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pedagógica para inovação, criação e construção de novos conhecimentos”. Essa premissa requer organizar ativida- des e conteúdos nas aulas com base em um planejamen- to que faça uso pedagógico de métodos e técnicas de pesquisa social e no qual prevaleça a abordagem das me- todologias ativas de modo a valorizar a investigação cien- tífica e posicionar os estudantes no centro do processo de aprendizagem. Nas Orientações específicas, serão abor- dadas nos comentários dos projetos propostos essas téc- nicas de pesquisa social e metodologias ativas. � A área de Matemática e suas Tecnologias Na BNCC do Ensino Médio, a Matemática constitui uma área de conhecimento. Para essa área, há cinco com- petências, entre as quais estão distribuídas 43 habilidades. Essas competências específicas e habilidades, em inter- -relação com as competências gerais, têm como principal objetivo a ampliação do letramento matemático dos es- tudantes. Segundo a BNCC (2019), o letramento matemático é: [...] definido como as competências e habilida- des de raciocinar, representar, comunicar e argu- mentar matematicamente, de modo a favorecer o estabelecimento de conjecturas, a formulação e a resolução de problemas em uma variedade de con- textos, utilizando conceitos, procedimentos, fatos e ferramentas matemáticas. É também o letramen- to matemático que assegura [...] reconhecer que os conhecimentos matemáticos são fundamentais pa- ra a compreensão e a atuação no mundo e perceber o caráter de jogo intelectual da matemática, como aspecto que favorece o desenvolvimento do raciocí- nio lógico e crítico, estimula a investigação e pode ser prazeroso (fruição). BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. p. 266. Disponível em: http:// basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_ EF_110518_versaofinal_site.pdf (acesso em: 10 ago. 2020). De acordo com a proposta da BNCC de Ensino Mé- dio para a área de Matemática e suas Tecnologias, é fun- damental que os estudantes dominem esses processos cognitivos (raciocinar, representar, comunicar e argu- mentar) presentes nessa definição de letramento ma- temático para que se tornem capazes de resolver pro- blemas vinculados aos mais diversos contextos do mundo real. Raciocinar matematicamente compreende identificar estratégias de resoluções em determinado contexto de uma situação-problema. Abarca também avaliar se é o melhor raciocínio matemático que foi eleito para formular a resolução mais apropriada e verificar se os re- sultados são razoáveis e fazem sentido naquela situação específica. Representar informações matemáticas abrange em- pregar, aplicar, utilizar procedimentos, cálculos, conceitos matemáticos, etc. na formulação de comunicação e ar- gumentação matemáticas. Para isso, é importante que os estudantes identifiquem oportunidades de utilização da Matemática, percebendo que ela pode ser aplicada para auxiliar a compreensão e a resolução de problemas em diversos contextos sociais. Originada por causa de necessidades sociais relacio- nadas, por exemplo, à economia, à política, a questões bélicas, entre outras, a Matemática constitui uma área de conhecimento, já que esse conhecimento, enquanto pro- dução humana socialmente construída em diferentes ma- nifestações culturais, é tanto determinado quanto deter- minante do trabalho, da ciência, da tecnologia, entre outros aspectos. Exemplos dessa afirmação podem ser a invenção dos calendários, do relógio de sol, do relógio de água, bem como a utilização de conhecimentos mate- máticos para a construção das pirâmides no Egito, etc. Também problemas relacionados à agricultura e ao co- mércio oportunizaram a aplicação de conhecimentos matemáticos na resolução de problemas. Posto isso, percebe-se que, na BNCC do Ensino Médio, a área de Matemática e suas Tecnologias torna-se parti- cularmente importante pelo fato de a Matemática estar vinculada a muitas atividades humanas e assim favorecer o diálogo, a interdisciplinaridade e a integração com as outras áreas de conhecimento. Neste volume, essa inte- gração se dá de modo especial com a área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, possibilitando a construção de contextos realmente significativos que favorecem a aprendizagem dos estudantes e, desse modo, contribuem para dissipar a ideia de que a Matemática é um conheci- mento inalcançável. � Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e Matemática e suas Tecnologias: a integração entre essas áreas Foi pensando na integração entre as duas áreas que cada capítulo deste volume, visando à formação integral dos estudantes, foi elaborado considerando essas pers- pectivas da literacia e da materacia a fim de demonstrar que há na Geografia, na História, na Filosofia e na Socio- logia, em cada um desses componentes curriculares, con- tribuições conceituais para a reflexão crítica e dialógica da importância da Matemática, com base em conexões entre as áreas. ORIENTAÇÕES GERAIS | 175 VU_MAT_HUM_g21At_161a184_MPGeral.indd 175VU_MAT_HUM_g21At_161a184_MPGeral.indd 175 23/09/2020 15:2123/09/2020 15:21 De acordo com essa proposta, o Livro do Estudante apresenta, de modo concreto, vários elementos que fa- vorecem essa reflexão crítica e dialógica, como: • textos que foram redigidos direcionados aos estudan- tes a fim de criar “aproximação” entre conteúdo e es- tudante; • um tema condutor em cada capítulo que oportuniza ao estudante analisar o contexto a fim de que, com base nele, possa avançar no desenvolvimento de ex- trapolações acerca da reflexão sobre questões sociais de âmbito macro; • atividades que instigam os estudantes a analisar criti- camente situações e a argumentar de modo propo- sitivo sem perder de vista a escuta da opinião do outro; • técnica(s) de pesquisa social – que serão exploradas adiante nestas Orientações gerais – são desenvolvidas em cada projeto e a pedagogia de projetos é mobili- zada como metodologia ativa. Para estabelecer o diálogo entre as áreas de Ciências Humanas e Socias Aplicadas e de Matemática e suas Tec- nologias, além desse trabalho com as técnicas de pesqui- sa social aliadas ao trabalho com projetos, outras técnicas de comunicação de ideias são favorecidas, ao longo das atividades propostas, por meio de processos como argu- mentação (oral e escrita), produção de análises críticas, criativas e propositivas, pensamento computacional e leitura inferencial. Para saber mais a respeito desses pro- cessos, leia os textos seguintes. Leitura inferencial A leitura inferencial é um processo cognitivo que perpassa o trabalho de todas as áreas de conhecimento. Ao fazer uma inferência, um leitor “transforma aquilo que leu nas entrelinhas”, os implícitos, em conclusão ló- gica, em uma observação elaborada com base em evi- dências que possam corroborar a inferência realizada, seja por meio de conhecimentos prévios que o leitor já possui, seja por meio de implícitos identificados sobre o que está acontecendo, a fim de compor uma afirma- ção mais ampla. É importante ressaltar que, para ensinar os estudantes a inferir, eles precisam compreender que uma inferência não é uma suposição, não é um palpite aleatório. A leitura inferencial é produzida com base na leitura de textos. De acordo com a Matriz de Letramento em Leitura de 2018, do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), cuja avaliação é realizada a cada três anos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvi- mento Econômico (OCDE): Uma inferência não faz parte do texto de modo pron- to e acabado, mas é construída na interação com o texto. Com base nisso, é importante você atentar para que exis- te diferença entre inferência e afirmação do óbvio, pois é possível que muitos estudantes façam observações e afir- mem apenas conclusões evidentes e óbvias, antes que tenham formulado totalmente uma inferência. Quando isso ocorrer, é importante orientá-los a compreender queideias, impressões e conhecimentos “arquivados” na me- mória auxiliam a estabelecer relações que os levem a for- mular inferências de melhor qualidade. Quanto mais informações “arquivadas” um estudante tiver, mais apto ele estará para fazer inferências que am- pliem a compreensão de um texto. Os conhecimentos já adquiridos em parceria com as experiências vividas pelos estudantes constituem um arcabouço de registros na me- mória essencial para o preenchimento das “lacunas” a se- rem inferidas durante a leitura de um texto. Em uma mesma turma, há estudantes de diferentes perfis econômicos, culturais, etc. Alguns estudantes po- dem ter o gosto desenvolvido pela leitura de textos es- critos e não demonstrar preferência por nenhuma ex- pressão artística revelada pelas culturas juvenis, como arte em grafite, por exemplo. Já outros estudantes po- dem ter essa aptidão para se expressar por imagens gra- fitadas e não terem afinidade com a leitura de textos escritos. Então, na escola, ao trabalhar a leitura inferen- cial de um texto, o resultado da compreensão também vai depender da troca e socialização das inferências que os estudantes propuserem. Por isso, é muito importan- te que essa prática seja muito valorizada como prática pedagógica. A capacidade de fazer inferências é fundamental para o desenvolvimento da produção de análises críticas, cria- tivas e propositivas e é desse assunto que o tópico se- guinte tratará. A palavra “textos” deve incluir toda a linguagem usada em sua forma gráfica: manuscrita, impressa ou mostrada em tela. Nessa definição, excluímos como textos aqueles artefatos linguísticos puramen- te sonoros, como gravações de voz, bem como filmes, TV, imagens animadas e imagens sem palavras. Tex- tos incluem apresentações visuais, como diagramas, figuras, mapas, tabelas, gráficos e tirinhas em qua- drinhos que têm alguma linguagem escrita (por exemplo, legendas). Esses textos visuais podem exis- tir tanto independentemente quanto estar embuti- dos em textos maiores. BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Pisa 2018: matriz de letramento em leitura. p. 9. Disponível em: http:// download.inep.gov.br/acoes_internacionais/pisa/marcos_ referenciais/2018/pisa2018-matriz_referencia_leitura_ traduzida.pdf (acesso em: 10 ago. 2020). 176 VU_MAT_HUM_g21At_161a184_MPGeral.indd 176VU_MAT_HUM_g21At_161a184_MPGeral.indd 176 23/09/2020 15:2123/09/2020 15:21