Logo Passei Direto
Material
Study with thousands of resources!

Text Material Preview

VERSÃO. REVISÃO 2020-2021 
 
 
(C) TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. USO EXCLUSIVO DOS ALUNOS DO CURSO. 
 
MÓDULO III – LIBIDO, PULSÕES E 
SEXUALIDADE 
Índice 
 
1. Uma teoria para a sexualidade 6 
1.1. O entendimento da libido 8 
1.2. As fases de desenvolvimento da libido 10 
1.2.1. Fase oral 12 
1.2.2. Fase anal 15 
1.2.3. Fase fálica 17 
1.2.4. Período de latência 21 
1.2.5. Fase genital 24 
1.3. Desdobramentos das fixações libidinais 27 
2. As diferentes formas de organização psíquica 33 
2.1. As neuroses 34 
2.1.1. Fobia 41 
2.1.2. Obsessão-compulsão 45 
2.1.3. Histeria 48 
2.2. As psicoses 52 
2.2.1. Esquizofrenia 58 
2.2.2. Paranoia 61 
2.2.3. Melancolia (maníaco-depressivo) 63 
2.3. As perversões 67 
2.3.1. Fetichismo 70 
2.3.2. Sadismo 73 
2.3.3. Masoquismo 75 
Resumo 79 
Referências bibliográficas 83 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 2 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
 
 
 
IMPORTANTE 
Estamos constantemente revisando e melhorando nosso material. Você 
está recebendo esta que é a nova versão da apostila do Módulo 3. 
Nossos materiais são revisados e melhorados com certa frequência. 
Recomendamos que, após concluir o Curso, você revise os módulos já 
estudados: servirá para você aprofundar seu aprendizado e para verificar 
novas versões de nossos materiais. 
Este material pertence ao Curso de Formação em Psicanálise Clínica 
(​www.psicanaliseclinica.com​). Sua divulgação paga ou gratuita não é 
permitida sem prévia autorização do nosso Instituto Brasileiro de 
Psicanálise Clínica (CNPJ 28.447.037/0001-81). Informe-nos qualquer uso 
não autorizado, pelo e-mail ​contato@psicanaliseclinica.com​. 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 3 
 
http://www.psicanaliseclinica.com/
mailto:contato@psicanaliseclinica.com
http://psicanaliseclinica.com/
 
 
Introdução 
 
Este é a apostila base referente ao módulo III da parte teórica do Curso. 
Nesse módulo, vamos aprofundar conceitos sobre ​Desejo, Libido e 
Sexualidade​, segundo Freud. Esta é uma temática central na obra de Freud, a 
sexualidade. Portanto, as fases de desenvolvimento psicossexual (e da libido), 
a repercussão e o impacto dessas etapas na vida do indivíduo, são alguns dos 
conceitos e ideias que poderão ser encontrados nesse Módulo. 
A manifestação da sexualidade foi muito combatida. Para Freud, a 
dimensão do desejo humano, da libido, do simbólico e da autoestima estão 
relacionados ao desenvolvimento psicossexual. Portanto, a sexualidade em 
Freud não é meramente a sexualidade genital, mas, sim, é a base da formação 
da personalidade e da subjetividade. 
Para fins de realização de prova, a leitura da apostila de cada módulo é 
suficiente. Na fase final do Curso (Supervisão), isto é, após você concluir os 12 
módulos teóricos, você terá encontros ao vivo por vídeo-conferência 
(transmissões ao vivo por vídeo), em que serão debatidos estudos de casos, a 
dinâmica da clínica psicanalítica e suas técnicas, bem como serão revisados 
alguns conceitos teóricos essenciais à melhor interpretação dos casos. 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 4 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Dedique-se ao máximo às leituras e demais materiais. Embora a 
formação on-line possibilite uma autonomia de tempo e andamento para a 
compreensão dos conteúdos, a qualidade da absorção e entendimento das 
temáticas, fundamentais à formação e prática profissional, dependem muito 
mais do comprometimento e seriedade com a qual você irá se dedicar. 
Aproveite bem os materiais e bons estudos! 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 5 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
1. Uma teoria para a sexualidade 
 
Certamente é possível associar Freud à temática da sexualidade, afinal, 
foi seu ​olhar sobre o desenvolvimento sexual que proporcionou, além de 
uma ruptura dos paradigmas da época, a possibilidade de desenvolver sua 
teoria baseado na evolução e constituição da sexualidade nas fases iniciais da 
vida. 
Contrapondo o conceito ligado ao senso comum da época, Freud 
ressalta dois pontos importantes para a temática. 
 
● Em primeiro lugar, em suas investigações sobre a história da 
sexualidade, constata que sua origem está em um ​período anterior 
àquele atribuído e reconhecido socialmente (adolescência)​; 
 
● Em segundo lugar, que o conceito de sexualidade, ​vai além de sua 
definição relativa ao sexo​, como costumeiramente se pensava. 
 
“A opinião popular tem ideias muito definidas sobre a natureza e as 
características do instinto sexual. Entende-se geralmente que ele está ausente 
na infância, que começa na puberdade, em ligação com o processo de 
desenvolvimento da maturidade, e que será revelado nas manifestações de 
uma irresistível atração exercida por um sexo sobre outro; enquanto a sua 
finalidade se presume ser a união sexual ou, tem todo caso, as ações que 
conduzem nessa direção” (FREUD, 1905, p. 135) 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 6 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
É em “​Três ensaios sobre a sexualidade (1905)” que Freud subverte, 
discute e propõe um novo entendimento àquilo que é entendido como ​sexual​. 
Essa é uma característica típica da obra freudiana, pois é o que irá 
sustentar a dinâmica evolutiva da psique desde os primórdios da vida, que 
recebeu o nome de ​desenvolvimento psicossexual​. 
Para muitos estudiosos, duas das grandes contribuições Freudianas 
são: 
● o conceito de “​inconsciente​” e 
● a tendência a explicar fatos psíquicos e sociais a partir da 
sexualidade​. 
 
A temática da sexualidade vai ser abordada por Freud até o fim de sua 
vida. Isso vai lhe custar, inclusive, o rompimento da relação com nomes como 
Jung e Adler, por não aceitarem a conceituação de seu mestre. 
 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) 
 
Em algumas de nossas apostilas, indicaremos artigos relacionados aos 
assuntos do módulo. A leitura desses artigos é ​opcional ​para fins de prova, 
mas recomendamos que você busque sempre essas (e outras) fontes para 
se aprofundar nos temas abordados. 
 
● Artigo​: ​Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (resumo do livro) 
● Artigo​: ​Breve história de teorias sobre sexualidade 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 7 
 
https://www.psicanaliseclinica.com/livro-tres-ensaios-sobre-a-teoria-da-sexualidade/
https://www.psicanaliseclinica.com/historia-sexualidade/
http://psicanaliseclinica.com/
 
 
1.1. O entendimento da libido 
 
 Para a compreensão sobre a teoria da sexualidade segundo Freud, é 
preciso explorar alguns conceitos relativos à temática e que dão sustentação 
ao desenvolvimento e entendimento da dinâmica psicossexual; estamos 
falando do conceito de ​libido​. 
 Proveniente do latim cujo significado é desejo/prazer, ​libido ​é a 
manifestação dinâmica, na vida psíquica, da pulsão sexual. 
Ou seja, uma força instintiva e impulsiva que é “sexualizada” (recebe um 
investimento energético) que movimenta o indivíduo no sentido de um objetivo 
e na direção da satisfação (prazer) (VALENTE, 2002). 
 Vale lembrar aqui, que Freud, em um primeiro momento do seu 
desenvolvimento teórico, coloca que a pulsão teria dois correspondentes, umapulsão de auto-conservação​ (do ego) e uma ​pulsão sexual​. 
Um exemplo simples para compreender esse pensamento está no fato 
de o bebê, em um movimento pulsional de auto-conservação, buscar o seio 
materno como fonte de alimento, na tentativa de satisfazer sua fome; contudo, 
mesmo satisfeito, o bebê ainda continua “mamando”, movido pela pulsão 
sexual, na busca por satisfação libidinal que vai além da mera sobrevivência. 
 Desse modo, e pensando nas fases de desenvolvimento da libido, é 
possível compreender que a libido irá se fixar em determinados órgãos (zonas 
erógenas), na tentativa de encontrar satisfação (prazer). 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 8 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
É assim quando, por exemplo, o bebê tem a boca como sendo a zona 
erógena (sexualizada, portanto, imbuída de energia sexual), e busca a 
satisfação/prazer, motivada por um estímulo tensional (fome, por exemplo). 
 Desse modo, Freud propõe uma organização das ​fases de 
desenvolvimento da libido​, e que contemplam a evolução da sexualidade, 
com origem na infância, e sugere diferentes fases para estruturar esse 
desenvolvimento psicossexual: fase oral, fase anal, fase fálica, período de 
latência, fase genital. Em cada fase, a libido obtém mais satisfação em uma 
zona erógena diferente. 
 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) 
 
● Artigo​: ​O que é Libido para Freud? 
● Artigo​: ​Pulsão sexual e Libido 
● Artigo​: ​Resumo sobre libido e sexualidade 
 
 
 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 9 
 
https://www.psicanaliseclinica.com/libido-para-freud/
https://www.psicanaliseclinica.com/pulsao-sexual/
https://www.psicanaliseclinica.com/libido-sexualidade-resumo/
http://psicanaliseclinica.com/
 
1.2. As fases de desenvolvimento da 
libido 
 
 Em um esforço de organizar e explicar sua teoria, Freud organiza o 
entendimento do desenvolvimento psicossexual em ​cinco etapas ou fases 
que, apesar de bem definidas, não são estanques. Significa que essas fases 
podem demorar mais tempo ou menos tempo, e uma fase pode se misturar a 
outra. 
Ou seja, apesar de se organizarem dentro de uma estrutura 
cronologicamente evolutiva, as fases não são necessariamente lineares 
podendo haver avanços ou retrocessos; de qualquer modo, cada fase é capaz 
de deixar marcas permanentes. 
 A essas marcas visíveis ao longo das etapas psicossexuais, Freud deu o 
nome de ​pontos de fixação​. Ou seja, ao longo do desenvolvimento dessas 
fases, e por meio das experiências subjetivas vividas, certos conflitos podem se 
instalar, impedindo o curso “normal” dessas etapas. 
Desse modo, são gerados “pontos” nodais que vão se fixar em 
determinado estágio e que serão retomados quando um período de crise 
(representação emocional) aparecer ao longo da vida da pessoa. Veremos 
exemplos ao longo das explicações de cada estágio de desenvolvimento. 
 Ou seja, as fases de desenvolvimento sexual ocorreria na infância e fase 
pré-adolescente, mas a fixação por uma dessas fases em detrimento de outras 
apareceria em qualquer momento da vida, com o indivíduo regredindo a uma 
dessas fases. 
 ZIMERMAN (1999) explica e ilustra a dinâmica desse mecanismo, uma 
vez que 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 10 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
“(...) diferentes momentos evolutivos deixam impressos no psiquismo aquilo 
que Freud denominou de ​pontos de fixação​, em direção aos quais 
eventualmente qualquer sujeito pode fazer um movimento de ​regressão​. Os 
“pontos de fixação” formariam-se a partir de uma exagerada gratificação ou 
frustração de uma determinada “zona erógena”. No primeiro caso, o sujeito, 
diante de angústias insuportáveis, tenta regredir para um tempo e um espaço 
que lhe foi tão protetor e gratificante; no caso de uma excessiva frustração que 
foi a determinante do ponto de fixação, a regressão dá-se, muitas vezes, 
sabemos hoje, como uma tentativa de resgatar alguns ‘buracos negros’ 
existenciais” (ZIMERMAN, 1999, p. 92). 
 
 Sendo assim, cada movimento de regressão (advindo dos pontos de 
fixação) apresentarão diferentes referências e comportamentos em função das 
diversas fases de desenvolvimento psicossexual, como veremos a seguir. 
 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) 
 
● Artigo​: ​Libido, Desejo e Motivação 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 11 
 
https://www.psicanaliseclinica.com/motivacao-e-fases-da-vida-segundo-freud/
http://psicanaliseclinica.com/
 
 
1.2.1. Fase oral 
 
A primeira fase do desenvolvimento psicossexual, a ​fase oral vai desde 
o nascimento até próximo aos dois anos de idade. Como o próprio nome diz, é 
a boca o órgão que recebe o investimento libidinal (zona erógena), que está 
vinculado ao prazer, sobretudo pela amamentação e o uso da chupeta 
(VALENTE, 2002). 
É interessante notar que “​a finalidade da libido oral, além da gratificação 
pulsional, também visa a ‘incorporação’, a qual, por sua vez, está a serviço da 
‘identificação’.”​ (ZIMERMAN, 1999, p. 92). 
Ou seja, é possível compreender que essas experiências corporais (aqui 
representadas pela boca) vão ganhando registros subjetivos na mente, que 
serão responsáveis pela formação da psique do bebê. É, em si, uma fase 
auto-erótica. A boca é um meio de alimentação, proteção, “conhecimento” 
(aprendizado em relação ao mundo externo) e também de prazer, é uma forma 
com que o bebê revive, em partes, a proteção que vivenciava no útero. E, 
embora nessa fase a boca ganhe uma notória relevância no âmbito do 
desenvolvimento, todos os outros sentidos são fundamentais para a 
comunicação com o mundo externo. 
Desse modo, é nessa fase que o bebê busca, em seu ato oral, introjetar 
objetos, “colocá-los para dentro”, na tentativa de buscar uma identificação, uma 
vez que nessa fase o bebê mostra-se totalmente dependente. 
Cabe ressaltar ainda que essa etapa pode, ainda, ser dividida em dois 
momentos, a sucção e a oral canibalística. 
Representativamente, esse primeiro momento recebe o nome de ​fase 
oral passivo-receptiva​, ou seja, o bebê recebe os conteúdos (como o leite 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 12 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
materno) e, portanto, busca a incorporação desses objetos tanto fisicamente, 
como psiquicamente; já o segundo momento, recebe a alcunha de ​fase oral 
ativo-incorporativa​, ou seja, o bebê já é capaz de agarrar objetos 
espontaneamente, sobretudo com o nascimento dos dentes. 
É ainda neste momento que a agressividade se mostra evidente, num 
sentido de lançar um domínio sobre o objeto, ou seja, um posicionamento mais 
ativo. Para o bebê, não há uma distinção clara entre si e o externo, entre ter e 
destruir. 
Nessa fase, a fixação, proveniente das experiências subjetivas nessa 
faixa etária, remeterá a comportamentos que envolvam essa zona erógena 
como meio de satisfação, por exemplo, hábitos de falar demais e/ou ser um 
bom orador, fumar e/ou beber em excesso, mascar chicletes, entre outras 
atividades que envolvam a boca como sendoalvo de prazer/satisfação. 
Do ponto de vista simbólico, como correspondente da vida adulta, e por 
se tratar de uma fase regredida (zero a dois anos), é possível verificar 
características de personalidades que expressem grande dependência, 
ansiedade de desamparo, baixa tolerância à frustração, entre outros. 
Ou seja, nesta visão, um indivíduo adulto que possua os hábitos e 
formas de simbolização que elencamos nos dois parágrafos acima pode ter um 
ponto de fixação na fase oral. Como vimos na citação de Zimerman, essa 
regressão pode ser motivada por algo gratificante ou “traumático” daquela fase 
em que a boca era a zona erógena por excelência (do 0 até perto dos 2 anos 
idade), que o indivíduo adulto inconsciente precisa reviver. 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 13 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Associe assim: 
 
Fase Idade aprox. Zona 
erógena 
Sinais adultos de regressão 
Oral 0 a 2 anos Boca Hábitos ligados à boca (falar, 
comer, beber, fumar), 
dependência, medo do 
desamparo, baixa tolerância à 
frustração 
 
 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) 
 
● Artigo​: ​Fase Oral e outras fases do desenvolvimento psicossexual 
 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 14 
 
https://www.psicanaliseclinica.com/desenvolvimento-psicossexual/
http://psicanaliseclinica.com/
 
1.2.2. Fase anal 
 
 Com uma predominância libidinal, embora também não sejam exclusivos 
dessa zona erógena, os esfíncteres (de micção e evacuação) apresentam-se 
altamente investidos de libido e irão dar nome a essa nova fase que contempla 
o segundo e terceiros anos de vida. Importantes funções são desempenhadas 
ao longo dessa fase, como traz Zimerman (1999), entre elas, 
 
“(...) a aquisição da linguagem; engatinhar e andar; curiosidade e exploração 
do mundo exterior; progressivo aprendizado do controle esfincteriano; controle 
da motricidade e prazer com a atividade muscular; ensaios de individuação e 
separação (por exemplo, comer sozinho, sem a ajuda de outros); o 
desenvolvimento da linguagem e comunicação verbal, com a simbolização da 
palavra; os brinquedos e brincadeiras; a aquisição da condição de dizer “não”; 
etc.” (ZIMERMAN, 1999, p. 93). 
 
Sendo assim, a criança passa a ter a importante experiência de 
manipular os conteúdos excretores (urina e fezes), aprendendo a reter, expelir, 
controlar e, portanto, essa vivência subjetiva explore seu prazer auto-erótico. É 
o primeiro momento da vida em que demonstra controle de si, com uma 
gradual diferenciação entre si e o mundo exterior. 
Essa fase também se divide em outras duas: ​fase anal expulsiva e 
fase anal retentiva​. 
● Na ​fase anal expulsiva​, a criança começa a compreender, pela 
sensação de prazer, sua função excretora que, além disso, também 
representa uma maneira de “atingir” aos pais, daí a caracterização de 
um entendimento sádico-anal (imposição aos outros); 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 15 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
● Na ​fase anal retentiva​, com a descoberta da capacidade de retenção, o 
controle e a manipulação também seriam aprendidos, configurando um 
caráter masoquista (imposição a si). 
Aliás, é justamente na fase anal que essas experiências de sadismo e 
masoquismo passam a ganhar significância, gerando indivíduos, quando 
fixados nessa fase, ambivalentes (sentimentos de amor e ódio ao mesmo 
tempo), altamente competidores, que tem a necessidade de controle e/ou 
manipulação das pessoas/coisas, e, também, por caracterizar a formação de 
neuróticos obsessivo-compulsivos (tema melhor tratado nos próximos módulo 
de nosso Curso). 
 ​Associe assim: 
 
Fase Idade 
aprox. 
Zona erógena Sinais adultos de regressão 
Oral 0 a 2 anos Boca Hábitos ligados à boca (falar, 
comer, beber, fumar), 
dependência, medo do 
desamparo, baixa tolerância à 
frustração 
Anal 2 a 3 anos Esfíncteres que 
controlam fezes 
e urina 
Ambivalência (amor/ódio), 
competitividade excessiva, desejo 
de controle e manipulação, 
desejo de acumulação de posses, 
neuroses obsessivo-compulsivas. 
 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) 
 
● Artigo​: ​Fase Anal segundo Freud e a Psicanálise 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 16 
 
https://www.psicanaliseclinica.com/fase-anal/
http://psicanaliseclinica.com/
 
 
1.2.3. Fase fálica 
 
 Com duração do terceiro até o quinto ou sexto ano de vida, essa fase 
concentra-se no ​falo (sendo o falo, na antiguidade greco-romana, a 
representação simbólica do poder, concentrada no órgão anatômico ​pênis​) 
(ZIMERMAN, 1999, p.94), a instituição simbólica dos genitais como sendo a 
zona erógena investida de libido. 
É interessante salientar que, para Freud, até certa idade as crianças de 
ambos os sexos supõem a existência de genitais masculinos em todas as 
pessoas. Daí a representação “fálica” na descrição dessa fase do 
desenvolvimento psicossexual. Posteriormente, alguns autores vão rejeitar 
essa uniformização de nomenclatura, mesmo reconhecendo haver uma mesma 
região erotizada em meninas e meninos. 
 Nessa fase fálica, é muito comum perceber a curiosidade das crianças 
com relação às zonas genitais, às suas próprias e às dos outros que as 
rodeiam. 
Não é à toa que se percebe a inúmera quantidade de “por quês?” 
relativos a essas e outras questões, na tentativa de encontrar alguma 
explicação para essas novas percepções. 
Fantasias dos meninos como “tenho pênis então sou igual meu pai”... 
“por que minha mãe não tem”... “ela tinha e perdeu”... “será que posso perder o 
meu?”... (que servirão de base para compreensão da ​angústia de castração​, 
como veremos mais à frente). 
 Outro importante acontecimento dessa fase refere-se ao ato 
masturbatório. O encontro com essa nova experiência genital promove 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 17 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
sensações táteis prazerosas, daí a manipulação e exibição dos órgãos genitais, 
sem, é claro, a malícia sugerida pelos adultos. 
Da mesma maneira, a fantasia imaginária da criança é alimentada por 
estímulos externos que fazem alusão à relação dos pais, barulhos noturnos, 
cenas de televisão etc., quando não são, literalmente, expostas ao coito dos 
pais propriamente dito. 
Portanto, essa “​cena primária​” (conceito cunhado por Freud) acaba por 
produzir fantasias que, se não forem bem elaboradas e/ou conduzidas, podem 
suscitar a formação de psicopatologias mais contundentes como a ​perversão 
(discutido com mais detalhes no próximo capítulo). 
E é justamente nessa fase de grandes vivências e experiências com as 
figuras parentais (pai e mãe) que se consolida o famoso conceito “​Complexo 
de Édipo​”. 
Em linhas gerais, esse complexo “​designa o conjunto de desejos 
amorosos e hostis que a criança experimenta com relação aos seus pais​” 
(ZIMERMAN, 1999, p.94). Ou seja, ao longo do desenvolvimento psicossexual, 
o filho tende a buscar nas figuras parentais referências para seus sentimentos. 
Desse modo, pensando em um desenvolvimento “normal”, o filho tende 
a se identificar com a figura paterna, e, em outro movimento, percebe a mãecomo figura amorosa (objeto de desejo). 
Assim, o filho quer ser como o pai, e deseja “possuir” a mãe. Esse 
sentimento, dentro da dinâmica familiar, fará com o que a criança olhe para o 
pai como um rival, atacando-o, uma vez que ele deseja a mãe só para si. 
Importante perceber que Freud irá projetar o mesmo fenômeno para a 
vida social, por meio de mecanismos sociais de controle (moral, leis, escola, 
cultura, religião etc.). 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 18 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
É importante ressaltar que o conceito psicanalítico do Complexo de 
Édipo, tema central na estruturação da neurose, é um organizador da 
personalidade sob quatro aspectos fundamentais: 
 
1. Permite o estabelecimento de uma relação triangular, inclusão do pai na 
díade mãe-filho, pode possibilitar o entendimento da criança na renúncia 
à onipotência e possessividade; compreender a diferença dos sexos e, 
ainda, entender que os pais são figuras autônomas e possui seus 
próprios espaços. 
 
2. A criança, ao se perceber “fora” da relação pai-mãe, é acometida por 
sentimentos de grande intensidade, relacionadas ao abandono, traição, 
ódio, vingança, medo, culpa entre tantos outros. É nesse contexto que 
pode se estabelecer a ​angústia de castração e, com isso, a dissolução 
do complexo de Édipo. Podemos compreender essa fantasia de 
castração, como sendo “​uma resposta ao enigma que a diferença 
anatômica dos sexos (presença ou ausência de pênis) coloca para a 
criança​” (LAPLANCHE e PONTALIS, 1996). Enquanto no menino essa 
angústia é vivida como a possibilidade da perda do falo, na menina é 
vivida como uma ausência que é sentida como um dano sofrido e, daí, a 
necessidade de compensação, negação e reparação. 
 
3. Possibilidade da formação das identificações, ou seja, a busca por 
sentimento da própria identidade; já que a criança vai se exteriorizando 
em relação à mãe e não pode “derrotar” o pai, passa a assumir a 
existência de normas e a necessidade de buscar seu próprio 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 19 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
desenvolvimento, que serão características da fase seguinte (latência) e 
de um Complexo de Édipo bem resolvido. 
 
4. A resolução do complexo edípico possibilita o ingresso na genitalidade 
adulta, que será retomada posteriormente na adolescência. Do contrário, 
caso essa passagem não se estabeleça de maneira adequada, haverá 
uma fixação nas fases anteriores (pré-edípicas: oral e anal), 
desencadeando distintos distúrbios psicopatológicos. 
 
Sendo assim, pensar a resolução do conflito edipiano, além de 
possibilitar a continuidade do desenvolvimento psicossexual na direção da 
genitalidade adulta, permite-nos compreender que a criança, de fato, introjetou 
adequadamente as figuras de pai e mãe (identificação e desejo) e 
compreendeu que seus pais possuem uma relação autônoma. A criança 
percebe que sua energia libidinal vinculada ao desejo sexual deverá ser 
dirigida a outra pessoa (após o período de latência), e não mais à mãe, tirando, 
portanto, o pai da posição de rival. 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 20 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Associe assim: 
 
Fase Idade 
aprox. 
Zona erógena Sinais adultos de regressão 
Oral 0 a 2 anos Boca Hábitos ligados à boca (falar, 
comer, beber, fumar), 
dependência, medo do 
desamparo, baixa tolerância à 
frustração. 
Anal 2 a 3 anos Esfíncteres que 
controlam fezes 
e urina 
Ambivalência (amor/ódio), 
competitividade excessiva, desejo 
de controle e manipulação, 
desejo de acumulação de posses, 
neuroses obsessivo-compulsivas. 
Fálica 3 a 5 ou 6 
anos 
Falo / Fase de 
reconhecimento 
dos órgãos 
genitais 
Fixar-se nas fases oral ou anal é 
um sinal de uma fase fálica (e um 
Complexo de Édipo) mal 
resolvida. Transtornos referentes 
às duas fases anteriores são 
sinais de uma fase fálica mal 
resolvida, além de transtornos 
específicos da fase fálica, como o 
narcisismo. 
 
 
1.2.4. Período de latência 
 
 Esse período é marcado por um hiato (intervalo) na evolução da 
sexualidade. Com início, em geral, após os seis anos de idade, a criança entra 
em um momento de “amnésia relativa” em relação às experiências subjetivas 
vividas anteriormente. 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 21 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Ou seja, há uma espécie de repressão da sexualidade infantil até então 
experimentada. Outro importante ponto desse período estaria no 
desenvolvimento das estruturas egóicas​, graças às vivências que estão por 
vir. 
 Nesse momento, portanto, a criança dirige sua libido ao 
desenvolvimento social​, ou seja, o ingresso no período escolar formal, a 
experiência com outras crianças, a prática de atividades físicas, como o 
esporte, possibilita a formação e o amadurecimento do caráter, uma vez que é 
exposta a aspirações morais e sociais (ZIMERMAN, 1999). 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 22 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Associe assim: 
Fase Idade 
aprox. 
Zona erógena Sinais adultos de regressão 
Oral 0 a 2 anos Boca Hábitos ligados à boca (falar, 
comer, beber, fumar), 
dependência, medo do 
desamparo, baixa tolerância à 
frustração. 
Anal 2 a 3 anos Esfíncteres que 
controlam fezes 
e urina 
Ambivalência (amor/ódio), 
competitividade excessiva, desejo 
de controle e manipulação, 
desejo de acumulação de posses, 
neuroses obsessivo-compulsivas. 
Fálica 3 a 5 ou 6 
anos 
Falo / Fase de 
reconhecimento 
dos órgãos 
genitais 
Fixar-se nas fases oral ou anal é 
um sinal de uma fase fálica (e um 
Complexo de Édipo) mal 
resolvida. Transtornos referentes 
às duas fases anteriores são 
sinais de uma fase fálica mal 
resolvida, além de transtornos 
específicos da fase fálica, como o 
narcisismo. 
Latência De 6 anos 
até 
puberdade 
Hiato, sem 
zona erógena 
específica 
Como ocorre uma repressão das 
sensações erógenas, em favor do 
desenvolvimento do ego e da 
construção das relações sociais, 
não se costuma falar em 
regressão a esta fase. 
 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) 
 
● Artigo​: ​Período de Latência no desenvolvimento sexual 
 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 23 
 
https://www.psicanaliseclinica.com/fase-latencia/
http://psicanaliseclinica.com/
 
 
1.2.5. Fase genital 
 
 Esse período é marcado, inicialmente, pela puberdade e adolescência. 
Nesse sentido, podemos pensar nesse momento como uma nova fase 
de transformação. Ocorre, portanto, a maturação fisiológica do aparelho sexual, 
além de mudanças anatômicas e fisiológicas. 
 É, por assim dizer, um “adoecimento” (do latim ​dolescere – crescer com 
dores), um momento de crise, de redescoberta: a necessidade de afirmação 
enquanto indivíduo, na busca por uma identidade individual, grupal e social 
(ZIMERMAN, 1999). 
Não é à toa que esse período é marcado por constantes atos de 
afrontamento, rebeldias, incompreensões, medos, dúvidas. 
 Vale ainda ressaltar que o complexo edipiano é revivido nessa fase, ou 
seja, questões relacionadas à busca por resolver esse conflito edípico faz com 
que os jovens encarem os sentimentos de abandono, traição, desejos 
incestuosos,ódio, vingança contra os pais, na tentativa de constituir sua 
identidade. 
Portanto, é preciso, para que se tenha um amadurecimento saudável, 
abandonar as projeções eróticas para com a mãe, e buscar uma identificação 
com o pai (o mesmo para as meninas, porém invertendo-se o aspecto da mãe 
e do pai). Assim, pode-se ingressar na vida genital adulta, tornando-se um 
indivíduo capaz de relacionar-se integralmente com outras pessoas (VALENTE, 
2002). 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 24 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Associe assim: 
 
Fase Idade 
aprox. 
Zona erógena Sinais adultos de regressão 
Oral 0 a 2 anos Boca Hábitos ligados à boca (falar, 
comer, beber, fumar), 
dependência, medo do 
desamparo, baixa tolerância à 
frustração. 
Anal 2 a 3 anos Esfíncteres que 
controlam fezes 
e urina 
Ambivalência (amor/ódio), 
competitividade excessiva, desejo 
de controle e manipulação, 
desejo de acumulação de posses, 
neuroses obsessivo-compulsivas. 
Fálica 3 a 5 ou 6 
anos 
Falo / Fase de 
reconhecimento 
dos órgãos 
genitais 
Fixar-se nas fases oral ou anal é 
um sinal de uma fase fálica (e um 
Complexo de Édipo) mal 
resolvida. Transtornos referentes 
às duas fases anteriores são 
sinais de uma fase fálica mal 
resolvida, além de transtornos 
específicos da fase fálica, como o 
narcisismo. 
Latência De 6 anos 
até 
puberdade 
Hiato, sem 
zona erógena 
específica 
Como ocorre uma repressão das 
sensações erógenas, em favor do 
desenvolvimento do ego e da 
construção das relações sociais, 
não se costuma falar em 
regressão a esta fase. 
Genital A partir da 
puberdade 
Genital É a fase de maturidade, por isso 
não se costuma ver a “fixação” 
nesta fase como algo negativo. 
Ao contrário, quando um 
adolescente ou adulto (que 
deveria estar fixado nesta fase) 
se prende a fases anteriores, 
haveria a regressão, com as 
características que acima 
apontamos. 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 25 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) 
 
● Artigo​: ​Sexualidade na Terceira Idade 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 26 
 
https://www.psicanaliseclinica.com/sexualidade-terceira-idade/
http://psicanaliseclinica.com/
 
1.3. Desdobramentos das fixações 
libidinais 
 
 Como visto até aqui, pela visão freudiana, a libido se organiza em fases 
de desenvolvimento que, apesar de deixarem marcas profundas no psiquismo, 
não são necessariamente fixas, ou seja, não há uma rigidez ao longo do 
desenvolvimento, em virtude das experiências subjetivas de cada indivíduo. Da 
mesma forma, a duração de cada fase pode mudar e se entrelaçar, não 
havendo um consenso sequer entre estudiosos do assunto. 
Assim, é possível pensar que, sobretudo considerando a ideia de pontos 
de fixação, o indivíduo irá se organizar de acordo com suas vivências em cada 
uma das fases, o que pode gerar a constituição de um modo de funcionamento 
específico a cada pessoa. 
 Nesse sentido, em virtude das experiências infantis, seja de frustrações 
angustiantes, seja por uma hiperestimulação em busca de satisfação, o prazer 
libidinal pode ficar vinculado a uma zona erógena específica, boca, ânus, 
genitais… 
E, essa fixação da libido pode, e vai, servir como referência, ao longo da 
vida do indivíduo, na busca por estímulos de prazer, sobretudo em situações 
de dificuldades extremas, onde há a incapacidade de elaboração. 
 
“Chupar os dedos, morder as unhas, fumar ou beber exageradamente, em 
momentos de aborrecimento ou tensão nervosa, poderia interpretar-se como 
manifestações de fixação à fase de prazer oral, que sentiam ao serem 
amamentadas e pelo uso excessivo da chupeta, quando crianças, ao qual 
voltam quando se sentem inseguras. O prazer excessivo na acumulação de 
riqueza seria um reflexo de fixação do prazer na retenção das fezes, na fase 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 27 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
anal, bem como certos tipos de constipação ou prazer intenso no ato da 
evacuação. Do mesmo modo, algumas formas de masturbação e de narcisismo 
poderiam ser consideradas como efeitos da fixação da zona fálica” (VALENTE, 
2002, p. 84). 
 
 Com isso, outro conceito pode ser claramente vinculado a esse 
movimento, trata-se da ​regressão​. É muito importante alertar que quem se 
inicia nos estudos psicanalíticos reduza seu impulso julgador. Convém um 
cuidado antes de determinar que tal comportamento ou pensamento é 
“neurótico”, “perverso”, “psicótico” ou uma fixação na fase oral etc. 
Normalmente, um apontamento desta natureza pode ter um validade didática 
ou até mesmo permitir uma hipótese interpretativa de comportamentos 
coletivos, mas não devem ser usados como uma “superioridade” do 
psicanalista ao julgar pessoas individualmente, quando tal análise não estiver 
inserida em um contexto terapêutico. 
Isso colocado, ressaltamos que as comparações e adjetivações aqui 
realizadas têm um valor didático e servem para transformar em exemplos 
alguns conceitos de Freud. 
Tomemos como exemplo os neuróticos que, ao vivenciarem, quando 
adultos, barreiras e obstáculos difíceis de superar, ou ainda, ao sofrerem 
profundas frustrações, regridem ou retornam a uma forma passada de prazeres 
libidinosos, como um meio de lidar com a situação posta. Desse modo, a 
personalidade até então adulta parece regredir em seu estado de madureza, 
retomando antigos comportamentos infantis, típicos de um período inicial de 
vida. 
 Uma vez compreendido a relevância e a repercussão das fixações 
libidinais nas fases do desenvolvimento psicossexual, Freud, ao longo de sua 
clínica, sugeriu que alguns comportamentos presentes na vida adulta 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 28 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
demonstravam correspondentes que convergiam a essas fases, o que 
orientava a organização psíquica de pacientes adultos. 
 Desse modo, ao que Freud denominou aberrações sexuais, é possível 
compreender que o direcionamento libidinal fixado em cada uma das fases de 
desenvolvimento proposta, vai determinar uma série de comportamentos 
marcantes, cada qual com suas características marcantes. 
 É nesse contexto que Freud vai tecer suas ideias sobre os desvios 
sexuais, ou ​perversões​, tais como fetichismo, masoquismo, sadismo, 
narcisismo, voyeurismo, pedofilia, entre outros, como forma de discutir a 
dinâmica o direcionamento e fixação da libido. Nesse sentido, o objeto sexual 
(alvo do prazer) e o objetivo (ato que visa o instinto sexual) são, por algum 
motivo, desviados em relação ao “ato sexual normal” (obtenção de prazer por 
penetração genital, como uma pessoa do sexo oposto). 
Convém ressaltar que na fase inicial a homossexualidade era vista como 
um desvio do padrão, visão que Freud de certa forma modificou no decorrer de 
sua obra. Psicanalistas posteriormente reforçaram o caráter não patológico da 
homessexualidade, retirando o sufixo “ismo” (homossexualismo), que poderia 
reforçar a ideia de “transtorno”. Nesse sentido, é recomendável que o(a) 
aluno(a) considere a heterossexualidade, a bissexualidadee a 
homossexualidade como orientações sexuais distintas e válidas, sem um juízo 
de valor em si. Ao entrar em contato com obras anteriores, é importante que 
o(a) aluno(a) atualize sua visão para uma perspectiva mais inclusiva. A 
Psicanálise é um campo do saber em constante atualização, sinta-se 
chamado(a) a produzir novos conteúdos na forma de livros, artigos, palestras 
etc., a partir de suas vivências como estudante, terapeuta ou futuro terapeuta. 
 
“Diz-se que existe perversão quando o orgasmo é obtido com outros objetos 
sexuais (homossexualidade, pedofilia, bestialidade, etc.), ou por outras zonas 
corporais (coito anal, por exemplo) e quando o orgasmo é subordinado de 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 29 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
forma imperiosa a certas condições extrínsecas (fetichismo, travestismo, 
voyeurismo e exibicionismo, sadomasoquismo); estas podem mesmo 
proporcionar, por si sós, o prazer sexual” (LAPANCHE & PONTALIS, 1998, p. 
341). 
 
Desse modo é possível compreender que a perversão está submetida 
ao funcionamento de pulsões sexuais parciais, ou seja, a obtenção do prazer 
ocorre em função de uma organização dentro de uma zona genital específica, o 
que determina seu objeto e objetivo para busca do prazer. Tomemos como 
exemplo o sadomasoquista: o indivíduo sente prazer sexual na condição de 
agressor (característica do sadismo), ao ver a vítima sendo agredida; e, 
também, na condição de vítima que sofre a violência (característica do 
masoquismo). 
 
“(...) sadismo é tomado ali no sentido de uma agressão contra outrem; (...) o 
masoquismo corresponde a um retorno sobre a própria pessoa, da atividade 
em passividade.” (LAPANCHE & PONTALIS, 1998, p. 467). 
 
Essa organização sadomasoquista, portanto, se daria durante a fase 
anal, na qual a experiência controle, dominação, agressividade e destruição 
são mais evidentes tendo em vista o desenvolvimento psicossexual. 
Desse modo, uma vez fixada a libido nesta fase, por alguma experiência 
traumática nesta fase, por exemplo, a organização sexual desse indivíduo, na 
vida adulta, será remetida àquela vivência simbólica (e parcial), onde o prazer 
seria obtido pela agressão, violência e humilhação de outro e, ao mesmo 
tempo, colocando-se na posição de oprimido. 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 30 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) 
 
● Artigo​: ​Definição de Sadismo 
● Artigo​: ​Definição de Masoquismo 
● Artigo​: ​O que é Perversão em Psicanálise? 
 
 
 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA 
 
Algumas indicações contam com links disponíveis (leituras opcionais). 
 
Para fins de estudos para o Curso, algumas obras não seriam para leitura 
completa, mas apenas recomendações dos capítulos ou das páginas indicadas 
abaixo. 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 31 
 
https://www.psicanaliseclinica.com/sadica/
https://www.psicanaliseclinica.com/masoquista-significado/
https://www.psicanaliseclinica.com/perversao/
http://psicanaliseclinica.com/
 
1. Um caso de histeria e três ensaios sobre sexualidade (1905) – Freud, Obras 
Completas VOLUME VII. 
Ler Texto​: ​Três ensaios sobre a sexualidade (1905)​. 
Clique aqui para ler o texto​, ou acesse ​https://goo.gl/MaVE8w 
2. A história do movimento psicanalítico (1914~1916) – Freud, Obras Completas 
VOLUME XIV. 
Ler texto​: ​Os instintos e suas vicissitudes (1915). 
Clique aqui para ler o texto​, ​ou acesse​ https://goo.gl/AB1Xsz 
 
 3. O Ego e o Id (1923) – VOLUME XIX 
Ler texto​: ​A organização genital infantil: uma interpolação na teoria da 
sexualidade (1923) 
Clique aqui para ler o texto​, ou acesse ​https://goo.gl/TBrtdG 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 32 
 
https://drive.google.com/open?id=1-9FZEkpyaasTq1LRH7fA-3dGafuJ9Vpo
https://drive.google.com/open?id=168I9L0uwP1MaEQyJh7_ntS9AevfQlYzk
https://drive.google.com/open?id=1C3zYtCguKIO-OkR7TglShIA2WITXskBs
http://psicanaliseclinica.com/
 
 
 
2. As diferentes formas de organização 
psíquica 
 
Ao longo de sua obra, Freud buscou investigar, elaborar e sugerir toda 
uma ideia de como a estrutura psíquica se organiza e desenvolve ao longo da 
vida. Foram anos e anos entre prática clínica e construção teórica que 
culminaram no início do percurso psicanalítico. 
Já tivemos a oportunidade de conhecer alguns dos elementos mais 
importantes e cruciais da obra freudiana, o que não esgota sua teoria e demais 
constructos. E, nesse momento, dedicaremos à investigação de algumas 
formas de organização psíquica propostas por Freud. 
Ou seja, dentro de vivência analítica, o autor pôde perceber que cada 
indivíduo dispunha de uma determinada (e predominante) ​subjetividade​, o que 
confere à psique uma forma de funcionamento, com suas defesas específicas, 
modos de interagir com o mundo, modos e de sofrimento, entre outros. 
Freud elenca, basicamente, três mecanismos de organização psíquica, 
que ficaram conhecidas como ​neuroses, psicoses e perversões​. 
É importante frisar e compreender que essas organizações (ou 
subjetividades) irão conduzir o indivíduo em suas relações intrapsíquicas (seus 
conteúdos internos) e interpsíquicas (relação com o outro). 
Nesse sentido, apesar da ideia de que cada pessoa se estrutura sobre 
uma dessas organizações, isso não exime o fato de que ela possa apresentar 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 33 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
traços de outro modo de funcionamento, uma vez que a psique humana é tão 
complexa quanto pode esconder seus mistérios mais profundos. 
A essas estruturas psíquicas nos dedicaremos nas próximas páginas. 
 
 
2.1. As neuroses 
 
 Principal objeto de estudo da psicanálise freudiana, a ​neurose ​marca, 
digamos, o início do entendimento e concepções da mente, no que se refere às 
patologias nervosas apresentadas na final do século XIX e início do século XX. 
Nesse sentido, podemos, em linhas gerais, compreender que a neurose 
é uma… 
“afecção psicogênica em que os sintomas são a expressão simbólica de um 
conflito psíquico que tem raízes na história infantil do sujeito e constitui 
compromissos entre o ​desejo e a defesa​. (...) atualmente tende-se a 
reservá-lo, quando isolado, para as formas clínicas que podem ser ligadas à 
neurose obsessiva, à histeria e à neurose fóbica” (LAPLANCHE & PONTALIS, 
1998, p. 296). 
 
Cabe aqui o entendimento, quando se refere a “desejo e defesa”, de um 
conflito entre o Ego e a libido (posteriormente assumido pela figura do ID). 
Ou seja, o grande conflito do neurótico encontra-se entre a necessidade 
em obter a satisfação do seu desejo (pulsão libidinal) e a impossibilidade de 
realizá-lo imediatamente (mecanismo de defesa do EGO). 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 34 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
No tocante ao entendimento sobre o funcionamento da estrutura 
neurótica, é possível compreender que esses indivíduos apresentam “(...) 
algum grau de sofrimento e de desadaptação em alguma, ou mais de uma, 
área importante de sua vida: sexual, familiar,profissional ou social​” 
(ZIMERMAN, 1999, p. 197-198). 
Isso implica dizer que sintomaticamente o paciente sente esse conflito 
psíquico como um algo estranho em si, que foge à sua percepção consciente e 
que, de alguma forma, causa-lhe sofrimento. 
Esse sofrimento por sua vez é responsável por manifestar alterações 
comportamentais, como o alcoolismo, o uso de drogas, inibições, 
desenvolvimento de fobias etc. 
 
“No entanto, apesar de que o sofrimento e prejuízo, em alguns casos, possam 
alcançar níveis de gravidade, os indivíduos neuróticos sempre conservam uma 
razoável integração do self, além de uma boa capacidade de juízo crítico e de 
adaptação à realidade. Outra característica dos estados neuróticos é a de que 
os mecanismos defensivos utilizados pelo ego não são tão primitivos como, por 
exemplo, aqueles presentes nos estados psicóticos.” (ZIMERMAN, 1999, p. 
198). 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 35 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Associe assim: 
 
 Neurose Psicose 
Distorção da “realidade” 
exterior 
Parcial Total 
Desintegração do Self Superficial Profunda 
Mecanismos de defesa Elaborados Primitivos 
 
Com isso, é possível compreender que o neurótico possui uma estrutura 
psíquica, digamos, mais evoluída, mais bem estruturada, onde o EGO está 
fortalecido e é capaz de se estabelecer de uma maneira mais organizada, 
fazendo com que o indivíduo tenha a capacidade de tolerar certas vivências 
angustiantes. 
De certo modo, a neurose é um comportamento presente em todas as 
pessoas, sendo que a condição “patológica” dependerá de seu grau e do 
mal-estar que seus sintomas provocam na pessoa. 
Nesse sentido, o EGO lança mão de seus mecanismos de defesa, 
pensando na estrutura neurótica, como forma de proteger a estrutura psíquica 
dos conflitos psíquicos. 
Desse modo, o ​neurótico ​utiliza defesas, digamos, mais elaboradas, 
(falamos sobre mecanismos de defesa em módulos anteriores). No módulo 
anterior, já falamos sobre os mecanismos de defesa. Agora, estamos 
mostrando como Freud concebia que essas defesas mantinham uma condição 
neurótica. Cabe trazer uma breve revisão desses ​mecanismos de defesa do 
ego​, antes abordados, para exemplificarmos com eles a dinâmica neurótica: 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 36 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
● Recalcamento ou repressão​: o recalque nasce do conflito entre duas 
instâncias “opostas”: as exigências do ID e a censura do SUPEREGO. 
Ora, se ao EGO coube o trabalho de proteger a psique das energias 
destrutivas, é nesse contexto que conteúdos potencialmente nocivos 
(representações e afetos, atuais ou mnêmicos) e/ou intoleráveis são, 
inconscientemente, reprimidos pelo EGO e jogados ao obscuro do 
inconsciente, em uma constante luta, cujo objetivo é o de fugir ao 
desprazer causado pelo conflito. Por exemplo, o EGO inconsciente pode 
recalcar experiências traumáticas, empurrando-as ao ID, o que permite 
ao EGO “seguir em frente”; ainda que se evidenciem sintomas do 
retorno do recalcado, esses sintomas ainda seriam menos severos do 
que a lembrança manifesta e persistente do evento traumático. 
 
● Regressão​: essa defesa se manifesta quando o EGO consciente não é 
capaz de manter o controle de uma situação que lhe ofereceu ameaça à 
integridade. Desse modo, uma regressão aos chamados pontos de 
fixação (determinados estágios definidos pelas fases de 
desenvolvimento psicossexual) faz com que o sujeito se remeta a um 
funcionamento primitivo/infantil, de acordo com seu ponto de referência 
infantil. Por exemplo, em função de um complexo de Édipo mal 
resolvido, o EGO do adulto regride à fase fálica da vida, quando ele 
ainda tinha a pretensão de realizar sua satisfação com sua mãe e 
rivalizar com seu pai, o indivíduo pode se fixar na fase fálica, rejeitando 
vínculos afetivos, socializações e recusando todo e qualquer conjunto de 
regras. (Lembre-se: as relações nem sempre são mecânicas e 
simplistas, cabe ao psicanalista avaliar a especificidade de cada caso; a 
Psicanálise não defende uma adesão cega às regras, especialmente 
porque admite um indivíduo composto de múltiplas camadas e movido 
por desejos subjetivos, embora aceite a ideia de que fatores 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 37 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
sócio-político-histórico-culturais influenciam a forma de agir e pensar das 
pessoas). 
 
 
● Conversão orgânica​: nessa defesa, os conflitos psíquicos provenientes 
de algum impedimento (realização de desejo) e/ou trauma advindos de 
experiências (ou fantasias) afetivamente aflitivas buscam no ​soma 
(corpo) a possibilidade de descarga dessa pulsão reprimida. Nesse 
contexto, o sintoma físico apresenta um correspondente simbólico 
associado ao fato traumático (de origem sexual). No exemplo de Freud 
no estudo com histéricas, elas perdiam temporariamente a visão, mas 
não havendo nenhum problema fisiológico; poderia ser um sinal de que 
o EGO está tendo de vencer lembranças traumáticas visuais, o que 
indiretamente poderia afetar o lado útil da visão atual. 
 
● Projeção: é um dos mecanismos mais comumente encontrados. 
Consiste em ​transferir tudo aquilo que, por meio dos conflitos internos, 
não é aceitável pelo EGO. Desse modo, as pulsões (agressivas ou 
sexuais) são projetadas para o exterior, atribuindo essas características 
intoleráveis a outros objetos (pessoas ou coisas). Por exemplo, uma 
pessoa pode destinar sua raiva ou seu desejo a pessoa, instituição, 
grupo social, estilo de vida etc., como forma de canalizar um instinto 
agressivo que não pode ser direcionado a uma causa original (ao pai ou 
à mãe, por exemplo). 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 38 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
● Deslocamento: podemos pensá-lo como uma variante da projeção; 
nesse mecanismo, os impulsos sexuais e de agressividade gerados na 
relação com algum objeto, e que por algum motivo não podem ser 
direcionados a ele, são deslocados a outros objetos, que viram alvos 
dessas “descargas não realizadas”. 
 
● Racionalização​: Frequentemente utilizada pelo EGO consciente, essa 
defesa consiste em uma elaboração racional (lógica) de eventos, 
percepções ou experiências que não podem ser compreendidas pelo 
psiquismo. Desse modo, todo um constructo racional é elaborado para 
dar cabo desses conteúdos incompreendidos. Por exemplo, um evento 
insuportável na fase fálica ou de latência fez com que o indivíduo se 
interiorizasse e não tivesse tanto interesse em aprender sobre o mundo, 
o que seu EGO racionaliza como um mero “nunca gostei de teoria 
porque sou uma pessoa que gosta de fazer na prática”. 
 
● Formação reativa​: uma manifestação que fora recalcada, em virtude do 
potencial sofrimento, é substituída por uma reação ​oposta​, como forma 
de lidar com a dificuldade em enfrentar esse sentimento. Por exemplo, 
uma pessoa cruelmente violenta (inconscientemente reprimida) escolhe 
uma profissão de cuidadoscom outras pessoas, adotando um 
comportamento extremamente dócil. 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 39 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
 
● Sublimação​: nesse mecanismo, as pulsões potencialmente destrutivas 
são, por assim dizer, modificadas ou sublimadas e, com isso, passam a 
adquirir uma realização positiva, socialmente aceita pela sociedade. Por 
exemplo, uma energia pulsional com potencial destrutivo é transformada 
pelo EGO em um trabalho compulsivo ou uma obra artística (atividades 
que podem ter uma utilidade social). 
 
Como todo o avanço no campo psicanalítico, certas denominações e 
conceitos vão sendo complementados, alterados ou revistos, uma vez que 
ideias ligadas a essa área do conhecimento vinham sendo pouco a pouco 
descobertas e elaboradas. 
Como visto no módulo anterior do nosso Curso, Freud divide a neurose 
em dois aspectos, as ​neuroses atuais (neurastenia e neurose de angústia) e 
as ​psiconeuroses​, também chamadas de neuroses de transferência (​fobia, 
histeria e obsessão​). 
Mais adiante Freud sugere uma ​neurose narcísica (remetendo ao 
funcionamento psicótico), porém o conceito logo se perde dentro do quadro 
neurótico, uma vez que pertence ao conjunto das psicoses. 
Desse modo, é importante reforçar que, uma vez que a ​transferência ​é 
o principal mecanismo para análise freudiana, somente as neuroses de 
transferência (ou psiconeuroses), podem ser consideradas como passíveis de 
análise pelo método freudiano. Abordaremos os temas de transferência, 
contratransferência e resistência em módulos posteriores de nosso Curso. 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 40 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Cabe aqui a exploração mais cuidadosa das ​psiconeuroses​, haja vista 
que são marcadamente componentes da estrutura neurótica e, embora 
contenham características e dinâmicas próprias, não podem ser isoladas, do 
ponto de vista da clínica, mas sim entendidas como predominantes dentro da 
subjetividade do indivíduo. 
Nos capítulos seguintes, veremos as principais psiconeuroses. 
 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) 
 
● Artigo​: ​Características de uma pessoa neurótica 
● Artigo​: ​O que é Neurose? 
 
 
 
 
 
2.1.1. Fobia 
 
 Também chamada por Freud de ​histeria de angústia (não confundir 
com histeria de conversão), essa modalidade da neurose tem como tema 
central a ​fobia​, caracterizando-se por uma “​combinação de pulsões, fantasias, 
angústias, defesas do ego e identificações patógenas (...)” (ZIMERMAN, 1999, 
p. 199). 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 41 
 
https://www.psicanaliseclinica.com/caracteristicas-de-uma-pessoa-neurotica/
https://www.psicanaliseclinica.com/o-que-e-neurose/
http://psicanaliseclinica.com/
 
Nesse sentido, a caracterização desse transtorno pode ser determinada 
por vários aspectos, e seu grau de comprometimento pode ser tamanho que é 
capaz de incapacitar ou paralisar o indivíduo dentro de suas ações. 
 Podendo ser facilmente se assimilar ao quadro clínico relacionado ao 
“pânico”, as fobias apresentam uma ​circunstância bem delimitada​, um 
objeto, local, cenário, contexto... Ao indivíduo, bastaria evitar essas vivências 
para que a angústia não imponha seu ímpeto. Já nos transtornos relacionados 
ao ​pânico​, a origem que desencadeia a crise não pode ser tão claramente 
determinada. 
 Do ponto de vista etiológico (estudo da origem do transtorno), e 
pensando nas fases de desenvolvimento psicossexual estudadas nesse 
capítulo, fica difícil discernir exatamente em que fase do desenvolvimento 
psicossexual a fixação pode desencadear essa psicopatologia neurótica fóbica, 
uma vez que vários critérios influenciam sua constituição. 
Contudo, há que se pensar, segundo ZIMERMAN (1999), que uma 
possível e válida gênese da fobia estaria calcada nas ​experiências durante a 
fase fálica e os conflitos edipianos​. 
 De fato, é nesse contexto que o complexo de castração se mostra 
evidente e, com isso, os representantes ligados aos processos de individuação 
e identificação ficam comprometidos, podendo-se vincular às representações 
fóbicas. 
Soma-se a isso o sentimento vinculado ao desamparo, à angústia de 
aniquilamento comumente verificado nessa fase fálica do desenvolvimento. Um 
exemplo, por meio do processo primário (simbolização e deslocamento), seria 
a associação do medo do escuro ao sentimento da perda mãe e/ou de seu 
amor. 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 42 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
 Inevitavelmente, são as experiências subjetivas e a relação que a 
criança tem com os sentimentos e vivências que lhe são proporcionadas que 
vão contribuir para o desenvolvimento das fobias. 
Às experiências potencialmente traumáticas nessa (ou em outras) 
fase(s) podemos, ou não, atribuir um sentido, ou significado, como podemos 
ver no exemplo: 
 
“(...) se diante de um trovão em dias de chuva a mãe se apavora e cria um 
cenário de terror em casa, com mil recomendações para os filhos, ela está 
criando um excelente caldo de cultura para a construção de uma fobia. Se, pelo 
contrário, essa mãe encarar o trovão com naturalidade e, melhor ainda, puder 
explicar que ele sempre acompanha o relâmpago que resulta das leis da 
natureza, quando ocorre o encontro de cargas eletromagnéticas positivas com 
as negativas, e que o trovão vem depois do raio porque a luz se propaga com 
uma velocidade muitíssimo superior que a do som, a criança fica tranquila, pelo 
menos dessa fobia ela está livre, e, de “lambuja”, ainda fez um aprendizado.” 
(ZIMERMAN, 1999, p. 201). 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 43 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Associe assim: 
NEUROSES​: 
FOBIA 
Também chamada de 
histeria de angústia. 
 
O contato ou lembrança 
de um objeto específico 
causa reações fóbicas (de 
medo), muitas vezes 
inexplicáveis e 
desproporcionais. 
 
Fase de fixação principal: 
fase fálica (angústia de 
castração, aniquilamento 
e desamparo). 
 
 
 
 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) 
 
● Artigo​: ​Pequeno Hans: caso de fobia 
 
 
 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 44 
 
https://www.psicanaliseclinica.com/pequeno-hans/
http://psicanaliseclinica.com/
 
2.1.2. Obsessão-compulsão 
 
Notoriamente conhecida por ​neurose obsessiva​, dentro do meio 
psicanalítico, essa psiconeurose constitui, juntamente à histeria, como um dos 
principais quadros psicopatológicos dentro da clínica psicanalítica. No âmbito 
da psiquiatria, é conhecida como ​transtorno obsessivo-compulsivo​ (TOC). 
 Tais quais outras formas de organização psíquica neurótica, a 
obsessão ​apresenta diversos níveis de impacto na vida do indivíduo, 
passando desde a compor a subjetividade por traços obsessivos, o que 
sadiamente pode determinar características vistas socialmente como positivas, 
tais como disciplina, ordem, respeito, moral e ética; até seu “aprisionamento” 
dentro da constante repetição de rituais, obstinações, além de atos 
compulsivos sem nunca acabar, incapacitando a vida do indivíduo. 
ZIMERMAN(1999, p. 202) lembra o caso de “(...) ​uma jovem paciente, 
internada, que estava com as suas mãos em carne viva de tanto que, o tempo 
todo, lavava-as, esfregando nelas energicamente um sabão​”. 
Na obra Totem e Tabu, Freud disse que o pensamento anímico primitivo 
tem uma natureza obsessiva. Como “​animismo​” (a ideia de que tudo tem 
anima, ​alma, até objetos minerais, e tudo pode ser controlado pelo pensamento 
do indivíduo), Freud concebia a ideia de que indivíduos nutriam hábitos e rituais 
obsessivos, acreditando que terão influência sobre o mundo exterior. Por 
exemplo, o indivíduo crê que nutrir certos pensamentos ou alinhar seus objetos 
pessoais de determinada forma irá alterar fatos físicos no mundo exterior 
(trazer sorte, por exemplo). O animismo é tão forte quanto mais obsessivos 
seriam os indivíduos; alguns poderiam se sentir culpados pela morte dos pais, 
pelo fato (tecnicamente inevitável) de algum episódio ou pensamento de 
conflito que tiveram em relação aos seus pais. 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 45 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Nesse sentido é cabível pensarmos que o conflito psíquico encontra-se 
no acometimento de pensamentos obsessivos (que ocorrem de forma 
invasiva), sem compreensão consciente desses, e que ​confronta o EGO 
(caráter egodistônico), o que faz com que haja uma mobilização, por meio de 
comportamentos compulsivos, com a intenção de reparar esse conflito 
psíquico, uma vez que esses conflitos estão relacionados a conteúdos 
angustiantes (relativos a valores morais, sexuais, traumáticos, entre outros) e 
que se encontram inacessíveis ao consciente. 
 Do ponto de vista etiológico (estudo da origem do transtorno), apesar 
das imprecisões para determinar exatamente a fase de desenvolvimento 
psicossexual atribuída às neuroses obsessivas, é, em geral, ​uma fixação na 
fase anal​ em que se organização essa estrutura. 
É, de fato, um momento muito delicado para o EGO lidar com o 
sentimento de ambivalência, de controle e, até mesmo, de uma relação 
sadomasoquista interiorizada sob a forma de uma tensão entre EGO e 
SUPEREGO cruel. 
 Com isso, nos é permitido pensar que a estrutura organizada dentro das 
experiências subjetivas da obsessão encontrar-se-á vinculada a marcas 
provenientes de: 
● Pais ​com um superego demasiadamente rígido e/ou punitivo; 
● Agressões ao EGO que não permitiram o desenvolvimento de sua 
capacidade de síntese ou entendimento de contradições; 
● Estruturalmente, o EGO se vê em um ​conflito intra-sistêmico 
(ID-EGO-SUPEREGO), uma vez que sofre, ao mesmo tempo, uma 
submissão superegóica cruel e a pressão das demandas energéticas do 
ID. 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 46 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Associe assim: 
NEUROSES​: 
FOBIA OBSESSÃO- 
COMPULSÃO 
 
Também chamada de 
histeria de angústia. 
Também chamada de 
neurose obsessiva, TOC, 
obsessão. 
 
O contato ou lembrança 
de um objeto específico 
causa reações fóbicas (de 
medo), muitas vezes 
inexplicáveis e 
desproporcionais. 
Hábitos e rituais 
obsessivos, de natureza 
animista (acreditando que 
o pensamento individual 
tem controle sobre o 
mundo exterior). 
 
Fase de fixação principal: 
fase fálica (angústia de 
castração, aniquilamento 
e desamparo). 
Fase de fixação principal: 
fase anal (primeiras 
imposições de regras, 
diferenciação com a mãe, 
agressões ao Ego, 
primeiros conflitos 
ID-superego). 
 
 
 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) 
 
● Artigo​: ​Transtorno Obsessivo-Compulsivo 
● Artigo​: ​Tipos comuns de Compulsão 
 
 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 47 
 
https://www.psicanaliseclinica.com/tratamento-do-toc-na-psicanalise-15-coisas-saber/
https://www.psicanaliseclinica.com/compulsao/
http://psicanaliseclinica.com/
 
2.1.3. Histeria 
 
 Reconhecidamente encontrada na gênese da psicanálise, a histeria, 
também conhecida como ​neurose histérica​, é, talvez, a organização neurótica 
que mais chega perto de uma “normalidade convencional” (vale ressaltar que 
Freud possuía essa visão bem nítida entre o normal e o patológico). 
Assim como outras estruturas neuróticas, a histeria apresenta uma 
ampla variação em seu espectro, caminhando desde traços histéricos na 
personalidade, até acometimentos mais severos e limitantes à vida do 
indivíduo. 
 Conceitualmente a histeria evoluiu desde sua compreensão inicial. 
Advinda do grego ​histeros​, que significa útero, acreditava-se que as histéricas 
seriam portadoras de transtornos psicológicos que foram acometidas por “maus 
espíritos” e, portanto, eram submetidas a rituais de exorcismo por meio de 
tortura (ZIMERMAN, 1999). 
 A influência do médico Charcot sobre o tratamento das histéricas 
possibilitou a Freud o desenvolvimento de técnicas de tratamentos (entre a 
hipnose e a associação livre) para o tratamento dessa patologia. 
 Etiologicamente falando, a fixação libidinal para o acometimento 
histérico estaria relacionado à ​fase fálica (ainda que tenha correspondentes na 
fase oral e anal), atravessando, sobretudo, as questões edípicas. Nesse 
sentido, o “trauma sexual” é vivenciado de maneira passiva (como vimos de 
maneira real ou fantasiosa). 
Além disso, seria possível verificar um acentuado aspecto ​narcísico 
(EGO excessivamente imponente) ​dentro da formação da sua personalidade, 
o que resultaria em algumas consequências, tais como, 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 48 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
“Uma preferência da histérica em ser amada, ao invés de amar; logo, 
um exagerado culto ao corpo. A escolha do homem seria conforme o 
ideal do homem que ela gostaria de ser. A constante existência de uma 
“inveja do pênis”; de onde se origina um “complexo de masculinidade”. 
Que a mulher procuraria satisfazer por meio de algum filho; além de 
outros aspectos afins” (ZIMERMAN, 1999, p. 208). 
 
 Como posto, a histeria apresenta um espectro vasto, sendo que os 
quadros clínicos mais bem delimitados são a ​histeria de conversão e a 
histeria dissociativa​. 
 Na ​histeria de conversão, os conflitos psíquicos são “convertidos” no 
soma ​(corpo), tanto nos órgãos do sentido (acometendo-se cegueiras, surdez, 
entre outros), como no sistema nervoso (gerando-se contraturas musculares, 
paralisia de membros etc.). 
Desse modo, dentro da organização psíquica, o corpo transparece, na 
forma do sintoma, uma simbologia de seu conflito psíquico, tal qual ocorre nos 
sonhos. Ou seja, o acometimento físico possui um, ou mais, representante(s) 
do universo da psique. 
 
“Um determinado sintoma conversivo pode conter muitos significados, como 
pode servir de exemplo a tosse que acometia a célebre paciente Dora, e que 
representava três aspectos: um simbolismo de sentimentos sexuais, 
agressivos, narcisistas e melancólicos, uma forma de identificação com a tosse 
da sra. K., sua rival sexual, e a aquisição de um ganho secundário” 
(ZIMERMAN, 1999, p. 209). 
 
Vale ressaltar, nesse momento, a ideia de ​ganho secundário​. Esse 
conceito pode ser lido como uma espécie de “vantagem” que o indivíduo 
MÓDULO III - CURSO DEFORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 49 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
adquire uma vez que seu comportamento (em geral patológico) pode gerar 
uma espécie de ganho positivo. 
Na histeria, por exemplo, o acometimento físico pode fazer com que a 
pessoa receba cuidados extremos e/ou tenha a complacência dos outros. Por 
trás dessa ação, a necessidade/desejo de assumir o papel de vítima, que 
implora por atenção, carinhos, cuidados; e, graças aos sintomas, essa 
realização é alcançada sendo, portanto, um ganho secundário. 
Já a ​histeria dissociativa​, como seu próprio nome diz, remete “​ao fato 
de que diversas representações distintas coexistem dentro do ego, dissociadas 
entre si, e que emergem separadamente na consciência de acordo com 
determinadas necessidades e circunstâncias​” (ZIMERMAN, 1999, p.209). 
Ou seja, o estímulo é sentido de uma maneira tamanha que atitudes 
desconexas e que não apresentam certo “sentido lógico” (e, portanto, 
dissociadas) levam a estados extremos de sensações de despersonalização, 
ataques epiléticos, desmaios, entre outros. 
 Um exemplo claro e rotineiro poderia ser atribuído ao medo de barata. 
A sensação repulsiva e asquerosa sentida é de uma magnitude tão 
grande (e certamente advém de uma vivência passada, mantendo-se seu 
representante inacessível ao consciente) que se sobe em uma cadeira, por 
exemplo, e grita-se incessantemente, em um desespero, quase que 
enlouquecedor, como se a ameaça fosse atentada à própria vida. 
 Do ponto de vista psiquiátrico, além do entendimento dessas histerias 
(conversiva e dissociativa), compreende-se um conceito mais amplo, 
abrangente, que aborda a ideia de ​transtornos​, cada qual com suas 
características específicas, tais como: 
● transtorno de personalidade histérica, 
● transtorno de personalidade infantil-dependente, 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 50 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
● transtorno de personalidade histriônica​, entre outras que, uma vez 
consideradas do ponto de vista médico, não serão aprofundadas neste 
Curso. 
 
Associe assim: 
NEUROSES​: 
FOBIA OBSESSÃO- 
COMPULSÃO 
HISTERIA 
Também chamada de 
histeria de angústia. 
Também chamada de 
neurose obsessiva, TOC, 
obsessão. 
Também chamada de 
neurose histérica. 
O contato ou lembrança 
de um objeto específico 
causa reações fóbicas (de 
medo), muitas vezes 
inexplicáveis e 
desproporcionais. 
Hábitos e rituais 
obsessivos, de natureza 
animista (acreditando que 
o pensamento individual 
tem controle sobre o 
mundo exterior). 
Tipos: histeria de 
conversão (somática) e 
dissociativa (sensações 
de despersonalização, 
ataques epiléticos, 
desmaios). 
Fase de fixação principal: 
fase fálica (angústia de 
castração, aniquilamento 
e desamparo). 
Fase de fixação principal: 
fase anal (primeiras 
imposições de regras, 
diferenciação com a mãe, 
agressões ao Ego, 
primeiros conflitos 
ID-superego). 
Fase de fixação principal: 
fase fálica. 
 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) 
 
● Artigo​: ​Transtorno de Personalidade Histriônica 
● Artigo​: ​Histeria: um percurso histórico 
● Artigo​: ​Três tipos de histerias 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 51 
 
https://www.psicanaliseclinica.com/histrionica/
https://www.psicanaliseclinica.com/percurso-historico-histeria/
https://www.psicanaliseclinica.com/organizacao-psiquica/
http://psicanaliseclinica.com/
 
 
 
2.2. As psicoses 
 
Uma ideia conceitual, e fundamental, para iniciarmos o entendimento 
dessa organização psíquica para a Psicanálise, pode ser encontrada nas 
palavras de Laplanche & Pontalis (1998). 
 
“Fundamentalmente, é numa perturbação primária da relação libidinal com a 
realidade que a teoria psicanalítica vê o denominador comum das psicoses, 
onde a maioria dos sintomas manifestos (particularmente construção delirante) 
são tentativas secundárias de restauração do laço objetal” (LAPLANCHE & 
PONTALIS, 1998, p. 390). 
 
 Nesse sentido, nos é permitido pensar que ​o principal conflito 
encontra-se entre o EGO e a realidade​. Ou seja, o EGO está tão 
desorganizado e/ou fragmentado que há um sério comprometimento de seu 
funcionamento e, dentro de sua angústia, o EGO passa a ficar sob o domínio 
do ID (na neurose, o EGO busca atender as exigências da realidade, enquanto 
busca satisfazer as pulsões do ID – conflito desejo x defesa). Em razão dos 
desejos do ID, em um segundo esforço (o delírio), o ID cria uma nova 
realidade, para que o sujeito possa suportar seu sofrimento. Como o processo 
de criação dessa realidade não passou pelo nível consciente, o psicótico o 
toma como absolutamente real. 
 No tocante às definições conceituais, sob o ponto de vista psicanalítico, 
as ideias ligadas à psicose apareceriam na obra Freudiana na alcunha de 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 52 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
parafrenia (certas psicoses delirantes crônicas que não traziam 
comprometimento intelectual), num sentido que englobasse a paranoia e a 
esquizofrenia, como posto em “​Sobre o Narcisismo: uma introdução​”, de 
1914”. 
Outro termo que caiu em desuso e que também fazia alusão às 
estruturas psicóticas é a ​neurose narcísica​, que consistia em uma doença 
mental que caracterizada a retirada da libido sobre o EGO. (LAPLANCHE & 
PONTALIS, 1998). 
 Vale ressaltar, nesse ponto, que dois importantes autores da psicanálise 
dedicaram e investiram seu tempo em versar sobre a estrutura psicótica, cada 
qual em seu percurso profissional e a sua maneira, falo de Melanie Klein e 
Wilfred Bion. 
 Dizemos, em linhas gerais, que a psicose é uma organização muito 
primitiva, isso nos implica pensar que, assim como os pontos de fixação 
abordados na etiologia das neuroses, as experiências subjetivas e os eventos 
traumáticos remetem às fases de desenvolvimento psicossexuais mais iniciais. 
Não entraremos, como fizemos nas neuroses, na estratificação das 
faixas etárias, pois há uma diversidade de entendimentos (variável pelo ponto 
de vista e teoria de diferentes autores) sobre esses “momentos iniciais” e a 
repercussão das experiências na formação da organização psíquica. 
 Fato é que, retomando a ideia central do conceito, sobretudo sob a ótica 
freudiana, existem ​duas etapas dentro do processo da organização 
psicótica​. 
● Em um primeiro momento há um distanciamento do EGO, graças aos 
estímulos vividos, da realidade, como forma de evitar o contato com 
essas sensações/sentimentos angustiantes (e inomináveis); 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 53 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
● Em um segundo momento, como forma de reparar esse distanciamento, 
o ID é responsável por proporcionar uma nova possibilidade de vivência 
com a realidade que o cerca, criando, portanto, uma nova realidade. 
 Tal qual a neurose, a psicose também se encontra “espalhada” sobre 
um grande espectro de manifestações, tanto da personalidade (pensando em 
formas de funcionamento psíquico), como psicopatológicas (sintomáticas). 
Nesse sentido, sob a perspectiva clínica, é possível compreendê-la em três 
subcategorias: os ​estados psicóticos​, as ​condições psicóticas​, as​psicoses 
propriamente ditas​ (ZIMERMAN, 1999). 
● Na compreensão dos ​estados psicóticos, podemos pensar que seriam 
pessoas que apresentam uma relativa capacidade de adaptação com o 
mundo exterior. Estão, portanto, mais “próximos” à neurose, o que nos 
faz entender que algumas “áreas” da estrutura egóica estão 
preservadas. 
É o caso, por exemplo dos pacientes conhecidos como ​borderline​, ou 
seja, aqueles que se encontram numa condição limite, quase que como em 
uma fronteira entre as neuroses e as psicoses. 
● Nas ​condições psicóticas, os pacientes mantêm, em sua estrutura, 
alguns “núcleos psicóticos”. Isso implica compreender que há uma 
organização mais elaborada em que o paciente se mostra 
aparentemente bem adaptado ao meio social. 
Contudo, devido à presença considerável desses núcleos psicóticos, há 
uma tendência a recorrer a mecanismos mais primitivos (de ordem psicótica), 
quando se estabelece uma angústia ou uma ansiedade. 
Wilfred Bion denominou essas condições como sendo “​parte psicótica 
da personalidade​”, ou seja, determinados comportamentos e/ou defesas 
psicóticas podem compor a personalidade do sujeito, deixando-o suscetível a 
crises dessa ordem. 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 54 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
● Nas ​psicoses propriamente ditas temos, portanto, toda a organização 
psíquica calcada nesse modelo. Tal qual a neurose, podemos 
compreendê-la como sendo dotada de mecanismos de comunicação e 
linguagem com o mundo externo, além de mecanismos de defesas 
próprios, justamente para que seja possível lidar com as ameaças ao 
EGO. 
Dentro da clínica, sob o ponto de vista psicanalítico (principalmente 
pensando em Freud), podemos elencar três organizações específicas ou 
subestruturas psicóticas: a esquizofrenia, a paranoia e a melancolia (e 
sua condição maníaco-depressiva) 
 Nesse sentido, podemos compreender, assim como a fase de 
organização psíquica da psicose, que os mecanismos de defesa são 
igualmente primitivos, e mobilizam com mais intensidade, por assim dizer, a 
demanda que deve ser suportada pelo frágil EGO. 
Dentre os ​mecanismos de defesa primitivos relacionados às 
psicoses​, estão: 
 
● Forclusão (repúdio)​: conceito incutido por Lacan, é, talvez, um dos 
mecanismos mais primitivos de defesa, na qual há uma ​“negação 
extensiva à realidade exterior e substituí-la pela criação de uma outra 
realidade ficcional” (ZIMERMAN, 1999, p. 128). Está relacionada à 
alucinação, uma vez que os conteúdos representativos (​significantes​, 
em Lacan) não foram integrados ao inconsciente do sujeito e, portanto, 
alucina-se, como forma de preenchimento da ausência angustiante. 
 
● Recusa​: também compreendida como um processo de negação, essa 
defesa “menos agressiva” que a forclusão, é realizada de modo parcial 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 55 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
pelo EGO, ou seja, seria uma negação feita por uma das partes da 
estrutura egoica. Isso implica compreender que o sujeito nega o 
entendimento da verdade, mas compreende que, bem no seu âmago, 
ela existe. É uma defesa que acomete tanto a estrutura psicótica como a 
perversa, dentro do fetichismo. 
 
● Dissociação​: é uma defesa resultante da combinação de uma 
onipotente capacidade do EGO em realizar dissociações, no sentido de 
romper com determinadas pulsões, objetos, afetos e, também, partes do 
próprio EGO. A partir desse movimento do sujeito, essa defesa segue na 
forma de projeção, introjeção, idealização ou identificação projetiva, 
como veremos a seguir. 
 
● Projeção​: graças à dissociação, os sentimentos, qualidades, desejos do 
sujeito e que são desconhecidos ou recusados por ele são expulsos de 
si e depositadas em outro objeto (pessoa ou coisa). É muito comum 
pessoas atacarem alguém, por exemplo, de forma extremamente 
autoritária, quando na verdade, há uma negação dessa sua 
característica e o reconhecimento dela no outro. 
 
● Introjeção​: como forma de não sentir as angústias e todo mal que há 
dentro do sujeito (de maneira representativa), ocorre uma introjeção 
(movimento de fora para dentro) de conteúdos extremamente bons, 
como forma de se defender das ameaças dos objetos internos ruins. 
 
● Idealização​: na tentativa de defender o psiquismo do desamparo e da 
impotência que foram vividos e registrados inconscientemente, há um 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 56 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
processo de idealização de si em suas instâncias ideais, ideal do ego e 
ego ideal (conceitos que serão discutidos mais amplamente quando 
tratarmos do narcisismo); ou a idealização do outro. Desse modo, parte 
do EGO ou do outro são extremamente enaltecidas, como forma de 
suprimir o sentimento angustiante do abandono e da fragilidade. 
 
● Identificação projetiva​: conceito cunhado por Melanie Klein, trata-se de 
um mecanismo fantasmático de projeção dos conteúdos intoleráveis e 
que introduz sua própria pessoa, parcial ou totalmente, no interior do 
objeto (o outro), na tentativa de lesá-lo, possuí-lo ou controlá-lo. Nesse 
sentido, não haveria diferenças entre o sujeito e o objeto, entre a 
realidade externa e interna. O indivíduo psicótico nesta condição passa 
a se identificar por completo com outra pessoa ou coisa (por isso, 
“projetiva”: projeta-se em outro ser). 
 
A seguir, vamos detalhar os três tipos de psicoses, ou as três sub-estruturas 
psicóticas: ​esquizofrenia​, ​paranoia ​e ​melancolia ​(maníaco-depressivo). 
 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) 
 
● Artigo​: ​Diferenciando Neuroses e Psicoses 
● Artigo​: ​Transtorno Dissociativo de Identidade 
 
 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 57 
 
https://www.psicanaliseclinica.com/neurose-e-psicose/
https://www.psicanaliseclinica.com/transtorno-dissociativo-de-identidade/
http://psicanaliseclinica.com/
 
2.2.1. Esquizofrenia 
 
 O termo ​esquizofrenia ​advém do grego, cujo significado está em clivar 
(dividir) o espírito. É, portanto, uma subjetividade caracterizada pelo movimento 
de dissociação, na qual há 
 
“(...) a incoerência do pensamento, da ação e da afetividade (designada pelos 
termos clássicos discordância, dissociação, desagregação), o afastamento da 
realidade com um dobrar-se sobre si mesmo e predominância de uma vida 
interior entregue às produções fantasísticas (autismo), uma atividade delirante 
mais ou menos acentuada e sempre mal sistematizada” (LAPLANCHE & 
PONTALIS, 1998, p. 158). 
 
É parte, portanto, de uma estrutura psíquica bastante regredida, que tem 
sua etiologia marcada pelas fases psicossexuais mais iniciais da vida. 
Como posto, alguns autores dedicaram, mais do que Freud, a investigar 
mais e melhor sobre essa subjetividade, o que implica pensarmos em 
diferenças, tanto de organização psíquica como na prática clínica. 
Algumas ideias trazidas por Bion podem ajudar a compreender melhor 
alguns mecanismos das psicoses, a exemplo da existência de uma poderosa 
pulsão destrutiva (pulsão de morte) dirigida ao próprio sujeito​, fazendoemanar uma intensa ​angústia de aniquilamento​, termo cunhado por Klein e 
que remete à angústia experienciada pelo bebê ao se deparar com a pulsão de 
morte; seria, assim, a primeira angústia vivida pela criança. 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 58 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Ainda nesse sentido, verifica-se um grande ódio à realidade, tanto 
interna como externa, a psique “prefere” manter-se imersa ao mundo das 
ilusões, escolhendo os estados ilusórios à constituição de vínculos. 
Com isso, há uma perda na discriminação do que é real e do que é 
“falso”, tanto do próprio Eu, como de tudo que está fora dele. 
A exemplo de quando o esquizofrênico alucina (ouve vozes não 
presentes ou vê coisas não presentes, por exemplo), como pensar que essa 
experiência não é real ao esquizofrênico? 
Cabe ainda pensarmos na dificuldade no processo de simbolização, ou 
seja, uma dificuldade no processo do pensamento/conhecimento/linguagem, na 
qual o universo simbólico não seria devidamente organizado, adquirindo-se, 
portanto, uma literalidade no entendimento das coisas. Nesse sentido, haveria 
uma dificuldade em simbolizar; tudo ao esquizofrênico se apresenta 
terrivelmente real e literal. 
Por exemplo, ao pensarmos na expressão “chover canivete”, para a 
estrutura ​neurótica​, em geral, há um entendimento de uma simbolização de 
algo muito improvável de acontecer; porém, para os ​psicóticos ​pensar essa 
estrutura seria acreditar que, de fato, canivetes poderiam cair do céu, de 
maneira literal. 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 59 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Associe assim: 
PSICOSES​: 
ESQUIZOFRENIA 
Especificidade: clivagem 
ou divisão; subjetividade 
marcada pela dissociação. 
 
Pulsão de morte ou 
desejo de aniquilamento, 
que torna insuportável a 
pessoa conviver com a 
realidade. O ID cria uma 
realidade alternativa, que 
pode ser acompanhada 
de alucinações. 
 
Fase de fixação principal: 
fases iniciais (oral e anal). 
 
 
 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) 
 
● Artigo​: ​O que é Esquizofrenia? 
 
 
 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 60 
 
https://www.psicanaliseclinica.com/esquizofrenia/
http://psicanaliseclinica.com/
 
 
2.2.2. Paranoia 
 
 Nessa subestrutura psicótica, temos uma organização mais ou menos 
sistematizada​, ou seja, pelo predomínio da interpretação e pela ausência de 
enfraquecimento intelectual, quando comparada, por exemplo, à esquizofrenia. 
 O delírio, distorção na interpretação dos estímulos externos, 
vivenciando-os de maneira diferentes (perda de contato com a realidade), é 
uma característica bastante presente nos paranoicos, tal como aponta Freud 
nos ​delírios de perseguição, ciúme e grandeza​, entre outros (LAPLANCHE & 
PONTALIS, 1998). 
 Nesse sentido é comum, nos momentos de crise, que o delírio acometa 
o paranoico, no sentido de despertar e acentuar suas ansiedades. Por 
exemplo, no delírio de perseguição, o indivíduo tem a convicção de que está 
sendo perseguido constantemente, seja como forma de observação, seja com 
o intuito de matá-lo. 
Nos delírios de grandeza, o sujeito sente-se e acredita ser a pessoa 
mais importante do mundo, sendo sua existência essencial para a humanidade. 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 61 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Associe assim: 
PSICOSES​: 
ESQUIZOFRENIA PARANOIA 
Especificidade: clivagem 
ou divisão; subjetividade 
marcada pela dissociação. 
Especificidade: maior 
sistematização em 
comparação com 
esquizofrenia. 
 
Pulsão de morte ou 
desejo de aniquilamento, 
que torna insuportável a 
pessoa conviver com a 
realidade. O ID cria uma 
realidade alternativa, que 
pode ser acompanhada 
de alucinações. 
Delírios (perseguição, 
ciúme, grandeza), 
distorção na interpretação 
dos estímulos externos, 
vivenciando-os de 
maneira diferentes (perda 
de contato com a 
realidade). 
 
Fase de fixação principal: 
fases iniciais (oral e anal). 
Fase de fixação principal: 
fases iniciais (oral e anal). 
 
 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) 
 
● Artigo​: ​Esquizofrenia paranoide 
 
 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 62 
 
https://www.psicanaliseclinica.com/o-que-e-esquizofrenia-paranoide/
http://psicanaliseclinica.com/
 
 
2.2.3. Melancolia (maníaco-depressivo) 
 
 No ano de 1917, Freud escreve o célebre texto “​Luto e Melancolia​”, no 
qual discorre sobre essas temáticas, conceituando-as e assinalando suas 
convergências e divergências. 
Nesse sentido, há um entendimento de que, nos quadros ​melancólicos​, 
nas palavras de Freud, “a sombra do objeto cai sobre o ego”; isso nos permite 
compreender que há uma identificação com determinado objeto (pessoa, 
situação, experiência) de tal maneira que o sujeito sente esse objeto como 
parte de si. 
Ou seja, ao invés de estabelecer uma relação de investimento ​objetal 
(forma natural de se relacionar com pessoas e situações, reconhecendo os o 
mundo como “exterior”), há uma profunda ​identificação ​do melancólico com 
um objeto externo, que é incorporado como se fosse parte de si. Por exemplo, 
em uma relação mãe-filho, as falhas presentes na construção do sujeito (filho) 
foram tão grandes e arcaicas que, fatalmente, ele precisará de outro para 
realizar suas funções egoicas, criando-se, por identificação, certa simbiose com 
esse objeto (mãe). 
 Nesse sentido, quando há a perda desse objeto, em nosso exemplo a 
mãe, parte do EGO também se vê perdido, ocasionando seu enfraquecimento 
e empobrecimento, acarretando em uma profunda e angustiante dor, como 
partes de si também morressem, constituem, portanto, um estado melancólico. 
A melancolia é investir em outro (pessoa ou coisa) parte de si; e, na perda ou 
impossibilidade de realizar-se neste outro, o indivíduo sente como perdendo 
parte de si. 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 63 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
 Desse modo, de maneira inconsciente, o sujeito não sabe o que se 
perdeu nesse processo (da perda do objeto) e, com isso, entra em um profundo 
desânimo e inibição da realidade, a perda da capacidade de amar, e um 
desinteresse generalizado pelo mundo externo, buscando, em casos extremos, 
o suicídio. 
Além disso, volta-se ao ego uma constante força de auto-recriminação, 
como se a própria pessoa fosse culpada pela perda do objeto. 
 Ainda nesse contexto, para avançarmos no entendimento dessa 
estrutura psicótica, é preciso conceituarmos algumas ideias, propostas por 
Freud, justamente para que possamos compreender a dinâmica do sujeito 
melancólico. 
 Cabe então compreendermos a ideia de ​ideal do ego (ou ideal do eu): 
“​formação intrapsíquica relativamente autônoma que serve de referência ao 
ego para apreciar as suas realizações afetivas​” (LAPLANCHE & PONTALIS, 
1998, p. 222). 
Sua origem está na convergência do ​narcisismo secundário (retorno 
ao ego da libido retirada dos seus investimentos objetais). 
Isso nos permite pensar que, tal qual o ​superego​, instância reguladora 
pelo castigo, ​o ideal do ego se caracterizaria por uma instância, também 
balizadora, masque carrega em si as bases e referências para a construção de 
imagens e modelos ideais de desenvolvimento, como uma referência 
inatingível. 
 
Superego Ideal do Ego 
Castigos e sanções Padrões e modelos ideais 
Aspecto essencialmente negativo (o 
que não se deve fazer) 
Aspecto essencialmente positivo 
(ideal de como dever ser) 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 64 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
 
 A ​melancolia ​é, em si, o que Freud chamou (mas que logo perdeu-se 
como conceito) de ​neurose narcísica​, denotando uma dificuldade ou 
impossibilidade de transferência libidinal (isto é, a libido volta-se em favor do 
próprio sujeito narcisista, não se externaliza). 
E, em termos de dinâmica das instâncias psíquicas, podemos 
compreender essa organização melancólica como sendo um ​conflito entre o 
EGO e o IDEAL DO EGO​. 
 Nos processos depressivos, temos que ​o ego se subjuga ao ideal do 
ego (ou seja, o ego quer obrigar o sujeito a alcançar este ideal), deixando o 
sujeito com baixa autoestima, sentimentos de culpa e frustração, alto nível de 
exigência consigo próprio, sentimento de perda de amor e de que seus desejos 
são inalcançáveis. 
 Por outro lado, quando ocorre o contrário, isto é, quando ​o ideal do ego 
se subjuga ao ego​, há uma supervalorização egóica como se o sujeito fosse 
superior a tudo e a todos. Busca, portanto, aceitação, prestígio e necessidade 
de grandeza. 
 Desse modo, no estado conhecido como ​maníaco-depressivo​, há uma 
alternância desses dois estados, por meio da disputa conflituosa entre o ego e 
o ideal do ego. Ou ainda, na linguagem psiquiátrica, transtorno de 
personalidade bipolar. 
● Quando ​o ego se submete ao ideal do ego​, o ideal do ego é maior que 
o ego: a frustração do inalcançável gera a condição 
maníaco-depressiva; 
● Quando ​o ideal do ego se submete ao ego​, o ego é maior que o ideal 
do ego (como se o ideal já tivesse se tornado realidade): ocorre outro 
tipo de frustração (por não ser enaltecido por todos) que também gera a 
condição maníaco-depressiva. 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 65 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
 
Associe assim: 
PSICOSES​: 
ESQUIZOFRENIA PARANOIA MELANCOLIA 
Especificidade: clivagem 
ou divisão; subjetividade 
marcada pela dissociação. 
Especificidade: maior 
sistematização em 
comparação com 
esquizofrenia. 
Especificidade: 
sentimento profundo de 
tristeza na perda ou 
possibilidade de perda de 
algo ou alguém. 
Pulsão de morte ou 
desejo de aniquilamento, 
que torna insuportável a 
pessoa conviver com a 
realidade. O ID cria uma 
realidade alternativa, que 
pode ser acompanhada 
de alucinações. 
Delírios (perseguição, 
ciúme, grandeza), 
distorção na interpretação 
dos estímulos externos, 
vivenciando-os de 
maneira diferentes (perda 
de contato com a 
realidade). 
Profunda identificação do 
melancólico com um 
objeto externo, que é 
incorporado como se 
fosse parte de si. O 
indivíduo toma parte de 
outra coisa/pessoa como 
sendo a si próprio. A 
tristeza advém da perda 
ou possibilidade de perda. 
Fase de fixação principal: 
fases iniciais (oral e anal). 
Fase de fixação principal: 
fases iniciais (oral e anal). 
Fase de fixação principal: 
fases iniciais (oral e anal). 
 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) 
 
● Artigo​: ​Conceito de Narcisismo 
● Artigo​: ​Relações entre Psicose e Depressão 
● Artigo​: ​As Fases do Luto 
● Artigo​: ​6 filmes sobre Depressão 
 
 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 66 
 
https://www.psicanaliseclinica.com/narcisismo-na-psicanalise/
https://www.psicanaliseclinica.com/psicose-depressao/
https://www.psicanaliseclinica.com/fases-do-luto/
https://www.psicanaliseclinica.com/filmes-sobre-depressao/
http://psicanaliseclinica.com/
 
 
2.3. As perversões 
 
 Esse conceito, ao longo da história, sofre inúmeras modificações 
enquanto entendimento dentro da área da Psicanálise. 
O que Freud define e tenta elaborar enquanto ​constructo da ​perversão 
se refere a desvios sexuais que fogem àquilo dito como “normal” (obtenção do 
orgasmo a partir do coito genital), como forma de obtenção de prazer. Ou seja, 
todas as relações que não envolvessem o coito fálico-vaginal eram 
consideradas perversões. 
 Sendo assim, como posto, o orgasmo (satisfação/prazer) na perversão 
poderia estar vinculado a: 
● outros objetos sexuais​, tais como a homossexualidade, a pedofilia, o 
voyeurismo, entre outros; 
● outras zonas corporais​, a exemplo do coito anal; 
● e, também, quando a obtenção de prazer está ​subordinada de forma 
imperiosa a determinadas situações externas, como o fetichismo, o 
exibicionismo, o sadomasoquismo, entre outros (LAPLANCHE & 
PONTALIS, 1998). 
 Desse modo, a ideia de perversão foge ao senso comum do que 
entendido atualmente como ​perversidade​, uma vez que a perversão é 
entendida como uma estrutura psíquica própria, tais quais as neuroses e 
psicoses. 
Ou seja, existe, na perversão, um modo de se relacionar com o mundo, 
de estabelecer relações, de apresentar modos de sofrer, e, também, modos de 
obtenção de prazer. 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 67 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Sendo assim, é uma estrutura psíquica dentro da clínica psicanalítica 
responsável por organizar a personalidade do indivíduo. Diferentemente da 
ideia que “perversidade” carrega, no sentido de uma ideia de conceito moral, 
que, em suas atitudes, são repudiadas enquanto pactos/leis sociais. 
 Uma ideia incutida por Freud traz a noção de que “​as neuroses são, 
por assim dizer, o negativo das perversões​” (FREUD, 1905, p. 168). Essa 
ideia surge como forma de compreender a relação de ambas as estruturas 
psíquicas com a obtenção de ​satisfação​. 
● O ​neurótico​, através do ego, atende as exigências do ambiente, 
reprimindo/recalcando as ideais angustiantes, 
● O ​perverso ​realiza, de fato, seu desejo (sexual) sem sentimento de 
culpa. 
O perverso é, portanto, capaz de saber o que quer (o que dá prazer) e 
assim realizá-lo, enquanto, para o neurótico, esse desejo de satisfação acaba 
por ser reprimido. 
Não é incomum a admiração do neurótico pelo perverso, uma vez que é 
possível ver, na figura do outro, a realização literal do seu desejo recalcado. 
 Já mais amadurecido nas investigações acerca dessa temática, Freud 
escreve “​O Fetichismo​”, em 1927, estabelecendo a ideia de uma gênese para 
o funcionamento psíquico da perversão. 
A perversão estaria ligada, sobretudo, às ​defesas de renegação (ou 
recusa) vinculadas à ​angústia de castração​. Nesse sentido, haveria uma 
recusa perceptível, uma recusa de saber reconhecer a ausência do ​falo ​no 
outro (representada pela ideia do corpo da mãe, na qual, simbolicamente, 
haveria a ausência do pênis/falo). 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 68 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
E, na dificuldade de elaborar esse entendimento simbólico, o perverso 
colocaria, nesse lugar, outra forma de subjetivação, que seria o ​fetiche​. O 
fetiche é tomar um objeto inanimado como objeto de prazer. Sendo assim, 
 
“(...) o sujeito sabe que a mulher não tem pênis; no entanto, para negar a suafantasia de que esta falta deve-se a uma castração que, de fato, tenha 
ocorrido, ele renega a verdade com um pensamento tipo “não, não é verdade 
que a mulher não tem pênis” e reforça essa falsa crença com a criação de 
algum fetiche, como pode ser uma adoração por sapatos, etc.” (ZIMERMAN, 
1999, p. 128). 
 
Ou seja, como forma de negar/recusar essa angústia, o perverso tende 
a precisar do outro para que sua organização, sobretudo no sentido do prazer, 
se constitua de maneira satisfatória. 
Contudo, esse lugar que o outro assume não está integrado, mas sim 
submetido ao funcionamento de pulsões parciais. Desse modo, a exemplo do 
fetichismo, a busca de prazer está vinculada a parcialidades, como ocorre com 
aqueles que são capazes de sentir prazer na relação com os sapatos de outra 
pessoa. 
 Vale ressaltar, nesse ponto, um conceito importante e que considera a 
fase de desenvolvimento psicossexual, toda criança é uma ​perversa 
polimorfa​. 
Isso implica pensarmos que a busca por satisfação na criança está 
vinculada às parcialidades, como posto, conforme o capítulo das fases de 
desenvolvimento psicossexual, ora a erotização está na boca, ora no ânus, e 
assim por diante. 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 69 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
 Do ponto de vista da estruturação clínica, a perversão pode ser dividida, 
também, em subestruturas, que apresentam relações específicas com as 
formas de organização e relacionamento com o outro, sobretudo na busca pelo 
prazer. 
São tipos principais de perversão: o ​fetichismo​, o ​sadismo ​e o 
masoquismo​. 
 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) 
 
● Artigo​: ​Complexo de Castração e a Moral em Freud 
● Artigo​: ​O que são Perversões? 
 
 
 
 
2.3.1. Fetichismo 
 
 O fetichismo pode ser caracterizado, como verificamos, a uma produção 
proveniente à recusa da angústia de castração. Relembrando, no Complexo de 
Édipo (fase fálica), o indivíduo deseja a mãe e rivaliza com o pai. Porém, por 
receio de ser punido (o que é simbolizado pela angústia de castração, isto é, o 
medo de que o pai, mais forte, penalize o indivíduo com a perda do pênis), o 
indivíduo supera esta fase, seguindo para um período de latência. O perverso 
se recusaria a aceitar a possibilidade da castração, e sua forma de enfrentar é 
imaginar que objetos inanimados possam estar no lugar das zonas erógenas. 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 70 
 
https://www.psicanaliseclinica.com/complexo-de-castracao-e-moral-em-freud/
https://www.psicanaliseclinica.com/perversao/
http://psicanaliseclinica.com/
 
A dificuldade dessa elaboração na ​fase fálica​, perceptível com a 
diferença dos sexos (presença e ausência do ​falo​), é evidenciada e vivenciada 
como uma experiência de horror, uma vez que a possibilidade da castração é 
real, e sentida tal qual a perda de seu objeto de amor (mãe), assim como seu 
pênis. 
“O horror da castração ergueu um monumento a si próprio na criação deste 
substituto, fazendo do fetiche um indício do triunfo sobre a ameaça da 
castração e uma proteção contra ela... Na vida posterior, o fetichista sente 
desfrutar de ainda outra vantagem de seu substituto de um órgão genital. O 
significado do fetiche não é conhecido por outras pessoas, de modo que não é 
retirado do fetichista; é facilmente acessível e pode prontamente conseguir a 
satisfação sexual ligada a ele. Aquilo pelo qual os outros homens têm de 
implorar e se esforçar pode ser tido pelo fetichista sem qualquer dificuldade.” 
(FREUD, 1927) 
 
Nesse sentido, essa simbolização não é realizada na estrutura do 
perverso, fazendo com que outra “coisa” assuma o lugar desse objeto de 
desejo. 
Considerando a ideia de “pulsões sexuais parciais” para a obtenção do 
prazer, seja o fetiche por objetos (peças íntimas, roupas diferenciadas, entre 
outros), por partes do corpo (mãos, pés, nádegas...) ou ainda por situações 
extrínsecas (como o voyeurismo ou observação, o exibicionismo, entre outros). 
 A partir da ideia do ​fetichismo​, é possível compreendermos as outras 
duas modalidades clínicas da perversão. 
● Quando o sujeito assume-se, digamos, “o lado” do fetichismo (ele sendo 
“coisa”), temos uma organização ​masoquista (gosta de ser submetido) 
e, 
● Ao contrário, quando o outro assume essa posição de “coisa”, temos, 
portanto, o ​sadismo ​(o indivíduo gosta de submeter o outro). 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 71 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Existem outras assim chamadas “parafilias” (veja artigo abaixo). Essas três são 
as principais para os estudos freudianos. 
Associe assim: 
PERVERSÕES​: 
FETICHISMO 
Especificidade: fixação 
parcial do objeto do 
prazer, em objetos 
inanimados ou partes não 
genitais do corpo. 
 
Fetiche por objetos (peças 
íntimas, roupas 
diferenciadas etc.), por 
partes do corpo (mãos, 
pés etc.) ou ainda por 
situações extrínsecas 
(como o voyeurismo e o 
exibicionismo). 
 
Fase de fixação principal: 
fase fálica (o fetichismo é 
uma forma de negar o 
medo da castração, 
concebendo que coisas 
podem assumir o lugar 
das zonas erógenas). 
 
 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) 
 
● Artigo​: ​Fetichismo e outras parafilias 
● Artigo​: ​Psicoses, Neuroses e Perversões 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 72 
 
https://www.psicanaliseclinica.com/parafilias-voyeurismo-fetichismo-frotteurismo/
https://www.psicanaliseclinica.com/psicose-neurose-e-perversao/
http://psicanaliseclinica.com/
 
 
2.3.2. Sadismo 
 
Nessa organização específica da perversão, a outra pessoa é objeto do 
fetiche e, para tanto, o sádico terá sua satisfação/prazer alcançada por meio do 
sofrimento/humilhação dirigida ao outro​. 
De maneira fantasiosa, trata-se do desejo de dar vazão a uma pulsão 
sexual que vai na direção da dominação, de admitir-se como posse e/ou a 
submissão à força. 
 ​Associe assim: 
PERVERSÕES​: 
FETICHISMO SADISMO 
Especificidade: fixação 
parcial do objeto do 
prazer, em objetos 
inanimados ou partes não 
genitais do corpo. 
Especificidade: fixação 
parcial do objeto do 
prazer, focando na 
satisfação em impor 
sofrimento ao outro. 
 
Fetiche por objetos (peças 
íntimas, roupas 
diferenciadas etc.), por 
partes do corpo (mãos, 
pés etc.) ou ainda por 
situações extrínsecas 
(como o voyeurismo e o 
exibicionismo). 
Pode ser entendido como 
uma derivação do 
fetichismo, em que a 
satisfação sexual é 
alcançada com o 
sofrimento do parceiro. 
 
Fase de fixação principal: 
fase fálica (o fetichismo é 
uma forma de negar o 
medo da castração, 
concebendo que coisas 
podem assumir o lugar 
das zonas erógenas). 
Fase de fixação principal: 
fase fálica. 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 73 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) 
 
● Artigo​: ​O que é Sadismo? 
 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 74 
 
https://www.psicanaliseclinica.com/sadica/
http://psicanaliseclinica.com/
 
 
2.3.3. Masoquismo 
 
 O masoquismo, por sua vez, está ligado à ideia do ​sofrimento e 
humilhação ao qual o sujeito masoquista se submete como forma deobter prazer​. Ou seja, é uma busca de prazer por meio de um aparente 
“desprazer”. Assumir a posição de dominado, de quem sofre a dor para, assim, 
sentir prazer sexual. 
 ​Associe assim: 
PERVERSÕES​: 
FETICHISMO SADISMO MASOQUISMO 
Especificidade: fixação 
parcial do objeto do 
prazer, em objetos 
inanimados ou partes não 
genitais do corpo. 
Especificidade: fixação 
parcial do objeto do 
prazer, focando na 
satisfação em impor 
sofrimento ao outro. 
Especificidade: fixação 
parcial do objeto do 
prazer, focando na 
satisfação em receber um 
sofrimento, imposto por 
outra pessoa. 
Fetiche por objetos (peças 
íntimas, roupas 
diferenciadas etc.), por 
partes do corpo (mãos, 
pés etc.) ou ainda por 
situações extrínsecas 
(como o voyeurismo e o 
exibicionismo). 
É o inverso do 
masoquismo. Pode ser 
entendido como uma 
derivação do fetichismo, 
em que a satisfação 
sexual é alcançada com o 
sofrimento do parceiro. 
É o inverso do sadismo. 
Pode ser entendido como 
uma derivação do 
fetichismo, em que a 
satisfação sexual é 
alcançada quando o 
parceiro impõe ao 
masoquista um 
sofrimento. 
Fase de fixação principal: 
fase fálica (o fetichismo é 
uma forma de negar o 
medo da castração, 
concebendo que coisas 
podem assumir o lugar 
das zonas erógenas). 
Fase de fixação principal: 
fase fálica. 
Fase de fixação principal: 
fase fálica. 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 75 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL) 
 
● Artigo​: ​O que é Masoquismo? 
 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 76 
 
https://www.psicanaliseclinica.com/masoquista-significado/
http://psicanaliseclinica.com/
 
 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA 
 
Algumas indicações contam com links disponíveis (leituras opcionais). 
 
Para fins de estudos para o Curso, algumas obras não seriam para leitura 
completa, mas apenas recomendações dos capítulos ou das páginas indicadas 
abaixo. 
 
 
1) Freud. Primeiras publicações psicanalíticas (1893-1899) – VOLUME III. 
 
Ler texto​: ​A sexualidade na etiologia das neuroses (1898). 
 
Clique aqui para ler​, ou acesse https://goo.gl/WPoeGz 
 
 
2) Freud. O futuro de uma ilusão (1927-1931) – VOLUME XXI 
 
Ler texto​: ​Fetichismo (1927). 
 
Clique aqui para ler​, ou acesse ​https://goo.gl/2pfXnf 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 77 
 
https://drive.google.com/open?id=1riEPtOKz1ocNAcmpWECKTyGhds6iEDVY
https://drive.google.com/open?id=1cfv6QLniHEjgUouf4PllItKTG7f4pY0o
http://psicanaliseclinica.com/
 
 
 
3) Artigo: ​A psicopatia a partir da Psicanálise: desmistificando a mídia 
(2015). 
 
Clique aqui para ler​, ​ou acesse ​https://goo.gl/AhS4pQ 
 
 
 
4) Artigo: ​Melancolia e Depressão: Um estudo psicanalítico (2014). 
 
Clique aqui para ler​, ​ou acesse​ https://goo.gl/iBhcsU 
 
 
 
5) Filme: ​Melhor é impossível (1997). 
Não encontramos o filme disponível no Youtube ou em outras plataformas 
abertas de vídeo. O filme é opcional, portanto. Ainda assim, recomendamos que 
o aluno o encontre em site de filmes ou em aplicativos de ​streaming​. 
 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 78 
 
https://drive.google.com/open?id=1jMiDWEnvCK9fZfpNUYNqzDWfkdugIl6N
https://drive.google.com/open?id=1MbGhTTxt71AAFGvR79vvPCjFsNusEVVS
http://psicanaliseclinica.com/
 
Resumo 
Resumo dos quadros esquemáticos apresentados neste Módulo. 
 
I. FASES DO DESENVOLVIMENTO DA LIBIDO (OU DESENVOLVIMENTO 
PSICOSSEXUAL) 
 
Fase Idade aprox. Zona erógena Sinais adultos de regressão 
Oral 0 a 2 anos Boca Hábitos ligados à boca (falar, comer, 
beber, fumar), dependência, medo do 
desamparo, baixa tolerância à 
frustração. 
Anal 2 a 3 anos Esfíncteres que 
controlam fezes e 
urina 
Ambivalência (amor/ódio), 
competitividade excessiva, desejo de 
controle e manipulação, desejo de 
acumulação de posses, neuroses 
obsessivo-compulsivas. 
Fálica 3 a 5 ou 6 
anos 
Falo / Fase de 
reconhecimento 
dos órgãos 
genitais 
Fixar-se nas fases oral ou anal é um 
sinal de uma fase fálica (e um Complexo 
de Édipo) mal resolvida. Transtornos 
referentes às duas fases anteriores são 
sinais de uma fase fálica mal resolvida, 
além de transtornos específicos da fase 
fálica, como o narcisismo. 
Latência De 6 anos 
até 
puberdade 
Hiato, sem zona 
erógena específica 
Como ocorre uma repressão das 
sensações erógenas, em favor do 
desenvolvimento do ego e da 
construção das relações sociais, não se 
costuma falar em regressão a esta fase. 
Genital A partir da 
puberdade 
Genital É a fase de maturidade, por isso não se 
costuma ver a “fixação” nesta fase como 
algo negativo. Ao contrário, quando um 
adolescente ou adulto (que deveria estar 
fixado nesta fase) se prende a fases 
anteriores, haveria a regressão, com as 
características que acima apontamos. 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 79 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
II. TIPOS DE NEUROSES 
 
FOBIA OBSESSÃO- 
COMPULSÃO 
HISTERIA 
Também chamada de 
histeria de angústia. 
Também chamada de 
neurose obsessiva, TOC, 
obsessão. 
Também chamada de 
neurose histérica. 
O contato ou lembrança 
de um objeto específico 
causa reações fóbicas (de 
medo), muitas vezes 
inexplicáveis e 
desproporcionais. 
Hábitos e rituais 
obsessivos, de natureza 
animista (acreditando que 
o pensamento individual 
tem controle sobre o 
mundo exterior). 
Tipos: histeria de 
conversão (somática) e 
dissociativa (sensações 
de despersonalização, 
ataques epiléticos, 
desmaios). 
Fase de fixação principal: 
fase fálica (angústia de 
castração, aniquilamento 
e desamparo). 
Fase de fixação principal: 
fase anal (primeiras 
imposições de regras, 
diferenciação com a mãe, 
agressões ao Ego, 
primeiros conflitos 
ID-superego). 
Fase de fixação principal: 
fase fálica. 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 80 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
III. TIPOS DE PSICOSES 
 
ESQUIZOFRENIA PARANOIA MELANCOLIA 
Especificidade: clivagem 
ou divisão; subjetividade 
marcada pela dissociação. 
Especificidade: maior 
sistematização em 
comparação com 
esquizofrenia. 
Especificidade: 
sentimento profundo de 
tristeza na perda ou 
possibilidade de perda de 
algo ou alguém. 
Pulsão de morte ou 
desejo de aniquilamento, 
que torna insuportável a 
pessoa conviver com a 
realidade. O ID cria uma 
realidade alternativa, que 
pode ser acompanhada 
de alucinações. 
Delírios (perseguição, 
ciúme, grandeza), 
distorção na interpretação 
dos estímulos externos, 
vivenciando-os de 
maneira diferentes (perda 
de contato com a 
realidade). 
Profunda identificação do 
melancólico com um 
objeto externo, que é 
incorporado como se 
fosse parte de si. O 
indivíduo toma parte de 
outra coisa/pessoa como 
sendo a si próprio. A 
tristeza advém da perda 
ou possibilidade de perda. 
Fase de fixação principal: 
fases iniciais (oral e anal). 
Fase de fixação principal: 
fases iniciais (oral e anal). 
Fase de fixação principal: 
fases iniciais (oral e anal). 
 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 81 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
IV. TIPOS DE PERVERSÕES 
 
FETICHISMO SADISMO MASOQUISMO 
Especificidade: fixação 
parcial do objeto do 
prazer, em objetos 
inanimados ou partes não 
genitais do corpo. 
Especificidade: fixação 
parcial do objeto do 
prazer, focando na 
satisfação em impor 
sofrimento ao outro. 
Especificidade: fixação 
parcial do objeto do 
prazer, focando na 
satisfação em receber um 
sofrimento, imposto por 
outra pessoa. 
Fetiche por objetos (peças 
íntimas, roupas 
diferenciadas etc.), por 
partes do corpo (mãos, 
pés etc.)ou ainda por 
situações extrínsecas 
(como o voyeurismo e o 
exibicionismo). 
É o inverso do 
masoquismo. Pode ser 
entendido como uma 
derivação do fetichismo, 
em que a satisfação 
sexual é alcançada com o 
sofrimento do parceiro. 
É o inverso do sadismo. 
Pode ser entendido como 
uma derivação do 
fetichismo, em que a 
satisfação sexual é 
alcançada quando o 
parceiro impõe ao 
masoquista um 
sofrimento. 
Fase de fixação principal: 
fase fálica (o fetichismo é 
uma forma de negar o 
medo da castração, 
concebendo que coisas 
podem assumir o lugar 
das zonas erógenas). 
Fase de fixação principal: 
fase fálica. 
Fase de fixação principal: 
fase fálica. 
 
 
 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 82 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
 
Referências bibliográficas 
 
FINE, R; ​A história da psicanálise​. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e 
Científicos, 1981. 
FREUD, S. ​Três ensaios sobre a sexualidade (1905)​. Obras completas de 
Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996. 
________ Fetichismo (1927). Obras completas de Sigmund Freud. Rio de 
Janeiro: Imago, 1996. 
LAPLANCHE, J; PONTALIS, J. B. ​Vocabulário da Psicanálise​. São Paulo: 
Martins Fontes, 1996. 
MANNONI, O; ​Freud: uma biografia ilustrada​. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 
1994. 
VALENTE, N; ​Psicanálise freudiana: uma análise atual ao alcance de todas 
as mentes.​ São Paulo: Ed. Panorama, 2002. 
VENTURA, Rodrigo. ​Os paradoxos do conceito de resistência: do mesmo à 
diferença.​ Estud. psicanal., Belo Horizonte, n. 32, nov. 2009 . 
ZIMERMAN, D. E. ​Fundamentos Psicanalíticos: Teoria, técnica e clínica​. 
Porto Alegre: Artmed, 1999. 
WOLLHEIN, R. ​As ideias de Freud​. São Paulo: Círculo do Livro, 1971. 
MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) ​psicanaliseclinica.com​. Pág. 83 
 
http://psicanaliseclinica.com/