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CAPÍTULO 6. Álgebra e Análise Tensoriais 319
6.12.4 ROTACIONAL DE UM CAMPO VETORIAL
A definição usual do rotacional de um campo vetorial está associada ao conceito do produto
vetorial entre dois vetores. Contudo, é interessante obter-se neste momento uma expressão
mais geral, a qual pode ser facilmente estendida a espaços vetoriais de dimensões mais altas,
uma vez que o produto vetorial somente existe no E3.
Considerando inicialmente o produto vetorial entre os vetores a, b ∈ E3 , pode-se escrever
a× b = aibje
i × ej =
1√
|g|
εijkaibjek,
onde foi empregado (6.35b). Definindo então o tensor antissimétrico
Mij = εijkε
k`ma`bm = aibj − ajbi ⇐⇒ εijkaibj =
1
2
εijkMij ,
observa-se que é possível escrever
a× b =
1
2
√
|g|
εijkMijek.
Ou seja, é sempre possível escrever os componentes do produto vetorial em termos do tensor
antissimétrico Mij. É vantajoso definir este tensor, uma vez que se pode então considerar a sua
extensão para espaços vetoriais de dimensão mais alta.
Focando agora no rotacional de um campo v
(
q1, . . . , qn
)
, identificado por rotv, este será defi-
nido pela generalização do produto vetorial do operador ∇ com v. Escreve-se então
rotv = − 1√
|g|
εijkvi;jek,
onde foram empregados (6.49b) e (6.35b). Define-se então o tensor antissimétrico
(rotv)ij = εijkε
k`mv`;m = vi;j − vj;i ⇐⇒ εijkvi;j =
1
2
εijk (rotv)ij ,
o qual está relacionado ao i-ésimo componente do rotacional de v. Contudo, de (6.49), observa-se
que (rotv)ij = εijkε
k`m (v`,m − Γn`mvn) = εijkε
k`mv`,m = vi,j−vj,i, devido à simetria de Γkij. Portanto,
(rotv)ij = εijmε
k`mvk,` = vi,j − vj,i.
Então, para reproduzir o resultado (1.26) conhecido mas, ao mesmo tempo, generalizando
para sistemas não ortogonais e, eventualmente, para espaços de dimensões superiores, o campo
vetorial w = rotv, desenvolvido como w = wiei, tem seus componentes dados por
wi =
1√
|g|
εijk
∂vk
∂qj
. (6.58)
6.13 DIFERENCIAÇÃO ABSOLUTA E CURVAS GEODÉSI-
CAS
Nesta seção serão introduzidos alguns conceitos mais avançados da análise tensorial, com
frequência empregados em trabalhos envolvendo geometria diferencial e relatividade geral.
6.13.1 DIFERENCIAÇÃO ABSOLUTA OU INTRÍNSECA
Uma aplicação importante das derivadas covariantes consiste na derivação de um campo
tensorial ao longo de uma curva no Rn, a qual é parametrizada por r = r (t), ou seja, em termos
de um parâmetro t.
Considera-se inicialmente o campo vetorial v = v
(
q1, . . . , qn
)
. Escrevendo v = viei, a derivada
absoluta deste campo em relação a t fica
dv
dt
=
dvi
dt
ei + vi
dei
∂t
Autor: Rudi Gaelzer – IF/UFRGS Início: 01/2013 Impresso: 8 DE DEZEMBRO DE 2022
320 6.13. Diferenciação absoluta e curvas geodésicas
=
dvi
dt
ei + vi
dqj
dt
∂ei
∂qj
.
Introduzindo o símbolo de Christoffel (6.44), resulta
dv
dt
=
(
dvi
dt
+ Γijkv
j dq
k
dt
)
ei
.
=
δvi
δt
ei.
O termo entre parênteses é denominada a derivada absoluta (ou intrínseca) δvi/δt do
componente vi ao longo da curva r (t). Esta derivada é usualmente representada, de acordo com
(6.48), como
δvi
δt
≡ dvi
dt
+ Γijkv
j dq
k
dt
= vi;j
dqj
dt
. (6.59)
Ou seja, pode-se escrever
dv
dt
= vi;j
dqj
dt
ei.
De forma semelhante, as seguintes expressões para as derivadas absolutas das diferentes
formas de um tensor de posto dois podem ser deduzidas,
δT ij
δt
= T ij;k
dqk
dt
δTij
δt
= Tij;k
dqk
dt
δT ij
δt
= T ij;k
dqk
dt
.
As expressões acima atribuem significado à derivação absoluta deste tensor como um todo,
dT
dt
=
δT ij
δt
ei ⊗ ej =
δTij
δt
ei ⊗ ej = · · · .
Finalmente, se ψ
(
q1, . . . , qn
)
é um campo escalar, então sua derivada intrínseca é simples-
mente a derivada ordinária,
δψ
δt
=
dψ
dt
. (6.60)
As derivadas absoluta e covariante obedecem as seguintes propriedades da diferenciação:
1. A derivada de uma soma de tensores é a soma das derivadas.
2. A derivada do produto (externo ou interno) dos tensores T e U é igual a UδT + T δU , onde
o símbolo “δ” representa qualquer tipo de diferenciação.
3. O fato da derivada covariante do tensor de métrica ser nula implica em que as operações
de elevação ou rebaixamento de índices e de diferenciação podem ser permutadas.
6.13.2 CURVAS GEODÉSICAS
Um exemplo importante de aplicação da derivada absoluta de um campo em uma deter-
minada geometria do espaço são as curvas geodésicas. De maneira simples, uma geodésica é
aquela curva no espaço cujos vetores tangentes permanecem paralelos ou invariantes ao longo
da mesma. Em um espaço Riemanniano, a geodésica também é a curva de menor distância
entre dois pontos no espaço.
Em um espaço Euclideano, a geodésica entre dois pontos é, simplesmente, a linha reta entre
os mesmos. Porém em um espaço curvo, a geodésica é realmente uma curva. Uma maneira
alternativa de se definir uma geodésica está relacionada com topologia e geometria diferencial.
Nesta abordagem, a geodésica é a curva de menor distância entre dois pontos sobre uma super-
fície curva no Rn. Esta interpretação é particularmente importante para a teoria da relatividade
geral, uma vez que a geometria do espaço-tempo, ou seja, a sua métrica, é determinada pela pre-
sença de objetos maciços. Quando uma partícula-teste está nas vizinhanças destes objetos, a
sua trajetória entre dois pontos quaisquer neste espaço-tempo segue ao longo de uma geodésica.
É conveniente neste ponto introduzir a definição formal de uma curva no E3. A definição
abaixo é ilustrada pela figura 6.9.
Autor: Rudi Gaelzer – IF/UFRGS Início: 01/2013 Impresso: 8 DE DEZEMBRO DE 2022
	1 Sistemas de Coordenadas Curvilíneas Ortogonais 
	6 Álgebra e Análise Tensoriais
	6.12 Operadores vetoriais na forma tensorial
	6.12.4 Rotacional de um campo vetorial
	6.13 Diferenciação absoluta e curvas geodésicas
	6.13.1 Diferenciação absoluta ou intrínseca
	6.13.2 Curvas Geodésicas