adultos de regressão Oral 0 a 2 anos Boca Hábitos ligados à boca (falar, comer, beber, fumar), dependência, medo do desamparo, baixa tolerância à frustração. Anal 2 a 3 anos Esfíncteres que controlam fezes e urina Ambivalência (amor/ódio), competitividade excessiva, desejo de controle e manipulação, desejo de acumulação de posses, neuroses obsessivo-compulsivas. Fálica 3 a 5 ou 6 anos Falo / Fase de reconhecimento dos órgãos genitais Fixar-se nas fases oral ou anal é um sinal de uma fase fálica (e um Complexo de Édipo) mal resolvida. Transtornos referentes às duas fases anteriores são sinais de uma fase fálica mal resolvida, além de transtornos específicos da fase fálica, como o narcisismo. Latência De 6 anos até puberdade Hiato, sem zona erógena específica Como ocorre uma repressão das sensações erógenas, em favor do desenvolvimento do ego e da construção das relações sociais, não se costuma falar em regressão a esta fase. Genital A partir da puberdade Genital É a fase de maturidade, por isso não se costuma ver a “fixação” nesta fase como algo negativo. Ao contrário, quando um adolescente ou adulto (que deveria estar fixado nesta fase) se prende a fases anteriores, haveria a regressão, com as características que acima apontamos. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 25 http://psicanaliseclinica.com/ INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) ● Artigo: Sexualidade na Terceira Idade MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 26 https://www.psicanaliseclinica.com/sexualidade-terceira-idade/ http://psicanaliseclinica.com/ 1.3. Desdobramentos das fixações libidinais Como visto até aqui, pela visão freudiana, a libido se organiza em fases de desenvolvimento que, apesar de deixarem marcas profundas no psiquismo, não são necessariamente fixas, ou seja, não há uma rigidez ao longo do desenvolvimento, em virtude das experiências subjetivas de cada indivíduo. Da mesma forma, a duração de cada fase pode mudar e se entrelaçar, não havendo um consenso sequer entre estudiosos do assunto. Assim, é possível pensar que, sobretudo considerando a ideia de pontos de fixação, o indivíduo irá se organizar de acordo com suas vivências em cada uma das fases, o que pode gerar a constituição de um modo de funcionamento específico a cada pessoa. Nesse sentido, em virtude das experiências infantis, seja de frustrações angustiantes, seja por uma hiperestimulação em busca de satisfação, o prazer libidinal pode ficar vinculado a uma zona erógena específica, boca, ânus, genitais… E, essa fixação da libido pode, e vai, servir como referência, ao longo da vida do indivíduo, na busca por estímulos de prazer, sobretudo em situações de dificuldades extremas, onde há a incapacidade de elaboração. “Chupar os dedos, morder as unhas, fumar ou beber exageradamente, em momentos de aborrecimento ou tensão nervosa, poderia interpretar-se como manifestações de fixação à fase de prazer oral, que sentiam ao serem amamentadas e pelo uso excessivo da chupeta, quando crianças, ao qual voltam quando se sentem inseguras. O prazer excessivo na acumulação de riqueza seria um reflexo de fixação do prazer na retenção das fezes, na fase MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 27 http://psicanaliseclinica.com/ anal, bem como certos tipos de constipação ou prazer intenso no ato da evacuação. Do mesmo modo, algumas formas de masturbação e de narcisismo poderiam ser consideradas como efeitos da fixação da zona fálica” (VALENTE, 2002, p. 84). Com isso, outro conceito pode ser claramente vinculado a esse movimento, trata-se da regressão. É muito importante alertar que quem se inicia nos estudos psicanalíticos reduza seu impulso julgador. Convém um cuidado antes de determinar que tal comportamento ou pensamento é “neurótico”, “perverso”, “psicótico” ou uma fixação na fase oral etc. Normalmente, um apontamento desta natureza pode ter um validade didática ou até mesmo permitir uma hipótese interpretativa de comportamentos coletivos, mas não devem ser usados como uma “superioridade” do psicanalista ao julgar pessoas individualmente, quando tal análise não estiver inserida em um contexto terapêutico. Isso colocado, ressaltamos que as comparações e adjetivações aqui realizadas têm um valor didático e servem para transformar em exemplos alguns conceitos de Freud. Tomemos como exemplo os neuróticos que, ao vivenciarem, quando adultos, barreiras e obstáculos difíceis de superar, ou ainda, ao sofrerem profundas frustrações, regridem ou retornam a uma forma passada de prazeres libidinosos, como um meio de lidar com a situação posta. Desse modo, a personalidade até então adulta parece regredir em seu estado de madureza, retomando antigos comportamentos infantis, típicos de um período inicial de vida. Uma vez compreendido a relevância e a repercussão das fixações libidinais nas fases do desenvolvimento psicossexual, Freud, ao longo de sua clínica, sugeriu que alguns comportamentos presentes na vida adulta MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 28 http://psicanaliseclinica.com/ demonstravam correspondentes que convergiam a essas fases, o que orientava a organização psíquica de pacientes adultos. Desse modo, ao que Freud denominou aberrações sexuais, é possível compreender que o direcionamento libidinal fixado em cada uma das fases de desenvolvimento proposta, vai determinar uma série de comportamentos marcantes, cada qual com suas características marcantes. É nesse contexto que Freud vai tecer suas ideias sobre os desvios sexuais, ou perversões, tais como fetichismo, masoquismo, sadismo, narcisismo, voyeurismo, pedofilia, entre outros, como forma de discutir a dinâmica o direcionamento e fixação da libido. Nesse sentido, o objeto sexual (alvo do prazer) e o objetivo (ato que visa o instinto sexual) são, por algum motivo, desviados em relação ao “ato sexual normal” (obtenção de prazer por penetração genital, como uma pessoa do sexo oposto). Convém ressaltar que na fase inicial a homossexualidade era vista como um desvio do padrão, visão que Freud de certa forma modificou no decorrer de sua obra. Psicanalistas posteriormente reforçaram o caráter não patológico da homessexualidade, retirando o sufixo “ismo” (homossexualismo), que poderia reforçar a ideia de “transtorno”. Nesse sentido, é recomendável que o(a) aluno(a) considere a heterossexualidade, a bissexualidadee a homossexualidade como orientações sexuais distintas e válidas, sem um juízo de valor em si. Ao entrar em contato com obras anteriores, é importante que o(a) aluno(a) atualize sua visão para uma perspectiva mais inclusiva. A Psicanálise é um campo do saber em constante atualização, sinta-se chamado(a) a produzir novos conteúdos na forma de livros, artigos, palestras etc., a partir de suas vivências como estudante, terapeuta ou futuro terapeuta. “Diz-se que existe perversão quando o orgasmo é obtido com outros objetos sexuais (homossexualidade, pedofilia, bestialidade, etc.), ou por outras zonas corporais (coito anal, por exemplo) e quando o orgasmo é subordinado de MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 29 http://psicanaliseclinica.com/ forma imperiosa a certas condições extrínsecas (fetichismo, travestismo, voyeurismo e exibicionismo, sadomasoquismo); estas podem mesmo proporcionar, por si sós, o prazer sexual” (LAPANCHE & PONTALIS, 1998, p. 341). Desse modo é possível compreender que a perversão está submetida ao funcionamento de pulsões sexuais parciais, ou seja, a obtenção do prazer ocorre em função de uma organização dentro de uma zona genital específica, o que determina seu objeto e objetivo para busca do prazer. Tomemos como exemplo o sadomasoquista: o indivíduo sente prazer sexual na condição de agressor (característica do sadismo), ao ver a vítima sendo agredida; e, também, na condição de vítima que sofre a violência (característica do masoquismo). “(...) sadismo é tomado ali no sentido de uma agressão contra outrem; (...) o masoquismo corresponde a um retorno sobre a própria pessoa, da atividade em passividade.” (LAPANCHE & PONTALIS, 1998, p. 467). Essa organização sadomasoquista, portanto, se daria durante a fase anal, na qual a experiência controle, dominação, agressividade e destruição são mais evidentes tendo em vista o desenvolvimento psicossexual. Desse modo, uma vez fixada a libido nesta fase, por alguma experiência traumática nesta fase, por exemplo, a organização sexual desse indivíduo, na vida adulta, será remetida àquela vivência simbólica (e parcial), onde o prazer seria obtido pela agressão, violência e humilhação de outro e, ao mesmo tempo, colocando-se na posição de oprimido. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 30 http://psicanaliseclinica.com/ INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) ● Artigo: Definição de Sadismo ● Artigo: Definição de Masoquismo ● Artigo: O que é Perversão em Psicanálise? INDICAÇÃO DE LEITURA Algumas indicações contam com links disponíveis (leituras opcionais). Para fins de estudos para o Curso, algumas obras não seriam para leitura completa, mas apenas recomendações dos capítulos ou das páginas indicadas abaixo. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 31 https://www.psicanaliseclinica.com/sadica/ https://www.psicanaliseclinica.com/masoquista-significado/ https://www.psicanaliseclinica.com/perversao/ http://psicanaliseclinica.com/ 1. Um caso de histeria e três ensaios sobre sexualidade (1905) – Freud, Obras Completas VOLUME VII. Ler Texto: Três ensaios sobre a sexualidade (1905). Clique aqui para ler o texto, ou acesse https://goo.gl/MaVE8w 2. A história do movimento psicanalítico (1914~1916) – Freud, Obras Completas VOLUME XIV. Ler texto: Os instintos e suas vicissitudes (1915). Clique aqui para ler o texto, ou acesse https://goo.gl/AB1Xsz 3. O Ego e o Id (1923) – VOLUME XIX Ler texto: A organização genital infantil: uma interpolação na teoria da sexualidade (1923) Clique aqui para ler o texto, ou acesse https://goo.gl/TBrtdG MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 32 https://drive.google.com/open?id=1-9FZEkpyaasTq1LRH7fA-3dGafuJ9Vpo https://drive.google.com/open?id=168I9L0uwP1MaEQyJh7_ntS9AevfQlYzk https://drive.google.com/open?id=1C3zYtCguKIO-OkR7TglShIA2WITXskBs http://psicanaliseclinica.com/ 2. As diferentes formas de organização psíquica Ao longo de sua obra, Freud buscou investigar, elaborar e sugerir toda uma ideia de como a estrutura psíquica se organiza e desenvolve ao longo da vida. Foram anos e anos entre prática clínica e construção teórica que culminaram no início do percurso psicanalítico. Já tivemos a oportunidade de conhecer alguns dos elementos mais importantes e cruciais da obra freudiana, o que não esgota sua teoria e demais constructos. E, nesse momento, dedicaremos à investigação de algumas formas de organização psíquica propostas por Freud. Ou seja, dentro de vivência analítica, o autor pôde perceber que cada indivíduo dispunha de uma determinada (e predominante) subjetividade, o que confere à psique uma forma de funcionamento, com suas defesas específicas, modos de interagir com o mundo, modos e de sofrimento, entre outros. Freud elenca, basicamente, três mecanismos de organização psíquica, que ficaram conhecidas como neuroses, psicoses e perversões. É importante frisar e compreender que essas organizações (ou subjetividades) irão conduzir o indivíduo em suas relações intrapsíquicas (seus conteúdos internos) e interpsíquicas (relação com o outro). Nesse sentido, apesar da ideia de que cada pessoa se estrutura sobre uma dessas organizações, isso não exime o fato de que ela possa apresentar MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 33 http://psicanaliseclinica.com/ traços de outro modo de funcionamento, uma vez que a psique humana é tão complexa quanto pode esconder seus mistérios mais profundos. A essas estruturas psíquicas nos dedicaremos nas próximas páginas. 2.1. As neuroses Principal objeto de estudo da psicanálise freudiana, a neurose marca, digamos, o início do entendimento e concepções da mente, no que se refere às patologias nervosas apresentadas na final do século XIX e início do século XX. Nesse sentido, podemos, em linhas gerais, compreender que a neurose é uma… “afecção psicogênica em que os sintomas são a expressão simbólica de um conflito psíquico que tem raízes na história infantil do sujeito e constitui compromissos entre o desejo e a defesa. (...) atualmente tende-se a reservá-lo, quando isolado, para as formas clínicas que podem ser ligadas à neurose obsessiva, à histeria e à neurose fóbica” (LAPLANCHE & PONTALIS, 1998, p. 296). Cabe aqui o entendimento, quando se refere a “desejo e defesa”, de um conflito entre o Ego e a libido (posteriormente assumido pela figura do ID). Ou seja, o grande conflito do neurótico encontra-se entre a necessidade em obter a satisfação do seu desejo (pulsão libidinal) e a impossibilidade de realizá-lo imediatamente (mecanismo de defesa do EGO). MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 34 http://psicanaliseclinica.com/ No tocante ao entendimento sobre o funcionamento da estrutura neurótica, é possível compreender que esses indivíduos apresentam “(...) algum grau de sofrimento e de desadaptação em alguma, ou mais de uma, área importante de sua vida: sexual, familiar,profissional ou social” (ZIMERMAN, 1999, p. 197-198). Isso implica dizer que sintomaticamente o paciente sente esse conflito psíquico como um algo estranho em si, que foge à sua percepção consciente e que, de alguma forma, causa-lhe sofrimento. Esse sofrimento por sua vez é responsável por manifestar alterações comportamentais, como o alcoolismo, o uso de drogas, inibições, desenvolvimento de fobias etc. “No entanto, apesar de que o sofrimento e prejuízo, em alguns casos, possam alcançar níveis de gravidade, os indivíduos neuróticos sempre conservam uma razoável integração do self, além de uma boa capacidade de juízo crítico e de adaptação à realidade. Outra característica dos estados neuróticos é a de que os mecanismos defensivos utilizados pelo ego não são tão primitivos como, por exemplo, aqueles presentes nos estados psicóticos.” (ZIMERMAN, 1999, p. 198). MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 35 http://psicanaliseclinica.com/ Associe assim: Neurose Psicose Distorção da “realidade” exterior Parcial Total Desintegração do Self Superficial Profunda Mecanismos de defesa Elaborados Primitivos Com isso, é possível compreender que o neurótico possui uma estrutura psíquica, digamos, mais evoluída, mais bem estruturada, onde o EGO está fortalecido e é capaz de se estabelecer de uma maneira mais organizada, fazendo com que o indivíduo tenha a capacidade de tolerar certas vivências angustiantes. De certo modo, a neurose é um comportamento presente em todas as pessoas, sendo que a condição “patológica” dependerá de seu grau e do mal-estar que seus sintomas provocam na pessoa. Nesse sentido, o EGO lança mão de seus mecanismos de defesa, pensando na estrutura neurótica, como forma de proteger a estrutura psíquica dos conflitos psíquicos. Desse modo, o neurótico utiliza defesas, digamos, mais elaboradas, (falamos sobre mecanismos de defesa em módulos anteriores). No módulo anterior, já falamos sobre os mecanismos de defesa. Agora, estamos mostrando como Freud concebia que essas defesas mantinham uma condição neurótica. Cabe trazer uma breve revisão desses mecanismos de defesa do ego, antes abordados, para exemplificarmos com eles a dinâmica neurótica: MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 36 http://psicanaliseclinica.com/ ● Recalcamento ou repressão: o recalque nasce do conflito entre duas instâncias “opostas”: as exigências do ID e a censura do SUPEREGO. Ora, se ao EGO coube o trabalho de proteger a psique das energias destrutivas, é nesse contexto que conteúdos potencialmente nocivos (representações e afetos, atuais ou mnêmicos) e/ou intoleráveis são, inconscientemente, reprimidos pelo EGO e jogados ao obscuro do inconsciente, em uma constante luta, cujo objetivo é o de fugir ao desprazer causado pelo conflito. Por exemplo, o EGO inconsciente pode recalcar experiências traumáticas, empurrando-as ao ID, o que permite ao EGO “seguir em frente”; ainda que se evidenciem sintomas do retorno do recalcado, esses sintomas ainda seriam menos severos do que a lembrança manifesta e persistente do evento traumático. ● Regressão: essa defesa se manifesta quando o EGO consciente não é capaz de manter o controle de uma situação que lhe ofereceu ameaça à integridade. Desse modo, uma regressão aos chamados pontos de fixação (determinados estágios definidos pelas fases de desenvolvimento psicossexual) faz com que o sujeito se remeta a um funcionamento primitivo/infantil, de acordo com seu ponto de referência infantil. Por exemplo, em função de um complexo de Édipo mal resolvido, o EGO do adulto regride à fase fálica da vida, quando ele ainda tinha a pretensão de realizar sua satisfação com sua mãe e rivalizar com seu pai, o indivíduo pode se fixar na fase fálica, rejeitando vínculos afetivos, socializações e recusando todo e qualquer conjunto de regras. (Lembre-se: as relações nem sempre são mecânicas e simplistas, cabe ao psicanalista avaliar a especificidade de cada caso; a Psicanálise não defende uma adesão cega às regras, especialmente porque admite um indivíduo composto de múltiplas camadas e movido por desejos subjetivos, embora aceite a ideia de que fatores MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 37 http://psicanaliseclinica.com/ sócio-político-histórico-culturais influenciam a forma de agir e pensar das pessoas). ● Conversão orgânica: nessa defesa, os conflitos psíquicos provenientes de algum impedimento (realização de desejo) e/ou trauma advindos de experiências (ou fantasias) afetivamente aflitivas buscam no soma (corpo) a possibilidade de descarga dessa pulsão reprimida. Nesse contexto, o sintoma físico apresenta um correspondente simbólico associado ao fato traumático (de origem sexual). No exemplo de Freud no estudo com histéricas, elas perdiam temporariamente a visão, mas não havendo nenhum problema fisiológico; poderia ser um sinal de que o EGO está tendo de vencer lembranças traumáticas visuais, o que indiretamente poderia afetar o lado útil da visão atual. ● Projeção: é um dos mecanismos mais comumente encontrados. Consiste em transferir tudo aquilo que, por meio dos conflitos internos, não é aceitável pelo EGO. Desse modo, as pulsões (agressivas ou sexuais) são projetadas para o exterior, atribuindo essas características intoleráveis a outros objetos (pessoas ou coisas). Por exemplo, uma pessoa pode destinar sua raiva ou seu desejo a pessoa, instituição, grupo social, estilo de vida etc., como forma de canalizar um instinto agressivo que não pode ser direcionado a uma causa original (ao pai ou à mãe, por exemplo). MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 38 http://psicanaliseclinica.com/ ● Deslocamento: podemos pensá-lo como uma variante da projeção; nesse mecanismo, os impulsos sexuais e de agressividade gerados na relação com algum objeto, e que por algum motivo não podem ser direcionados a ele, são deslocados a outros objetos, que viram alvos dessas “descargas não realizadas”. ● Racionalização: Frequentemente utilizada pelo EGO consciente, essa defesa consiste em uma elaboração racional (lógica) de eventos, percepções ou experiências que não podem ser compreendidas pelo psiquismo. Desse modo, todo um constructo racional é elaborado para dar cabo desses conteúdos incompreendidos. Por exemplo, um evento insuportável na fase fálica ou de latência fez com que o indivíduo se interiorizasse e não tivesse tanto interesse em aprender sobre o mundo, o que seu EGO racionaliza como um mero “nunca gostei de teoria porque sou uma pessoa que gosta de fazer na prática”. ● Formação reativa: uma manifestação que fora recalcada, em virtude do potencial sofrimento, é substituída por uma reação oposta, como forma de lidar com a dificuldade em enfrentar esse sentimento. Por exemplo, uma pessoa cruelmente violenta (inconscientemente reprimida) escolhe uma profissão de cuidadoscom outras pessoas, adotando um comportamento extremamente dócil. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 39 http://psicanaliseclinica.com/ ● Sublimação: nesse mecanismo, as pulsões potencialmente destrutivas são, por assim dizer, modificadas ou sublimadas e, com isso, passam a adquirir uma realização positiva, socialmente aceita pela sociedade. Por exemplo, uma energia pulsional com potencial destrutivo é transformada pelo EGO em um trabalho compulsivo ou uma obra artística (atividades que podem ter uma utilidade social). Como todo o avanço no campo psicanalítico, certas denominações e conceitos vão sendo complementados, alterados ou revistos, uma vez que ideias ligadas a essa área do conhecimento vinham sendo pouco a pouco descobertas e elaboradas. Como visto no módulo anterior do nosso Curso, Freud divide a neurose em dois aspectos, as neuroses atuais (neurastenia e neurose de angústia) e as psiconeuroses, também chamadas de neuroses de transferência (fobia, histeria e obsessão). Mais adiante Freud sugere uma neurose narcísica (remetendo ao funcionamento psicótico), porém o conceito logo se perde dentro do quadro neurótico, uma vez que pertence ao conjunto das psicoses. Desse modo, é importante reforçar que, uma vez que a transferência é o principal mecanismo para análise freudiana, somente as neuroses de transferência (ou psiconeuroses), podem ser consideradas como passíveis de análise pelo método freudiano. Abordaremos os temas de transferência, contratransferência e resistência em módulos posteriores de nosso Curso. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 40 http://psicanaliseclinica.com/ Cabe aqui a exploração mais cuidadosa das psiconeuroses, haja vista que são marcadamente componentes da estrutura neurótica e, embora contenham características e dinâmicas próprias, não podem ser isoladas, do ponto de vista da clínica, mas sim entendidas como predominantes dentro da subjetividade do indivíduo. Nos capítulos seguintes, veremos as principais psiconeuroses. INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) ● Artigo: Características de uma pessoa neurótica ● Artigo: O que é Neurose? 2.1.1. Fobia Também chamada por Freud de histeria de angústia (não confundir com histeria de conversão), essa modalidade da neurose tem como tema central a fobia, caracterizando-se por uma “combinação de pulsões, fantasias, angústias, defesas do ego e identificações patógenas (...)” (ZIMERMAN, 1999, p. 199). MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 41 https://www.psicanaliseclinica.com/caracteristicas-de-uma-pessoa-neurotica/ https://www.psicanaliseclinica.com/o-que-e-neurose/ http://psicanaliseclinica.com/ Nesse sentido, a caracterização desse transtorno pode ser determinada por vários aspectos, e seu grau de comprometimento pode ser tamanho que é capaz de incapacitar ou paralisar o indivíduo dentro de suas ações. Podendo ser facilmente se assimilar ao quadro clínico relacionado ao “pânico”, as fobias apresentam uma circunstância bem delimitada, um objeto, local, cenário, contexto... Ao indivíduo, bastaria evitar essas vivências para que a angústia não imponha seu ímpeto. Já nos transtornos relacionados ao pânico, a origem que desencadeia a crise não pode ser tão claramente determinada. Do ponto de vista etiológico (estudo da origem do transtorno), e pensando nas fases de desenvolvimento psicossexual estudadas nesse capítulo, fica difícil discernir exatamente em que fase do desenvolvimento psicossexual a fixação pode desencadear essa psicopatologia neurótica fóbica, uma vez que vários critérios influenciam sua constituição. Contudo, há que se pensar, segundo ZIMERMAN (1999), que uma possível e válida gênese da fobia estaria calcada nas experiências durante a fase fálica e os conflitos edipianos. De fato, é nesse contexto que o complexo de castração se mostra evidente e, com isso, os representantes ligados aos processos de individuação e identificação ficam comprometidos, podendo-se vincular às representações fóbicas. Soma-se a isso o sentimento vinculado ao desamparo, à angústia de aniquilamento comumente verificado nessa fase fálica do desenvolvimento. Um exemplo, por meio do processo primário (simbolização e deslocamento), seria a associação do medo do escuro ao sentimento da perda mãe e/ou de seu amor. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 42 http://psicanaliseclinica.com/ Inevitavelmente, são as experiências subjetivas e a relação que a criança tem com os sentimentos e vivências que lhe são proporcionadas que vão contribuir para o desenvolvimento das fobias. Às experiências potencialmente traumáticas nessa (ou em outras) fase(s) podemos, ou não, atribuir um sentido, ou significado, como podemos ver no exemplo: “(...) se diante de um trovão em dias de chuva a mãe se apavora e cria um cenário de terror em casa, com mil recomendações para os filhos, ela está criando um excelente caldo de cultura para a construção de uma fobia. Se, pelo contrário, essa mãe encarar o trovão com naturalidade e, melhor ainda, puder explicar que ele sempre acompanha o relâmpago que resulta das leis da natureza, quando ocorre o encontro de cargas eletromagnéticas positivas com as negativas, e que o trovão vem depois do raio porque a luz se propaga com uma velocidade muitíssimo superior que a do som, a criança fica tranquila, pelo menos dessa fobia ela está livre, e, de “lambuja”, ainda fez um aprendizado.” (ZIMERMAN, 1999, p. 201). MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 43 http://psicanaliseclinica.com/ Associe assim: NEUROSES: FOBIA Também chamada de histeria de angústia. O contato ou lembrança de um objeto específico causa reações fóbicas (de medo), muitas vezes inexplicáveis e desproporcionais. Fase de fixação principal: fase fálica (angústia de castração, aniquilamento e desamparo). INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) ● Artigo: Pequeno Hans: caso de fobia MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 44 https://www.psicanaliseclinica.com/pequeno-hans/ http://psicanaliseclinica.com/ 2.1.2. Obsessão-compulsão Notoriamente conhecida por neurose obsessiva, dentro do meio psicanalítico, essa psiconeurose constitui, juntamente à histeria, como um dos principais quadros psicopatológicos dentro da clínica psicanalítica. No âmbito da psiquiatria, é conhecida como transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Tais quais outras formas de organização psíquica neurótica, a obsessão apresenta diversos níveis de impacto na vida do indivíduo, passando desde a compor a subjetividade por traços obsessivos, o que sadiamente pode determinar características vistas socialmente como positivas, tais como disciplina, ordem, respeito, moral e ética; até seu “aprisionamento” dentro da constante repetição de rituais, obstinações, além de atos compulsivos sem nunca acabar, incapacitando a vida do indivíduo. ZIMERMAN(1999, p. 202) lembra o caso de “(...) uma jovem paciente, internada, que estava com as suas mãos em carne viva de tanto que, o tempo todo, lavava-as, esfregando nelas energicamente um sabão”. Na obra Totem e Tabu, Freud disse que o pensamento anímico primitivo tem uma natureza obsessiva. Como “animismo” (a ideia de que tudo tem anima, alma, até objetos minerais, e tudo pode ser controlado pelo pensamento do indivíduo), Freud concebia a ideia de que indivíduos nutriam hábitos e rituais obsessivos, acreditando que terão influência sobre o mundo exterior. Por exemplo, o indivíduo crê que nutrir certos pensamentos ou alinhar seus objetos pessoais de determinada forma irá alterar fatos físicos no mundo exterior (trazer sorte, por exemplo). O animismo é tão forte quanto mais obsessivos seriam os indivíduos; alguns poderiam se sentir culpados pela morte dos pais, pelo fato (tecnicamente inevitável) de algum episódio ou pensamento de conflito que tiveram em relação aos seus pais. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 45 http://psicanaliseclinica.com/ Nesse sentido é cabível pensarmos que o conflito psíquico encontra-se no acometimento de pensamentos obsessivos (que ocorrem de forma invasiva), sem compreensão consciente desses, e que confronta o EGO (caráter egodistônico), o que faz com que haja uma mobilização, por meio de comportamentos compulsivos, com a intenção de reparar esse conflito psíquico, uma vez que esses conflitos estão relacionados a conteúdos angustiantes (relativos a valores morais, sexuais, traumáticos, entre outros) e que se encontram inacessíveis ao consciente. Do ponto de vista etiológico (estudo da origem do transtorno), apesar das imprecisões para determinar exatamente a fase de desenvolvimento psicossexual atribuída às neuroses obsessivas, é, em geral, uma fixação na fase anal em que se organização essa estrutura. É, de fato, um momento muito delicado para o EGO lidar com o sentimento de ambivalência, de controle e, até mesmo, de uma relação sadomasoquista interiorizada sob a forma de uma tensão entre EGO e SUPEREGO cruel. Com isso, nos é permitido pensar que a estrutura organizada dentro das experiências subjetivas da obsessão encontrar-se-á vinculada a marcas provenientes de: ● Pais com um superego demasiadamente rígido e/ou punitivo; ● Agressões ao EGO que não permitiram o desenvolvimento de sua capacidade de síntese ou entendimento de contradições; ● Estruturalmente, o EGO se vê em um conflito intra-sistêmico (ID-EGO-SUPEREGO), uma vez que sofre, ao mesmo tempo, uma submissão superegóica cruel e a pressão das demandas energéticas do ID. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 46 http://psicanaliseclinica.com/ Associe assim: NEUROSES: FOBIA OBSESSÃO- COMPULSÃO Também chamada de histeria de angústia. Também chamada de neurose obsessiva, TOC, obsessão. O contato ou lembrança de um objeto específico causa reações fóbicas (de medo), muitas vezes inexplicáveis e desproporcionais. Hábitos e rituais obsessivos, de natureza animista (acreditando que o pensamento individual tem controle sobre o mundo exterior). Fase de fixação principal: fase fálica (angústia de castração, aniquilamento e desamparo). Fase de fixação principal: fase anal (primeiras imposições de regras, diferenciação com a mãe, agressões ao Ego, primeiros conflitos ID-superego). INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) ● Artigo: Transtorno Obsessivo-Compulsivo ● Artigo: Tipos comuns de Compulsão MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 47 https://www.psicanaliseclinica.com/tratamento-do-toc-na-psicanalise-15-coisas-saber/ https://www.psicanaliseclinica.com/compulsao/ http://psicanaliseclinica.com/ 2.1.3. Histeria Reconhecidamente encontrada na gênese da psicanálise, a histeria, também conhecida como neurose histérica, é, talvez, a organização neurótica que mais chega perto de uma “normalidade convencional” (vale ressaltar que Freud possuía essa visão bem nítida entre o normal e o patológico). Assim como outras estruturas neuróticas, a histeria apresenta uma ampla variação em seu espectro, caminhando desde traços histéricos na personalidade, até acometimentos mais severos e limitantes à vida do indivíduo. Conceitualmente a histeria evoluiu desde sua compreensão inicial. Advinda do grego histeros, que significa útero, acreditava-se que as histéricas seriam portadoras de transtornos psicológicos que foram acometidas por “maus espíritos” e, portanto, eram submetidas a rituais de exorcismo por meio de tortura (ZIMERMAN, 1999). A influência do médico Charcot sobre o tratamento das histéricas possibilitou a Freud o desenvolvimento de técnicas de tratamentos (entre a hipnose e a associação livre) para o tratamento dessa patologia. Etiologicamente falando, a fixação libidinal para o acometimento histérico estaria relacionado à fase fálica (ainda que tenha correspondentes na fase oral e anal), atravessando, sobretudo, as questões edípicas. Nesse sentido, o “trauma sexual” é vivenciado de maneira passiva (como vimos de maneira real ou fantasiosa). Além disso, seria possível verificar um acentuado aspecto narcísico (EGO excessivamente imponente) dentro da formação da sua personalidade, o que resultaria em algumas consequências, tais como, MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 48 http://psicanaliseclinica.com/ “Uma preferência da histérica em ser amada, ao invés de amar; logo, um exagerado culto ao corpo. A escolha do homem seria conforme o ideal do homem que ela gostaria de ser. A constante existência de uma “inveja do pênis”; de onde se origina um “complexo de masculinidade”. Que a mulher procuraria satisfazer por meio de algum filho; além de outros aspectos afins” (ZIMERMAN, 1999, p. 208). Como posto, a histeria apresenta um espectro vasto, sendo que os quadros clínicos mais bem delimitados são a histeria de conversão e a histeria dissociativa. Na histeria de conversão, os conflitos psíquicos são “convertidos” no soma (corpo), tanto nos órgãos do sentido (acometendo-se cegueiras, surdez, entre outros), como no sistema nervoso (gerando-se contraturas musculares, paralisia de membros etc.). Desse modo, dentro da organização psíquica, o corpo transparece, na forma do sintoma, uma simbologia de seu conflito psíquico, tal qual ocorre nos sonhos. Ou seja, o acometimento físico possui um, ou mais, representante(s) do universo da psique. “Um determinado sintoma conversivo pode conter muitos significados, como pode servir de exemplo a tosse que acometia a célebre paciente Dora, e que representava três aspectos: um simbolismo de sentimentos sexuais, agressivos, narcisistas e melancólicos, uma forma de identificação com a tosse da sra. K., sua rival sexual, e a aquisição de um ganho secundário” (ZIMERMAN, 1999, p. 209). Vale ressaltar, nesse momento, a ideia de ganho secundário. Esse conceito pode ser lido como uma espécie de “vantagem” que o indivíduo MÓDULO III - CURSO DEFORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 49 http://psicanaliseclinica.com/ adquire uma vez que seu comportamento (em geral patológico) pode gerar uma espécie de ganho positivo. Na histeria, por exemplo, o acometimento físico pode fazer com que a pessoa receba cuidados extremos e/ou tenha a complacência dos outros. Por trás dessa ação, a necessidade/desejo de assumir o papel de vítima, que implora por atenção, carinhos, cuidados; e, graças aos sintomas, essa realização é alcançada sendo, portanto, um ganho secundário. Já a histeria dissociativa, como seu próprio nome diz, remete “ao fato de que diversas representações distintas coexistem dentro do ego, dissociadas entre si, e que emergem separadamente na consciência de acordo com determinadas necessidades e circunstâncias” (ZIMERMAN, 1999, p.209). Ou seja, o estímulo é sentido de uma maneira tamanha que atitudes desconexas e que não apresentam certo “sentido lógico” (e, portanto, dissociadas) levam a estados extremos de sensações de despersonalização, ataques epiléticos, desmaios, entre outros. Um exemplo claro e rotineiro poderia ser atribuído ao medo de barata. A sensação repulsiva e asquerosa sentida é de uma magnitude tão grande (e certamente advém de uma vivência passada, mantendo-se seu representante inacessível ao consciente) que se sobe em uma cadeira, por exemplo, e grita-se incessantemente, em um desespero, quase que enlouquecedor, como se a ameaça fosse atentada à própria vida. Do ponto de vista psiquiátrico, além do entendimento dessas histerias (conversiva e dissociativa), compreende-se um conceito mais amplo, abrangente, que aborda a ideia de transtornos, cada qual com suas características específicas, tais como: ● transtorno de personalidade histérica, ● transtorno de personalidade infantil-dependente, MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 50 http://psicanaliseclinica.com/ ● transtorno de personalidade histriônica, entre outras que, uma vez consideradas do ponto de vista médico, não serão aprofundadas neste Curso. Associe assim: NEUROSES: FOBIA OBSESSÃO- COMPULSÃO HISTERIA Também chamada de histeria de angústia. Também chamada de neurose obsessiva, TOC, obsessão. Também chamada de neurose histérica. O contato ou lembrança de um objeto específico causa reações fóbicas (de medo), muitas vezes inexplicáveis e desproporcionais. Hábitos e rituais obsessivos, de natureza animista (acreditando que o pensamento individual tem controle sobre o mundo exterior). Tipos: histeria de conversão (somática) e dissociativa (sensações de despersonalização, ataques epiléticos, desmaios). Fase de fixação principal: fase fálica (angústia de castração, aniquilamento e desamparo). Fase de fixação principal: fase anal (primeiras imposições de regras, diferenciação com a mãe, agressões ao Ego, primeiros conflitos ID-superego). Fase de fixação principal: fase fálica. INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) ● Artigo: Transtorno de Personalidade Histriônica ● Artigo: Histeria: um percurso histórico ● Artigo: Três tipos de histerias MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 51 https://www.psicanaliseclinica.com/histrionica/ https://www.psicanaliseclinica.com/percurso-historico-histeria/ https://www.psicanaliseclinica.com/organizacao-psiquica/ http://psicanaliseclinica.com/ 2.2. As psicoses Uma ideia conceitual, e fundamental, para iniciarmos o entendimento dessa organização psíquica para a Psicanálise, pode ser encontrada nas palavras de Laplanche & Pontalis (1998). “Fundamentalmente, é numa perturbação primária da relação libidinal com a realidade que a teoria psicanalítica vê o denominador comum das psicoses, onde a maioria dos sintomas manifestos (particularmente construção delirante) são tentativas secundárias de restauração do laço objetal” (LAPLANCHE & PONTALIS, 1998, p. 390). Nesse sentido, nos é permitido pensar que o principal conflito encontra-se entre o EGO e a realidade. Ou seja, o EGO está tão desorganizado e/ou fragmentado que há um sério comprometimento de seu funcionamento e, dentro de sua angústia, o EGO passa a ficar sob o domínio do ID (na neurose, o EGO busca atender as exigências da realidade, enquanto busca satisfazer as pulsões do ID – conflito desejo x defesa). Em razão dos desejos do ID, em um segundo esforço (o delírio), o ID cria uma nova realidade, para que o sujeito possa suportar seu sofrimento. Como o processo de criação dessa realidade não passou pelo nível consciente, o psicótico o toma como absolutamente real. No tocante às definições conceituais, sob o ponto de vista psicanalítico, as ideias ligadas à psicose apareceriam na obra Freudiana na alcunha de MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 52 http://psicanaliseclinica.com/ parafrenia (certas psicoses delirantes crônicas que não traziam comprometimento intelectual), num sentido que englobasse a paranoia e a esquizofrenia, como posto em “Sobre o Narcisismo: uma introdução”, de 1914”. Outro termo que caiu em desuso e que também fazia alusão às estruturas psicóticas é a neurose narcísica, que consistia em uma doença mental que caracterizada a retirada da libido sobre o EGO. (LAPLANCHE & PONTALIS, 1998). Vale ressaltar, nesse ponto, que dois importantes autores da psicanálise dedicaram e investiram seu tempo em versar sobre a estrutura psicótica, cada qual em seu percurso profissional e a sua maneira, falo de Melanie Klein e Wilfred Bion. Dizemos, em linhas gerais, que a psicose é uma organização muito primitiva, isso nos implica pensar que, assim como os pontos de fixação abordados na etiologia das neuroses, as experiências subjetivas e os eventos traumáticos remetem às fases de desenvolvimento psicossexuais mais iniciais. Não entraremos, como fizemos nas neuroses, na estratificação das faixas etárias, pois há uma diversidade de entendimentos (variável pelo ponto de vista e teoria de diferentes autores) sobre esses “momentos iniciais” e a repercussão das experiências na formação da organização psíquica. Fato é que, retomando a ideia central do conceito, sobretudo sob a ótica freudiana, existem duas etapas dentro do processo da organização psicótica. ● Em um primeiro momento há um distanciamento do EGO, graças aos estímulos vividos, da realidade, como forma de evitar o contato com essas sensações/sentimentos angustiantes (e inomináveis); MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 53 http://psicanaliseclinica.com/ ● Em um segundo momento, como forma de reparar esse distanciamento, o ID é responsável por proporcionar uma nova possibilidade de vivência com a realidade que o cerca, criando, portanto, uma nova realidade. Tal qual a neurose, a psicose também se encontra “espalhada” sobre um grande espectro de manifestações, tanto da personalidade (pensando em formas de funcionamento psíquico), como psicopatológicas (sintomáticas). Nesse sentido, sob a perspectiva clínica, é possível compreendê-la em três subcategorias: os estados psicóticos, as condições psicóticas, aspsicoses propriamente ditas (ZIMERMAN, 1999). ● Na compreensão dos estados psicóticos, podemos pensar que seriam pessoas que apresentam uma relativa capacidade de adaptação com o mundo exterior. Estão, portanto, mais “próximos” à neurose, o que nos faz entender que algumas “áreas” da estrutura egóica estão preservadas. É o caso, por exemplo dos pacientes conhecidos como borderline, ou seja, aqueles que se encontram numa condição limite, quase que como em uma fronteira entre as neuroses e as psicoses. ● Nas condições psicóticas, os pacientes mantêm, em sua estrutura, alguns “núcleos psicóticos”. Isso implica compreender que há uma organização mais elaborada em que o paciente se mostra aparentemente bem adaptado ao meio social. Contudo, devido à presença considerável desses núcleos psicóticos, há uma tendência a recorrer a mecanismos mais primitivos (de ordem psicótica), quando se estabelece uma angústia ou uma ansiedade. Wilfred Bion denominou essas condições como sendo “parte psicótica da personalidade”, ou seja, determinados comportamentos e/ou defesas psicóticas podem compor a personalidade do sujeito, deixando-o suscetível a crises dessa ordem. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 54 http://psicanaliseclinica.com/ ● Nas psicoses propriamente ditas temos, portanto, toda a organização psíquica calcada nesse modelo. Tal qual a neurose, podemos compreendê-la como sendo dotada de mecanismos de comunicação e linguagem com o mundo externo, além de mecanismos de defesas próprios, justamente para que seja possível lidar com as ameaças ao EGO. Dentro da clínica, sob o ponto de vista psicanalítico (principalmente pensando em Freud), podemos elencar três organizações específicas ou subestruturas psicóticas: a esquizofrenia, a paranoia e a melancolia (e sua condição maníaco-depressiva) Nesse sentido, podemos compreender, assim como a fase de organização psíquica da psicose, que os mecanismos de defesa são igualmente primitivos, e mobilizam com mais intensidade, por assim dizer, a demanda que deve ser suportada pelo frágil EGO. Dentre os mecanismos de defesa primitivos relacionados às psicoses, estão: ● Forclusão (repúdio): conceito incutido por Lacan, é, talvez, um dos mecanismos mais primitivos de defesa, na qual há uma “negação extensiva à realidade exterior e substituí-la pela criação de uma outra realidade ficcional” (ZIMERMAN, 1999, p. 128). Está relacionada à alucinação, uma vez que os conteúdos representativos (significantes, em Lacan) não foram integrados ao inconsciente do sujeito e, portanto, alucina-se, como forma de preenchimento da ausência angustiante. ● Recusa: também compreendida como um processo de negação, essa defesa “menos agressiva” que a forclusão, é realizada de modo parcial MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 55 http://psicanaliseclinica.com/ pelo EGO, ou seja, seria uma negação feita por uma das partes da estrutura egoica. Isso implica compreender que o sujeito nega o entendimento da verdade, mas compreende que, bem no seu âmago, ela existe. É uma defesa que acomete tanto a estrutura psicótica como a perversa, dentro do fetichismo. ● Dissociação: é uma defesa resultante da combinação de uma onipotente capacidade do EGO em realizar dissociações, no sentido de romper com determinadas pulsões, objetos, afetos e, também, partes do próprio EGO. A partir desse movimento do sujeito, essa defesa segue na forma de projeção, introjeção, idealização ou identificação projetiva, como veremos a seguir. ● Projeção: graças à dissociação, os sentimentos, qualidades, desejos do sujeito e que são desconhecidos ou recusados por ele são expulsos de si e depositadas em outro objeto (pessoa ou coisa). É muito comum pessoas atacarem alguém, por exemplo, de forma extremamente autoritária, quando na verdade, há uma negação dessa sua característica e o reconhecimento dela no outro. ● Introjeção: como forma de não sentir as angústias e todo mal que há dentro do sujeito (de maneira representativa), ocorre uma introjeção (movimento de fora para dentro) de conteúdos extremamente bons, como forma de se defender das ameaças dos objetos internos ruins. ● Idealização: na tentativa de defender o psiquismo do desamparo e da impotência que foram vividos e registrados inconscientemente, há um MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 56 http://psicanaliseclinica.com/ processo de idealização de si em suas instâncias ideais, ideal do ego e ego ideal (conceitos que serão discutidos mais amplamente quando tratarmos do narcisismo); ou a idealização do outro. Desse modo, parte do EGO ou do outro são extremamente enaltecidas, como forma de suprimir o sentimento angustiante do abandono e da fragilidade. ● Identificação projetiva: conceito cunhado por Melanie Klein, trata-se de um mecanismo fantasmático de projeção dos conteúdos intoleráveis e que introduz sua própria pessoa, parcial ou totalmente, no interior do objeto (o outro), na tentativa de lesá-lo, possuí-lo ou controlá-lo. Nesse sentido, não haveria diferenças entre o sujeito e o objeto, entre a realidade externa e interna. O indivíduo psicótico nesta condição passa a se identificar por completo com outra pessoa ou coisa (por isso, “projetiva”: projeta-se em outro ser). A seguir, vamos detalhar os três tipos de psicoses, ou as três sub-estruturas psicóticas: esquizofrenia, paranoia e melancolia (maníaco-depressivo). INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) ● Artigo: Diferenciando Neuroses e Psicoses ● Artigo: Transtorno Dissociativo de Identidade MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 57 https://www.psicanaliseclinica.com/neurose-e-psicose/ https://www.psicanaliseclinica.com/transtorno-dissociativo-de-identidade/ http://psicanaliseclinica.com/ 2.2.1. Esquizofrenia O termo esquizofrenia advém do grego, cujo significado está em clivar (dividir) o espírito. É, portanto, uma subjetividade caracterizada pelo movimento de dissociação, na qual há “(...) a incoerência do pensamento, da ação e da afetividade (designada pelos termos clássicos discordância, dissociação, desagregação), o afastamento da realidade com um dobrar-se sobre si mesmo e predominância de uma vida interior entregue às produções fantasísticas (autismo), uma atividade delirante mais ou menos acentuada e sempre mal sistematizada” (LAPLANCHE & PONTALIS, 1998, p. 158). É parte, portanto, de uma estrutura psíquica bastante regredida, que tem sua etiologia marcada pelas fases psicossexuais mais iniciais da vida. Como posto, alguns autores dedicaram, mais do que Freud, a investigar mais e melhor sobre essa subjetividade, o que implica pensarmos em diferenças, tanto de organização psíquica como na prática clínica. Algumas ideias trazidas por Bion podem ajudar a compreender melhor alguns mecanismos das psicoses, a exemplo da existência de uma poderosa pulsão destrutiva (pulsão de morte) dirigida ao próprio sujeito, fazendoemanar uma intensa angústia de aniquilamento, termo cunhado por Klein e que remete à angústia experienciada pelo bebê ao se deparar com a pulsão de morte; seria, assim, a primeira angústia vivida pela criança. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 58 http://psicanaliseclinica.com/ Ainda nesse sentido, verifica-se um grande ódio à realidade, tanto interna como externa, a psique “prefere” manter-se imersa ao mundo das ilusões, escolhendo os estados ilusórios à constituição de vínculos. Com isso, há uma perda na discriminação do que é real e do que é “falso”, tanto do próprio Eu, como de tudo que está fora dele. A exemplo de quando o esquizofrênico alucina (ouve vozes não presentes ou vê coisas não presentes, por exemplo), como pensar que essa experiência não é real ao esquizofrênico? Cabe ainda pensarmos na dificuldade no processo de simbolização, ou seja, uma dificuldade no processo do pensamento/conhecimento/linguagem, na qual o universo simbólico não seria devidamente organizado, adquirindo-se, portanto, uma literalidade no entendimento das coisas. Nesse sentido, haveria uma dificuldade em simbolizar; tudo ao esquizofrênico se apresenta terrivelmente real e literal. Por exemplo, ao pensarmos na expressão “chover canivete”, para a estrutura neurótica, em geral, há um entendimento de uma simbolização de algo muito improvável de acontecer; porém, para os psicóticos pensar essa estrutura seria acreditar que, de fato, canivetes poderiam cair do céu, de maneira literal. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 59 http://psicanaliseclinica.com/ Associe assim: PSICOSES: ESQUIZOFRENIA Especificidade: clivagem ou divisão; subjetividade marcada pela dissociação. Pulsão de morte ou desejo de aniquilamento, que torna insuportável a pessoa conviver com a realidade. O ID cria uma realidade alternativa, que pode ser acompanhada de alucinações. Fase de fixação principal: fases iniciais (oral e anal). INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) ● Artigo: O que é Esquizofrenia? MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 60 https://www.psicanaliseclinica.com/esquizofrenia/ http://psicanaliseclinica.com/ 2.2.2. Paranoia Nessa subestrutura psicótica, temos uma organização mais ou menos sistematizada, ou seja, pelo predomínio da interpretação e pela ausência de enfraquecimento intelectual, quando comparada, por exemplo, à esquizofrenia. O delírio, distorção na interpretação dos estímulos externos, vivenciando-os de maneira diferentes (perda de contato com a realidade), é uma característica bastante presente nos paranoicos, tal como aponta Freud nos delírios de perseguição, ciúme e grandeza, entre outros (LAPLANCHE & PONTALIS, 1998). Nesse sentido é comum, nos momentos de crise, que o delírio acometa o paranoico, no sentido de despertar e acentuar suas ansiedades. Por exemplo, no delírio de perseguição, o indivíduo tem a convicção de que está sendo perseguido constantemente, seja como forma de observação, seja com o intuito de matá-lo. Nos delírios de grandeza, o sujeito sente-se e acredita ser a pessoa mais importante do mundo, sendo sua existência essencial para a humanidade. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 61 http://psicanaliseclinica.com/ Associe assim: PSICOSES: ESQUIZOFRENIA PARANOIA Especificidade: clivagem ou divisão; subjetividade marcada pela dissociação. Especificidade: maior sistematização em comparação com esquizofrenia. Pulsão de morte ou desejo de aniquilamento, que torna insuportável a pessoa conviver com a realidade. O ID cria uma realidade alternativa, que pode ser acompanhada de alucinações. Delírios (perseguição, ciúme, grandeza), distorção na interpretação dos estímulos externos, vivenciando-os de maneira diferentes (perda de contato com a realidade). Fase de fixação principal: fases iniciais (oral e anal). Fase de fixação principal: fases iniciais (oral e anal). INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) ● Artigo: Esquizofrenia paranoide MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 62 https://www.psicanaliseclinica.com/o-que-e-esquizofrenia-paranoide/ http://psicanaliseclinica.com/ 2.2.3. Melancolia (maníaco-depressivo) No ano de 1917, Freud escreve o célebre texto “Luto e Melancolia”, no qual discorre sobre essas temáticas, conceituando-as e assinalando suas convergências e divergências. Nesse sentido, há um entendimento de que, nos quadros melancólicos, nas palavras de Freud, “a sombra do objeto cai sobre o ego”; isso nos permite compreender que há uma identificação com determinado objeto (pessoa, situação, experiência) de tal maneira que o sujeito sente esse objeto como parte de si. Ou seja, ao invés de estabelecer uma relação de investimento objetal (forma natural de se relacionar com pessoas e situações, reconhecendo os o mundo como “exterior”), há uma profunda identificação do melancólico com um objeto externo, que é incorporado como se fosse parte de si. Por exemplo, em uma relação mãe-filho, as falhas presentes na construção do sujeito (filho) foram tão grandes e arcaicas que, fatalmente, ele precisará de outro para realizar suas funções egoicas, criando-se, por identificação, certa simbiose com esse objeto (mãe). Nesse sentido, quando há a perda desse objeto, em nosso exemplo a mãe, parte do EGO também se vê perdido, ocasionando seu enfraquecimento e empobrecimento, acarretando em uma profunda e angustiante dor, como partes de si também morressem, constituem, portanto, um estado melancólico. A melancolia é investir em outro (pessoa ou coisa) parte de si; e, na perda ou impossibilidade de realizar-se neste outro, o indivíduo sente como perdendo parte de si. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 63 http://psicanaliseclinica.com/ Desse modo, de maneira inconsciente, o sujeito não sabe o que se perdeu nesse processo (da perda do objeto) e, com isso, entra em um profundo desânimo e inibição da realidade, a perda da capacidade de amar, e um desinteresse generalizado pelo mundo externo, buscando, em casos extremos, o suicídio. Além disso, volta-se ao ego uma constante força de auto-recriminação, como se a própria pessoa fosse culpada pela perda do objeto. Ainda nesse contexto, para avançarmos no entendimento dessa estrutura psicótica, é preciso conceituarmos algumas ideias, propostas por Freud, justamente para que possamos compreender a dinâmica do sujeito melancólico. Cabe então compreendermos a ideia de ideal do ego (ou ideal do eu): “formação intrapsíquica relativamente autônoma que serve de referência ao ego para apreciar as suas realizações afetivas” (LAPLANCHE & PONTALIS, 1998, p. 222). Sua origem está na convergência do narcisismo secundário (retorno ao ego da libido retirada dos seus investimentos objetais). Isso nos permite pensar que, tal qual o superego, instância reguladora pelo castigo, o ideal do ego se caracterizaria por uma instância, também balizadora, masque carrega em si as bases e referências para a construção de imagens e modelos ideais de desenvolvimento, como uma referência inatingível. Superego Ideal do Ego Castigos e sanções Padrões e modelos ideais Aspecto essencialmente negativo (o que não se deve fazer) Aspecto essencialmente positivo (ideal de como dever ser) MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 64 http://psicanaliseclinica.com/ A melancolia é, em si, o que Freud chamou (mas que logo perdeu-se como conceito) de neurose narcísica, denotando uma dificuldade ou impossibilidade de transferência libidinal (isto é, a libido volta-se em favor do próprio sujeito narcisista, não se externaliza). E, em termos de dinâmica das instâncias psíquicas, podemos compreender essa organização melancólica como sendo um conflito entre o EGO e o IDEAL DO EGO. Nos processos depressivos, temos que o ego se subjuga ao ideal do ego (ou seja, o ego quer obrigar o sujeito a alcançar este ideal), deixando o sujeito com baixa autoestima, sentimentos de culpa e frustração, alto nível de exigência consigo próprio, sentimento de perda de amor e de que seus desejos são inalcançáveis. Por outro lado, quando ocorre o contrário, isto é, quando o ideal do ego se subjuga ao ego, há uma supervalorização egóica como se o sujeito fosse superior a tudo e a todos. Busca, portanto, aceitação, prestígio e necessidade de grandeza. Desse modo, no estado conhecido como maníaco-depressivo, há uma alternância desses dois estados, por meio da disputa conflituosa entre o ego e o ideal do ego. Ou ainda, na linguagem psiquiátrica, transtorno de personalidade bipolar. ● Quando o ego se submete ao ideal do ego, o ideal do ego é maior que o ego: a frustração do inalcançável gera a condição maníaco-depressiva; ● Quando o ideal do ego se submete ao ego, o ego é maior que o ideal do ego (como se o ideal já tivesse se tornado realidade): ocorre outro tipo de frustração (por não ser enaltecido por todos) que também gera a condição maníaco-depressiva. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 65 http://psicanaliseclinica.com/ Associe assim: PSICOSES: ESQUIZOFRENIA PARANOIA MELANCOLIA Especificidade: clivagem ou divisão; subjetividade marcada pela dissociação. Especificidade: maior sistematização em comparação com esquizofrenia. Especificidade: sentimento profundo de tristeza na perda ou possibilidade de perda de algo ou alguém. Pulsão de morte ou desejo de aniquilamento, que torna insuportável a pessoa conviver com a realidade. O ID cria uma realidade alternativa, que pode ser acompanhada de alucinações. Delírios (perseguição, ciúme, grandeza), distorção na interpretação dos estímulos externos, vivenciando-os de maneira diferentes (perda de contato com a realidade). Profunda identificação do melancólico com um objeto externo, que é incorporado como se fosse parte de si. O indivíduo toma parte de outra coisa/pessoa como sendo a si próprio. A tristeza advém da perda ou possibilidade de perda. Fase de fixação principal: fases iniciais (oral e anal). Fase de fixação principal: fases iniciais (oral e anal). Fase de fixação principal: fases iniciais (oral e anal). INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) ● Artigo: Conceito de Narcisismo ● Artigo: Relações entre Psicose e Depressão ● Artigo: As Fases do Luto ● Artigo: 6 filmes sobre Depressão MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 66 https://www.psicanaliseclinica.com/narcisismo-na-psicanalise/ https://www.psicanaliseclinica.com/psicose-depressao/ https://www.psicanaliseclinica.com/fases-do-luto/ https://www.psicanaliseclinica.com/filmes-sobre-depressao/ http://psicanaliseclinica.com/ 2.3. As perversões Esse conceito, ao longo da história, sofre inúmeras modificações enquanto entendimento dentro da área da Psicanálise. O que Freud define e tenta elaborar enquanto constructo da perversão se refere a desvios sexuais que fogem àquilo dito como “normal” (obtenção do orgasmo a partir do coito genital), como forma de obtenção de prazer. Ou seja, todas as relações que não envolvessem o coito fálico-vaginal eram consideradas perversões. Sendo assim, como posto, o orgasmo (satisfação/prazer) na perversão poderia estar vinculado a: ● outros objetos sexuais, tais como a homossexualidade, a pedofilia, o voyeurismo, entre outros; ● outras zonas corporais, a exemplo do coito anal; ● e, também, quando a obtenção de prazer está subordinada de forma imperiosa a determinadas situações externas, como o fetichismo, o exibicionismo, o sadomasoquismo, entre outros (LAPLANCHE & PONTALIS, 1998). Desse modo, a ideia de perversão foge ao senso comum do que entendido atualmente como perversidade, uma vez que a perversão é entendida como uma estrutura psíquica própria, tais quais as neuroses e psicoses. Ou seja, existe, na perversão, um modo de se relacionar com o mundo, de estabelecer relações, de apresentar modos de sofrer, e, também, modos de obtenção de prazer. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 67 http://psicanaliseclinica.com/ Sendo assim, é uma estrutura psíquica dentro da clínica psicanalítica responsável por organizar a personalidade do indivíduo. Diferentemente da ideia que “perversidade” carrega, no sentido de uma ideia de conceito moral, que, em suas atitudes, são repudiadas enquanto pactos/leis sociais. Uma ideia incutida por Freud traz a noção de que “as neuroses são, por assim dizer, o negativo das perversões” (FREUD, 1905, p. 168). Essa ideia surge como forma de compreender a relação de ambas as estruturas psíquicas com a obtenção de satisfação. ● O neurótico, através do ego, atende as exigências do ambiente, reprimindo/recalcando as ideais angustiantes, ● O perverso realiza, de fato, seu desejo (sexual) sem sentimento de culpa. O perverso é, portanto, capaz de saber o que quer (o que dá prazer) e assim realizá-lo, enquanto, para o neurótico, esse desejo de satisfação acaba por ser reprimido. Não é incomum a admiração do neurótico pelo perverso, uma vez que é possível ver, na figura do outro, a realização literal do seu desejo recalcado. Já mais amadurecido nas investigações acerca dessa temática, Freud escreve “O Fetichismo”, em 1927, estabelecendo a ideia de uma gênese para o funcionamento psíquico da perversão. A perversão estaria ligada, sobretudo, às defesas de renegação (ou recusa) vinculadas à angústia de castração. Nesse sentido, haveria uma recusa perceptível, uma recusa de saber reconhecer a ausência do falo no outro (representada pela ideia do corpo da mãe, na qual, simbolicamente, haveria a ausência do pênis/falo). MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 68 http://psicanaliseclinica.com/ E, na dificuldade de elaborar esse entendimento simbólico, o perverso colocaria, nesse lugar, outra forma de subjetivação, que seria o fetiche. O fetiche é tomar um objeto inanimado como objeto de prazer. Sendo assim, “(...) o sujeito sabe que a mulher não tem pênis; no entanto, para negar a suafantasia de que esta falta deve-se a uma castração que, de fato, tenha ocorrido, ele renega a verdade com um pensamento tipo “não, não é verdade que a mulher não tem pênis” e reforça essa falsa crença com a criação de algum fetiche, como pode ser uma adoração por sapatos, etc.” (ZIMERMAN, 1999, p. 128). Ou seja, como forma de negar/recusar essa angústia, o perverso tende a precisar do outro para que sua organização, sobretudo no sentido do prazer, se constitua de maneira satisfatória. Contudo, esse lugar que o outro assume não está integrado, mas sim submetido ao funcionamento de pulsões parciais. Desse modo, a exemplo do fetichismo, a busca de prazer está vinculada a parcialidades, como ocorre com aqueles que são capazes de sentir prazer na relação com os sapatos de outra pessoa. Vale ressaltar, nesse ponto, um conceito importante e que considera a fase de desenvolvimento psicossexual, toda criança é uma perversa polimorfa. Isso implica pensarmos que a busca por satisfação na criança está vinculada às parcialidades, como posto, conforme o capítulo das fases de desenvolvimento psicossexual, ora a erotização está na boca, ora no ânus, e assim por diante. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 69 http://psicanaliseclinica.com/ Do ponto de vista da estruturação clínica, a perversão pode ser dividida, também, em subestruturas, que apresentam relações específicas com as formas de organização e relacionamento com o outro, sobretudo na busca pelo prazer. São tipos principais de perversão: o fetichismo, o sadismo e o masoquismo. INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) ● Artigo: Complexo de Castração e a Moral em Freud ● Artigo: O que são Perversões? 2.3.1. Fetichismo O fetichismo pode ser caracterizado, como verificamos, a uma produção proveniente à recusa da angústia de castração. Relembrando, no Complexo de Édipo (fase fálica), o indivíduo deseja a mãe e rivaliza com o pai. Porém, por receio de ser punido (o que é simbolizado pela angústia de castração, isto é, o medo de que o pai, mais forte, penalize o indivíduo com a perda do pênis), o indivíduo supera esta fase, seguindo para um período de latência. O perverso se recusaria a aceitar a possibilidade da castração, e sua forma de enfrentar é imaginar que objetos inanimados possam estar no lugar das zonas erógenas. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 70 https://www.psicanaliseclinica.com/complexo-de-castracao-e-moral-em-freud/ https://www.psicanaliseclinica.com/perversao/ http://psicanaliseclinica.com/ A dificuldade dessa elaboração na fase fálica, perceptível com a diferença dos sexos (presença e ausência do falo), é evidenciada e vivenciada como uma experiência de horror, uma vez que a possibilidade da castração é real, e sentida tal qual a perda de seu objeto de amor (mãe), assim como seu pênis. “O horror da castração ergueu um monumento a si próprio na criação deste substituto, fazendo do fetiche um indício do triunfo sobre a ameaça da castração e uma proteção contra ela... Na vida posterior, o fetichista sente desfrutar de ainda outra vantagem de seu substituto de um órgão genital. O significado do fetiche não é conhecido por outras pessoas, de modo que não é retirado do fetichista; é facilmente acessível e pode prontamente conseguir a satisfação sexual ligada a ele. Aquilo pelo qual os outros homens têm de implorar e se esforçar pode ser tido pelo fetichista sem qualquer dificuldade.” (FREUD, 1927) Nesse sentido, essa simbolização não é realizada na estrutura do perverso, fazendo com que outra “coisa” assuma o lugar desse objeto de desejo. Considerando a ideia de “pulsões sexuais parciais” para a obtenção do prazer, seja o fetiche por objetos (peças íntimas, roupas diferenciadas, entre outros), por partes do corpo (mãos, pés, nádegas...) ou ainda por situações extrínsecas (como o voyeurismo ou observação, o exibicionismo, entre outros). A partir da ideia do fetichismo, é possível compreendermos as outras duas modalidades clínicas da perversão. ● Quando o sujeito assume-se, digamos, “o lado” do fetichismo (ele sendo “coisa”), temos uma organização masoquista (gosta de ser submetido) e, ● Ao contrário, quando o outro assume essa posição de “coisa”, temos, portanto, o sadismo (o indivíduo gosta de submeter o outro). MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 71 http://psicanaliseclinica.com/ Existem outras assim chamadas “parafilias” (veja artigo abaixo). Essas três são as principais para os estudos freudianos. Associe assim: PERVERSÕES: FETICHISMO Especificidade: fixação parcial do objeto do prazer, em objetos inanimados ou partes não genitais do corpo. Fetiche por objetos (peças íntimas, roupas diferenciadas etc.), por partes do corpo (mãos, pés etc.) ou ainda por situações extrínsecas (como o voyeurismo e o exibicionismo). Fase de fixação principal: fase fálica (o fetichismo é uma forma de negar o medo da castração, concebendo que coisas podem assumir o lugar das zonas erógenas). INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) ● Artigo: Fetichismo e outras parafilias ● Artigo: Psicoses, Neuroses e Perversões MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 72 https://www.psicanaliseclinica.com/parafilias-voyeurismo-fetichismo-frotteurismo/ https://www.psicanaliseclinica.com/psicose-neurose-e-perversao/ http://psicanaliseclinica.com/ 2.3.2. Sadismo Nessa organização específica da perversão, a outra pessoa é objeto do fetiche e, para tanto, o sádico terá sua satisfação/prazer alcançada por meio do sofrimento/humilhação dirigida ao outro. De maneira fantasiosa, trata-se do desejo de dar vazão a uma pulsão sexual que vai na direção da dominação, de admitir-se como posse e/ou a submissão à força. Associe assim: PERVERSÕES: FETICHISMO SADISMO Especificidade: fixação parcial do objeto do prazer, em objetos inanimados ou partes não genitais do corpo. Especificidade: fixação parcial do objeto do prazer, focando na satisfação em impor sofrimento ao outro. Fetiche por objetos (peças íntimas, roupas diferenciadas etc.), por partes do corpo (mãos, pés etc.) ou ainda por situações extrínsecas (como o voyeurismo e o exibicionismo). Pode ser entendido como uma derivação do fetichismo, em que a satisfação sexual é alcançada com o sofrimento do parceiro. Fase de fixação principal: fase fálica (o fetichismo é uma forma de negar o medo da castração, concebendo que coisas podem assumir o lugar das zonas erógenas). Fase de fixação principal: fase fálica. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 73 http://psicanaliseclinica.com/ INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) ● Artigo: O que é Sadismo? MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 74 https://www.psicanaliseclinica.com/sadica/ http://psicanaliseclinica.com/ 2.3.3. Masoquismo O masoquismo, por sua vez, está ligado à ideia do sofrimento e humilhação ao qual o sujeito masoquista se submete como forma deobter prazer. Ou seja, é uma busca de prazer por meio de um aparente “desprazer”. Assumir a posição de dominado, de quem sofre a dor para, assim, sentir prazer sexual. Associe assim: PERVERSÕES: FETICHISMO SADISMO MASOQUISMO Especificidade: fixação parcial do objeto do prazer, em objetos inanimados ou partes não genitais do corpo. Especificidade: fixação parcial do objeto do prazer, focando na satisfação em impor sofrimento ao outro. Especificidade: fixação parcial do objeto do prazer, focando na satisfação em receber um sofrimento, imposto por outra pessoa. Fetiche por objetos (peças íntimas, roupas diferenciadas etc.), por partes do corpo (mãos, pés etc.) ou ainda por situações extrínsecas (como o voyeurismo e o exibicionismo). É o inverso do masoquismo. Pode ser entendido como uma derivação do fetichismo, em que a satisfação sexual é alcançada com o sofrimento do parceiro. É o inverso do sadismo. Pode ser entendido como uma derivação do fetichismo, em que a satisfação sexual é alcançada quando o parceiro impõe ao masoquista um sofrimento. Fase de fixação principal: fase fálica (o fetichismo é uma forma de negar o medo da castração, concebendo que coisas podem assumir o lugar das zonas erógenas). Fase de fixação principal: fase fálica. Fase de fixação principal: fase fálica. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 75 http://psicanaliseclinica.com/ INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) ● Artigo: O que é Masoquismo? MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 76 https://www.psicanaliseclinica.com/masoquista-significado/ http://psicanaliseclinica.com/ INDICAÇÃO DE LEITURA Algumas indicações contam com links disponíveis (leituras opcionais). Para fins de estudos para o Curso, algumas obras não seriam para leitura completa, mas apenas recomendações dos capítulos ou das páginas indicadas abaixo. 1) Freud. Primeiras publicações psicanalíticas (1893-1899) – VOLUME III. Ler texto: A sexualidade na etiologia das neuroses (1898). Clique aqui para ler, ou acesse https://goo.gl/WPoeGz 2) Freud. O futuro de uma ilusão (1927-1931) – VOLUME XXI Ler texto: Fetichismo (1927). Clique aqui para ler, ou acesse https://goo.gl/2pfXnf MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 77 https://drive.google.com/open?id=1riEPtOKz1ocNAcmpWECKTyGhds6iEDVY https://drive.google.com/open?id=1cfv6QLniHEjgUouf4PllItKTG7f4pY0o http://psicanaliseclinica.com/ 3) Artigo: A psicopatia a partir da Psicanálise: desmistificando a mídia (2015). Clique aqui para ler, ou acesse https://goo.gl/AhS4pQ 4) Artigo: Melancolia e Depressão: Um estudo psicanalítico (2014). Clique aqui para ler, ou acesse https://goo.gl/iBhcsU 5) Filme: Melhor é impossível (1997). Não encontramos o filme disponível no Youtube ou em outras plataformas abertas de vídeo. O filme é opcional, portanto. Ainda assim, recomendamos que o aluno o encontre em site de filmes ou em aplicativos de streaming. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 78 https://drive.google.com/open?id=1jMiDWEnvCK9fZfpNUYNqzDWfkdugIl6N https://drive.google.com/open?id=1MbGhTTxt71AAFGvR79vvPCjFsNusEVVS http://psicanaliseclinica.com/ Resumo Resumo dos quadros esquemáticos apresentados neste Módulo. I. FASES DO DESENVOLVIMENTO DA LIBIDO (OU DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL) Fase Idade aprox. Zona erógena Sinais adultos de regressão Oral 0 a 2 anos Boca Hábitos ligados à boca (falar, comer, beber, fumar), dependência, medo do desamparo, baixa tolerância à frustração. Anal 2 a 3 anos Esfíncteres que controlam fezes e urina Ambivalência (amor/ódio), competitividade excessiva, desejo de controle e manipulação, desejo de acumulação de posses, neuroses obsessivo-compulsivas. Fálica 3 a 5 ou 6 anos Falo / Fase de reconhecimento dos órgãos genitais Fixar-se nas fases oral ou anal é um sinal de uma fase fálica (e um Complexo de Édipo) mal resolvida. Transtornos referentes às duas fases anteriores são sinais de uma fase fálica mal resolvida, além de transtornos específicos da fase fálica, como o narcisismo. Latência De 6 anos até puberdade Hiato, sem zona erógena específica Como ocorre uma repressão das sensações erógenas, em favor do desenvolvimento do ego e da construção das relações sociais, não se costuma falar em regressão a esta fase. Genital A partir da puberdade Genital É a fase de maturidade, por isso não se costuma ver a “fixação” nesta fase como algo negativo. Ao contrário, quando um adolescente ou adulto (que deveria estar fixado nesta fase) se prende a fases anteriores, haveria a regressão, com as características que acima apontamos. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 79 http://psicanaliseclinica.com/ II. TIPOS DE NEUROSES FOBIA OBSESSÃO- COMPULSÃO HISTERIA Também chamada de histeria de angústia. Também chamada de neurose obsessiva, TOC, obsessão. Também chamada de neurose histérica. O contato ou lembrança de um objeto específico causa reações fóbicas (de medo), muitas vezes inexplicáveis e desproporcionais. Hábitos e rituais obsessivos, de natureza animista (acreditando que o pensamento individual tem controle sobre o mundo exterior). Tipos: histeria de conversão (somática) e dissociativa (sensações de despersonalização, ataques epiléticos, desmaios). Fase de fixação principal: fase fálica (angústia de castração, aniquilamento e desamparo). Fase de fixação principal: fase anal (primeiras imposições de regras, diferenciação com a mãe, agressões ao Ego, primeiros conflitos ID-superego). Fase de fixação principal: fase fálica. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 80 http://psicanaliseclinica.com/ III. TIPOS DE PSICOSES ESQUIZOFRENIA PARANOIA MELANCOLIA Especificidade: clivagem ou divisão; subjetividade marcada pela dissociação. Especificidade: maior sistematização em comparação com esquizofrenia. Especificidade: sentimento profundo de tristeza na perda ou possibilidade de perda de algo ou alguém. Pulsão de morte ou desejo de aniquilamento, que torna insuportável a pessoa conviver com a realidade. O ID cria uma realidade alternativa, que pode ser acompanhada de alucinações. Delírios (perseguição, ciúme, grandeza), distorção na interpretação dos estímulos externos, vivenciando-os de maneira diferentes (perda de contato com a realidade). Profunda identificação do melancólico com um objeto externo, que é incorporado como se fosse parte de si. O indivíduo toma parte de outra coisa/pessoa como sendo a si próprio. A tristeza advém da perda ou possibilidade de perda. Fase de fixação principal: fases iniciais (oral e anal). Fase de fixação principal: fases iniciais (oral e anal). Fase de fixação principal: fases iniciais (oral e anal). MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 81 http://psicanaliseclinica.com/ IV. TIPOS DE PERVERSÕES FETICHISMO SADISMO MASOQUISMO Especificidade: fixação parcial do objeto do prazer, em objetos inanimados ou partes não genitais do corpo. Especificidade: fixação parcial do objeto do prazer, focando na satisfação em impor sofrimento ao outro. Especificidade: fixação parcial do objeto do prazer, focando na satisfação em receber um sofrimento, imposto por outra pessoa. Fetiche por objetos (peças íntimas, roupas diferenciadas etc.), por partes do corpo (mãos, pés etc.)ou ainda por situações extrínsecas (como o voyeurismo e o exibicionismo). É o inverso do masoquismo. Pode ser entendido como uma derivação do fetichismo, em que a satisfação sexual é alcançada com o sofrimento do parceiro. É o inverso do sadismo. Pode ser entendido como uma derivação do fetichismo, em que a satisfação sexual é alcançada quando o parceiro impõe ao masoquista um sofrimento. Fase de fixação principal: fase fálica (o fetichismo é uma forma de negar o medo da castração, concebendo que coisas podem assumir o lugar das zonas erógenas). Fase de fixação principal: fase fálica. Fase de fixação principal: fase fálica. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 82 http://psicanaliseclinica.com/ Referências bibliográficas FINE, R; A história da psicanálise. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1981. FREUD, S. Três ensaios sobre a sexualidade (1905). Obras completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996. ________ Fetichismo (1927). Obras completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996. LAPLANCHE, J; PONTALIS, J. B. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 1996. MANNONI, O; Freud: uma biografia ilustrada. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. VALENTE, N; Psicanálise freudiana: uma análise atual ao alcance de todas as mentes. São Paulo: Ed. Panorama, 2002. VENTURA, Rodrigo. Os paradoxos do conceito de resistência: do mesmo à diferença. Estud. psicanal., Belo Horizonte, n. 32, nov. 2009 . ZIMERMAN, D. E. Fundamentos Psicanalíticos: Teoria, técnica e clínica. Porto Alegre: Artmed, 1999. WOLLHEIN, R. As ideias de Freud. São Paulo: Círculo do Livro, 1971. MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 83 http://psicanaliseclinica.com/