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“livro” — 2007/8/1 — 15:06 — page 304 — #314 304 Fı́sica Matemática Arfken •Weber Leituras Adicionais O tópico da série infinita é tratado em muitos textos de cálculo avançado. Bender, C. M., e S. Orszag, Advanced Mathematical Methods for Scientists and Engineers. Nova York: McGraw- Hill (1978). Recomendado, em particular, para métodos de aceleração de convergência. Davis, H. T., Tables of Higher Mathematical Functions. Bloomington, IN: Principia Press (1935). O volume II contém informação extensiva sobre números e polinômios de Bernoulli. Dingle, R. B., Asymptotic Expansions: Their Derivation and Interpretation. Nova York: Academic Press (1973). Galambos, J., Representations of Real Numbers by Infinite Series. Berlim: Springer (1976). Gradshteyn, I. S., e I. M. Ryzhik, Table of Integrals, Series and Products. 6a ed. corrigida e ampliada preparada por Alan Jeffrey. Nova York: Academic Press (2000). Hamming, R. W., Numerical Methods for Scientists and Engineers. Reimpressão, Nova tiragem, Nova York: Dover (1987). Hansen, E., A Table of Series and Products. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall (1975). Uma impressionante compilação de séries e produtos. Hardy, G. H., Divergent Series. Oxford: Clarendon Press (1956), 2a. ed., Chelsea (1992). A obra-padrão, definitiva, sobre métodos de tratamento de séries divergentes. Hardy inclui relatos instrutivos sobre o desenvolvimento gradual dos conceitos de convergência e divergência. Jeffrey, A., Handbook of Mathematical Formulas and Integrals. San Diego: Academic Press (1995). Knopp, K., Theory and Application of Infinite Series. Londres: Blackie and Son (2a. ed.); Nova York: Hafner (1971). Nova tiragem: A. K. Peters Classics (1997). Essa é uma obra completa, abrangente e autorizada sobre séries e produtos infinitos. Neste livro são encontradas provas para quase todas as afirmações não-provadas do Capı́tulo 5. Mangulis, V., Handbook of Series for Scientists and Engineers. Nova York: Academic Press (1965). É uma coletânea de séries muito conveniente e instrutiva. Inclui funções algébricas, séries de Fourier e séries das funções especiais: Bessel, Legendre, e assim por diante. Olver, F. W. J., Asymptotics and Special Functions. Nova York: Academic Press (1974). Um desenvolvimento detalhado e de fácil leitura da teoria assintótica. É dada considerável atenção aos limites de erros para utilização em computação. Rainville, E. D., Infinite Series. Nova York, Macmillan (1967). Um relato útil e de fácil leitura de constantes e funções de séries. Sokolnikoff, I. S., e R. M. Redheffer, Mathematics of Physics and Modern Engineering, 2a ed., Nova York; McGraw-Hill (1966). Um longo Capı́tulo 2 (101 páginas) apresenta séries infinitas de uma forma completa, porém de leitura muito fácil. São incluı́das extensões para as soluções de equações diferenciais, séries complexas e para séries de Fourier. “livro” — 2007/8/1 — 15:06 — page 305 — #315 6 Funções de uma Variável Complexa I Propriedades Analı́ticas, Mapeamento Os números imaginários são um vôo maravilhoso do espı́rito divino; são quase um anfı́bio entre ser e não ser. GOTTFRIED WILHELM VON LEIBNIZ, 1702 Agora passamos ao estudo de uma variável complexa. Nessa área desenvolveremos algumas das ferramentas mais poderosas e de utilização mais ampla em toda a análise. Para mostrar, ao menos parcialmente, por que variáveis complexas são importantes, mencionamos brevemente diversas áreas de aplicação. 1. Para muitos pares de funções u e v, u e v satisfazem a equação de Laplace ∇2ψ = ∂2ψ(x, y) ∂x2 + ∂2ψ(x, y) ∂y2 = 0. Por conseguinte, qualquer delas, u ou v, pode ser usada para descrever um potencial eletrostático bidimensional. A outra função, que dá uma famı́lia de curvas ortogonais às da primeira função, pode então ser usada para descrever o campo elétrico E. Uma situação semelhante ocorre na hidrodinâmica de um fluido ideal em movimento irrotacional. A função u poderia descrever o potencial de velocidade, enquanto a função v seria então a função corrente. Em muitos casos nos quais as funções u e v são desconhecidas, mapeamento ou transformação no plano complexo nos permite criar um sistema de coordenadas ajustado ao problema particular. 2. No Capı́tulo 9 veremos que as equações diferenciais de segunda ordem de interesse para a fı́sica podem ser resolvidas por séries de potências. Essas mesmas séries podem ser usadas no plano complexo para substituir x pela variável complexa z. A dependência da solução f(z) em um dado z0 do comportamento de f(z) em outro lugar nos dá uma idéia melhor do comportamento de nossa solução e uma poderosa ferramenta (continuação analı́tica) para ampliar a região na qual a solução é válida. 3. A mudança de um parâmetro k de real para imaginário, k → ik, transforma a equação de Helmholtz na equação de difusão. A mesma mudança transforma as soluções da equação de Helmholtz (funções de Bessel e funções esféricas de Bessel) nas soluções da equação de difusão (funções de Bessel modificadas e funções de Bessel esféricas modificadas). 4. Integrais no plano complexo têm uma ampla variedade de aplicações úteis: • Avaliação de integrais definidas; • Inversão de séries de potências; • Formação de produtos infinitos; • Obtenção de soluções de equações diferenciais para grandes valores da variável (soluções assintóticas); • Investigação da estabilidade de sistemas potencialmente oscilantes; • Inversão de transformadas integrais. 5. Muitas quantidades fı́sicas que originalmente eram reais tornam-se complexas, assim como uma teoria fı́sica simples torna-se geral. O ı́ndice de refração real da luz torna-se uma quantidade complexa quando é incluı́da a absorção. A energia real associada com um nı́vel de energia torna-se complexa quando o tempo finito de vida do nı́vel é considerado. 305 “livro” — 2007/8/1 — 15:06 — page 306 — #316 306 Fı́sica Matemática Arfken •Weber 6.1 Álgebra Complexa Um número complexo nada mais é do que um par ordenado de dois números reais, (a, b). De modo semelhante, uma variável complexa é um par ordenado de duas variáveis reais,1 z ≡ (x, y). (6.1) A ordem é significativa. Em geral (a, b) não é igual a (b, a) e (x, y) não é igual a (y, x). Como sempre, continuamos a escrever um numero real (x, 0) simplesmente como x, e denominamos i ≡ (0, 1) a unidade imaginária. Toda a nossa análise de variável complexa pode ser desenvolvida em termos de pares ordenados de números (a, b), variáveis (x, y) e funções (u(x, y), v(x, y)). Agora, definimos adição de números complexos em termos de suas componentes cartesianas como z1 + z2 = (x1, y1) + (x2, y2) = (x1 + x2, y1 + y2), (6.2a) isto é, adição vetorial bidimensional. No Capı́tulo 1, os pontos no plano xy são identificados com o vetor de deslocamento bidimensional r = x̂x + ŷy. O resultado disso é que vetores bidimensionais análogos podem ser desenvolvidos para grande parte de nossa análise complexa. O Exercı́cio 6.1.2 é um exemplo simples; o teorema da Cauchy, Seção 6.3, é outro. Multiplicação de números complexos é definida como z1z2 = (x1, y1) · (x2, y2) = (x1x2 − y1y2, x1y2 + x2y1). (6.2b) Usando a Equação (6.2b), verificamos que i2 = (0, 1) · (0, 1) = (−1, 0) = −1, portanto, também podemos identificar i = √ −1, como sempre, e então reescrever a Equação (6.1) como z = (x, y) = (x, 0) + (0, y) = x+ (0, 1) · (y, 0) = x+ iy. (6.2c) É claro que o i não é necessário aqui, mas é conveniente. Ele serve para manter pares em ordem — parecido com os vetores unitários do Capı́tulo 1.2 Permanência da Forma Algébrica Todas as nossas funções elementares, ez, sen z, e assim por diante, podem ser estendidas para o plano complexo (compare com o Exercı́cio 6.1.9). Por exemplo, elas podem ser definidas por expansões de série de potências, tal como ez = 1 + z 1! + z2 2!+ · · · = ∞∑ n=0 zn n! (6.3) para a exponencial. Tais definições estão de acordo com as definições de variável real ao longo do eixo x real e estendem as funções reais correspondentes para o plano complexo. Esse resultado costuma ser chamado de permanência da forma algébrica claro. É conveniente empregar uma representação gráfica da variável complexa. Plotando x— a parte real de z— como a abscissa e y— a parte imaginária de z— como a ordenada, temos o plano complexo, ou plano de Argand, mostrado na Figura 6.1. Se atribuirmos valores especı́ficos a x e y, então z corresponde a um ponto (x, y) no plano. Em termos da ordenação mencionada antes, é óbvio que o ponto (x, y) não coincide com o ponto (y, x) exceto no caso especial de x = y. Além do mais, podemos escrever, pela Figura 6.1, x = r cos θ, y = rsen θ (6.4a) e z = r(cos θ + isen θ). (6.4b) 1É exatamente assim que um computador executa aritmética complexa. 2A álgebra de números complexos, (a, b), é isomórfica com a álgebra de matrizes da forma„ a b −b a « (compare com o Exercı́cio 3.2.4). “livro” — 2007/8/1 — 15:06 — page 307 — #317 6. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA I 307 Figura 6.1: Plano complexo — diagrama de Argand. Usando um resultado sugerido (mas não provado com rigor) 3 pela Seção 5.6 e o Exercı́cio 5.6.1, temos a útil representação polar z = r(cos θ + isenθ) = reiθ. (6.4c) Para provar essa identidade, usamos i3 = −i, i4 = 1, . . . na expansão de Taylor das funções exponenciais e trigonométricas e separamos potências pares e ı́mpares em eiθ = ∞∑ n=0 (iθ)n n! = ∞∑ ν=0 (iθ)2ν (2ν)! + ∞∑ ν=0 (iθ)2ν+1 (2ν + 1)! = ∞∑ ν=0 (−1)ν θ2ν (2ν)! + i ∞∑ ν=0 (−1)ν θ2ν+1 (2ν + 1)! = cos θ + isen θ. Para os valores especiais θ = π/2 e θ = π, obtemos eiπ/2 = cos π 2 + isen π 2 = i, eiπ = cos(π) = −1, conexões intrigantes entre e, i e π.Além do mais, a função exponencial eiθ é periódica com perı́odo 2π, exatamente como sen θ e cos θ. Nessa representação r é denominado módulo ou grandeza de z (r = |z| = (x2 + y2)1/2) e o ângulo θ (tg−1(y/x)) é denominado o argumento ou fase de z. (Note que a função arco tangente tg−1(y/x) tem infinitamente muitos ramos.) A escolha de representação polar, Equação (6.4c), ou representação cartesiana, Equações (6.1) e (6.2c), é uma questão de conveniência. Adição e subtração de variáveis complexas são mais fáceis na representação cartesiana, Equação (6.2a). Multiplicação, divisão, potências e raı́zes são mais fáceis de tratar em forma polar, Equação (6.4c). Seja analı́tica ou graficamente, usando a analogia com vetores, podemos mostrar que o módulo da soma de dois números complexos não é maior do que a soma dos módulos e não é menor do que a diferença, Exercı́cio 6.1.3, |z1| − |z2| ≤ |z1 + z2| ≤ |z1|+ |z2|. (6.5) Por causa da analogia vetorial, essas desigualdades são denominadas triangulares. Usando a forma polar, Equação (6.4c), constatamos que a grandeza de um produto é o produto das grandezas: |z1 · z2| = |z1| · |z2|. (6.6) Além disso, arg(z1 · z2) = arg z1 + arg z2. (6.7) 3Em termos estritos, o Capı́tulo 5 limitou-se às variáveis reais. O desenvolvimento de expansões de séries de potências para funções complexas é retomado na Seção 6.5 (expansão de Laurent). “livro” — 2007/8/1 — 15:06 — page 308 — #318 308 Fı́sica Matemática Arfken •Weber Por meio de nossa variável complexa z, podemos construir funções complexas f(z) ou w(z). Então, essas funções complexas podem ser resolvidas para partes real e imaginária, w(z) = u(x, y) + iv(x, y), (6.8) nas quais as funções separadas u(x, y) e v(x, y) são reais puras. Por exemplo, se f(z) = z2, temos f(z) = (x+ iy)2 = ( x2 − y2 ) + i2xy. A parte real de uma função f(z) será representada por <f(z), ao passo que a parte imaginária será representada por =f(z). Na Equação (6.8) <w(z) = Re(w) = u(x, y), =w(z) = Im(w) = v(x, y). A relação entre a variável independente z e a variável dependente w talvez seja mais bem retratada como uma operação de mapeamento. Um z = x+ iy dado significa um ponto no plano z. Então, o valor complexo de w(z) é um ponto no plano w. Pontos no plano z são mapeados nos pontos no plano w e curvas no plano z são mapeadas curvas no plano w, como indicado na Figura 6.2. Figura 6.2: A função w(z) = u(x, y) + iv(x, y) mapeia pontos no plano xy para pontos no plano uv. Conjugação Complexa Em todas essas etapas, número complexo, variável complexa e função complexa, a operação de substituição de i por –i é denominada “tomar o complexo conjugado”. O complexo conjugado de z é denotado por z∗, em que4 z∗ = x− iy. (6.9) A variável complexa z e seu complexo conjugado z∗ são imagens especulares uma da outra refletidas no eixo x, isto é, inversão do eixo y (compare com a Figura 6.3). O produto zz∗ leva a Figura 6.3: Pontos complexos conjugados. 4O complexo conjugado costuma ser denotado por z̄ na literatura matemática.