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1. Em agosto de 2020, entrou em vigor no Brasil 
a Lei de Proteção de Dados (LGPD), que regu-
la como organizações públicas e privadas de-
vem processar as informações que coletam di-
gitalmente. Já em entrevista à rede BBC, Martin 
Hilbert, assessor de tecnologia da Biblioteca do 
Congresso dos EUA, declarou que, se toda a in-
formação existente no mundo hoje fosse trans-
formada em livros, teríamos cerca de 9 mil pi-
lhas chegando até o Sol. E todo esse volume de 
informação é usado tanto para criar anúncios 
extremamente personalizados como influenciar, 
manipular e mudar a opinião dos usuários de mí-
dias sociais, e na maioria das vezes sem que eles 
percebam. Leia os dois trechos a seguir e respon-
da à questão.
Texto 1
4. Por que a necessidade de uma lei 
para proteger os dados pessoais?
O direito a ter os dados protegidos tem fun-
damento genérico na Constituição Federal de 
1988[3]. Recentemente, o Senado Federal apro-
vou uma Proposta de Emenda à Constituição 
(PEC n. 17/2019) para incluir a proteção de da-
dos disponibilizados em meios digitais no rol das 
garantias individuais da Carta Magna. O Marco 
Civil da Internet reconhece tal direito, entre-
tanto, ainda de maneira vaga. Coube, então, a 
LGPD [Lei de Proteção de Dados] regulamentar a 
proteção e a privacidade dos dados pessoais de 
modo a tornar possível seu exercício.
Como já se disse, milhares de empresas bra-
sileiras coletam, armazenam e processam dados 
pessoais de milhões de usuários e clientes. Você 
já se perguntou o que essas empresas fazem 
com seus dados? Estarão armazenados em locais 
seguros? Como a privacidade de seus dados pes-
soais é protegida? Há planos e protocolos para 
a minimização de danos em caso de exposição 
indevida, ataques ou violações de segurança?
LEI de Proteção de Dados: entenda em 13 pontos! Politize!, 14 jan. 
2020. Disponível em: www.politize.com.br/
lei-de-protecao-de-dados. Acesso em: 12 set. 2020.
Texto 2
BBC: Até que ponto podemos 
ser previsíveis para uma empresa 
que coleta dados sobre nós?
Hilbert: [...] Há, por exemplo, as “curtidas”, 
o que você gosta e quando. Pesquisadores da 
Universidade de Cambridge, no Reino Unido, 
fizeram testes de personalidade com pessoas 
que franquearam acesso a suas páginas pes-
soais no Facebook, e estimaram, com ajuda 
de um algoritmo de computador, com quantas 
curtidas é possível detectar sua personalidade.
Com cem curtidas poderiam prever sua per-
sonalidade com acuidade e até outras coisas: 
sua orientação sexual, origem étnica, opinião 
religiosa e política, nível de inteligência, se usa 
substâncias que causam vício ou se tem pais se-
parados. E os pesquisadores detectaram que com 
150 curtidas o algoritmo podia prever sua per-
sonalidade melhor que seu companheiro. Com 
250 curtidas, o algoritmo tem elementos para 
conhecer sua personalidade melhor do que você.
[...] (O ex-presidente americano Barack) 
Obama entende muito bem de big data. [...] 
Pagou milhões de dólares para o desenvolvi-
mento de uma base de dados de 16 milhões 
de eleitores indecisos: 16 milhões de perfis 
com diferentes dados: tuítes, posts do Face-
book, onde vivem, o que assistiam na TV. [...] 
E conseguiram mudar a opinião de 80% das 
pessoas alcançadas desta maneira. Com isso, 
Obama ganhou a eleição. É como uma lavagem 
cerebral: não mostra a informação, apenas o 
que querem escutar.
LISSARDY, Gerardo. “Despreparada para a era digital, a democracia 
está sendo destruída”, afirma guru do “big data”. BBC News, 9 abr. 
2017. Disponível em: www.bbc.com/portuguese/geral-39535650. 
Acesso em: 12 set. 2020.
•	 Com base nos dois trechos e no que você 
estudou neste Tema, escreva um texto bre-
ve sobre o impacto que a coleta de informa-
ções de indivíduos pode ter para a sociedade 
como um todo, bem como qual a impor-
tância de uma legislação específica voltada à 
proteção de dados.
Professor, no Manual você encontra orientações 
sobre esta atividade.Explorando
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Já imaginou quanto trabalho está por trás dos equipamentos eletrônicos utilizados por nós no dia a 
dia? Na imagem, loja de smartphones em Nova York, Estados Unidos. Fotografia de 2019.
FUCHS, Christian. Culture and Economy in the Age of Social Media. Nova York: Routledge, 2015.
TEMA 4
 
O trabalho digital e 
o futuro da sociedade
De forma diferente das teorias e das ideologias que surgiram nos últimos qua-
renta anos e que caracterizaram o trabalho – com base nas NTIC – observa-se que, 
na prática, as formas de controle e supervisão, exploração, intensificação e produti-
vidade do trabalho aumentaram com o trabalho digital.
Contrariamente ao esperado pelas teorias da sociedade da informação e do 
conhecimento, o trabalho, agora digital, não é mais criativo e autônomo se com-
parado aos trabalhos rotinizados, repetitivos e em massa da indústria fordista. Na 
verdade, as NTIC ajudaram a aprofundar os processos de rotinização, repetição e 
prescrição de tarefas.
Seja em casa, na escola, seja com colegas em alguma festa, no parque ou no 
shopping, você provavelmente terá ao seu lado algum computador, tablet e celu-
lar com conexão à internet. A maioria desses dispositivos traz marcas conhecidas 
em sua estrutura que os identifica e dão a eles status sociais diferenciados. No 
entanto, a sua aparência de um produto útil à comunicação entre os indivíduos 
não traz a marca de quem os produziu, por quantas etapas de produção passou, 
quantos países estiveram envolvidos nessa produção, quanto trabalho foi neces-
sário para que, enfim, ele trouxesse apenas essa única marca, como se dentro da 
fábrica tudo fosse realizado de uma só vez.
No entanto, como nos lembra o sociólogo e pesquisador inglês de mídia e 
comunicação Christian Fuchs, para chegar até os consumidores de NTIC e que 
se conectam à internet, os dispositivos passaram por uma cadeia de produção 
e múltiplas formas de trabalho digital. Esses dispositivos eletrônicos e NTIC são 
objetivações de trabalhos humanos que foram organizados em uma divisão inter-
nacional do trabalho. Eles não estão ligados apenas à produção e montagem final 
da TIC, mas a uma cadeia produtiva que vai do extrativismo mineral na República 
Democrática do Congo à produção de softwares na Índia e no Vale do Silício, na 
Califórnia, Estados Unidos, a serviço de call centers e também ao trabalho digital 
de prosumers.
Os professores de Geogra�a e de Sociologia são indicados, 
prioritariamente, para o trabalho deste segmento. 
Prosumer
Segundo Fuchs (2015), é um 
tipo de trabalho digital as-
semelhado ao trabalho do-
méstico, pois não tem víncu-
lo empregatício nem salário 
e, na maioria das vezes, é rea-
lizado no “tempo livre”. São 
usuários comuns de mídias 
sociais que, ao mesmo tem-
po que consomem informa-
ções, produzem mercado-
rias-dados para as empresas 
na forma de likes ou outra 
resposta às informações 
consumidas. Esses likes ou 
respostas e interações for-
mam bancos de dados com 
os perfis dos internautas, que 
são mercadorias nas mãos 
das empresas de plataforma 
digital de mídias sociais.
Conceito
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