Logo Passei Direto
Material
Study with thousands of resources!

Text Material Preview

Computador quântico 
da IBM em exposição 
em Las Vegas, Estados 
Unidos, em 2020. 
A computação 
quântica inaugura 
uma nova era na 
tecnologia. Em um 
teste realizado no 
Google, o computador 
quântico resolveu 
em três minutos 
uma equação que o 
supercomputador 
mais rápido do 
mundo levaria 10 mil 
anos para solucionar.
Computação quântica: Física abre espaço para nova era
Ampliando
Professor, no Manual você encontra orientações sobre esta seção. 
O professor de Geogra�a é indicado, prioritariamente, para o trabalho deste 
segmento, com a colaboração do professor de Física.
[...] a cada um ano e meio, o número de transis-
tores dentro de um único chip dobra, aumentando 
o desempenho das máquinas e reduzindo o consu-
mo de energia. A máxima, porém, está com os dias 
contados. Os transistores dos chips mais avançados 
já chegaram ao tamanho de 10 nanômetros e, se di-
minuírem muito mais que isso, podem parar de fun-
cionar. Isso pode fazer os computadores pararem no 
tempo pela primeira vez desde que foram criados. 
[...]
A academia e a indústria não estão esperando 
essa crise chegar de braços cruzados. Na última dé-
cada, pesquisadores de todo o mundo e gigantes de 
tecnologia, como a IBM e o Google, têm investido 
milhões de dólares na criação dos chamados com-
putadores quânticos. Quando estiverem prontas, 
essas máquinas serão capazes de fazer, mais rápido 
e com menor consumo de energia, alguns tipos de 
cálculo de que mesmo supercomputadores de hoje 
não dão conta. 
“A computação clássica é ineficiente para pro-
cessar cálculo molecular, como analisar o com-
portamento de uma proteína ou desenvolver uma 
nova droga”, explica o pesquisador do Laboratório 
Nacional de Computação Científica (LNCC) Renato 
Portugal. [...]
A computação quântica funciona melhor para 
analisar e simular fenômenos naturais, porque se 
baseia nos conceitos da Mecânica Quântica – ramo 
da Física que estuda o comportamento de molé-
culas, átomos, elétrons e outras partículas suba-
tômicas. Na computação clássica, toda e qualquer 
informação é armazenada ou processada na forma 
de bits – que podem ser representados por 0 ou 1. 
Mas, na quântica, os chamados qubits podem assu-
mir inúmeros estados entre 0 e 1, num fenômeno 
chamado superposição.
“Nos computadores quânticos, é como se a cor-
rente pudesse passar por um transistor e não passar, 
ao mesmo tempo”, diz Ivan Santos, pesquisador do 
Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e doutor 
em Física pela Universidade de Oxford, na Inglaterra. 
“Esse conceito é algo que vai totalmente contra nos-
sa intuição.” Essa característica faz a velocidade de 
processamento atingir níveis exponenciais. 
[...]
Mesmo as máquinas que já estão operando têm 
uma série de limitações. Por ora, elas só permitem 
o processamento de simulações e algoritmos sim-
ples e que sejam rápidos de processar, já que é difí-
cil manter o computador quântico estável. 
“Esses computadores têm de ficar num ambien-
te onde não haja nenhuma interferência, nenhu-
ma troca de energia”, explica Portugal. Além dis-
so, para o sistema funcionar, a temperatura tem 
de ser mantida muito baixa: -272,99 ºC (ou 0,01 
milikelvin), temperatura mais baixa que no espaço. 
“Somente nessa temperatura é que as propriedades 
quânticas dos materiais se manifestam.” 
Por isso, os computadores quânticos, por en-
quanto, ficam apenas em laboratórios especializa-
dos e não há plano de criar uma versão de mesa 
ou portátil, como um notebook ou smartphone. O 
plano das companhias que investem na tecnologia 
é comercializar a capacidade das máquinas como 
serviço, como é comum atualmente em serviços de 
computação em nuvem. 
A resolução dos desafios técnicos depende, em 
grande parte, da própria existência da computação 
quântica. É por meio dela que pesquisadores vão en-
tender melhor como se manifestam os fenômenos 
quânticos e, em última medida, como controlá-los.
CAPELAS, Bruno; TOZETTO, Cláudia. Computação quântica: Física 
abre espaço para nova era. Instituto Humanitas Unisinos, abr. 2018. 
Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/578221-
computacao-quantica-fisica-abre-espaco-para-nova-era. Acesso em: 
ago. 2020.
R
o
s
s
 D
. 
F
ra
n
k
lin
/
A
P
/G
lo
w
 I
m
a
g
e
s
141
V6_Cie_HUM_Igor_g21Sc_Cap6_136-157.indd 141V6_Cie_HUM_Igor_g21Sc_Cap6_136-157.indd 141 26/09/2020 13:0526/09/2020 13:05
Corporações tentam acelerar 
distopia tech
[O futuro oferecido pelas corporações de in-
ternet e tecnologia] é um futuro em que, para os 
privilegiados, quase tudo é entregue em casa, vir-
tualmente por meio de tecnologia de streaming e 
nuvem, ou fisicamente por um veículo sem moto-
rista ou por um drone, e então “compartilhados” 
na tela de uma plataforma mediada. É um futuro 
que emprega muito menos professores, médicos 
e motoristas. Ele não aceita dinheiro ou cartões 
de crédito (sob o disfarce de controle do vírus [a 
autora se refere à pandemia do Covid-19 no mo-
mento em que escreve]) e possui um transporte 
público esquelético e muito menos arte ao vivo. 
É um futuro que alega ser executado por “inteli-
gência artificial”, mas na verdade é mantido em 
funcionamento por dezenas de milhões de traba-
lhadores anônimos escondidos em armazéns, cen-
tros de dados e moderação de conteúdos, fábri-
cas escravizantes de eletrônicos, minas de lítio, 
fazendas industriais, frigoríficos e prisões, onde 
são deixados desprotegidos de doenças e hiperex-
ploração. 
[...] 
Central para essa visão é a perfeita integração 
do governo com umas poucas gigantes do Vale do 
Silício – com escolas públicas, hospitais, consul-
tórios médicos, policiais e militares, todos eles 
terceirizando (a um alto custo) muitas de suas 
principais funções a empresas privadas de tecno-
logia. 
[...]
Para sermos claros: a tecnologia é certamente 
uma parte essencial de como devemos proteger 
a saúde pública nos próximos meses e anos. A 
questão é: essa tecnologia estará sujeita às disci-
plinas da democracia e da supervisão pública ou 
será lançada no frenesi de um estado de exceção, 
sem responder a perguntas críticas que vão mol-
dar nossas vidas nas próximas décadas? Perguntas 
como, por exemplo: se realmente estamos vendo 
quão fundamental é a conectividade digital em 
tempos de crise, essas redes e nossos dados de-
vem realmente estar nas mãos de entes privados 
como Google, Amazon e Apple? Se os recursos pú-
blicos estão pagando por uma parte tão grande, 
o público também não deve possuir e controlar 
Reflex›es
NÃO ESCREVA NO LIVROProfessor, no Manual você encontra orientações 
sobre esta seção.
essa tecnologia? Se a internet é essencial para 
tanta coisa em nossas vidas, algo que está claro, 
ela não deve ser tratada como um serviço público 
sem fins lucrativos? 
[...]
A questão não é se as escolas devem mudar 
diante de um vírus altamente contagioso para o 
qual não temos cura nem vacina. Como toda ins-
tituição onde os humanos se reúnem em grupos, 
elas vão mudar. O problema, como sempre nesses 
momentos de choque coletivo, é a ausência de 
debate público sobre como devem ser essas mu-
danças e a quem elas devem beneficiar. Empresas 
privadas de tecnologia ou estudantes?
KLEIN, Naomi. Corporações tentam acelerar distopia tech. 
Outras M’dias, maio 2020. Disponível em: 
https://outraspalavras.net/outrasmidias/naomi-corporacoes-
tentam-acelerar-distopia-tech/. Acesso em: ago. 2020.
•	 O texto apresenta quatro questões sobre a 
conectividade digital em tempos de crise. 
Dividam-se em grupos de cinco colegas, 
leiam o texto e discutam as interrogações 
colocadas pela autora durante o restante da 
aula. Com auxílio da internet, vocês podem 
pesquisar mais o tema, as empresas citadas 
no texto, etc. Anotem suas conclusões e as 
dúvidas surgidas durante a leitura. Na aula 
seguinte, cada grupo deve apresentá-las ao 
restante da sala e, em torno delas, realizar um 
debate mediado pelo professor.
As escolas estão na mira das corporações da internet 
e a intenção éque, cada vez mais, sua presença esteja 
incorporada no processo de educação. Na imagem, jovens 
estudam em seus computadores em escola de Alta Floresta 
(MT), em 2018. 
C
h
ic
o
 F
e
rr
e
ir
a
/P
u
ls
a
r 
Im
a
g
e
n
s
142
V6_Cie_HUM_Igor_g21Sc_Cap6_136-157.indd 142V6_Cie_HUM_Igor_g21Sc_Cap6_136-157.indd 142 26/09/2020 13:0526/09/2020 13:05